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FICHAMENTO DA OBRA
SOUSA, Regina Lucia Maciel de, SOUZA, Maria Socorro Queiroz de. Currículo.
Natal: EdUnP, 2010. Cap. 1, 3.
INTRODUÇÃO (p. 9)
- A lógica do currículo instrucionista não mudou e é urgente que haja uma revisão
profunda nas atuais estruturas, pois é preciso renovar o que se quer ensinar, e como se
quer ensinar, constantemente.
- As escolas tem tido muita dificuldade no quê e como ensinar, e por isso apresentam
uma relação falha de ensino-aprendizagem.
- Do ponto de vista sociológico sabe-se que é preciso uma mudança nos currículos, e do
ponto de vista da prática sabe-se que é difícil fazê-lo, mas que é possível.
- A palavra currículo em latim, pode ser entendida como originária de currere, que
significa correr. Recorrendo às derivações substantivas do próprio latim, como cursus,
significa carreira, ou curriculum – no sentido de caminho, curso, percurso.
- Foi neste período e nesse contexto, que surgiu o primeiro tratado de Currículo,
elaborado por Franklin Bobbitt, cuja percepção está centrada no currículo mecânico,
fundamentado na administração científica de Tyler, e centrado na organização, baseia-se
em pressupostos relacionados à administração.
- Quando falamos em currículo escolar estamos nos remetendo ao que os alunos devem
aprender em sua fase escolarização. E ai há que se observar as diferentes concepções de
currículo no âmbito da escola:
. Como proposta curricular: seleção e organização de experiências de aprendizagem e
desenvolvimento feitas pela instituição de ensino. Um caminho a ser percorrido,
prescrição sequencial. (VASCONCELOS, 2009).
. Como percurso: o percurso feito pelo sujeito na escola, ou seja, sua trajetória, o “curso
da vida”. (VASCONCELOS, 2009).
- Grundy (1987 apud SÁCRISTAN, 2000, p.14) assegura que o “currículo não é um
conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstrato que
tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um
modo de organizar uma série de práticas educativas.”
- É interessante não tentar definir currículo, e sim compreendê-lo, pois conforme afirma
Silva (2009, p.14) “uma definição não nos releva o que é, essencialmente, o Currículo:
uma definição nos revela o que uma determinada teoria pensa o que o Currículo é”.
UNESCO. O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que
almejam. Pesquisa Nacional Unesco. São Paulo: Moderna, 2004.
- A nossa escola tem tido dificuldade de ensinar, e quando falamos isso, estamos
falando em “o que ensinar”, o grande desafio da construção do currículo escolar, e em
“como ensinar”. E isso, principalmente, quando se refere aos grupos sociais menos
favorecidos.
- É preciso contribuir para a construção de um currículo mais justo, dirigido para todas
as classes sociais, tendo em vista que ele é entendido e formado de acordo com cada
contexto histórico vigente, e funciona baseado em dimensões sociais, políticas,
econômicas e culturais.
- É importante lembrar que a maioria das mudanças nas áreas educacionais são, por
natureza, decorrentes de reformas políticas, assim como qualquer mudança social que se
pretende efetivar em um país.
- Hoje, educamos em tempos Pós-Modernos, e desse modo, o Currículo, a Pedagogia, as
Didáticas e as Metodologias, a Escola e a Educação são conduzidas a se tornar, cada vez
mais, mais culturais e menos escolares. Então, diante do novo significado da educação e
do conhecimento é preciso realmente mudar.
- Para compreender o currículo é preciso tentar entender as funções que ele desempenha
na escola, e para isso, é preciso entender a própria escola.
- Para identificar e registrar as funções do currículo Coll (1987) fala da natureza das
atividades escolares, que para ele surgem quando a participação nas atividades
desenvolvidas habitualmente pelos adultos, assim como sua observação e reprodução,
não são suficientes para garantir aos novos membros do grupo um crescimento pessoal
adequado.
- “As atividades educativas escolares são atividades que correspondem à ideia de que
existem certos aspectos de crescimento pessoal considerados importantes no âmbito da
cultura do grupo, que não poderão ser realizados satisfatoriamente, ou não ocorrerão de
forma alguma, a menos que seja fornecida uma ajuda específica, que sejam exercidas
atividades de ensino especialmente pensadas para este fim. São atividades que
correspondem a uma finalidade e são executadas de acordo com um plano de ação
determinado, isto é, estão a serviço de um projeto educacional.” (COLL, 1987, p. 43)
- Nesse sentido apontado por Coll (1987), a questão do currículo do ensino obrigatório
adquire pleno significado, uma vez que está direcionado para uma aprendizagem
específica, realizada em contextos habilitados especificamente para estes fins.
- De acordo com Garcia e Moreira (2003, p. 25), o processo curricular na escola gira em
torno do conhecimento. Não de um conhecimento desprovido de sentido, mas de um
conhecimento significativo, que seja importante de ser trabalhado pelos professores e
alunos. Um conhecimento pertinente à formação ampla que a escola deve(ria) oferecer.
- A escola pública, que é a escola das classes populares, de acordo com Garcia (2003,
p.25) “[...] é o único espaço possível para as classes populares de se educar, no sentido
que a escola dá à educação e que ainda é considerado valor na sociedade”.
- Segundo Moreira (2006, p. 28), o que Heisenberg (1901-1976) disse um dia e que hoje
já se aceita, é que a ciência é apenas a busca da verdade, e não a verdade, ou seja, que as
coisas dependem do ponto de vista de cada um, de onde são olhadas e de como são
interpretadas. Ainda de acordo com o autor “[...] seria lamentável que alguém não
levasse em conta que o ponto de vista não é outra coisa se não a vista de um ponto” (p.
25).
- Segundo Nóvoa (2010, p. 18), a gestão escolar precisa garantir que as disciplinas
elementares não sejam prejudicadas pela grande quantidade de conteúdos que são
propostos atualmente, ou seja, a escola precisa definir o que é essencial ensinar aos
alunos.
- O currículo envolve tudo que ocorre na escola e não uma simples listagem de
conteúdos.
- Nas escolas do Brasil os currículos escolares são uma raridade. E muitos educadores
acham que o currículo apenas determina o que eles tem, obrigatoriamente, de ensinar.
Sabemos, no entanto, que não é bem assim que funciona; aliás, sabemos que, na
realidade, quando amparada por um bom currículo, a tendência da escola é crescer,
assim como o professor, que, de posse de um bom roteiro, só tende a melhorar.
- O currículo escolar da atualidade não deve ser o mesmo proposto pela tradição escolar
e conservado de igual maneira por todas as escolas. Na contemporaneidade, na era do
conhecimento, na era da tecnologia, o currículo escolar se forma a partir das
necessidades de cada escola e também de cada educando, passando a ser definido pelo
seu cotidiano dentro e fora da escola, ou seja, todas as atividades educativas que
venham a ser empreendidas pela escola são subsídios essenciais para a formação do
currículo escolar, interferindo de maneira significativa na formação do caráter e da
personalidade dos educandos.