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Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

Edição julho/2009

Gerência de Comunicação

Ana Paula Costa

Transcrição:

Marilene Rocha e Eliane Condinho

Copidesque:

Adriana Santos

Revisão:

Marcelo Ferreira

Capa e Diagramação:

Luciano Buchacra
Introdução

É maravilhoso como Deus se revela a cada um de


nós de forma tão peculiar, própria. Só para nos conso-
lar e confortar. Pois o que Ele mais quer é transformar a
nossa vida. E encontramos esse consolo e essa ação nas
mais diversas formas. Vemos isso nos Salmos escritos por
Davi, mas também no ato da criação e na vinda do Es-
pírito Santo. E é disso que vamos tratar nesta obra, que
está divida em duas partes. Na primeira, vamos tratar dos
Salmos 22, 23 e 24. Já na segunda parte, vamos tratar da
pessoa e obra do Espírito Santo. Um ponto comum que
salta aos olhos nas duas partes: a realidade imutável do
consolo do Espírito. Receba, então, esse consolo.

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1ª Parte

Com vocês, os
salmos

É maravilhoso o que encontramos nos salmos,


todos eles escritos por Davi. O Salmo 23 é um de-
les e um dos mais conhecidos. Mas não podemos
assumir em plenitude as verdades e as promessas
do Salmo 23, se não tivermos em mente o Salmo 22
e o 24. Esses salmos foram escritos cerca de três mil
anos atrás e cerca de mil anos antes do nascimento
de Jesus. Esses salmos juntos (22, 23 e 24) formam
uma só mensagem. Enquanto o Salmo 22 fala do

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passado e o 24 do futuro, o 23 fala do presente.
Experimentamos a realidade do Salmo 23 hoje por
causa do que está escrito no Salmo 22. E porque
anelamos a realidade da volta do Senhor, o Salmo
24 é um consolo para nós.
Vamos então aos salmos. Primeiro, o 23. Leia-
mos:
“O Senhor é o meu pastor; e nada me faltará. Ele
me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me
para junto das águas de descanso; refrigera-me a
alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do
seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra
da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás
comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.
Preparas-me uma mesa na presença dos meus ad-
versários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice
transborda. Bondade e misericórdia certamente me
seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na
Casa do Senhor para todo o sempre.”
Davi era um pastor de ovelhas e sabia muito
bem do ofício. Daí, ter escrito o Salmo 23, mas trans-
pondo todo o contexto para o plano da sua relação
com o Senhor. Ele, Davi, se via na condição de ove-
lha de Deus. E o que percebemos nas entrelinhas

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desse salmo é que Davi, na verdade, está desaba-
fando. Mais que afirmações, o que Davi faz nesse
salmo são proclamações em tom de clamor. E por
ver o Senhor como sendo seu pastor, ele recorre a
Ele para pedir sua ajuda, já que se via na condição
de indefeso e incapaz, como uma ovelha (natural-
mente falando) o é. Mas para que se possa enten-
der a profundidade dessa afirmação de Davi de o
Senhor ser seu Pastor, é preciso voltar ao Salmo 22.
Embora escrito por Davi, os estudiosos afirmam que
esse é um salmo messiânico, se referindo a Jesus,
à sua morte e ressurreição, já que fora escrito mil
anos antes do nascimento de Jesus e do calvário.
Mil anos antes de o pão ser partido e o sangue ser
derramado, Davi, profeticamente, contemplou o
calvário, e escreveu o Salmo 22. Vejamos o que diz:
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Por que se acham longe de minha salvação as palavras
do meu bramido? Deus meu, clamo de dia, e não me
respondes; também de noite, porém não tenho sosse-
go. Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvo-
res de Israel. Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e
os livraste. A ti clamaram e se livraram; confiaram em
ti e não foram confundidos. Mas eu sou verme, e não

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homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam
os lábios e meneiam a cabeça: confiou no Senhor!
Livre-o ele, salve-o, pois nele tem prazer. Contudo, tu
és quem me fez nascer; e me preservaste, estando eu
ainda no seio de minha mãe. A ti me entreguei des-
de o meu nascimento; desde o ventre da minha mãe,
tu és meu Deus. Não te distancies de mim, porque a
tribulação está próxima, e não há quem me acuda.
Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me
rodeiam. Contra mim abrem a boca, como faz o leão
que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e to-
dos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração
fez-se como cera, derreteu-se-me dentro de mim. Se-
cou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua
se me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó
da morte. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores
me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso
contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e
encarando em mim. Repartem entre si as minhas ves-
tes e sobre a minha túnica deitam sortes. Tu, porém,
Senhor, não te afastes de mim; força minha, apressa-
te em socorrer-me. Livra a minha alma da espada, e,
das presas do cão, a minha vida. Salva-me das fauces

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do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me respon-
des. A meus irmãos declararei o teu nome; cantar-te-ei
louvores no meio da congregação; vós que temeis o
Senhor, louvai-o; glorificai-o, vós todos, descendência
de Jacó; reverenciai-o, vós todos, posteridade de Isra-
el. Pois não desprezou, nem abominou a dor do aflito,
nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe
gritou por socorro. De ti vem o meu louvor na grande
congregação; cumprirei os meus votos na presença
dos que o temem. Os sofredores hão de comer e far-
tar-se; louvarão o Senhor os que o buscam. Viva para
sempre o vosso coração. Lembrar-se-ão do Senhor e
a ele se converterão os confins da terra; perante ele se
prostrarão todas as famílias das nações. Pois do Se-
nhor é o reino, é ele quem governa as nações. Todos os
opulentos da terra hão de comer e adorar, e todos os
que descem ao pó se prostrarão perante ele, até aque-
le que não pode preservar a própria vida. A posterida-
de o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura.
Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de
nascer, contarão que foi ele quem o fez.”
Davi viu o calvário e trouxe nesse salmo o pró-
prio coração do Senhor Jesus. Isso nos mostra,
mais uma vez, a riqueza e a inspiração da Palavra.

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No tempo de Davi, não se conhecia e não se fala-
va da cruz. A pena de morte aplicada a alguém
que cometera um delito era o apedrejamento. So-
mente mil anos depois de Davi é que os romanos
adotaram a crucificação como punição. Os judeus
até então não conheciam a cruz. A cruz não era o
veículo de pena de morte. Não se falava nisso. A
única execução para um criminoso era o apedreja-
mento. Inspirado pelo Espírito Santo, Davi escreve
então o Salmo 22, mil anos antes do retrato da cruz.
Mas só foi possível que Davi escrevesse o Salmo 23
porque a cruz existiria. Ela seria uma realidade. Na
cruz, Jesus tomou do Salmo 22 as palavras: “Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste.” Durante
aquelas seis horas em que o Senhor esteve na cruz,
até morrer, nós podemos ver cerca de sete palavras,
frases ou expressões. Antes de ter dito “Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?”, Jesus afir-
mou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fa-
zem.” O início foi o perdão. E após ter se referido aos
homens, Ele se dirigiu ao Pai: “Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?” Ninguém mais podia
contemplá-lo porque toda a Terra fora coberta pe-
las trevas, como um manto escuro. Naquele instan-

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te, Jesus assumira os nossos pecados, as nossas en-
fermidades, as nossas doenças, as nossas mazelas.
Tudo de ruim que há em nós. E foi assim com toda a
humanidade. Por isso, a palavra dele foi: “Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?” Aquele fora
um instante quando o Senhor estivera só e seu cor-
po fora moído por nós. Nos versos 14 a 17 do Sal-
mo 22, Davi escreveu: “Derramei-me como água, e
todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração
fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim. Secou-
se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se
me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó da
morte. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me
rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso con-
tar todos os meus ossos; eles me estão olhando e en-
carando em mim. Repartem entre si as minhas vestes,
e sobre a minha túnica deitam sortes.” A referência a
Jesus nesse contexto é claro. E o verso retrata a cru-
cificação também.
Não podemos esquecer o quanto Jesus tem nos
amado pelo preço que foi pago. A Ceia é um memo-
rial eterno da crucificação de Cristo. No momento
em que você recebe aquele pequeno pedaço de
pão, é como se Ele estivesse dizendo o quanto você

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tem valor para Ele, que você é valioso. Diz a Escritu-
ra que uma alma vale mais do que o mundo intei-
ro. Não pense também que o pão, Jesus, foi moído,
quebrado, sem dor. Muito pelo contrário. Está regis-
trado quando Ele estava entre os céus e a Terra: “[...]
Todos os que me veem, zombam de mim; afrouxam os
lábios e meneiam a cabeça: Confiou no Senhor! Livre-
o ele, salve-o, pois nele tem prazer.” No verso 6, Ele
disse: “Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos
homens e desprezado do povo.” Esse fora o estado do
coração de Jesus no ato da sua crucificação.

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O ontem. E o
hoje

Nós não podemos ter o Salmo 23, sem termos


o Salmo 22. Não podemos começar a nossa vida
cristã, o nosso caminhar com o Senhor, apenas no
Salmo 23. Precisamos começar com o Salmo 22. É
interessante que na língua em que foi escrito esse
salmo, o hebraico, o termo “verme” tem o seu nome.
Era um tipo de verme escarlate, um verme verme-
lho. Na época de Davi, eles sabiam pouca coisa
sobre química, e o modo de eles extraírem a tinta
vermelha, a tinta escarlate, era exatamente extrain-

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do-a desse verme. E quando o Senhor, por meio
de Davi, disse “eu sou verme, e não homem”, nós
encontramos uma expressão tão linda da fidelida-
de e do amor do Senhor. O habitat desse pequeno
verme era sempre em árvores cheia de espinhos. E
era exatamente ali que os homens buscavam esses
vermes, os espremiam e tiravam a secreção verme-
lha para fazer a tinta e tingir as roupas. Ele colocava
seus ovos na árvore, e quando começava a chover,
Ele se cravava nos espinhos e deixava essa tinta ver-
melha cair sobre os ovos. Nós podemos dizer que o
verme mãe morria e cobria os ovinhos, a outra ge-
ração que viria.
No Novo testamento, a palavra cruz, também
tem um contexto de árvore, de madeiro. E nós
agradecemos ao Senhor, porque Ele nos amou com
amor eterno. Foi esse amor que segurou o Senhor
Jesus na cruz. A nossa história começa no Salmo 22.
Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro. Diz
a Palavra que todas as vezes que nós comermos o
pão e bebermos o vinho não estaremos, apenas,
anunciando a morte do Senhor. Mas anunciamos
também que ele venceu a morte e que vai voltar.
Sobre o seu corpo Ele tomou as nossas dores e as

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nossas enfermidades. Ele foi quebrado por nós,
para que hoje pudéssemos dizer: “O Senhor é o meu
pastor e nada me faltará”. Ali na cruz faltou tudo par
Jesus, para que hoje não faltasse nada a mim e a
você. Faltou a companhia do Pai, a amizade dos dis-
cípulos, a roupa para esconder sua nudez, a água
para saciar a sua sede, o alívio para a sua dor. Faltou
tudo, porque Ele estava absorvendo tudo. Aleluia!
“O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.” É
esse o Senhor que é o nosso pastor. Diz a Palavra
que Ele, sendo rico, por amor de mim, por amor de
você, se fez pobre, para que por meio de sua po-
breza, nos enriquecesse. O Salmo 23, no segundo
verso diz: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes.
Leva-me para junto das águas de descanso.” A vida
cristã começa no descanso. Isso que é o Evangelho.
Evangelho é descanso. Sempre nos leva a repou-
sar em pastos verdejantes. É o descanso, quando a
busca cessa, a corrida termina e a paz vem. “Leva-
me para junto das águas de descanso; refrigera-me a
alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do
seu nome”.
À medida que nós passamos a descansar, sen-
timos o gozo do Senhor. Temos que caminhar pela

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vereda da justiça. E quando olhamos o termo justi-
ça na Escritura, vemos que se refere a uma justiça
que nos foi imputada. Quando o Senhor foi levado
ao calvário, ele tinha uma túnica, sem costura, in-
teira, uma única peça. Como a justiça, que também
é inteira, não “remendada”. Tiraram aquela túnica.
Quiseram dividi-la, cortá-la, mas para cumprir a pro-
fecia, lançaram sorte sobre ela. “Sobre ela lançaram
sorte.” Mas em Apocalipse é dito que nós somos vesti-
dos com os atos de justiça de Cristo. O Senhor foi cru-
cificado sem a túnica, para poder, hoje, cobrir a mim e
a você. O Senhor experimentou a vergonha, porque
a crucificação era feita com o condenado nu. Na cruz
Ele não podia tampar as suas “vergonhas”, porque os
seus braços estavam ali pregados. A túnica estava no
chão. Mas houve um dia que o Senhor me vestiu com
a sua túnica. E hoje, Deus me vê vestido da túnica do
Senhor, dos atos de justiça do Senhor. O Senhor é o
meu pastor e nada me faltará. Não me faltará justiça,
porque a justiça me é imputada, me foi dada por meio
da obra do calvário. Por isso estamos, hoje, vestidos da
justiça do Senhor. Precisamos, como diz a Palavra, pro-
duzir os chamados “frutos de justiça”. Você é uma carta
aberta aos olhos dos homens.

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Continuemos no Salmo 23, no verso 4: “Ainda
que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não te-
meria mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bor-
dão e o teu cajado me consolam.” O Senhor não diz
que você nunca vai passar pelo vale. Você vai passar
pelo vale e experimentar sombras. Muitas vezes é
anunciado um Evangelho tão adocicado que diz
que nunca você vai experimentar qualquer tipo de
sofrimento ou lágrimas na sua vida. Muito pelo con-
trário. O caminho da cruz é o de sofrimento. A cruz
é símbolo não de alegria, mas de sofrimento. Mas
muitas vezes, diante do sofrimento, nós encontra-
mos pessoas tomando caminhos os mais diversos
possíveis.
Mas “ainda” não é sempre. Sua vida não vai sem-
pre passar pelo vale. E se algum dia tiver que passar,
proclame como Davi: “Não temerei nenhum mal, por-
que tu estás comigo.” Normalmente, nós meditamos
muito sobre as tentações, não é. A tentação do sexo,
do dinheiro, da glória. Mas eu queria encerrar esse
capítulo falando um pouquinho sobre a tentação
do sofrimento. Porque quando as pessoas estão ex-
perimentando o sofrimento, elas são tentadas a te-
rem algumas atitudes. Alguns têm apatia, que pode

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ser a consequência da frustração. Diante do túmulo
de Lázaro, Jesus não teve apatia. O Senhor chorou.
Lá no Getsêmani, o Senhor chamou os discípulos e
disse: “A minha alma está profundamente triste até à
morte” (Mateus 26.38). A apatia não ajuda em nada.
Entregar os pontos não ajuda em nada. Resignação
é uma virtude. Apatia é um defeito.
Outros tomam o caminho do fatalista, que diz:
“Ah, seja como Deus quiser”. Diante de uma situação
difícil, não se pode cruzar os braços. Ao contrário,
deve-se lutar para transformar a situação. A vida
não é fácil para ninguém. Contudo, mesmo diante
das dificuldades, há os que vencem por batalhar
muito, por erguer a cabeça e seguir em frente. E há
outros que se tornam masoquistas, que acostumam
com o sofrimento. É o inverso da apatia. Mas preciso
saber diferenciar o prazer no sofrimento, e muitos,
por não saberem a diferença, acreditam estar agra-
dando a Deus com tal comportamento. Quando
Paulo disse em 2 Coríntios 12.10 que “Pelo que sinto
prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,
nas perseguições, nas angústias”, não significava que
ele era um masoquista. Não era prazer no sentido
de chamar a atenção ou alimentar uma autocomi-

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seração, não. Ele dizia: “Eu tenho prazer, porque isso
me leva a ter maior dependência do Senhor”.
Diante do sofrimento, outros tomam o caminho
de uma super indagação, sempre querendo saber o
porquê? Podemos dizer que todo o livro de Jó é para
responder a esse porquê. Essa mentalidade domina
os homens até hoje. Os discípulos, vendo um ho-
mem cego, se voltaram para o Senhor e pergunta-
ram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego?” E a resposta de Jesus fora: “Nem ele
pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem
nele as obras de Deus” (João 9.2-3). Muitas vezes, as
pessoas querem tantas explicações. Diante do so-
frimento, há pessoas que fazem desfilar uma série
de perguntas. Outros, na tentação do sofrimento,
acabam exagerando, aumentando o sofrimento. É
muito fácil dramatizar. É muito fácil, também, es-
quecer o texto que diz: “Ao anoitecer, pode vir o cho-
ro, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmo 30.5). A
primeira vez que faltou água para o povo de Israel
que estava caminhando no deserto, eles exagera-
ram e disseram que iriam morrer. Esqueceram com
tanta facilidade de como Deus havia aberto o mar
Vermelho. Quando os espias foram enviados para

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conhecer a terra, eles exageraram: “A terra é cheia de
gingantes!” Foi o que disseram. Não eram só gigan-
tes. Exageraram no tamanho das fortalezas, no ta-
manho das cidades, e no sofrimento, e diminuíram
o poder e a majestade de Deus. Deus é maior do
que tudo. Elias também exagerou, quando fugindo
de Jezabel, se escondeu na caverna e disse a Deus:
“Ah, fiquei só, sobrou apenas eu”. E o Senhor lhe diz:
“Existem ainda mais sete mil que não dobraram os jo-
elhos diante de Baal”. (Veja 1 Reis 19). Outra situação
diante do sofrimento: a fixação. A pessoa não fala
de outra coisa a não ser isso. Há pessoas que recu-
sam qualquer tipo de alívio. É o caso de Jacó. Quan-
do soube que José havia sido morto, que era uma
mentira, dissera aos seus filhos: “Chorando, descerei
ao meu filho até a sepultura” (Gn 37.35). Em outras
palavras: “Eu vou chorar até morrer”. Ele não quis alí-
vio, não queria consolo, não queria nada. Quando o
recém-nascido, filho de Davi, adoeceu, ele orou, je-
juou, pranteou, recusou-se a comer, e ficou orando
incessantemente. Quando lhe trouxeram a notícia
de que seu filho havia morrido, o que fez Davi? Mu-
dou as suas roupas de lamento, lavou o rosto, ungiu
a cabeça, sentou-se à mesa e comeu. E as pessoas

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perguntaram mais ou menos nesses termos: “Mas
como assim? O seu filho morreu”. Mas ele disse algo
como: “A vida continua.” (2 Samuel 12, a partir do
verso 16).
Quando, no sofrimento, passamos a fixar nossos
olhos e nossa atenção somente na tribulação, fica-
mos como que amarrados, acorrentados, ao proble-
ma. Quando Esaú vendeu o direito de primogenitu-
ra e Jacó conseguiu subtrair a bênção que era dele,
imediatamente a amargura brotou no coração de
Esaú. O desejo de matar o irmão, Jacó, aumentava
cada dia mais, pois Esaú aspirava e respirava a amar-
gura. Só tinha olhos para a decepção com o irmão.
Diante do sofrimento, muitos se desviam dos valo-
res da Bíblia. Desviam da comunhão e guardam no
coração a decepção.

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24
As
implicações
dos salmos

No verso 5 do Salmo 23, Davi escreveu: “Prepa-


ras-me uma mesa na presença dos meus adversários,
unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transbor-
da.” Você e eu temos inimigos: o diabo, a carne, o
mundo. Mas quando voltamos o nosso olhar para
o Salmo 22, contemplamos o triunfo do Senhor so-
bre todos os inimigos. Contemplamos o Cordeiro,
o Cordeiro mudo, sendo tosquiado, quebrado, par-

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tido, crucificado. Entretanto, no Salmo 24, contem-
plamos o rei dizendo: “Levantai, ó portas, as vossas
cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que en-
tre o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Se-
nhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória.”
Há uma mesa posta por Deus diante dos nossos
inimigos, quando podemos proclamar a vitória do
Senhor. No livro do Apocalipse, capítulo 12, verso
11, lemos: “Eles, pois, o venceram por causa do san-
gue do Cordeiro e por causa da palavra do testemu-
nho.” Antes de derramar o sangue na cruz, Jesus,
no cenáculo, dividiu o cálice com os discípulos e
disse: “Este é o sangue da nova aliança.” Havia e há
vitória no sangue derramado. Vitória absoluta, vi-
tória completa, plena. É tão lindo sabermos que o
Senhor já nos deu a vitória. O cálice fala que você
foi comprado. O cálice fala da sua identificação com
o Corpo de Cristo. O cálice proclama a vitória. Diz
o Senhor: “O meu povo está sendo destruído, porque
lhe falta o conhecimento” (Oséias 4.6). Você precisa
assumir o conhecimento do cálice. O conhecimen-
to do cálice é uma mensagem, o que lhe confere
direito, hoje, de ser filho de Deus, ter comunhão
com o Senhor junto a esse Pai. E tudo é possível por

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causa do caminho que foi aberto pelo sangue do
Senhor. Pode-se dizer que o Salmo 22 demonstra
a abertura desse caminho e o Salmo 23 demonstra
a realidade do agora. Diz as Escrituras que todas
as vezes que bebemos desse cálice, anunciamos a
morte, o Calvário. É a realidade do Salmo 22. Até
que em plenitude, o Salmo 24 se transforme para
todos nós como uma experiência. “Prepara-me uma
mesa na presença dos meus inimigos.” Bendito seja
o nome do Senhor. Contemple-o agora. “Levantai,
ó portas, as vossas cabeças. Levantai-vos, ó portais
eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é este
Rei da Glória?”
Porque houve o Calvário, porque houve o san-
gue, Ele hoje nos unge com o óleo de alegria. Deixe
essa mensagem dominar a sua vida. Pelo fato de ha-
ver derramado o sangue, pelo fato da sua obra ter
sido aceita pelo Pai, Ele derramou o Espírito Santo, e
por isso, unges a nossa cabeça com óleo. O óleo é o
Espírito Santo. O Salmo 22 não fala do óleo, porque
no Velho Testamento, o Espírito Santo não havia
sido derramado. Mas hoje podemos desfrutar dessa
realidade, da comunhão com o Senhor. E o Salmo
23 termina: “Bondade e misericórdia certamente me

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seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na
Casa do Senhor para todo o sempre.”

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Conclusão

Deixe as portas do seu coração sempre abertas.


Deixe, realmente, todas as portas abertas. Deixe
Deus agir na sua vida. Feche as portas para o peca-
do, para o diabo, para o mundo, mas deixe as portas
abertas para Deus agir na sua vida. Deixe as portas
abertas para que tudo o que Deus tem para você
se transforme em realidade. Você caminhará vendo
que a bondade e a misericórdia estão acompanhan-
do você. Pode ser que você esteja se sentido sozi-
nho, abandonado por aqueles que dizem te amar,
ou enfrentando problemas financeiros, de enfermi-
dades. Mas saiba, que a bondade e a misericórdia

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do Senhor lhe seguirão todos os dias, até a consu-
mação dos séculos. Abra os seus olhos, saia desse
lugar que tem limitado a sua visão.
Quero orar por você agora. Se possível, feche
seus olhos:
“Rei da Glória, Senhor nosso, te adoramos porque
já fazemos parte da eternidade, porque o amanhã
tem chegado para nós em uma dimensão toda espiri-
tual, porque experimentamos aqui e agora, a tua pre-
sença, porque os céus têm descido até nós e têm nos
conquistado para si. Te louvamos Pastor querido, por-
que cremos que realmente nada nos faltará. Bendito
seja o teu nome, porque o nosso Pastor é o todo po-
deroso, porque o nosso pastor é aquele que tem tudo
nas mãos. Nós o exaltamos, Pastor querido, e des-
cansamos na tua presença, porque és o Deus que vê,
que ouve, que responde, que age. E quando tu ages,
ninguém pode impedir. Diante de ti estão as nossas
necessidades. Quero agora, consagrar ao Senhor a
vida dos teus filhos com tudo que os envolve. Peço o
derramar da tua bênção para curar, para desfazer a
aflição da alma, toda a amargura, toda tristeza, em
nome do Senhor Jesus Cristo. Eu peço pela operação
do teu Espírito, para exaltar os teus queridos debaixo

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da tua potente mão. Clamo para que visites os lares.
Repreenda toda a obra do diabo. Eu me levanto ago-
ra, em nome de Jesus, para proclamar a tua presença
e a atuação do poder do nosso Deus em favor da tua
Igreja, o Corpo de Cristo, para que resplandeça a tua
glória sobre nós e para que, mais uma vez, o testemu-
nho do Senhor seja realidade no meio do teu povo. Em
nome de Jesus Cristo, amém.”

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32
2ª Parte

A doce
presença do
Espírito

O primeiro emblema, a primeira figura ou o pri-


meiro símbolo do Espírito Santo que encontramos
no Novo Testamento é a pomba. A pomba que veio
sobre Jesus no momento do seu batismo, às mar-
gens do rio Jordão. E é interessante que no Antigo
Testamento, o primeiro símbolo, o primeiro emble-
ma do Espírito Santo, também fora a pomba. Em

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Gênesis podemos perceber que o Espírito Santo é
apresentado também como uma pomba. Veja Gê-
nesis 1, verso 2: “A terra, porém, estava sem forma e
vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito
de Deus pairava por sobre as águas.”
Essa expressão “pairava” na língua hebraica não
significa se sustentar no ar. Significa “chocar”. O ter-
mo literal seria “chocando”. É como se a pomba esti-
vesse sobre o seu ninho chocando. Imagine: a Terra
sem forma e vazia e trevas sobre a face do abismo,
sobre o caos, sobre a desolação, sobre a face das
águas. Em meio a tudo isso, o Espírito do Senhor
pairava como uma pomba, produzindo vida! E é
exatamente nesse cenário de desolação que vamos
encontrar essa figura da “pomba mãe”, procurando
trazer vida. E se continuarmos lendo, perceberemos
como que a ordem foi tomando o lugar do caos. O
cenário de desolação se transformou em um cená-
rio de harmonia. A situação de feiúra transformou-
se em beleza, e vemos o próprio Senhor formando
o homem e colocando-o no jardim, criando a famí-
lia, gerando a ordem, o sorriso, a beleza, a harmonia
e a felicidade celestial. Se avançarmos mais alguns
capítulos, encontraremos novamente a figura do

34
Espírito Santo. O mesmo cenário de Gênesis 1.2
acontecendo no capítulo 8. Um cenário do dilúvio,
de morte, desolação, miséria, escuridão, trevas, an-
gústias, dor, desgraça. Porém, repete-se a figura do
Espírito Santo, agindo, intervindo, atuando.
As águas cobriram a terra. O dilúvio. O trabalho
e a civilização de 20 séculos, de 2.000 anos, foram
completamente submersos. Tudo completamente
destruído. E milhões encontraram no dilúvio a mor-
te. O Globo coberto por água. Desgraça, juízo. Mas
agora, apenas um navio. Uma arca com três pessoas
a bordo. Os únicos sobreviventes de toda a popula-
ção da terra. Veja o texto:
“Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que
fizera na arca e soltou um corvo, o qual, tendo saído,
ia e voltava, até que se secaram as águas por sobre a
terra. Depois, soltou uma pomba para ver se as águas
teriam já minguado da superfície da terra; mas a pom-
ba, não achando onde pousar o pé, tornou a ele para
a arca; porque as águas cobriam ainda a terra. Noé,
estendendo a mão, tomou-a e a recolheu consigo na
arca. Esperou ainda outros sete dias e de novo soltou
a pomba fora da arca. À tarde, ela voltou a ele; trazia
no bico uma folha nova de oliveira; assim, entendeu

35
Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.
Então, esperou ainda mais sete dias e soltou a pomba;
ela, porém, já não voltou a ele.” (Gênesis 8.6-12.)
Ah, querido, nós encontramos aqui uma figura
tão linda do plano, do propósito de Deus para nossa
vida. Ao cabo daqueles dias, Noé abriu aquela ja-
nela que havia feito na arca. E soltou um corvo. O
corvo é uma ave de rapina e se alimenta apenas de
desgraça, de miséria, de carniça. O corvo é seme-
lhante ao urubu. Noé soltou a ave que ia e voltava,
demonstrando agitação. Pode-se dizer que esse
corvo era um símbolo de Satanás, da carne, dos de-
mônios, das trevas. Ele não encontrava descanso.
A pessoa, até ter o encontro com Jesus, sente uma
agitação interior. Corre para um lado. Bate aqui, vai
ali, corre acolá.
Houve o momento quando Noé novamente
soltou o corvo, e este não voltou mais, porque en-
contrara um banquete. Cadáveres de pessoas, de
animais de todas as espécies, em abundância. Um
quadro deplorável para os nossos olhos, mas atrati-
vo aos olhos daquela ave.
Na tentativa de obter respostas sobre a situ-
ação da terra, Noé soltou uma pomba, já que não

36
fora possível obter respostas por meio do corvo.
Na primeira vez em que foi solta, a pomba não en-
controu lugar para colocar os pés, e voltou à arca.
Sabemos que a pomba é o símbolo do Espírito San-
to. Em meio àquele monturo, ela não conseguiu se
ambientar. Não podia ficar ali. A natureza dela era
oposta ao banquete de carniças. Aquilo que era
banquete para o corvo, provocava náuseas na pom-
ba. No nosso contexto também é assim que acon-
tece. Quando se é cheio do Espírito Santo, quando
se tem a graça de ter o entendimento de que se é
templo do Espírito Santo, aquilo que é banquete do
diabo provoca náuseas nos filhos de Deus. Querido,
temos cantado em Espírito, orado em espírito, te-
mos dito: “Senhor, eu quero ser cheio do Espírito San-
to!”. Porém, ser cheio do Espírito Santo vai além do
sentir arrepios. Ser cheio do Espírito provoca uma
nova natureza, um novo entendimento. Provoca
repugnância diante do alimento que Satanás ofere-
ce. Enquanto o corvo, neste contexto, é a figura de
Satanás, a pomba é a figura clara do Senhor Jesus.
No envio daquela pomba, encontramos uma fi-
gura, um símbolo glorioso, porque percebemos três
dispensações do Espírito Santo. Temos a partida da

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pomba indo e não encontrando repouso sobre o
caos, sobre aquele mundo que estava em pecado,
sob o julgamento de Deus. Os períodos em que o
Espírito Santo visitava o mundo pecaminoso e não
achava lugar para descanso, até que voltava para o
seio do Pai. No Antigo Testamento não encontra-
mos o ministério do Espírito Santo em plenitude.
Encontramos apenas visitações do Espírito. Encon-
tramos intervenções do Espírito. Encontramos Moi-
sés, Natanael, Davi e muitos outros sendo cheios do
Espírito Santo.
Houve um instante em que a pomba voltou e
trouxe algo no seu bico: uma folha de oliveira. Algo
interessante é que a oliveira produz as suas folhas
mesmo estando submersa. Mesmo debaixo da
água, a oliveira tem flores. Interessante! Novamen-
te façamos um paralelo à nossa vida: aquele que é
cheio do Espírito Santo, que tem a comunhão com
ele, mesmo que o dilúvio venha cobri-lo, continua
produzindo frutos. É glorioso demais!
De acordo com o texto, as águas do dilúvio esta-
vam baixando e as árvores começaram a aparecer.
E a árvore que tinha folhas novinhas era a oliveira.
Então a pomba voltou trazendo em seu bico uma

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folha de oliveira, que era o símbolo da paz, da re-
conciliação. O sinal de que o julgamento já tinha
acontecido e que a paz havia retornado. Então te-
mos três estágios, por assim dizer: no primeiro, a
pomba ia e voltava. No segundo, ela foi, mas voltou
trazendo uma folha de oliveira. Havia uma mensa-
gem ali: o juízo passou e a reconciliação aconteceu.
Terceiro estágio: Noé soltou novamente a pomba,
mas ela não voltou. Aleluia!

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O Espírito
hoje

É isso que nós estamos vivendo, ou seja, desde


o pentecostes, a pomba, o Espírito Santo, veio não
apenas para visitar, mas encontrou lugar para ficar e
ficou. E encontrou o nosso coração. Hoje, o Espírito
Santo não vem para visitar, mas para ficar. Quando
a pomba saiu da arca, ela não retornou mais, mas
fez daquele mundo o mundo dela. Ela construiu o
seu ninho, a sua habitação, no meio dos homens. É
o estágio presente. É a época em que nós estamos
vivendo. É este período glorioso, tão abençoado, e

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não mais aquela situação de caos. Ele não está, ape-
nas, visitando um mundo pecaminoso e retornando
para o céu novamente.
Durante todo o ministério de Jesus aqui na Ter-
ra, o Espírito Santo habitava nele e estava com os
discípulos. Há uma diferença muito grande entre
estar com e estar em. Em João 14, versos 16 e 17,
lemos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Con-
solador, a fim que lhe esteja para sempre convosco, o
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, por-
que ele habita convosco e estará em vós.” A arca é um
símbolo de Jesus, e a pomba saiu da arca. O Espírito
Santo foi enviado por Jesus para estar hoje conosco.
Somos a residência do Espírito Santo.
É tão interessante que a pomba é um símbo-
lo também da paternidade. O foco da natureza, o
mundo natural, é sempre a paternidade. E na Trin-
dade há uma revelação também para todos nós.
Reconhecemos Deus, o Pai. Precisamos da figura
do Pai. Quantas vezes o nosso coração carece da
presença do Pai, do provedor, daquele que está ao
lado, apoiando, sendo o braço forte. E a Escritura
nos revela Deus como o Pai. Temos a figura de Jesus,

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o Filho. E o Filho nos faz entender muito da identifi-
cação de família. Jesus é o nosso irmão mais velho.
Na Trindade, o papel da mãe, segundo as Escrituras,
é o Espírito Santo, também sendo chamado de Con-
solador.
Quantas vezes precisamos da força do Pai, e Ele
responde ao nosso clamor. Temos o irmão mais ve-
lho, Jesus. Já o Espírito Santo traz as revelações es-
pirituais. Elas estão exatamente em harmonia como
o sentimento, o pensamento da maternidade. Na
regeneração do espírito, o Espírito Santo produz
o novo nascimento. Ele é o agente do novo nasci-
mento. Em Isaías 66, verso 13, está escrito: “Como
alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos con-
solarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.” Pode
ser que você esteja machucado, ferido, traído, e por
isso precise do bálsamo do Espírito Santo, do con-
solo dele. Tenha essa visão do Espírito como pom-
ba, que gera, que nos traz vida.
Leiamos Gálatas, capítulo 4, versículo 19: “Meus
filhinhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto,
até ser Cristo formado em vós.” Eis o cuidado mater-
no do Espírito Santo. Quando alguém vive cheio do
Espírito, ele sente amor e afeto de maneira intensa,

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no sentido de cuidar, de consolar, de dirigir, de for-
talecer. Você pode ser um homem, mas o Espírito
Santo faz brotar em você a maternidade. Obra que
somente ele pode realizar. Vemos em Jesus uma
pessoa gentil, educada, sensível. O símbolo da paz
é a pomba. Seja onde for, mesmo que as pessoas
não saibam que a pomba é o símbolo do Espírito
Santo. Todos entendem que a pomba é o símbolo
da paz. Quando se está cheio do Espírito Santo,
conquista-se essa paz. A paz que excede a todo o
nosso entendimento. Onde o Espírito Santo reina,
reina a paz. No livro de Atos, capítulo 7, a partir do
verso 54, temos o relato da morte de Estêvão, que
fora cruelmente assassinado a pedradas. Mas mes-
mo diante de tanta dor e tanto sofrimento, Estêvão
sentiu paz. Isso porque ele era cheio do Espírito, do-
minado pela paz.
Diferente da pomba, o corvo não tinha paz. De-
monstrou inquietação, perturbação, agitação. Não
encontrou descanso. Encontrou apenas comida das
carcaças que estavam ali. Outra característica que
a pomba possui é a pureza. A natureza da pomba
é pura. Mas se o homem quiser ser puro diante do
Senhor, ele tem que fazer a escolha de ser, pois

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tudo na vida é uma escolha. Portanto, é possível
perceber quem domina na sua vida, se é o Espírito
do Senhor ou apenas a sua carne. Porque o Espírito
Santo é puro. Quanto mais cheio do Espírito, mais
santo você será. Desde que escolha o ser. Quantas
pessoas se perdem tanto! Quantas pessoas confun-
dem a própria vida! Quantas pessoas se maculam
em pecados, em desencontros, por não escolherem
a santidade, a pureza da pomba.
Outro símbolo da pomba é a mansidão. E con-
fortador é manso. Não há nenhuma menção na
Bíblia da ira do Espírito Santo. Aquele coração ha-
bitado pelo Espírito Santo é caracterizado pela
mansidão, pela gentileza. Não é rude, não é duro.
Não é sarcástico, não pertence à carne. A pomba
produz amor, alegria, paz, longanimidade, benig-
nidade, bondade, serenidade, mansidão e domínio
próprio. Ela é o símbolo especial de afeição. Ela não
quer o nosso serviço, ela quer a nossa comunhão.
Em 2 Coríntios 13.13, lemos: “A graça do Senhor Je-
sus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo sejam com todos vós.” Comunhão, relaciona-
mento, intimidade.

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Conclusão

Aleluia. Temos o Espírito Santo. Temos aquele


que não desanima, que investe, que nos ensina,
que nos consola, que um dia pairou também sobre
nossa vida, quando esta era um caos, quando está-
vamos sem forma e vazios. Ele gerou a vida, trouxe
a ordem, trouxe harmonia. Ele gerou todos os senti-
dos da graça. Aleluia, porque tudo passou a ser tão
diferente. Receba, querido, esta mensagem, a men-
sagem da pureza da pomba, da mansidão da pom-
ba. A mensagem de que somos, hoje, morada do Es-
pírito. A pomba veio fazer o seu ninho em nós. Não
voltou mais para a arca, porque encontrou repouso.

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Vimos a pomba chegando até nós, trazendo a folha
de oliveira, o símbolo da reconciliação. Paz comple-
ta, plena, total, absoluta, a ponto também de nos
tornarmos membros da família de Deus.
Esse deve ser o nosso clamor hoje:
“Oh, doce Espírito Santo de Deus! Tu és o símbolo
da nossa vida, que somos filhos de Deus. Nos fizestes
apaixonar por Jesus, o filho de Deus. Oh, Espírito San-
to! Queremos o teu controle completo e absoluto em
nossa vida. Nos rendemos. Que todo o nosso ser seja
cheio do Senhor. Vem nos dominar, nos completar,
nos encher. Queremos realmente viver em plenitude
da tua graça, caminhando e sendo em tuas mãos,
testemunha. Queremos, como as figuras que usastes
para se revelar a cada um de nós, sermos mansos, pu-
ros, limpos, dóceis e fiéis. Queremos, realmente, glori-
ficar a Jesus! Oh! Espírito Santo, tu tens toda liberdade
em nossa vida. Venha! Usa-nos a cada vez mais. Obri-
gado, Jesus, porque o Senhor não nos tem deixado ór-
fãos, mas tem nos deixado com o Espírito Santo”.
E esse é meu clamor por você:
“Senhor, eu quero abençoar a cada leitor nesta
hora, para que cada um possa valorizar o que tem.
Que cada um possa valorizar, ó Pai, a riqueza que o

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Senhor tem nos dado: o Espírito Santo. Que cada um
possa, Senhor, perceber a beleza da Igreja, a Noiva, e
a obra que o Espírito Santo está fazendo em nos pre-
parar e nos santificar para apresentar uma Igreja sem
mácula, sem mancha, pura, sem defeito. Oh, Espírito
Santo, faça isto! Afasta toda mancha, toda mácula.
Não queremos entristecer o Espírito Santo. Queremos
que a alegria do teu Espírito, Senhor, a tua alegria, tão
profunda, possa inundar cada coração, para que mar-
cados pela tua alegria, cada um de nós, como Igreja
do Senhor, possa ser o que tu queres. Que possamos
florescer para a glória do teu próprio nome. Que ja-
mais busquemos, Senhor, qualquer divisão. Que pos-
samos abençoar a todos. Abençoamos Pai, as inúme-
ras denominações espalhadas mundo afora, para que
marcadas pela tua benção possam continuar pro-
duzindo e trazendo vida onde existe a morte; ordem
onde existe caos; pureza onde existe amargura. Faça
isso, Senhor. E te daremos toda glória, toda honra e
todo louvor. Amém!”

Que Deus o abençoe!

Pr. Márcio Valadão

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JESUS TE
AMA E QUER
VOCÊ!

1º PASSO: Deus o ama e tem um plano


maravilhoso para sua vida. “Porque Deus amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigê-
nito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.“ (Jo 3.16.)

2º PASSO: O Homem é pecador e está

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separado de Deus. “Pois todos pecaram e ca-
recem da glória de Deus.“ (Rm 3.23b.)

3º PASSO: Jesus é a resposta de Deus,


para o conflito do homem. “Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim.“ (Jo 14.6.)

4º PASSO: É preciso receber a Jesus em


nosso coração. “Mas, a todos quantos o rece-
beram, deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome.“
(Jo 1.12a.) “Se, com tua boca, confessares Je-
sus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, será sal-
vo. Porque com o coração se crê para justiça
e com a boca se confessa a respeito da salva-
ção.” (Rm 10.9-10.)

5º PASSO: Você gostaria de receber a


Cristo em seu coração? Faça essa oração de
decisão em voz alta:

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“Senhor Jesus eu preciso de Ti, confesso-te o
meu pecado de estar longe dos teus caminhos.
Abro a porta do meu coração e te recebo como
meu único Salvador e Senhor. Te agradeço por-
que me aceita assim como eu sou e perdoa o
meu pecado. Eu desejo estar sempre dentro
dos teus planos para minha vida, amém”.

6º PASSO: Procure uma igreja evangé-


lica próxima à sua casa.
Nós estamos reunidos na Igreja Batista da
Lagoinha, à rua Manoel Macedo, 360, bairro
São Cristóvão, Belo Horizonte, MG.
Nossa igreja está pronta para lhe acom-
panhar neste momento tão importante da
sua vida.
Nossos principais cultos são realizados
aos domingos, nos horários de 10h, 15h e
18h horas.

Ficaremos felizes com sua visita!

53
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55
Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

Gerência de Comunicação

Rua Manoel Macedo, 360 - São Cristóvão

CEP 31110-440 - Belo Horizonte - MG

www.lagoinha.com

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