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MEMORIAL DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA E PROFISSIONAL

Me chamo Ana Luisa, nasci no município de Itaguaí-RJ no dia vinte e seis de março de mil
novecentos e setenta. Sou ariana...vivo de amor profundo. Meu pai era “barriga verde” – designação
dada aos nascidos na Ilha de Santa Catarina/RS em referência a um adereço verde utilizado pelo
batalhão de fuzileiros catarinenses criado por José da Silva Paes no século XVIII. Filho de caiçaras
– das casas de madeira com cortinas floridas e dos quintais de areia – possuía mãos hábeis e artísticas
(herança do meu avô). Minha mãe é forte e corajosa. Fruto de emigrantes espanhóis e libaneses que
atravessaram os mares nos primórdios do século XX fugindo da escassez. Tenho um irmão mais novo
inspirador e um filho que é o lado mais doce da minha vida.
Iniciei meus estudos no curso LICA/UFRRJ uma semana após o desencarne daquele que mais
vibrou de alegria quando conquistei uma vaga na Universidade: o meu pai.
Todos os dias, ao atravessar o portal da Rural, acreditei que eu me tornaria um ser humano
melhor. E nesse sentido acredito que a escolha do curso foi decisiva.
Na graduação em LICA/UFRRJ, os discentes têm a oportunidade de assistir às aulas em todos
os onze institutos do campus de Seropédica. Uma vivência diária da diversidade sociocultural de uma
Instituição Federal de Ensino.
Além disso, me permitiu perceber a existência de um campo de disputa ideológica entre os
professores em sala de aula. Na qual, de um lado, estão aqueles que acreditam que a técnica por si só
é capaz de resolver quaisquer problemas da humanidade, afastando as relações hegemônicas de poder
que escreveram a nossa história até aqui. E do outro, os que compreendem a relevância fundamental
da técnica, porém são crítico-reflexivos e desancorados do fragmentário e do mecânico, independente
da área. Em seu fazer educativo, ao inserirem as relações sociohistoricizadas direcionam seus
discentes à análise da realidade.
Esse cenário me ajudou a decidir a educadora que eu gostaria de me tornar.... Assim, por
indicação da professora Lia Maria Teixeira de Oliveira, comecei a participar das reuniões de
aprofundamento teórico do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Ambiental, Diversidade e
Sustentabilidade (GEPEADS/UFRRJ) - composto por professores, alunos, pesquisadores e
associados, e formado coletivamente em 2003, a partir de Programas e Projetos de Extensão e
Pesquisa, frente às demandas socioambientais da região na qual estão situados os municípios vizinhos
à universidade (Seropédica).
Concomitantemente, passei a fazer parte do quadro de estagiários da Sala Verde Centro de
Integração Socioambiental/UFRRJ - inicialmente como bolsista de iniciação científica e depois como
voluntária. Criada em 2006 após aprovação de um projeto apresentado pelo GEPEADS ao Ministério
do Meio Ambiente e vinculada à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) funcionou
no CAIC Paulo Dacorso Filho, por 15 anos e hoje está situada na Casa da Agricultura,
Sustentabilidade, Território e Educação Popular CASTE/UFRRJ.
As reuniões de estudo ocorriam na Sala Verde uma vez por semana, em mesa redonda, após
leitura de artigos de cunho socioambiental, - inevitavelmente políticos. Muitas das atividades
desenvolvidas pela Sala Verde nasciam das ideias democraticamente discutidas em reunião, das quais
destaco o Jornal Escolar (projeto Educomunicação), a horta escolar, a farmácia viva, a mandala
agroecológica, as oficinas artísticas com materiais reaproveitados, o projeto Espaço com Cheiro de
Verde destinado aos alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e os cursos de extensão.
Por meio dessa vivência educativa articulada entre a CISA e o GEPEADS também tive a
oportunidade de participar de produções textuais; da participação de eventos e congressos e do
planejamento e da organização de eventos. Destaque para a Mostra de Produção Audiovisual – Cine
tela Verde que tem o objetivo de contribuir com a divulgação de valores socioambientais e a Semana
de Educação Ambiental (SEMEA), pensada e realizada no intuito de socializar projetos dentro da
área socioambiental, assim como oportunizar trocas de saberes entre os participantes.
Importante ressaltar que foi durante minhas atividades junto à Sala Verde CISA, que pude ter
contato com alunos do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – CTUR.
Eles realizavam estágios, assim como participavam das atividades da Sala Verde. E foi por meio
dessa convivência que pude perceber a importância da articulação entre teoria e prática na formação
deles.
Quando eu ali cheguei era radical como um punk setentista. Eu nada sabia, mas percebia.
Hoje, do pouco que sei, sou valorizada e incentivada a não desistir, mesmo quando a vida briga com
o meu destino. Minha turma é incrível. Somos fraternos, solidários e sensíveis. Lutamos para que
todos os habitantes deste planeta sejam respeitados e felizes.

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