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Índice Secagem de Grãos

Introdução Autor: Prof. Luís César Silva


Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Fundamentos
Introdução
Modalidades de
Secagem
    A secagem é um processo termodinâmico por meio
Secagem a Baixa do qual ocorre a redução do teor de umidade em
Temperatura materiais biológicos. Na natureza este processo tem
início quando sementes e, ou, grãos atingem o ponto
Secagem a Alta
Temperatura de maturação fisiológica. Ocasião em que estes
desvinculam da "planta mãe". Para a maioria das
Secagem espécimes de grãos, isto ocorre quando o teor de
Combinada e umidade é de aproximadamente de 50% b.u.
Seca-Aeração

Referências     Teor de umidade corresponde a relação percentual


entre o peso da massa de água e o peso da massa total
de uma dada quantidade de grãos. Desde modo, em
uma carga com 1000 kg de grãos, se esta possui teor
de umidade igual a 13 %, ou 13 %b.u. (base úmida),
corresponde afirmar que se tem 130 kg de água e 870
kg de matéria seca. A porção matéria seca refere-se
aos constituintes como: os tecidos biológicos, lipídeos,
proteínas, enzimas e sais minerais. E é esta porção que
se objetiva conservar durante a armazenagem.

    Para a perfeita conservação da massa de grãos, o


teor de umidade deve ser reduzido a níveis que: (a)
inviabilize o desenvolvimento de agentes responsáveis
pela degeneração - fungos e bactérias, (b) reduza a
taxa de respiração dos grãos e (c) bloquei a ocorrência
de reações enzimáticas que propiciam a auto-
degeneração dos grãos. Sob as condições climáticas
Brasileiras, geralmente, recomenda-se que o teor de
umidade para a armazenagem seja de 13%. Casos em
que o produto necessite permanecer nos armazéns por
mais de um ano, o teor de umidade deve ser de 11%.

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Fundamentos

    Os materiais biológicos, como grãos e sementes,


possuem a característica de serem higroscópios, pois,
entre estes e o ar são estabelecidos fluxos de vapor de
água. O sentido e intensidade destes fluxos irá
depender do gradiente imposto pela diferença dos
valores da pressão de vapor na superfície dos grãos
(Pvg) e a pressão de vapor no ar (Pvar). Desta forma,
dependendo das condições do produto e do ar pode-se
ter a ocorrência de três situações.
    Caso,

1) Se Pvg > Pvar, tem-se a secagem do produto;


2) Se Pvg < Pvar, tem-se o umidecimento do produto;
e
3) Se Pvg = Pvar, tem-se o Equilíbrio Higroscópio -
nesta situação não há fluxo.

    Em processos de secagem de grãos sob condições


atmosféricas, o ar é utilizado como meio de transporte
de calor e massa. O calor cedido aos grãos promove a
migração da água contida nestes para a superfície que
é então carreada pelo fluxo de ar que flui pelas
superfícies dos grãos. Ressalta-se que estes transportes
acontecem simultaneamente.

    Portanto, o ar de secagem deve possuir uma


quantidade de calor a ceder para os grãos e possuir
condições de reter e transladar uma quantidade de
massa de água na forma de vapor. Estas características
definem o potencial de secagem do ar, que,
teoricamente, terá o seu valor acrescido quanto maior
for a temperatura e menor for a umidade relativa. No
entanto, por grãos e sementes serem materiais
biológicos, o potencial de secagem deve ser definido a
níveis que não promova danos.

    O aumento do potencial de secagem do ar pode-se


dar naturalmente por meio da radiação solar ou com o
uso de equipamentos de queima de combustível.
Nestes casos, especial atenção dever ser dada a
secagem. Pois, pesquisas norte americanas
demonstram que na secagem de milho são empregadas
60% da energia consumida nas atividades deste o
cultivo a armazenagem. No entanto, vale ressaltar que
essas atividades utilizam de diferentes fontes de
energia que são valoradas diferentemente.

    No Brasil, a fonte de energia mais utilizada na


secagem de grãos em unidades armazenadoras tem
sido a lenha. Que para o momento, dado os tipos de
secadores utilizados, tem-se apresentado
economicamente como a melhor alternativa. Porém,
recentemente, dado a política ambiental e a melhoria
da performance termodinâmica dos secadores, o gás
GLP tem sido utilizado em algumas regiões.

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Modalidades de Secagem

    A secagem de produtos agrícolas pode ser realizada


de duas forma: natural e artificial. Define-se por
secagem natural os métodos em que pela incidência da
radiação solar tem-se a redução do teor de umidade
dos produtos. No Brasil esta modalidade tem sido
utilizada na secagem de: (a) milho e feijão por
pequenos agricultores, (b) café em terreiros e (c) cacau
em barcaças.

    A grande desvantagem dessa modalidade está na


dependência das condições climáticas. Fato que faz
demandar por ocasião do período de secagem a
ocorrência de: (a) baixos índices de precipitação
pluviométrica, (b) baixa umidade relativa e (c) baixos
índices de nebulosidade. No entanto, caso as condições
climáticas sejam favoráveis, essa modalidade é
preterida por propiciar menores danos mecânicos aos
grãos e utilizar como fonte de calor a energia solar.

    Quanto a secagem artificial, esta consiste no


emprego de artifícios para aumentar a velocidade do
processo de secagem, sendo estes disponibilizados em
equipamentos denominados secadores. A nível
comercial, os secadores podem apresentar sob
diferentes configurações, contendo por acessórios: (a)
sistema de aquecimento do ar - fornalhas a gás ou a
lenha, (b) sistema de movimentação do ar -
ventiladores e (c) sistema de movimentação dos grãos
- elevadores de caçambas, transportadores helicoidais e
fitas transportadoras.

    Nesta modalidade, a secagem pode ser executada


em baixa temperatura e, ou, em altas temperaturas.

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Secagem a Baixa Temperatura

    Na Secagem a Baixa Temperatura o ar de secagem é


aquecido em no máximo 10 oC acima da temperatura
ambiente. Sendo em determinados casos dispensado o
aquecimento do ar ambiente devido ao seu potencial
de secagem.

    Estruturalmente, esses secadores são silos


armazenadores que possuem por características: (a)
fundo perfurado, (b) capacidade estática máxima de
300 toneladas e (c) altura de cilindro máxima de 6
metros. Quanto aos parâmetros de secagem: (a) o fluxo
de ar deve estar entre 1,0 a 10 m3/min por toneladas de
produto, (b) o silo deve possuir área de suspiros
equivalente a 1,0 m2 para cada 300 m3/min de ar
insuflado e (c) o enchimento do silo pode ser feito por
etapas ou em uma única vez.

    Nesse tipo de secador a secagem poderá durar de 15


a 30 dias, fato que dependerá das condições de
secagem. Desde modo, deve-se dimensionar o sistema
de tal forma que a de secagem seja completada sem
que haja deterioração da massa de grãos.

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Secagem a Alta Temperatura

    A Secagem a Alta Temperatura é caracterizada por


utilizar temperatura do ar de secagem superior em 10
o
C a temperatura do ar ambiente. Os secadores
empregados são classificados segundo: (a) os sentidos
de deslocamentos dos fluxos de grãos e do ar de
secagem e (b) a forma de funcionamento.

Classificação segundo os sentidos dos fluxos de


grãos e ar de secagem

    Quanto ao sentidos dos fluxos de grãos e ar de


secagem os secadores apresentam-se como de: (a) leito
fixo, (b) fluxos cruzados, (c) fluxos contracorrentes,
(d) fluxos concorrentes e (e) fluxos misto - secador
tipo cascata. Descreve-se a seguir, sucintamente, estes
tipos de secadores

a) Secadores de leito fixo

    São os secadores em que a camada de grãos


permanece estática durante a secagem. Estes
geralmente dispõem de: (a) fornalhas a lenha, (b)
ventilador e (c) câmara de secagem. A câmara de
secagem pode ser de forma circular ou retangular.
Geralmente, estes possuem capacidade estática em
torno de 5,0 tonelada e o tempo de secagem por carga
é estimado em 5 horas.

    Pelo fato do produto permanecer estático durante a


secagem é recomendado o revolvimento deste a cada
três horas. Assim, a secagem dar-se-á uniformemente.

b) Secadores de Fluxos Cruzados

    Conforme a denominação do secador, os fluxos de


grãos e ar de secagem cruzam-se sob um ângulo de 90o
na câmara de secagem. Este tipo de secador é o mais
difundido, principalmente, devido a facilidade de
construção.

    A principal desvantagem deste tipo de secador é o


gradiente de umidade na massa de grãos, pois, o
produto que se encontra mais próximo a entrada do ar
de secagem, torna-se mais seco e aquecido. Porém, em
novas concepções de secadores este problema foi
solucionado promovendo reversões do fluxo do ar de
secagem.

c) Secador de Fluxos Contracorrentes

    Nestes secadores os fluxos de grãos e ar de secagem


ocorrem em sentidos contrários. Sendo o fluxo de
grãos no sentido da gravidade e o fluxo de ar em
sentido ascendente

    Está modalidade de secador não é difundida Brasil,


porém, no mercado norte americano silos secadores
dotados de: fundo perfurado, sistema de aquecimento,
ventilador e kit de movimentação de grãos, tem sido
empregado.

    Nestes secadores a frente de secagem sempre


permanece junto ao fundo perfurado. A medida que
ocorre a secagem, a camada de grãos seca é
transportada a silos armazenadores ou então é
depositada na parte superior da massa de grãos. Para
tanto, o sistema de movimentação de grãos é acionado
por um termostato que monitora o avanço da frente de
secagem.

    Pesquisadores da UFV e UNIOESTE idealizaram


um secador de fluxos contracorrentes em torre que
apresentou bons índices de eficiência energética. No
entanto, são demandados estudos complementares para
o desenvolvimento do sistema de automatização.

c) Secador de Fluxos Concorrentes

    São secadores em que os fluxos de ar de secagem e


grãos tem o mesmo sentido de deslocamento. Este tipo
de secador também não é difundido no mercado
nacional. Porém em outros países com tecnologia de
secagem mais avançadas há uma tendência de serem
os mais empregados. Isto deve-se a maior capacidade
horária de secagem, melhor qualidade do produto final
e melhor eficiência térmica.

    As formas comercias destes secadores caracterizam


por possuírem (a) grandes alturas, (b) vários estágios
de secagem e descanso e (c) circuitos de
reaproveitamento do ar de secagem.

d) Secador de Fluxos Mistos ou Secador do Tipo


Cascata

    Os secadores de fluxos mistos ou secadores cascata


são os mais utilizado em unidades armazenadoras
brasileiras. Estes caracterizam por possuir uma torre de
secagem que internamente dispõem de calhas no
formato de "V" invertidos. A torre, por sua vez, conta
com uma câmara de secagem e uma de resfriamento.

    O ar de secagem que entra paralelo a uma determina


linha de calhas sai em outras imediatamente adjacentes
localizada nas faces superior e inferior. Desta modo,
dependendo da posição dentro da torre de secagem
pode ocorrer secagem em fluxos cruzados,
contracorrentes e concorrentes, o que caracteriza a
secagem em fluxos mistos

    No mercado brasileiro são disponibilizados


equipamentos com capacidades horárias de secagem
de 15 a 120 t/horas. Atualmente os grandes desafios
aos fabricantes nacionais são a busca de alternativas
tecnológicas que permitam: (a) reduzir o consumo de
energia elétrica e combustível - lenha ou GLP e (b)
minimizar os níveis de impacto ambiental durante a
secagem. Uma das alternativas em emprego, está
sendo a substituição dos exaustores tipo centrífugo por
ventiladores axiais.

Classificação Quanto ao Funcionamento

    Quanto ao funcionamento os secadores são


classificados em contínuos e intermitentes. Contínuos
quando o produto passa uma única vez pelo secador
para atingir o teor de umidade desejado, enquanto nos
intermitentes o produto necessita recircular várias
vezes para alcançar o teor de umidade desejado.

    Esta classificação não se trata de uma característica


fixa do equipamento. Pois, um mesmo secador
dependendo do teor de umidade da carga a secar
poderá funcionar de forma intermitente ou contínua.
Caso, por exemplo dos secadores tipo cascata, se o teor
de umidade do produto estiver inferior a 18% estes
operam de forma contínua, caso contrário o produto
deve recircular o que caracteriza o funcionamento de
forma intermitente.

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Secagem Combinada e Seca-Aeração

    São práticas que objetivam a melhoria da eficiência


dos sistemas de secagem em alta temperatura. Em
ambos os casos procede-se a secagem dos produtos em
duas fases.

    A primeira deve ser conduzida em secadores que


operem em alta temperatura, sendo dispensado os
procedimentos de resfriamento da massa de grãos.
Fato que reduz o tempo de uso dos secadores.
Enquanto a segunda é realizada em silos equipados: (a)
para condução de secagem em baixa temperatura ou
(b) para realização de aeração.

    Empregando-se na segunda fase a secagem a baixa


temperatura ter-se-á a secagem combinada. Neste caso,
o produto é seco em alta temperatura até que o teor de
umidade seja de 18 a 16 % e então este é dirigido a um
silo para a complementação da a secagem.

    Enquanto na seca-aeração, a secagem em alta


temperatura dá-se até que o teor de umidade seja de
15%, quando então produto é transferido a um silo
onde será promovida a aeração. Antes de iniciar a
aeração é recomendado que o produto permaneça em
descanso por um período de 4 a 6 horas.

    As diferenças entre a secagem combinada e a seca-


aerção são (a) os fluxos de ar empregados, Quadro 1, e
(b) o uso ou não de uma fonte de aquecimento do ar na
secagem a baixa temperatura.

QUADRO 1 - Fluxos de ar recomendados

Operação Fluxo de Ar
(m3/min. t de
produto)

Seca-Aeração 0,5 a 1,0

Secagem a 1,0 a 10,0


Baixa
Temperatura
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Referências

SILVA, L. C., SILVA, J. S., QUEIROZ, D. M.,


OLIVEIRA-FILHO, D. Desenvolvimento e Avaliação
de um Secador de Café Intermitente de Fluxos
Contracorrentes. In : XX Congresso Brasileiro de
Engenharia Agrícola, 1991.

SILVA, J. S., [Editor], Pré-processamento de


produtos agrícolas. Instituto Maria, Juiz de Fora:
MG, 1995. 509 p.

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Última atualização: 12/12/1999 - Responsável: Prof. Luís
César Silva

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