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12/12/2021 12:37 Desigualdade econômica – Wikipédia, a enciclopédia livre

Desigualdade econômica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A desigualdade econômica (português


brasileiro) ou económica (português europeu)
abrange uma ampla variedade de tópicos.
Pode se referir a distribuição de renda
(medida pela quantidade de dinheiro que as
pessoas recebem) ou a distribuição de
riqueza (a quantidade de riqueza que as
pessoas possuem). Além da desigualdade
econômica entre países ou Estados, existem
importantes tipos de desigualdade
econômica entre diferentes grupos de Diferenças na igualdade de renda nacional em todo o
pessoas.[3] mundo, medida pelo coeficiente de Gini nacional (dados
de 2018)[1].
Tipos importantes de medidas econômicas
focam em riqueza, renda e consumo.
Existem muitos métodos para medir a
desigualdade econômica, sendo o
Coeficiente de Gini o mais utilizado. Outro
tipo de medida é o Índice de
Desenvolvimento Humano Ajustado pela
Desigualdade, que é um índice composto
estatístico que leva em conta a
desigualdade.[4] Conceitos importantes de
igualdade incluem equidade, igualdade de Desigualdade de renda no mundo medida pelo coeficiente
resultados e igualdade de oportunidades. de Gini de acordo com dados do Banco Mundial (2014)[2]

Pesquisas sugerem que uma maior


desigualdade dificulta a duração do
crescimento, mas não sua taxa.[5][6]
Enquanto a globalização reduziu a
desigualdade global (entre nações),
aumentou a desigualdade dentro dos
países.[7]
Mapa dos países por por IDH ajustado à desigualdade
(2018).
Índice    0,850–0,899    0,600–0,649    0,350-0,399
   0,800–0,849    0,550–0,599    0,300-0,349
Visões
Rousseau    0,750–0,799    0,500–0,549    0,250-0,299
Liberais    0,700–0,749    0.450–0.499    ≤ 0,250
Marxistas    0,650–0,699    0,400–0,449    Sem dados
Anarquistas
Consequências
Concentração de renda
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Brasil

Classe social
Coeficiente de Gini
Portugal
Classe social
Desigualdade segundo coeficiente de
Gini
Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas

Participação global da riqueza por grupo


Visões de riqueza, Credit Suisse, 2021

Rousseau

Rousseau acreditava que existiam dois tipos de desigualdade: a primeira, a desigualdade física ou
natural, que é estabelecida pela força física, pela idade, saúde e até mesmo a qualidade do espírito;
e a segunda, moral e política, que dependia de uma espécie de convenção e que era autorizada e
consentida pela maioria dos homens.[8]

No livro Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, ele se


preocupa em mostrar a desigualdade moral e política, pois, para ele, é desnecessário se preocupar
com a origem da desigualdade natural e física, pois a resposta é essa: é natural, e o que vem da
natureza já está justificado.[8] Também fala que a desigualdade não pode ser estudada tendo como
ponto de partida o momento então da humanidade. Também diz que para estudar a desigualdade
moral e política, deve-se "ir até a essência do homem para julgar a sua condição atual" e deve-se
fazer, sem atribuir ao homem primitivo, atributos do homem civilizado. Sem esse cuidado, a busca
pela origem da desigualdade estaria distorcida.[8]

Liberais

Os liberais acreditam que a desigualdade econômica é principalmente resultado de pouca


liberdade econômica.[9] Alguns defendem que a desigualdade em si não é o problema, e sim a
existência da miséria. É preferido um país com maior desigualdade entre as classes sociais mas
com baixíssima miséria, do que um país menos desigual com alto índice de miseráveis. A
desigualdade econômica é um fato natural do mercado e das diferenças entre as pessoas e o curso
de suas vidas. Sendo, para os liberais, a igualdade absoluta uma utopia, algo impraticável e até
mesmo indesejável.

Ludwig von Mises, economista defensor do livre mercado, alega que o egoísmo e a desigualdade
levam ao desenvolvimento. Conforme ele, essa desigualdade foi de enorme importância na história
e por causa dela que foi produzida a denominada "civilização ocidental moderna", que só poderia
existir em um lugar onde o ideal de igualdade de renda fosse muito fraco. A eliminação da
desigualdade, para Mises, destruiria qualquer economia de mercado.[10]

Marxistas
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Karl Marx acreditava que o trabalhador era explorado pelo detentor


da riqueza (o capitalista) que utiliza o seu trabalho sem o justo
pagamento transformando-o em um miserável. A relação entre
trabalhador (subalterno) e o capitalista (dominante) é a matriz das
classes sociais. A miséria é utilizada em uma condição de manutenção
das classes dominantes. Acreditava também que a desigualdade é
causada pela divisão de classes, dentre aqueles que detêm os meios de
produção, chamados de burgueses, e aqueles que contam apenas com
sua força de trabalho para garantir sua sobrevivência, chamados de
proletários.[11]

Karl Marx Marxistas alegam que a desigualdade social é inevitavelmente


produzida pelo capitalismo e não poderá ser alterada sem uma
modificação no sistema capitalista. Alegam que os burgueses têm
interesse em manter a desigualdade econômica, além de ser muito útil para que os assalariados
possam se esforçar cada vez mais, principalmente em países desenvolvidos, fazendo com que
trabalhem em um trabalho mais desagradável e pesado, para que possam alcançar um nível de
consumo parecido com as classes altas, o que para os marxistas, é uma ilusão.[12]

Conforme Karl Marx, o socialismo seria uma forma de fazer uma luta contra as desigualdades.
Acreditava que o socialismo apenas estaria em um país por meio de uma revolução proletária e que
seria a fase de transição do capitalismo para o comunismo,[13] onde o comunismo que seria uma
sociedade sem classes sociais em que as riquezas seriam divididas ao povo e que todos iriam
contribuir com a sua força de trabalho.[14]

Anarquistas

O anarquismo defende o fim de qualquer autoridade política, econômica e religiosa, ou seja,


defende uma sociedade baseada na liberdade total, mas responsável.[15][16][17] Também defende a
igualdade entre todas as pessoas e o fim da propriedade privada, sendo assim uma forma de sair
da exploração capitalista.[18]

Os principais teóricos que influenciaram o anarquismo foram William Godwin, que publicou em
1973 o seu livro Indagação relativa à justiça política, Pierre-Joseph Proudhon, que em 1840
publicou o livro Que é a propriedade? e Max Stirner, que publicou o livro O indivíduo e sua
propriedade.[15]

Consequências
Geralmente, existem diversas consequências da desigualdade social e econômica. A
marginalização de parte da sociedade, o retardamento no progresso da economia do país, a
pobreza, a favelização e o crescimento da criminalidade e da violência são algumas das
consequências.[19]

Concentração de renda

Concentração de renda é o processo pelo qual a renda, proveniente de lucro, de salário, de aluguéis
( como os juros oligopolísticos) e de outros rendimentos, converge para uma mesma empresa,
região ou grupo privilegiado de pessoas,[20] como os 26 indivíduos que possuem ao menos 1 bilhão
de dólares e somados concentram mais dinheiro que as 3,8 bilhões de pessoas mais pobres do
planeta 50% da população mundial conforme Oxfam Este relatório utiliza dados publicados
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planeta — 50% da população mundial — conforme Oxfam. Este relatório utiliza dados publicados
pela revista Forbes e pelo banco Credit Suisse, é de 2018 e afirma que a concentração se acentuou;
em 2017 tais indivíduos eram
mais numerosos, 43. De modo
geral, no período de 2017 a
2018 a riqueza destes
indivíduos aumentou 900
bilhões de dólares, enquanto a
metade mais pobre do planeta
perdeu 11% de sua renda.[21]
Um dos métodos usados para Barracas de pessoas sem-teto na Mansão em Holmby Hills, também
se medir a concentração de calçada de Skid Row, Los Angeles. na cidade de Los Angeles.
renda é medir quanto o grupo
formado pelos 10% mais ricos
da população recebe em comparação ao grupo dos 10% mais pobres, conhecido como P90/P10 ou
"10% Mais Ricos a 10% Mais Pobres".[20] Outros índices conhecidos são o Coeficiente de Gini e o
Índice de Theil.

O Japão tem um coeficiente de Gini de 24,9, perdendo apenas para a Dinamarca, cujo coeficiente é
de 24,7. Pelo critério P90/P10, o país com a menor concentração de renda do mundo é o Japão, a
segunda maior economia do planeta, com 4,23. Dentre os países desenvolvidos, a maior
concentração de renda está nos Estados Unidos da América (15,57), seguido pela França, com 9,1.
No Brasil a concentração de renda é elevada; o índice P90/P10 está em 68 (2001). Ou seja, para
cada dólar que os 10% mais pobres recebem, os 10% mais ricos recebem 68. O Brasil é menos
desigual apenas que a Guatemala, Essuatíni, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana,
Lesoto e Namíbia.[22]

A melhor prova disso é que o Banco Mundial, órgão ligado ao FMI, faz gestões para sensibilizar as
elites governantes dos países subdesenvolvidos numa tentativa de engajá-las em esforços que
melhorem a distribuição de renda nos países que dirigem.[23] Um comitê conjunto formado pelo
Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) conclamou os países em
desenvolvimento, assim como os doadores, a acelerar os esforços com vistas a atingir as metas de
redução de pobreza acordadas internacionalmente, até a data prevista de 2015.[23]

Brasil
A desigualdade social é bastante acentuada no Brasil, que é o
país com o décimo primeiro maior índice de desigualdade
econômica no mundo e o quarto na América Latina, segundo
dados disponibilizados no relatório de desenvolvimento
humano produzido pela ONU em 2014.[24] Um bom exemplo
que pode ser dado da desigualdade do Brasil é o estado da
miséria, a extrema condição de renda, os salários baixos, a
fome, o desemprego, a violência, a marginalidade, etc.[25]
Favela da Rocinha, a maior favela
Em relação à posição econômica entre negros e brancos, pôde-
do Brasil, em contraste com os se constatar que 60% dos pobres no Brasil são constituídos
edifícios de São Conrado, no Rio de
por negros ou pardos e dentre as pessoas consideradas como
Janeiro. indigentes, 70% são negros ou pardos.[26] De um modo geral,
de acordo com os dados da pesquisa, cerca de 40% das pessoas
negras ou pardas se situam entre os 30% mais pobres, enquanto que apenas cerca de 20% dos
brancos apresentam a mesma condição econômica.[26]

Devido à prosperidade econômica e às políticas de combate à desigualdade social promovidas pelo


G d B il úl i
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Governo do Brasil nos últimos anos, a desigualdade social no Brasil vem caindo, chegando em
2012 a níveis de 1960. Em 2015, o coeficiente de desigualdade no Brasil atingiu 0,514.[27] Até 1930,
a economia do Brasil era voltada para a produção agrária, que coexistia com o esquema agro-
exportador, sendo o Brasil um exportador de matéria-prima.[25]

Segundo dados do Human Development Report (HDR) – Organização das Nações Unidas (ONU),
de 2004, o Brasil apresenta historicamente uma desigualdade extrema, com índice de Gini
próximo a 0,6. Este valor indica uma desigualdade brutal e rara no resto do mundo, já que poucos
países apresentam índice de Gini superior a
0,5.[2] (https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade_econ%C3%B4mica#endnote_5) Dos 127 países presentes no
relatório, o Brasil apresenta o oitavo pior índice de desigualdade do mundo, superando todos os
países da América do Sul e ficando apenas à frente de sete países africanos.[28] Sobre esse tema já
disse Florestan Fernandes:[29] "No Brasil, sempre se seguiu a rotina de privilegiar os privilegiados,
sem tentativas frutíferas de intervenção programada na distribuição da renda."[29]

De acordo com o Relatório da Organização das Nações Unidas de 2016, o Brasil empata com o
Essuatíni em 10º lugar em nível de desigualdade social, com um Coeficiente de Gini de valor 0,515.
O Essuatíni é um reino na África, sem acesso ao mar e com um governo autoritário. Na América
latina, somos o quarto pior em termos de igualdade, atrás apenas de Paraguai, Colômbia e Haiti,
respectivamente com os valores de 0,517, 0,535 e 0,608. A África do Sul é o país mais desigual,
com 0,634. Neste Top 10, só existem países do eixo África e América Latina. A Ucrânia, país do
Leste Europeu é o mais igual do mundo, com 0,241. Ele é seguido por Eslovênia e Noruega,
respectivamente com 0,256 e 0,259.[30]

Classe social

A classe social é medida no Brasil, seguindo o estabelecido pelo Critério Brasil. Esse critério define
as classes sociais de acordo com o poder de compra e de consumo de alguns itens, como geladeira,
TV em cores, rádio, banheiro, automóvel, empregada mensalista, aspirador de pó, máquina de
lavar, videocassete/DVD e freezer independente.[31]

A desigualdade social do Brasil apresenta-se na classe social, onde a maior parte da


população(43%) é classe C ou classe média.[32] Isso ocorreu graças à forte aceleração econômica
que aconteceu a partir de 2006. Essa aceleração que ocorreu fez com que vinte milhões de pessoas
passassem para a classe C.[33]

Classe % da população do
social Brasil[32]
A1 1%
A2 4%
B 24%
C 43%
D 25%
E 3%

Coeficiente de Gini A classe social da população brasileira em %(por cento).

O Coeficiente de Gini mede o grau da


desigualdade de cada um dos países. No Brasil, o coeficiente de Gini evidenciou um aumento
considerável da desigualdade social nos anos sessenta e uma elevada desigualdade econômica que
persistiu nos mesmos patamares até os anos noventa. Desde então, observa-se que a desigualdade
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p p , q g
vem caindo consistentemente para níveis inferiores aos de cinquenta anos atrás.[27]

Ano Coeficiente de Gini[27][32][35]


1960 0,5367
1976 0,6227
1985 0,5976
1990 0,6138
1995 0,6005
1999 0,5939
2005 0,5694
2009 0,5427
2011 0,529
2012 0,526
O Coeficiente de Gini do Brasil de 1976 a 2008
2013 0,525
2014 0,515
2015 0,514

Portugal
Em Portugal, a desigualdade é uma das
maiores, comparado a outros países da
União Europeia.[36][37]

Classe social
Evolução do índice Gini no Brasil entre 2012 a 2019. O
Classe social % da população[38] aumento deveu-se à crise econômica de 2014 no país.[34]
Alta e Média-alta 15,4%
Média 27,5%
Média Baixa 29,8%
Baixa 27,3%

Desigualdade segundo coeficiente de Gini

Ano Coeficiente de Gini[39]


1994 0,349
2000 0,338
2005 0,351

Ver também
Distribuição de renda
Coeficiente de Gini
Estado de bem-estar social
Concentração de renda
Exploração (socioeconomia)
Crescimento econômico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade_econômica
Lista de países por igualdade de riqueza 6/12

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