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MANIFESTO COMUNISTA - INTRODUÇÃO E RESUMO

O Manifesto Comunista foi publicado por Karl Marx e Friedrich Engels em


1848 e é certamente o manifesto político mais conhecido da história.
Enquanto na época servia como um grito político para o movimento comunista
por toda a Europa, hoje ainda é muito lido e ensinado porque oferece uma
crítica importante e atual ao capitalismo e aos seus aspectos econômicos,
sociais e culturais. O texto é uma introdução à crítica de Marx ao
capitalismo, que na época tinha maior intuito planfletário do que teórico.

História
O “Manifesto do Partido Comunista” é um conjunto de ideias de Marx e
Engels que teve uma grande influência política sobre a Alemanha e o mundo.
O texto levou Marx a ser expulso do país e inspirou revoluções em torno do
globo. Foi publicado pela primeira vez em inglês em 1850.
Ele se popularizou em todo o mundo a partir do final do século 19 e
continua a servir como base para críticas ao capitalismo e como um apelo
por sistemas sociais, econômicos e políticos organizados a partir de uma
democracia feita pelos trabalhadores e à eles.
Não devemos ler o Manifesto pensando que ele apresenta uma solução ideal,
ou definitiva – mas sim que ele é uma análise do capitalismo de sua época
e de seu desenvolvimento.
E devemos ter a humildade de pensar que um sistema onde já produzimos
comida suficiente para alimentar todos os sere humanos da Terra, mas ainda
assim 1 de 7 bilhões de pessoas passam fome e a cada 4 segundos uma pessoa
morre da mesma, no mínimo merece críticas.

Introdução ao Manifesto
“Um fantasma assombra a Europa – o fantasma do comunismo”.
O texto começa com essa frase, que quer dizer que os que estão no poder em
toda a Europa identificaram o comunismo como uma ameaça para o sistema em
que eles governavam, o que significa que ele tinha o potencial político
para mudar a estrutura de poder e o sistema econômico que estava em vigor,
o capitalismo. Eles então afirmam que o partido precisava de um manifesto
e que é isso que o texto pretende fazer.

Parte 1: Burgueses e proletários


“A história de toda a sociedade existente até
hoje é a história da luta de classes”.
Na Parte 1, o Manifesto explica a evolução e o funcionamento da estrutura
de classes desigual e exploradora, resultado do crescimento do capitalismo
como um sistema econômico. Eles explicam que, enquanto as revoluções
políticas derrubaram as classes desiguais do feudalismo, no lugar delas
surgiu um novo sistema de classes composto por uma burguesia (dona dos
meios de produção1, fábricas, bancos, etc.) que vive a partir da exploração
do trabalho alheio, e por um proletariado

1 Meios de Produção: São as coisas que produzem outras coisas, ou seja, são as máquinas, os
instrumentos e os utensílios utilizados no processo de produção.

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(trabalhadores assalariados2, prestadores de serviços) que têm como única


fonte de renda a venda da própria força de trabalho. Eles escreveram: “A
moderna sociedade burguesa que brotou das ruínas da sociedade feudal não
eliminou as divisões injustas de classe. Ela apenas estabeleceu novas
classes, novas condições de opressão, novas formas de luta no lugar das
antigas”.
O Manifesto explica que a burguesia não só tomou poder das indústrias, mas
também do Estado, para poder criar e controlar o sistema político e
econômico que viria após a derrubada do feudalismo. Por isso, o Estado (ou
governo) sempre irá refletir e obedecer as ideias e interesses da
burguesia, a classe rica, poderosa e minoritária, pois é ela quem comanda
ele. O Estado burguês jamais irá representar a classe trabalhadora, isto
é, eu e você, o proletariado, porque não somos nós quem controlamos ele.

“Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, patrão e


operário, em suma, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm
vivido uma guerra ininterrupta, ora franca, ora oculta; uma guerra que
terminou sempre com a transformação revolucionária de uma sociedade
inteira, ou com a destruição das classes em luta.”

Em seguida, o texto mostra a cruel realidade exploradora do que acontece


quando os trabalhadores são forçados a competir entre si e a vender sua
força de trabalho aos donos do capital3. O capitalismo torna a mulher, a
criança, os trabalhadores, em meros objetos, intrumentos de produção,
propriedade privada. Os trabalhadores são meras mercadorias – descartáveis
e facilmente substituíveis.
Marx e Engels nos explicam a diferença entre socialismo e comunismo:
socialismo é a etapa de transição do capitalismo para o comunismo, ou
seja, nele há um processo de destruição das relações de produção
capitalistas e o desenvolvimento das relações de produção comunistas, mas
ainda existem aspectos (que não podemos saber quais serão pois isso só se
saberia vivendo nessa sociedade) do capitalismo. Já o comunismo seria a
etapa final, o último degrau a ser atingido, onde uma sociedade
completamente comunista teria sido alcançada — por sinal, todas as
sociedades socialistas que já tivemos nunca alcançaram o comunismo, pois
pode demorar muitos e muitos anos até esse completo desenvolvimento.

Eles também nos apresentam a ideia da Mais-Valia: é o valor produzido pelo


trabalhador que ele não recebe, que vai para a mão do patrão. Eles fazem
este rápido raciocínio: "Se o trabalhador produz tudo, o papel que você
está lendo, as mesas, as lâmpadas, as máquinas, os carros, as TVs, os
celulares, absolutamente tudo, e fazem todo o trabalho, por que eles não
recebem todo o valor que foi gerado a partir desses produtos que eles
criaram? Por que o dinheiro vai realmente para o patrão, que ficou sentado

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Assalariado: Aquele que recebe salário.
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Capital: Dinheiro.

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o dia todo sem levantar um dedo para produzir qualquer coisa?". Logo, os
trabalhadores deveriam ser donos das fábricas, das empresas e dos meios de
produção.
Eles também explicam o que é o salário mínimo: "Apenas o dinheiro que o
patrão acha que é o suficiente para você sobreviver e poder voltar no dia
seguinte a trabalhar para ele, para aumentar o seu capital".

Essa exploração fica mais clara se pensarmos que o trabalhador de fábrica que
recebe um salário mínimo produz, por exemplo, 150 unidades por hora de um produto
que cada unidade é vendida à 10 reais, em 1 hora de trabalho ele já vai ter gerado
1.500 reais de valor, mais do que o salário do mês inteiro dele. Perceba o tamanho
da exploração de mais-valia, o quanto do valor produzido pelo trabalhador vai de
lucro para o burguês que não produziu nada.

Vamos pensar assim: Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo e dono da
Amazon, hoje está, em suas próprias palavras, aposentado. De onde vem o
dinheiro, a fortuna dele, se ele não trabalha?
Então surge o argumento: “Ele trabalhou e se esforçou a vida toda para
conseguir montar a empresa dele!”. Notem, estamos falando de GRANDES
empresas, a burguesia, não do dono do bar da esquina da sua casa com um
atendente e uma garçonete, a chamada pequena-burguesia, esse pode
realmente ter trabalhado para criar esse bar, estamos falando de coisas
como montadoras de aviões, que custam centenas de milhões. Jeff Bezos,
Elon Musk, Véio da Havan e assim por diante, construíram suas empresas com
CRÉDITO, isto é, eles já tinham um capital anterior (herança), como por
exemplo Elon Musk, que seu pai era dono de minas de esmeralda com escravos
na Zâmbia, e a partir disso fizeram um requerimento ao Estado, que
analisou que com seu capital eles poderiam em x anos construir a empresa
que eles propunham e assim deu todo o dinheiro que eles precisavam, isto é
o chamado crédito. E, por sinal, eles não precisam pagar o Estado de
volta, porque o crédito existe com apenas o propósito de alavancar
empresas.

O capitalismo inevitavelmente forma monopólios, usemos um exemplo: se uma


empresa nova surge, a empresa maior, com mais capital, apenas baixará o
preço de seu produto até que a empresa menor vá a falência, por não
conseguir acompanhar o preço do produto. Então a empresa maior se oferece
para comprar a empresa menor, fazendo com que a menor fique entre as
escolhas de falir ou ganhar um dinheiro imediato. Isso faz com que seja
impossível verdadeiramente ascender no capitalismo, isto é, se tornar um
burguês; a burguesia já nasce pertencente a essa classe.

Além de outras práticas imorais e desumanas, como a especulação


imobiliária, onde um burguês dono de uma casa deixa ela 10 anos abandonada
porque sabe que, por exemplo, uma linha de metrô será contruída ali perto
e fará com que ele possa vender a 3x o preço atual, enquanto pessoas moram
na rua e poderiam morar naquela casa.

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Eles apresentam a ideia de Status Quo, onde surge o luxo. Basicamente, o
capitalismo começa a focar em produzir coisas completamente desnecessárias,
como os produtos da famigerada Supreme, carros banhados em ouro ou iates de
bilhões de dólares, e não foca em produzir o nescessário, o essencial e o
básico, como comida, infraestrutura para saneamento básico e acesso à àgua,
educação, saúde etc. porque essa coisas não geram lucro.

Eles também fazem outra diferenciação do socialismo e do comunismo: no


socialismo o trabalhador receberia 100% de todo o valor que ele produziu,
ou seja, quanto mais se trabalha mais se ganha, então haveria um
verdadeiro incentivo ao trabalho, diferente do capitalismo onde se você
trabalhar menos ou mais ainda recebe o seu mesmo salário; já no comunismo
o valor gerado por uma sociedade seria socializado, ou seja, cada um
receberia de acordo com a sua necessidade (e necessidade inclui lazer).
Eles fazem um exemplo: "Um rapaz solteiro em Paris e uma mãe de 7 filhos
do interior têm necessidades completamente diferentes, logo devem receber
salários diferentes”. Então o trabalhador não necessariamente receberia
100% de todo o valor produzido do trabalho dele, pois uma porcentagem iria
para a mãe que tem mais necessidades mas não consegue trabalhar tanto
quanto ele.

Quando falamos em propriedade privada, estamos falando sobre a propriedade


privada dos meios de produção, não da proprieda pessoal (sua cama, sua
escova de dente ou seu animal de estimação), ou seja, queremos dizer que
os meios de produção devem ser públicos, onde todos os trabalhadores são
donos deles, a sociedade é dono deles, pois eles servem à sociedade, aos
trabalhadores, não à um burguês, ao patrão, ao chefe. Serve a quem
realmente produz tudo e faz todo o trabalho.

Como o capitalismo necessita sempre continuar aumentando a produção para


ano após ano gerar ainda mais lucro para os empresários, o sistema engole
todas as pessoas e sociedades do mundo. Conforme o sistema cresce, ele
expande e evolui seus métodos – com isso, as relações de produção, de
propriedade e, portanto, de riqueza e poder estão cada vez mais
centralizados na mão do 1% da sociedade.

85 pessoas têm a soma do patrimônio de 3,5 bilhões.

O Manifesto defende que, conforme o capitalismo se desenvolve, a


propriedade e a riqueza se concentram cada vez mais e as condições de
exploração dos trabalhadores pioram. De exemplo, quantas pessoas têm casa
hoje? Cada vez mais elas se concentram na mão de rentistas.
Conforme a classe trabalhadora vai percebendo essas contradições do
capitalismo ela vai ganhando consciência de classe. Ela então pode se
perceber explorada mas não necessariamente saber de onde vem essa
exploração, aí entra o papel dos movimentos revolucionários, que têm o
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papel de desenvolver essa consciência de classe.

“O que a burguesia produz, portanto, acima de tudo, são os seus próprios


coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente
inevitáveis”

E para não alongar o texto ainda mais, vamos apenas citar alguns assuntos
para a sua reflexão:

Poluíção: Qual o verdadeiro culpado por ela? Não é a busca pelo aumento da
produtividade ano após ano para uma maior geração de lucro?

Preço: Por que um sapato, por exemplo, tem o mesmo preço, senão maior, de
um mesmo sapato de 40 anos atrás? Tendo em vista que a facilidade de se
produzir esse sapato é muito maior hoje em dia?

Países ricos: Um sistema onde em torno de 20 países são considerados ricos


num mundo de em média 200, realmente deu certo? E como esses 20 países
ficaram ricos? Não foi por meio da colonização, exploração e escravização
de outros países?

Um sistema onde precisamos comprar água, deu certo?

Parte 2: Proletários e Comunistas

“Ao invés da velha sociedade burguesa, com sua exploração e diferenças


absurdas de classe, teremos uma associação na qual o livre
desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento
de todos”.

Nesta seção, o Manifesto explica o que o Partido Comunista quer para a


sociedade: O Partido Comunista não é um partido político como qualquer
outro, porque não representa uma facção particular de trabalhadores. Pelo
contrário: Representa os interesses dos trabalhadores (o proletariado)
como um todo. Esses interesses são moldados pelas diferenças enormes entre
classes criada pelo capitalismo e pelo governo da burguesia, e que
acontecem no mundo inteiro.

O Manifesto diz que o Partido Comunista procura transformar o proletariado


em uma classe unida, com interesses de classe claros e unificados, para
derrubar o domínio da burguesia e para redistribuir o poder político. O
ponto principal para se conseguir isso seria a abolição da propriedade

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privada (latifúndios, indústrias, e não posses individuais, pertences
pessoais como sua casa ou celular). Essa propriedade privada só beneficia
a burguesia em uma sociedade capitalista. Todo mundo têm nenhum acesso a
ela e sofre sob seu reinado. Todos são como escravos dos donos das grandes
empresas, trabalhando muito e ganhando menos do que produzem.

Então, Marx e Engels afirmam as dez táticas do Partido Comunista para a


aceleração do desenvolvimento do socialismo e da derrocada do capitalismo:

1. Expropriaçãoda propriedade fundiária e emprego de suas rendas


para propósitos públicos.

2. Impostos fortemente progressivos para quem tem mais


capital.

3. Abolição do direito de herança.


4. Confisco da propriedade de todos os emigrados.

5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um

banco nacional com monopólio excluxivo.

6. Centralização de todos os meios de comunicação e transporte


nas mãos do Estado.

7. Multiplicação das fábricas nacionais e dos instrumentos de


produção, cultivo de terras improdutivas e aperfeiçoamento
do solo de acordo com um plano comunitário.

8. Obrigatoriedade do trabalho para todos e organização de


exércitos industriais, particularmente para a agricultura.

9. Unificação dos trabalhos agrícola e industrial; abolição


gradual da distinção entre cidade e o campo por meio de uma
distribuição mais igualitária da população pelo país.

10. Educação pública e gratuita a todas as crianças; abolição


do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado
hoje. Combinação da educação com a produção material etc.

Devemos nos lembrar que o Manifesto hoje deve ser lido com o pensamento
crítico, nos ajudando a refletir sobre como o capitalismo realmente nos
escraviza – e que é possível pensarmos numa sociedade mais igualitária e
justa. Devemos nos lembrar de que como o socialismo é uma etapa de
transição e não uma receita de bolo, ele será diferente em cada país, pois
haverão características específicas distintas em cada um deles.

Vamos refletir se desejamos uma sociedade que tem como objetivo o


lucro para uma minoria ou o bem-estar para uma maioria.
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Parte 3: Literatura Socialista e Comunista


Na Parte 3, o Manifesto apresenta uma visão geral de três diferentes tipos
de literatura socialista, ou críticas da burguesia que existiam em sua
época, a fim de fornecer contexto para o Manifesto. Entre elas estão o
socialismo reacionário, o socialismo conservador ou burguês e o socialismo
crítico-utópico.

Eles explicam que o primeiro tipo é retrógrado e procura voltar a alguma


estrutura feudal, ou procura na verdade preservar a sociedade como ela
está, sendo então contrário aos objetivos do Partido Comunista.

O segundo, “socialismo conservador ou burguês”, é o produto de membros da


burguesia espertos o suficiente para saber que é preciso tratar de algumas
queixas do proletariado para manter o sistema como ele é. Economistas,
filantropos, humanitaristas, aqueles que administram instituições de
caridade e muitos outros que se dizem “benfeitores” defendem e produzem
essa ideologia específica, que procura fazer pequenos ajustes no sistema
ao invés de modificá-lo.

O terceiro tipo, o socialismo utópico, está preocupado em oferecer


verdadeiras críticas à estrutura de classes e estrutura social, e uma
visão do que poderia ser, mas sugere que o objetivo deveria ser criar
sociedades novas ao invés de lutar para reformar a existente, então também
opõe-se a uma luta coletiva do proletariado.

Terminam dizendo que o verdadeiro socialismo é o socialismo científico,


que traz todas as críticas ao capitalismo junto de uma luta coletiva dos
trabalhadores para remodelar a sociadade atual.

Parte 4: Posição dos comunistas em relação aos


vários partidos de oposição existentes

Na seção final, o Manifesto ressalta que o Partido Comunista apoia todos


os movimentos revolucionários que desafiam a ordem social e política
existente, e o texto termina com um apelo à unidade entre o proletariado
com o seu famoso grito de guerra:

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Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!

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