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Análise Sócio-Histórico-Biológica Do Sistema De Cotas Raciais


Para O Ingresso Em Universidades Públicas Brasileiras Versus
Constitucionalidade Reconhecida Pelo Supremo Tribunal Federal

Daniela Intrabartolo - Especialista em Licitações e Contratos Administrativos pelo Centro


Universitário Estácio – UniSEB. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade
de Ribeirão Preto – UNAERP. Advogada. intrabartolo@hotmail.com

Resumo
As ações afirmativas têm como principal objetivo a inclusão social de grupos minoritários que
no passado sofreram algum tipo de preconceito. O sistema de cotas raciais, espécie do gênero
ações afirmativas, começou a ser adotado por universidades públicas brasileiras facilitando o
acesso de estudantes negros no ensino superior, como forma de reparar a discriminação sofrida
por referido grupo no período escravocrata. Porém, além de inexistir no campo da genética
contemporânea a classificação de grupos em raças distintas, o Brasil é o país que possui o mais
alto grau de miscigenação, o que dificulta a concessão de privilégios baseados em critérios
puramente raciais. Desse modo, embora a Corte Suprema já tenha reconhecido, em decisão
unânime, a constitucionalidade do sistema de cotas raciais para o ingresso em universidades,
referido tema ainda gera acirradas discussões, merecendo, portanto, estudo científico acerca de
alguns aspectos relevantes, com ênfase em uma abordagem histórica, biológica e social, sendo
forçoso reconhecer que tal análise vai de encontro à posição firmada pelo Supremo Tribunal
Federal.

Palavras-chave: Cotas raciais. Universidades públicas. Constitucionalidade. Supremo


Tribunal Federal. Análise sócio-histórico-biológica.

Abstract
Affirmative action has as main objective the inclusion of minority groups, who once suffered
some type of injury. The racial quotas system, a kind of affirmative action of gender, began to
be adopted by the Brazilian public universities, facilitating the access of black students to the
higher education as a way to correct the discrimination suffered by this people group during the
period of slavery. However, besides the absence of the classification of groups in different races
in the field of contemporary genetic, Brazil has the highest degree of miscegenation, which
makes difficult the granting of privileges leading into account a purely racial criterion. Thereby
in despite of Federal SuprememCourt recognition by unanimous decision, the constitutionality
for admission based on racial quotes system on public universities, still generates deeply
discussions, this theme still deserves to relevant scientific studies for certain aspects, mainly
focused on historical, biological and social approaches, being demanded to recognize that such
analysis goes against the Federal Supreme Court decision.

Keywords: Racial quotas. Public universities. Constitutionality. Federal Supreme


Court. Social-historic-biological analysis.

Introdução

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O presente artigo cinge-se precipuamente à elaboração de um estudo mais acurado


acerca de consideráveis fatores históricos, biológicos (aqui, sob o ponto de vista da genética
humana) e sociais, que envolvem o sistema de cotas raciais como privilégio conferido aos
negros para o ingresso em algumas universidades públicas brasileiras, os quais não se coadunam
com o entendimento já pacificado pela Suprema Corte relativamente à constitucionalidade
daquela benesse.
No Brasil a reserva de vagas nas universidades começou a ter efetividade com um
conjunto de medidas chamadas de “ações afirmativas”, oriundas dos Estados Unidos da
América, onde tinham por objetivo diminuir a segregação racial que existia naquele país, como,
por exemplo, escolas ou bairros só para negros.
No que diz respeito às cotas estudantis existem divergências quanto aos critérios de
acesso, que podem ser raciais ou econômicos, adotados, em sua maioria, por universidades
públicas e privadas; respectivamente.
Enquanto o candidato às cotas sociais deve comprovar ser pobre apenas, o candidato às
cotas raciais deve se autodeclarar negro ou afrodescendente, para que possa ter acesso a tal
reserva de vagas. Mas urge salientar que a etnia do brasileiro não é bem definida em
decorrência da miscigenação, sendo impossível definir quem pertence a qual raça
geneticamente.
Nesse diapasão a reserva de vagas nas universidades públicas brasileiras estabelece certa
vantagem aos indivíduos considerados negros, ainda que mais abastados, os quais conseguem
ter acesso ao ensino público superior através da política cotista por serem descendentes de
escravos brasileiros e terem tido menos oportunidade desde a abolição da escravatura, em
detrimento dos menos favorecidos, independentemente de raça ou cor, que em decorrência da
má distribuição de renda sempre necessitaram do sistema público de ensino, o que não seria
diferente na educação superior.
Para encerrar qualquer discussão a respeito da (in) constitucionalidade da benesse
implementada com o uso de critérios étnico-raciais, em 24 de abril de 2012, no julgamento da
Arguição por Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n 186, ajuizada pelo Partido
Democratas (DEM) em combate ao sistema de cotas raciais adotado pela Universidade de
Brasília (UnB), o Pleno do Supremo Tribunal Federal, com Relatoria do Ministro Ricardo
Lewandowski, reconheceu, por unanimidade, a constitucionalidade das cotas raciais para o
ingresso em universidades públicas brasileiras.

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O presente artigo não tem o objetivo de discutir se o Pretório Excelso tomou a decisão
mais acertada, já que em sede de julgamento histórico simplesmente cumpriu sua função
primordial, qual seja, de “guarda da Constituição”, considerando, em suma, que a política de
inclusão de afrodescendentes em universidades públicas brasileiras seria a efetivação do
postulado da igualdade material tutelada constitucionalmente.
Em realidade, mais do que buscar um embasamento jurídico para assunto tão nebuloso,
este estudo busca enfrentar a questão através dos pontos de vista histórico, genético e social,
aspectos esses deixados em segundo plano no julgamento final levado a efeito.
É forçoso reconhecer que o entendimento da mais alta Corte do País pode ter acirrado
ainda mais a “guerra civil” entre afrodescendentes e estudantes egressos do ensino médio que
não possuem o benefício das cotas, já que ainda hoje não é difícil visualizar, nas mídias sociais,
a discriminação sofrida por negros que ingressaram em universidades públicas através das cotas
raciais.

1 Escravidão do Negro – A Face Ignorada da História

Deve ser esclarecido que a presença da escravidão data dos tempos mais antigos
da história do homem, pois no passado aqueles que, por exemplo, perdiam uma guerra, eram
escravizados pelos vencedores.
Assim a submissão de alguns seres humanos não tinha qualquer relação com
seus atributos físicos e/ou intelectuais, mas tão somente com sua capacidade de conseguir
resultados satisfatórios em episódios de luta.
Nesse sentido ensina o geógrafo Demétrio Magnoli:

Ao longo da história, nos mais diversos contextos etnocêntricos, o termo raça foi
utilizado com finalidades descritivas e sentidos associados a “tipo”, “variedade”,
“linhagem” e “ancestralidade”. Entretanto, o termo ganhou seu sentido atual, de uma
divisão geral da humanidade amparada em características físicas e hereditárias, na
moldura do eurocentrismo e no final do século XVIII. A centelha deflagradora do
conceito foi a campanha contra o tráfico de escravos e contra o instituto da escravidão.
Desde tempos imemoriais, sociedades escravizaram seres humanos como resultado de
conquistas, guerras ou dívidas, mas esse ato nunca precisou de uma legitimação
baseada em diferenças físicas ou intelectuais.
(...)
A escravidão existiu na África, como em tantos outros lugares do mundo, muito antes
do advento do tráfico internacional de escravos. Inimigos derrotados eram convertidos
em escravos, bem como pessoas endividadas ou condenados por uma série de crimes.
No mais das vezes, os escravos trabalhavam como empregados domésticos e a
condição de cativos era temporária. Mas o princípio da escravidão inscrevia-se na
tradição, de modo que a captura de escravos para a venda aos traficantes estrangeiros

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não precisava arrostar algum tipo de resistência moral. (MAGNOLI, 2009, p. 23 e


196)

Independentemente de cor ou raça negros e não negros que eram derrotados em


batalhas em qualquer lugar do mundo, e não exclusivamente na África, passavam a figurar
como escravos dos vencedores. Essa era uma prática corriqueira, adotada como forma de
punição àqueles considerados sob alguns aspectos, não raciais, inferiores ao restante da
sociedade.
Relativamente ao ocorrido de forma específica na África, Laurentino Gomes,
utilizando-se da inteligência do historiador Alan K. Manchester demonstra que “o trabalho
escravo no Brasil tinha se tornado um deus econômico, com o comércio escravo como seu
poderoso braço direito. Tentar suprimir o tráfico [...] era uma atividade vã” (GOMES, 2007, p.
242).
A escravidão, portanto, ia muito além da questão cor da pele, questão essa nem
um pouco relevante para uma prática que movimentava milhões em todo o continente, tendo o
Brasil como maior importador dessa mão de obra contrária à dignidade humana, mas que
fomentava o mercado externo e interno.
Não se pode olvidar, igualmente, que houve a participação do próprio negro em
todo o processo de escravidão, mantendo tal prática. Muitos eram feitos cativos por negros
pertencentes à elite africana e entregues aos brancos europeus, o que proporcionava bastante
lucro aos negros mais abastados.
No mesmo diapasão aduz Magnoli:
Uma caudalosa historiografia mostrou, conclusivamente, que a produção do escravo
– ou seja, a captura e escravização de gente – não era realizada, exceto muito
ocasionalmente, pelos europeus. O “papel estrutural” do tráfico na África consistiu
em promover a diferenciação social e étnica, propiciando a coagulação de elites
nativas que ancoravam sua renda e seu poder no fornecimento de escravos para os
traficantes. Aquelas elites nativas constituíram ou fortaleceram Estados, pois o poder
estatal representava o “único meio produtor de cativos em grande escala.”
(MAGNOLI, 2009, p. 332)

Ainda no que diz respeito à participação do próprio negro na manutenção de


todo o processo de escravidão, pode ser citado o caso mais notável, qual seja, da então escrava
Chica da Silva, que após receber sua alforria e passar a fazer parte da nobreza começou a ter
seus próprios escravos (GOMES, 2007).
No mesmo contexto até mesmo os líderes dos quilombos (locais de refúgio dos
negros escravizados) tinham seus próprios escravos, que se submetiam aos comandos e

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vontades daqueles. O quilombo mais conhecido da história do Brasil foi o de “Palmares”, que
tinha o negro Zumbi dos Palmares como líder (MAGNOLI, 2009).
Ante o exposto conclui-se que embora os negros tenham sofrido em decorrência
da escravidão, fato este inegável, o simples argumento referente ao racismo não pode ser
utilizado como respaldo a justificar todo um período escravocrata, período este que encontra
seu fundamento em outras questões diversas, mas nunca na cor da pele considerada em si
mesma.

2 Consequência da Separação de Grupos por Raças

O Dicionário de Política de Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco


Pasquino, oferece a definição da expressão “racismo”:
Com o termo Racismo se entende, não a descrição da diversidade das raças ou dos
grupos étnicos humanos, realizada pela antropologia física ou pela biologia, mas a
referência do comportamento do indivíduo à raça a que pertence e, principalmente, o
uso político de alguns resultados aparentemente científicos, para levar à crença da
superioridade de uma raça sobre as demais. Este uso visa a justificar e consentir
atitudes de discriminação e perseguição contra as raças que se consideram inferiores.
(BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 1069)

Destarte estudos realizados no campo da biologia são utilizados no âmbito


político para a segregação dos indivíduos, ou seja, as pessoas consideradas de raças superiores
passam a discriminar aquelas pertencentes, em tese, a grupos raciais inferiores, o que acarreta
certa incompatibilidade entre referidos indivíduos, constituindo, assim, o racismo propriamente
dito.
Ressalte-se, porém, que as categorias raciais dos seres humanos não são
definidas claramente pela biologia, mas sim frágeis disposições impostas pelas ciências sociais
e políticas.
Por oportuno vale salientar que em determinado momento vários cientistas
afirmaram que o Brasil caminhava para um processo denominado “branqueamento”, ou seja,
em razão da miscigenação de seu povo tanto a quantidade de negros diminuiria, de forma
considerável, quanto à de pardos aumentaria, ensejando, em tese, a extinção dos primeiros e,
em consequência, o fim do racismo.
Com relação ao processo de “branqueamento” é de suma importância citar a
obra comumente utilizada por vários estudiosos quando desejam se referir à miscigenação do
povo brasileiro, qual seja, A Redenção de Cam, em que “a velha negra agradece por sua filha,

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mulata clara (portanto, já parcialmente “branqueada”), ter se casado com um migrante branco
e gerado uma criança de tez branca” (SANTOS; MAIO, 2004, p. 62).

2.1 Surgimento do Termo Raça


Existe, desde a Antiguidade, um grande interesse em classificar e subdividir a
espécie humana em diferentes raças. O primeiro homem a realizar esse feito foi o antropólogo
alemão Johan Friedrich Blumenbach (1752-1841), que levando em conta a origem geográfica
e alguns parâmetros morfológicos, subdividiu a espécie humana em cinco raças principais,
quais sejam, caucasoide (branca), mongoloide (amarela), etiópica (negra), americana
(vermelha) e malaia (marrom) (MAGNOLI, 2009).
Com base na classificação das raças feita por Blumenbach outras propostas
surgiram. Hoje, porém, predomina a ideia de que a classificação dos seres humanos por raças é
inexistente, tendo em vista que segundo o modelo Out of Africa, hoje predominante na
Paleoantropologia, “todos os seres humanos descendem em linha direta de uma mesma
população africana, que se formou entre cem mil e duzentos mil anos atrás, já com
características anatômicas modernas” (MAGNOLI, 2009, p. 22).
E mais, considerando o fato de que os seres humanos são uma espécie
relativamente nova e variável, torna-se impossível separá-los por raças específicas, posto que
referida separação não ocorre de pronto, ou seja, demanda-se tempo para a efetivação de
espécies biologicamente diferentes.

2.2 Controvérsias Existentes Sobre a Expressão “Raça”


O termo “raça” tanto pode ser empregado no sentido biológico, caracterizando
uma população geneticamente diferenciada, quanto ser utilizado para se referir ao local de
origem de um indivíduo ou lugar em que tal indivíduo possui certa ligação em razão de sua
ancestralidade. Exemplos: raça oriental, raça africana etc.
Além das maneiras supracitadas a palavra raça também é utilizada no sentido
fenotípico e morfológico, levando em conta caracteres físicos (cor da pele, cor dos olhos,
formato do nariz, grossura dos lábios, cor e textura do cabelo etc), que acarretam a classificação
das pessoas por raças distintas: negra, branca, e assim por diante (PENA, 2005).
A cor da pele é o resultado de uma seleção natural agregado aos níveis de
radiação ultravioleta correspondentes ao local onde cada indivíduo habita (RELETHFORD,
1994). A diferença na variação de cores da pele é definida por um número de genes que varia

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de 4 (quatro) a 6 (seis), dentre eles o mais importante é o gene do receptor do hormônio


melanotrópico, ou seja, hormônio que define a quantidade de melanina na pele.
Estudos comprovam que o genoma humano é composto por cerca de 25 (vinte
e cinco) mil genes, podendo ser afirmado que os 4 (quatro) ou 6 (seis) responsáveis pela cor da
pele são insignificantes frente ao genoma humano completo (MAGNOLI, 2009). Em razão
disso, vários cientistas alegam que a análise do genoma humano não será solução para
caracterização de diferentes raças, pois biologicamente elas não existem.
Já no âmbito político o genoma humano pode oferecer melhores informações
para o desenvolvimento de nossa população, porém, a biologia não deve ser tratada como
política, com a tomada de decisões baseadas única e exclusivamente nela. Pena destaca que:

No início do século XX, o embriologista Ernst Häckel (1834-1919), cunhou o


desditoso aforismo a política é biologia aplicada. Um político na Alemanha se
encantou tanto com esta frase que ele a adotou como um de seus slogans – seu nome
era Adolf Hitler. A moral dessa estória é que a genética deve contentar-se em fornecer
dados científicos sólidos que ajudem a sociedade como um todo a tomar decisões
políticas informadas. (PENA; BORTOLINI, 2004, p. 47)

Assim o que ocorre hodiernamente é o fato de a expressão “raça” estar sendo


utilizada em um campo político-social, para diferenciar indivíduos que se incluem em grupos
considerados de raças superiores ou inferiores, o que inexiste no âmbito da genética.

2.3 Problemática que Envolve a Classificação Racial


A equipe de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, dirigida por
Pena, realizou um estudo utilizando indivíduos brasileiros que se autoclassificavam brancos,
sendo tais indivíduos oriundos de quatro diferentes regiões geográficas do país.
Os resultados encontrados demonstram que a maior parte dos indivíduos tem
pais europeus como ancestrais e, do mesmo modo, que mais de 60% são considerados de
matrilinhagens (ascendência materna) ameríndia ou africana. Destarte o estudo realizado se
encontra nos moldes do que é sabido por todos sobre a história do povoamento brasileiro
(PENA; BORTOLINI, 2004).
Tendo como base referido estudo conclui-se que correlacionando a
porcentagem de afrodescendentes que se autodeclaram brancos com resultados obtidos pelo
censo de 2000, estima-se que de 90.674.461 (noventa milhões, seiscentos e setenta e quatro mil,
quatrocentos e sessenta e uma) pessoas classificadas como brancas, 28 (vinte e oito) milhões
são afrodescendentes.

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Desse modo somando as 28 (vinte e oito) milhões de pessoas classificadas


brancas, porém afrodescendentes, com os indivíduos considerados pardos e pretos, em estudo
realizado no ano de 2000 pelo IBGE, supondo que dentre tais indivíduos todos sejam
afrodescendentes, estima-se que, em tese, mais da metade da população brasileira é
afrodescendente, ou seja, aproximadamente 89 (oitenta e nove) milhões de pessoas (PENA;
BORTOLINI, 2004).
Hodiernamente, porém, de acordo com a Sinopse do Censo Demográfico 2010,
que contém os primeiros resultados definitivos do XII Recenseamento Geral do Brasil,
divulgada pelo IBGE, a soma entre pretos, pardos, amarelos e indígenas (99,7 milhões) supera
a população branca (91 milhões). Foi a primeira vez na história que referido grupo foi
oficialmente declarado majoritário (UOL, 2010).
Joaquim Nabuco, em sua obra “O Abolicionismo”, repudia com veemência o
fardo da cor ínsito ao povo brasileiro, uma vez que “não somos um povo exclusivamente
branco, e não devemos portanto admitir essa maldição da cor; pelo contrário, devemos tudo
fazer por esquecê-la” (NABUCO, 1977, p. 70).
O ser humano prefere dividir grupos em raças distintas ao invés de
simplesmente excluir o termo “raça” de seu vocabulário, encerrando de uma vez por todas
qualquer debate relativo aos temas “raça”, “racismo”, “exclusão racial” e assim por diante.

3 Ações Afirmativas

3.1 Surgimento – Estados Unidos Da América


Em razão dos Estados Unidos, mesmo após o fim escravidão, ser um país que
continuou a perpetrar um histórico de discriminação bastante intenso, com a adoção, por
exemplo, de escolas e bairros só para negros, a implementação de políticas afirmativas foi de
suma importância para que tais práticas pudessem ser definitivamente extirpadas.
No que diz respeito ao marco inicial das ações afirmativas nos Estados Unidos,
Paulo Lucena de Menezes explica:

Historicamente, a consagração do termo deve-se ao fato de o Presidente Kennedy tê-


lo empregado na Executive Order 10925, ao vedar, no âmbito federal, qualquer
discriminação na contratação de funcionários públicos com base em raça, credo, cor
ou origem nacional, o que voltou a ser disciplinado com maior amplitude pelo seu
sucessor, Lyndon Johnson, por ocasião da edição da Executive Order 11246.
(MENEZES, 2003, p. 41)

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Portanto a implementação de políticas voltadas ao não segregacionismo


ocorreu de modo efetivo no governo de John Kennedy e, após seu assassinato, em 22 de
novembro de 1963, o Vice-Presidente Lyndon Johnson, ao assumir o poder, deu continuidade
ao programa adotado por seu antecessor.
O conhecimento adquirido pelos Estados Unidos no âmbito das ações
afirmativas foi utilizado como modelo por outros países, inclusive pelo Brasil, que passou a
adotar a política cotista no ordenamento jurídico nacional (MENEZES, 2003).
Porém deve ser salientado que o programa cotista implantado no Direito norte-
americano foi, no fim dos anos 70, extirpado pela Suprema Corte. “Estudos recentes, como os
do economista Thomas Sowell, da Universidade Standford, acumulam fortes indícios de que o
sistema de cotas não mudou, na prática, a vida dos negros americanos” (LOYOLA; NELITO;
TELLES; LIMA, 2009, p. 2).

3.1.1 Aplicação Das Políticas Afirmativas Em Universidades Norte-Americanas


Não há, no Direito estadunidense, uma norma legal específica favorável às
ações afirmativas, mas sim uma cláusula genérica, qual seja, Equal Protection Clause, que
tutela a igualdade jurídica entre os indivíduos (MENEZES, 2003).
Os casos judiciais mais relevantes decididos pela Suprema Corte norte-
americana para a formação das políticas de ação afirmativa no Direito estadunidense, em que o
aspecto racial foi utilizado como critério para o ingresso nas universidades, são: o famoso caso
University of California versus Bakke, decidido em 1978, que fixa a primeira fase do tema na
Corte, e o mais recente Grutter versus Bollinger, decidido em 23 de junho de 2003.
No primeiro caso os argumentos invocados por Alan Bakke, no que se refere à
utilização de políticas positivas por intermédio das cotas raciais, se revestiam no simples fato
de que o uso de tais programas poderia ensejar uma discriminação reversa, em outras palavras,
indivíduos que não possuem qualquer ligação com a segregação de grupos com base no aspecto
racial seriam sobremodo prejudicados.
A Corte Suprema norte-americana decidiu, no famoso caso Bakke, que a
questão relativa à cor da pele (“raça”) poderia ser utilizada pelas universidades norte-
americanas quando da seleção de seu corpo discente, desde que analisada juntamente com
outros fatores importantes (MENEZES, 2003).
No que se refere ao segundo caso citado, João Paulo de Faria Santos explica:
“O que decidiu o caso Grutter vs. Bollinger, na verdade, foi a adoção, pela Suprema Corte, da

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visão do juiz Lewis Powell no caso Bakke: ‘cotas rígidas são inconstitucionais, metas a ser
atingidas por critérios de raça não’ ” (SANTOS, 2005, p. 67-68).
Portanto a utilização de meta, ou seja, objetivo a ser buscado com empenho e
boa-fé, figura como sendo constitucional, o que não ocorre com a cota, uma vez que essa deve
ser cumprida de maneira rigorosa, normalmente estabelecida em números.

3.2 Ações Afirmativas No Brasil – Análise Comparada Ao Modelo Norte-Americano


Foi no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002) que
a prática do racismo passou a ser reconhecida no Brasil, o que ensejou a implementação de
políticas afirmativas como forma de recompensar os negros pela discriminação sofrida no
período da escravidão (SANTOS; MAIO, 2004).
É de suma importância lembrar que a implementação das políticas de ação
afirmativa, no Brasil, foi inspirada no modelo norte-americano, tendo por escopo a inclusão
social de indivíduos discriminados no passado.
Deve, porém, ser levado em consideração que referida atitude pode ser um
tanto quanto perigosa, tendo em vista que cada povo possui peculiaridades em seu histórico
evolutivo, que podem tornar um modelo estrangeiro incompatível com as necessidades do povo
brasileiro.
Após a abolição da escravatura dos negros, no Brasil, não há relatos de que a
segregação racial passou a ser aqui perpetrada de forma direta, com a existência de bairros e
escolas somente para negros, como existiu nos Estados Unidos após o fim da escravidão.
Assim o modelo norte-americano de políticas afirmativas não se encaixa nos
problemas raciais vivenciados pela sociedade brasileira, tratando-se, portanto, de problemáticas
distintas, cada qual necessitando de um procedimento próprio e adequado às características
locais.

4 Cotas Sociais

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Ainda que brevemente é de suma importância tecer alguns comentários sobre


outra espécie de ação afirmativa, qual seja, o sistema de cotas sociais, cujo objetivo consiste
em extinguir as diferenças existentes entre as classes socioeconômicas.
Para a realização de tal feito busca-se inserir, no ensino superior público,
indivíduos que pertençam a classes consideradas de menor renda, prática essa já adotada por
algumas entidades, notadamente particulares.
A adoção da medida supracitada exsurge da necessidade de cobrir as lacunas
deixadas pelo Estado por intermédio dos governos que se alternam no poder, que fazem dos
compromissos assumidos perante toda a sociedade, relativamente à melhoria das políticas
sociais, meras promessas, principalmente no quesito escolaridade. “O Estado custa o que não
vale a pena pagar pelo contribuinte, porque os benefícios coletivos são pequenos e de
baixíssima qualidade” (DEMO, 2002, p. 4).
Destarte o sistema de cotas sociais beneficia pessoas menos favorecidas, já que
essas não tiveram uma educação básica particular a sua disposição, restando somente o ensino
público de péssima qualidade, o que impede uma competição justa nos vestibulares.
Algumas universidades já adotam critérios econômicos para a concessão das
cotas estudantis, como é o caso do programa federal PROUNI (BRASIL, 2005), aplicado em
grande parte das universidades particulares.
A cota racial, por sua vez, pode ser vista como um privilégio que não guarda
qualquer relação com o trabalho e o esforço individual. Na realidade o problema enfrentado
pelo Brasil é muito mais econômico do que racial, existindo a necessidade de políticas que
introduzam além de uma melhor distribuição de renda, o aprimoramento das escolas, com o
oferecimento de uma educação básica de melhor qualidade.
Frise-se, portanto, que a política de cotas, seja racial seja social, é bastante
superficial, uma vez que indivíduos totalmente despreparados poderão ingressar em
universidades. Porém enquanto a péssima qualidade da educação pública no Brasil é um
problema que está longe de ser solucionado, a adoção das cotas sociais em detrimento das
raciais é uma forma bem mais justa e acertada de encarar os percalços vivenciados pela
sociedade brasileira, que envolvem, em sua maioria, a problemática da desigual distribuição de
renda, a qual impossibilita a conquista de uma educação plena e de qualidade por parte das
crianças e jovens frutos de famílias pobres.
Para finalizar “os brasileiros são mais favoráveis que universidades públicas
adotem cotas sociais como políticas de inclusão de alunos do que cotas raciais, segundo

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pesquisa feita pela agência de pesquisa Hello Research no primeiro semestre de 2015 (G1,
2015)”, e mais, “de acordo com o levantamento, 48% dos pesquisados apoiam a política de
cotas sociais no ensino superior, enquanto 38% aprovam o uso de cotas raciais” (G1, 2015).

Considerações Finais

Por derradeiro e como de início frisado a política de cotas raciais, para o ingresso de
estudantes negros em universidades públicas brasileiras, como forma de reparar toda
discriminação historicamente sofrida, não se sustenta à luz da escravidão, uma vez que todo
processo escravocrata não pode ser justificado com a utilização de um simples argumento, qual
seja, “cor da pele”.
Ademais não se pode olvidar que além dos próprios negros terem participado da
escravidão dos seus iguais, mantendo tal prática – como foi o caso da escrava Chica da Silva
que ao fazer parte da nobreza passou a ter seus próprios serviçais, e de Zumbi, líder do quilombo
de “Palmares”, local onde se abrigava e escravizava certos fugitivos –, brancos pobres também
foram sobremodo lesados em referido período, tendo em vista que viviam à mercê dos grandes
proprietários rurais.
Outro ponto merecedor de destaque encontra respaldo na constatação de que as políticas
raciais também não se justificam a luz de aspectos biológicos. Conforme exaustivamente
explanado em tempo anterior, os estudiosos do genoma humano entendem que para a genética
contemporânea errônea é a classificação de grupos em raças distintas.
Restou sobejamente demonstrado que a humanidade descende diretamente de uma
mesma linhagem africana, formada há alguns mil anos, que em razão de ter se expandido para
diferentes lugares, a cor da pele de cada grupo acabou resultando de um processo natural
somado à intensidade dos raios solares incidentes nos diferentes locais habitados. Assim
enquanto a pigmentação da pele de alguns indivíduos passou a ser mais acentuada, a coloração
de outros ficou menos marcante.
Na realidade a segregação de grupos por raças subsume em uma necessidade político-
social para a concessão de privilégios a certos grupos considerados minoritários, com a
utilização de argumentos que em verdade não possuem qualquer respaldo científico.
Cumpre observar, outrossim, que o modelo norte-americano de políticas positivas,
adotado pelo Brasil, não condiz com a realidade aqui encontrada. Após a abolição da

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escravatura os Estados Unidos institucionalizaram medidas discriminatórias, perpetrando a


segregação racial, o que não ocorreu no Brasil após a supressão da escravidão do negro.
É de suma importância salientar, ainda, que as cotas raciais não se sustentam à luz de
uma questão social, pois é cediço que a problemática enfrentada pelo povo brasileiro se assenta
bem mais em disputas econômicas do que raciais. A distribuição de renda é precária, o Estado
não fornece ao indivíduo condições básicas de sobrevivência e a desigualdade populacional é
latente.
Os pobres estão fadados à perpetuação da pobreza, passando-a de geração para geração,
enquanto os ricos a cada vez mais adquirir bens e riquezas. Tal desproporcionalidade se mostra
sobremaneira absurda simplesmente por ser ela inadmissível em um Estado Democrático de
Direito, onde todos são merecedores, em tese, de iguais direitos e oportunidades.
Destarte ainda que a classe desprovida dos recursos financeiros necessários à garantia
de uma existência digna seja super-representada pelos negros, é imprudente afirmar que a
população pobre brasileira é formada unicamente por negros. Existem sim brancos socialmente
vulneráveis, cujos direitos também precisam ser resguardados.
Na adoção de medidas protetivas o Estado não deve levar em conta aspectos raciais,
mas sim econômicos. Daí exsurge a urgência, no setor público, de uma educação básica de
qualidade, para que o “pobre”, no momento de concorrer a uma vaga em universidades públicas,
consiga competir igualmente com o “rico”, este egresso de colégios particulares.
Desse modo não seria violado o mandamento constitucional que garante a igualdade de
acesso ao ensino superior de acordo com a capacidade individual, em outras palavras, com a
utilização de critérios puramente meritocráticos.
À guisa de arremate o uso do fator de desigualação (cor da pele) não possui alicerces
históricos, biológicos ou sociais, conforme anteriormente abordado. O que faz com que a
medida não atenda aos fins a que se destina, quais sejam, combate à discriminação racial e à
exclusão social, mas tão somente solidifique o intolerável preconceito racial, o que nos dias
atuais não tem mais razão de ser, ainda mais levando-se em consideração o alto grau de
miscigenação do povo brasileiro.
De fato, a perpetuação dessa discriminação positiva em favor dos “negros” se reverteria,
futuramente, em prol dos “brancos” que viram o sonho de seus ascendentes, de cursar uma
universidade pública, ser destruído.
Indubitavelmente os descendentes dos hoje rotulados brancos poderiam reivindicar a
implementação de políticas afirmativas, por intermédio das cotas raciais, tendo em vista a

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discriminação sofrida por seus antepassados que não puderam ingressar em uma universidade
pública por terem sido classificados como brancos. Pois nessa época o mérito acadêmico e a
capacidade intelectual de cada indivíduo eram preteridos ao critério racial, ainda que este tenha
sido considerado inexistente sob o ponto de vista da genética humana.
Não é demais ressaltar que o presente artigo científico foi baseado na premiada
monografia apresentada pela autora quando da conclusão de seu curso de Direito, na qual
defendeu, antes da pacificação do tema pelo Supremo Tribunal Federal, a inconstitucionalidade
das cotas raciais para o ingresso em universidades públicas brasileiras, aplaudindo a
necessidade de adoção das cotas sociais.
Naquela oportunidade foram destacados diversos pontos, inclusive os detalhados neste
artigo, valendo salientar que embora o Pretório Excelso já tenha emanado decisão final, a autora
mantém sua opinião anteriormente firmada e agora ratificada no que diz respeito à temática,
ainda que desprovida, por ora, de validade e aplicação prática, vez que futuramente a Corte
Suprema pode vir a alterar, com efeitos prospectivos (ex nunc), seu atual e já consolidado
entendimento.

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