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RESUMO

Administração Pública: princípios básicos da Administração Pública; organização


administrativa.
Princípios da administração pública determinam o alcance e sentido servindo de parâmetro
para sua compreensão e produção normativa, sendo a consagração de valores a serem
atingidos, não se restringindo a fixar limites ou trazer soluções exatas. Os princípios não
possuem hierarquização, todos os princípios se equiparam.

Os princípios básicos da administração pública podem ser caracterizados na sigla LIMPE


formada por alguns princípios encontrados na Constituição Federal da República Federativa
do Brasil. São eles, respectivamente, os princípios:
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
Esses apresentados, são referentes à Administração Pública e estão presentes no artigo 37
da Constituição Federal de 1988. Através dele, todas as pessoas que fazem parte dessa
administração devem se pautar, em obediência à Constituição Brasileira. É importante
ressaltar, que os princípios citados não são os únicos, mas há referência de outros
princípios em leis esparsas e específicas.

Princípio da Legalidade
A Legalidade está no alicerce do Estado de Direito, no princípio da autonomia da vontade. É
um dos mais importantes para a Administração Pública. Baseia-se no Art. 5º da CF, que diz
que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei", pressuposto de que tudo o que não é proibido, é permitido por lei. Mas o administrador
público deve fazer as coisas sob a regência da lei imposta. Portanto, só pode fazer o que a
lei lhe autoriza. Ele não pode se distanciar dessa realidade, caso contrário será julgado de
acordo com seus atos.

Princípio da Impessoalidade
A imagem de administrador público não deve ser identificada quando a Administração
Pública estiver atuando. Outro fator é que o administrador não pode fazer sua própria
promoção, tendo em vista seu cargo, pois esse atua em nome do interesse público. E mais,
ao representante público é proibido o privilégio de pessoas específicas. Todos devem ser
tratados de forma igual.

Princípio da Moralidade
Esse princípio tem a junção de Legalidade com Finalidade, resultando em Moralidade. Ou
seja, o administrador deve trabalhar com bases éticas na administração, lembrando que não
pode ser limitada na distinção de bem ou mal. Não se deve visar apenas esses dois
aspectos, adicionando a ideia de que o fim é sempre será o bem comum. A legalidade e
finalidade devem andar juntas na conduta de qualquer servidor público, para o alcance da
moralidade.
Princípio da Publicidade
Na Publicidade, o gerenciamento deve ser feito de forma legal, não oculta. A publicação dos
assuntos é importante para a fiscalização, o que contribui para ambos os lados, tanto para o
administrador quanto para o público. Porém, a publicidade não pode ser usada de forma
errada, para a propaganda pessoal, e, sim, para haver um verdadeiro controle social.

Princípio da Eficiência
O administrador tem o dever de fazer uma boa gestão. É o que esse princípio afirma. O
representante deve trazer as melhores saídas, sob a legalidade da lei, bem como mais
efetiva. Com esse princípio, o administrador obtém a resposta do interesse público e o
Estado possui maior eficácia na elaboração de suas ações. Esse princípio anteriormente
não estava previsto na Constituição e foi inserido após a Emenda Constitucional nº 19/98,
relativo a Reforma Administrativa do Estado.

Segundo Grupo
Dados tais princípios, pertencentes ao chamado 1º grupo, da administração pública. Agora
vem o 2º grupo, que são os explícitos ou implícitos no texPrincípios da Razoabilidade e da
Proporcionalidade
O princípio da razoabilidade tem o objetivo de proibir o excesso, com a finalidade de evitar
as restrições abusivas ou desnecessárias realizadas pela Administração Pública. Esse
princípio envolve o da proporcionalidade, assim as competências da Administração Pública
devem ser feitas proporcionalmente, sendo ponderadas, segundo as normas exigidas para
cumprimento da finalidade do interesse público.
to constitucional, além dos que estão no art. 37, também são conhecidos como princípios
infraconstitucionais e derivam de outras legislações esparsas e específicas.

Princípio do Interesse Público


O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é intimamente
unido em toda e qualquer sociedade organizada. Segundo a própria CF, “todo o poder
emana do povo”, por isso, o interesse público irá trazer o benefício e bem-estar à
população.

Princípio da Finalidade
É dever do administrador público buscar os resultados mais práticos e eficazes. Esses
resultados devem estar ligados às necessidades e aspirações do interesse do público.

Princípio da Igualdade
O art. 5º da CF, prevê que todos temos direitos iguais sem qualquer distinção. Para o
administrador não é diferente. Ele não pode distinguir as situações. Sendo obrigado, por lei,
a agir de maneira igual em situações iguais e desigual em situações desiguais.

Princípio da Lealdade e boa-fé


O princípio da legalidade e boa-fé, presume-se que o administrador não deve agir com
malícia ou de forma astuciosa para confundir ou atrapalhar o cidadão no exercício de seus
direitos. Sempre deve agir de acordo com a lei e com bom senso.
Princípio da Motivação
Para todas as ações dos servidores públicos, deve existir uma explicação, um fundamento
de base e direito. O princípio da motivação é o que vai fundamentar todas as decisões que
serão tomadas pelo agente público.

Poderes e deveres da Administração.


As competências administrativas somente poderão ser válidas, se exercidas na extensão e
intensidade proporcionais ao que está sendo demandado. Há um limite entre o uso e o
abuso do poder. Para Hely Lopes Meirelles, na clássica lição, os poderes administrativos
utilizados pela organização administrativa do Estado são o Hierárquico, o Disciplinar, o
Vinculado, o Discricionário, o Regulamentar e o de Polícia.
Poder Hierárquico- De uma forma simples, é o poder de distribuir funções a diversos órgãos
administrativos, com escalonamento pelos diferentes níveis de planejamento, coordenação
controle e execução. Por ele se estabelecem as relações de subordinação entre os
servidores impondo-lhes o dever de obediência aos superiores.
No poder Hierárquico encontramos as faculdades de dar ordens, de fiscalizar e as de
avocar ou delegar atribuições. Por exemplo, um superior hierárquico reunindo seus
subordinados para dar uma instrução.
O princípio da hierarquia permite que uma autoridade possa controlar a legalidade e o
mérito dos atos praticados por agentes públicos a ela subordinados. Observe, entretanto,
que um agente público poderá deixar de cumprir uma ordem manifestamente ilegal
emanada de seu superior hierárquico. Por exemplo, um superior hierárquico que ordene seu
subordinado a apreender drogas ilícitas e guardar em sua residência.
Para o mestre Hely Lopes Meirelles, desdobra-se o poder hierárquico nas faculdades de
ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas.
Poder Disciplinar- É uma faculdade punitiva interna através da qual a autoridade
administrativa pune as infrações funcionais dos servidores e de todos que estiverem
sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. Por exemplo, um superior
hierárquico aplicando uma suspensão em subordinado. É um poder que decorre do
Hierárquico, mas que com ele não se confunde.
Possui as seguintes características: é administrativo (para distingui-lo do poder punitivo do
Estado, que é exercido pelo Poder Judiciário); é punitivo; é discricionário (quando à escolha
da pena); é poder-dever de agir; e é motivado, obrigando o administrador o dever de prévia
apuração e de motivação da punição disciplinar (Princípio do devido processo legal).
O exercício do poder disciplinar é obrigatório, devendo a autoridade administrativa que
tomar conhecimento de qualquer irregularidade no serviço tomar as providências imediatas
par a sua apuração e aplicar a sanção cabível se caracterizada a infração administrativa.
Poder Vinculado- Também chamado de Regrado, é conferido à Administração para a
prática de ato com todos os elementos, pressupostos e requisitos procedimentais descritos
na norma. Ocorre quando o agente age na forma da lei. Por exemplo, um fiscal da Receita
que é obrigado a aplicar multa a contribuinte que não cumpriu com uma obrigação tributária.
No exercício do poder vinculado não há escolha, não há opção nem liberdade, devendo o
administrador decidir e agir segundo a lei.
A partir justamente dessa situação de submissão total aos mandamentos legais é que se
questiona atualmente na doutrina se este se trata de um verdadeiro poder ou de mero
dever-agir da Administração.
Poder Discricionário- É o que a lei confere ao administrador para a prática de determinado
ato, no uso da conveniência administrativa. Por exemplo, a Administração pode prestar um
serviço de utilidade pública (linha de ônibus) ou transferir para um particular, ou seja, há
poder discricionário de fazer ou transferir para um particular.
A discricionariedade administrativa encontra sua razão de existência no trato, pela
Administração, dos chamados conceitos jurídicos indeterminados.
Utiliza-se o poder discricionário para a prática dos atos discricionários, sendo, portanto, a
liberdade para a escolha dos motivos e do objeto do ato o fundamento para a distinção
entre poder vinculado e poder discricionário.
Poder Regulamentar- É o poder atribuído aos Chefes de Executivo para a expedição de
decretos para a fiel execução da lei. Por exemplo, um decreto expedido pelo Presidente da
República.
Alguns autores identificam-no com o poder normativo, todavia, segundo a lição dos doutos,
aquele é concentrado enquanto este é difuso e diz respeito à competência normativa
deferida a vários agentes da Administração. Poder normativo é o que tem qualquer
administração para ditar normas com efeitos gerais e abstratos. São atos normativos, além
do decreto, o regulamento externo, o regulamento interno (o regimento), as resoluções, as
deliberações, instruções, portarias e provimentos. Já o poder regulamentar é a faculdade
conferida somente aos Chefes do Executivo para explicitar a lei. O poder regulamentar
exterioriza-se através, como dito, através do decreto.
O poder regulamentar deve ser exercido nos limites da lei, ou seja, não pode o Executivo
invadir as reservas da lei, tratando de matérias que só por lei podem ser disciplinada. O
regulamento contra legem não é admitido no nosso ordenamento, que só o aceita quando
secundum legem.
Poder de Polícia- Para Hely Lopes Meirelles, é o poder que dispõe a Administração Pública
para condicionar e restringir o uso e gozo de bens e direitos individuais, em benefício da
coletividade ou do próprio Estado.
Não se confunde o poder de polícia administrativa com a polícia judiciária e a polícia de
manutenção da ordem e da segurança pública. O poder de polícia administrativa destina-se
à preservação do bem-estar em geral, impedindo através de ordens, proibições e
apreensões o exercício anti-social, e abusivo pois ilimitado, de determinados direitos
individuais passíveis de interferência na esfera jurídica de outrem.
A competência para exercer o poder de polícia reparte-se entre as diferentes unidades da
Federação, de maneira que a unidade que tem competência para legislar será aquela que
terá competência para regulamentar o legislado e efetuar a respectiva fiscalização e
policiamento. Os limites do poder de polícia administrativa são demarcados pelo interesse
social em conciliação com os direitos fundamentais do indivíduo assegurado na
Constituição da República (art.5°).
Como atributos do poder de polícia, os autores mais consagrados destacam a
discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.
-Discricionariedade é a livre escolha da oportunidade e conveniência, conforme as opções
permitidas em lei, para o exercício do poder de polícia e para a aplicação das sanções. A
discricionariedade é a regra quando do emprego do poder de polícia, porém em certos
casos, o poder de polícia pode se apresentar vinculado. Isso ocorre quando a norma legal
ditar o modo e a forma como ele deverá se empregado.
-Auto-executoriedade é o atributo que permite à Administração Pública exercer ou executar
sua decisão sem necessidade de intervenção do Judiciário, mas não se encontra presente
em todos os atos de polícia.
-Coercibilidade é o atributo que se caracteriza pela imposição coativa das medidas
adotadas pela Administração, tornando-as obrigatórias. Porém, havendo violência
desnecessária ou proporcional à resistência, a autoridade competente poderá responder por
excesso de poder e o abuso de autoridade.
DEVERES ADMINISTRATIVOS:
Poder-Dever de Agir- Para o particular o poder de agir é uma faculdade. Para o
administrado público é uma obrigação de agir. Por exemplo, o Presidente da República não
pode deixar de praticar atos de seu dever funcional. Ele tem o poder para praticar e o dever
de praticar.
Dever de Eficiência- É o que se atribui a todo agente público de realizar suas atribuições
com presteza, perfeição e rendimento funcional.
Dever de Probidade- Está integrado na conduta do administrador público como elemento
necessário à conduta de seus atos. Se o agente não agir com probidade está sujeito às
sanções da lei 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa).
Dever de Prestar Contas- É natural da Administração pública como encargo de gestão de
bens e interesses.

Controle da Administração Atos Administrativos.

Controle da Administração Pública é a faculdade de vigilância, orientação e correção que


UM PODER, ÓRGÃO OU AUTORIDADE exerce sobre a conduta funcional de outro.

Espécies de Controle
1. quanto à extensão do controle:
• CONTROLE INTERNO: é todo aquele realizado pela entidade ou órgão responsável pela
atividade controlada, no âmbito da própria administração.
- exercido de forma integrada entre os Poderes
- responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle interno, quando deixarem de dar
ciência ao TCU de qualquer irregularidade ou ilegalidade.
• CONTROLE EXTERNO: ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em Administração
DIVERSA daquela de onde a conduta administrativa se originou.
- controle do Judiciário sobre os atos do Executivo em ações judiciais;
- sustação de ato normativo do Poder Executivo pelo Legislativo;
• CONTROLE EXTERNO POPULAR: As contas dos Municípios ficarão, durante 60 dias,
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

2. quanto ao momento em que se efetua:


• CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO: é o que é exercido antes de consumar-se a
conduta administrativa, como ocorre, por exemplo, com aprovação prévia, por parte do
Senado Federal, do Presidente e diretores do Banco Central.
• CONTROLE CONCOMITANTE: acompanha a situação administrativa no momento em
que ela se verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a fiscalização de um contrato em
andamento.
• CONTROLE POSTERIOR OU CORRETIVO: tem por objetivo a revisão de atos já
praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou, somente, confirmá-los. ABRANGE ATOS como
os de aprovação, homologação, anulação, revogação ou convalidação.

3. quanto à natureza do controle:


• CONTROLE DE LEGALIDADE: é o que verifica a conformidade da conduta administrativa
com as normas legais que a regem. Esse controle pode ser interno ou externo. Vale dizer
que a Administração exercita-o de ofício ou mediante provocação: o Legislativo só o efetiva
nos casos constitucionalmente previstos; e o Judiciário através da ação adequada. Por esse
controle o ato ilegal e ilegítimo somente pode ser anulado, e não revogado.
• CONTROLE DO MÉRITO: é o que se consuma pela verificação da conveniência e da
oportunidade da conduta administrativa. A competência para exercê-lo é da Administração,
e, em casos excepcionais, expressos na Constituição, ao Legislativo, mas nunca ao
Judiciário.

4. quanto ao órgão que o exerce:


• CONTROLE ADMINISTRATIVO: é exercido pelo Executivo e pelos órgãos administrativos
do Legislativo e do Judiciário, sob os ASPECTOS DE LEGALIDADE E MÉRITO, por
iniciativa própria ou mediante provocação.
Meios de Controle:
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é inerente ao poder hierárquico.
- Supervisão Ministerial: APLICÁVEL nas entidades de administração indireta vinculadas a
um Ministério; supervisão não é a mesma coisa que subordinação; trata-se de controle
finalístico.
- Recursos Administrativos: são meios hábeis que podem ser utilizados para provocar o
reexame do ato administrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Recursos
Administrativos: em regra, o efeito É NÃO SUSPENSIVO.
- Representação: denúncia de irregularidades feita perante a própria Administração;
- Reclamação: oposição expressa a atos da Administração que afetam direitos ou
interesses legítimos do interessado;
- Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame dirigida à mesma autoridade que
praticou o ato;
- Recurso Hierárquico próprio: dirigido à autoridade ou instância superior do mesmo órgão
administrativo em que foi praticado o ato; é decorrência da hierarquia;
- Recurso Hierárquico Expresso: dirigido à autoridade ou órgão estranho à repartição que
expediu o ato recorrido, mas com competência julgadora expressa.
• CONTROLE LEGISLATIVO: NÃO PODE exorbitar às hipóteses constitucionalmente
previstas, sob pena de ofensa ao princípio da separação de poderes. O controle alcança os
órgãos do Poder Executivo e suas entidades da Administração Indireta e o Poder Judiciário
(quando executa função administrativa).
- Controle Político: tem por base a possibilidade de fiscalização sobre atos ligados à função
administrativa e organizacional.
- Controle Financeiro: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
- Campo de Controle: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária.
TCU: é órgão integrante do Congresso Nacional que tem a FUNÇÃO DE auxiliá-lo no
controle financeiro externo da Administração Pública.
Obs.: No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, aos respectivos Tribunais
e Conselhos de Contas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária.
• CONTROLE JUDICIAL: é o poder de fiscalização que o Judiciário exerce
ESPECIFICAMENTE sobre a atividade administrativa do Estado. Alcança, basicamente, os
atos administrativos do Executivo, mas também examina os atos do Legislativo e do próprio
Judiciário quando realiza atividade administrativa.
Obs.: É VEDADO AO JUDICIÁRIO apreciar o mérito administrativo e restringe-se ao
controle da legalidade e da legitimidade do ato impugnado.
Atos sujeitos a controle especial:
- atos políticos;
- atos legislativos;
- atos interna corporis.

Responsabilidades da Administração Pública

DISPOSIÇÕES GERAIS
1. CONCEITO
Responsabilidade civil da Administração ou do Estado como alguns doutrinadores preferem,
dentre eles Helly Lopes Meirelles faz a distinção ao que poderíamos ver de maneira na qual
se pode responsabilizar o Estado por seus atos patriciados junto aos administrados, de
forma mais aprofundada podemos adentrar aos conceitos dos alguns doutrinadores a
respeito.
Assim define Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2009) “Responsabilidade civil também
denominada responsabilidade extracontratual, tem sua origem no Direito civil.
Consubstancia – se na obrigação de indenizar um dano patrimonial ou moral decorrente de
um fato humano.”
De essa forma ver-se que é uma obrigação imposta ao poder público de compor os danos
ocasionados a terceiros, por atos praticados pelos seus agentes, no exercício das suas
atribuições como prevê a Constituição Federal de 1988.
Art. 37º omissis
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa
Assim o Estado conforme a constituição de 1988 tem o dever de reparar os danos
eventualmente causados aos particulares, podendo estes decorrem de atos lícitos e ilícitos
sendo estes uma forma de punir a Administração pública
2.TEORIAS
2.1. Irresponsabilidades do Estado: tratava-se de que o Estado não é responsável pelo
dano causado a terceiros. Pois se baseava na idéia de que Estado figurado pessoa do rei,
não cometia erros, ou seria capaz de lesar seus súditos, assim seus representantes, ou
seja, os agentes públicos não poderiam ser responsabilizados por seus atos Esta teoria foi
totalmente superada. Os últimos Países a abandonar essa teoria foram a Inglaterra e
Estados Unidos.
2.2. Responsabilidade com culpa civil comum: traz uma visão civilista da reparação de
danos vigorando a responsabilidade subjetiva, ou seja, a Administração responde civilmente
pelos danos causados a terceiros, mas essa vem perdendo seu fundamento tendo em vista
que não pode ser dado à Administração Pública, o mesmo tratamento destinado ao
particular.
2.3. Culpa administrativa: de acordo com essa teoria o Estado seria punido civilmente
quando os serviços que lhe competissem não fossem prestados ou se estivesse com
irregularidades na sua prestação. Considera-se falta de serviço três hipóteses diferentes:
inexistência de serviço, mau funcionamento do serviço ou retardamento do serviço. Essa
teoria é considerada de transição, uma vez que exige da vítima a comprovação da falta de
serviço, para justificar a indenização. Ou seja: além de sofrer a lesão, a vítima precisa
comprovar a "culpa administrativa".
2.4. Risco Administrativo: Por essa teoria, se entende – se que a Administração tem a
obrigação de reparar o dano, pois no desempenho de suas funções para beneficiar a
coletividade, pode o particular sofrer o dano, desta forma compete ao poder público a
obrigação de indenizar ou se for o caso comprovar que não deu causa para o dano, sendo
este observado o seguinte; a existência do dano como um fator objetivo, e o nexo casual, a
que foi a conduta lesiva, desta feita é de competência da Administração a comprovação de
não ter culpa.
2.5. Risco integral: defende que é ao Estado a responsabilidade do dano e a ele incube o
dever se suportar o dano feito a terceiro, mesmo sendo este o causador, ou seja, caberia ao
Estado suportar todo dano sofrido, mesmo que se culpa do poder público.
3. FUNDAMENTOS JUSTIFICADORES DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
ESTADO.
A responsabilidade objetiva do Estado reside principalmente no fato de que todos seriam
beneficiados pelos fins visados pela Administração, no qual a responsabilidade objetiva
coloca igualmente a todos para suportar os riscos decorrentes da atividade seja ela qual for
essa responsabilidade aponta a desigualdade entre o poder público e o particular tendo o
Estado à prerrogativa do interesse público sobre o privado, sempre na defesa do interesse
da coletividade.
Dessa forma a própria constituição garantiu aos particulares a obrigação ao Estado de
reparar seus danos, mesmo sendo este em favor da coletividade, mas não pode ferir o
direito alheio. A responsabilidade civil objetiva é aplicada a todas as pessoas jurídicas de
direito público, não importando a sua área de atuação. Pois desde o momento em a
Administração outorga competência ou delega a um determinado agente realizar em seu
nome atividade pública, passa ela assumir os riscos sobre a sua execução, tendo ela
obrigatoriedade de ressarcir ao particular eventuais riscos oriundos do seu trabalho.
4. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DA ADMINISTAÇÃO.
A responsabilidade subjetiva da Administração existe conforme a teoria da culpa
administrativa, pelo qual se vê a possibilidade onde a pessoa que sofreu o dano basta
provar que lhe houve a prestação de um serviço que era para o Estado ter prestado, com
essa responsabilidade subjetiva o ônus da prova é de quem acusa, e deverá também provar
que houve o nexo casual do dano e a omissão por parte do Estado na prestação. Desta
forma quando se verifica que a falta de atenção da Administração, será necessário provar a
negligência ou imprudência do agente público se caracteriza a culpa subjetiva, tendo sido
esta posição adotada pelo STF.
Assim a titulo de exemplo de responsabilidade subjetiva, quando na hipótese de enchente,
se ficar comprovado que os serviços prestados pela Administração não tiveram eficiência,
deverá ela ser responsabilizada, para existir o direito de reparação do dano suportado pelo
particular. Em geral para que os danos decorrentes de atos de terceiros ou de fenômenos
da natureza gerem para o estado obrigação de indenização é necessário que a pessoa que
sofreu o dano prove que o resultado do dano foi por determinada omissão da Administração
pública.
Assim conforme preceitua Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo a respeito:
“O Estado está na posição de garante, quando tem o dever legal de assegurar a integridade
de pessoas ou coisas sob sua custódia, guarda ou proteção direta, responderá ele com
base na teoria do risco administrativo” (p720).
Tem-se a Administração como garantidor da coletividade e do bem estar social, portanto,
quando se acontece dano por conta da Administração há a presunção em favor de
terceiros.
5. FORÇA MAIOR E CASO FORTUITO
Existe divergência na para se conceituar tais institutos, pois surge a possibilidade de ser
excludente de culpa para responsabilidade civil da Administração, o que existe na
circunstância de o evento advir do ser humano ou da natureza que reside o elemento
diferenciador.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, se tem uma situação de força maior quando
estamos diante de um evento externo, estranho a qualquer atuação da Administração que,
além disso, deve ser imprevisível e irresistível ou inevitável. O exemplo de um furacão.
Já o caso fortuito seria sempre um evento interno, ou seja, decorrente de uma atuação da
Administração, o resultado dessa atuação é que seria anômalo, sendo tecnicamente
inexplicável e imprevisível.
Desta forma os institutos acima são excludentes da obrigação de indenizar, desde que o
dano decorra exclusivamente por omissão, na modalidade de culpa administrativa, para o
surgimento do ocorrido. Diferentemente das circunstâncias em que o Estado deve
responder objetivamente por danos causados aos particulares, conquanto não haja
consenso.
Desta forma os danos decorrentes de caso fortuito ou de força maior, desde que quando
não exista uma conduta omissivamente para surgimento a Administração Pública será
somente a ser responsabilizada se tiver concorrido para tal evento.
6. DANOS DE OBRA PÚBLICA.
Responsabilidade civil por danos decorrente de obras públicas deverá ser abordada sobre
dois aspectos:
· Se o dano foi causado só pelo fato da obra a responsabilidade da Administração é do tipo
extracontratual objetiva;
· Se a obra esta sendo executada pela Administração, ou se execução está a cargo de
terceiro por meio de contrato administrativo.
Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo dano causado pelo fato da obra é quando
ele decorre da própria natureza da obra, ou foi causado por um fato imprevisível ou
inevitável ocorrido na execução da obra, sem que tenha havido culpa de alguém.
São os danos causados pela obra pública em si mesma, pela sua localização, extensão ou
duração, sem qualquer irregularidade na sua execução. Assim a própria Administração deve
responder objetivamente pelo dano independente da ocorrência de culpa de sua parte ou
não, mesmo sendo executada por particular. Já quando ocorre obra pública que ocasione
dano a particulares em decorrência da má execução, por parte de quem executa, trata-se
de culpa do executor, e nessas hipóteses responde ele a empresa contratada pela
Administração para realizar a obra, civilmente com a responsabilidade do tipo subjetiva.
Segundo o que prescreve a lei 8.666/93 no seu art. 70, no qual coloca o contratado a toda
responsabilidade decorrente de danos causados por ele no âmbito da obra publica.
7. ATOS LEGISLATIVOS
Os atos legislativos são atos que não geram responsabilidade extracontratual para o
Estado, o poder legislativo atua com plena liberdade, sendo somente limitado as cláusulas
impostas pela constituição. Mas a doutrina e jurisprudência reconhecem duas possibilidades
de atos do legislativo ensejarem responsabilidade civil do Estado são elas:
· Na edição de leis inconstitucionais
· Edição de leis de efeitos concretos
Em relação às leis inconstitucionais, quando esta ensejar um dano ao particular, e quando o
Supremo Tribunal Federal declara a sua inconstitucionalidade será o Estado
responsabilizado civilmente. Já a leis de efeitos concretos são as leis quem possuem
destino certo ou a determinada pessoas, e tal lei quando da sua aplicação acarretar dano
ao particular pode obrigar a responsabilidade para o Estado, tendo assim a possibilidade do
individuo direito a reparação de dano.
8. ATO JURISDICIONAL
A jurisprudência não admite que os atos jurisdicional gerem a responsabilidade civil do
Estado, pois a para muitos doutrinadores o poder judiciário assim como o legislativo exerce
uma parcela da soberania estatal, pois a responsabilização para o Estado estaria tirando a
autonomia dos membros e órgãos que compõem a justiça, e delimita que a obrigação
reparatória nos atos jurisdicionais deveria limita-se somente aos casos em que fosse
expresso na legislação , o que só resultaria a responsabilidade civil para Estado somente
por erro judicial na esfera penal.
9. AÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO: PARTICULAR X ADMINISTRAÇÃO
Sempre que a Administração cometer dano ao particular, poderá se dar a ação para
restituição ou de indenização por meio amigável ou por meio jurídico, assim todo particular
que sofrer dano deverá impetrar ação contra a Administração pública e não contra o agente
que causou o dano, tendo em vista que esse agente seja público, pois ele estaria no
exercício das suas funções.
Na ação de indenização será necessário o particular demonstrar a relação direta de causa e
a conseqüência entre o fato lesivo e o dano, bem como o valor patrimonial do dano, e a
culpa da Administração. A parti daí cabe a Administração o contraditório para provar que
não houve nem dolo ou culpa no dano decorrente de sua atuação.
10. AÇÃO REGRESSIVA: ADMINISTRAÇÃO X AGENTE PÚBLICO
Trata-se de uma ação em que Administração faz contra o agente público cuja sua atuação
acarretou o dano, desde que seja comprovado o dolo ou culpa do agente. Art. 37º,§ 6º,
assegura a ação de regressão contra o agente causador. Esta ação só é promovida depois
da ação movida pelo particular, ou seja, de indenização.
Assim a Administração que causou o dano indeniza o particular independente de
comprovação de dolo ou culpa dela, mas o agente que causou o dano só será obrigado a
ressarcir a Administração regressivamente se houver dolo ou culpa de sua parte.
11. AS RESPONSABILIDADES ADMINISTRATIVAS, CIVIL E PENAL DO AGENTE
PÚBLICO.
Deve-se analisar a possibilidade de cumulação das responsabilidades civil, administrativa e
penal do agente em razão de seu ato do qual gerou o dano. Dessa forma poderá o agente
responder por via de fato nas três esferas, conforme seja o ato danoso, quando se tratar de
condenação na esfera penal poderá o servidor obter sua condenação ou absolvição. Mas
caso haja uma condenação penal implica o reconhecimento automático da responsabilidade
do servidor.
CONCLUSÃO
Neste Trabalho se buscou demonstrar de forma clara e precisa a como acontece a
Responsabilidade civil do Estado em todas as suas fases, como se ocorre quando por culpa
do agente público, ou até mesmo pelo dolo.Entretanto, como regra geral, a Administração
Pública está obrigada a indenizar o particular.
Ocorrido o dano ao particular, deverá a administração a titulo de indenização arcar com
todas as despesas, pode decorrer de atos lícitos ou ilícitos, regulado pela constituição e
com fundamento no principio da legalidade, e igualdade dos quais estabelece limites a ação
do Poder Público.
Por tudo que foi elencado, pode-se concluir que quando a administração comete de forma
direita ou indireta dano ao particular, esta deve suportar todos os danos, pois agiu por conta
e risco, ou ela pode se exigir da obrigação quando contrata terceiros para efetivar a
realização de obras públicas por meio de contrato administrativo, assim o dano decorrente
deste contrato é do próprio contratado.
Desta forma, conclui-se que este trabalho, teve uma grande importância no sentido de
aprofundar os estudos, acerca da Responsabilidade Civil do Estado.
Serviços públicos
Não é tarefa fácil definir serviço público, pois a sua noção sofreu consideráveis
transformações no decurso do tempo, quer no diz respeito aos seus elementos
constitutivos, quer no que concerne à sua abrangência.
Segundo José Cretella Junior (1980:55-60), o conceito amplo de serviço público é “toda
atividade que o Estado exerce direta ou indiretamente, para satisfação das necessidades
públicas mediante procedimento típico do direito público”
Hely Lopes Meirelles (2003:319) define o serviço público como “todo aquele prestado pela
administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do
Estado.”
5.1 Elementos da definição
5.1.1 Elemento Subjetivo
O serviço público é sempre incumbência do Estado, conforme está expresso, no artigo 175
da Constituição Federal, e sempre depende do Poder Público (cf. Rivero, 1981:496).
A sua criação é feita por lei e corresponde a uma opção do Estado; este assume a
execução de determinada atividade que, por sua importância para a coletividade; parece
não ser conveniente ficar dependendo da iniciativa privada; sua gestão também incumbe ao
Estado, que pode fazer diretamente (por meio dos próprios órgãos que compõem a
Administração pública centralizada da união, Estados e Municípios) ou indiretamente, por
meio de concessão ou permissão, ou de pessoas jurídicas criadas pelo Estado com essa
finalidade.
5.1.2 Elemento formal
O regime jurídico a que se submete o serviço público, também é definido por lei. Para
determinados tipos de serviços (não comerciais ou industriais) o regime jurídico é de direito
publico: nesse caso, os agentes são estatutários, os bens são públicos; as decisões
apresentam todos os atributos do ato administrativo, em especial a presunção de
veracidade e a executoriedade, a responsabilidade é objetiva; os contratos regem-se pelo
direito administrativo. Evidentemente, isso não exclui a possibilidade de utilização de
institutos de direito privado, em determinadas circunstâncias previstas em lei.
6. O princípio da continuidade do serviço público
O princípio da continuidade, também chamado de Principio da Permanência, consiste na
proibição da interrupção total do desempenho de atividades do serviço público prestadas à
população e seus usuários. Entende-se que, o serviço público consiste na forma pelo qual o
Poder Público executa suas atribuições essenciais ou necessárias aos administrados.
Diante disso, entende-se que o serviço público, como atividade de interesse coletivo,
visando a sua aplicação diretamente a população, não pode parar, deve ele ser sempre
continuo, pois sua paralisação total, ou até mesmo parcial, poderá acarretar prejuízos aos
seus usuários, e não somente a eles, tendo em vista que destes prejuízos poderão ser
exigidos ressarcimentos e até mesmo indenizações, recairá estes prejuízos aos próprios
servidores públicos. Em decorrência do qual não pode parar, tem aplicação especialmente
com relação a contratos administrativos e ao exercício da função pública.
Existem determinado princípios que são inerentes ao regime jurídico dos serviços públicos.
Um deles, o principio da continuidade do serviço público, em decorrência do qual o serviço
público não pode parar, tem aplicação especialmente em relação aos contratos
administrativos e ao exercício da função pública.
No que concerne aos contratos, o princípio traz como conseqüências a imposição de prazos
rigorosos ao contraente, aplicação da teoria da imprevisão, para recompor o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato e permitir a continuação do serviço. Quanto ao exercício
da função pública, constituem aplicação do princípio da continuidade as normas que exigem
a permanência do servidor em serviço, quando pede exoneração, pelo prazo fixado em lei;
os institutos da substituição, suplência e delegação; a proibição do direito de greve, hoje
bastante afetada por regras que procuram conciliar o direito de greve com as necessidades
do serviço público; proíbe a greve rotativa que, afetado por escalas os diversos elementos
de um serviço, perturba seu funcionamento; além disso, impõe aos sindicatos a
obrigatoriedade de uma declaração prévia à autoridade, no mínimo de cinco dias antes da
data prevista para o seu inicio.
Os serviços públicos buscam atender ao reclamos dos indivíduos em determinados setores
sociais. Tais reclamos constituem necessidades pertinentes e inadiáveis da sociedade. O
princípio em foco guarda estreita pertinência como o princípio da supremacia do interesse
público. Em ambos se pretende que a coletividade não sofra prejuízo em razão de eventual
realce a interesses particulares.
7. Conclusão
Na prática, o desrespeito aos princípios supra citados são flagrantes, onde a coletividade
passa a ficar refém do próprio Estado no que concerne os serviços públicos, onde o que
prevalece é o interesse pessoal partidário, onde para cada novo partido muda-se a cor dos
estabelecimentos públicos, a impessoalidade caminha a milhas de distância da
Administração Pública, onde o texto constitucional diz que: “o impessoal é o que não
pertence a uma pessoa especial”, porém a cada novo partido percebe-se que o que é
público toma característica de privado quando assume cor do partido.
O principio da moralidade impõe ou pré-dispõe que o administrador público não dispense os
preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta, e atue de forma imparcial,
visando sempre à coletividade, na pratica, a critica a ser feita é que falta o entendimento do
que é princípios éticos e com base nesse entendimento a administração publica passa a
agir com moralidade, impessoalidade, eficiência dentre outros princípios elencados no artigo
37 da Constituição Federal que pouco são respeitado, seguido e muitas vezes ignorado em
favor de um partido.
Como por em debate um assunto visivelmente carregado de controvérsia, pois pelo
princípio da igualdade dos usuários no serviço público, desde que a pessoa satisfaça às
condições legais, ela faz jus à prestação do serviço, sem qualquer distinção de caráter
pessoal. A lei de Concessões de Serviços Públicos (Lei nº 8.987, de 13-2-1995), disciplina a
concessão e a permissão de serviços públicos, cujo artigo 6º, §1º, considera como serviço
adequado “o que satisfaz as condições e regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade de tarifas”.
É relevante citar que o princípio da continuidade dos serviços públicos, segundo o qual os
serviços públicos essenciais não podem sofrer solução de continuidade, conforme aponta o
jurista Celso Ribeiro Bastos:
“O serviço público deve ser prestado de maneira continua, o que significa dizer que não é
passível de interrupção”. Isto ocorre pela própria importância de que o serviço público se
reveste o que implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade e regularidade,
assim como com eficiência e oportunidade.
Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira absoluta, quer dizer, sem
qualquer abrandamento, como ocorre com serviços que atendem necessidades
permanentes, como é o caso de fornecimento de água, gás, eletricidade. Diante, pois, da
recusa de um serviço público, ou do seu fornecimento, ou mesmo da cessação indevida
deste, pode o usuário utilizar-se das ações judiciais cabíveis, até as de rito mais célere,
como o mandado de segurança e a própria ação cominatória. ” (in Curso de Direito
Administrativo, 2ª ed., São Paulo, Saraiva, 1996, pág. 165 – grifamos).
Portanto, é visto que a supremacia do interesse público, na realidade não visa em nada à
coletividade e sim passa a ser uma ferramenta de manipulação do poder estatal e com isso
garantir que com o passar dos anos, que a sua administração será lembrada não pelo que
fez em prol da coletividade e sim o que deixou de legado para seus herdeiros políticos,
partidaristas. Assim sendo, a Administração Pública amparada pela legalidade de seus atos,
colorem e descolorem os bens públicos com a prerrogativa de que estão mantendo em
funcionamento, sem observar que na realidade o que menos importa para a coletividade é a
cor do órgão e sim o seu funcionamento adequado que atenda e responda com o fim para
qual foi proposto. A título de exemplo, o que muito é reclamado quando a questão é o
fornecimento de medicamentos para tratamento de patologias clínicas críticas, em que
muitos cidadãos têm padecido em filas por falta da medicação, tem buscado novas fontes
de renda para que consiga fazer o tratamento e ter suas necessidades básicas supridas.
Causa esta que tem levado o Poder Judiciário a intervir diretamente através de medidas
cautelares, para garantir que o tratamento seja iniciado e muitas vezes não seja
interrompido por falta de equipamentos técnicos, profissionais qualificados ou até mesmo o
próprio medicamento.
Não obstante, diante de tais considerações concernentes a continuidade dos serviços
públicos, faz-se mister salientar os lúcidos esclarecimentos de João Sardi Júnior ao
asseverar que:
“Tais serviços são na verdade indispensáveis a vida moderna, e basicamente são os pilares
de sustentação de uma nação, tanto é que quando alguns países se declaram guerra os
primeiros ataques são contra alvos ligados aos serviços essenciais, pelo simples motivo de
serem a espinha dorsal da infra-estrutura do país”.
Dessa forma, faz-se oportuno expender sobre este tema em estudo porquanto atende
diretamente aos anseios da sociedade a fim de alcançar o pleno desenvolvimento da
sociedade contemporânea, objetivando proteger o bem comum e a justiça social.
Cumpre observar que a identificação da natureza do serviço público não é uma tarefa fácil.
Não obstante a ousadia de muitos doutrinadores grassou-se razoável entendimento e
compressão do tema, havendo, até mesmo, calorosos debates. Em verdade, tais serviços
apresentam uma multiformidade de matizes.
Desse modo, em virtude da ausência de legislação que regule e determine quais os
serviços públicos essenciais, na Lei nº. 7.783/89, no art. 10 e incisos, são aventados alguns
serviços essenciais, in verbis:
Artigo 10 - São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e
combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais
nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI - compensação bancária.
Vale salientar que este artigo da lei dispõe um rol exemplificativo, elencando, de forma
aberta, os serviços ou atividades essenciais, não sendo numerus clausus. Sob esse prisma,
possibilita-se ao legislador descrever outras modalidades de serviços públicos essenciais.
Questão importante a ser analisada é o fato de que os serviços essenciais caracterizam-se
pelo imediatismo da sua prestação, sobretudo pela premência em que deve ser fornecido.
Razão pela qual se torna mais ardente a inafastabilidade da sua prestação.
Diante do que foi exposto, merece ser frisado que a dificuldade em circunscrever o tema,
deve-se em parte à diversidade sócio-cultural dos grupos sociais que afeta diretamente as
relações jurídicas, haja vista a pluralidade do Direito. Conforme artigo de lei supra citado,
visualiza que, por questões contratuais, serviços como captação e tratamento de esgoto e
lixo, descrita no inciso VI, deixa de ser prestado, interferindo diretamente na questão do
bem-estar coletivo. Quando esse direito é negado, fere uma garantia constitucional que é o
princípio da dignidade da pessoa humana, diminuindo a qualidade de vida, já nasce para o
cidadão uma condição insalubre que pode ocasionar patologias o qual o leva a necessitar
de assistência médica e hospitalar que também engloba o rol dos serviços públicos
essenciais que devem ser prestado de maneira continua.
Outro fator a discutir é a distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos, que
quando é negligenciada a coletividade sofre a pena pela má interpretação da Administração
Pública no que concernem princípios e atos administrativos que em tese devem visar à
coletividade e na prática o que menos é respeitado é o direito da coletividade. Quando em
contrapartida a população pode contar com postos de saúde pintados como novos, porém
sem o profissional qualificado para atender e muitas vezes sem a medicação para realizar o
atendimento e o tratamento eficaz. Esse é o preço pago pela coletividade que escolhe uma
Administração Pública que visa apenas interesses privados e partidários. Versando sobre o
assunto, observa-se que a não prestação de um serviço essencial abre uma reação em
cadeia que afeta diretamente a coletividade, os serviços não são prestados, a
Administração Pública fica em total descrédito perante a população, que são vistos apenas
como eleitores, que ganham grau de importância sempre nas proximidades do sufrágio,
com isso as necessidades não supridas são camufladas, o interesse pessoal passa a
governar o direito de escolha, cidadãos que por pouca informação acabam sendo
influenciados na sua escolha e muitas vezes chegando a pensar seu grau de importância
em relação ao outros cidadãos, se seu voto realmente pode fazer a diferença e acaba por
vendê-lo em troca de benefícios pessoais.

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