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Departamento de Psicologia
Psicologia do Desenvolvimento Infantil
Docente
Prof. Dr. Vítor Franco
Discente
Data de Entrega
16 de janeiro de 2020
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3
Transcrição da Entrevista ................................................................................................. 4
Análise da Entrevista ........................................................................................................ 9
Conclusão ....................................................................................................................... 12
Anexos ............................................................................................................................ 14
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Introdução
No âmbito da unidade curricular de Psicologia de Desenvolvimento Infantil,
lecionada pelo docente Vítor Franco, foi proposta a realização de uma entrevista a uma
recém mãe afim de analisar as suas respostas relativamente ao período da gravidez e do
pós parto, à luz da temática da gravidez lecionada.
O presente trabalho está divido em três partes, sendo iniciado com a transcrição
da entrevista, posteriormente encontra-se a análise teórica e crítica e, por fim, a conclusão.
Para a realização deste trabalho, foi realizada uma entrevista a uma mulher com
37 anos, que já foi mãe de duas meninas, das quais a última que teve, tem agora 1 ano.
Com isto, pretende-se analisar todo o processo de gravidez, assim como o
desenvolvimento do bebé nos primeiros tempos.
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Transcrição da Entrevista
1. Com que idade foi mãe?
R: Desde sempre que tive vontade ser mãe, tanto que já vou na minha segunda filha,
mas não tenciono ter mais.
R: A da Inês [primeira filha] foi planeada, mas a da Carolina [segunda filha] não foi
planeada, mas não é por isso que não é desejada.
4. Qual foi a sua reação ao descobrir que estava grávida da segunda vez? E a
do pai?
R: Inicialmente, não esperava e entrei em pânico, no bom sentido. Era algo que até
ansiávamos, estávamos sujeitos a que acontecesse, mas não tão cedo, digamos. Foi
algo inesperado para o momento e para ambos, ainda me lembro do momento em que
contei ao meu marido, ele ficou tão nervoso e emotivo ao mesmo tempo, as emoções
dele deviam estar um turbilhão no momento em que lhe contei, a única coisa que ouvi
da boca dele foi “E agora quando vamos ao médico?”. Foi de facto uma reação
bastante engraçada, nunca o tinha visto assim!
R: Sim, claro. Cada um chorava para seu lado, mas senti-me muito apoiada e isso foi
deveras importante para mim, sentia-me um passarinho no ninho. Tanto os meus pais
como os meus sogros me tratavam como se fosse algo frágil, que se fosse partir,
confesso que fui muito mimada.
R: Nos primeiros três meses, tinha medo e receio. Apesar de já ser mãe pela segunda
vez, todos os bebés são diferentes e nunca sabia ao certo se estava tudo bem, se o
crescimento dela estava a ser bom, se ela estava saudável… Com isto, consigo
perceber que apesar de já ser a 2ª filha, parecia ser a primeira… Até à morfológica,
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andei com a ansiedade a pico, queria acreditar que estava tudo bem, mas lá está, todos
os bebés são diferentes.
Por fim, nos últimos três meses, a minha ansiedade voltou a picos… A ansiedade para
ela nascer mas ao mesmo tempo receio do momento do parto, uma vez que o parto da
minha primeira filha foi muito suave, tinha sempre medo de que o desta fosse para
sofrer a sério.
R: Bem… Além do mimo todo que recebi, fisicamente mantive-me em forma. Não
deixei de fazer a minha vida antes de estar grávida, por exemplo, quando estive
grávida da Inês, deixei de fazer as caminhadas que fazia. Na segunda gravidez,
mantive as minhas caminhadas e até aproveitava para cantarolar e interagir com a
minha bebé. Só no fim da gravidez, é que tive mais dificuldades, sentia-me uma
avestruz, além de já não ver o caminho (risos)… Foi algo engraçado, tinha que ser o
meu marido a guiar-me.
R: Sentia-me ansiosa, não pelo processo porque já o conhecia, mas sim pelo que se ia
passar, visto que foi na primeira ecografia que ouvi o coração da minha bebé a bater,
foi o primeiro contacto, digamos. Já na primeira gravidez, me senti assim, porque em
relação ao processo, eu já tinha conhecimento desde que a minha irmã esteve grávida.
R: Confundi-a com os meus enjoos como disse antes, eu já não sabia distinguir se era
a Carolina ou se era vómito. Foi uma sensação boa com um gostinho a amargura, eu
estava farta de vomitar, implorei a Deus que não me desse mais vómito, e parece que
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me ouviu, deu-me um alívio e uma felicidade inocente, como se estivesse a acontecer
tudo pela primeira vez!
R: Claro, o pai era sempre o da mente fértil que dizia que vinha uma bebé loira de
olhos cinzentos, como os dele, e por acaso acertou, mas foi só nos olhos (risos). Em
relação a mim, idealizei mais a maneira como a ia vestir em certas ocasiões, não
conseguia mesmo imaginar o rosto dela nem nada, só mesmo as roupitas.
R: Os olhos cinzentos idealizados pelo pai, sim, corresponderam, mas foi só mesmo
isso. Loira demais sabia eu que não vinha! Em relação às minhas idealizações na
roupa, sim, correspondeu (risos).
R: Pensei, se iria sofrer muito ou não, mas não me preparei. Acho que se fosse às tais
aulas de preparação para o parto ainda ficaria mais perturbada e ansiosa para o dia.
14. Como evoluiu a sua relação com o pai durante a gravidez? E com a família?
R: Fui muito mimada por todos, inclusive pelo meu marido. Nunca o tinha visto tão
empenhado, acho que nem na primeira gravidez. Ele andava louco, como disse, (risos)
parecia que era ele que estava grávido e não eu. O resto da família mimavam-me como
se não houvesse amanhã, foi um período de má habituação, sentia-me uma rainha e
um bebé ao mesmo tempo.
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R: Foi bom, porque ela nasceu e bem, mas mau porque entrei em trabalho de parto e
não fiz a dilatação desejável, o que me levou ao parto por cesariana, de emergência,
uma vez que ela tinha o cordão umbilical enrolado ao pescoço e isso não fora detetado
antes, o que me levou a crer que se tivesse nascido por parto normal, provavelmente
não estaria cá hoje.
17. Sofreu muito com as alterações físicas tanto durante a gravidez como do pós
parto?
R: Nem por isso, como disse há bocado, mantive-me sempre em forma. A única coisa
que mudou no pós parto, foi a barriga, que diminuiu, e o peso consequente dela, o que
até foi um alívio. Posso voltar às minhas caminhadas sem me sentir uma autêntica
ceguinha por não conseguir ver onde ponho os pés (riso).
18. Após o parto, como foram as primeiras semanas? Foi difícil a adaptação à
vida com o bebé?
R: Não foi difícil adaptar-me à vida com a minha Carolina, uma vez que já tinha
lidado com a Inês, mas não foi uma adaptação nada igual. Durante a gravidez, só
imaginamos os bebés como uns seres sossegados, fofinhos e não sei quê mas quando
eles vêm cá para fora é que são elas. A Carolina é muito irrequieta, não me dá noitadas,
enquanto que a Inês dava, mas durante o dia… É um bicho carpinteiro, quer passar o
tempo fora do berço, ora ao colo, ora a caminhar, ultimamente tem sido uma maluca.
Já se consegue sentar, mas ainda está muito frágil, receio que esteja a querer aprender
tudo muito depressa e isso a prejudique, o pediatra diz para eu a deixar ir e eu deixo!
19. Como é que tem sido o desenvolvimento da bebé? E como é que isso a tem
afetado a si? E ao pai?
R: Tem estado a correr tudo bem. Quer aprender tudo muito rápido, não pára
sossegada e isso de certa forma dá-nos cabo da cabeça. Chegamos cansados do
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trabalho, e foi uma coisa que mudou… Por exemplo, antes da Inês, chegávamos e era
a típica vida de casal, banhos, jantar, ver televisão e dormir. Depois da Inês, mudou
muito, havia que dedicar tempo a ela e agora são duas a pedir pela nossa atenção,
sobretudo a Carolina que quer fazer tudo ao mesmo tempo e não pára quieta. Ao início
foi muito complicado e cansativo, mas agora já é rotina!
R: No que toca à Inês, ela ter-me dito há pouco tempo que sou o anjo dos olhos dela
e ter-me provado isso a cada dia que passa. No que toca à Carolina, o momento em
que ela me pede para ir para o chão e fazer força para esticar as perninhas e andar, a
única coisa que se ouvia daquela boca era um “Tu, tu” como se estivesse a querer
dizer que queria andar como nós. Mas sinto que todos os dias há algo que me marca,
nem que seja uma birra.
R: Ai não! Com duas já estou a dar em maluca, imagine-se se fossem três. Meu Deus,
até me dá uma pontada na cabeça só de imaginar isso!
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Análise da Entrevista
A gravidez é um desafio à maturidade e estrutura da personalidade da mulher, uma
vez que a mulher está exposta a diversos conflitos que requerem, em certa parte, uma
resolução, reestruturação e reajustamento a níveis fisiológicos, sociais e psicológicos.
Ainda assim ocorrem modificações a níveis corporais e mentais, nos relacionamentos e
compromissos.
Numa adaptação psicológica dos pais à realidade que lhe espera, deparamo-nos
com 3 fases: a aceitação da notícia, em que são exigidas novas responsabilidades, uma
reorganização da vida, das relações e da vida, sendo que a gravidez implica desafios
hormonais e corporais que a mulher terá que aprender a conviver e a lidar, além dos
sentimentos ambivalentes. De acordo com Brazelton (2007), quando há conhecimento da
notícia sobre a gravidez, há um “shift” no pensamento e na perspetiva dos pais, ou seja,
a euforia e a consciencialização da gravidez envolvem uma noção de responsabilidade e
não possibilidade de retroceder.
Relativamente ao “bebé imaginário”, esta mãe demonstrou ter passado por essa
fase. Consiste no nascimento do bebé no pensamento dos pais muito antes de nascer, o
que implica que a relação da mãe com o bebé exista desde antes da gravidez, nas fantasias
da mulher relacionadas com a possibilidade de ter um filho. É como se ocorressem três
gestações ao mesmo tempo: o desenvolvimento físico do feto no útero, uma atitude de
mãe no psiquismo materno e a formação do bebé imaginado na sua mente, ou seja,
conclui-se que o bebé imaginário é o portador dos sonhos, esperanças e ilusões da mãe.
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momento em que se recebe a notícia, tanto a mulher como o seu parceiro, e até a família,
vivem momentos de ansiedade e preocupação devido à saúde do bebé e ao seu
desenvolvimento e, é por isso que é tão importante e imprescindível ter uma família
equilibrada e ter o apoio do companheiro, além do apoio médico.
No que toca à questão de todo o bebé ser prematuro porque precisa dos cuidadores
para poder sobreviver física e psiquicamente, a Carolina (bebé em análise) mostrou ser
uma bebé dependente tal como todos os outros bebés, apesar de ter um ano e já ter
necessidade de se desapegar, no sentido que já quer aprender a andar e a fazer tudo o que
um adulto faz.
Esta mulher revelou que durante a sua gestação, um fator importante a ter em conta
durante uma gravidez é a prática regular de exercício físico, uma vez que melhora a
circulação, a respiração e também promove uma gravidez mais confortável e um parto
mais seguro. Em conjugação com o exercício físico é necessário que haja uma
alimentação correta e equilibrada.
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para o coração e para o cérebro. No entanto, conseguiu-se constatar que o bebé em análise
nasceu saudável e sem qualquer tipo de anomalia.
Posto o parto, a mulher referiu que comparativamente à sua primeira criança, esta
é mais sossegada durante a noite, mas no que toca ao seu desenvolvimento físico, mostra-
se uma bebé bastante irrequieta e apta para aprender tudo o que há para aprender, dando
mais trabalho aos pais que a sua primeira filha. No que toca à sua alimentação, a bebé foi
amamentada desde o primeiro dia, sendo que continua a ser amamentada até à atualidade,
sendo que fez um ano há relativamente pouco tempo.
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Conclusão
Com este trabalho de investigação, foi-me possível compreender melhor todo o
processo da gravidez, durante e após esta, inclusive os primeiros meses de vida do bebe.
Foi possível apreender que todos estes processos devem ser tratados de forma seria e
delicada, pois qualquer tipo de problema, interno ou externo, pode afetar de forma grave
o bebé.
Além disso, consegui perceber que o contacto entre a mãe e o bebé é tão
importante, uma vez que permite à mulher compreender os processos cognitivos e mentais
do bebé (por exemplo: as expressões faciais, vocalização, choro e amamentação).
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Referências Bibliográficas
SILVA., J., L. & SILVA., R., L. (2009). Mudanças na vida e no corpo: vivências
diante da gravidez na perspetiva afetiva dos pais. Esc Anna Nery Ver Enferm, 13 (2),
393-401
Teixeira, I., & Leal, I. P. (1995). Expectativas e atitudes de mães primíparas com
filhos prematuros. Análise Psicológica, 12, 191-194.
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Anexos
Guião da entrevista
4. Qual foi a sua reação ao descobrir que estava grávida da segunda vez? E a do pai?
14. Como evoluiu a sua relação com o pai durante a gravidez? E com a família?
17. Sofreu muito com as alterações físicas tanto durante a gravidez como do pós
parto?
18. Após o parto, como foram as primeiras semanas? Foi difícil a adaptação à vida
com o bebé?
19. Como é que tem sido o desenvolvimento da bebé? E como é que isso a tem afetado
a si? E ao pai?
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20. A níveis psicológicos, qual foi o impacto de ser mãe?
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