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CURSO DE JORNALISMO
UBERLÂNDIA - 2017
TEORIAS DA COMUNICAÇÃO REVISITADAS POR LUÍS MAURO SÁ MARTINO
MARTINO, Luís. Teoria da comunicação: ideias, conceitos e métodos. 5.ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2014.
A obra Teoria da comunicação: ideias, conceitos e métodos de Luís Mauro Sá
Martino, segundo o autor, foi pensada a partir de outros clássicos de Teoria da Comunicação,
e é introduzida com uma discussão sobre a obra em si. Segundo Martino, o trabalho de
explicar Teorias comunicacionais de uma maneira mais acessível se trata de um processo de
leitura e tradução, no qual simplifica-se o complexo ao aplicá-lo à realidade imediata. A
composição do livro se dá por uma perspectiva dos paradigmas comunicacionais, é
segmentado em seções, capítulos e tópicos e possibilita uma leitura independente dos
capítulos. Martino salienta que a obra busca apresentar, ou melhor, introduzir o leitor as
principais ideias dos autores das teorias, mas não resume de forma alguma a imensidão de
conceitos que cada teoria abriga.
Luís Mauro Sá Martino é formado em Jornalismo pela Cásper Líbero, fez Mestrado e
Doutorado em Ciências Sociais na PUC-SP, e pós-doutorado na School of Political, Social
and International Studies na Universidade de East Anglia (Norwich, UK) em 2008. Para
organizar a obra aqui resenhada, o autor afirma que objetiva construir um cenário do campo
da comunicação que aponta trilhas para outros inícios, não possuindo em nenhum momento a
pretensão de dar conta de todo o campo comunicacional.
Na introdução da obra o autor busca traçar um contorno para o que seria a Teoria da
comunicação, que não apresenta um cânone na discussão como várias outras ciências
apresentam, uma problemática já discutida por Robert Craig (CRAIG 1999, p. 119 apud
SODRÉ, 2012, p. 13) , que afirma que com exceção do interior de pequenos grupos, os
estudiosos apenas se ignoram; informação salientada por Martino com uso de dados que
exprimem um desconsenso nos estudos do campo comunicacional, apenas 23,5% das teorias
apresentadas como comunicacionais são consideradas como tais por todos os autores. Com
tudo isso levado em consideração Martino afirma,
Esta corrente, abriga inúmeros teóricos desde Lippmann com sua análise do discurso
comunicacional na sua obra Public Opinion, as visões funcionalistas de Lasswell, Merton e
Lazarsfeld; além da formulação de modelos teóricos que buscavam dar conta do processo
comunicativo, modelos lineares, circulares e espirais. E conceitos que são muito relevantes na
produção jornalística, como newsmaking, gatekeeping, empresa comunicacional e efeito de
enquadramento. No que tange a abordagem de tais teorias e modelos Martino se atém ao
postulado de introdução, abordagens simples e claras que intencionam apresentar de forma
primária o conteúdo; a ordenação dos tópicos não é deliberada, mas garante uma narrativa
complementar que constrói o entendimento das pesquisas. Diversas figuras são usadas como
recurso para ilustrar modelos e teorias, sistematizando a compreensão.
O terceiro capítulo introduz a crítica marxista, o qual traça o caminho que dirigiu o
marxismo a comunicação começando pelo conceito de ideologia; buscando conceder uma
autonomia maior ao leitor na interpretação da corrente, Martino apresenta primeiramente o
pensamento marxista alienado de sua relação com a comunicação e em seguida as
interpretações congruentes ao campo comunicacional. Interpretações que conferem para a
ideologia o subtexto nos produtos de massa, com a utilização de exemplos acessíveis Martino
traduz a realidade destas teoria em desenhos animados como Pato Donald. Para alguns
teóricos, neste sentido a massificação da cultura também acarreta perda de território político e
auxilia na construção do senso comum, que se cria a partir da adoção de ideologias implícitas
nos produtos de massa. Martino apresenta também teóricos que consideravam a resistência do
receptor, como Gramsci, que é apropriado pelo campo da comunicação e que considera a
hegemonia uma negociação de sentidos e não uma imposição, adotando um perfil mais sutil
de influência.
Na quarta e última seção Martino desenvolve um embate entre autores que defendem
e atacam a modernidade para definir os conceitos da pós-modernidade que possui raízes na
falha dos princípios da modernidade. O autor esquematiza as críticas pós-modernas que
rompem com a modernidade de forma a ser visualizada em um quadro comparativo. Neste
contexto pós-moderno apresentado por Martino surgem estudos de processos
comunicacionais como os Estudos Culturológicos Ingleses que são uma mistura de várias
correntes teóricas como o Estruturalismo Francês, a Semiótica e a pós-modernidade
compreendida por Foucault; em um estudo das culturas populares e de massa sob uma
perspectiva inédita. Martino também aponta outras análises de práticas comunicativas em
ambientes característicos da pós-modernidade, como o ambiente digital.
REFERÊNCIAS