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Definição:
“Conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações
de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de
segurança” (Cezar Roberto Bitencourt)
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Sancionadora: impõe sanções para a proteção de outras normas (extrapenais) como
o direito à propriedade, por exemplo.
Direito Penal Material: encontra-se reunido no Código Penal e em outras leis penais
(extravagantes/peregrinas), onde são definidas as condutas contrárias ao
ordenamento jurídico e cominadas as respectivas penas.
Direito Penal Formal: são as normas de aplicação do Direito Penal (material) contidas
principalmente no Código de Processo Penal.
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seus valores fundamentais, contumélia (injúria) irremissível (imperdoável) a seu
arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”. (Celso Antônio Bandeira
de Mello).
Impõe limites à intervenção estatal no campo da aplicação da pena.
Ingressaram nas legislações penais como garantia contra o absolutismo.
Ganharam dimensão constitucional (Estão todos implícita ou explicitamente insertos
na C.F).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Pelo Princípio da Legalidade a elaboração de normas incriminadoras é função
exclusiva da lei (stricto sensu), isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e
nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato
(anterioridade) exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção
correspondente.
Feuerbach, no início do século XIX, resumiu o princípio na fórmula latina: “ Nullum
crimen, nulla poena sine praevia lege”
A Constituição Federal (1988) consagrou o princípio no artigo 5º, inc. XXXIX: “não
haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal”. O Código penal (Art. 1º, traz redação similar).
O princípio da legalidade não pode ser relativizado. Se aplica a qualquer tipo de
sanção penal e se estende pela execução da pena.
Desdobramentos do princípio da legalidade (subprincípios):
a) Anterioridade da lei (lege praevia); b) reserva legal (lege scripta); c) proibição
de analogia em malam partem (lege scripta); d) taxatividade da lei (ou
mandado de certeza – lege certa)
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Claux Roxin (1964) criou a terminologia, defendendo que a tipicidade penal exige a
ofensa de alguma gravidade ao bem jurídico tutelado.
Devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetem infimamente
(minimamente) um bem jurídico.
Klaus Tiedmann chamou de princípio da bagatela, defendendo ser imperativa a efetiva
proporcionalidade entre a gravidade Da conduta que se pretende punir e a
drasticidade da intervenção estatal.
CONDIÇÕES PARA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
1. Mínima ofensividade da conduta.
2. Inexistência de periculosidade social do ato.
3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
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4. Inexpressividade da lesão provocada.
Obervações:
Os crimes de menor potencial ofensivo e as contravenções penais já foram
devidamente valorados pelo legislador quanto à pena.
Não se pode confundir pequeno valor (furto, artigo 155, § 2º, do CP) com valor ínfimo
ou nulo que leva à atipicidade.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Nenhuma pena pode atentar contra a incolumidade (não lesividade) da pessoa
humana. Este princípio impede a adoção da pena capital (morte) e da prisão perpétua
no Brasil. A proibição de penas cruéis e infamantes, de torturas e maus-tratos nos
interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infra-estrutura
carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos
condenados decorrem do princípio da humanidade.
ARTIGO 5º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação;
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
A sanção penal deve ser sempre proporcional ao delito praticado.
Este princípio é uma consagração do constitucionalismo moderno, embora já fosse
reclamado por Cesare Beccaria (Dos Delitos e da Penas, 1764)
A Constituição Federal brasileira recepcionou este princípio em vários dispositivos, tais
como: exigência da individualização da pena; proibição de determinadas modalidades
de sanções penais; admissão de maior rigor para crimes mais graves, previsão de
crimes de menor potencial ofensivo.
Na antiguidade, o talião já ensaiava o princípio da proporcionalidade.
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Fontes materiais ou de produção: dizem respeito à origem (gênese) do Direito
Penal. O Estado é a única fonte de produção (fonte material) do Direito Penal. A C.F
no art. 22, I prescreve que compete à União legislar sobre matéria penal. (Parágrafo
único: Lei Complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo).
Fontes formais ou de conhecimento: referem-se às formas de manifestação das
normas jurídicas. dividem-se em: IMEDIATAS, que são as leis (não abrange decretos,
portarias, medidas provisórias) e MEDIATAS (indiretas), que são os costumes, a
doutrina, a jurisprudência e os princípios gerais de direito.
a) costumes
consistem na reiteração constante e uniforme de regras de conduta social. Há
expressões descritas em tipos penais (crimes) que se interpretam pelo costume.
Exemplos: honra, decoro, reputação, ato obsceno. Confrontando-se com a lei, o
costume pode ser:
secundum legem: é o que encontra suporte legal;
praeter legem: destina-se a suprir eventuais lacunas da lei (art. 4º da LINDB) (as
praxes forenses);
contra legem: é formado em sentido contrário ao da lei, contudo não não faz
desaparecer a norma criminal, que somente se revoga com outra lei. (jogo do bicho)
b) Jurisprudência
Entendida como a repetição de decisões num mesmo sentido, tem grande importância
na consolidação e pacificação das decisões dos tribunais.
c) Doutrina
Resultado da atividade intelectual dos doutrinadores, que objetivam sistematizar as
normas jurídicas, construindo e elaborando conceitos, princípios, e teorias que
facilitem a interpretação e aplicação das leis vigentes.
d) Princípios gerais de direito
Fundam em premissas éticas extraídas do material legislativo.
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA
EXEMPLIFICAÇÃO
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
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I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo
a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
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ANALOGIA NO DIREITO PENAL
CONCEITO DE ANALOGIA
Analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei, a disposição relativa
a um caso semelhante.
I - É forma de integração e não de interpretação do Direito Penal (analogia, costumes,
princípios gerais de direito – LICC);
II - Analogia é forma de auto-integração da ordem legal para suprir lacunas,
estendendo a aplicação da lei a casos que ela não regula e de que não cogita;
III - O Direito Penal, como regra, proíbe analogia em relação a normas penais
incriminadoras.
IV – Funda-se a analogia no princípio ubi eadem legis ratio, ibi eadem dispositio (onde
há a mesma razão lega, aplica-se o mesmo dispositivo).
FORMULAÇÃO DE DAMÁSIO EVANGELISTA DE JESUS
O legislador, através da lei A, regulou o fato B. O julgador precisa decidir o fato C.
Procura e não encontra no direito positivo uma lei adequada a este fato. Percebe,
porém, que há pontos de semelhança entre o fato B (regulado) e o fato C (não
regulado). Então, através da analogia, aplica ao fato C a lei A.
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
EXEMPLIFICAÇÃO
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
ATIVIDADE
Diz respeito ao fato de que uma lei, desde sua entrada em vigor, deve reger todos os
fatos por ela abrangidos, enquanto dure a sua vigência.
EXTRA-ATIVIDADE
Refere-se à possibilidade de a uma lei reger situações ocorridas fora do seu período
de vigência. A extra-atividade divide-se em:
Retroatividade – que possibilita a lei novel alcançar fatos ocorridos antes da sua
vigência (em matéria penal somente a lei mais benigna pode retroagir)
Ultra-atividade – que permite à lei já revogada regular fatos ocorridos durante o
período de sua vigência.
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3. A lei mais benigna é retroativa e também ultrativa.
SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS:
a) O crime se inicia na vigência de uma lei, mas tem a consumação em outro
momento. (homicídio, extorsão mediante sequestro, etc)
b) O crime é cometido na vigência de uma lei, mas a sentença se dá na vigência de
outra (mais gravosa ou benigna)
c) Durante a execução da pena sobrevém lei mais benigna.
Observação:
Como decorrência do princípio do nullum crimen, nulla poena sine praevia lege, há
uma regra dominante: a da irretroatividade da lei penal, que deve se submeter ao da
retroatividade da lei mais benigna.
OBSERVAÇÕES
1. A maior ou menor benignidade da lei deve ser apurada caso a caso. Havendo
dúvida em relação à lei que melhor beneficia o réu, este deve ser consultado por meio
de seu defensor.
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2. Lei intermediária: quando a lei mais benigna não é a do tempo do crime e nem a da
data da condenação, deve-se optar pela lei intermediária por ser a mais favorável
(princípios gerais do direito) Há discussão doutrinária.
ESPÉCIES
Norma penal em branco em sentido lato ou homogênea: o complemento se
encontra em norma de mesma hierarquia. Ex.: o crime previsto no artigo 237 do CC é
complementado pelo artigo 1.521 do CC (impedimentos e nulidades do casamento).
Norma penal em branco em sentido estrito ou heterogênea: o complemento está
descrito em fonte formal distinta da norma penal incriminadora. Ex.: Lei 11.343/06, art.
33 (tráfico ilícito de drogas). Portaria da ANVISA define as drogas que causam
dependência (ilícitas).
Exemplos:
I – Infração de Medida Sanitária Preventiva (Art. 268 do CP)
I - Omissão de Notificação de Doença (Art. 269 do CP);
II - Conhecimento prévio de impedimento (Art. 237 do CP – o complemento está no
art. 1.521 do CC).
Lei 11.343/06 (Antidrogas)
Revogam-se em decorrência da revogação de seus complementos? (divergência
doutrinária).
TEMPO DO CRIME
TEORIAS ACERCA DO TEMPO DO CRIME
Teoria da atividade: adotada pelo Código Penal, considera o momento do crime, o
momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado.
(Exemplificar com o adolescente infrator)
Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento do resultado (no
homicídio, quando falecer a vítima).
Teoria mista (ou da ubiquidade): o momento do crime tanto pode ser o da ação
quanto o do resultado.
Súmula 711 do STF
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“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.
Frações não computáveis da pena
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos,
as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
ITER CRIMINIS
COGITAÇÃO
Refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com a visualização do
resultado querido, essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua cabeça,
daí a expressão "interna". Não se pune essa fase, pois não há como adentrar à
cabeça do sujeito, salvo exceções que sejam explícitas em algum tipo, caracterizando
pois um fato típico. Se escolhe os meios e a opção mais adequada, bem como a
previsão do resultado. Tudo que vier a ir além da mente do sujeito será pois, externo.
ATOS PREPARATÓRIOS
Atos externos ao agente que passam da cogitação à ação objetiva, como a aquisição
da arma para a prática de homicídio. Da mesma forma que a cogitação também não
são puníveis. Contudo, há uma exceção no código penal brasileiro, a formação de
Associação Criminosa (Art. 288), cuja reunião (em tese um ato preparatório) é punido
como crime consumado, este crime é punido pois se entende que a quadrilha é uma
ameaça à sociedade, mesmo que ela não exerça nenhum tipo de crime (furto,
estelionato, sequestro, assassinato...), já é punida por ser quadrilha, o bem jurídico a
ser tutelado aqui é o bem estar social. Há também um certo consenso na
jurisprudência de que certos atos preparatórios devem ser punidos autonomamente
como crime, por exemplo, as hipóteses de petrechos para a falsificação de moedas
(Código Penal, Art. 291).
ATOS DE EXECUÇÃO
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São aqueles dirigidos diretamente à prática do crime. No Brasil o Código Penal em seu
artigo 14, inciso II (o crime se diz tentado quando iniciada a execução, esta não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente), adotou a teoria objetiva ou
formal para tentar diferenciar atos executórios de atos preparatórios. Assim, exige-se
que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria conduta típica,
adentrando no núcleo do tipo. É punivel como tentativa.
CONSUMAÇÃO
É o momento no qual estão presentes todos os elementos da definição legal do crime.
A) Princípio da Especialidade
Diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação à outra, quando
possui em sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais alguns, de
natureza subjetiva ou objetiva, denominados especializantes. O confronto entre as
duas normas pode se dá em abstrato.
Exemplos:
I - O crime de infanticídio (art.123 do CP) é especial em relação ao crime de homicídio,
contém os elementos do homicídio e mais alguns (estado puerperal, próprio filho, etc).
II – O art. 20 da Lei 7.170/83 é especial em relação ao homicídio, quando a motivação
do atentado, por exemplo, for por inconformismo político. “Devastar, saquear,
extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar,
provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por
inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção
de organizações políticas clandestinas ou subversivas.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o
dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.”
B) Princípio da subsidiariedade
Há relação de primariedade e subsidiariedade entre normas quando descrevem graus
de violação do mesmo bem jurídico, de forma que a infração definida pela subsidiária,
de menor gravidade que a principal, é anulada por esta. A conduta punível deve ser
analisada em concreto para que se determine o preceito legal a que se enquadra.
Expressa ou explícita: quando a norma, em seu próprio texto, subordina a sua
aplicação à não-aplicação de outra, de maior gravidade. Ex. art. 132, 239, 307, etc.
Tácita ou implícita: quando uma figura típica funciona como uma elementar ou
circunstância legal específica de outra, de maior gravidade punitiva. Ex.:
Ameaça/constrangimento ilegal, constrangimento ilegal/aborto sem o consentimento
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da gestante/extorsão/estupro, etc. (vis absoluta – força física) (vis compulsiva –
ameaça)
C) Princípio da consunção
Ocorre a relação consuntiva ou de absorção, quando um fato definido como crime é
meio necessário ou fase de preparação ou execução de outro crime mais grave ou
mais complexo.
Exemplos:
I O furto em residência absorve o crime de violação de domicílio.
II O crime de homicídio absorve o de lesão corporal.
III O crime de lesão corporal absorve a contravenção penal de vias de fato.
D) Princípio da alternatividade
A norma penal que prevê vários fatos alternativamente, como modalidade de um
mesmo crime, só aplicável uma única vez, ainda que o agente tenha praticados todas
as condutas sucessivamente. Ex.: Tráfico de Pessoas (art.149-A do CP) Receptação
(art. 180 do CP).
Princípio da alternatividade
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Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade
de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; (Incluído pela
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)
Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à
falsificação de moeda:
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ILICITUDE
PENAL - CIVIL - ADMINISTATIVA
Ilícito penal é a violação do ordenamento jurídico, contra a qual, pela sua
intensividade ou gravidade, a única sanção adequada é a pena, e ilícito civil é a
violação da ordem jurídica, para cuja debelação bastam as sanções atenuadas da
indenização, da execução forçada, da restituição in specie, da breve prisão
coercitiva,da anulação do ato, etc. (Nelson Hungria)
Ilícito administrativo: não existe diferença ontológica em relação ao ilícito penal. A
diferença reside na gravidade da violação ao ordenamento jurídico.
Elemento subjetivo
a) dolo (direto/determinado) (indireto: alternativo/indeterminado)
b) culpa
c) preterdolo ou preterintenção (Lesão Corporal Seguida de Morte, Aborto com
resultado morte ou lesão grave em relação à gestante)
Sujeitos do crime
a) Sujeito ativo: é o ser humano praticante da conduta típica descrita na norma penal
incriminadora (César Dario Marino da Silva)
b) Sujeito passivo: é o titular do objeto jurídico atingido pela conduta criminosa,
dividindo-se em formal ou constante, que é o Estado (titular do direito de punir); e,
material, que o titular do interesse penalmente protegido.
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Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio, furto,
lesão corporal, dano, etc.Crime próprio: exige qualidade especial do sujeito ativo.
Exemplo: peculato, corrupção passiva, auto-aborto (124, primeira parte).
Crime de mão própria: só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa. Exemplo: falso
testemunho, prevaricação, deserção (CPM). (admite participação moral).
OBJETO DO DELITO
OBJETO JURÍDICO DO CRIME
É o bem ou interesse que a norma penal tutela : vida, integridade física, patrimônio,
honra, etc.
OBJETO MATERIAL DO CRIME
É a pessoa ou coisa contra a qual recai a conduta do sujeito ativo, como o homem
vivo no homicídio, a coisa no furto, o documento na falsificação, etc.
OBSERVAÇÃO
Às vezes, o sujeito passivo coincide com o objeto material ,é o que ocorre no
homicídio e na lesão corporal, por exemplo.
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danosas e como socialmente relevante é toda conduta que afeta a relação do
indivíduo para com seu meio, sem relevância social não há relevância jurídico-penal.
Exemplo: o médico que faz uma cirurgia quer curar o paciente, portanto não há ação
típica de lesão corporal.
Crítica: dificuldade de conceituar o que seja relevância social (juízo ético), tornaria
vaga, indeterminada a tipicidade.
2. RESULTADO
Conceito: é a modificação do mundo exterior provocado pelo comportamento humano
voluntário (Damásio Evangelista de Jesus).
1. Nos trabalhos forenses e na doutrina evento e resultado são usados como
sinônimos.
2. Não constitui obstáculo ao entendimento da existência de crimes sem resultado
naturalístico o que se contém nos artigos 13 e 18 do CP.
Teorias acerca da natureza resultado:
a) Teoria naturalística: resultado é a modificação do mundo externo causado por um
comportamento humano.
b) Teoria jurídica ou normativa: o resultado da conduta é a lesão ou perigo de lesão
de um interesse protegido pela norma penal. (todo crime produz resultado “dano ou
perigo” mesmo os de mera conduta).
O NEXO DE CAUSALIDADE
SUPERVENIÊNCIA CAUSAL
Causa: é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo
causal (Fernando Capez)
Concausas: o Código Penal adotou a “teoria da equivalência dos antecedentes
causais”, assim, qualquer conduta que tiver contribuído para a produção do resultado
deve ser entendida como causa (conditio sine qua non).
Teorias acerca da causalidade não adotadas no Brasil:
A) Causalidade adequada: causa é a condição mais adequada para a produção do
resultado;
b) Eficiência: causa é a condição mais eficaz na produção do resultado;
c) Relevância jurídica: causa é tudo que concorre para o evento ajustado à figura
penal ou adequado ao tipo.
ESPÉCIES DE CAUSAS
Dependente: é aquela que tem origem na própria conduta do agente e, por isso, não
exclui o nexo de causalidade. Exemplo: A atira em B, que em decorrência do ferimento
sofre hemorragia e morre.
Independente: é aquela que escapa do desdobramento natural da conduta e produz,
por si só, o resultado. Existem duas espécies de causas independentes: a absoluta e
a relativamente independente.
ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
Preexistentes
Já existiam antes mesmo da conduta ser realizada, portanto, o resultado iria acontecer
de qualquer forma. Exemplo: o genro atira em sua sogra, mas esta morre em
conseqüência não do disparo, mas de envenenamento anterior provocado pela nora.
(O genro responde por tentativa de homicídio, se não teve nenhuma participação no
envenenamento)
concomitantes
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Acontece no mesmo instante em que a conduta é realizada, mas não tem qualquer
ligação com esta. Exemplo: no instante em que a nora aplica o veneno na sogra, um
assaltante entra na casa e atira na velhinha causando-lhe a morte. (A nora responde
por tentativa de homicídio)
Superveniente
Acontece após a realização da conduta do agente. Exemplo: após a nora ter
envenenado a sogra, um maníaco invada a casa e mata a velhina a facadas. (A nora
responde por tentativa de homicídio)
A CAUSALIDADE NA OMISSÃO
CÓDIGO PENAL – ART. 13 “ O RESULTADO DE QUE DEPENDE A EXISTÊNCIA DO
CRIME SÓ É IMPUTADO A QUEM LHE DEU CAUSA. CONSIDERA-SE CAUSA A
AÇÃO OU OMISSÃO SEM A QUAL O RESULTADO NÃO SE PRODUZIRIA.
NÃO SE FALA EM NEXO CAUSAL OBJETIVO EM CRIMES OMISSIVOS, UMA VEZ
QUE DO NADA, NADA SURGE. A ESTRUTURA DO TIPO PENAL OMISSIVO É
ESSENCIALMENTE NORMATIVA. O AGENTE RESPONDE PELO RESULTADO
NÃO PORQUE LHE DEU CAUSA COM A OMISSÃO, MAS PORQUE NÃO O
IMPEDIU REALIZANDO UMA CONDUTA QUE ESTAVA OBRIGADO A REALIZAR.
O ART. 13, PARÁGRAFO 2º, DO CP REGULAMENTA A RELAÇÃO DE
CAUSALIDADE NOS DELITOS COMISSIVOS POR OMISSÃO ADOTANDO A
TEORIA DA OMISSÃO NORMATIVA, RESULTANDO QUE A OMISSÃO É
PENALMENTE RELEVANTE QUANDO O OMITENTE DEVIA E PODIA AGIR PARA
EVITAR O RESULTADO.
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CONTRATO FORMAL QUE SURGE O DEVER JURÍDICO, MAS DA POSIÇÃO DE
GARANTIDOR DA NÃO OCORRÊNCIA DO RESULTADO.
C) COM SEU COMPORTAMENTO ANTERIOR, CRIOU O RISCO DA OCORRÊNCIA
DO RESULTADO. Exemplo: um exímio nadador convida alguém a acompanhá-lo em
um longo nado e, em determinado instante, vendo que o companheiro está perdendo
as forças, não socorre, deixando-o morrer.
CASO FORTUITO
Diz-se caso fortuito, toda ocorrência episódica, ocasional, rara, como no exemplo de
alguém que involuntariamente tropeça e cai dentro de tonel cachaça, embriagando-se.
FORÇA MAIOR
A força maior deriva de uma força externa ao agente. É o caso, por exemplo, da
pessoa que é obrigada por coação a ingerir bebida alcoólica.
Observação: o caso fortuito e a força maior excluem a própria conduta, por ausência
de dolo e culpa. Não atuam, portanto, sobre o nexo causal.
IMPUTAÇÃO OBJETIVA
Desenvolvida por Karl Larenz (1927) e Richard Honig (1930) rechaçavam o rigorismo
causalista da conditio sine qua non. Para a existência do crime, além do elo
naturalístico de causa e efeito, são necessários os seguintes requisitos: a) criação de
um risco proibido (não há adequação típica, por exemplo, na conduta da mulher que
convida o marido para ir à praia na esperança de que ele se afogue, pois este é um
risco permitido); b) que o resultado esteja na mesma linha de desdobramento
causal da conduta (Ex: um traficante não pode ser responsabilizado pela conduta
imprudente do usuário que morre de overdose); c) que o agente atue fora do sentido
de proteção da norma (Ex. quem atira no braço de alguém que ameaça se suicidar
com um tiro não pode responder por lesão corporal).
Observações:
O mero ingresso do dolo e da culpa no curso causal (conditio sine qua non) não
resolve a questão do nexo causal.
02) Qualquer comportamento socialmente padronizado será considerado
“objetivamente” atípico.
03) Para que haja o crime é preciso que o agente tenha o domínio do fato (controle a
relação de causalidade)
TIPICIDADE
CONCEITO
É a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie
de infração contida na lei penal incriminadora. (Damásio E. de Jesus)
a) Elementos objetivos do tipo: também chamados de elementos descritivos, são os
que se referem à materialidade da infração penal, no que diz respeito à forma de
execução, tempo, lugar, etc. O verbo constitui o núcleo do tipo, a sua parte mais
importante. Ex. matar, subtrair, constranger, destruir. (às vezes o verbo não é um
injusto: ex: retirar, expor, etc).
b) Elementos normativos do tipo: são os que exigem um juízo de valor dentro do
próprio campo da tipicidade, exteriorizando-se em expressões como: indevidamente
(arts: 162, 319, 296 do CP), sem justa causa (arts: 246 e 248 do CP), e ainda nos
ternos sem permissão legal, fraudulentamente, seu autorização, etc.
c) Elementos subjetivos do tipo (do injusto): referem-se ao estado anímico do
sujeito, à sua intenção, exteriorizam-se em expressões como: para ocultar desonra
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própria (art. 134 do CP), com o intuito de (art. 158), por motivo (art. 208), para
satisfazer (347), a fim de (353), etc.
ERRO DE TIPO
BASE LEGAL
Art. 20 do Código Penal - “ O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”.
CONCEITO
É o que recai sobre circunstância que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa
percepção da realidade sobre um elemento do crime. É a ignorância ou falsa
representação de qualquer dos elementos constitutivos do tipo penal.
FORMAS DE ERRO DE TIPO
ESSENCIAL
Incide sobre elementares e circunstâncias do crime. Impede o agente de compreender
o caráter criminoso do fato ou de conhecer a circunstância
Essencial invencível ou escusável (não pode ser evitado) - Exclui o dolo e a culpa,
caso o crime admita essa última modalidade. Exemplo: Um caçador na floresta atira
em um artista fantasiado de cervo. Se a fantasia era perfeita a ponto de confundir
qualquer pessoa, afasta-se dolo e culpa.
Essencial vencível ou inescusável (poderia ser evitado pelo agente) - Recaindo
sobre elementar, exclui o dolo, mas não a culpa. Exemplo: No caso acima
apresentado, se o artista não estivesse fantasiado e o caçador, sendo míope, tivesse
atirado, agiria culposamente.
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Estrangular a vítima e atira-la ao rio para esconder o cadáver, vindo esta a morrer por
afogamento.
ERRO DE PROIBIÇÃO
CONCEITO
É o que incide sobre a ilicitude de um comportamento. O agente supõe, por erro, ser
lícita a sua conduta. O objeto do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a licitude,
isto é, a contrariedade do fato em relação à lei. O agente supõe permitida uma
conduta proibida. O agente faz um juízo equivocado daquilo que lhe é permitido fazer
em sociedade.
1. Erro de Proibição - erro sobre a proibição jurídica do fato. (Art. 21 do CP).
2. O desconhecimento da lei é inescusável.
3. A influência de elementos culturais pode conduzir à impossibilidade de
conhecimento do caráter ilícito do fato.
4. Não se reconhece erro de proibição em crime de homicídio.
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No crime exaurido, o sujeito ativo continua a atingir o bem juridicamente protegido,
mesmo depois da consumação efetiva. (os atos posteriores são havidos como mero
exaurimento). Ex.: No crime de Concussão (art. 316 do CP) a consumação se dá com
a exigência.
CONSUMAÇÃO
CONSUMAÇÃO NOS DIVERSOS TIPOS PENAIS
Materiais - com a produção do resultado naturalístico.
Formais - com a simples atividade, independentemente do resultado (Concussão).
De mera conduta - com a ação ou omissão delituosa (violação de domicílio).
Culposos - com a produção do resultado (não existe tentativa)
Permanentes - enquanto não cessar a permanência.
Habituais - com a reiteração da conduta.
TENTATIVA (CONATUS)
CONCEITO
É a não-consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias
alheias à vontade do agente. (Art. 14, inciso II)
Consequência jurídico-penal - a pena na tentativa é diminuída de um a dois terço.
(Parágrafo único do art. 14).
Elementos
a) início da execução;
b) não-consumação;
c) Interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente.
FORMAS DE TENTATIVA
IMPERFEITA
Ocorre a interrupção do processo executório; o agente não chega a praticar todos os
atos de execução do crime, por circunstâncias alheias à vontade. posto que ocorre
interferência externa. O agente foi impedido de continuar esfaqueando a vítima que
pretendia matar, por exemplo.
PERFEITA OU ACABADA (crime falho)
A consumação não ocorre, embora o agente tenha praticado os atos suficientes para a
produção do resultado. Ex. O agente efetuou diversos disparos na vítima, mas esta
não veio a óbito.
Observação: o juiz considera essas formas de tentativa no momento da aplicação da
pena base (art.59 do CP).
DELITOS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA
Contravenções penais; crimes culposos, crimes habituais; crimes em que a lei só pune
o agente se ocorrer o resultado (art.122 do CP); crimes em que a lei pune a tentativa
como crime consumado (art.352 do CP)
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
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O agente interrompe por sua própria vontade a execução do crime, ou seja, não
esgota todo o processo executivo do crime.
Exemplo 01 - o sujeito ativo dispõe de revólver municiado com 06 projéteis. Efetua
dois disparos contra a vítima, mas não acerta, podendo prosseguir atirando, desiste
por vontade própria. Neste caso só responde pelos atos já praticados (Periclitação da
vida e da saúde, art. 132 do CP, ou Lesão Corporal, art. 129 do CP).
Exemplo 02 - o ladrão que já estando dentro da casa da vítima e com a res furtiva na
mão, desiste de levá-la.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
O agente, após encerrar a execução do crime, impede que o resultado se produza. Só
é possível nos chamados crimes materiais, onde é exigida a produção de um resultado
naturalístico.
Exemplo 01 - o sujeito ativo atira na vítima ferindo-a com gravidade, mas se
arrepende prestando socorro que impede a morte da mesma. Responde pelas lesões
produzidas e não por tentativa de homicídio.
Exemplo dois - esposa que ministra veneno na comida do marido, mas depois aplica-
lhe um antídoto evitando a morte. Responde pelas lesões causadas.
Observação - o arrependimento ineficaz não gera qualquer benefício para o sujeito
ativo.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente repara o dano ou restitui a
coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa.
CRIME IMPOSSÍVEL
É também chamado de quase-crime, tentativa inidônea ou inadequada. Está
capitulado no artigo 17 do Código Penal: “não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime”.
Ineficácia absoluta do meio
quando o meio utilizado pelo agente, por sua natureza, é absolutamente incapaz de
produzir o resultado. Ex. Ministrar açúcar na alimentação da vítima pensando tratar-se
de veneno; atirar contra a vítima com balas de festim ou arma descarregada, etc.
Impropriedade absoluta do objeto
Neste caso não existe o objeto material onde deveria recair a conduta, ou quando,
pela situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo
agente. Ex: Atirar em pessoa que já está morta; mulher que, supondo erroneamente
encontrar-se grávida, realiza manobra abortiva; agente que subtrai objeto dele mesmo,
pensando que está furtando alguém.
Nos dois casos não há tentativa por ausência de tipicidade.
Não sendo figura típica, não enseja a aplicação de pena ou medida de segurança.
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O elemento objetivo é o perigo para o bem juridicamente protegido. Se a conduta não
possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa.
TEMPO DO CRIME
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ELEMENTOS DO FATO TÍPICO: CONDUTA, RESULTADO, NEXO DE
CAUSALIDADE, TIPICIDADE
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