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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

IANCA CESCA CORREA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS MONOLÍTICOS EM PAINÉIS EPS


E SISTEMA CONSTRUTIVO CONVENCIONAL PARA RESIDÊNCIAS
UNIFAMILIARES

Tubarão
2020
IANCA CESCA CORREA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS MONOLÍTICOS EM PAINÉIS EPS


E SISTEMA CONSTRUTIVO CONVENCIONAL PARA RESIDÊNCIAS
UNIFAMILIARES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito parcial
à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientadora: Prof. Beatriz Anselmo Pereira

Tubarão
2020
IANCA CESCA CORREA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS MONOLÍTICOS EM PAINÉIS EPS


E SISTEMA CONSTRUTIVO CONVENCIONAL PARA RESIDÊNCIAS
UNIFAMILIARES

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Engenheiro Civil e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Engenharia Civil da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 23 de novembro de 2020.

______________________________________________________
Professora e orientadora Beatriz Anselmo Pereira, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Professora Lucimara Aparecida Schambeck Andrade, Ms
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Professor Rennan Medeiros da Silva, Ms
Universidade do Sul de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais e à minha irmã, que sempre
estiveram ao meu lado durante todo o ciclo da minha faculdade. Mesmo nos momentos mais
difíceis, eles me deram todo o apoio, carinho e conversas que me agregaram demais. Também
quero agradecer a minha orientadora, Beatriz, que me ajudou a buscar sempre o meu melhor
em cada detalhe desse trabalho, com suas dicas, correções e sempre melhorando e agregando
mais ao estudo realizado. E por fim, quero agradecer a Deus, que sempre esteve ao meu lado
em toda a minha trajetória, e no que estará por vir ainda.
RESUMO

A necessidade em buscar novos métodos que atendessem a demanda e competitividade na


construção civil fez com que surgissem novas formas de trabalho e com diferentes materiais.
Partindo desse princípio, o trabalho tem o intuito de comparar o sistema convencional com o
sistema de painéis monolíticos, assim, com base na revisão de literatura e através de uma
comparação orçamentária realizada, foi possível elaborar um quadro comparativo entre os
métodos, que traz a análise de cada sistema para as seguintes características: custo, resistência
ao fogo, isolamento acústico e térmico, tempo de trabalho, desperdício de materiais, como
funciona o mercado de trabalho e por fim, a sustentabilidade. Portanto, com os estudos
realizados, pôde-se concluir que o sistema de painéis monolíticos apresenta melhores resultados
nas questões de economia, sustentabilidade, agilidade, logística e conforto dos clientes, se
tornando, portanto, o melhor sistema em comparação ao sistema convencional.

Palavras-chave: Painéis Monolíticos. Sistema Convencional. Construção Civil.


ABSTRACT

The need to search for new methods that would meet the demand and alternative in civil
construction led to the emergence of new forms of work and with different materials. Based on
this principle, the work aims to compare the conventional system with the monolithic panel
system, thus, based on the literature review and through a budget comparison made, a
comparative table between the methods was elaborated, which brings the analysis of each
system for the following characteristics: cost, fire resistance, acoustic and thermal insulation,
working time, waste of materials, how the labor market works and, finally, sustainability.
Therefore, with the studies carried out, it was possible to surpass that the system of monolithic
panels presents the best results in matters of economy, sustainability, agility, logistics and
customer comfort, becoming, therefore, the best system in comparison to the conventional
system.

Keywords: Monolithic System. Conventional System. Civil Construction.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Sistema de painéis monolíticos ................................................................................ 17


Figura 2 - Comparativo de esferas EPS, antes e depois da expansão ....................................... 19
Figura 3 - Fundação radier com arranques definidos ............................................................... 21
Figura 4 - Montagem dos painéis em EPS ............................................................................... 21
Figura 5 – (a) Montagem Escadaria em EPS e (b) Montagem Laje em EPS ........................... 22
Figura 6 - Uso de grampeador para amarração de arranque ao painel monolítico ................... 22
Figura 7 - Montagem de réguas e escoras em painéis monolíticos .......................................... 22
Figura 8 - (a) Reforço em L e (b) Armadura de reforço em L ................................................. 23
Figura 9 - (a) Reforço em U e (b) Armadura de reforço em U................................................. 24
Figura 10 - (a) Reforço tipo "liso" e (b) Armadura de reforço tipo "liso" ................................ 24
Figura 11 - Marcação para passagem de tubulação em EPS .................................................... 25
Figura 12 - Tubulações hidráulicas e elétricas instaladas em painel monolítico ...................... 25
Figura 13 - Instalação de dutos elétricos em painéis de EPS com duas camadas de revestimento
.................................................................................................................................................. 26
Figura 14 - Aplicação de chapisco em paredes de EPS ............................................................ 26
Figura 15 - (a) Bloco cerâmico com furos na horizontal e (b) Bloco cerâmico com furos na
vertical ...................................................................................................................................... 29
Figura 16 - Processo de locação da obra .................................................................................. 31
Figura 17 - Abertura de valas e confecção de fôrmas de vigas de baldrame ........................... 31
Figura 18 - Vigas de baldrame impermeabilizadas .................................................................. 31
Figura 19 - Esquema geral de distribuição de cargas nas estruturas ........................................ 32
Figura 20 - Concretagem de pilar ............................................................................................. 33
Figura 21 - Marcação da primeira fiada de blocos ................................................................... 34
Figura 22 - Execução de alvenaria de vedação......................................................................... 34
Figura 23 - (a) Rasgo para instalação hidráulica e (b) Rasgo para instalação elétrica ............. 35
Figura 24 - Camadas de revestimento argamassado ................................................................. 35
Figura 25 - Etapas para o desenvolvimento do estudo ............................................................. 37
Figura 26 -Questionário aos estudantes sobre conhecimento do sistema monolítico .............. 41
Figura 27 - Questionário aos estudantes sobre características do sistema monolítico ............. 42
Figura 28 - Questionário aos alunos sobre custos do sistema monolítico ................................ 42
Figura 29 - Planta baixa da residência ...................................................................................... 43
Figura 30- Projeto 3D da residência ......................................................................................... 44
Figura 31 - Resultado de custos entre o método convencional e o monolítico ........................ 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo de custos entre sistemas construtivos ................................................ 45


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Questionário aplicado aos alunos. .......................................................................... 38


Quadro 2 - Comparativo entre sistema monolítico e convencional.......................................... 47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices para a Construção Civil


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 15
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 16
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 16
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 17
2.1 SISTEMA MONOLÍTICO .............................................................................................. 17
2.1.1 Materiais ...................................................................................................................... 18
2.1.1.1 Poliestireno expandido (EPS) ..................................................................................... 18
2.1.1.2 Tela soldada de aço e conectores................................................................................ 19
2.1.2 Sistema Construtivo Painéis Monolíticos .................................................................. 19
2.1.2.1 Gerenciamento de projeto........................................................................................... 19
2.1.2.2 Fundação..................................................................................................................... 20
2.1.2.3 Estrutura ..................................................................................................................... 21
2.1.2.3.1 Malhas de reforço...................................................................................................... 23
2.1.2.4 Instalações .................................................................................................................. 24
2.1.2.5 Revestimento e acabamento ....................................................................................... 26
2.1.3 Sustentabilidade .......................................................................................................... 27
2.2 SISTEMA CONVENCIONAL ........................................................................................ 28
2.2.1 Materiais ...................................................................................................................... 28
2.2.1.1 Bloco Cerâmico .......................................................................................................... 28
2.2.1.2 Argamassa de assentamento ....................................................................................... 29
2.3 SISTEMA CONSTRUTIVO CONVENCIONAL .......................................................... 30
2.3.1 Fundação ...................................................................................................................... 30
2.3.2 Estrutura ...................................................................................................................... 32
2.3.3 Alvenaria ...................................................................................................................... 33
2.3.4 Instalações Complementares ...................................................................................... 34
2.3.5 Revestimento e Acabamento ...................................................................................... 35
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 37
3.1 ETAPA 1 .......................................................................................................................... 37
3.2 ETAPA 2 .......................................................................................................................... 38
3.3 ETAPA 3 .......................................................................................................................... 39
3.4 ETAPA 4 .......................................................................................................................... 39
4 RESULTADOS ................................................................................................................. 40
4.1 RESULTADO DE PESQUISA ....................................................................................... 40
4.2 RESIDÊNCIA ESTUDADA ........................................................................................... 43
4.2.1 Orçamento.................................................................................................................... 44
4.3 COMPARATIVO DOS SISTEMAS ............................................................................... 46
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 51
15

1 INTRODUÇÃO

O crescimento industrial acelerado e descontrolado em séculos passados resultou


em grandes problemas sociais e ambientais afetando até nos dias de hoje cada passo e atividade
das construções. Afinal, a construção civil precisou estar alinhada e buscar inovações que
acompanhassem todo esse processo. Esse crescimento acelerado teve a necessidade de construir
mais casas, prédios, organizar as cidades para acolher essa demanda de trabalhadores e por fim,
aumentou os índices de poluição e resíduos (HEISE, 2004).
No Brasil a construção civil ainda é considerada atrasada em comparação ao
mundo, portanto nesse estudo será explorado um novo método construtivo sustentável e
comparado com o sistema de alvenaria convencional.
Partindo da necessidade de uma estrutura que apresentasse isolamento acústico,
térmico (para suportar os invernos rigorosos) e principalmente que atendesse a elevada
propensão de abalos sísmicos, uma empresa italiana em meados de 1985, desenvolveu um novo
método construtivo, o Monolite. O mecanismo criado constitui de duas placas de poliestireno
expandido (EPS), mais conhecido como isopor, sobreposto por malhas de aço leve e com
elevada resistência, unidas por barras de aço e finalizadas com argamassa estrutural despejadas
através de um jato (TREVEJO, 2018).
Segundo Fuhr (2017) é indispensável fazer uma análise do custo do sistema quando
ele promete sustentabilidade e um bom desempenho. Ainda conforme o autor, as vedações
verticais representam 45% do custo total de um empreendimento, portanto, é de extrema
importância o conhecimento de valores de cada material que será utilizado para então fazer a
melhor escolha. Com isso, neste trabalho serão estudadas as placas de painéis monolíticas em
EPS em construções residenciais de um ou mais pavimentos.
Esse novo método construtivo está ganhando cada vez mais espaço no mercado da
construção, com qualidades vantajosas sobre o método de alvenaria convencional e trazendo
grandes resultados em relação à sustentabilidade. Um dos grandes problemas da construção
civil é a geração de resíduos, e como tais resíduos podem ser reutilizados, portanto, é nesse
aspecto que o monolítico ganha ao ser comparado com a alvenaria, pois é uma construção muito
mais limpa, ágil e possui baixo custo de execução (BERTOLDI, 2007).
16

1.1 JUSTIFICATIVA

Conforme visto, houve um crescimento industrial que fez com que a construção
civil também tivesse um crescimento acelerado, e fosse em busca de inovações para seu setor.
Isto aliado ao fato de que o Brasil é considerado um país atrasado em relação a este setor e suas
inovações, possibilitou este estudo.
Conforme Facco (2014), industrializar a construção civil irá possibilitar aumentar
tanto a produção quanto a qualidade das obras. Uma vez que estes sistemas industrializados
fornecem praticidade e rapidez para a construção, o que hoje em dia, tem sido muito valorizado,
já que o tempo é um recurso escasso.
Com isso, esse trabalho buscou mostrar a diferença entre o método construtivo
monolítico e o sistema convencional, destacando suas características e as melhorias que tem
para a construção civil e também para a preservação do planeta. Assim, elege-se a seguinte
questão de pesquisa: O sistema construtivo com painéis monolíticos é mais vantajoso, em
relação ao custo e benefícios, do que o sistema convencional de construção?

1.2 OBJETIVOS

Para execução deste trabalho foram listados os objetivos gerais e específicos.

1.2.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise comparativa dos painéis
monolíticos em EPS e da vedação vertical com o sistema construtivo convencional.

1.2.2 Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral foram elencados os seguintes objetivos específicos:


 Estudar o sistema construtivo monolítico em EPS;
 Avaliar o conhecimento dos alunos do curso de Engenharia Civil sobre o
sistema construtivo monolítico;
 Determinar as vantagens do sistema construtivo monolítico;
 Comparar os dois métodos construtivos em relação as características dos
materiais utilizados, custos e sustentabilidade.
17

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo serão apresentados o método construtivo convencional de alvenaria


e um método pouco conhecido e usado: painéis monolíticos em EPS. Baseando-se em artigos,
livros, normas especializadas sobre o assunto, será realizado uma comparação entre os dois
métodos mostrando as vantagens e desvantagens de cada uso e ressaltando o custo para cada
escolha.

2.1 SISTEMA MONOLÍTICO

Conforme apresentado, o Sistema Monolítico surgiu no início dos anos oitenta na


Itália. Este sistema trouxe inovações ao setor tradicional da Construção Civil, uma vez que fez
uso de painéis sanduíche como vedação da estrutura. O Sistema Monolítico é composto por
painéis de poliestireno expandido e telas de aço. Nesses painéis é aplicada uma camada de
argamassa ou concreto, que faz a finalização do sistema construtivo (BERTOLDI, 2007).
Fernandes et al. (2019) afirmam que no Brasil este método construtivo chegou
apenas nos anos noventa. Assim, para sua regularização, o sistema foi testado pelo Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) – instituição que favorece o desenvolvimento do País, e
reconhecido pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). A figura 1 apresenta
o sistema de construção utilizando tal técnica, assim, é possível observar que esta construção
consiste em uso de EPS, malhas de aço e argamassa, conforme citado anteriormente.
Figura 1 - Sistema de painéis monolíticos

Fonte: Construção com EPS (2020)


18

Conforme Tecnocell (2008), esse processo construtivo, também denominado de


sistema Monolite, traz um grande diferencial das outras soluções construtivas, que é seu peso.
O painel utilizado nessa técnica é muito leve, a empresa afirma que paredes simples
autoportantes pesam entre 2,5 a 4 kg/m². Além disso, de acordo com Trevejo (2018),
considerando uma parede de 15cm, o m² do painel monolítico finalizado chega a pesar 120kg.

2.1.1 Materiais

Neste item serão apresentados os materiais principais utilizados no sistema de


construção Monolítico em EPS.

2.1.1.1 Poliestireno expandido (EPS)

Em 1949 na Alemanha, os químicos Fritz Stastny e Karl Buchholz realizaram


alguns experimentos onde descobriram um novo tipo de material, o poliestireno expandido. No
Brasil surgiu em 1998 com a chegada da empresa Knauf Isopor®, no qual virou uma marca
comumente conhecida como isopor. Hoje o produto atende diversos setores, como automotivo,
saúde, eletrodoméstico e a construção civil, essa, garantindo melhores soluções para a área
(Mundo do Isopor, 2020).
Segundo Mundo do Isopor (2020) a composição química é obtida de polímeros e
monômeros de estireno em água, derivado do petróleo e quando combinados ao gás pentano o
material expande-se. Antigamente, o gás usado era o clorofluorcarboneto, mais conhecido como
CFC, um material a base de carbono e que hoje é proibido em vários países, por afetar a camada
de ozônio. Já o pentano não implica o meio ambiente, deteriora-se rapidamente através da
reação fotoquímico gerada pelos raios solares (ABRAPEX, 2020).
Outro ponto importante é que o material plástico que compõe o EPS possui
facilidade em pegar fogo, por esse motivo são utilizados aditivos, ainda no período de
polimerização, que retardam ou inibem a propagação do fogo no material (ALVES,2015).
O autor supracitado ainda afirma que as esferas de poliestireno expandido possuem
formato esférico de 3 milímetros de diâmetro. Para chegar ao resultado final em formato de
blocos ou painéis de EPS, o material é submetido ao vapor saturado podendo chegar a um
aumento de 20 a 50 vezes ao tamanho inicial, conforme a figura 2.
19

Figura 2 - Comparativo de esferas EPS, antes e depois da expansão

Fonte: ACEPE (2020)

Após a infiltração nos moldes, é realizado a etapa de finalização, onde as peças são
novamente expostas ao vapor, fundindo-se o material e dessa forma moldando, atendendo ao
produto desejado (Mundo do Isopor, 2020).

2.1.1.2 Tela soldada de aço e conectores

Este sistema construtivo utiliza em seus painéis telas metálicas. Este componente é
produzido com aço de alta resistência, podendo ser de diferentes tipos, conforme necessidade.
Assim, podem ser do tipo comum, zincado, galvanizado a quente ou inoxidável. Ainda, o autor
estabelece que a “[...] tensão última superiores a 600 MPa, com limite de 20 escoamento, fyk >
600 N/mm2 e limite de ruptura, ftk > 680 N/mm2” (BERTOLDI, 2007, p. 19).

2.1.2 Sistema Construtivo Painéis Monolíticos

As etapas do sistema construtivo de painéis monolíticos em EPS para vedação


vertical consiste da seguinte forma:
a) Gerenciamento do projeto;
b) Fundação;
c) Estrutura;
d) Instalações;
e) Revestimento e acabamento.

2.1.2.1 Gerenciamento de projeto

Em qualquer sistema construtivo deve-se realizar um levantamento de informações


e analisar o local que será construído para posteriormente iniciar a elaboração do projeto.
20

Segundo Trevejo (2018), o projeto possibilita a fabricação exata dos produtos utilizados,
aumento da produtividade e uma maior racionalização e planejamento da aplicação do sistema.
“O sistema monolítico para painéis em EPS permite bastante flexibilidade de
projeto e atende todos os requisitos arquitetônicos e de instalações como nos métodos
convencionais de construção” (DUARTE; CARNEIRO, 2015, p. 10). Ainda de acordo com o
autor, em painéis com função estrutural segue uma limitação de no máximo três pavimentos,
para a produção de mais andares é realizado a troca de painéis simples por painéis duplos, e
dessa forma, diminuindo a abertura da malha e aumentando o diâmetro do aço, seguindo o
dimensionamento de um engenheiro (DUARTE; CARNEIRO, 2015).

2.1.2.2 Fundação

O sistema reside de uma estrutura leve se comparado ao sistema convencional, com


isso, resulta em uma economia da armadura utilizada. A fundação pelo método de painéis em
EPS é considerado de caráter simples, podendo ser aplicado as sapatas corridas ou radier,
mediante ao projeto estrutural definido pelo engenheiro (DUARTE; CARNEIRO, 2015).
Ainda segundo o autor, pode haver alguns casos especiais de fundações que por
conta de condições do terreno ou do projeto arquitetônico, o uso desse modelo não seja
suficiente, havendo necessidade de análise para outro tipo de fundação.
Conforme Trevejo (2018), após as fundações realizadas e estarem de acordo com o
cálculo estrutural e sistema de esgoto pronto, deve-se seguir o seguinte roteiro:
 Fixar os arranques de aço 5mm acima do piso com 30cm de altura;
 Alinhar os arranques através do gabarito da obra;
 Acomodar os arranques para uma distância igual ou superior a 20cm;
 Em seguida iniciar a disposição dos painéis monolíticos.
Vale destacar que os arranques são indispensáveis para o sistema construtivo, já
que serão eles encarregados de fazer a ligação entre a parede e a fundação (BERTOLDI, 2007).
A figura 3 mostra a fundação do tipo radier concretada e finalizada com arranques
fixados e dispostos conforme as normas preestabelecidas.
21

Figura 3 - Fundação radier com arranques definidos

Fonte: Trevejo (2018)

De acordo com Bertoldi (2007), os arranques são indispensáveis para esse sistema
construtivo, já que são os responsáveis pela continuidade estrutural entre parede e fundação.

2.1.2.3 Estrutura

Nesse estágio da obra são instalados os painéis em EPS, de forma vertical e podendo
ser realizado apenas por uma pessoa, de maneira simples e rápida, conforme a figura 4. Os
painéis podem desempenhar função autoportante, ou seja, atuam como estrutura da edificação,
recebendo as cargas e distribuindo de forma uniforme para a fundação (DUARTE;
CARNEIRO, 2015).
Figura 4 - Montagem dos painéis em EPS

Fonte: Trevejo (2018)

De acordo com Bertoldi (2007) a montagem dos painéis em EPS não tem
necessidade de mão de obra especializada ou o uso de gruas e guinchos para disposição dos
painéis na obra. Conforme ilustrado na figura 5a e 5b observa-se a facilidade de manuseio e
execução na montagem de escadas e lajes, assim como os painéis nas verticais.
22

Figura 5 – (a) Montagem Escadaria em EPS e (b) Montagem Laje em EPS

Fonte: Bertoldi (2007)

Conforme Duarte e Carneiro (2015) os painéis devem ser posicionados aos


arranques que estão pré-fixados no gabarito da obra. Posteriormente com a ajuda de um
grampeador, prende-se as malhas aos painéis de aço CA-60 e assim, os painéis são amarrados
nos arranques, conforme a figura 6.
Figura 6 - Uso de grampeador para amarração de arranque ao painel monolítico

Fonte: Trevejo (2018)

Depois de toda a amarração, o próximo passo é o alinhamento dos painéis e a


verificação do prumo. Segundo Trevejo (2018) é necessário colocar réguas de alumínio a uma
altura de 2 metros em relação ao piso, fixando-as horizontalmente. Em seguida, coloca-se as
escoras na diagonal e perpendicular às réguas de alumínio, seguindo um espaçamento de quatro
a cinco metros, conforme a figura 7 (DUARTE; CARNEIRO, 2015).
Figura 7 - Montagem de réguas e escoras em painéis monolíticos

Fonte: Alves (2015)

Segundo Bertoldi (2007), após a devida montagem dos painéis e das escoras, é
fundamental colocar telas de aço da mesma malha dos painéis em pontos específicos, como
23

cantos e encontros com cantoneiras para garantir o devido reforço necessário, e dessa forma,
tornando a estrutura metálica contínua.

2.1.2.3.1 Malhas de reforço

São utilizadas em ambientes que exigem um esforço maior da armadura, como em


vértices de vãos de portas e janelas, passagem de ar condicionado e encontro de placas
perpendiculares (DUARTE; CARNEIRO, 2015). Ademais, existem três modelos principais:
Tipo L, tipo U e tipo liso.
A malha tipo L é utilizada no encontro de dois painéis perpendiculares (Figura 8a
e 8b). Dessa forma, adequa-se como cantoneira tanto do lado externo quanto interno.
Figura 8 - (a) Reforço em L e (b) Armadura de reforço em L

Fonte: (a) Trevejo (2018); (b) Duarte e Carneiro (2015)

Já a malha tipo U é usada para reforçar vãos de portas de janelas, realizando a


função de verga e contra verga, de acordo com a figura 9a e 9b.
24

Figura 9 - (a) Reforço em U e (b) Armadura de reforço em U

Fonte: (a) Trevejo (2018); (b) Duarte e Carneiro (2015)

O tipo liso tem função de reforçar cantos de portas e janelas quando há muitos
esforços naquela região (Figura 10a e 10b).
Figura 10 - (a) Reforço tipo "liso" e (b) Armadura de reforço tipo "liso"

Fonte: Trevejo (2018)

Esse reforço tipo liso evita o surgimento de fissuras e trincas, e também é usado em
passagens de tubulações para o fim de fechamento de recortes (DUARTE; CARNEIRO, 2015).

2.1.2.4 Instalações

As instalações, de forma geral, em painéis monolíticos não mudam muito em


relação ao método convencional. No sistema Monolite, o método construtivo se torna mais
simples por não haver necessidade de quebrar paredes, dessa forma, é desenhado o percurso
das instalações no painel de EPS com um spray ou pincel, conforme a figura 11 (TREVEJO,
2018).
25

Figura 11 - Marcação para passagem de tubulação em EPS

Fonte: Duarte e Carneiro (2015)

Posteriormente à demarcação, é realizado a abertura no painel com uma pistola de


ar quente para a passagem da tubulação. De acordo com Trevejo (2018), a tubulação deve ser
passada por trás da malha de aço para então finalizar essa etapa e seguir com o revestimento,
conforme a figura 12.
Figura 12 - Tubulações hidráulicas e elétricas instaladas em painel monolítico

Fonte: Trevejo (2018)


É importante ressaltar que é permitido cortar a tela de aço em casos de tubulações
rígidas ou semirrígidas, quando necessário o uso do método. Dessa forma, o procedimento é
realizado com um alicate e finalizado com o fechamento da mesma. Ademais, essa técnica não
interfere na estrutura, pelo fato de ocupar uma pequena área no interior do painel (DUARTE;
CARNEIRO, 2015).
Ainda, de acordo com Duarte e Carneiro (2015), em casos que seja necessária a
manutenção das instalações hidráulicas, será realizado a quebra das duas camadas de
revestimento, conforme a figura 13. Após o reparo é fechado novamente, assim como no
sistema de alvenaria convencional.
26

Figura 13 - Instalação de dutos elétricos em painéis de EPS com duas camadas de revestimento

Fonte: Duarte e Carneiro (2015)


Conforme Bertoldi (2007) deve-se haver cuidado em relação aos posicionamentos
das caixas de passagem e saídas de hidráulica para que fiquem reguladas e no mesmo plano,
evitando pontos sem EPS. Dessa forma, não acarretará em problemas com espessura na
finalização do revestimento (ALVES, 2015).

2.1.2.5 Revestimento e acabamento

De acordo com Alves (2015) o revestimento é realizado com duas camadas de


argamassa, que deve ser definido desde o projeto. A primeira aplicação é o chapisco, que tem
a função de preencher a superfície do painel, e deve-se ter o cuidado de nivelamento nos dois
lados, para que não ocorra diferença de um lado em relação ao outro, conforme a figura 14.
Portanto, a argamassa deve estar alinhada à tela de aço para que não ocasione a retração da
mesma.
Figura 14 - Aplicação de chapisco em paredes de EPS

Fonte: Duarte e Carneiro (2015)


27

A segunda camada de argamassa segue a mesma regra de aplicação da primeira até


atingir a espessura que deve ser indicada no projeto, e então, será desempenada para
acabamento (DUARTE; CARNEIRO,2015).

2.1.3 Sustentabilidade

O setor da construção civil possui uma forte atuação nos objetivos globais de
desenvolvimento sustentável. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2020a) a
construção é um grande consumidor de recursos naturais, energia, poluição e geração de
resíduos, sendo esses sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que cerca de 35% dos recursos
naturais totais são destinados à construção civil, e que 50% de resíduos sólidos são provenientes
da mesma. Dessa forma, os pontos analisados sintetizam uma união da construção com o meio
ambiente.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2020a), a busca por
empreendimentos sustentáveis cresce gradativamente. Com finalidade de minimizar os efeitos
causados pela construção, nasce o paradigma de construções sustentáveis e algumas propostas
para a melhoria das construções, como:
 Partindo dos projetos, uma ótima mudança seria torná-los mais adaptáveis
e fáceis para que a menor quantidade possível de resíduos em uma futura
modificação seja desperdiçada;
 Utilização de materiais sustentáveis;
 Incentivar o interesse e a procura por energias renováveis.
Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, mais conhecida como ECO-92, criou um programa abrangendo 179 países
com foco no desenvolvimento sustentável da construção (BRASIL, 2020b). O documento
lançado ficou conhecido como Agenda 21. O termo usado teve o propósito de enfatizar uma
mudança na construção e no meio ambiente para o século XXI, sendo uma ferramenta criada
para planejamento, projeto e execução de construção de empreendimentos sustentáveis
(CONTO, OLIVEIRA, RUPPENTHAL, 2012).
Segundo a Tecnocell (2008), as esferas são compostas de até 98% de ar e 2% de
poliestireno. Por essa razão, o EPS se torna um material inodoro, que não contamina o solo, a
água e o ar. Dessa forma, atendendo às regulamentações governamentais de segurança e saúde.
Ademais, o poliestireno expandido é um material 100% reaproveitável, fácil de reciclar e
28

consegue voltar a matéria-prima, tornando-se um dos elementos mais ecológicos e menos


prejudiciais ao meio ambiente (TREVEJO, 2018).
Com todas essas características e a atual exigência do mercado, fez com que o
sistema de painéis monolíticos seja muito mais favorável para o tema discutido. Além de ser
um material reaproveitável, os painéis em EPS revelam qualidades como: conforto
termoacústico, impermeabilização, alta resistência, facilidade do transporte de carga, fácil
manuseio e uma ótima qualidade de material (MAZUCO; LIMA, 2018).

2.2 SISTEMA CONVENCIONAL

Segundo Kato (2002), na construção civil o tijolo é o produto manufaturado mais


antigo e mais usado até hoje. A vedação feita com tijolo por tijolo, revestimentos argamassados
e estrutura de concreto armado não deixou de ser o principal método de construção,
principalmente no Brasil. Nesse modelo construtivo os esforços são subdivididos para os
pilares, vigas, lajes e então direcionado para a fundação, dessa forma a vedação serve apenas
como um componente para preencher os espaços vazios (TREVEJO,2018).
O sistema construtivo convencional ainda é o mais realizado pelo fato de
disponibilizar mão de obra consideravelmente barata e mais comum, sem necessidade de
qualificação. Também possui facilidade da execução de reformas e mudanças em projeto, e por
suportar grandes vãos. Porém, há suas desvantagens, como maior tempo de execução e ao fim
da obra gera maior custo, mas a principal reclamação é a grande produção de resíduos
(ESCOLA ENGENHARIA, 2020).

2.2.1 Materiais

Neste item serão apresentados os materiais mais utilizados para a vedação no


método de construção convencional, também conhecido como método de alvenaria de vedação.

2.2.1.1 Bloco Cerâmico

A história dos blocos cerâmicos vem desde a época de Cristo, quando se viu a
necessidade de mudar o método construtivo que era por meio da utilização de pedras. Segundo
Kato (2002), duas circunstâncias levaram a escolha desse material: a facilidade em conseguir o
produto e a sua alta demanda.
29

Para chegar ao seu estado final, conforme a figuras 15a e 15b, os blocos cerâmicos
passam por um processo de transformação, onde a temperatura pode variar de 900°C a 1100°C,
possuindo como matéria prima a argila (ALMEIDA,2012).
Figura 15 - (a) Bloco cerâmico com furos na horizontal e (b) Bloco cerâmico com furos na
vertical

Fonte: NBR 15270 (2005)


De acordo com a NBR 15270 (ABNT, 2017), os blocos cerâmicos fazem parte da
vedação de estruturas tanto externas como internas. Este material tem como função principal
separar e vedar os ambientes, mas também exerce o papel de resistir aos esforços
proporcionados pelo próprio peso da vedação.

2.2.1.2 Argamassa de assentamento

Algumas argamassas estão disponíveis no mercado da construção civil, uma delas


é a argamassa de cimento, utilizada em alvenarias de alicerces, chapiscos e em revestimentos
onde se necessita impermeabilização. Já as argamassas de cal são usadas para emboço, reboco
e alvenaria de vedação. E por fim, as argamassas mistas, aplicadas em alvenaria estrutural,
vedações, contrapisos, assentamento de revestimentos cerâmicos, entre outras aplicações que
podem ser destinadas (TREVEJO, 2018).
De acordo com Mota (2006), a argamassa mista é a mais aplicada e recomendada
em vedações com blocos cerâmicos pelos seguintes motivos: plasticidade, retenção de água,
aumento na resistência, elasticidade e acabamento regular. Ademais, as argamassas mistas são
compostas por areia, cimento, cal e água, geralmente em uma proporção de 1:2:8.
Segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005), a argamassa tem a opção de ser preparada
na obra ou industrializada e deve seguir todas as determinações estabelecidas pela norma e pelo
projetista.
30

2.3 SISTEMA CONSTRUTIVO CONVENCIONAL

As etapas do sistema construtivo convencional com uso de vedação vertical com


blocos cerâmicos consistem em:
a) Fundação;
b) Estrutura;
c) Alvenaria;
d) Instalações Complementares;
e) Revestimento e Acabamento.

2.3.1 Fundação

Na engenharia, fundação é o termo usado para as estruturas encarregadas de


transmitir toda a carga da construção ao solo. Com isso, o tipo de fundação mais apropriado
para a obra deve ser determinado a partir da carga do edifício, tipo de solo onde vai ser
construído, a profundidade do lençol freático, entre outras condições que devem ser analisadas
(M²OBRAS, 2020).
Ainda conforme o autor, os sistemas mais utilizados para fundação são: vigas de
baldrame – realizadas com aço e envolvido com concreto, de aproximadamente 0,20 x 0,20 cm,
e são executadas nos locais onde irão subir as paredes, já que a mesma ajuda a evitar futuras
fissurações, estacas ou furos – são alguns buracos realizados no solo, em casos de a fundação
ser mais profunda, sendo localizados nos cantos das vigas de baldrame. E por fim, o terceiro
sistema mais usado na construção, as sapatas, executada em locais planejados, e realizada em
edificações com maior número de pavimentos.
Tendo como exemplo as vigas de baldrame, o primeiro passo para a execução da
fundação é realizar a locação de projeto, posteriormente, executa-se a marcação do alinhamento
do terreno, e então, é iniciada a montagem do gabarito de acordo com a planta, conforme a
figura 16 (TREVEJO, 2018).
31

Figura 16 - Processo de locação da obra

Fonte: ConstruFácilRJ (2020)

Com a locação pronta inicia-se as vigas de baldrame, realizando a abertura de valas


no terreno, juntamente com a abertura de furos das estacas. Paralelamente, as fôrmas das vigas
e as armaduras já devem estar prontas no local para em seguida serem devidamente
posicionadas (CONSTRUFÁCILRJ, 2020). Após todo esse processo de locação, fôrma,
armadura e conferência é finalizado com a concretagem das peças, conforme a figura 17.
Figura 17 - Abertura de valas e confecção de fôrmas de vigas de baldrame

Fonte: Autora (2020)


Em seguida à cura do concreto, é realizada a impermeabilização do mesmo, de
acordo com a figura 18.
Figura 18 - Vigas de baldrame impermeabilizadas

Fonte: Trevejo (2018)


32

Dessa forma, impedindo que a umidade do solo chegue até os pilares, lajes e
paredes, através do processo de capilaridade (TREVEJO,2018).

2.3.2 Estrutura

A estrutura de uma edificação é composta por três elementos: vigas, pilares e lajes
e tem como responsabilidade resistir às cargas impostas sobre eles, conforme a figura 19
(GARCIA, 2009).
Cada viga é dimensionada para sustentar as cargas recebidas das lajes e então,
distribuir para os pilares até chegar à fundação, com isso, é necessário um engenheiro
capacitado para o desenvolvimento do projeto e cálculo de dimensionamento. Ainda conforme
o autor, normalmente os pilares são posicionados no encontro das paredes, ou no meio quando
o vão for superior a 4 metros, possuindo na maioria das vezes a mesma largura da parede sem
o revestimento, portanto, dessa maneira, não fica aparente na finalização da edificação
(PRACONSTRUIR, 2020).
Figura 19 - Esquema geral de distribuição de cargas nas estruturas

Fonte: Mathias (2020)


Primeiro realiza-se a armadura in loco, então, devidamente posicionada e amarrada
aos arranques (que devem ser deixados já na fundação para dar continuidade na ligação entre
as estruturas), é colocado as fôrmas em volta do pilar, e por fim, com a peça toda verificada, é
realizado a concretagem, conforme a figura 20.
33

Figura 20 - Concretagem de pilar

Fonte: Autora (2020)


Portanto, para as vigas e lajes, o processo segue o mesmo, é confeccionado a
armadura, posicionados, realizado as fôrmas e logo em seguida concretado as peças
(TREVEJO,2018).

2.3.3 Alvenaria

A alvenaria de vedação é o sistema mais utilizado no país, com isso, é importante


ressaltar que as argamassas de assentamento de blocos para vedação devem seguir as
recomendações específicas do engenheiro projetista (IBDA, 2020).
Segundo Trevejo (2018) o processo de alvenaria é iniciado pela marcação, que é
definido pela primeira carreira de blocos cerâmicos sobre a viga de baldrame, conforme a figura
21. Sendo essa, a determinante do posicionamento da vedação, porém sem o uso de argamassa
ainda. Esse processo inicial evita que pedaços de blocos sejam utilizados no meio de uma
parede, pois isso pode provocar futuramente fissuras e trincas.
Após a modulação, então inicia-se o assentamento da primeira camada de blocos,
começando pelos cantos e assim seguindo o projeto. Em seguida, é verificado o prumo, nível e
o alinhamento, e se tudo estiver correto, segue para o restante da vedação (TREVEJO, 2018).
34

Figura 21 - Marcação da primeira fiada de blocos

Fonte: Santos (2013)


De acordo com Santos (2013) as fiadas são colocadas uma sobre as outras de modo que os
blocos na vertical estejam descontínuos, assim, garantindo as juntas de amarração. Ainda
conforme o autor, é recomendado iniciar pelos cantos da parede e fazer a utilização do
escantilhão, para então garantir o prumo e alinhamento da alvenaria, conforme a figura 22.
Figura 22 - Execução de alvenaria de vedação

Fonte: Santos (2013)


Ademais, a conferência deve ser realizada a cada 3 ou 4 fiadas no máximo para
garantir o nivelamento e prumo da parede, e quando atingirem em torno de 1,5m de altura deve-
se disponibilizar andaimes normatizados conforme a NR 18, e assim, prosseguir até chegar à
altura decidida em projeto (TREVEJO, 2018).

2.3.4 Instalações Complementares

Essa fase de instalações é a que mais possui desperdício de resíduos, pois para a
instalação elétrica e hidráulica é necessário quebrar algumas regiões das paredes já
confeccionadas, dessa forma, sendo preciso o preenchimento com argamassa posteriormente,
as ilustrações a seguir (figura 23a e 23b), mostram esse processo (TREVEJO,2018).
35

Figura 23 - (a) Rasgo para instalação hidráulica e (b) Rasgo para instalação elétrica

Fonte: (a) Trevejo (2018); (b) Cardi (2014)

Na figura 23a apresenta o rasgo que é realizado na alvenaria para instalação de


tubulações hidráulicas, já na figura 23b, é mostrado o mesmo rasgo com a argamassa já
colocada, finalizando essa etapa da construção.

2.3.5 Revestimento e Acabamento

O revestimento é determinado por três camadas: chapisco, emboço e o reboco,


conforme a figura 24, sendo executado com colher de pedreiro e despejado manualmente ou
com a ajuda de uma peneira. Dessa forma, primeiro é realizado o chapisco, que tem a função
de deixar a parede com melhor aderência para receber as próximas camadas, por isso, é deixado
a parede áspera e apenas sendo respingado nessa primeira etapa (TREVEJO, 2018).
Figura 24 - Camadas de revestimento argamassado

Fonte: Escola Engenharia (2020)


Em seguida é realizado a segunda etapa, o emboço, onde é iniciada a regularização
da superfície, com a finalidade de aprumar, nivelar e preparar a parede para o assentamento de
revestimentos cerâmicos, corrigindo assim, imperfeições que precisam ser corrigidas ainda
nessa etapa (TREVEJO, 2018).
E por fim, a última camada que deve ser aplicada é o reboco, sendo uma aplicação
mais fina e que deixará a superfície plana e lisa para a execução de trabalhos futuros, como por
exemplo, a pintura. Ainda é necessário seguir algumas indicações para os revestimentos que
36

variam de acordo com o ambiente, sendo assim, em ambientes internos a espessura pode variar
entre 5 mm ≤ e ≤ 20 mm, em ambientes externos: 20 mm ≤ e ≤ 30 mm, já em tetos internos e
externos deve-se seguir a recomendação de espessura ≤ 20 mm (ESCOLA ENGENHARIA,
2020).
37

3 METODOLOGIA

Com base em seus objetivos este trabalho se caracteriza como uma pesquisa
exploratória descritiva. Logo, pode-se dizer que é exploratória pois o levantamento
bibliográfico traz maior familiaridade sobre o assunto abordado. Ainda, é uma pesquisa
descritiva pois tem como objetivo descrever as características principais do método construtivo
em alvenaria convencional e do sistema construtivo com painéis monolíticos (GIL, 2010).
No seguinte trabalho foi analisado e desenvolvido um comparativo entre dois
métodos construtivos que foram divididos em algumas etapas para melhor entendimento do
assunto abordado.
Figura 25 - Etapas para o desenvolvimento do estudo

1 ETAPA Pesquisa com os alunos de Engenharia Civil da Unisul

2 ETAPA Análise de obra em Armazém/SC para estudo do sistema convencional

Comparação de orçamento de custo entre o sistema convencional e o


3 ETAPA
sistema monolítico

4 ETAPA Análise de resultados

Fonte: Autora (2020)

3.1 ETAPA 1

Na primeira etapa foi desenvolvido um questionário fornecido por e-mail aos alunos
do curso de graduação de Engenharia Civil na Universidade do Sul de Santa Catarina –
UNISUL, campus Tubarão/SC. Esta pesquisa foi realizada com o intuito de entender como o
sistema de painéis monolíticos é visto pelos futuros engenheiros. Ou seja, foi possível entender
se estes estudantes possuem conhecimento sobre o assunto, e se utilizariam ou indicariam o
uso. O questionário aplicado com os alunos está apresentado no Quadro 1, a seguir:
38

Quadro 1 - Questionário aplicado aos alunos.


QUESTIONÁRIO
1) Qual semestre você está cursando? ______________
2) Você se interessa por novos métodos construtivos?
( ) SIM ( ) NÃO
3) Você conhece o sistema de painéis monolíticos?
( ) SIM ( ) NÃO
4) Se sim, quais características você acha que melhor descreveria esse método?
( ) CONSTRUÇÃO RÁPIDA
( ) SUSTENTÁVEL
( ) ECONÔMICO
( ) CUSTOS ELEVADOS
( ) MATERIAIS LEVES
5) Se não, saiba um pouco sobre esse sistema de painéis monolíticos.
É um sistema construtivo que utiliza como principal material o EPS (isopor), sendo um
material mais leve e sustentável. Possui na sua composição 98% de ar e apenas 2% de
poliestireno. Apesar da sua leveza, tem grande resistência a impactos e um elevado
isolamento térmico. Por todo o EPS é posicionado malhas de aço e finalizado com o concreto.
Teria interesse em conhecer um pouco do método descrito acima?
( ) SIM ( ) NÃO
6) Você sabe quanto custa o m² da vedação em um sistema de construção convencional?
( )75,00/m² ( ) 110,00/m² ( ) 150/m²

7) E no sistema de painéis monolíticos, quanto você imagina que possa custar a vedação?
( ) 75,00/m² ( ) 90,00/m² ( ) 150,00/m²
8) Com base no seu conhecimento e no que foi descrito anteriormente, você utilizaria e/ou
indicaria este sistema construtivo?
( ) SIM ( ) NÃO
Fonte: Autora (2020)
Com o resultado das respostas foi possível entender quanto os painéis monolíticos
estão disseminados neste grupo, e como este trabalho poderá ajudar estes futuros engenheiros
a entenderem melhor o processo construtivo.

3.2 ETAPA 2

Nessa segunda etapa foi analisado um imóvel residencial de 57m² localizado na


cidade de Armazém/SC, realizado pelo sistema construtivo convencional. A casa analisada
possui dois dormitórios, um banheiro, cozinha e sala integrada, uma varanda nos fundos da casa
que contém juntamente uma lavanderia, pintada toda em branco e detalhes em cinza e na porta
principal em madeira, e possui duas portas de entrada. Além disso, a obra foi realizada com
projetos pré-aprovados por um engenheiro civil que acompanhou todas as etapas da edificação.
39

O intuito de se estudar essa obra é para ter um projeto já aprovado e executado em


alvenaria convencional e comparar seu custo com o orçamento do mesmo projeto executado
com painéis monolíticos.
Portanto, o custo dessa obra em alvenaria convencional foi definido com o auxílio
dos proprietários da obra, que já possuem o orçamento detalhado da mesma. Este orçamento
foi elaborado em 2019 pela empresa responsável pela construção da residência com base nos
valores da tabela SINAPI (Sistema Nacional de Preços e Índices para a Construção Civil) do
referido ano.

3.3 ETAPA 3

Para realizar a terceira etapa desta pesquisa, foi considerado o projeto da residência
analisada na etapa 2, conforme item 3.2. Assim, no sistema construtivo com painéis monolíticos
foi contatado uma empresa que proporcionou os orçamentos da mesma edificação, porém, como
se fosse realizada por esse método.
Com os resultados obtidos nas etapas 2 e 3 foi possível chegar aos orçamentos mais
próximos e corretos possível, o que viabilizou uma justa comparação de ambos os processos
construtivos, podendo comparar além dos valores também as vantagens e desvantagens, com
base no que foi explicado no capítulo 2 deste trabalho.

3.4 ETAPA 4

Na etapa de análise dos resultados foi feita a verificação de tudo que foi realizado
nas etapas anteriores a fim de entender os orçamentos e poder analisá-los e compará-los.
Conforme visto no segundo capítulo deste trabalho, o sistema convencional possui alguns
passos a mais que no sistema monolítico, como por exemplo, a execução de pilares e vigas, e
que levam um pouco mais de mão de obra e uso de materiais que no sistema em EPS, com essas
informações e os orçamentos foi possível determinar os diferenciais de cada método.
Além dessa comparação de orçamentos, foram confrontadas as vantagens e
desvantagens de cada sistema construtivo, possibilitando facilitar uma tomada de decisão mais
acertada, e indo além apenas dos valores.
Ainda, foi considerada a pesquisa realizada na etapa 1 que possui o objetivo de
compreender o conhecimento dos estudantes do curso de Engenharia Civil da Unisul acerca dos
Painéis Monolíticos, conforme já definido no item 3.1.
40

4 RESULTADOS

Com a aplicação deste trabalho, consegue-se demonstrar como funciona um método


pouco conhecido, que é o método de painéis monolíticos e assim, foi realizado a comparação
ao método convencional, que é um processo mais usado. Portanto, o resultado apresentado
desse método novo foi: trazer melhorias para a construção civil tanto em relação aos custos da
obra, como no gerenciamento e tempo final.
Outro resultado obtido com esta pesquisa foi adquirir conhecimento sobre a
inovação tecnológica da construção com o Sistema Monolítico. Ademais, foi repassado esse
conhecimento para os colegas do meio acadêmico, podendo auxiliá-los em suas escolhas
futuras.
Ainda, com o presente trabalho, foi possível trazer a discussão de métodos
construtivos mais ecológicos que o convencional, uma vez que o Sistema Monolítico é um tipo
de construção mais sustentável. Além disso, esse método traz mais inovações e preocupações
com o meio ambiente.

4.1 RESULTADO DE PESQUISA

De acordo com a pesquisa realizada, obteve-se um resultado positivo a respeito do


interesse dos estudantes de engenharia civil da UNISUL em métodos construtivos inovadores.
Conforme a figura 26, o gráfico representa que 100% dos alunos envolvidos (70 participantes)
se interessam em conhecer novos métodos construtivos, e que do total desses alunos, apenas
34,33% tem conhecimento do método de painéis monolíticos.
Além disso, ao final da pesquisa com as informações passadas no questionário, foi
perguntado se os estudantes utilizariam ou indicariam essa construção, com isso, 94,03% dos
entrevistados dizem que sim. Portanto, a pesquisa conseguiu mostrar que os estudantes têm sim
interesse em métodos mais rápidos e inovadores, mostrando-se dispostos a aprender novos
conceitos na engenharia civil, conforme a figura 26.
41

Figura 26 -Questionário aos estudantes sobre conhecimento do sistema monolítico


100% 100% 93,85% 94,03%

80%
65,67%
60%

40% 34,33%

20%
6,15% 5,97%
0%
0%
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Você tem interesse Você conhece o Se não, teria Você
por novos métodos sistema de painéis interesse em utilizaria/indicaria
construtivos? monolíticos? conhecer? esse sistema?
Fonte: Autora (2020)

Na continuidade do questionário, foi perguntado aos alunos que conheciam o


sistema monolítico o que eles esperariam desse método, conforme apresentado na figura 27.
Sendo assim, 91,30% dos estudantes haviam conhecimento que seria uma construção rápida, e
69,57% afirmaram que o método é sustentável. Além disso, 39,13% associaram os painéis à
economia, dessa forma, pode-se constatar que um pouco mais de 1/4 das pessoas vinculam
sistema construtivo inovador a uma construção mais barata. Além de que, 4,35% relataram que
os painéis monolíticos possuem custos elevados, sendo relativamente um resultado bem baixo
e satisfatório para a pesquisa realizada.
Ademais, 73,91% disseram que os painéis monolíticos é um sistema de materiais
leves, isto é positivo para a pesquisa, pois fizeram uma ótima associação do uso do EPS.
42

Figura 27 - Questionário aos estudantes sobre características do sistema monolítico


100% 91,30%

80% 73,91%
69,57%

60%

39,13%
40%

20%
4,35%
0%
Construção Sustentável Econômico Custos Elevados Materiais Leves
Rápida
Se sim, quais características você acha que melhor descreveria esse método?
Fonte: Autora (2020)

Nas questões sobre custos (Figura 28) em relação ao método convencional, 61,19%
tem conhecimento e sabem quanto custa o m² de vedação. No método dos painéis monolíticos
49,25% dos entrevistados assinalaram em um valor aproximado, porém este foi inferior ao valor
real da vedação pronta do painel monolítico, sendo que apenas 34,33% acertaram o valor de R$
90,00/m².
Figura 28 - Questionário aos alunos sobre custos do sistema monolítico
100%

80%
61,19%
60%
49,25%

40% 34,33%
23,88%
20% 14,93% 16,42%

0%
75,00/m² 110,00/m² 150,00/m² 75,00/m² 90,00/m² 150,00/m²
Você sabe quando custa o m² da vedação E no sistema de painéis monolíticos,
do sistema convencional? quando você imagina que custa a
vedação?
Fonte: Autora (2020)

A construção civil entende que a chegada de novos métodos é fundamental e deve


ser atendido à essa novidade. Portanto, ao final com os dados coletados, pode- se constatar que
os estudantes têm interesse em sistemas construtivos mais acessíveis, de qualidade e ágeis e
que buscam melhorias para a construção.
43

4.2 RESIDÊNCIA ESTUDADA

A construção analisada é de uma residência unifamiliar, pavimento térreo,


totalizando 57 m² de área construída, realizada no sistema construtivo convencional, conforme
descrito no item 2.4. Neste item serão apresentadas as imagens em planta baixa e fachada para
melhor entendimento da obra que foi embasada a pesquisa, conforme segue a figura 29.
Figura 29 - Planta baixa da residência

Fonte: Autora (2020)

A residência é composta por dois dormitórios, um banheiro, sala e cozinha


integradas, e uma área de circulação entre os dormitórios. Foi finalizada segundo a figura 30,
com detalhes na porta em madeira, pintada na cor branca e detalhes em cinza.
44

Figura 30- Projeto 3D da residência

Fonte: Autora (2020)

O projeto arquitetônico da residência não precisaria ser alterado para a execução


em painéis monolíticos. De acordo com a empresa que forneceu o orçamento do sistema
monolítico, essa obra de 57 m² seria realizada em 15 dias, com todas as instalações devidamente
realizadas e a obra bruta pronta.

4.2.1 Orçamento

Com base no orçamento realizado para o sistema convencional e para o sistema de


painéis monolíticos descritos no capítulo 3, conseguiu-se chegar ao resultado esperado para a
comparação entre os dois métodos, conforme apresentado na tabela 1, a seguir.
45

Tabela 1 - Comparativo de custos entre sistemas construtivos


COMPARAÇÃO ENTRE SISTEMAS CONSTRUTIVOS
SISTEMA VALOR SISTEMA DE PAINÉIS VALOR
CONVENCIONAL (R$) MONOLÍTICOS (R$)
Estrutura R$23.027,92 Estrutura
Impermeabilização R$140,00 Impermeabilização
Instalação elétrica R$3.746,00 Instalação elétrica
Cobertura R$5.014,37 Cobertura R$50.291,10
Instalação hidráulica R$2.830,00 Instalação hidráulica
ART junto ao CREA R$233,94 ART junto ao CREA
Mão de Obra R$35.000,00 Mão de Obra
PAREDES E PAINÉIS R$10.512,10 MACROPAINEL m² 132 (FOB) * R$11.880,00
TOTAL = R$ 80.504,33 TOTAL* = R$ 69.009,92
*Impostos a incluir aproximadamente 11%
Obra Bruta considerar: Infra-estrutura, supra-estrutura, coberturas, impermeabilizações,
revestimentos internos, forros, revestimentos externos, instalações elétricas, hidráulicas, esgoto e
de águas pluviais.
Fonte: Autora (2020)

No sistema convencional, a casa de 57 m² resultou no valor de R$ 80.504,33,


considerando a obra bruta (estrutura, impermeabilização, instalação elétrica, hidráulica,
cobertura e mão de obra) mais a alvenaria e ART do engenheiro responsável.
Assim, no sistema de painéis monolíticos, foi considerado a obra bruta igual à do
sistema convencional, para que se conseguisse chegar à uma comparação justa. Dessa forma, o
valor resultou num total de R$ 69.009,92, sendo R$ 11.880,00 apenas para os macropainéis,
conforme tabela 1.
Além disso, na figura 31 é demonstrada a variação entre os dois métodos com
relação aos custos, sendo abordados os valores separados por obra bruta e vedação,
constatando-se de que há uma variação de R$ 10.000,00 de um método para outro, sendo a
principal diferença percebida na parte da obra bruta, isto provavelmente é resultado dos dias a
mais que são necessários para a construção, precisando dessa forma de mais mão de obra e
horas trabalhadas. O orçamento de painéis monolíticos não foi fornecido detalhado, ao contrário
do convencional, que se obteve os valores por etapas, dessa forma, não se consegue ter a certeza
de qual etapa exata saiu mais cara.
46

Figura 31 - Resultado de custos entre o método convencional e o monolítico

Fonte: Autora (2020)

Portanto, chega-se à conclusão de que o sistema de painéis monolíticos é o mais


econômico em comparação ao sistema convencional, superando as suposições.

4.3 COMPARATIVO DOS SISTEMAS

Diante dos estudos e pesquisas realizadas, foi possível elaborar um quadro


comparativo entre os painéis monolíticos e o convencional, no que diz respeito às características
mais relevantes para o trabalho, conforme a quadro 2.
47

Quadro 2 - Comparativo entre sistema monolítico e convencional


ALVENARIA
CARACTERÍSTICAS PAINÉIS MONOLÍTICOS
CONVENCIONAL
Maior. Para uma vedação com Menor. Por ser de EPS a
RESISTÊNCIA AO FOGO
15 cm de espessura, consegue- resistência é baixa, chegando a
se um tempo de 150 min. um tempo de 40 min.
Ótimo. O EPS é um ótimo
Bom. Os blocos cerâmicos são isolante térmico, sendo essa
ISOLAMENTO TÉRMICO ótimos isolantes térmicos, e uma das principais
quanto mais largos for, maior a características. Impede a
sua eficiência. passagem do calor em razão da
sua estrutura celular fechada.
É uma das suas principais
Nesse método, em uma parede características também, sendo
ISOLAMENTO ACÚSTICO de 15 cm (9 cm tijolo + 6arg) que para uma parede de 14 cm
resulta em um Rw = 38 db. (8 EPS + 6arg.) resulta em um
Rw = 38db.
Pesado. Com espessura de 15 Leve. No sistema de EPS, uma
PESO cm, a construção convencional espessura final de 15 cm, chega
pode chegar a 250 kg/m². a pesar 120 kg/m².
Rápido. É um material pré-
Lento. Por ser uma construção
fabricado, exigindo pouca
que exige muita mão de obra
RAPIDEZ qualificação de mão de obra.
qualificada, se torna um
Necessário somente o encaixe
trabalho minucioso.
das peças.
O custo inicial é menor, por ser
materiais mais fáceis de O custo inicial é maior,
encontrar e por ter grande justamente pelo fato de ser o
demanda no mercado. Porém, oposto do convencional. Não
PREÇO
no final da obra, esse método há tanta demanda de materiais
se torna um pouco mais caro, e mão de obra, porém, o seu
por conta de precisar de mais custo final é menor.
mão de obra e mais materiais.
Baixo. Não é necessário
Alto. Há um grande
quebrar parede, pois é
desperdício de material,
DESPERDÍCIO DE demarcado a passagem da
principalmente na instalação
MATERIAL tubulação antes, e assim, com
elétrica e hidráulica que exige
uma pistola de ar quente é feito
quebrar a parede já executada.
o rasgo no EPS.
Restringido, porém em
ascensão. Pelo fato de ser
Alto. É o método mais
pouco conhecido e as pessoas
MERCADO utilizado e mais confiável pelos
estarem acostumadas com o
usuários.
convencional, é um mercado
limitado.
Baixo. Poucos materiais Alto. O EPS é um material
conseguem-se obter a reciclável e reaproveitável.
SUSTENTABILIDADE reutilização e é necessário a Possui pouco desperdício de
utilização de muita água para a resíduos ajudando ainda mais
construção. na sustentabilidade.
Fonte: Autora (2020)
48

Analisando o comparativo acima consegue-se avaliar qual método é melhor por


característica, como por exemplo no caso do peso e rapidez, o método utilizando os painéis
monolíticos se sobressai nas duas qualidades. Porém, no mercado de trabalho, é mais fácil de
adquirir os materiais no sistema convencional, por já haver grande demanda de procura pelos
produtos. Assim, essa tabela facilita a tomada de decisão em relação ao uso de determinado
sistema construtivo.
49

5 CONCLUSÃO

A construção civil está em um processo constante de desenvolvimento e eficiência,


com isso surge a necessidade de estudos para a implantação desses novos projetos. Portanto, o
desenvolvimento do trabalho pôde mostrar quais as vantagens do sistema monolítico em
comparação ao sistema convencional, com relação ao custo-benefício.
A metodologia deste trabalho foi dividida em algumas etapas para melhor
entendimento. Assim, foi iniciado com uma pesquisa com os alunos de Engenharia Civil da
Unisul, com o intuito de saber se os futuros engenheiros têm interesse por novos métodos, se
buscam pelo desenvolvimento da construção, e a noção deles em relação aos painéis
monolíticos. Em seguida, foi realizada a análise de uma residência unifamiliar construída pelo
sistema construtivo convencional, possuindo 57 m² de área, localizada na cidade de
Armazém/SC e dispondo de dois dormitórios, um banheiro, cozinha e sala integradas, e varanda
aos fundos.
Além disso, com o projeto foi possível obter orçamento pelo sistema construtivo
com painéis monolíticos através da empresa Arealle Construtora e Incorporadora,
possibilitando, assim, uma comparação orçamentária dos métodos estudados. Por fim, a quarta
etapa consistia na análise dos resultados obtidos.
Com esse trabalho obteve-se uma ótima análise para a construção de painéis
monolíticos, em relação aos custos, como funciona a parte de gerenciamento, tempo de obra
final, e quais as principais características correlacionando à construção convencional. Além
disso, foi realizado uma análise com os alunos da engenharia civil, onde conseguiu-se constatar
que apenas 34,33% dos entrevistados possuía conhecimento desse método, assim, percebeu-se
que esse sistema ainda é muito pouco realizado, o que enfatiza a importância deste trabalho.
Conforme já citado, o objetivo principal desse estudo foi analisar os painéis
monolíticos em EPS e assim, comparar com o sistema convencional. Com isso, pode-se dizer
que o objetivo proposto do trabalho foi alcançado, uma vez que o quadro 1, traz uma
comparação entre ambos os sistemas para as seguintes características: rapidez, peso, resistência
ao fogo, isolamento acústico e térmico, desperdício de material, custo, mercado de trabalho e
sustentabilidade.
De acordo com a revisão de literatura deste trabalho, como o mercado da construção
sofre com alguns problemas e deficiências, é necessário buscar a inovação. De acordo com
Trevejo (2018), em meados da década de 80, uma empresa italiana viu a necessidade de uma
50

construção que suportasse os abalos sísmicos, e que tivesse um bom isolamento acústico e
térmico para suportar os invernos rigorosos, assim, surgiu a inovação dos painéis monolíticos.
Diante disso, e com base nas informações apresentadas, percebesse que o mercado
está atento às mudanças e se preparando para incorporar esse e tantos outros métodos que sejam
mais rápidos e mais sustentáveis para a construção civil.
Com este estudo, conclui-se que o sistema de painéis monolíticos se torna mais
econômico, sustentável, com menor quantidade de resíduos na obra, melhor isolamento
acústico e térmico, e o principal, mais rápido que o sistema convencional. Esse método mostrou
que é possível sim realizar uma obra em poucos dias e de uma forma mais econômica que o
convencional.
51

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