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Arrependimento No Judaismo Editora Sefer
Arrependimento No Judaismo Editora Sefer
O que é Teshuvá?
Seja feliz
Caro leitor,
Se você aspira ser feliz, criativo e viver em harmonia com Deus e com o
universo, o Rav Kook oferece a receita: a teshuvá.
Para o Rav Kook, a teshuvá é um conceito muito mais profundo do que o
entendimento comum de arrependimento. Vai muito além da penitência pelos
pecados ou do remorso que a pessoa deve sentir após se desviar dos cami-
nhos da bondade e da verdade. Apesar de englobar também esses fatores, o
fenômeno da teshuvá se estende por todo o universo, trazendo harmonia e
perfeição a toda a existência.
Retorno à fonte
A era da angústia
“Cada pecado impõe um temor específico sobre a alma, que não desa-
parece senão por meio da teshuvá. Proporcionalmente à profundidade
da teshuvá, o próprio temor se transforma em confiança e coragem. A
impressão deixada por esse temor, que vem através do pecado, pode ser
percebida nas linhas do rosto, nos movimentos, na voz, na conduta, na
escrita manual, no estilo de linguagem, no discurso e, mais particular-
mente, nos escritos, na expressão e na ordenação das ideias.”
“Eis que vejo como as iniquidades se levantam como uma barreira diante
da clara luz Divina, que irradia com grande brilho sobre cada alma. Elas
obscurecem e escurecem a alma.”
Entrando em forma
O conceito da teshuvá, que vai além do mero reparo religioso para estar
em harmonia com a perfeição da Criação, começa com um simples conselho:
seja saudável. Nós mencionamos que a teshuvá é essencialmente o retorno de
cada um às suas próprias raízes. Para alcançar isto, a pessoa deve inicialmente
retornar ao seu ser físico natural, à sua essência física natural. Para alcançar a paz
interior e a harmonia com o mundo, a pessoa deve antes ter um corpo saudável.
Nos tempos modernos, quando proliferam lojas de produtos naturais
e academias de ginástica, este simples ensinamento é conhecido por prati-
camente todos. Um corpo saudável é a base para qualquer empreendimento
criativo. O desconhecido, no entanto, é que, como ensina o Rav Kook, esta prá-
tica faz parte do processo de teshuvá. Estar em forma é um fator importante
não apenas para o bem-estar pessoal, mas também para a construção de uma
conexão com Deus.
“Toda nossa teshuvá somente alcançará sucesso se, juntamente com seu
esplendor espiritual, ela for uma teshuvá que produza sangue saudável,
carne saudável, firme, corpos poderosos e um espírito flamejante que se
alastre por músculos fortes. Através do poder da santificação da carne, a
alma enfraquecida então brilhará – com a ressurreição física dos mortos.”
Judeus, religiosos ou não, não devem ser pessoas sofredoras e fracas
que podem ser empurradas por qualquer um. Não podemos nos envergonhar
do nosso corpo. Nós devemos ser fortes para estudar Guemará e para recons-
truir a Terra.
Em outras palavras, se árvores frutíferas não forem plantadas por judeus
em Israel, tampouco acontecerá a colheita dos frutos, o mais seguro sinal da
redenção. O Rav Kook enxergava que o repovoamento de Tsión, mesmo por ju-
deus laicos, era um grande ato de teshuvá, um retorno da nação às suas raízes.
Portanto, o primeiro passo na jornada da teshuvá consiste na saúde físi-
ca, tanto para o indivíduo quanto para a nação. E realmente, em todas as par-
tes do mundo, as pessoas estão “malhando” para adquirir uma aproximação
maior a Deus. Uma vez que seus corpos estiverem em forma, o próximo passo
será trocar as músicas em seus aparelhos de walkman por fitas de conteúdo
mais sagrado.
Saúde mental
Teshuvá religiosa
“Após a teshuvá natural vem aquela que tem, como fonte de sua vi-
talidade, a tradição e a religião, que trata muito da teshuvá. A Torá garante
perdão aos que retornam da transgressão. Os pecados individuais e os da
comunidade são apagados por meio da teshuvá. Os escritos proféticos es-
tão repletos de discursos sublimes sobre a questão da teshuvá. Em geral,
todo o sentido das admoestações bíblicas está fundamentado na teshuvá
pela crença.”
É importante enfatizar que as diferentes fases da teshuvá formam um
processo contínuo. A teshuvá religiosa não deve ocorrer às custas da saúde fí-
sica ou psicológica. A pessoa não deve ser exteriormente religiosa, porém mo-
ralmente corrupta ou fisicamente fraca. Cada estágio deve se basear no estágio
anterior. Para começar, a pessoa deve ser fisicamente saudável. Então, ela deve
alcançar um estado mental saudável. Deve sentir-se motivada a praticar boas
ações e corrigir deficiências éticas. Uma vez alcançado um estado saudável e
dispondo de moral positiva, a pessoa poderá se envolver com a religiosidade.
Desta maneira, seu código moral pessoal é elevado para um nível mais alto e
sagrado, aceitando uma série de preceitos éticos que não foram ditados pelos
desígnios de seu coração, mas pela palavra de Deus, conforme consta na Torá.