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Disciplina: Técnicas de Comunicação

Texto de apoio

Práticas da oralidade

1. Exposição oral

É um género textual público, relativamente formal e específico, no qual um expositor


especialista dirige-se a um auditório de maneira estruturada, para lhe transmitir informações,
descrever-lhe ou lhe explicar alguma coisa. (Dolz et al, 2004:218)

1.1 Características Linguísticas


No acto da exposição oral, orador deve corresponder a critérios de clareza, correcção e
precisão.

Clareza: No processo de transmissão dos conteúdos, o orador deve adaptar-se às


capacidades linguísticas dos seus ouvintes, expressando-se de forma simples e pautando pela lógica
na organização de ideias.

Correcção: A linguagem utilizada na exposição oral deve assegurar o cumprimento rigoroso


das regras que regem a língua, portanto, é necessário observar a correcção fonética, morfológica,
sintáctica e lexical.

Precisão: Na exposição é essencial a exactidão e o uso de termos adequados.

1.2 Preparação de uma exposição

 Definir o tema, compreender o seu ambiente e os seus limites;


 Identificar os objectivos da exposição;
 Reflectir sobre a sua função (informar, persuadir, abrir pistas de reflexão, colocar questões
para um debate, etc);
 Fazer uma investigação ou pesquisas sobre o assunto, em diversas fontes de informação,
convista a dominá-lo e poder responder às perguntas a serem colocadas;
 Seleccionar, sistematizar, hierarquizar e organizar a informação recolhida;
 Delinear o plano e/ou a estrutura da exposição.

1.3 Estrutura

Segundo Prieto (2004) o Guião ou estrutura é o esqueleto que fornece a base para uma boa

apresentação, devendo observar-se os seguintes pontos estruturais:


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 Introdução – Apresenta o conteúdo, identificando os vários tópicos de
desenvolvimento.

Nela, deve-se dar ao ouvinte todos os elementos necessários à sua compreensão, esclarecê-
los sobre o tema, as razões da sua escolha, os objetivos, etc, de modo a despertar interesse nos
ouvintes.

 Desenvolvimento – É a parte mais longa da exposição, correspondendo a exposição de


ideias centrais definidas para o trabalho, com o arrolamento de informações, argumentos pessoais
que sustentam o tema desenvolvido, aliando-se a outras opiniões.

Em suma, expõe, demonstra, defende as ideias principais, introduzindo exemplos


interessantes e analogias com casos conhecidos, de modo a garantir a anotação dos ouvintes e a
manter vivo o seu interesse.

 Conclusão – Sintetiza e salienta as ideias principais de maneira que fiquem bem


presentes
na memória dos ouvintes.

1.4 Importância da exposição oral


A exposição oral permite, a partir das leituras efectuadas e das pesquisas, apreciar a
pertinência da interpretação, a capacidade de trabalho autónomo, a aquisição de métodos de
pesquisa, o conhecimento e o domínio das fontes de informação por parte do orador.

2. Entrevista

A entrevista é uma técnica de recolha de dados em que o entrevistador se apresenta frente ao


entrevistado e lhe formula um conjunto de questões com o objectivo de obter dados de seu
interesse. (Lundim, 2016:162)

Marconi e Lakatos (1999:94) definem a entrevista como sendo um encontro entre duas
pessoas, com o objectivo de uma delas obter informações a respeito de determinado assunto,
mediante uma conversa de natureza profissional.

É ainda conceituada como sendo uma conversação face to face, feita em obediência a certos
métodos que proporcionam ao entrevistado, informações de que necessita.

Esta técnica consiste, portanto, num diálogo entre o entrevistador e o entrevistado, em que
este último, vai a busca de dados que lhe são fornecidos pelo entrevistado na forma de informação.
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A entrevista é um importante instrumento de trabalho utilizado na investigação social, para a
colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico de um problema social em vários campos das
ciências sociais ou de outros sectores de actividade, como na Sociologia, Antropologia, Politica,
Serviço social, Jornalismo, Relações Públicas, Pesquisas, etc.

2.1 Objectivos da entrevista

De acordo com Marconi e Lakatos (1999:95), o principal objectivo duma entrevista é a


obtenção de informações a partir do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema.

Segundo Selltiz (1965) apud Markoni e Lakatos (1999:95) a entrevista, quanto ao conteúdo,
pode apresentar seis tipos de objectivos, nomeadamente:

a. Averiguação de factos – com este objetivo, pretende-se descobrir se as pessoas que


estão na posse de certas informações conseguem compreendê-las;
b. Determinação de opiniões sobre factos – pretende-se saber o que as pessoas pensam
ou acreditam que os factos sejam;
c. Descoberta de sentimentos – compreender os sentimentos e anseios de alguém;
d. Conduta actual ou do passado – aferir que conduta a pessoa terá no futuro,
conhecendo a maneira pela qual ela se comportou no passado ou se comporta no presente, mediante
certas situações;

e. Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas – descobrir


os factores que podem influenciar as opiniões, sentimentos e conduta das pessoas.

2.2 Tipos de entrevista

Segundo Marconi e Lakatos (1999:95), existem vários tipos de entrevista, os quais variam
de
acordo com o propósito do entrevistador, nomeadamente:

a. Entrevista padronizada ou estruturada – é aquela em que o entrevistador segue um


roteiro previamente estabelecido, isto é, neste tipo de entrevista, as perguntas feitas ao entrevistado
são predeterminadas. Nela, o entrevistador não está livre de adaptar as suas perguntas a
determinadas situações; de alterar a ordem dos tópicos ou fazer outras perguntas;
b. Entrevista não estruturada – é aquela em que o entrevistador tem a liberdade de
desenvolver cada situação em qualquer direcção, ou seja, nela, as perguntas são feitas de forma
natural sem que se siga, à risca, um guião.
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Segundo Ander (1978) apud Marconi e Lakatos (1999:95) a entrevista não estruturada
apresenta-se em três modalidades a saber:
 Entrevista focalizada nela há um roteiro de tópicos relacionados ao assunto em
questão,
mas o entrevistador está livre de fazer as questões que julgar necessárias para conseguir os
esclarecimentos de que necessita;
 Entrevista clínica é aquela em que são organizadas algumas perguntas específicas para
que se possa entender os motivos, sentimentos ou condutas das pessoas;
 Entrevista não dirigida nela há liberdade total de, o entrevistado se expressar, sendo a
função do entrevistador de incentivá-lo a falar sobre determinado assunto.

2.3. Directrizes
A preparação da entrevista é uma etapa importante que requer tempo e para o seu êxito é
essencial observar as seguintes etapas:
Contacto inicial – que consiste no estabelecimento de uma conversa prévia com o
entrevistador para explicar a finalidade da mesma e assim obter de algum modo a confiança deste,
de modo a criar-se um ambiente que estimule e que leve o entrevistado a ficar à vontade e falar
espontânea e naturalmente.
Formulação de perguntas – consiste na formulação prévia das questões a serem feitas ao
entrevistado de modo a não confundir, em obediência ao tipo de entrevista.
As questões formuladas podem ser:
 Factuais são questões formuladas para elucidar informações objectivas de parte do
entrevistado, em relação a factos, eventos ou processos. Essas questões são sobre a idade, origem,
estado civil, educação formal, profissão, salário, meio social, actividades dos tempos livres e etc.
A função das questões factuais é de caracterizar os entrevistados individual e
colectivamente, isto é, ajudar a explicar as diferenças no comportamento, atitudes, grupos sociais,
etc.
 Questões relativas à experiências subjectivas – refere-se às questões que envolvem
crenças, sentimentos, percepção e opinião.
Estas, por sua vez, podem ser:
– Perguntas fechadas quando apenas originam respostas do tipo sim ou não;
– Perguntas orientadas as que lavam consigo a resposta esperada;

– Perguntas abertas as que originam uma resposta bem pensada;

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– Perguntas retóricas aquelas que exigem de si mesmo uma resposta.

Término da entrevista consiste no encerramento da entrevista, devendo seguir o mesmo


ambiente com que começou, sem se deixar de apresentar as considerações finais pelos
intervenientes.

3. Mesa redonda

A mesa redonda é uma forma de debate académico e político, onde os participantes


concordam em um tópico específico para discutir. Cada membro é dado o mesmo direito de
participar devido ao arranjo circular comumente usado nas mesas redondas. Todos têm o mesmo
direito de dizer e ouvir, por isso é considerado livre.

De acordo com Prieto (2014:51) na mesa redonda há vários oradores em cada um expõe as
suas ideias e dialogam uns com os outros em busca da variedade, diversidade, pluralidade,
complementaridade nas perspectivas e dinamismo nas intervenções.

3.1 Estrutura da mesa redonda

A estrutura da mesa redonda está sujeita a regras previamente determinadas pelos


participantes e o moderador, a qual obedece, em geral, a quatro fases a saber:

 Apresentação e introdução é feita pelo moderador, que introduz o assunto e apresenta


a

cada um dos participantes.

 Corpo ou fase da discussão é o momento em que são feitas as abordagens previamente

preparadas sobre o assunto escolhido. Neste, cada participante está envolvido com um texto ou
apresentação oral preparado com antecedência. Estas intervenções ocorrem de um modo
organizado, mediante a administração do moderador.

 Sessão de perguntas e respostas é onde a sessão é aberta ao público que participa para

pedidos de esclarecimentos sobre qualquer ponto abordado pelos debatedores.

 Conclusão a sua função é de resumir e esclarecer dúvidas quanto às declarações feitas

por cada um dos participantes.

3.2 Finalidade da mesa redonda:


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 Apresentar pontos de vista diferentes e tratá-los;
 Explorar a questão a tratar;
 Ajudar a entender um tema.

4. Debate

Pimenta (2004) define o debate como manifestação de ideias de pessoas. Nas várias

instituições os debates podem assumir um carácter mais formal, técnico e profissional, neste caso, o
debate é aplicado com o objectivo de encaminhar questões relacionadas a um tema específico.

Para Pietro (2014:51) o debate é uma discussão de dois ou mais oradores, apresentando
diferentes pontos de vista sobre um tema para chegar a conclusões comuns ou refutações definitivas
de uma posição contrária.

Portanto, o debate é uma discussão, entre várias pessoas que tendo opiniões diferentes sobre
um tema, procuram influenciar e/ou convencer o público que os ouve.

4.1 Intervenientes do debate

Moderador é o responsável pela mediação e aplicação das regras previstas para o debate.
Cada modalidade de debate atribui ao moderador prerrogativas diferenciadas. No geral, ele fica
responsável pela mediação do debate, apresentando os debatedores, controlando os tempos de
intervenção, chamando atenção sobre eventuais desvios às regras por parte dos debatedores ou
plateia.

Debatedores são os que expõem os argumentos e definem ou refutam uma tese ou tema
previamente exposto. Mediante as regras impostas, estes agirão de maneira a apresentar os
argumentos para defender ou refutar a tese.

Plateia são indivíduos que assistem ao debate e, dependendo do modelo, regras estipuladas
e das circunstâncias, podem participar directamente, fazendo perguntas e dando opiniões, votando
ou expressando-se com o som das palmas, etc.

4.2 Preparação

Para uma boa preparação de um debate, foram definidas algumas perguntas que ajudam
positivamente:
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Quantos debatedores irão participar?

Quem irá mediar e coordenar o desenvolvimento do debate? E como?

Cada debatedor vai ou não expor a sua opinião antes de iniciar propriamente a discussão?

Quanto tempo será reservado para as falas iniciais e para as respostas?

Face ao exposto, Pimenta (2004) propõe a seguinte organização de um debate:

Definição do tema: sobre o que se vai discutir;

Mediador: a entidade que garante o cumprimento das regras, o tempo e a vez de quem vai
falar;

Debatedores: entidades que argumentam a favor ou contra a tese;

Argumentação: raciocínio a respeito de um determinado ponto de vista ou tese. A qualidade


da argumentação é determinante para a qualidade do debate;

Pesquisa: a pesquisa sobre o tema possibilita a boa argumentação. Pesquisar em


especialistas ou bibliografias é fundamental para a argumentação;

Posicionamento: a partir do conjunto de argumentos apresentados é possível identificar a


posição do debatedor frente ao tema e seu juízo de valores sobre ele.

4.3 Estrutura do debate

Introdução: consiste na saudação ao público pelo orador, apresentação dos debatedores e a


exposição do motivo e/ou objectivos do debate.

Apresentação do tema eleito e dos pontos de vista sobre o assunto.

Definição das normas que consiste na estipulação do tempo do debate e de cada


participante; direito de respostas; participação de debatedores e do público.

Conclusão corresponde à fase do encerramento, devendo conter um breve comentário de


cada debatedor, síntese do debate e agradecimento aos participantes.

Bibliografia

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MARCONI, Maria Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação
de dados. 4 ed.. São Paulo: Atlas, 2014.
PRIETO, Guillermo Ballenato. Falar em Público. Lisboa: Escolar, 2014.
http://queconceito.com.br/debate
https:www.portal educação.com.br/conteúdo/artigod/administração/debates-comunicação-oral
http://mosqueteirasliterarias.comunidades.net/comunicação-oral-exposição-e-argumentação.

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