Você está na página 1de 32

ANDERSON CAMILO SILVA DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO QUANTO A SUSCETIBILIDADE DE AÇO


MÉDIO CARBONO À TÊMPERA

NATAL/RN

2021
ANDERSON CAMILO SILVA DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO QUANTO A SUSCETIBILIDADE DE AÇO


MÉDIO CARBONO À TÊMPERA

Trabalho de Conclusão de curso


apresentado como requisito para obtenção
do título de bacharel, No Curso de
Engenharia Mecânica da Uninassau Natal-
RN.

Orientador: Prof. Iago Henrique Lima


Santiago

NATAL/RN

2021
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais, a meu irmão, minha filha Laura, meu filho
Bernardo, minha esposa Joyce, à minha avó Severina e a meu tio Genilson que
acreditaram sempre em mim, mesmo antes dessa minha trajetória.
Agradecimentos

Gostaria primeiramente de agradecer a Deus por te me concedido essa vida, meu


pai Adelson Camilo, minha mãe Maria Eliene, a meu irmão Levi Lucas, e todos meus
amigos por sempre acreditarem no meu potencial.

Quero agradecer a todos os professores pelo esforço e empenho em sala de aula,


especialmente ao meu orientador e professor Iago Henrique lima Santiago pela
paciência e atenção.

Agradecer também aos meus colegas e amigos de sala, que sem eles com certeza
essa minha trajetória acadêmica seria bem mais difícil.

Por fim, agradeço aos meus filhos, Laura e Bernardo, que me deram um
propósito para sempre me esforçar para o melhor.
RESUMO

O ferro está presente desde os primórdios da história do ser humano quando se


adquiriu o conhecimento de extrair o ferro das pedras, e com o decorrer da evolução
foram surgindo novas técnicas. No ano de 1856 se descobriu como produzir o aço, uma
mistura de ferro e carbono, e foram posteriormente desenvolvidas técnicas de processos
para modificar as propriedades do aço, os tratamentos térmicos. Dentre os muitos
tratamentos térmicos, este trabalho visa analisar o processo de têmpera em óleo. Para
isso foi adquirido um corpo de prova de aço 1045, sendo aquecido a uma temperatura de
austenitização de 850 °C (aço 1045) e posteriormente resfriado em óleo mineral, após o
resfriamento o corpo de prova foi submetido a uma preparação metalográfica, lixado,
polido e usado um ataque químico para melhor visualização no microscópio óptico.
Foram analisados esses parâmetros para avaliar a dureza, e como resultado foi obtido
que o aumento de dureza não foi o esperado, e o resultado de dureza e microdureza
associado com a metalografia sugerem que o aço que foi usado tem baixa
susceptibilidade ao tratamento de têmpera, que indica que provavelmente ele tem a
composição de carbono menor que o prometido pelo fabricante do aço 1045.

Palavras-chaves: Têmpera, Óleo mineral, Dureza, Microdureza.


1 INTRODUÇÃO

A idade do ferro se iniciou em 1200 a.C. e é considerado o último estágio


tecnológico e cultural da pré-história, naquela época a humanidade começou a perceber
que o ferro era mais resistente que o bronze, assim o ferro se tornou a principal matéria-
prima para aquela época. Em 1856 o engenheiro metalúrgico inglês, Henry Bessemer
descobriu uma forma eficiente de reduzir o teor de carbono presente no ferro, assim a
grande evolução do ferro se sucedeu quando o homem começou a produzir o aço. Hoje
além de produzir o aço, também é de conhecimento modificar as propriedades
específicas do aço para atender as necessidades, entre os processos que alteram as
características do material, se encontram os tratamentos térmicos. (MUÿLDER, 2004)

Conforme a norma 136 podemos dizer que tratamento térmico é o conjunto de


operações de aquecimento e resfriamento a que são submetidos os aços sob condições
controladas de tempo, temperatura, e velocidade de resfriamento. Cujo objetivo é alterar
as suas propriedades mecânicas, como a dureza, elasticidade, ductilidade e resistência à
tração, sem que a peça altere o seu estado físico (NORMA BRASILEIRA NM, 1997).

A produção do aço em geral é bastante custosa e reflete no valor do produto


final, e como a indústria demanda cada vez mais de aços com propriedades mecânicas
exigentes e com baixos custos, trabalhar as propriedades do aço através do tratamento
térmico se torna cada vez mais importante na indústria metalomecânica. (PUHL, 2017).

Dentre os tratamentos térmicos empregados na indústria como o recozimento,


normalização, têmpera e revenimento. A têmpera tem grande importância no meio
industrial, pois, este processo possibilita o aumento do limite de resistência à tração do
aço e também a dureza. O processo de têmpera consiste no endurecimento do aço por
aquecimento até a temperatura de austenitização e velocidade de resfriamento
apropriado para obter a formação de martensita (COLPAERT, 2008, DE SOUSA,
2007).

Dentre as categorias de aços que podem ser temperados, o aço SAE 1045 é um
aço que tem a temperabilidade baixa, ou seja, baixa penetração de dureza na sua seção
transversal, não recomendado seu uso para seções superiores a 60 mm, e para grandes
seções deve-se utilizar o tratamento de normalização.
Apresentando baixo custo e uma boa resistência, o aço 1045 apresenta em sua
liga 0,45% de carbono. É largamente utilizado na fabricação de componentes de uso
geral como cilindros, parafusos, pregos, pinos, entre outros. Com o objetivo de
compreender as mudanças relacionadas ao comportamento mecânico do aço quando
tratado realizou-se o tratamento de têmpera em um corpo de prova de aço 1045
(resfriado em óleo mineral), seguido de análises de dureza a metalográfica do material.

1.1 OBJETIVO GERAL

Observar e analisar o comportamento do aço SAE 1045 após passar pelo


tratamento térmico de têmpera em óleo, com o objetivo de obter a formação da
martensita.

1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

1. Realizar o aquecimento no corpo de prova para o tratamento térmico de


têmpera e observar e analisar seu comportamento.
2. Realizar o resfriamento no corpo de prova por meio do óleo mineral.
3. Analisar a microestrutura da amostra através do microscópio óptico após o
processo de têmpera.
4. Analisar os níveis de durezas através dos ensaios de dureza Rockwell C e
microdureza Vickers.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 ESTRUTURA CRISTALINA DO AÇO


A palavra cristal é aplicada para minerais com características geométricas
definidas, um cristal é geralmente definido como um sólido com seus átomos arranjados
(organizados) em um reticulado periódico tridimensional (CALLISTER, 2015). Um
sólido que apresenta ordenamento ou periodicidade na distribuição atômica de seus
átomos é dito cristalino. Em temperatura ambiente a ferrita ou ferro alfa (a) (todos esses
termos se referem ao ferro puro) apresenta uma estrutura cúbica de corpo centrada
(CCC). A ferrita em uma temperatura de 912 °C passa para uma fase chamada austenita
ou ferro gama (y), com uma estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC) A
austenita persiste até (1394 °C) temperatura em que a austenita CFC reverte novamente
a uma fase CCC conhecida como ferrita delta, que finalmente se funde a 1538 °C. O aço
é definido como liga de ferro com até 2,11% de carbono, passando disso é considerado
ferro fundido. Para entender melhor as características do aço, vamos especificar os
microconstituintes (BORBOLETO, 2010):

 Ferrita: Solução sólida do carbono em ferro α;


 Austenita: Solução sólida do carbono em ferro γ;
 Cementita: Carboneto de ferro (Fe₃C);
 Perlita: Produto da transformação austenítica composto de ferrita e cementita (α
+ Fe₃C);
 Bainita: Microconstituinte composto de ferrota e cementita, porém com faixa de
temperatura e resfriamento entre a martensita e perlita;
 Martensita: Produto de austenitização com taxa de resfriamento rápida,
impedindo a difusão do carbono, ou seja, supersaturada de carbono, com
estrutura tetragonal de corpo centrado ou TCC.

A Figura 1 ilustra a estrutura CCC, presente na ferrita ou ferro (a) e na ferrita delta.

Figura 1 – Estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC) Fonte: (ENG101)

Como visto, existem algumas possibilidades de microconstituintes nos aços, há


várias formas de modificar sua composição, uma delas é pelo tratamento térmico que,
quase sempre está ligado à mudança de microconstituinte e com isso a mudança da
estrutura cristalina (BORTOLETO, 2010).

A Figura 2 ilustra a estrutura CFC, presente na austenita, ou ferro y.


Figura 2 – Estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC) Fonte: (ENG101)

2.1.1Formação do Microconstituinte Martensita.

A formação da martensita ocorre por um mecanismo de cisalhamento e não de


difusão. Não ocorre difusão pelo fato da martensita se formar somente quando
determinada temperatura de transformação é atingida. O início da formação da
martensita é instantâneo e a quantidade de martensita formada cresce proporcionalmente
com a diminuição da temperatura (CHIAVERINI, 2008).

Sendo uma fase fora de equilíbrio, a martensita não aparece no diagrama de


fases ferro-carbono. É uma solução sólida supersaturada de carbono, todo o carbono
permanece intersticial, podendo transformar-se em outras estruturas por difusão quando
aquecida.
A martensita é dura e frágil, quanto maior a porcentagem de carbono, maior
será a dureza da martensita. A fragilidade pode ser diminuída pelo revenimento, o
revenido é conseguido através do aquecimento de um aço martensítico até uma
temperatura abaixo do eutetóide durante um intervalo de tempo específico, esse
tratamento permite, através de processos de difusão, a formação de martensita revenida
(BERRAHMOUNE, 2006).

A martensita tem a estrutura tetragonal de corpo centrado (TCC) figura 3, o


carbono fica retido na célula, embora não haja espaço para acomodá-lo. Isto significa
que há uma expansão volumétrica durante a transformação. A expansão causa tensões
internas, sendo percebidas através da alta resistência mecânica e dureza da martensita,
muito embora tenha grande fragilidade. (CANALE, 2017).
Figura 3 – Estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado (TCC)
Fonte: (Própria)

2.2 TRATAMENTOS TÉRMICOS

De maneira simplificada o tratamento térmico é um conjunto de operações de


aquecimento e resfriamento, sob condições controladas de tempo, temperatura e
velocidade de resfriamento (figura 4) para que o aço atinja as propriedades desejadas.
As propriedades dos aços dependem de sua estrutura (e grau de encruamento –
deformação a frio).

Figura 4- diagrama tratamento térmico.


Fonte: (SENAI, 2000)
Os tratamentos térmicos modificam em maior ou menor grau as estruturas dos
aços alterando suas propriedades. Esses procedimentos facilitam o processamento
mecânico, melhora as propriedades do produto final e corrige falhas estruturais
resultado de processamento anterior. As categorias de tratamentos térmicos mais
utilizados são:

 Recozimento: Consiste em aquecer a peça a uma temperatura adequada,


seguindo-se de um resfriamento lento. O objetivo deste tratamento é de conferir
uma dureza baixa e uma ductilidade alta;
 Normalização: Na normalização o aço é aquecido a uma temperatura adequada
com resfriamento lento normalmente ao ar. Visa obter dureza baixa, boa
ductilidade e eliminar estruturas provenientes de tratamentos anteriores;
 Austêmpera: Nesse processo o resfriamento é um meio brando, normalmente
em banho de sal, visando uma estrutura especial chamada baianita que é dúctil e
tenaz;
 Martêmpera: Consiste em aquecer a peça a uma temperatura adequada seguido
de um resfriamento meio brando, normalmente em banho de sal, visando uma
estrutura chamada martensita que é dura e frágil;
 Têmpera: Na têmpera o resfriamento é brusco, normalmente em água ou óleo, o
objetivo é aumentar sua dureza;
 Revenimento: É o tratamento posterior à têmpera. A peça é reaquecida a uma
faixa normalmente entre 150°C e 600°C e visa aliviar as tensões e ajustar a
dureza;
 Cementação: É um processo termoquímico de endurecimento superficial.
Consiste em aquecer a peça em meio rico em carbono fazendo com que este se
difunda para o exterior da peça com o objetivo de obter uma camada superficial
mais dura;
 Carbonitretação: Processo similar a cementação, porém com adição de
nitrogênio e que depois de temperado apresenta camada com elevada dureza;
 Nitretação: Processo de endurecimento superficial normalmente em
temperatura de 495°C a 575°C. Consiste na introdução de nitrogênio na
superfície do aço conferindo-lhe uma camada dura resistente do desgaste,
corrosões e fadiga.
2.2.1 DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO Fe-C

O diagrama de fase ou diagrama de equilíbrio como também são chamados,


tem como o objetivo mostrar as alterações do estado físico e da estrutura que sofrem as
ligas metálicas, devido ao aquecimento ou resfriamento lento. O diagrama de fases é o
mais estudado entre todas as ligas metálicas presentes na atualidade, facilmente
explicado já que os aços carbono, além de serem os materiais metálicos mais usados,
apresentam varias e interessantes transformações no estado solido. O diagrama de fases
nos permite compreender porque variações do teor de carbono nos aços resultam na
obtenção de diferentes propriedades, e dessa maneira, possibilitam a fabricação de aços
de acordo com propriedades desejadas (BRUNATTO, 2016). A figura 5 não é um
diagrama completo, já que são mostradas somente concentrações de carbono inferior a
6,67%, porcentagem de carbono de cementita (Fe3C).

Figura 5- Diagramas de fases Fe-C


Fonte: (ENG101)
2.2.1.1 TÊMPERA

O tratamento térmico de têmpera visa à obtenção da microestrutura martensita.


Este processo consiste em um resfriamento rápido e controlado do material, que foi
anteriormente aquecido a temperaturas por volta de 750 °C até 1250 °C visando a
austenitização total da peça, que em seguida é resfriada por meio adequado para a
transformação da martensita (SILVA, 2013). Os meios de resfriamentos são escolhidos
segundo as características finais da peça, do tipo do material e das propriedades
desejadas, portanto, é muito importante a escolha do meio de resfriamento mais
adequado. Os meios de resfriamentos de têmpera mais comuns e utilizados é água, óleo
e salmoura, cada um com sua característica específica, e seu uso depende do resultado
desejado.
No resfriamento em água, o material é aquecido acima da zona critica até que
todo o seu corpo seja austenitizado, e em seguida resfriado bruscamente formando a
martensita, mas a velocidade do resfriamento é tão severa que ocorre trincas e
distorções na peça tratada. A opção tradicional para evitar a severidade do resfriamento
em água, é a utilização do óleo para esse processo. O resfriamento em óleo é mais
brando, mais lento, assim previne distorções. Porém, além de formar uma martensita
mais moderada, também forma outros microconstituintes mais moles que a martensita
como a perlita e baianita (CANALE, 2017).
Figura 6- Diagrama têmpera em água
Fonte: (SENAI, 2000)

Como mostra a Figura 6, para obtenção da martensita é necessário que o aço


atinja temperaturas de autenitização. Para isto ocorrer, a ferrita (estrutura CCC) é
aquecida de tal forma que ocorre uma transformação polimórfica para austenita,
estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC), em seguida o resfriamento brusco
com água, formando a martensita com estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado
(TCC).

2.2.1.2 TEMPERABILIDADE DOS AÇOS

A temperabilidade de um aço pode ser entendida como a capacidade de


endurecimento ou a capacidade que o aço possui de obter estrutura martensítica.
Temperabilidade não é dureza, é medida por uma distância ou profundidade de
endurecimento (CALLISTER, 2015). Ao longo da peça podem-se formar diferentes
microestruturas devido às diferentes condições de resfriamento, dimensões da peça e da
temperabilidade do aço. Outro fator que também influencia na penetração da têmpera
são os elementos de liga, como mostrado na figura 7.

Para velocidades maiores do que a crítica, a dureza da têmpera depende


principalmente do teor de carbono dissolvido na austenita. Para velocidades menores do
que a crítica, a percentagem é reduzida, levando a uma diminuição da dureza. Dessa
forma, a temperabilidade é um termo utilizado para descrever a habilidade de uma liga
de ser endurecida pela formação de martensita. Uma liga que possui alta
temperabilidade forma martensita não apenas na sua superfície, mas em elevado grau
também em todo o seu interior. (REVISTA ADNORMAS, 2019)

Com diferentes condições de resfriamento, diferentes microestruturas são


formadas ao longo de uma peça. Isto também depende das dimensões da peça, e da
temperabilidade do aço, os elementos de liga também influenciam na profundidade de
penetração da têmpera, como mostra a Figura 7 a seguir;

Figura 7- Curvas de temperabilidade para cinco aços diferentes contendo 0,4% p C Fonte:
(Callister, 2015)

A figura 7 ilustra cinco aços com a mesma porcentagem de carbono (0,4%), mas com
elementos de liga diferentes:

 Aço SAE 1040 – sem adição de elementos de liga


 Aço SAE 4140- 1,0 Cr e 0,20 Mo;
 Aço SAE 4340- 1,85 Ni, 0,80 Cr e 0,25 Mo;
 Aço SAE 8640- 0,55 Ni, 05 Cr e 0,20 Mo;
 Aço SAE 5140- 0,85 Cr
Percebe-se as diferenças de temperabilidade com a adição dos elementos de
liga, para o aço SAE 1040, que não contém elementos de liga, a temperabilidade é
baixa, pois sua dureza cai de maneira brusca após uma distância de 10 mm, cerca de 30
HRC de queda. Para os aços que contêm elementos de liga a queda é menos acentuada,
o aço SAE 4340 é o mais temperável, pois praticamente não há queda de sua dureza
conforme a distância aumenta a partir da extremidade temperada (CALLISTER, 2015).

3. MATERIAIS E METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

Para a realização deste trabalho foi utilizado como corpo de prova o aço SAE
1045 em formato cilíndrico, um forno tipo mufla para o aquecimento, um recipiente
contendo óleo lubrificante mineral de motor para o resfriamento, materiais para a
preparação metalográfica e EPI’s para que o procedimento fosse realizado com
segurança.

Foi realizado o corte desta barra de aço com o auxilio de uma serra para obter-
se o tamanho desejado, as dimensões finais do corpo de prova foram de 24,5 mm de
diâmetro e 10 mm de altura como mostra a figura 10 e 11.

Figura 10- Corpo de prova com as dimensões requeridas


Fonte: (Própria)
10 mm

24,5 mm

Figura 11- Desenho ilustrando o corpo de prova


Fonte: (Própria)

3.2 TRATAMENTO TÉRMICO

O aquecimento do aço foi realizado em um forno tipo Mulfla (figura 12) no


laboratório de ensaios mecânicos da Uninassau Natal-RN. O corpo de prova de aço foi
aquecido a uma faixa de temperatura especifica, tempo de forno e meio de resfriamento
pré-determinado como ilustra a tabela 1 a seguir:

Tabela 1 – Parâmetros do tratamento térmico

CORPO DE FAIXA DE MEIO DE TEMPO DE


PROVA TEMPERATURA RESFRIAMENTO FORNO

AÇO SAE 1045 850°C ÓLEO MINERAL 30 MINUTOS

O corpo de prova foi inserido no forno pré-aquecido a 600°C, em seguida o


aço foi aquecido a uma temperatura de 850°C durante trinta minutos para o
aquecimento do aço ocorresse de forma homogênea. Dentro do forno, a peça começa a
aquecer a partir de suas extremidades (de fora para dentro), portanto, devido à inércia
térmica do corpo de prova, é necessário que este seja aquecido a uma temperatura que
garanta que todo seu interior atinja a temperatura de austenitização.
Figura 12- forno mufla
Fonte: (Própria)

O processo de resfriamento realizou-se em óleo mineral, para a formação de


uma martensita moderada. Assim que foi retirada do forno, a peça foi agitada por cerca
de três minutos dentro de um recipiente com o óleo, como mostrado nas Figuras 13 e
14.

Esse resfriamento é menos brusco comparado com o resfriamento na água, que


geralmente por causa da alta rigorosidade do tratamento, o aço pode vim a empenar ou
até mesmo trincar. Nesses casos é aconselhável realizar uma têmpera mais moderada.

Figura 13- retirada do forno


Fonte: (Própria)
Figura 14- resfriamento da peça
Fonte: (Própria)

Como se pode observar na Figura 14, a peça esta incandescente, o que dá


indício do nível de temperatura a qual o corpo de prova foi submetido.

3.3 PROCESSOS DE ENSAIOS MECÂNICOS

3.3.1 Ensaio de dureza (Rockwell)

Para a medição do perfil de dureza, utilizou-se o durômetro com indentador de


diamante e pré-carga de 10kgf. A pré-carga é aplicada para garantir o contato adequado
entre o penetrador e a peça que será penetrada, logo em seguida foi realizado três cargas
de 150kgf. Foi utilizada como parâmetro de medida a escala de dureza Rockwell C
(Figura 16,17)
Figura 16- Durômetro
Fonte: (Própria)

Figura 17- Corpo de prova no durômetro


Fonte: (Própria)
3.3.2 Ensaio de dureza (Vickers)

Após a realização das medidas de dureza Rockwell C, realizou-se o ensaio de


microdureza Vickers no microdurômetro digital Pantec, como mostra a Figura 18.
Foram aplicadas três repetições com carga de 50g no corpo de prova.

Figura 18- Microdurômetro


Fonte: (Própria)

O Ensaio de Dureza Vickers consiste em forçar, através da aplicação de uma


carga pré-estabelecida, um penetrador de diamante com formato de pirâmide de
dimensões conhecidas, sobre a superfície do corpo de prova a ser ensaiado. As Figuras
19 e 20 a seguir, são as impressões obtidas após a aplicação da força.
Figura 19- impressão do microdurômetro
Fonte: (Própria)

Figura 20- impressão do microdurômetro


Fonte: (Própria)

Como se pode observar nas Figuras 19 e 20 a impressão causada no corpo de


prova é em formato de pirâmide. Com as medidas das diagonais da marcação, medimos
a profundidade de penetração, e, em seguida, os valores de microdureza do corpo de
prova.
3.4 METALOGRAFIA

3.4.1 Preparação metalográfica

Antes que a análise metalográfica fosse feita, o corpo de prova passou por uma
preparação, foi realizada uma sequência de lixamento manual como ilustra a figura 18,
com lixas de granulometria, utilizando lixas padronizadas com uma sequência numérica
de 150, 200, 220, 280, 600 e 1200. Em seguida o corpo de prova foi polido com o
auxilio do aglomerante de alumina, figura 19, para que a peça ficasse com uma
superfície uniforme e totalmente livre de impurezas. Na sequência foi realizado um
ataque químico, foi utilizado o NITAL (5% Ácido nítrico e 5% álcool elítico) para que
fossem revelados os grãos e as estruturas do corpo de prova.

Figura 18- lixamento manual Fonte: (Própria) Figura 19- Polimento Fonte: (Própria)

Figura 20- Peça pronta para a metalografia


Fonte: (Própria)
3.4.2 Análise metalográfica

Depois da preparação metalográfica, o corpo de prova foi analisado em um


microscópio óptico (NIKON ECLIPCE MA200, como mostra a figura 20) com
aumento de 100, 200, 500, e 1000 X com o objetivo de visualizar a microestrutura
resultado do aço trabalhado.

Figura 20- microscópio óptico


Fonte: (Própria)

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Após a realização da têmpera, o corpo de prova passou por um ensaio


metalográfico e por ensaios de dureza e microdureza, com a finalidade de analisar se o
perfil de dureza e microestrutura formada caracteriza-se como pertencente ao grupo dos
aços 1045 temperados em óleo. As tabelas 1 e 2 mostram os resultados dos ensaios de
dureza e microdureza e as figuras 21 e 22 mostram os resultados do ensaio
metalográfico que foi realizado em um microscópio óptico.
4.1 RESULTADOS DA DUREZA E MICRODUREZA

Tabela 1- Resultados do ensaio de dureza Rockwell

CARGA DUREZA MÉDIA DESVIO PADRÃO


(ROCKWELL)

150 KGF 26 HRC

150 KGF 26 HRC 25,3 HRC 0,94 HRC


150 KGF 24 HRC
Fonte: (Própria)

Foi utilizado uma pré-carga de 10kgf para garantir um contato firme, e em


seguida três repetições com carga de 150kgf. Foi achada uma média de 25,3HRC.

4.2 AVALIAÇÃO DE AUMENTO PERCENTUAL

Considerando o corpo de prova original constituído por aço 1045 normalizado,


que apresenta uma dureza de 14,5 HRC (REFERÊNCIAL), temos a seguinte avaliação
para verificar o aumento percentual da dureza pós-tratamento.

HRCdepois − HRCantes 25,3 − 14,5


Aumento% = ( ) x 100 = ( ) x 100 = 76%
HRCantes 14,5

Tendo como base a literatura, o aumento da dureza de 76% foi abaixo do


esperado, houve um acréscimo no nível de dureza, mas para uma peça temperada se
espera um nível de dureza mais elevado para a formação da martensita.

Silva Junior et al (2016) apresenta resultados do tratamento térmico de


têmpera em óleo empregados em corpos de prova de aço 1045. Resultados obtidos pelos
autores apontam que a dureza média do corpo de prova pós-tratamento foi de 39 HRC,
apresentando um aumento médio de dureza de 169%, quando comparado à dureza do
aço 1045 normalizado. Portanto, pode-se constatar que o aumento de dureza obtido no
presente trabalho atingiu menos da metade dos valores esperados, conforme apresentado
na literatura. Tal resultado pode sugerir que o aço adquirido para a confecção do corpo
de prova não seja aço 1045, mas sim um aço com menor teor de carbono, visto sua
baixa susceptibilidade ao tratamento.

Tabela 2- Resultados do ensaio da Microdureza Vickers

CARGA DUREZA MÉDIA DESVIO PADRÃO


(VICKERS)
50 G 260,3 HV
50 G 193,8 HV 217,07 HV 30,60 HV
50 G 197,7 HV
Fonte: (Própria)

Neste ensaio foram aplicadas três cargas de 50g, calculando-se a média, a fim
de encontrar a microdureza do corpo de prova. Como se pode perceber, a dispersão dos
valores de dureza apresentou um valor bem menor quando comparado à dispersão do
ensaio de microdureza. Tal comportamento condiz com a natureza dos ensaios, uma vez
que a microdureza, por ter a capacidade de avaliar a dureza dos microconstituintes,
apresentam os resultados em um intervalo maior.

Mühl et al (2020) assume que a microdureza média da martensita no aço 1045


flutua em torno de 700 HV. Diante dos valores médios apresentados na Tabela 2 em
conjunto com o desvio padrão, pode-se inferir que a martensita pode ser uma fase que
não está presente em níveis expressivos na microestrutura tratada, corroborando com as
evidências encontradas na análise de dureza.

4.2 ANÁLISES DA MICROESTRUTURA OBTIDA

Os resultados das microestruturas foram revelados no microscópio óptico


como mostram as Figuras 21 e 22 a seguir.
Figura 21- micrografia em aumento de 500x
Fonte: (Própria)

A A

Figura 22- micrografia em aumento de 1000x


Fonte: (Própria)
Como se pode observar na Figura 22, detectou-se a presença do
microconstituinte ferrita (Setas A), uma vez que estas regiões apresentam uma
morfologia clara, com aspecto semelhante à ferrita. As setas B evidencia a presença da
cementita, que são as regiões azuladas, mas a martensita que era o esperado para uma
têmpera não foi detectada na micrografia. Pode-se observar a ausência de regiões claras
que é o que caracteriza a supersaturação de carbono, o carbono tem grande efeito sobre
a dureza da martensita, e o teor mais escuro na imagem indica que o carbono se
difundiu mais do que devia, assim evitando a formação da martensita.

Para compreender melhor a metalografia encontrada neste trabalho, será feito a


comparação com o trabalho de Renato Pereira et al (2016).

Figura 23- micrografia têmpera em óleo


Fonte: Renato Pereira et al (2016)

Comparando as duas imagens, percebesse que a imagem retirada da literatura


(Renato Pereira et al, 2016) apresenta o microconstituinte bainita disperso entre grãos
de perlita em uma matriz ferrítica, onde também se pode observar a existência de
estruturas agulhadas que caracterizam a martensita (setas vermelhas). Na metalografia
do corpo de prova deste trabalho não foi identificada a presença da martensita, portanto
provavelmente o aço que foi utilizado não tem uma boa susceptibilidade ao tratamento
térmico de têmpera.

Devido à ausência de martensita na metalografia do corpo de prova deste


trabalho, e dos resultados dos níveis de durezas que foram abaixo do esperado, pode-se
inferir que provavelmente o aço que foi usado para realização deste trabalho tinha o teor
de carbono abaixo do aço 1045, já que ele apresentou baixa susceptibilidade ao
tratamento de têmpera. Então se pode concluir que o objetivo da formação da martensita
não foi atingido neste tratamento de têmpera, e a justificativa mais plausível é que o tipo
de aço que foi tratado não era um aço adequado para o tratamento térmico de têmpera.

5. CONCLUSÃO

O objetivo proposto para esse trabalho foi submeter um corpo de prova de aço
1045 a um tratamento térmico de têmpera em óleo, com o intuito de obter a martensita
em sua estrutura, então se pode concluir que:

 Quanto à temperatura proposta para realização desse procedimento, nota-se


que atingiu o esperado, de 850°C. Neste trabalho pode-se observar nas
imagens que o procedimento foi realizado como esperado, e na figura 14 a
peça esta incandescente, o que dá indício do nível de temperatura a qual o
corpo de prova foi submetido.
 O resfriamento também ocorreu como proposto, de forma brusca em um

recipiente com óleo mineral.


 Os ensaios de dureza e microdureza foram realizados no durômetro na escala

de dureza Rockwell C e microdureza Vickers.


 A análise da microestrutura do aço após a têmpera foi realizado em um
microscópio óptico adequado para tal procedimento como mostrado nos
processos de ensaios mecânicos.

Com base nos resultados das análises obtidas neste trabalho, pode-se concluir
que a obtenção da martensita através do processo de têmpera que o corpo de prova foi
submetido, não atingiu o objetivo esperado. O aumento percentual de dureza de 76%
que foi encontrado no ensaio rockwell C, e a média encontrada de 217,07 HV da
microdureza vickers, foram abaixo do que se pode esperar para um aço 1045 temperado,
e as imagens obtidas na metalografia não caracterizam com um aço com a presença da
martensita em sua microestrutura. E a justificativa mais plausível que se pode chegar
com os resultados dessa conclusão, é que o aço que foi adquirido para esse
procedimento não se trata de um aço 1045, mas sim de um aço com teor de carbono
baixo, com pouca susceptibilidade ao tratamento de têmpera.
6. REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 136 – Tratamentos Térmicos de Aço –


Terminologias e Definições. 1997;

INSTITUTO AÇO BRASIL. Dados de Mercado, 2015. Disponível em:


<https://acobrasil.org.br/site/historia-do-aco/> Acesso em: 20 de abril. 2021;

COLPAERT, Hubertus. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos comuns. 4. ed. Revista


e atualizada. São Paulo: Editora Blucher, 2008;

CALLISTER, Willian. D. Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais: Uma


Abordagem Integrada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015;

BORTOLETO, Eleir. M. Modelamento Numérico Computacional das Transformações


de fase nos Tratamentos Térmicos de Aços. Dissertação de Mestrado em Engenharia
Mecânica. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2010;

CHIAVERINI, Vicente. Aços e Ferros fundidos, 7. ed. Revista e atualizada. São Paulo:
Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, 2008;

CHIAVERINI, Vicente. Tratamento Térmico das Ligas Metálicas. São Paulo:


Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, 2008;

Profa.dra.lauralice canale, 2017 transformações de fases em metais e microestruturas.


Disponível em: <http://www.smm.eesc.usp.br/smm/images/material-
didatico/scm5757/Transf%20fase%201.pdf > Acesso em: 20 de maio. 2021;

Revista adnormas, 2019 a determinação da temperabilidade do aço. Disponível em: <


https://revistaadnormas.com.br/2019/08/13/a-determinacao-da-temperabilidade-em-
aco>Acesso em 10 de junho. 2021;
AÇOSSPORTE Dispónivel em <https://www.acosporte.com.br/aco-sae-
1045#:~:text=O%20a%C3%A7o%20sae%201045%20%C3%A9,de%20180%20a%203
00%20HB.> Acesso em 15 de maio. 2021.

ABM WEEK, 2016 têmpera de aço SAE 1045 utilizando diferentes meios de
resfriamento. Disponível em: < file:///C:/Users/USER/Downloads/28088.pdf> Acesso
em 8 de maio. 2021.

BERRAHMOUNE, M. R. Transformation martensitique et rupture différée dans l’acier


austénitique instable 301LN. Tese de Doutorado – Doctorat Mécanique et Matériaux,
ENSAM, École Nationale Supérieure d’Arts et Métiers, 2006;

BRUNATTO, Silvio Francisco, Introdução Ao Estudo dos Aços, 2016. Disponivel em:
<http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM052/Prof.Silvio/INTRODU%C3%87%C3%83
O%20AO%20ESTUDO%20DOS%20A%C3%87OS-Parte%201.pdf> Acessado em
10/04/2020

SILVA, A. J. S. T. Têmpera e Partição em ferros fundidos nodulares. 2013. 131 p.


Dissertação de Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Departamento de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

MUÿLDER, Cristiana Fernandes de muÿlder , Industria siderúrgica brasileira: evolução


recente e tendências, programa de pós graduação, Disponivel em
<https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/9050/1/texto%20completo.pdf>
acessado em 22/06/21

Você também pode gostar