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ISSN nº 2526-8031

8031 Vol. 2, n. 1, Jan-Abr.


Jan 2018

HISTÓRICO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO ENSINO MÉDIO:


UM ESTUDO DAS LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

History of educational policies in middle school: a study of the laws of


education guidelines and bases

Histórico de las políticas educacionales de la enseñanza medio: un estudio de


las leyes de directrices y bases de la educación

Guery Tã Baúte e Silva1


Vanessa Romancene Pereira Gomes2
Gabriel Scoparo do Espírito Santo3
Nelson Russo de Moraes4, 5

RESUMO
A recente reforma do ensino médio levanta o debate a respeito da profissionalização como
parte da formação para a vida dos jovens no país. A fim de substanciar essa discussão foi

1
Graduada em Administração pela Faculdade de Ciências e Engenharia (FCE) da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/Tupã – SP. Mestranda em Administração e Agronegócio pela
mesma universidade. E-mail: guerybaute13@gmail.com.
guerybaute13@gmail.com
2
Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Itajubá/MG. Atualmente é Administradora no
Instituto Federal de São Paulo.E-mail:
mail: van.ifsp@gmail.com.
3
Bacharel e Mestre em Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP. E-
mail: gabriel@tupa.unesp.br.
4
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas (pesquisa: Transparência na Gestão Pública) pela
Universidade Federal da Bahia/UFBA. Mestre em Serviço Social (pesquisa: Responsabilidade Social
Empresarial) pela UNESP/Franca/SP. Especialista em Gestão Pública.
Pública. Especialista em Gestão de Programas
Sociais. Graduado em Administração pela Instituição Toledo de Ensino/ITE/Bauru/SP. Pós doutorando
doutora em
Comunicação e Sociedade pelo PPGCOM (Universidade Federal do Tocantins/UFT).
Tocantins . Docente Permanente do
Curso de Mestrado o em Agronegócio e Desenvolvimento da UNESP. Líder do Grupo de Pesquisa em
Democracia e Gestão Social da UNESP (GEDGS). E-mail: nelsonrusso.unesp@gmail.com.
nelsonrusso.unesp@gmail.com
5
Endereço de contato dos autores (por correio): Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Faculdade de Ciências e Engenharia de Tupã. Rua Domingos da Costa Lopes,780, Jardim Itaipu, CEP: 17602-
17602
496 - Tupã, SP – Brasil.

Aturá Revista Pan-Amazônica


Pan Amazônica de Comunicação, Palmas, v. 2, n. 1, p. 220-249, jan-abr. 2018
ISSN nº 2526-8031
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Jan 2018

realizada um levantamento histórico dialético das reformas que influenciaram o ensino


médio desde a criação da primeira Leis de Diretrizes e Bases da educação. Para comparar
leis propostas em diferentes contextos foram escolhidos critérios como a obrigatoriedade, a
estrutura do ensino médio, a profissionalização compulsória, o currículo
currículo e o papel iniciativa
privada. Por fim, foi elaborada uma reflexão crítica a respeito dos avanços e retrocessos das
políticas educacionais do ensino médio no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE:: Políticas públicas educacionais;


educacionais leis de diretrizes e bases;
bases ensino
médio.

ABSTRACT
The recent high school reform raises the debate about professionalization as part of
training for the lives of young people in the country. In order to substantiate this discussion,
a historical dialectical survey of the reforms that influenced secondary education since the
creation of the first Laws of Education Guidelines and Bases was carried out. To compare
proposed laws in different contexts, criteria such as compulsory education, the structure of
secondary education, compulsory
compulsory professionalization, curriculum and the role of private
initiative were chosen. Finally, a critical reflection was made on the advances and setbacks
of high school education policies in Brazil.

KEYWORDS: Public educational policies; laws of guidelines and bases; high school.

RESUMEN
La reciente reforma de la enseñanza media plantea el debate sobre la profesionalización
como parte de la formación para la vida de los jóvenes en el país. A fin de sustanciar esa
discusión se realizó un levantamiento histórico
histórico dialéctico de las reformas que influenciaron
la enseñanza media desde la creación de la primera Leyes de Directrices y Bases de la
educación. Para comparar leyes propuestas en diferentes contextos se eligieron criterios
como la obligatoriedad, la estructura
estructura de la enseñanza media, la profesionalización
obligatoria, el currículo y el papel iniciativa privada. Por último, se elaboró una reflexión
crítica sobre los avances y retrocesos de las políticas educativas de la enseñanza media en
Brasil.

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PALABRAS CLAVE: Políticas públicas educativas; leyes de directrices y bases; enseñanza


media.

Recebido em: 11.10.2017.


11. .2017. Aceito em: 17.12.2017. Publicado em: 02.01.2018.
0

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INTRODUÇÃO MEC) com o propósito de elaborar uma


A crise mundial de 1930 afetou as legislação que dessa conta de estruturar o
estruturas econômicas brasileiras de tal ensino. Foi nesse momento que se
modo que o país precisou migrar do consolidaram ações que pretendiam
modelo econômico agroexportador para estabelecer diretrizes educativas ao
o nacional-desenvolvimentista.
desenvolvimentista. Devido a campo político e econômico, não existia
isso, o período de 1930 a 1937 é marcado até então um sistema nacional integrado
in
pela consolidação de um capitalismo ou uma política nacional de educação que
brasileiro industrial focalizado na ideia da prescrevesse diretrizes gerais para o
modernização, o governo apoiou a ensino (primário, secundário e superior).
implantação de muitas indústrias de base, Apesar desta medida qualificar a
mas faltava mão de obra especializada educação, acabou gerando uma forte
para trabalhar nessas fábricas.
cas. Para que a discriminação social já que os cidadãos
mudança da base econômica fosse exitosa dos estratos sociaiss médios e altos se
era necessário educar os trabalhadores, já formavam para níveis escolares mais altos
que o modelo industrial necessitava de enquanto os de estratos populares eram
um capital humano com conhecimentos e preparados para o mercado de trabalho
habilidades mínimas diferentes dos perfis (GIRON, 2008; SHIROMA et al, 2004).
exigidos no modelo agrário (GIRON, 2008;
200 Esse ambiente construtivista levou
SHIROMA et al, 2011). diversos intelectuais e militares
Almejando um ensino que interessadoss na questão educacional a se
auxiliasse no processo de modernização entusiasmarem, e em 1932 um grupo de
em 1930 o presidente Getúlio Vargas intelectuais lançou o Manifesto dos
criou o Ministério de negócio da Educação Pioneiros da Educação Nova dando um
e Saúde Pública (que em 1951 dá origem caráter social à educação. O documento
ao Ministério da Educação e Cultura - propunha que o Estado organizasse um

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plano geral de educação pautado na Ao estabelecer a lei Lei Nº 4.024, de


construção
ução de uma escola pública, 20 de dezembro de 1961 o então
obrigatória, gratuita e laica, já que o presidente João Goulart fixou as Diretrizes
Estado dividia com a igreja a área da e Bases da Educação Nacional, entretanto
educação até aquele momento. Esses até 2017 essas diretrizes sofreram diversas
apontamentos influenciaram na reformas (BRASIL, 1961). No Brasil além da
Constituição Federal de 1934 em que a LDB de 1961 foram criadas a LDB de 1971
Educação figura como dever do Estado e e a de 1996. Entre uma reforma completa
direito de todos. Apesar do processo e outra, vários complementos e alterações
alt
educativo ser dever do Estado, as destas foram impostos através de outros
indústrias e sindicatos poderiam auxiliar instrumentos legais, como por exemplo,
nessa missão (BRASIL, 2017). decretos de Medidas Provisórias (MP).
O período de 1934 a 1945 foi Já em 2017, sem consulta popular,
marcado por diversas reformas foi adotada como Medida Provisória (MP)
educacionais, o Brasil já possuía as bases nº 746/16, uma nova reforma que apesar
da educação nacional, mas o governo de não substituir a LDB de 96 altera seus
buscava o estabelecimento definitivo de principais artigos referentes à educação
diretrizes básicas. Vários projetos foram básica. Após 120 dias, em que foi
discutidos, alterados, revogados, apenas discutida no Congresso Nacional, tornou-
tornou
em 1961 a Lei de Diretrizes e Bases da se a Lei 13.415/2017.
Educação (LDB) entrou em vigor fazendo Diante da importância das LDBs e
com que o sistema educacional brasileiro
brasi de suas adequações ou mesmo reformas
centralizador permitisse que os órgãos na história da estruturação
estrutura da educação
estaduais e municipais ganhassem nacional, juntamente com os desafios
autonomia culminando em uma proposto ao sistema educacional
diminuição da centralização do MEC brasileiro, objetivou--se nesta pesquisa
(BRASIL, 2017).

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comparar as reformas do ensino médio O presente trabalho é um estudo


sob a perspectiva histórica e dialética. teórico, que intenta contribuir para a
Desdobram-se
se do objetivo geral, os compreensão de fatos, sem ter em foco
seguintes objetivos
os específicos: 1. realizar aplicação específica (CASARIN; CASARIN,
um levantamento histórico sobre a 2012). Para compreender a temática foi
evolução das reformas, promovidas pelas realizada uma pesqui
pesquisa exploratória
leis 4.024/1961 e alterações, 5.692/71 e bibliográfica com o intuito de ampliar os
alterações, 9.394/96 e alterações e conhecimentos sobre o tema estudado
13.415/2017; 2. circunscrever os desafios por meio de referências teóricas como
do ensino médio no Brasil; 3. comparar
comp publicações de artigos, livros, teses, entre
pontos relevantes das legislações outros Além disso, foi efetuada uma
educacionais. pesquisa documental que investiga a
legislação
ção referente a questão
METODOLOGIA (PEROVANO, 2016; MEDEIROS, 2013).
O método utilizado será o dialético, Além disso, realizou
realizou-se uma
visto que ele implica em uma análise pesquisa descritiva em que se busca
crítica do objeto estudado a fim de identificar as informações, registrar e
evidenciar os determinantes que lhe dão analisar as características, os fatores ou
forma (WACHOWICZ, 2001). O método variáveis, sistematizar os dados coletados
dialético,
ético, segundo Gil (1989), pode ser e descrever os fenômenos (PEROVANO,
(
estudado sob o aspecto de investigação 2016).
profunda da realidade para conhecer um Para que fosse possível fazer um
objeto. Além disso, a dialética considera comparativo entre as características de
que todo o conhecimento é flexível e está cada uma das leis de diretrizes e bases
em permanente mudança, por meio dele que reformaram o ensino médio, da
será possível analisarr as contradições das década de 60 aos dias atuais foi
reformas do ensino médio. elaborado de um quadro o qual elencou

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os seguintes critérios: (a) Obrigatoriedade; solidariedade, igualdade e respeito. Entre


(b) estrutura do ensino médio; (c) os objetivos da Educação estaria o
profissionalização compulsória (d) desenvolvimento integral da
currículo (e) iniciativa privada. Ressalta-se
Ressalta personalidade humana e “o preparo do
que o estudo não pretende esgotar as indivíduo e da sociedade para o domínio
discussões, e há, com toda certeza lacunas dos recursos científicos e tecnológicos
a serem preenchidas. que lhes permitam utilizar as
possibilidades e vencer as dificuldades do
meio” (BRASIL, 1961, art.1º).
REFERENCIAL TEÓRICO Tal legislação estabeleceu a
educação como direito de todos, cabendo
Lei de Diretrizes e Bases de 1961 tanto ao poder público quanto ao
particular ministrarem
nistrarem o ensino em todos
Ao estabelecer a Lei nº 4.024, de 20 os graus (ANDREOTTI, 2006), sendo
de dezembro de 1961, o então presidente obrigação do Estado financiar o ensino
João Goulart fixou as Diretrizes e Bases da para a parcela da população que não
Educação Nacional que passou a ser tivesse meios para custear seus estudos
norteadora da estrutura educacional (BRASIL, 1961).
brasileira. O projeto que deu origem à A administração desse sistema
referida lei demorou 13 anos sendo educacional ficou a cargo do MEC, que
discutido por diversas camadas populares, apoiado pelo Conselho Federal de
porém foi aprovado com muitas Educação, tornou-se
se coordenador das
modificações no texto original diretrizes com a incumbência de
(SONNEVILLE, 2005; ANDREOTTI, 2006). sistematizar a organização da educação
Em seu primeiro artigo, a lei aponta básica. Esses órgãos estabeleciam
que a educação nacional deveria ser normativas operacionais como a duração
inspirada nos princípios de liberdade, mínima do período escolar, o

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cumprimento
to dos programas básicos, a de professores (MARCHELLI, 2014, p.
1483).
frequência obrigatória mínima de 75%
dos alunos, e estruturais para Nas duas primeiras séries do
organizações de ensino públ
públicas e ginásio deveriam ter as matérias
privadas (BRASIL, 1961). obrigatórias comuns a todos os cursos de
O sistema de ensino foi estruturado ensino médio. Enquanto os conselhos de
em educação de grau primário: que educação escolhem as disciplinas e
incluía o ensino pré-primário,
primário, maternais e práticas educativas obrigatórias,
jardins de infância para crianças de até organizações de ensino podiam escolher
escolh
sete anos, e o ensino primário o qual as optativas, desde que entre elas fosse
durava de 4 a 6 séries. O grau médio ou incluída uma de caráter vocacional. Entre
ensino médio englobava o que hoje as obrigatórias existiam a formação moral
definimos como fundamental II (ginasial) e cívica, atividades complementares de
com duração de 4 anos, e ensino médio iniciação artística, prática da educação
(colegial) com
om duração de 3 anos (BRASIL, física a todos os níveis escolares, além da
1961). orientação
ntação educativa e vocacional em
Além disso, no ensino médio o cooperação com a família (BRASIL, 1961).
aluno poderia optar por um ensino médio A lei definiu também a quantidade
(a) secundário, (b) técnico ou (c) de mínima de disciplinas de cada ciclo: 9 no
formação de professores para o ensino ginásio, 8 nas duas primeiras séries do
primário e pré-primário
primário (BRASIL, 1961). colegial e de 4 a 6 disciplinas na terceira
Sendo que: série. Elas deveriam abordar
a aspectos
linguísticos, históricos e literários que
(...) o ciclo colegial de três anos, com as preparassem os alunos para os cursos
modalidades de clássico e científico que
complementavam o secundário, bem superiores, podendo haver disciplinas
como as formações que finalizavam o
primeiro ciclo de natureza técnica, além ministradas em colégios universitários
universitári
do curso normal voltado para a formação
(BRASIL, 1961).

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O aluno que optasse pelo ensino emitiam certificados de curso e cartas de


técnico tinha três escolhas: cursar
cursa o ofício que eram equivalentes aos dados
ensino industrial, o agrícola ou o por organizações de ensino, assim mesmo
comercial. Nos dois últimos anos do sem irem as escolas se seus empregados
empr
ginásio deveriam ser ministradas 4 passassem no teste de admissão ginasial
disciplinas do ginásio secundário, e no poderiam se matricular nos ginásios de
colegial, deveriam ser incluídas 5 ensino técnico (BRASIL,
IL, 1961, art. 51).
51
disciplinas do colegial secundário (BRASIL, Com o golpe civil-militar
civil de 1964
1961). foi formado um novo quadro político em
A formação do magistério
ério se dava que havia a necessidade de reestruturação
da seguinte forma: em (a) escola normal do modelo educacional
cional então vigente. Em
de grau ginasial, para formação de um primeiro momento, o governo
regente de ensino primário, com no implementou ajustes na Lei 4.024/61, por
mínimo, 4 séries, que contemplasse meio de emendas e artigos (CERQUEIRA,
disciplinas obrigatórias do curso et al 2009). E em 1968, a educação
secundário ginasial, e (b) escola normal de superior foi reformulada pela Lei 5.540/68,
grau colegial para formação
ormação de professor que fixou normas de funcionamento do
primário, com 3 séries, no mínimo ensino
o superior, desestruturando a
(BRASIL, 1961). formação de professores para o ensino
Nesse momento da educação médio e desmantelando a Faculdade de
brasileira as empresas industriais e Filosofia (SONNEVILLE, 2005). “Tentava-se
“Tentava
comerciais deveriam obrigatoriamente criar a imagem de uma escola não-
não
“ministrar,, em cooperação, aprendizagem discriminatória, na qual a preparação
de ofícios e técnicas de trabalho aos técnica e ideológica se fizesse de acordo
aco
menores seus empregados, dentro das com o interesse das camadas que nela
normas estabelecidas pelos diferentes ingressavam” (NUNES, 2000, p. 14 e 15).
sistemas de ensino”. Essas empresas

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Lei de Diretrizes e Bases de 1971 Em seu artigo quinto a lei


Em 1971, a Lei 5.692/71, cuja determinava a separação entre o ensino
proposta foi elaborada por especialistas para formação geral e ensino
em dois meses, analisada durante 40 dias profissionalizante obrigatório, que foi
por uma comissão mista e discutida no universalizado,
lizado, mas extinguiu o curso
Congresso em apenas um dia (BELTRÃO, normal, que formava professores
2017), transformou o ensino primário, de primários, tornando a formação de
quatro anos e o ginasial, também de professores uma habilitação de 2º grau
quatro anos, em 1º grau, e o ensino (NUNES, 2000; SONNEVILLE, 2005). Assim,
médio, em 2º grau (CERQUEIRA,
(CERQUE 2009;
NUNES, 2000; BITTAR; BITTAR, 2012). O Com essa reforma, o regime militar
pretendeu conferir um novo caráter ao
cenário econômico foi
oi o do Milagre segundo o grau de ensino. Com o
propósito de lhe conferir caráter terminal
Econômico Brasileiro, período de e de diminuir a demanda sobre o ensino
superior, a reforma imprimiu-lhe
imprimiu o
industrialização acelerada e com grande carimbo de ‘profissionalizante’, ou seja,
mobilização da opinião pública para criar acabava-sese com o ensino médio de
caráter formativo, com base humanística,
uma imagem do progresso. Nesse afã para fornecer ‘uma profissão’ aos jovens
que não pudessem
pudes ingressar na
progressista estava a defesa de que os universidade (BITTAR e BITTAR, 2012, p.
163).
jovens deveriam terminar a educação
básica prontos para o trabalho qualificado No entanto, a lei admitia
(MARCHELLI, 2014). excepcionalidades, fato aproveitado pelos
colégios particulares de elite que
(...)
...) A par desse entendimento, o
indivíduo deverá adquirir por meio da continuaram preparando seus
seu alunos para
educação especializada habilidades
específicas para desempenhar uma o ensino superior (BELTRÃO, 2017).
2017)
função dentro das relações de produção
estabelecidas pelo sistema capitalista, O ensino primário e o ginasial
colocando sua força de trabalho a
serviço
o das classes dominantes (...)
passaram a compor o 1º grau, hoje o
(MARCHELLI, 2014, p. 1504). ensino primário corresponde ao ensino
fundamental I e o ensino ginasial ao

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fundamental II. O 1º grau com duração de diferenças individuais dos alunos. (BRASIL,
8 anos passou a ser obrigatório para 1971)
todas as crianças em idade escolar, de 7 a Em seu art. 11, ficou estabelecido
14 anos, em consonância ao expresso na que, o ano letivo deveria ter, no mínimo,
Constituição de 1967. Foi abolido o exame 180 dias de trabalho escolar efetivo,
de admissão, que separava o primeiro excluindo-se
se o tempo reservado às provas
ciclo de 4 anos do segundo. Já o 2º grau, finais. No art. 14 manteve-se
manteve a frequência
correspondente ao atual ensino médio, mínima de 75% para aprovação, já
passou a ter
er como finalidade compulsória prevista na legislação anterior,
a habilitação profissional em 3 ou 4 anos, acrescendo-se
se que para aqueles com
não obrigatório e, apesar de não estar frequência inferior, a aprovação se daria
expresso no texto da lei, deveria ser com aproveitamento superior a 80% na
cursado entre 14 e 18 anos (BRASIL, 1971).
1971 escala de notas (BRASIL, 1971).
Os currículos do ensino de 1º e 2º Foi estabelecido um currículo pleno
graus deveriam ter um núcleo
eo comum e contemplando formação geral e especial,
obrigatório para todos os sendo que para o 1º grau, as disciplinas
estabelecimentos de ensino do país, cuja gerais
ais seriam exclusivas nas séries iniciais
definição seria de competência do e predominantes nas finais, com o
Conselho Federal de Educação (CFE). Para objetivo de sondar aptidões. O 2º grau,
os cursos de 2º grau, o CFE estabeleceu o por sua vez, teria disciplinas
mínimo a ser exigido em cada habilitação predominantemente de formação
profissional. Além disso,
isso, os currículos especial, que dariam habilitação
contemplariam uma parte diversificada, a profissional ao egresso. (BRASIL, 1971)
1971
ser definida pelos Conselhos de Educação, A reforma
rma incluía, ainda, o ensino
que atendesse às peculiaridades locais, religioso e facultativo e a obrigatoriedade
aos planos dos estabelecimentos e às das disciplinas de Educação Física,
Educação Artística e Programas de Saúde,

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além da Educação Moral e Cívica, que se utilizar-se


se de outros meios de
alinhava ao perfil militar do Governo à comunicação, como rádio e televisão.
época (BRASIL, 1971): “dis
“disciplina de (BRASIL, 1971; BARRETO et al, 1979)
caráter doutrinário, que além de justificar A desorganização e falta de
a existência dos governos militares, infraestrutura
rutura foram tão marcantes, que
veiculava ideias preconceituosas sobre a provocaram críticas mesmo sob o regime
formação histórica brasileira”” (BITTAR e autoritário, até que em 1982 foi
BITTAR, 2012). promulgada a Lei 7.044/82, que alterou a
As escolas tinham que escolher redação dos artigos 1º, 4º, 5º, 6º, 8º, 12,
entre mais de 100 habilitações, como
com 16, 22, 30 e 76 da Lei nº 5.692/1971, além
datilógrafo, técnico em enfermagem, de revogar o art. 23. A formação especial
contabilidade, agropecuário e vários foi excluída do currículo, e abriu-se
abriu a
outros que demandavam laboratórios e possibilidade para um ensino médio que
equipamentos caros. A verba, entretanto, não contemplasse
asse a habilitação
não acompanhou o otimismo da lei e profissional (BRASIL, 1982).
1982)
várias escolas ofereceram cursos sem
material nenhum. Muitas empresa
empresas Lei de Diretrizes e Bases de 1996
aproveitaram a liberdade para criar cursos A promulgação da Constituição de
profissionalizantes, garantindo sua mão 1988, conhecida como constitui
constituição
de obra (FRATTINI, 2011) cidadã, delineia os primeiros esforços de
Devido às distorções do ingresso se criar um sistema nacional de educação
no ensino de 2ºº grau, foi instituído o no Brasil. Além disso, neste mesmo
ensino supletivo, voltado para aqueles documento estabelece que, compete
jovens e adultos que não haviam cursado
cur privativamente à União definir diretrizes e
o 2º grau em idade própria, oferecendo bases da educação nacional (BRASIL,
oportunidade de escolarização, que 1988).
poderiam tanto ser presenciais, como

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As reformas implementadas
mplementadas a partir identidade ao Ensino Médio,
de 1990, influenciadas pela UNESCO determinando que Ensino Médio é
(Organização
Organização das Nações Unidas para a Educação Básica” (BRASIL, 1999, p. 9).
Educação, a Ciência e a Cultura)
Cultura), Além disso, “a LDB trouxe uma
culminam com a promulgação de vários nova concepção
pção de educação básica com
dispositivos legais no Brasil: a ampliação do número de anos e etapas
de escolarização” (TRIGUEIRO, 2017, p.
No Brasil, a UNESCO possui uma 57). A partir deste dispositivo a educação
representação explícita estabelecida por
meio de acordo de cooperação técnica. básica foi estruturada da seguinte forma:
Foram discutidas e formuladas políticas
ancoradas nas concepções e escolar, de 4 a 6 anos6; (b) ensino
(a) pré-escolar,
recomendações da UNESCO, usando-se
usando
a Declaração Mundial de Educação para
fundamental, até 14 anos;
a (c) ensino
Todos. Essa representação se expande médio, até os 17 anos (BRASIL, 1996, art.
pela influência de ideiass e concepções
dos documentos orientadores das 30, 32 e 35). Destaca-se
Destaca ainda que, no
políticas educacionais como o Plano
Decenal (1993), o Plano Nacional de texto original da LDB/1996, previa-se
previa que
Educação (2000), e a própria Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional o Estado deveria garantir a “progressiva
– LDBEN n. 9394/96 96 (DOMINGUES;
TOSCHI; OLIVEIRA, 2000).
extensão da obrigatoriedade e gratuidade
do ensino médio”, ou seja, o ensino médio
A publicação da Lei de Diretrizes e ainda não era universal (BRASIL, 1996,
Bases de 1996, atendendo ao expresso na art.4o).
CF/88, figurou-se
se como um avanço em Como dispositivos inclusivos, a
relação às legislações anteriores definindo LDB/96 estabeleceu a oferta de
o ensino médio como etapa final da atendimento educacional voltado para
Educação Básica, de forma a atender a pessoas com deficiência e ensino regular
população em geral (CZERNISZ, 2010;
MOEHLECKE, 2012): “A nova Lei de
6
Diretrizes e Bases da Educação Nacional Texto original da Lei 9.394/1996. O texto foi
alterado pela Lei 12.796/2013, dando a redação
(Lei 9.394/96) vem conferir uma nova atual ao art. 30: “II - pré-escolas,
escolas, para crianças de
quatro a cinco anos de idade”.

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noturno para trabalhadores (BRASIL, deve ser um estágio de preparação “para


1996). o trabalho e a cidadania do educando,
No que tange à gestão do sistema para continuar aprendendo, de modo a
educacional, todos os entes federativos ser capaz de se adaptar com flexibilidade
deverão organizar seus sistemas de a novas condições de ocupação ou
ensino, de modo colaborativo, e sob a aperfeiçoamento posteriores” (BRASIL,
supervisão de um Conselho Nacional de 1996, art. 35).
Educação, criado por lei (BRASIL, 1996). A estrutura curricular do ensino
A educação básica, amplia seu médio passa a contemplar um currículo
escopo, na tentativa de imprimir uma unificado com língua portuguesa,
formação que desenvolva a cidadania, matemática, ciências, história e geografia,
geo
atentando-se
se para promoção do artes e educação física. Estabelece a
progresso no trabalho e em estudos
es inclusão de uma língua estrangeira
posteriores. A legislação organiza, então, moderna como obrigatória, e a oferta de
a educação básica, de modo a estabelecer uma segunda de caráter optativo (BRASIL,
uma carga horária mínima de 800 horas,
h 1996).
distribuídas em um ano letivo de 200 dias. Para aqueles que não tiveram
Além disso, define que deverá haver um oportunidade de estudar nas idades
currículo único comum para cada nível indicadas a LDB/96 estabelece
esta diretrizes
escolar, contemplando disciplinas para acesso à educação básica,
obrigatórias, e disciplinas adaptadas as viabilizando e estimulando o acesso e a
realidades regionais e locais (BRASIL, permanência, além de incentivar a oferta
1996). de vagas nos estabelecimentos de ensino
No que se refere ao ensino médio, (BRASIL, 1996).
ele tem o papel de consolidar os
conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, ao mesmo tempo em que

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Com a definição de um currículo


Alterações que impactaram a LDB/96
LDB básico para todas as escolas,
A partir de 1997 várias alterações
alteraçõe contemplando a interdisciplinaridade e
foram sendo introduzidas, modificando a interação de metodologias
etodologias e experiências,
redação dos artigos e incluindo novos bem como contextualização do
inciso e parágrafos. Com o Decreto 2.208 conhecimento e o advento das
de 17 de abril de 1997, estabeleceu-se
estabeleceu a tecnologias, surgem termos como ensino
separação formal entre ensino médio e flexível, capacidade de trabalho em
técnico, com organizações e currículos equipe, pensamento crítico, entre outros,
específicos (MARTINS,
INS, 2012), e ainda, todos eles alinhados com o mercado de
segundo Shiroma, Moraes e Evangelista trabalho e o desenvolvimento
senvolvimento econômico
(2007, p. 76-77):
77): “ambos com um ensino (DOMINGUES; TOSCHI; OLIVEIRA, 2000).
modular cujo intento é o de oferecer Em concordância com esses
maiores oportunidades de entrada e saída pressupostos, o Ministério da Educação
do sistema, tendo em vista a (MEC) publica, em 1999, os Parâmetros
empregabilidade dos alunos”. Curriculares Nacionais Ensino Médio
Em 1998, o ensino médio
méd passa a (PCNEM), em que propõe um currículo
ter uma estrutura curricular básica que privilegia a formação
fo geral, em
nacional, instituída pelas Diretrizes contraposição à formação específica das
Curriculares Nacionais para o Ensino reformas
rmas predecessoras. Desse modo:
Médio (BRASIL, 1998), e um ensino técnico
profissionalizante oferecido nas formas (...) os PCN foram uma tentativa de criar
uma Base Nacional Comum, mas que
concomitante ou subsequente. Além precisou ser modificada para outro
caráter, mudando-se
mudando o nome para
disso, a partir de agora, é permitida à Parâmetros, que ficaram submetidos às
Diretrizes Curriculares Nacionais, sem
iniciativa privada a oferta de vagas em força de “lei” ou de marco
m regulatório
cursos de nível médio voltados para a dos currículos (FIORELLI SILVA, 2015, p.
335).
educação profissional (CZERNISZ, 2010).

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Os tempos mudaram, as de trabalho” (CIAVATTA, 2012): “O novo


necessidades do mercado capitalista paradigma emana da compreensão de
mudaram, e assim novas demandas por que, cada vez mais, as competências
formação humana
a surgiram, de modo a desejáveis ao pleno desenvolvimento
alterar a relação entre tecnologias e humano aproximam-se
se das necessárias à
trabalho. Sendo assim, a reforma do inserção no processo
rocesso produtivo”
produtivo (BRASIL,
ensino médio implementada passa a 1999, p. 11). E ainda, segundo Ciavatta
subordinar-se
se a uma política neoliberal, (2012, p.30), “desenvolver nas pessoas
cujos esforços são o de redesenhar a competências genéricas e flexíveis, de
subjetividade dos trabalhadores. modo que elas pudessem se adaptar
(FRIGOTTO, 1995;; CAMARGO; MAUÉS, facilmente às incertezas do mundo
2008; SANTOS; DIÓGENES,, 2017) contemporâneo”.
“A consolidação do Estado
democrático, as novas tecnologias e as Assim, grades curriculares passaram a
mostrar as áreas de conhecimento e
mudanças na produção de bens, serviços respectivas disciplinas; cargas horárias
dos tempos letivos; carga horária e
e conhecimentos exigem que a escola disciplinas e/ou atividades da parte
diversificada do currículo. Também
possibilite aos alunos integrarem-se
integrarem ao planos de curso e de aulas se
mundo contemporâneo nas dimensões
di preocuparam
cuparam em enunciar as
competências. Adotaram
Adotaram-se as
fundamentais da cidadania e do trabalho” nomenclaturas postas pelas diretrizes,
assim como situações de
(BRASIL, 1999, p.4). contextualização e de
interdisciplinaridade (NOGUEIRA RAMOS,
Embora o ensino médio tenha se 2011, p.775).
desvinculado do ensino profissionalizante,
o PCNEM estabelece que o ensino médio Outras ações de cunho reformista

deve orientar o estudante para o mundo foram realizadas. Em 2004, é promulgado


pro

do trabalho, desenvolvendo o Decreto 5.154/04, revogando o Decreto

competências,
cias, “descritas como 2.208/97. No novo decreto é incorporada

comportamentos esperados em situações à LDB uma nova modalidade: o ensino

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técnico integrado ao ensino médio, foram de fato, incluídas como disciplinas


contemplando num único currículo a obrigatórias nos currículos do ensino
formação geral e a profissionalizante médio. “Elas haviam sido banidas do
(BRASIL, 2004). E dessa forma, se currículo em 1971 e substituídas por
restabelece a integração entre o ensino educação moral e cívica” (OLIVEIRA, 2013;
médio e o técnico, retomando princípios MEC, 2006).
de formação de mão de obra trabalhadora Em 16 de julho, a Lei 11.741/2008
e o resgate da formação única (FRIGOTTO acrescentou a Seção IV-A,
IV denominada
et al, 2005; KUENZER, 2010). “Da Educação Profissional Técnica de
Novos componentes curriculares Nível Médio”, além de alterar a redação
foram sendo incluídos no texto da dos arts. 37, 39, 41 e 42 da LDB/96. Em
LDB/96. A Lei 10.639/2003, com redação 2009, a Lei
ei 12.061 alterou o inciso II do
alterada pela Lei 11.645/2008, incluiu no art. 4o e o inciso VI do art. 10 para
currículo oficial a obrigatoriedade da assegurar o acesso de todos os
temática "História e Cultura Afro
Afro- interessados ao ensino médio público,
Brasileira”. Já a Lei 11.769/2008, incluiu a com a concretização da universalização
u
obrigatoriedade do ensino da música no do ensino médio (GALINDO, 2010). No
componente
e curricular Artes. A Lei mesmo ano uma emenda à Constituição
12.608/2012, por sua vez, acrescentou Federal/88
al/88 tornou a “educação básica
princípios de proteção e defesa civil e a obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos
educação ambiental. 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
Após anos de discussões, o Parecer inclusive sua oferta gratuita para todos os
CNE nº 38/06 homologou a introdução da que a ela não tiveram acesso na idade
Sociologia e da Filosofia como disciplinas própria” (BRASIL, 2009, art. 208, I).
escolares no Ensino Médio. E dois anos Em 2010, a Resolução CNE/CEB
mais tarde, em junho de 2008, com a Lei 4/2010 definiu as novas Diretrizes
11.684/2008, a Filosofia e a Sociologia, Curriculares Nacionais Gerais para a

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Educação Básica, que trouxarem Reforma do ensino médio de 2017


orientações para formação dos currículos Em 2016, o Ministro da Educação
escolares, bem como subsidiando a emite a Portaria 790/2016, em que Institui
Insti
formulação, a execução e a avaliação do o Comitê Gestor da Base Nacional
projeto político-pedagógico
pedagógico da escola. Curricular Comum e reforma do Ensino
Dois anos mais tarde, as Resoluções Médio. A reforma proposta teria por
CNE/CEB 2/2012 e 6/2012 definem diretriz a diversificação da oferta de
diretrizes para o ensino médio e a ensino médio, possibilitando diferentes
educação profissional técnica de nível percursos acadêmicos e
médio, constituídas num conjunto profissionalizantes de formação (BRASIL,
articulado de princípios e critérios a serem 2016b).
observados pelos sistemas de ensino e No ano seguinte, a Lei 13.415/2017
pelas instituições de ensino privadas e é promulgada, mas não vem substituir a
públicas. LDB de 96, antes altera seus principais
Com a Lei 12.796/2013 mais uma artigos referentes à educação básica.
vez alterações foram
ram estabelecidas na Inicialmente formulada como Medida
LDB/96, com acréscimo de texto e Provisória (MP) nº 746/16, a reforma
alterações de redação. O art. 3o foi começou causando alvoroço n
na
acrescido de mais um inciso, em sociedade, por ter sido aprovada sem um
consideração a diversidade étnico-racial.
étnico amplo debate, com um prazo para
O caput dos artigos 5o, 6o, 26, 29 e 31 discussão muito enxuto, já que a MP
foram reescritos, bem como partes de deveria ser discutida e votada em 120
alguns deles. O art. 4o teve os incisos I a IV dias. Diversas entidades se manifestaram
e VII reescritos, bem como o art. 30 teve o contra o autoritarismo da proposta.
inciso II alterado. E ainda no art. 31 foram (SANTOS E DA SILVA, 2017)
acrescidos os incisos I ao V. Váriass emendas foram adicionadas
pelo legislativo à proposta inicial, e as

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maiores mudanças foram em relação aos ciências da natureza e suas tecnologias; IV


conteúdos obrigatórios e ao - ciências humanas e sociais aplicadas; V -
financiamento da implementação do formação técnica e profissional (BRASIL,
tempo integral. Com o objetivo de 2017, art. 4º).
fomentar a implantação do ensino médio A carga horária da BNCC não deve
em tempo integral,
gral, a lei determinou a ocupar mais que 1800
18 horas do total
ampliação progressiva de sua carga Ensino Médio, estabelecendo portanto
horária anual para 1400 horas, devendo que, 40% da carga horária deve ser
oferecer, no prazo de 5 anos, pelo menos dedicada à formação, contemplando a
mil horas anuais, a partir de março de área V do currículo de formação técnica e
2017 (BRASIL, 2017, art. 1º). profissional. (BRASIL, 2017, art. 3º, § 5º)
O currículo do novo ensino médio Para cursos técnicos e
será norteado pela Base Nacional Comum profissionalizantes, a lei permitirá que
Curricular (BNCC), obrigatória e comum a sejam contratados profissionais com
todas as escolas, substituindo os PCN. A notório saber reconhecido pelos sistemas
BNCC determina os conteúdos comuns, de ensino, para ministrar conteúdos de
sob força de lei, divididos em quatro áreas afins à sua formação ou experiência
grandes áreas: I - linguagens e suas profissional, atestados por titulação
tecnologias; II - matemática e suas específica ou prática de ensino em
tecnologias; III - ciências da natureza e unidades
des educacionais da rede pública ou
suas tecnologias; IV - ciências humanas e privada ou das corporações privadas em
sociais aplicadas (BRASIL, 2017, art. 3º). que tenham atuado, exclusivamente para
Além disso, o currículo deverá ser atender ao inciso V do caput do art. 36.
acrescido por itinerários formativos que (BRASIL, 2017, art. 6º).
devem ser organizados em cinco áreas: I - Uma novidade da reforma é a
linguagens e suas tecnologias; II - possibilidade da educação à distância no
matemática e suas tecnologias; III - Ensino Médio, assim como o

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reconhecimento de cursos e atividades levantamento de informações necessárias


técnicas de outras instituições como parte para a estruturação do quadro 1. No
do currículo (BRASIL, 2017, art. 4, §11) . quadro 1 é possível observar o
Os artigos finais da lei tratam sobre comparativo entre as Leis de Diretrizes e
a Política de Fomento à Implementação Bases e suas alterações de 1961 a 2017 no
de Escolas de Ensino Médio em Tempo que tange o ensino médio.
Integral, garantindo um repasse de verbas Foram extraídas informações
do Governo Federal durante 10 anos para referentes
es a: (a) Obrigatoriedade; (b)
as escolas públicas que implementarem o estrutura do ensino médio; (c)
tempo integral. (BRASIL, 2017, art. 13 a 20) profissionalização compulsória (d)
Com relação ao financiamento, em currículo (e) iniciativa privada, e
2016 foi promulgada a Emenda organizadas no Quadro 1.
Constitucional 95/2016, que estabeleceu
um teto para os gastos públicos da União
pelos próximos 20 anos (BRASIL, 2016a).
O repasse do Governo Federal só dura
metade desse período e muito
provavelmente será consumido em
reformas e adequações da infraestrutura
das escolas. A longo prazo,
azo, é possível
antever complicações orçamentárias nos
Estados para a manutenção do Tempo
Integral.

RESULTADO E DISCUSSÃO
Após uma densa pesquisa
bibliográfica e documental foi possível o

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Quadro 1. Quadro comparativo das LDB e suas alterações.

Critérios Lei 4.024/1961 e Lei 5.692/71 e Lei 9.394/96 e alterações Lei 13.415/2017
alterações alterações

Obrigatoriedade Não obrigatório. Não obrigatório. Obrigatório. Obrigatório.

Estrutura Grau médio: O antigo Ensino médio gratuito para Não modifica a
formado por dois colegial passa a jovens e adultos. Ensino estrutura.
ciclos: (a) ginasial, se chamar 2º médio, com duração
com 4 séries e (b) grau, com mínima de 3 anos.
colegial, de 3 a 4 duração de 3 a 4
séries. anos.

Profissionalização Sim. Sim até 1982. Não. Não.


compulsória

Currículo Quantidade 2º grau - BNCC, a ser BNCC e itinerários


mínima de Profissionalizant complementada por uma formativos
disciplinas: nas 2 e. Educação parte diversificada, de organizados em
primeiras séries Moral e Cívica acordo com características cinco áreas: I -
do colegial, obrigatória. regionais e locais da linguagens e suas
seriam 8, na 3 A partir de 1982 sociedade, da cultura, da tecnologias; II -
série deveria passa a existir o economia e dos matemática e suas
conter de 4 a 6 2 grau regular educandos. Disciplinas tecnologias; III -
disciplinas, que com currículo obrigatórias: português e ciências da natureza
abordassem definido pelo língua estrangeira, ciências e suas tecnologias;
aspectos Conselho e artes, história e geografia. IV - ciências
linguísticos, Federal de Lei 10.639/2003: estudo de humanas e sociais
históricos, Educação. história e cultura afro- aplicadas; V -
literários, e brasileira e indígena. Lei formação técnica e
preparassem os 11.684/2008: filosofia e profissional.
alunos para os sociologia. Lei 11.769/2008:
cursos superiores. música como conteúdo de
Educação física Artes. Lei 12.608/2012:
obrigatória. princípios de proteção e
defesa civil e educação
ambiental.

Iniciativa privada Podem ser Podem ser Podem ser oferecidos pela Podem ser
oferecidos pela oferecidos pela iniciativa privada. oferecidos pela
iniciativa privada. iniciativa iniciativa privada.
privada.

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Fonte: Lei 13.415/2017, Lei 9.394/96, 5.692/71, 4.024/1961, 7.044/82, 10.639/2003, 11.741/2008,
11.741/ 11.769/2008,
11.684/2008, 12.608/2012, 12.796/2013
/2013 e DRABACH (2009).
(2009)
apenas com a Lei 7.044/82 ele tornou-se
t
Os itens obrigatoriedade e optativo.. Esse caráter optativo permanece
estrutura analisam o esqueleto do ensino na LDB de 1996 e suas alterações, o
observando a duração de cada período, as ensino técnico pode ser efetuado durante
nomenclaturas utilizadas e a divisão o ensino médio ou posterior a ele se
temporal dos saberes ensino básico ao assim o aluno desejar. Porém, a reforma
médio com as alterações. A lei da LDB de de 2017 resgata sua obrigatoriedade e
1961 monta a primeira estrutura e integra ao ensino
nsino médio o ensino
estabelece a obrigatoriedade do ensino, profissionalizante como itinerário
apenas no grau primário, com a formativo.
promulgação da Lei LDB de 1971 No Currículo se tem a composição
(fundamental passa a ser obrigatório),
obrigatório a do esqueleto educacional,
educacional abordando
de 1996 (ensino médio torna
torna-se sobre disciplinas obrigatórias ou optativas
obrigatório) e 2017 (obrigatório), alterou-
alterou e o quantitativo delas estabelecido em
se a estrutura e ampliou a cada legislação. Ao observar a tabela
tabel
obrigatoriedade do ensino. nota-se
se que as matérias obrigatórias
O critério profissionalização foram sendo escolhidas conforme o
compulsória aponta a relação do ensino interesse político dos governantes,
médio de a profissionalização direta para deixando transparente que a educação foi
o mercado de trabalho, apontando utilizada historicamente como
quando os cursos
ursos profissionalizantes eram instrumento de modelamento social.
parte integrante do formativo dos alunos O papel da iniciativa privada
do ensino médio. E 1961 o ensino médio regulamentado
ntado por essas legislações, em
(colegial) era técnico ou de formação de 61 todos os graus poderiam ser
professores, 1971 ele (2º grau) era oferecidos tanto pelo poder público,
compulsoriamente profissionalizante quanto pela iniciativa privada. Em 1971 há

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um favorecimento ao capital privado, a Visto o caráter essencialmente


profissionalização era feita direto pela democrático da constituição de 1988 no
empresa. Já em 1996 o ensino passa
pass a ser campo educacional se instaurou um
livre à iniciativa privada essa característica momento ímpar na história da educação
permanece na reforma de 2017. brasileira, de modo que a sociedade
Vale ressaltar o processo de pudesse
esse se posicionar e assegurar seus
construção política da LDB visto que só anseios em relação ao sistema
em 1940, com promulgação da educacional, apesar das restrições
constituição de 1936 e a queda do Estado impostas pelos setores privatistas. Apesar
Novo, que surgem condições necessárias
necess de a LDB de 1996 reiterar o princípio de
para a democratização da educação. gestão democrática essa foi realizada de
Segundo Drabach (2009), a LDB de 1961 maneiro muito pobre, devido às pressões
foi estruturada por uma comissão privadas “o
o adjetivo público foi agregado
composta de educadores de diferentes ao princípio da gestão democrática do
tendências, apesar disso as marcas ensino e as formas e sujeitos da
patrimonialistas do Estado Brasileiro participação ficaram de fora da redação
fizeram com que a disputa final pelo
pe final” (DRABACH, 2009, p. 5156).
projeto a ser aprovado, girasse mais em A atual reforma educacional do
torno do conflito entre liberais e católicos, ensino médio, promulgada pela Lei
do que ao conjunto da população, daí seu 13.415/2017 vem causando intensa
caráter parcialmente democrático discussão na sociedade, diversas
(DRABACH, 2009). A LDB de 1971 foi entidades se manifestaram contra o
elaborada no auge do governo militar autoritarismo da proposta que foi
sendo constituída sem nenhum viés aprovada sem um amplo debate e com
democrático, excluindo qualquer tipo de um prazo para discussão muito enxuto
participação popular. (SANTOS E DA SILVA, 2017).

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mercado de trabalho tornou


tornou-se a
REFLEXÕES FINAIS:
S: A TENDÊNCIA preocupação principal dos governos.
DIALÉTICA DO ENSINO MÉDIO Assim, o ensino médio tem como objetivo
O ensino médio foi sempre a profissionalização,
ização, sem, no entanto,
marcado pela dualidade entre classes preocupar-se
se com a qualidade do ensino,
sociais e as reformas educacionais ou mesmo com a alta demanda por
acabaram por definir dentro do mesmo cursos superiores.
sistema a escola das elites e a das classes Após anos de discussões e da
populares. O sistema capitalista, por sua defesa da formação politécnica, a
vez, forjou as bases para a elaboração
elabora das LDB/1961 foi promulgada, mas o
reformas que desconstruíram e resultado não contemplou a ideário dos
reconstruíram o ensino no Brasil, como se educadores
dores da época, e acabou por se
pode ver no quadro comparativo a seguir, consolidar num ensino técnico medíocre,
levando a dualidade tanto educacional, que atendia exclusivamente às camadas
quanto divisão do trabalho. mais pobres da população. A lei dividia o
Apenas em 1930 o governo ensino básico em grau primário e grau
começou a discussão sobre estabelecer médio, mas não garantia universalização
diretrizes
trizes educacionais, isso porque era da educação. O ensino médio
médi tinha como
necessário a criação de mão de obra objetivo a formação para o mercado de
especializada para trabalhar no processo trabalho, ou para ingresso no ensino
de industrialização do país. Somente em superior. Como não havia ainda uma ideia
1961 que é criada a primeira LDB, até de educação pública bem definida, a
1961 o Brasil ainda não tinha um sistema iniciativa privada tinha autorização para
educacional bem delineado,
do, a partir daí ofertar o ensino.
intenta-se estruturá-lo.
lo. Nas décadas de 60 Já com a LDB/1971, fortemente
e 70, o país passava por um momento influenciada pelas ideais militares e
econômico impregnado de otimismo, e o positivistas,, o ensino médio foi

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reestruturado, o primário uniu-se


uniu ao trabalho dos professores. Influenciando
ginásio, que anteriormente era pelas novas correntes teóricas norte-
classificado como grau médio, ampliando americanas e latinas, a privatização do
a quantidade de anos do ensino primário ensino vem com força maior. A Educação
e alterando o nome do colegial para grau
g passa a ser protagonista para aqueles
secundário. Definiu-se
se que o primário países que queiram desenvolver-se
deveria ser obrigatório, para crianças dos economicamente, e figura como a solução
7 aos 14 anos. O segundo grau terminou de todos os problemas.
por se consolidar compulsoriamente Por fim, a última alteração, advinda
como profissionalizante. Com o da Lei 13.415/2017, apesar de não
favorecimento da iniciativa privada, substituir a LDB de 1996 fez alterações em
colégios particulares surgiram
m oferecendo seu texto e também modificou os
vagas em cursos preparatórios para o instrumentos legais referente a Lei 11.494,
ingresso no ensino superior, ampliando o de 20 de junho 2007, que regulamenta o
abismo entre as classes trabalhadores e as Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
mais abastadas. da Educação Básica e de Valorização dos
Na década de 80 e 90 marcadas Profissionais da Educação, a Consolidação
pelas sucessivas crises econômicas, surge das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
a LDB/1996, cujo objetivo é o de mover
m o Decreto-Lei
Lei nº 5.452, de 1º de maio de
foco do ensino médio do mercado de 1943, e o Decreto-Lei
Lei nº 236, de 28 de
trabalho para o preparo para vida, fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161,
desenvolvendo competências diversas, de 5 de agosto de 2005. Além de, instituir
deixando de ser exclusivamente a Política de Fomento à Implementação
profissionalizante. O ensino médio passa a de Escolas de Ensino Médio em Tempo
compor a educação básica e torna-se
torna Integral. Essa reestruturação educacional
obrigatório. Luta-se
se por um currículo
curr surge como uma nova
nov promessa do
nacional, que norteie a educação e o

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estabelece as diretrizes e bases da BRASIL. Presidência da República. Emenda


educação nacional, e 11.494, de 20 de Constitucional nº 95, de 15 de dezembro
junho 2007, que regulamenta o Fundo de de 2016. Altera o Ato das Disposições
Manutenção e Desenvolvimento da Constitucionais Transitórias, para instituir
Educação Básica e de Valorização dos o Novo Regime Fiscal, e dá outras
Profissionais da Educação, a Consolidação providências. Diário Oficial da União,
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das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo dez. 2016a, Seção I, p.2.
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fevereiro de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e
de 5 de agosto de 2005; e institui a os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de
Política de Fomento à Implementação de dezembro de 1996, que estabelece as
Escolas de Ensino Médio em Tempo diretrizes e bases da educação nacional, e
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Constitucional nº 59, de 11 de novembro Educação Básica. Resolução CNE/CEB n.
de 2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato 03,, de 26 de junho de 1998. Institui as
das Disposições Constitucionais Diretrizes Curriculares para o Ensino
Transitórias para reduzir, anualmente, a Médio. Brasília: MEC, 1998.
partir do exercício de 2009, o percentual
da Desvinculação das Receitas da União BRASIL. Ministério da Educação, Conselho
Cons
incidente sobre os recursos destinados à Nacional de Educação, Conselho de
manutenção e desenvolvimento do ensino Educação Básica. Parecer CNE/CEB n. 38,38
de que trata o art. 212 da Constituição de 7 de julho de 2006. Inclusão
Federal, dá nova redação aos incisos I e obrigatória das disciplinas de Filosofia e
VII do art. 208, de forma a prever a Sociologia no currículo do Ensino Médio.
obrigatoriedade
atoriedade do ensino de quatro a Brasília: MEC, 2006.
dezessete anos e ampliar a abrangência
dos programas suplementares para todas BRASIL. Ministério da Educação. Portaria
as etapas da educação básica, e dá nova MEC nº 790,, de 27 de julho de 2016.
redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do Institui o Comitê Gestor da Base Nacional
art. 212 e ao caput do art. 214, com a Curricular Comum e reforma do Ensino
inserção neste dispositivoo de inciso VI. Médio. Diário Oficial da União, Brasília, 28
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