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RESUMO
A recente reforma do ensino médio levanta o debate a respeito da profissionalização como
parte da formação para a vida dos jovens no país. A fim de substanciar essa discussão foi
1
Graduada em Administração pela Faculdade de Ciências e Engenharia (FCE) da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/Tupã – SP. Mestranda em Administração e Agronegócio pela
mesma universidade. E-mail: guerybaute13@gmail.com.
guerybaute13@gmail.com
2
Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Itajubá/MG. Atualmente é Administradora no
Instituto Federal de São Paulo.E-mail:
mail: van.ifsp@gmail.com.
3
Bacharel e Mestre em Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP. E-
mail: gabriel@tupa.unesp.br.
4
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas (pesquisa: Transparência na Gestão Pública) pela
Universidade Federal da Bahia/UFBA. Mestre em Serviço Social (pesquisa: Responsabilidade Social
Empresarial) pela UNESP/Franca/SP. Especialista em Gestão Pública.
Pública. Especialista em Gestão de Programas
Sociais. Graduado em Administração pela Instituição Toledo de Ensino/ITE/Bauru/SP. Pós doutorando
doutora em
Comunicação e Sociedade pelo PPGCOM (Universidade Federal do Tocantins/UFT).
Tocantins . Docente Permanente do
Curso de Mestrado o em Agronegócio e Desenvolvimento da UNESP. Líder do Grupo de Pesquisa em
Democracia e Gestão Social da UNESP (GEDGS). E-mail: nelsonrusso.unesp@gmail.com.
nelsonrusso.unesp@gmail.com
5
Endereço de contato dos autores (por correio): Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Faculdade de Ciências e Engenharia de Tupã. Rua Domingos da Costa Lopes,780, Jardim Itaipu, CEP: 17602-
17602
496 - Tupã, SP – Brasil.
ABSTRACT
The recent high school reform raises the debate about professionalization as part of
training for the lives of young people in the country. In order to substantiate this discussion,
a historical dialectical survey of the reforms that influenced secondary education since the
creation of the first Laws of Education Guidelines and Bases was carried out. To compare
proposed laws in different contexts, criteria such as compulsory education, the structure of
secondary education, compulsory
compulsory professionalization, curriculum and the role of private
initiative were chosen. Finally, a critical reflection was made on the advances and setbacks
of high school education policies in Brazil.
KEYWORDS: Public educational policies; laws of guidelines and bases; high school.
RESUMEN
La reciente reforma de la enseñanza media plantea el debate sobre la profesionalización
como parte de la formación para la vida de los jóvenes en el país. A fin de sustanciar esa
discusión se realizó un levantamiento histórico
histórico dialéctico de las reformas que influenciaron
la enseñanza media desde la creación de la primera Leyes de Directrices y Bases de la
educación. Para comparar leyes propuestas en diferentes contextos se eligieron criterios
como la obligatoriedad, la estructura
estructura de la enseñanza media, la profesionalización
obligatoria, el currículo y el papel iniciativa privada. Por último, se elaboró una reflexión
crítica sobre los avances y retrocesos de las políticas educativas de la enseñanza media en
Brasil.
cumprimento
to dos programas básicos, a de professores (MARCHELLI, 2014, p.
1483).
frequência obrigatória mínima de 75%
dos alunos, e estruturais para Nas duas primeiras séries do
organizações de ensino públ
públicas e ginásio deveriam ter as matérias
privadas (BRASIL, 1961). obrigatórias comuns a todos os cursos de
O sistema de ensino foi estruturado ensino médio. Enquanto os conselhos de
em educação de grau primário: que educação escolhem as disciplinas e
incluía o ensino pré-primário,
primário, maternais e práticas educativas obrigatórias,
jardins de infância para crianças de até organizações de ensino podiam escolher
escolh
sete anos, e o ensino primário o qual as optativas, desde que entre elas fosse
durava de 4 a 6 séries. O grau médio ou incluída uma de caráter vocacional. Entre
ensino médio englobava o que hoje as obrigatórias existiam a formação moral
definimos como fundamental II (ginasial) e cívica, atividades complementares de
com duração de 4 anos, e ensino médio iniciação artística, prática da educação
(colegial) com
om duração de 3 anos (BRASIL, física a todos os níveis escolares, além da
1961). orientação
ntação educativa e vocacional em
Além disso, no ensino médio o cooperação com a família (BRASIL, 1961).
aluno poderia optar por um ensino médio A lei definiu também a quantidade
(a) secundário, (b) técnico ou (c) de mínima de disciplinas de cada ciclo: 9 no
formação de professores para o ensino ginásio, 8 nas duas primeiras séries do
primário e pré-primário
primário (BRASIL, 1961). colegial e de 4 a 6 disciplinas na terceira
Sendo que: série. Elas deveriam abordar
a aspectos
linguísticos, históricos e literários que
(...) o ciclo colegial de três anos, com as preparassem os alunos para os cursos
modalidades de clássico e científico que
complementavam o secundário, bem superiores, podendo haver disciplinas
como as formações que finalizavam o
primeiro ciclo de natureza técnica, além ministradas em colégios universitários
universitári
do curso normal voltado para a formação
(BRASIL, 1961).
fundamental II. O 1º grau com duração de diferenças individuais dos alunos. (BRASIL,
8 anos passou a ser obrigatório para 1971)
todas as crianças em idade escolar, de 7 a Em seu art. 11, ficou estabelecido
14 anos, em consonância ao expresso na que, o ano letivo deveria ter, no mínimo,
Constituição de 1967. Foi abolido o exame 180 dias de trabalho escolar efetivo,
de admissão, que separava o primeiro excluindo-se
se o tempo reservado às provas
ciclo de 4 anos do segundo. Já o 2º grau, finais. No art. 14 manteve-se
manteve a frequência
correspondente ao atual ensino médio, mínima de 75% para aprovação, já
passou a ter
er como finalidade compulsória prevista na legislação anterior,
a habilitação profissional em 3 ou 4 anos, acrescendo-se
se que para aqueles com
não obrigatório e, apesar de não estar frequência inferior, a aprovação se daria
expresso no texto da lei, deveria ser com aproveitamento superior a 80% na
cursado entre 14 e 18 anos (BRASIL, 1971).
1971 escala de notas (BRASIL, 1971).
Os currículos do ensino de 1º e 2º Foi estabelecido um currículo pleno
graus deveriam ter um núcleo
eo comum e contemplando formação geral e especial,
obrigatório para todos os sendo que para o 1º grau, as disciplinas
estabelecimentos de ensino do país, cuja gerais
ais seriam exclusivas nas séries iniciais
definição seria de competência do e predominantes nas finais, com o
Conselho Federal de Educação (CFE). Para objetivo de sondar aptidões. O 2º grau,
os cursos de 2º grau, o CFE estabeleceu o por sua vez, teria disciplinas
mínimo a ser exigido em cada habilitação predominantemente de formação
profissional. Além disso,
isso, os currículos especial, que dariam habilitação
contemplariam uma parte diversificada, a profissional ao egresso. (BRASIL, 1971)
1971
ser definida pelos Conselhos de Educação, A reforma
rma incluía, ainda, o ensino
que atendesse às peculiaridades locais, religioso e facultativo e a obrigatoriedade
aos planos dos estabelecimentos e às das disciplinas de Educação Física,
Educação Artística e Programas de Saúde,
As reformas implementadas
mplementadas a partir identidade ao Ensino Médio,
de 1990, influenciadas pela UNESCO determinando que Ensino Médio é
(Organização
Organização das Nações Unidas para a Educação Básica” (BRASIL, 1999, p. 9).
Educação, a Ciência e a Cultura)
Cultura), Além disso, “a LDB trouxe uma
culminam com a promulgação de vários nova concepção
pção de educação básica com
dispositivos legais no Brasil: a ampliação do número de anos e etapas
de escolarização” (TRIGUEIRO, 2017, p.
No Brasil, a UNESCO possui uma 57). A partir deste dispositivo a educação
representação explícita estabelecida por
meio de acordo de cooperação técnica. básica foi estruturada da seguinte forma:
Foram discutidas e formuladas políticas
ancoradas nas concepções e escolar, de 4 a 6 anos6; (b) ensino
(a) pré-escolar,
recomendações da UNESCO, usando-se
usando
a Declaração Mundial de Educação para
fundamental, até 14 anos;
a (c) ensino
Todos. Essa representação se expande médio, até os 17 anos (BRASIL, 1996, art.
pela influência de ideiass e concepções
dos documentos orientadores das 30, 32 e 35). Destaca-se
Destaca ainda que, no
políticas educacionais como o Plano
Decenal (1993), o Plano Nacional de texto original da LDB/1996, previa-se
previa que
Educação (2000), e a própria Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional o Estado deveria garantir a “progressiva
– LDBEN n. 9394/96 96 (DOMINGUES;
TOSCHI; OLIVEIRA, 2000).
extensão da obrigatoriedade e gratuidade
do ensino médio”, ou seja, o ensino médio
A publicação da Lei de Diretrizes e ainda não era universal (BRASIL, 1996,
Bases de 1996, atendendo ao expresso na art.4o).
CF/88, figurou-se
se como um avanço em Como dispositivos inclusivos, a
relação às legislações anteriores definindo LDB/96 estabeleceu a oferta de
o ensino médio como etapa final da atendimento educacional voltado para
Educação Básica, de forma a atender a pessoas com deficiência e ensino regular
população em geral (CZERNISZ, 2010;
MOEHLECKE, 2012): “A nova Lei de
6
Diretrizes e Bases da Educação Nacional Texto original da Lei 9.394/1996. O texto foi
alterado pela Lei 12.796/2013, dando a redação
(Lei 9.394/96) vem conferir uma nova atual ao art. 30: “II - pré-escolas,
escolas, para crianças de
quatro a cinco anos de idade”.
competências,
cias, “descritas como 2.208/97. No novo decreto é incorporada
RESULTADO E DISCUSSÃO
Após uma densa pesquisa
bibliográfica e documental foi possível o
Critérios Lei 4.024/1961 e Lei 5.692/71 e Lei 9.394/96 e alterações Lei 13.415/2017
alterações alterações
Estrutura Grau médio: O antigo Ensino médio gratuito para Não modifica a
formado por dois colegial passa a jovens e adultos. Ensino estrutura.
ciclos: (a) ginasial, se chamar 2º médio, com duração
com 4 séries e (b) grau, com mínima de 3 anos.
colegial, de 3 a 4 duração de 3 a 4
séries. anos.
Iniciativa privada Podem ser Podem ser Podem ser oferecidos pela Podem ser
oferecidos pela oferecidos pela iniciativa privada. oferecidos pela
iniciativa privada. iniciativa iniciativa privada.
privada.
Fonte: Lei 13.415/2017, Lei 9.394/96, 5.692/71, 4.024/1961, 7.044/82, 10.639/2003, 11.741/2008,
11.741/ 11.769/2008,
11.684/2008, 12.608/2012, 12.796/2013
/2013 e DRABACH (2009).
(2009)
apenas com a Lei 7.044/82 ele tornou-se
t
Os itens obrigatoriedade e optativo.. Esse caráter optativo permanece
estrutura analisam o esqueleto do ensino na LDB de 1996 e suas alterações, o
observando a duração de cada período, as ensino técnico pode ser efetuado durante
nomenclaturas utilizadas e a divisão o ensino médio ou posterior a ele se
temporal dos saberes ensino básico ao assim o aluno desejar. Porém, a reforma
médio com as alterações. A lei da LDB de de 2017 resgata sua obrigatoriedade e
1961 monta a primeira estrutura e integra ao ensino
nsino médio o ensino
estabelece a obrigatoriedade do ensino, profissionalizante como itinerário
apenas no grau primário, com a formativo.
promulgação da Lei LDB de 1971 No Currículo se tem a composição
(fundamental passa a ser obrigatório),
obrigatório a do esqueleto educacional,
educacional abordando
de 1996 (ensino médio torna
torna-se sobre disciplinas obrigatórias ou optativas
obrigatório) e 2017 (obrigatório), alterou-
alterou e o quantitativo delas estabelecido em
se a estrutura e ampliou a cada legislação. Ao observar a tabela
tabel
obrigatoriedade do ensino. nota-se
se que as matérias obrigatórias
O critério profissionalização foram sendo escolhidas conforme o
compulsória aponta a relação do ensino interesse político dos governantes,
médio de a profissionalização direta para deixando transparente que a educação foi
o mercado de trabalho, apontando utilizada historicamente como
quando os cursos
ursos profissionalizantes eram instrumento de modelamento social.
parte integrante do formativo dos alunos O papel da iniciativa privada
do ensino médio. E 1961 o ensino médio regulamentado
ntado por essas legislações, em
(colegial) era técnico ou de formação de 61 todos os graus poderiam ser
professores, 1971 ele (2º grau) era oferecidos tanto pelo poder público,
compulsoriamente profissionalizante quanto pela iniciativa privada. Em 1971 há