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Descopyright D Rica Matsu, 2014
Este livro está sob domínio publico. Todos os direitos destralhados.
É permitido qualquer tipo de reprodução.

Foto da capa: www.freeimages.com


Projeto gráfico: Rica Matsu

Matsu, Rica.

Destralha - Minimalismo | 7 exemplos práticos de desapego para melhorar


a vida. 30 páginas.
1. Minimalismo. 2. Desapego.

______________________________

2014
http://www.destralha.me | destralha@gmail.com
Lançamento em 25/08/2014.
Dedicado a todos aqueles que já esperaram demais para serem felizes.
É você?
7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

Índice

SOBRE O PORTAL DESTRALHA 6

O QUE É MINIMALISMO 6

BENEFÍCIOS DO MINIMALISMO 8

7 EXEMPLOS PRÁTICOS 9

Dinheiro 10

Coisas materiais 12

Alimentação 15

Carro 16

Casa própria 18

Emocional 20

Trabalho 22

A MAIOR RIQUEZA DA VIDA 24

ENTRE NO FLUXO! 26

O AUTOR 27

CONSIDERAÇÕES FINAIS 28

Rica Matsu

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SOBRE O PORTAL DESTRALHA

Tudo começou com o blog destralha, criado para compartilhar


minhas experiências desde quando adotei o minimalismo como estilo
de vida. A divulgação da prática minimalista atraiu mais pessoas
interessadas em reduzir o excesso das coisas. Naturalmente o site
cresceu, e mais uma vez a matemática chegou na equação do MENOS
É MAIS! Agora o blog virou Portal! Menos pessoal e mais colaborativo,
disponibiliza também experiências de outros minimalistas e pessoas
engajadas no propósito. Somos o portal de informações práticas
sobre minimalismo e desapego consciente para melhorar a vida.
Este pocket e-book é uma prévia do livro maior que está, nesse exato
momento, em processo de criação.

O QUE É MINIMALISMO

O minimalismo era um movimento artístico. Surgiu no final dos


anos cinquenta em Nova York. Inicialmente presente na pintura e
na escultura. Nesse período conturbado dos movimentos artísticos o
minimalismo andou na contramão das tendências da época, marcada
pela complexidade do expressionismo abstrato. Sua principal
característica era a simplicidade.

Rica Matsu

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

Essa mesma essência tornou-se um estilo de vida para aquelas pessoas


que se cansaram do consumismo exagerado e dos prejuízos que os
excessos da vida moderna provocam ao longo do tempo. Seu foco
inicial era a redução do acúmulo de coisas materiais desnecessárias.
Hoje é muito mais que isso. Relacionamentos, espiritualidade,
trabalho, dinheiro, alimentação, bem-estar, comportamento. Em
qualquer área o minimalismo pode ser um agente de transformação
para uma vida com mais significado e propósito.

Alguns chamam de movimento, outros de filosofia. Aqui o chamamos


de um novo jeito de viver, baseado na liberdade genuína, natural e
verdadeira. ∎

Rica Matsu

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BENEFÍCIOS DO MINIMALISMO

Minimalismo é uma ferramenta poderosa. É o freio das bolas de neve.


A corda que a liberdade joga para você sair de prisões. Metáforas de
lado, minimalismo é o conjunto de ações focadas no essencial da
própria vida com o objetivo de resgatar a liberdade e aumentar
o nível de felicidade. Cada ação minimalista reduz, minimiza ou
elimina o excesso de tempo e espaço gastos com coisas preocupantes,
não utilizadas ou mal resolvidas.

ALGUNS BENEFÍCIOS ALCANÇADOS:

• mais tempo para fazer o que gosta


• aumento de finanças
• fim da ansiedade generalizada
• ambientes mais espaçosos
• mais contato físico com as pessoas
• relacionamentos verdadeiros e transparentes
• consumo consciente
• alimentação e corpo mais saudável
• foco em qualquer atividade
• mudança de hábitos
• reconexão com a natureza
• altruísmo
• maior mobilidade
• sentimento de gratidão

• contribuição para a sustentabilidade e meio ambiente

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7 EXEMPLOS PRÁTICOS
de desapego para melhorar a vida
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Dinheiro

Ao contrário da visão superficial sobre o minimalismo, o dinheiro


não é escasso. Muito pelo contrário! Os recursos são completamente
aproveitados porque são investidos com propósito. E a consequência
de um propósito orientado para o bem-estar é o retorno certo. O
dinheiro que seria usado em coisas desnecessárias ou dispensáveis
é investido com mais critério e noção na prática minimalista. Isso é
foco no essencial.

Todo mundo tem o direito de rasgar dinheiro de vez em quando.


Comprar um carrão esportivo, mesmo que o motor potente fique
subutilizado por falta de estradas compatíveis com a velocidade.
Pagar aquela academia da moda por seis meses e ir só um dia na
semana, também é um belo exemplo. E quando a gente paga anuidade
de cartões de crédito sendo que existem cartões isentos desta taxa?

Será que a gente precisa do iPhone 5SXC-3PO logo depois de lançado?


Você consegue assistir todos aqueles canais do plano Megamasterfull
que assinou na promoção do combo 10 em 1? Quantos cosméticos
vencidos você tem em casa? Melhor parar por aqui, antes que este
post se transforme em lista de doação ou anúncio de classificados.

Vaidade funcional é o que eu chamo de satisfazer os próprios


desejos sem cometer exageros que levam o nosso dinheiro para o
ralo. É deixar de lado aquela competição automática do consumo.
A simples atitude minimalista pode multiplicar o que você tem sem

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

que necessariamente você tenha um aumento de salário. Qual a


sua relação com o dinheiro, o que ele representa? Que tipo de
necessidade ele está suprindo, ou suprimindo? Perceba o fluxo, a
direção dos seus recursos.

Mais adiante na superficialidade, minimalismo não quer dizer


comprar grandes quantidades pelo menor preço, gastar menos e levar
mais. Quase sempre o barato sai caro. Vão haver casos em que você
vai sim comprar coisas até mais caras e de marcas famosas, por saber
que vai usá-las com frequência e que tem qualidade para durar o
suficiente. E vice-versa. O caso do iPhone virou até um exemplo
clichê sobre minimalismo. Mais e mais pessoas tem trocado a maçã
pelo robozinho verde.

Esses são só alguns dos exemplos onde o minimalismo maximiza


recursos e faz a gente aproveitar melhor o dinheiro. O consumismo
tem um domínio tão perverso que consegue inverter os valores das
coisas. Não é fácil e dá um trabalhão reverter esse processo, depois
de cair na relação passional do consumo. Mas, acredite, vale a pena!
Menos é mais (dinheiro no bolso também). ∎

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Coisas materiais

Ninguém vive sem se vestir. A não ser que você tenha adotado o
Naturismo. E mesmo assim vai precisar se vestir para fazer alguma
coisa fora dos limites da vida selvagem. Agora, abra seu guarda-
roupas e veja se consegue usar todas as suas peças. Tem sempre
aquela camisa fora de moda, ou um par de meias azul-marinho que
você ganhou e nunca usou. E aquele casacão que nem no inverno
de São Joaquim dá para usar? Pois é, roupas que você não usa mais
podem estar fazendo aniversário. Elas precisam cair fora das suas
gavetas e ajudar alguém. Ou simplesmente é lixo que você guarda
lavado e passado.

Tem gente que compra roupas demais. Guarda tudo. Tipo aquelas que
quem sabe um dia poderá servir. Segue as «tendências da moda»
e logo que passa as deixa mofando no fundo do armário. Quando se
trata das de marca então...hum eis a questão. Usufruir de uma grife
famosa é como uma necessidade de amor preenchida. Enxergam
nesses produtos reconhecimento, dignidade e respeito. Ou qualquer
outro valor saudável, substituído ao longo do tempo por coisas
sintéticas.

É fato que marcas mais caras e famosas tem sempre um padrão de


qualidade superior. O problema é que os produtos são produzidos
para preencher um vazio emocional e a verdadeira função do produto
é secundária. Funciona mais ou menos assim:

Compre uma camiseta da marca x porque está na moda e as pessoas

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

importantes e ricas usam, por isso vai se sentir importante, rico e


inserido em um grupo especial, pois assim será especial também.

Depois assim:

Essa camiseta já está fora de moda e portanto compre outra porque


você já não é mais tão especial como antes e seus amigos já compraram
uma mais atual e mais cara.

Este programinha de computador faz basicamente o mesmo com os


celulares, laptops e qualquer produto. Carros, viagens, restaurantes,
serviços. Porque não interessa mais quem você é, e sim o que
você pode comprar para que você pareça ser alguém importante,
atualizado. Numa entrevista recente, o psicólogo Roberto Shinyashiki
disse: «Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o
objetivo de vida se tornou parecer.» E nada mais apropriado para se
«parecer» que estar sempre na moda com roupas de marcas famosas.

Acho muito engraçado ver tanta gente usando roupas com dizeres
em inglês sem ao menos saber o que significam. Usando roupas
direcionadas para surf sem nunca nem ter subido numa prancha, ou
nem mesmo ter pisado na areia da uma praia antes. Por gosto pessoal
eu uso camisetas lisas sem estampa mesmo, básicas, em qualquer
ocasião, praticamente um desleixado. Mas o material é de qualidade.
Não compro de marca nenhuma, compro numa empresa que fornece
as camisetas para algumas marcas famosas, e mais ou menos oitenta
porcento mais barato. É claro, nunca estou na moda. A moda nos
consome bastante!

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A cada seis meses verifico se tem alguma peça que está virando
trapo ou tralha. Junto o que tiver, faço doação ou jogo fora em local
apropriado. O resultado disso é que fico com mais espaço no guarda-
roupas e ainda me sinto bem quando faço uma doação. ∎

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

Alimentação

Que a industrialização nos trouxe um avanço incrível não podemos


negar, isso é fato. O grande dilema é a quantidade de alimentos
sintéticos que consumimos sem saber nem o que significam. É só
olhar os ingredientes nas embalagens dos produtos.

Aqui vai um hábito que pode ajudar na melhor seleção do que a gente
vem abastecendo nosso corpo. É o ato simples de ler os ingredientes
descritos nas embalagens dos produtos. Em ordem de quantidade
decrescente são colocados na descrição. Digamos que você comprou
aquela bolachinha preferida dos americanos e lá estava assim:

Ingredientes: Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico,


açúcar, gordura vegetal, óleo vegetal, cacau, açúcar invertido, sal,
fermentos químicos: bicarbonato de amônio, bicarbonato de potássio
e bicarbonato de sódio, emulsificante lecitina de soja e aromatizante.

Pela ordem, o cacau é o quinto ingrediente em maior quantidade no


produto, e a baunilha, bom...ficou só no cheiro. É o aromatizante!
Esse exemplo serve para qualquer outro produto encontrado nas
prateleiras, inclusive bebidas. É uma norma da ANVISA. Então fica
fácil saber se o que você está comprando é realmente o que diz
nas embalagens cintilantes e reluzentes.

O minimalismo está aí na redução de ingredientes que podem não


ser tão saborosos para o nosso organismo. Afinal, o corpo é o templo
que a briga nossa alma. ∎

Rica Matsu

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Carro

Minimalismo é uma «ciência» muito prática, então aí vão dados da


minha última experiência consumista automobilística, o que me fez
definitivamente abolir o invento do meu dia-a-dia. Os valores em
negrito são mensais. Veja.

Só com o carro que eu tinha, um popular básico duas portas pelado


de tudo, gastava:

• Prestação financiamento: R$ 636,81

• Combustível: R$ 300,00

• IPVA: R$ 533,19 -> R$ 44,43

• Seguro obrigatório: R$ 101,16 -> R$ 8,43

• Licenciamento: R$ 65,66 -> R$ 5,47

• Seguro contra roubo e terceiros: R$ 1.287,92 -> R$ 107,32

• Revisão periódica: R$ 613 -> R$ 51,08

• Multa: R$ 102,15 -> R$ 8,51

• Peças sazonais: R$ 100,00 -> R$ 8,33

• Franquia de seguro: R$ 980,00 -> R$ 81,66

• Depreciação: R$ 3.300,00 -> R$ 275,00

• Lava a jato: R$ 40,00 -> R$ 20,00

*valores do ano de 2013 de um carro ano 2010/2011.

Total de gastos mensal: R$ 1.547,04!

Total de gastos anual: R$ 18.564,48!!!

Isso é o básico do básico! Na prática ainda pode haver ainda mais


variáveis como o som do carro que eu apenas mandei instalar,

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película para não ser castigado pelo sol enquanto dirige,


outros sinistros, novas franquias, novas multas, taxas de
estacionamento, flanelinhas, entre outros. Já passei anos sem
receber nenhuma multa. Nos últimos dois consegui fazer algumas
proezas de estacionamento e acho que recebi umas três. Então pensei:
será que depois de quinze anos de direção comecei a dirigir mal, ou
o trânsito é que piorou?

No meu antigo emprego, se não chegasse em determinados horários


não conseguia achar uma vaga e o jeito era apelar para locais proibidos
ou então estacionar a alguns quilômetros de distância. E olha que
Brasília é uma cidade que foi planejada, hein! E mesmo assim muita
gente, principalmente que mora em São Paulo e Rio, acha o trânsito
daqui um paraíso. E eles tem razão! É mesmo esse é o nosso sonho de
consumo? Isso é a liberdade que um automóvel proporciona?

Imagina o que da para fazer com R$ 18.564,48 durante o ano? Os


cálculos acima são extremamente otimistas. Otimistas mesmo! O
carro era básico, sem acessórios, o som eu já tinha, não exigia muito
do motor do carro porque aqui é uma cidade plana. Correr muito
menos, há radares demais e nem vale a pena. Enfim, dirigir já foi um
prazer para mim. Hoje é sinônimo de preocupação, despesa e coação
consentida.

Tudo isso depende da visão de cada um, são escolhas. Eu preferi usar
esses recursos de outra forma. De forma que eu tenha uma vida sem
carro e não um carro sem vida. ∎

Rica Matsu

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Casa própria

Trabalhar duro para comprar a casa própria. Aí então ficar tranquilo.


Comprar um imóvel é o grande sonho de muitos. Se você não nasceu
em berço de ouro, ou faz financiamentos que duram até o final da
vida, ou junta um valor considerável para pagar à vista. Independente
das alternativas, será que vale a pena ter a casa própria? Depende.

Depende da vida que você quer viver. Cresci com aquele pensamento
de que era obrigatório ter sua casa. É sinônimo de sucesso e garantia
de uma vida melhor. Tudo bem, meus pais me criaram assim. O que
me incomodava era o fato de garantir alguma coisa para o futuro.
Essa história de fazer pé de meia, garantir o teto para morar, não
combina mais com meu estilo minimalista de viver.

Hoje meu propósito de vida não inclui obter imóveis para garantir
uma falsa tranquilidade. Optei em garantir meu deslocamento
«móvel» pela vida. Garantir minhas estadas em lugares incríveis para
compartilhar experiências ao lado de pessoas também incríveis,
que também optaram em ser a obter.

Garantir a casa própria é o mesmo raciocínio de querer garantir a


aposentadoria. Muitas vezes suportar um trabalho, um cargo público,
para quando estiver à beira da morte descansar naquele cantinho
que se diz seu. Muitas pessoas trabalham a vida toda na esperança
de curtir a aposentadoria. Mas como assim? Não deveríamos curtir
a vida agora?

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Há pouco tempo morávamos eu e minha mulher numa pequena kit


numa cidade considerada área «nobre» de Brasília. Vendemos e fomos
morar com meu pai que acabava de reformar uma pequena casa onde
iria ficar só. Estávamos insatisfeitos com a vida de «apertamento»
com vários pseudo-confortos como piscina, sauna, lavanderia,
academia e outras coisas. E ele também não estava gostando muito
da ideia de morar só.

Então como nos damos muito bem, dividimos hoje a mesma casa,
aproveitamos mais momentos juntos e compartilhamos o mesmo
quintal. É engraçado pensar sobre alguns valores morais da
sociedade que priorizam esses confortos, instituídos como sucesso,
e deixam de lado a verdadeira riqueza da vida: a convivência e o
compartilhamento de nossas experiências. ∎

Rica Matsu

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Emocional

Quando falamos em termos de «ismos»: cristianismo, islamismo,


capitalismo, feudalismo, logo se tem uma ideia de doutrinas
filosófico-religiosas, políticas ou sectárias. Com o minimalismo isso
não é diferente. É mais um termo que classifica um fenômeno social.
Sua origem vem do movimento artístico, em Nova York, na década de
1950, marcado pela simplificação das formas e das cores nas obras
da pintura e da escultura da época.

O conceito trouxe para o cotidiano um estilo de vida moderno


que, assim como na arte, busca a essência das coisas e a redução do
que pode ser considerado desnecessário para viver. Partindo deste
princípio, não é nenhum tipo de seita onde existem regras e preceitos
a serem cumpridos. Cada um determina o que é essencial em sua
vida de acordo com seu autoconhecimento.

É inevitável que estas escolhas sejam baseadas na redução de


excessos, uma vez que a busca pela simplicidade fica cada dia
mais difícil num mundo caótico de informações em todas as searas
da vida. Encontrar a própria essência se tornou o maior desafio de
todos. Quanto mais coisas se acumulam, mais distantes ficamos do
que realmente importa.

Trabalhamos com o que não gostamos para levantar dinheiro para


fazer o que realmente amamos. Compramos tudo que é coisa pra
poder nos sentir mais pleno e valorizado. Guardamos sentimentos

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

diversos ao longo da vida que começam a se transformar em doenças


físicas e psicológicas. Principalmente, acumulamos uma culpa
imensa dentro no nosso eu gerada por verdades estabelecidas pela
sociedade. É muita energia desperdiçada no acúmulo de todas essas
tralhas.

Mais importante do que as tralhas materiais, as tralhas emocionais


são a origem de todas as outras tralhas palpáveis, na minha opinião.
A todo momento estamos preenchendo vazios interiores com coisas
materiais. É estranho dizer que as maiores tralhas não possam ser
colocadas num saco a espera do caminhão de lixo passar. Essas não
conseguimos tocar, nem ver, nem doar. Apenas sentir.

Gosto de dizer que o minimalismo é um esclarecimento; uma


ferramenta para nos sintonizar com a nossa origem. E a partir daí
tomar as decisões baseadas no desapego de coisas e sentimentos
que não nos acrescentam em nada, ou melhor, acrescentam e
acumulam. Ocupam o espaço-tempo destinado ao que viemos fazer
aqui. Celebrar a vida e ser feliz. ∎

Rica Matsu

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Trabalho

Exatamente hoje fazem 365 dias que entreguei minha carta de


demissão. Trabalhava em um órgão público, ganhava relativamente
bem, de acordo com o mercado. Eu estava entre os 6% da população
brasileira de maior rendimento mensal. Tinha uma vista privilegiada
da capital, certa estabilidade no emprego e algumas condições
também privilegiadas, que somente tem na rotina quem faz parte do
funcionalismo público. No fundo, no fundo eu procurava mais. Quer
dizer, menos!

Menos estresse no transito para trabalhar, menos desperdiço de


tempo com coisas que não acreditava, embora pago por isso. Menos
rotina, menos vontade de que chegasse o final de semana só para
relaxar e aliviar o cansaço. Eu queria ser menos mais um no sistema.
Me sentia insatisfeito não pelo local ou pelas pessoas, muito pelo
contrário. No meu departamento tinham pessoas completamente
talentosas e cheias de energia, de potenciais maravilhosos! A
insatisfação era em estar passando a maior parte da minha vida
fazendo um trabalho até prazeroso, mas completamente fora do
significado que acredito para a vida.

Criava material de publicidade para eventos do governo que em nada


tinha haver comigo, ou seja, minha criatividade não estava voltada
para quem eu sou de verdade. As pessoas se referem as suas atividades
laborais como «meu trabalho». Este é o meu trabalho, lá no meu
trabalho, no meu trampo... Então, eu te pergunto: o trabalho que

Rica Matsu

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

você faz é seu mesmo? Tem tudo haver com você? A sua criatividade
coloca no mundo coisas, produtos ou frutos que correspondem aos
valores em que você acredita para sua vida e para o mundo?

No meu caso, não. Por todas as empresas e órgãos que passei «meu
trabalho» era manter funcionando o trabalho de outros, a criação
de terceiros; o status quo. Enquanto minhas criações e trabalhos
eram colocados no mundo sob a forma de hobby, passatempo ou
qualquer coisa que costumam rotular. Se o seu trabalho hoje não é
um trabalho seu, talvez seja a hora de parar de criar para os outros
e colocar suas criações para trabalhar para você! O mundo está
sedento por coisas novas, criações pessoais e novas possibilidades.
Hoje, depois de um ano, apesar de ainda ter pouco retorno financeiro
pelo meu trabalho, o valor da minha vida tem alcançado cifras
inestimáveis!

Você pode não acreditar no início, não será fácil, só que vale muito a
pena. Desculpe esta piada infame, mas «não vale apenas uma pena,
vale uma galinha inteira!» ∎

«Escolha um trabalho que você ame e não terá de


trabalhar um único dia de sua vida.»

Confúcio

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A MAIOR RIQUEZA DA VIDA

Quando a gente fala a palavra riqueza, logo vem à cabeça grandes


quantias em dinheiro, ouro, luxo, abundância de coisas materiais.
Mas o que é de fato a riqueza? Desde quando adotei o minimalismo
como estilo de vida, tenho pensado muito nesse conceito de riqueza
que a sociedade, em geral, acredita. Meus recentes encontros com
velhos e novos amigos tem me trazido uma riqueza tão grande em
tão pouco tempo, que chega a ser assustador.

Esta nova percepção me trouxe o novo conceito de riqueza. É a riqueza


imaterial. É a qualidade de encontros que fluem entre duas ou
mais pessoas. Quando a gente pensa no que há de mais poderoso no
mundo, o que vem a mente é sempre alguma coisa material. Agora,
pense de um jeito diferente. O que há de mais rico e poderoso no
mundo é o ser humano. São pessoas! A maior riqueza da vida são
as pessoas.

Assisti uma palaestra do Ricardo Lindemann onde ele falava uma


coisa bem interessante sobre o ser humano. Era que o ser humano é o
único ser que atua ao mesmo tempo nas três dimensões: física, mental
e espiritual. Se por exemplo existissem anjos, esses não conseguiriam
interagir no mundo da matéria pois não estão aqui de forma concreta.
Mas o ser humano, além do plano físico, está interagindo sempre em
um mundo espiritual através da alma ou espírito, digamos assim. O
mesmo vale para o mental onde cada um de nós faz parte de uma
grande consciência evolutiva que atravessa esses três aspectos.

Rica Matsu

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

Ou seja, qualquer tipo de ser ou «divindade» que você possa imaginar,


não participa de forma tão integral no Universo como o ser humano.
A nossa condição como existência é a única que une todos esses
mundos ao mesmo tempo. Mais uma vez, o que tem haver isso
com minimalismo? É que se prestarmos mais atenção nas pessoas,
independente de seus defeitos e longe de julgamentos, descobriremos
o quão poderosos e ricos nós somos. E sendo assim, não precisamos
dar tanta atenção as coisas materiais que possuímos.

Já pensei em ganhar na megasena, imaginei ter milhões de reais.


De carrões importados a jatinhos particulares. Aquela casa toda
mobilhada com diversos ambientes repletos de coisas, bibelôs e
vários contratos de prestação de serviços. Tudo isso a gente pensa
com a ilusão de que seremos muito mais felizes tendo essas coisas.
Pode até gerar alguns sorrisos, mas quando eu percebo o quando as
pessoas tem me enriquecido com suas presenças e experiências
de vida, esse conjunto de tralhas se tornam apenas coisas. Apenas
coisas inanimadas. ∎

Rica Matsu

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ENTRE NO FLUXO!

Fluxo é, a grosso modo, um estado de foco no que se está fazendo;


uma espécie de permanência nesta concentração. Entre neste fluxo,
cadastre-se no Portal. Vamos lembrá-lo de destralhar o que não é
mais necessário para melhorar a sua vida e aumentar o seu nível de
felicidade! Gratidão por chegar até aqui.

Este livro está sob domínio público. Você pode distribuí-lo sob
qualquer forma sem restrição de direitos autorais! Copie, imprima,
compartilhe nas redes à vontade, com ou sem créditos para o site. Se
puder mencionar e linkar o destralha, ajuda ainda mais a compartilhar
o desapego para uma vida melhor.

Toda informação só tem valor quando compartilhada.

Espalhe e destralhe por aí! ;)

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

O AUTOR

Oi, eu sou o Rica! Filho de pai japonês e


mãe brasileira, nasci em 1980 na cidade de
Itabira, Minas Gerais, onde vivi até os quinze
anos. Vim para Brasília. Fui empacotador
de supermercado, promotor de vendas,
operador de telemarketing e técnico de
informática. Trabalhei em fábrica de
concreto no Japão. Já fui funcionário público,
webdesigner e outras coisas curiosas. Me
formei em publicidade e sobrevivi até então como designer gráfico
trabalhando em órgãos do governo brasileiro.

Na sociedade a gente é sempre alguma coisa ou formação. As pessoas


se perguntam o que elas são ou o que elas fazem, e a resposta é sempre
alguma profissão: sou médico, engenheiro, professor, servidor
público. Nunca somos nós mesmos! Hoje eu simplesmente sou.

Minha vida está neste exato momento em transformação. Escolhi


transcender meus limites. Destruí antigos valores e crenças
limitadoras. Deixei para trás todas as convenções. Decidi ser eu
mesmo e viver com significado. Demoli minha zona de conforto.

Cansado de ser mais uma engrenagem do sistema me demiti do


emprego em 2013 para me dedicar ao que amo: escrever e fazer
música. Gosto de criar com palavras e sons. Esse é meu propósito.

Descobri no minimalismo meu estilo de vida. Por isso criei o


destralha. O lugar onde você pode conhecer a prática do desapego.
Minha missão aqui é mostrar o lado leve das coisas.

Rica Matsu

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de ler os exemplos desse livro você pode estar se perguntando


sobre como viver assim. Trabalhar apenas no que gosta, viver sem
carro numa metrópole, parar a roda do consumo, ir na contramão
de todo um sistema de crenças e valores. Parece impossível, não é? E
quanto às nossas emoções então? Como é difícil a gente falar da gente
mesmo! Nos expor parece um castigo.

Saia da sua zona de conforto e você verá toda a mágica acontecer,


mas apenas se este for um desejo do seu interior!

Te vejo em outra vida!


Rica

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7 exemplos práticos de desapego para melhorar a vida

«Tudo é considerado impossível até acontecer.»


Nelson Mandela

Rica Matsu

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