Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, observa-se que as empresas vêm exigindo maior qualidade e
melhor desempenho nas atividades atribuídas ao colaborador. Com a visão de baixo custo, o
empregador nem sempre se atenta à importância de um ambiente motivador e criativo que
possa potencializar as qualidades, de modo que o funcionário consiga empenhar-se na
execução de suas atividades. É possível visualizar que “é consequência desse cenário um
nível maior de exigência e cobrança, o que acaba acarretando em estresse, falhas por falta de
atenção, excesso de trabalho ou até cansaço de uma rotina exaustiva” (NUNES e MULLER,
2015, p. 463). Torna-se necessário chamar a atenção para esta realidade de alta exigência e
ambiente de trabalho inadequado, proporcionado ao profissional exatamente o oposto do que
1
Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de psicologia da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicóloga. Orientador: Prof. Maria Paula Pereira
Matos de Almeida, MSc. Tubarão, 2018.
2
Acadêmico (a) do curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. rafaela.ms.sm@gmail.com
3
Orientador (a) do curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. mariapaulamatos@hotmail.com
2
[...] o Mindfulness pode ser uma alternativa para os principais problemas no atual
ambiente organizacional, sendo uma ferramenta para o aumento de produtividade,
considerando a maior capacidade de concentração e comunicação entre as pessoas
por meio do foco no momento presente. (NUNES e MULLER, 2015, p. 479)
Uns dos pontos interessantes da atenção plena nas organizações são o baixo custo
e ter a rápida efetividade, controlando algumas síndromes e melhorando o bem estar
(BARRETO; FERREIRA; CORREIA, 2017). Dentre outros efeitos, observa-se a melhora na
motivação, melhor empenho nas atividades, menor sensação de exaustão, melhora nos
relacionamentos, na capacidade de resolução de problemas e maior satisfação com as relações
de trabalho (MARKUS e LISBOA, 2015).
O tema proposto é de suma importância por tratar-se de um assunto atual e
pertinente para as pessoas em suas relações. A meditação mindfulness vem sendo estudada
para a melhora da qualidade de vida do ser humano em diversas esferas de sua vida como já
citados anteriormente.
3
2 MARCO TEÓRICO
2.1 MINDFULNESS
manter a atenção no momento presente, na intenção e sem julgamento” (ASSIS, 2013, p. 75).
Apesar dessa origem no contexto religioso, o mindfulness destaca-se na psicologia como uma
técnica que pode ser trabalhada em diversas áreas em prol do bem estar do ser humano.
A atenção plena é destacada por aceitar e compreender as experiências vividas e
os sentimentos mesmo que negativos como parte da condição humana (VANDENBERGHE e
VALADAO, 2013). A prática de mindfulness permite o indivíduo estar atenta a uma maior
concentração no momento presente, compreendendo a impermanência daquilo que se passa
(LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012). Essa aceitação auxiliará o indivíduo a depositar suas
energias em ações construtivas, ao invés de depositá-la contra tais sentimentos e experiências
passam a ter uma relação mais sadia com suas emoções (VANDENBERGHE e VALADAO,
2013).
Diante de uma rotina agitada, o estímulo-resposta (ação e reação) aparenta ser o
único jeito de lidar com os estímulos e a sobrecarga advindos do dia a dia (ASSIS, 2013). O
indivíduo começa a tomar decisões automáticas sem refleti-las, ou seja, sem prestar atenção
no momento presente, mas o segredo da atenção plena é estar consciente propositalmente de
sua respectiva consciência, direcionando-a para manter a atenção em todo o seguimento da
prática de mindfulness (MELLO e CUNHA, 2017).
Por compreender que os momentos são passageiros, faz-se necessário analisar as
situações de maneira consciente, consequentemente aceitá-las como necessárias a serem
vividas e experimentadas. Este exercício auxilia na diminuição de sintomas médicos, assim
como, na angústia de reviver e remoer sentimentos do passado, proporcionando ao sujeito a
aceitação dos acontecimentos e o foco no que está vivendo atualmente, resultando em bem
estar na vida social e no âmbito organizacional (LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012).
controle do ponto que são atribuições de outra área de formação (BASTOS e GALVAO-
MARTINS, 1990).
No ano de 2007 foi publicada a última atualização da resolução nº 03/2007 do
Conselho Federal de Psicologia (CFP) onde estão descritas as atribuições do psicólogo nas
organizações nos dias atuais. A resolução serve como base ao profissional na verificação das
novas possibilidades de atuação e compreensão do verdadeiro papel no âmbito
organizacional. Reconhece-se que a atuação do psicólogo organizacional nos dias atuais está
para além dos processos operacionais como o de recrutamento e seleção, treinamentos,
movimentação de pessoal e descrição de cargos. Este profissional está voltado à saúde e
qualidade de vida do trabalhador.
Está cada vez mais difícil desenvolver um ambiente mais adequado promovendo
bem estar aos colaboradores nas organizações, este é o desafio que os empresários vêm
enfrentando (MARKUS e LISBOA, 2015). No meio organizacional, fica evidente que o
estimulo-resposta muita das vezes parece ser a reação mais apropriada para sobressair-se da
sobrecarga do dia a dia que afeta diretamente no organismo, como por exemplo, na
capacidade de concentrar-se e na seleção de prioridades das atividades corriqueiras (ASSIS,
2013).
No desenvolvimento das atividades organizacionais, a mente e o corpo atuam em
conjunto. O bom funcionamento do indivíduo depende dessa atuação harmoniosa entre o
corpo e a mente que gera uma energia positiva voltada a um bem comum, a execução da
atividade com qualidade (MARKUS e LISBOA, 2015). Voltado a essa perspectiva de
qualidade de vida no trabalho, de bem estar e bons resultados tanto no aspecto organizacional
como na vida pessoal de cada indivíduo, que o profissional psicólogo orienta sua atuação do
seguinte modo:
Desenvolve, analisa, diagnostica e orienta casos na área da saúde do trabalhador,
observando níveis de prevenção, reabilitação e promoção de saúde. Participa de
programas e/ou atividades na área da saúde e segurança de trabalho, subsidiando-os
quanto a aspectos psicossociais para proporcionar melhores condições ao
trabalhador (CFP, 2007, p. 18).
Desta forma, o profissional direciona esforços a ações que possam ter efeitos
positivos na produtividade e que também estimule os colaboradores a exercer suas
potencialidades, espontaneidade e criatividades nas organizações em prol da qualidade de
vida no trabalho (CFP, 2007).
Oliveira et. al (2010) complementa que o psicólogo compreende que o espaço
organizacional é um ambiente que pode desenvolver diversas patologias, contudo, a atuação
8
3 MÉTODO
onde situa-se o local de trabalho dos mesmos. Os participantes poderão a qualquer momento
da pesquisa retirar sua participação sem quaisquer danos e em casos de danos decorrentes da
pesquisa poderão recorrer judicialmente à indenização.
Mencionar a aprovação no CEP e numero do protocolo do parecer de aprovação
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
sobre as ações mesmo que sejam feitas diariamente, estagnados na zona de conforto. As
práticas de mindfulness vêm justamente para abrir o campo da percepção e compreender que
as coisas podem ir além do que se apresentam. “Estar desperto aumenta o comprometimento
com o momento presente e permite uma melhor clareza de como pensamentos e emoções
podem impactar a saúde e a qualidade de vida” (ASSIS, 2013, p. 76).
No terceiro encontro, um participante ao realizar uma atividade atentamente notou
que ao escovar os dentes, só conseguiria finalizar a atividade se escovasse os dois lados dos
dentes em números pares. Também notou que suas roupas em seu roupeiro são guardadas por
cores e causaria angústia se não fosse dessa maneira. Infere-se que a participante após realizar
uma atividade atentamente notou uma possível patologia da qual passava despercebido.
A atenção plena requer engajamento pois, exerce uma influência poderosa sobre a
saúde e o bem-estar como atestam as evidências científicas. Porém, por ser uma
prática, seu cultivo é um processo que se desenvolve e se aprofunda com o tempo e
com o compromisso, o que exige persistência e disciplina (FEIX e GIRARD, 2016,
p. 101).
parar de ficar pensando nos problemas e passou a buscar soluções; percebeu que passou por
situações difíceis do passado, mas que hoje não os vê tão aterrorizantes assim; permitiu-se a
vivenciar na última semana do protocolo algo que vinha procrastinando desde então, e por
fim, relata que hoje já não se angustia tanto com o dia a dia e esta conseguindo lidar com as
adversidades mais tranquilamente. “Através da prática de mindfulness busca-se desenvolver
uma consciência menos condicionada e por consequência uma percepção mais clara a respeito
da natureza das experiências” (FEIX e GIRARD, 2016, p.101).
algumas habilidades tomando uma postura mais flexível perante aos acontecimentos diários.
Ainda mais no contexto organizacional, as meditações podem facilitar no desenvolvimento do
indivíduo em lidar com as adversidades e aos estímulos advindos do dia a dia do trabalho,
além de contribuir para uma postura mais sadia na resolução de conflitos, proporcionando em
si, a qualidade de vida (MARKUS e LISBOA, 2015).
5 CONCLUSÃO
26
se que este método promove “[...] um aumento no foco do indivíduo no momento presente, o
que possibilita elevação na capacidade de concentração e produtividade” (NUNES e
MULLER, 2015, p. 480).
Compreende-se que a atenção plena “[...] faz também que as pessoas saiam do piloto
automático, e deem o devido foco ao que está sendo realizado, sem a influência de fatores
externos para a resolução de problemas, conflitos ou nos momentos de tomada de decisão”
(NUNES e MULLER, 2015, p. 480). Dessa forma, amplia-se o leque de possibilidades
auxiliando o sujeito a ter mais clareza e domínio sobre suas ações, voltando a ter o controle de
sua vida e não apenas deixando-se levar dia após dia.
Recomenda-se realizar mais pesquisas sobre esta problemática utilizando como
método entrevista abertas com os participantes de pesquisa para averiguar como foram os
resultados da prática de mindfulness em sua percepção. Assim como, possibilitar uma análise
mais prolongada dos indicadores de produtividade e se esta percepção da liderança mantém-se
em longo prazo.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Valéria Paes de Castro; FERREIRA, Simone Cruz Machado; CORREIA, Dayse
Mary da Silva. Estresse ocupacional na enfermagem e mindfulness: o que há de novo?
Revista enfermagem atual, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em
<https://revistaenfermagematual.com.br/uploads/revistas/18/revista.pdf> Acesso em: 23 abr
2018.
FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
LOPES, Renata Ferrarez Fernandes; CASTRO, Filipe Silva; NEUFELD, Carmem Beatriz. A
terapia cognitiva e o mindfulness: entrevista com Donna Sudak. Rev. bras.ter. cogn., Rio de
Janeiro, v. 8, n. 1, p. 67-72, jun. 2012. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872012000100010>
Acesso em 17 abr 2018.
MARKUS, Patricia Maria Ness; LISBOA, Carolina Saraiva de Macedo. Mindfulness e seus
benefícios nas atividades de trabalho e no ambiente organizacional. Revista da Graduação,
Rio Grande do Sul, v. 8, n. 1, p. 1 – 15. 2015. Disponível em
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/view/20733> Acesso em
13 maio 2018.
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/OC/article/view/5599> Acesso
em: 11 maio 2018.
OLIVEIRA, Juliana Roman dos Santos et al. Fadiga no trabalho: como o psicólogo pode
atuar?. Psicol. estud. Maringá, v.15, n.3, p.633-638, jul – set. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
73722010000300021&script=sci_abstract&tlng=pt> Acesso em: 27 abr 2018.
WILLIAMS, Mark; PENMAN, Danny. Atenção plena mindfulness: como encontrar a paz
em mundo frenético. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.