Você está na página 1de 29

1

OS EFEITOS DA APLICAÇÃO DE PRÁTICA MINDFULNESS NA


PRODUTIVIDADE EM PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
EM EMPRESA DE PRODUÇÃO DE SOFTWARE NA CIDADE DE TUBARÃO/SC1

Rafaela Martins de Souza2


Maria Paula Pereira Matos de Almeida3

Resumo: A pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos da aplicação do protocolo de


mindfulness sobre a produtividade em profissionais de tecnologia da informação em empresa
de produção de software. É uma pesquisa descritiva e cunho quantitativo, na qual foram
utilizadas escala de percepção de estresse (EPS-10), inventário de ansiedade
(GREENBERGER; PADESKY, 2016) e questionário fechado. Foram comparados os
instrumentos de coleta de dados antes e após o protocolo, inclusive os indicadores de
produtividades dos participantes. Resultou em redução de estresse, ansiedade e melhora do
comportamento dos profissionais no ambiente de trabalho. Não foi possível verificar a
eficácia por meio dos indicadores de produtividade devido à baixa demanda de trabalho no
período avaliado. Conclui-se que as práticas de mindfulness auxiliam na redução de estresse,
ansiedade, na concentração, na organização e na qualidade de vida.

Palavras-chave: Atenção plena. Mindfulness. Psicologia organizacional.

1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, observa-se que as empresas vêm exigindo maior qualidade e
melhor desempenho nas atividades atribuídas ao colaborador. Com a visão de baixo custo, o
empregador nem sempre se atenta à importância de um ambiente motivador e criativo que
possa potencializar as qualidades, de modo que o funcionário consiga empenhar-se na
execução de suas atividades. É possível visualizar que “é consequência desse cenário um
nível maior de exigência e cobrança, o que acaba acarretando em estresse, falhas por falta de
atenção, excesso de trabalho ou até cansaço de uma rotina exaustiva” (NUNES e MULLER,
2015, p. 463). Torna-se necessário chamar a atenção para esta realidade de alta exigência e
ambiente de trabalho inadequado, proporcionado ao profissional exatamente o oposto do que

1
Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de psicologia da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicóloga. Orientador: Prof. Maria Paula Pereira
Matos de Almeida, MSc. Tubarão, 2018.
2
Acadêmico (a) do curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. rafaela.ms.sm@gmail.com
3
Orientador (a) do curso Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. mariapaulamatos@hotmail.com
2

é o objetivo da organização: menor qualidade na execução das tarefas, ou seja, afetará


aspectos que prejudicam a produtividade, o resultado final.
Faz-se necessário refletir sobre quais as práticas que desconsertem o piloto
automático, acionado devido à correria da rotina. Tais práticas devem despertar
potencialidades e habilidades importantes para o autoconhecimento, melhora na qualidade de
vida, tomada de decisões mais conscientes e criativas, afetando aspectos importantes para a
vida social do sujeito e também de sua vida nas organizações (ASSIS, 2013).
Uma prática desenvolvida para a melhora da qualidade de vida e de
autoconhecimento é a de mindfulness. Jon Kabat Zinn apropriou-se da meditação buda e
incorporou à medicina para estudar a redução de estresse e manejo de dores. Esta prática, que
traduzida para o português significa “atenção plena”, é a habilidade de estar no momento
presente, aqui e agora, sem procurar julgar ou irritar-se com a situação vivida, é a experiência
de estar-se consciente (LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012).
Hoje em dia, os estudos a cerca do mindfulness transitam para além de atuar no
sintoma e sim, na prevenção e promoção à saúde. Um dos contextos em que pode ser
trabalhado o mindfulness é no âmbito organizacional. Não há como evitar o ambiente
competitivo das organizações, mas pode-se trabalhar o equilíbrio intra e interpessoal, com
resultados positivos sobre os indicativos organizacionais.

[...] o Mindfulness pode ser uma alternativa para os principais problemas no atual
ambiente organizacional, sendo uma ferramenta para o aumento de produtividade,
considerando a maior capacidade de concentração e comunicação entre as pessoas
por meio do foco no momento presente. (NUNES e MULLER, 2015, p. 479)

Uns dos pontos interessantes da atenção plena nas organizações são o baixo custo
e ter a rápida efetividade, controlando algumas síndromes e melhorando o bem estar
(BARRETO; FERREIRA; CORREIA, 2017). Dentre outros efeitos, observa-se a melhora na
motivação, melhor empenho nas atividades, menor sensação de exaustão, melhora nos
relacionamentos, na capacidade de resolução de problemas e maior satisfação com as relações
de trabalho (MARKUS e LISBOA, 2015).
O tema proposto é de suma importância por tratar-se de um assunto atual e
pertinente para as pessoas em suas relações. A meditação mindfulness vem sendo estudada
para a melhora da qualidade de vida do ser humano em diversas esferas de sua vida como já
citados anteriormente.
3

O conceito de mindfulness consiste basicamente em manter a atenção no momento


presente, na intenção e sem julgamento. É a capacidade de estar desperto e aumentar
a atenção no fluxo constante da experiência vivida. Estar desperto aumenta o
comprometimento com o momento presente e permite uma melhor clareza de como
pensamentos e emoções podem impactar a saúde e a qualidade de vida. (ASSIS,
2013, p. 75)

Interessante salientar que os indivíduos apresentam diferentes vulnerabilidades


uns dos outros, devido ao seu contexto sócio histórico. Pesquisas indicam que “algumas
pessoas tenham mais atenção plena no trabalho do que outras, podendo o treinamento
beneficiar alguns indivíduos mais que outro”, assim como, “o ambiente também interfere no
indivíduo, facilitando ou não um estado maior ou menor de mindfulness” (MARKUS e
LISBOA, 2015, p. 13).
Diante desta reflexão, surgiu a curiosidade de avaliar os efeitos da aplicação da
prática de mindfulness sobre a produtividade em profissionais de tecnologia da informação em
empresa de produção de software. Dessa forma, faz-se necessário levantar indicadores de
estresse, ansiedade, produtividade antes e pós a prática do protocolo de mindfulness, assim
como, verificar a percepção dos líderes quanto aos profissionais no ambiente de trabalho.
Com isso, será possível analisar a efetividade do protocolo. A aplicação será numa empresa
local com relevante posicionamento no mercado, dispondo parceria com a universidade na
inserção de estudantes no mercado de trabalho. Tendo em vista a relevância de aplicabilidade
do tema e interesse da comunidade científica, será de grande valia esta produção tanto para
empresários e profissionais, como para as universidades no desenvolvimento da comunidade.
A partir dos dados obtidos nesta pesquisa, possibilita-se gerar soluções a alguns
problemas pertinentes ao âmbito organizacional e também uma nova possibilidade de atuação
do profissional psicólogo. Com o conhecimento oriundo desta pesquisa, a prática pode ser
contemplada em outras empresas beneficiando-se desta ação preventiva de mindfulness.

2 MARCO TEÓRICO

2.1 MINDFULNESS

A prática de mindfulness derivou da aproximação das ciências médicas e


psicológicas com a religião (LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012). Nos dias atuais, algumas
religiões ainda valorizam esta prática meditativa. No budismo, o mindfulness atua para
auxiliar o indivíduo a focar no presente (LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012). A tratativa do
budismo com o mindfulness vai ao encontro do conceito de que “consiste basicamente em
4

manter a atenção no momento presente, na intenção e sem julgamento” (ASSIS, 2013, p. 75).
Apesar dessa origem no contexto religioso, o mindfulness destaca-se na psicologia como uma
técnica que pode ser trabalhada em diversas áreas em prol do bem estar do ser humano.
A atenção plena é destacada por aceitar e compreender as experiências vividas e
os sentimentos mesmo que negativos como parte da condição humana (VANDENBERGHE e
VALADAO, 2013). A prática de mindfulness permite o indivíduo estar atenta a uma maior
concentração no momento presente, compreendendo a impermanência daquilo que se passa
(LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012). Essa aceitação auxiliará o indivíduo a depositar suas
energias em ações construtivas, ao invés de depositá-la contra tais sentimentos e experiências
passam a ter uma relação mais sadia com suas emoções (VANDENBERGHE e VALADAO,
2013).
Diante de uma rotina agitada, o estímulo-resposta (ação e reação) aparenta ser o
único jeito de lidar com os estímulos e a sobrecarga advindos do dia a dia (ASSIS, 2013). O
indivíduo começa a tomar decisões automáticas sem refleti-las, ou seja, sem prestar atenção
no momento presente, mas o segredo da atenção plena é estar consciente propositalmente de
sua respectiva consciência, direcionando-a para manter a atenção em todo o seguimento da
prática de mindfulness (MELLO e CUNHA, 2017).
Por compreender que os momentos são passageiros, faz-se necessário analisar as
situações de maneira consciente, consequentemente aceitá-las como necessárias a serem
vividas e experimentadas. Este exercício auxilia na diminuição de sintomas médicos, assim
como, na angústia de reviver e remoer sentimentos do passado, proporcionando ao sujeito a
aceitação dos acontecimentos e o foco no que está vivendo atualmente, resultando em bem
estar na vida social e no âmbito organizacional (LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012).

2.2 MINDFULNESS E PSICOLOGIA

A prática de mindfulness é originada da filosofia budista que ocupou espaço de


investigação pelas ciências por ser uma filosofia com a preocupação de o indivíduo focar-se
no presente e manter-se consciente de suas vivências (LOPES; CASTRO; NEUFELD, 2012).
Entretanto, é uma técnica que está atuando no campo das ciências, diferenciando-se da
religião budista que através da atenção plena busca-se a plenitude e o iluminado. Já nas
psicoterapias como Gestalt Terapia, Terapia de Aceitação e Compromisso, Teoria
Comportamental Dialética, Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness e no Programa de
Redução de Estresse em Mindfulness busca-se ensinar ao paciente a usar a prática de
5

mindfulness no alívio de seu sofrimento (CASTRO, 2014). A semelhança do budismo e da


psicologia encontra-se na busca do bem estar e na qualidade de vida do indivíduo, talvez seja
essa semelhança o maior motivo que pelo qual se conhecia a prática de mindfulness no
contexto religioso e no contexto psicoterápico (CASTRO, 2014).
O mindfulness é visto enquanto aplicado à psicologia, como um método que pode
ser desenvolvido pelo psicoterapeuta e aprendido e treinado por todas as pessoas que tenham
vontade e ou a necessidade de praticar este exercício, sem necessariamente estarem ligadas as
circunstâncias religiosas e/ou místicas (CASTRO, 2014). Ao ensinar esta técnica aos
pacientes, é importante salientá-la como uma prática que agrega o desenvolvimento do
processo terapêutico necessitando identificá-la e adaptá-la conforme a queixa do paciente
(FEIX e GIRARD 2016).
O benefício da atenção plena no contexto psicoterápico destaca-se na síndrome de
bunourt, a intervenção mindfulness atua de forma preventiva a não elevar o quadro da
síndrome (LEAL e PIMENTA, 2018). Já em transtorno de personalidade boderline, a prática
auxilia significativamente no equilíbrio das relações por atuar no autoconhecimento e na
conscientização proporcionando um ambiente mais saudável. O exercício de mindfulness
resulta no desenvolvimento da habilidade de lidar com emoções, sentimentos e desejos
incoerentes com a realidade vivida pela pessoa boderline (CASTRO, 2014).
A Terapia comportamental dialética utiliza-se do mindfulness justamente para
auxiliar no tratamento de transtornos de personalidade boderline, por “observar; descrever e
participar plenamente e das qualidades de não julgar; estar atento integralmente e agir com
foco em ser eficaz” (CASTRO, 2014, p. 43). A Terapia de Aceitação e Compromisso, Terapia
Cognitiva baseada em Mindfulness e o Programa de Redução de Estresse em Mindfulness têm
vinculação forte no tratamento de estresse e ansiedade, buscando a aceitação das emoções e
sentimentos mesmo que estes sejam difíceis de lidar (FEIX e GIRARD, 2016). Na Gestalt
Terapia, a prática mindfulness é de grande valia, pois a abordagem é “orientada para o Insight
que objetiva a tomada de consciência” (YANO, 2015, p. 69) que vem ao encontro com a
proposta do mindfulness de ser capaz de tomar decisões conscientes.
Germer et. al (2016) relata que a prática de mindfulness ocasiona alterações
cerebrais, o comportamento é gerado devido a um estimulo do cérebro. Por mindfulness atuar
na modificação do comportamento, a prática também atuará consequentemente na
modificação das atividades neurais, denominado este fenômeno como neuroplasticidade. Em
exames de neuroimagem mostram-se os efeitos da prática de mindfulness no cérebro
6

[...] as imagens de RM estrutural revelam quanta substância cinzenta ou branca esta


presente em diferentes partes do cérebro. Isso revela informações sobre como o
cérebro é interligado (cabeado) e, portanto, fornece evidências de que a prática de
meditação pode levar a alterações duradouras na forma como o cérebro trabalha.
(GERMER et al 2016, p. 294).

Segundo Feix e Girard (2016) a prática de mindfulness requer engajamento e


disciplina ao praticar mindfulness, pois traz resultados significativos na vida do indivíduo no
que diz respeito à saúde e qualidade de vida. Por mais que alguns estudos sejam limitados a
respeito dos benefícios mindfulness com relação às patologias, nota-se diminuição do
sofrimento psíquico, proporcionando melhora em seu quadro clínico. Apropriando-se das
diversas maneiras de praticar a atenção plena, é conveniente adaptar um protocolo de
mindfulness para os casos mais complicados (ASSIS, 2013).

2.3 O PSICÓLOGO NAS ORGANIZAÇÕES

O profissional psicólogo pode abranger diversas áreas de atuação com a sua


formação, um dos campos que o mesmo está inserido é do contexto organizacional.
Historicamente, a atuação do psicólogo organizacional surgiu com a finalidade de realizar o
processo de seleção de pessoal para as indústrias em expansão, assim como, avaliações de
militares para o exército. Dessa maneira, o psicólogo conseguiu abrir seu campo de atuação
nas organizações (ZANELLI e BASTOS, 2004).
Desde então, o psicólogo passou a ter como suas atribuições o processo de
recrutamento e seleção de pessoal com utilização de testes, treinamento do quadro de
colaboradores, análise de riscos do ambiente de trabalho que afetam a produtividade e
avaliação de desempenho (ZANELLI e BASTOS, 2004).
Bastos e Galvão-Martins (1990) enumeram algumas das atribuições do
profissional psicólogo nas organizações. Dentre elas estão, elaborar estratégias para a
diminuição do absenteísmo, elevação da motivação, gerenciamento de conflitos, levantamento
de necessidades de treinamentos, aplicação de avaliação de desempenho, inclusão de
estagiários, movimentação de pessoal, recrutamento e seleção, desenvolvimento de programas
sociais. Com uma equipe multidisciplinar atua no plano de cargos e salários, avaliações de
riscos ocupacionais e também atua com intervenções relacionadas à saúde mental do
trabalhador.
Quando o profissional psicólogo ocupa cargo de coordenador ou supervisor do
setor de recursos humanos, cabe a ele supervisionar atividades de folha de pagamento e de
7

controle do ponto que são atribuições de outra área de formação (BASTOS e GALVAO-
MARTINS, 1990).
No ano de 2007 foi publicada a última atualização da resolução nº 03/2007 do
Conselho Federal de Psicologia (CFP) onde estão descritas as atribuições do psicólogo nas
organizações nos dias atuais. A resolução serve como base ao profissional na verificação das
novas possibilidades de atuação e compreensão do verdadeiro papel no âmbito
organizacional. Reconhece-se que a atuação do psicólogo organizacional nos dias atuais está
para além dos processos operacionais como o de recrutamento e seleção, treinamentos,
movimentação de pessoal e descrição de cargos. Este profissional está voltado à saúde e
qualidade de vida do trabalhador.
Está cada vez mais difícil desenvolver um ambiente mais adequado promovendo
bem estar aos colaboradores nas organizações, este é o desafio que os empresários vêm
enfrentando (MARKUS e LISBOA, 2015). No meio organizacional, fica evidente que o
estimulo-resposta muita das vezes parece ser a reação mais apropriada para sobressair-se da
sobrecarga do dia a dia que afeta diretamente no organismo, como por exemplo, na
capacidade de concentrar-se e na seleção de prioridades das atividades corriqueiras (ASSIS,
2013).
No desenvolvimento das atividades organizacionais, a mente e o corpo atuam em
conjunto. O bom funcionamento do indivíduo depende dessa atuação harmoniosa entre o
corpo e a mente que gera uma energia positiva voltada a um bem comum, a execução da
atividade com qualidade (MARKUS e LISBOA, 2015). Voltado a essa perspectiva de
qualidade de vida no trabalho, de bem estar e bons resultados tanto no aspecto organizacional
como na vida pessoal de cada indivíduo, que o profissional psicólogo orienta sua atuação do
seguinte modo:
Desenvolve, analisa, diagnostica e orienta casos na área da saúde do trabalhador,
observando níveis de prevenção, reabilitação e promoção de saúde. Participa de
programas e/ou atividades na área da saúde e segurança de trabalho, subsidiando-os
quanto a aspectos psicossociais para proporcionar melhores condições ao
trabalhador (CFP, 2007, p. 18).

Desta forma, o profissional direciona esforços a ações que possam ter efeitos
positivos na produtividade e que também estimule os colaboradores a exercer suas
potencialidades, espontaneidade e criatividades nas organizações em prol da qualidade de
vida no trabalho (CFP, 2007).
Oliveira et. al (2010) complementa que o psicólogo compreende que o espaço
organizacional é um ambiente que pode desenvolver diversas patologias, contudo, a atuação
8

do psicólogo é focado na saúde do trabalhador, atuando não apenas em detrimento da doença


de forma remediadora, mas também na prevenção para que estas doenças não comecem
apropriar-se do indivíduo prejudicando seu bem estar físico, moral e psicológico.
Percebe-se que o psicólogo organizacional não deixou de exercer papéis como
recrutamento e seleção de pessoal, avaliação de desempenho e técnicas próprias da psicologia
para entrevistas ou mudanças de cargos. Mas ressiginificou sua atuação atual enfatizando a
importância de um profissional voltado à qualidade de vida e saúde do trabalhador nas
organizações.

3 MÉTODO

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa é caracterizada como uma pesquisa descritiva por descrever um


fenômeno ou grupo, assim como, estudar as variáveis através de procedimentos já
estruturados e padronizados, como por exemplo, questionários e observações do fenômeno
(GIL, 2002). A abordagem utilizada foi de cunho quantitativo do fenômeno devido à
aplicação de questionário estruturado, da escala de percepção de estresse (EP-10) e do
inventário de ansiedade do livro a mente vencendo o humor de Dennis Greenberger e
Christine A. Padesky (2016) por seus resultados serem expressos de forma numérica. Quanto
à classificação da pesquisa foi de campo quase experimental, este tipo de pesquisa não possui
um grupo controle como forma de comparar as variáveis, portanto, avaliaram-se os efeitos da
prática de mindfulness na produtividade dos profissionais antes e após a aplicação do
protocolo num mesmo grupo (GIL, 2002).

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

A seleção dos participantes da pesquisa foi de forma aleatória, foram sorteados


através do site Sorteador, profissionais de tecnologia da informação do setor central de
atendimento ao cliente. Os sorteados foram convidados a participar da pesquisa. Os critérios
de inclusão foram: possuir no mínimo seis meses de empresa, idade entre 18 a 35 anos, estar
cursando ou formado (a) em áreas da tecnologia, contabilidade, administração ou farmácia,
iniciar o expediente no período matutino, trabalhar na unidade de Tubarão, possuir cargo de
assistente júnior, pleno, sênior ou master e não estar em período de férias e/ou afastamento.
9

O setor central de atendimento ao cliente na unidade de Tubarão possui 11


equipes denominadas: prime, gold 2, gold 1, atualização, serviços, anjos, sngpc, neo natal,
atendimento virtual e coringa, esta última equipe foi excluída por iniciarem expediente no
período vespertino, não cumprindo um dos critérios de inclusão. De cada equipe foram
convidados dois profissionais, dessa forma, a pesquisa teve 20 participantes convidados que
foram divididos em dois grupos para melhor comodidade dos voluntários em relação ao
espaço físico da sala e melhor disponibilidade do pesquisador a auxiliar todos os
participantes. A divisão dos grupos também foi realizada por sorteio através do site Sorteador,
um site desenvolvido para realizar sorteios onde foi digitado o código operador inicial e final
dentre as equipes, que indicou qual o profissional a ser convidado.
Para fins de apresentação, sigilo e análise de dados deste estudo, os participantes
foram identificados em número de ordens crescentes, por exemplo, participante 1 até
participante 20 com abreviações p1 a p20.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os profissionais sorteados foram convidados individualmente a participar da


pesquisa, onde foi explicado os riscos e benefícios da participação e recolhido o termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE) guardados num envelope.
Em sequência, foi realizada a coleta dos indicadores de produtividade de cada
profissional participante. Esses indicadores de produtividade foram: quantidade de
atendimentos abertos por profissional, tempo médio de espera por cliente na ligação, tempo
médio de atendimento por cliente, índices de falta, atestados, suspensão e advertências. Todos
estes indicadores foram apurados num período de dois meses prévios à pesquisa.
De maneira individual foi aplicado um questionário com cada líder, a respeito do
participante convidado questionando informações referentes ao comportamento do
profissional no ambiente de trabalho.
Foram convidados 20 participantes, porém 18 iniciaram participando do protocolo
de mindfulness baseado no livro Atenção plena - mindfulness: como encontrar a paz em um
mundo frenético dos autores Willians e Penamn do ano de 2015, que orienta algumas práticas
diárias que foram desenvolvidas com os participantes ao longo do trabalho. O protocolo foi
realizado em oito sessões de mindfulness, uma vez por semana no tempo de uma hora. No
primeiro e no último encontro da prática, foi solicitado aos participantes que preenchessem a
escala de percepção de estresse e o inventário de ansiedade para fins comparativos. No final
10

de cada encontro foi entregue impresso a cada participante, orientações de exercícios de


mindfulness a serem praticados durante a semana. Houve uma turma nas terças-feiras e outro
nas quartas-feiras recebendo o mesmo protocolo. O local da aplicação foi em uma sala
utilizada para treinamentos e palestras, situada na empresa isolada de ruídos e interferências.
Após uma semana do término da intervenção de mindfulness, foram coletados
novamente os indicadores de produtividade no período da prática, de dois meses, para serem
comparados com os indicadores coletados prévios à intervenção de mindfulness. Por último, o
mesmo questionário anteriormente citado foi aplicado às lideranças para avaliarem novamente
o comportamento do profissional no ambiente de trabalho.

3.4 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi baseada na resolução 466/12 no que se refere a alguns aspectos


éticos importantes considerando o respeito pela dignidade humana e a sua autonomia. Os
participantes sorteados que se dispuseram a participar da pesquisa receberam o TCLE que é
um documento formal contendo todas as informações necessárias ao participante em
linguagem clara e objetiva para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa que se
propõe a participar. No estabelecimento da empresa, os participantes foram convidados
individualmente a participar da pesquisa.
Considerando a dignidade humana, salientaram-se os riscos que a pesquisa pode
interferir. Alguns participantes podem sentir-se desconfortáveis por não adaptar-se a prática
de mindfulness de imediato causando constrangimento, também poderá causar algumas dores
no corpo caso o local para sentar-se não seja adequado ao participante. Como proposta de
solução, a pesquisadora ficou a disposição para realizar escuta individual para aqueles que
porventura sentirem-se psicologicamente abalados pela participação na pesquisa e terá
alternativas de posições e locais para se acomodar ao realizar a prática.
Os participantes se beneficiarão devido à melhora na concentração,
autoconhecimento, menor sensação de exaustão, alívio de tensões, redução de estresse e
melhora na capacidade de resolver problemas. Os benefícios não irão restringir-se apenas ao
ambiente organizacional, mas deverão refletir positivamente nas suas relações pessoais e
sociais devido à proposta de melhora na qualidade de vida.
Garante-se o sigilo e a privacidade do participante, ou seja, qualquer meio que
possa identifica-los será resguardado. Não prevê ressarcimento pelo fato de não haver
deslocamento dos participantes, uma vez que a pesquisa será desenvolvida no mesmo prédio
11

onde situa-se o local de trabalho dos mesmos. Os participantes poderão a qualquer momento
da pesquisa retirar sua participação sem quaisquer danos e em casos de danos decorrentes da
pesquisa poderão recorrer judicialmente à indenização.
Mencionar a aprovação no CEP e numero do protocolo do parecer de aprovação

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PROTOCOLO DE MINDFULNESS

O protocolo de mindfulness foi desenvolvido com base no livro de Mark Williams


e Danny Penman (2015). Os autores apresentam um programa de oito semanas que consiste
basicamente em sessões de meditações. “A prática formal inclui, além de varredura mental do
corpo e a meditação em posição sentada com concentração na respiração, também práticas de
alongamento (explorando, as sensações corporais como tensão, dor, outros)” (FEIX e
GIRARD, 2016, p. 110).
Na primeira semana foi realizada a meditação da passa, que consiste em sentir,
tocar, ver, observar, cheirar e por fim degustar uma uva passa. Os participantes puderam
comer o alimento de forma mais consciente, voltando a mente para o momento presente, no
alimento. Com esta prática, alguns participantes relataram que o alimento não era tão ruim
como imaginavam, assim como, para outros a experiência não foi tão desagradável como
havia experimentado da última vez. Percebe-se que com esta prática fez-se uma quebra no
modo automático de se pensar, puderam reconhecer tantas atividades do dia a dia que
passavam despercebidas justamente por ter uma vida sobrecarregada. “O primeiro objetivo da
prática da atenção é tornar a mente calma, para fazer isso, é necessário treinar a mente para
ficar centrada em um ponto único, em um único estímulo” (FEIX e GIRARD, 2016, p. 100).
No segundo encontro, um participante comentou sobre a sua troca de lugar no
ônibus de volta para a casa, porém percebeu que naquele local não havia ninguém para
conversar, não sendo então, uma experiência benéfica na interpretação do profissional para
aquele momento. Já outro participante, sentou-se em local diferente na faculdade e no novo
lugar conseguiu visualizar melhor o projetor, ou seja, é infrutífero antecipar o sofrimento
diante da mudança, já que só saberemos o que de fato acontecerá diante da situação. Alguns
participantes fizeram uma pequena mudança, ou seja, pularam apenas uma mesa à frente ou
ao seu lado, outros justificaram não realizar por terem se esquecido. Isso evidencia como
estamos acostumados a fazer as coisas sempre da mesma maneira, sem refletir ou pensar
12

sobre as ações mesmo que sejam feitas diariamente, estagnados na zona de conforto. As
práticas de mindfulness vêm justamente para abrir o campo da percepção e compreender que
as coisas podem ir além do que se apresentam. “Estar desperto aumenta o comprometimento
com o momento presente e permite uma melhor clareza de como pensamentos e emoções
podem impactar a saúde e a qualidade de vida” (ASSIS, 2013, p. 76).
No terceiro encontro, um participante ao realizar uma atividade atentamente notou
que ao escovar os dentes, só conseguiria finalizar a atividade se escovasse os dois lados dos
dentes em números pares. Também notou que suas roupas em seu roupeiro são guardadas por
cores e causaria angústia se não fosse dessa maneira. Infere-se que a participante após realizar
uma atividade atentamente notou uma possível patologia da qual passava despercebido.

[...] é importante observar que apesar de todos os benefícios cientificamente


comprovados com a prática de meditação, existem cuidados que não podem ser
negligenciados. Por exemplo, casos que podem estar relacionados a transtornos
mentais (ASSIS, 2013, p.75).

Com esta prática, a participante conseguiu observar um dado muito importante


sobre a sua qualidade de vida, que através do protocolo reconheceu um padrão de
comportamento passando a entender algumas preocupações e angústias que vinham causando
sofrimento devido a este modelo de comportamento. O mindfulness possibilita esta abertura
ampla da atenção, passando a concentrar-se em coisas que jamais haviam sido notadas. Outro
participante percebeu que levava muito mais tempo para terminar uma refeição devido ao uso
simultâneo do celular. Na prática de caminhar atentamente, os mesmos notaram prédios,
árvores, o movimento do trânsito que passava despercebido. Foi realizada a prática da
respiração e do corpo, alguns participantes acharam interessante a possibilidade de convidar
os pensamentos a se retirarem e poder voltar a focar no momento presente. O mindfulness é
justamente esta conscientização de poder voltar ao momento presente livrando-se de
pensamentos julgadores que sugam as nossas energias.
No quarto encontro, alguns participantes conseguiram realizaram a atividade de
realizar uma tarefa que gostaria de fazer nos intervalos de seu programa de TV favorito. Com
isso, puderam compreender o ato de não procrastinar e fizeram atividades que anteriormente
seriam deixadas para depois. Percebe-se que os participantes compreenderam a essência do
mindfulness, de aproveitar o tempo no aqui e no agora, focando em uma atividade de cada vez
para ser realizada com qualidade e plenitude. “Os estímulos vindos de todos os lados, por
vezes, sobrecarregam o corpo, a mente, interferem na capacidade de pensar e de estabelecer
13

prioridades, pois o mecanismo estímulo-resposta parece ser a única possibilidade de reação”


(ASSIS, 2013, p. 78).
No quinto encontro, alguns se dispuseram ir ao cinema e escolher o filme apenas
na hora. Alguns relataram terem visto um filme que anteriormente haviam julgado não ser tão
bom apenas pela capa e acabou surpreendendo-se com a obra. Esta fala mostra o quanto os
pensamentos julgadores nos paralisam de certa forma, acabamos acreditando nesses
pensamentos e deixando-os tomar conta de nossas decisões, no controle de nossas vidas. Foi
realizada a meditação de explorar as dificuldades “[...] o mindfulness tem sido relacionado a
uma variedade de conceitos como meditação, auto-compaixão e bondade” (CASTRO, 2014,
p. 21), nesta prática para alguns participantes não foi tão desconfortável trazer a tona algumas
dificuldades, até mesmo, pelos exercícios que vem praticando ao longo do protocolo.
No sexto encontro, puderam reconhecer se estavam vivendo no passado ou no
futuro. É possível reconhecer o quão de nossas vidas são dedicadas ao passado ou ao futuro,
deixando de viver e aproveitar o momento presente.

Os problemas clínicos geralmente estão ligados ao processamento do passado ou


futuro (depressão – ansiedade). O mindfulness ajuda a sair dessa dicotomia.
Basicamente mindfulness refere-se à capacidade de prestar atenção ao momento
presente, com aceitação e sem julgamento (FEIX e GIRARD, 2016, p. 96).

Por meio da meditação da amizade, alguns participantes relataram dificuldades em


desejar coisas boas às pessoas que não possuem tanto afeto. A prática traz a nota o conceito
de compaixão, de aceitar as coisas como são e que não podemos modificá-las. Ao reviver os
sentimentos mais perturbadores, o mindfulness facilita nessa compreensão e experimentação
desses sentimentos e emoções “[...] observando o surgimento de pensamentos sentimentos,
sem fixar-se aqueles muitos valorizados e sem tentar desfazer-se dos negativos” (FEIX e
GIRARD, 2016, p.96).
Na sétima semana, alguns relembraram uma época de suas vidas menos agitada e
por meio da tarefa solicitada, realizaram as atividades que tinham prazer naquela época, como
por exemplo, quando tinham seus 08 a 13 anos, reunindo os amigos do bairro e relembrando
os bons momentos. Os participantes reconheceram que em seu dia a dia há muitas atividades
que os revigoram, mas que não haviam percebido isso. Seja tomar um café, ajudar um colega
no trabalho, descansar no pufe na hora do intervalo, conversar com um colega, ir à academia,
tomar banho, almoçar, regar a planta e até mesmo vestir-se. Com a prática, percebe-se que há
muitas atividades que são realizadas no dia a dia que promovem prazer, porém, com a vida
agitada não são tão valorizadas e reconhecidas como algo prazeroso, e sim, apenas como algo
14

rotineiro. Quanto às atividades que esgotam as energias, o mindfulness promoveu um leque de


novas possibilidades para buscar alternativas.
A oitava semana foi o último encontro do protocolo, que teve como objetivo
informar sobre a importância de manter as práticas de atenção plena no dia a dia.

A atenção plena requer engajamento pois, exerce uma influência poderosa sobre a
saúde e o bem-estar como atestam as evidências científicas. Porém, por ser uma
prática, seu cultivo é um processo que se desenvolve e se aprofunda com o tempo e
com o compromisso, o que exige persistência e disciplina (FEIX e GIRARD, 2016,
p. 101).

Cada participante deu seu feedback sobre como as práticas de mindfulness


auxiliaram em algumas esferas de suas vidas. Alguns relatos foram: em momentos de
ansiedade conseguiu acalmar-se por meio das práticas de respiração; passou a ficar mais
atento e reconhecer quando divagou nos pensamentos convidando-se a voltar ao momento
presente; passou a ficar mais atento ao que acontece ao seu redor; conseguiu identificar quais
são as suas dificuldades e antes de tomar qualquer atitude para e respira para assim reagir de
uma forma mais sadia; lidou melhor com as adversidades “Quando se desenvolve o estado ou
a habilidade de mindfulness, a tendência do indivíduo é ser menos reativo, conseguindo agir
de forma efetiva e consciente, frente as experiências” (FEIX e GIRARD, 2016, p. 96). Os
profissionais puderam também organizar melhor o dia a dia evitando a procrastinação; por
meio da prática possibilitou-os reconhecer seus pensamentos julgadores que paralisava e
tomar atitude diante deles; conseguiu lidar de forma mais eficaz contra o estresse “[...] o
Mindfulness é particularmente efetivo para reduzir o estresse, ansiedade, depressão e outras
emoções negativas, com a prática regular” (BARRETO; FERREIRA, CORREIA, 2017, p.
42). Uma profissional comenta que foi capaz de prestar mais atenção nas atividades do
trabalho, assim como, relata ter melhorado na sua capacidade de concentração permitindo-se
convidar os pensamentos invasivos a se retirar focando-se mais no momento presente.

Mindfulness é um treinamento de atenção, em que é possível, segundo os estudos, se


aprimorar capacidades mentais, como: manter o foco; capacidade de meta-cognição;
inteligência emocional; capacidade de autorregulação e bom estado físico e
emocional (BARRETO; FERREIRA, CORREIA, 2013, p. 44).

Um dos participantes, em particular, pontuou diversos benefícios que a prática


permitiu para a sua vida, como por exemplo, no ambiente de trabalho conseguiu não estressar-
se com o cliente e ao possuir esta postura compassiva o cliente consequentemente ficava mais
calmo; passou a valorizar mais o dia mesmo sendo dias nublados ou chuvosos; começou a
15

parar de ficar pensando nos problemas e passou a buscar soluções; percebeu que passou por
situações difíceis do passado, mas que hoje não os vê tão aterrorizantes assim; permitiu-se a
vivenciar na última semana do protocolo algo que vinha procrastinando desde então, e por
fim, relata que hoje já não se angustia tanto com o dia a dia e esta conseguindo lidar com as
adversidades mais tranquilamente. “Através da prática de mindfulness busca-se desenvolver
uma consciência menos condicionada e por consequência uma percepção mais clara a respeito
da natureza das experiências” (FEIX e GIRARD, 2016, p.101).

4.2 INVENTÁRIO DE ANSIEDADE

A primeira tabela refere-se ao inventário de ansiedade aplicado anteriormente à


prática do protocolo de mindfulness.
Tabela 1 – Inventário de ansiedade prévio a prática de mindfulness
Descrição Escore
Participante 1 10
Participante 2 11
Participante 3 15
Participante 4 15
Participante 5 17
Participante 6 18
Participante 7 23
Participante 8 23
Participante 9 23
Participante 10 24
Participante 11 26
Participante 12 29
Participante 13 30
Participante 14 31
Participante 15 31
Participante 16 35
Participante 17 42
Participante 18 43
Média 24,77
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
16

O inventário de ansiedade de Dennis Greeberger e Christine A. Padesky (2016)


consiste em 24 sintomas que devem ser assinalados entre as alternativas: nem um pouco (0),
às vezes (1), frequentemente (2) e a maior parte do tempo (3). É uma ferramenta utilizada
para acompanhar a evolução no quadro de ansiedade após a utilização de métodos e
intervenções, como no caso, a prática de mindfulness (GREENBERGER e PADESKY, 2016).
Os escores foram somados individualmente e apresentados em ordem crescente.
Após a soma dos escores, foi obtida a média do grupo de pesquisa. Por ser um inventário de
acompanhamento do estado de ansiedade, não foi possível verificar qual grau os participantes
se encontravam. Porém com este resultado, pode-se compará-lo aos escores após a prática
conforme tabela 2.
Dentre os sintomas citados no inventário os que tiveram maior pontuação pelo
grupo foram: nervosismo, preocupações, inquietação, cansaço fácil e irritabilidade. Segundo
Oliveira (2010) a fadiga pode ser visto como um esgotamento físico e emocional que afeta na
motivação do indivíduo até mesmo no ambiente de trabalho. O setor que os profissionais
atuam é considerado pela empresa um dos setores de maior pressão, por realizar diversas
tarefas simultaneamente, solucionar diversos conflitos técnicos referentes ao sistema e por
lidar com clientes irritados e/ ou estressados na maioria das vezes. Compreende-se que além
das exigências da instituição, os sujeitos possuem também exigências em outras esferas de
suas vidas, como na faculdade, na família, nos amigos.
A segunda tabela refere-se ao inventário de ansiedade aplicado após à prática de
mindfulness.
Tabela 2 – Inventário de ansiedade após a prática de mindfulness (Continua)
Descrição Escore
Participante 1 8
Participante 2 9
Participante 3 10
Participante 4 10
Participante 5 10
Participante 6 13
Participante 7 13
Participante 8 13
Participante 9 13
Participante 10 14
17

Tabela 2 – Inventário de ansiedade após a prática de mindfulness (Continuação)


Descrição Escore
Participante 11 15
Participante 12 20
Participante 13 22
Participante 14 33
Participante 15 53
Média 17,06
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Na segunda tabela observa-se a redução do número de participantes. Esta redução


dá-se pela quantidade de participantes que desistiram do processo ao longo do programa. Os
escores estão posicionados em ordem crescente, não sendo dados comparativos com a tabela 1
por cada participante, pois conforme o termo de consentimento livre e esclarecido consentiu-
se o sigilo da identificação dos profissionais. Por isso os inventários foram preenchidos
anonimamente apurando os escores somente da média do grupo.
Observa-se na tabela 2 que o escore de ansiedade do grupo teve uma queda de
30% comparando-o com o escore da tabela 1, ou seja, por ser um inventário destinado ao
acompanhamento do quadro de evolução de ansiedade, o grupo teve uma melhora
significativa na redução de ansiedade, justamente por essa redução do escore
(GREENBERGER e PADESKY, 2016). Quanto maior a soma dos resultados assinalados do
inventário, maior é o estado de ansiedade avaliado do grupo.
Dessa forma, o resultado deste estudo indica que a prática de mindfulness foi
eficiente em reduzir a ansiedade nos profissionais participantes. Após a aplicação do
protocolo além da queda nos escores, também obteve-se uma grande redução de sintomas de
ansiedade, pois os sintomas mais assinalados anteriormente não se fizeram presente nesta
segunda execução do inventário, exceto o sintoma “preocupação” que foi assinalado pela
maioria dos participantes. Compreende-se que o sintoma “preocupação” esta presente em
diversos contextos na vida do sujeito, seja no trabalho, em casa, faculdade, amigos. Por tanto,
os sintomas mais fortemente relacionados à ansiedade foram reduzidos por meio da técnica de
mindfulness, resultando que o mindfulness é umas das estratégias para ser utilizada no
controle do quadro de ansiedade (BARRETO, 2017).
Segundo Castro (2014) a prática de mindfulness vem mostrando grandes
resultados principalmente em quadros de depressão e ansiedade, por auxiliar em desenvolver
18

algumas habilidades tomando uma postura mais flexível perante aos acontecimentos diários.
Ainda mais no contexto organizacional, as meditações podem facilitar no desenvolvimento do
indivíduo em lidar com as adversidades e aos estímulos advindos do dia a dia do trabalho,
além de contribuir para uma postura mais sadia na resolução de conflitos, proporcionando em
si, a qualidade de vida (MARKUS e LISBOA, 2015).

4.3 ESCALA DE PERCEPÇÃO DE ESTRESSE (EPS-10)

A terceira tabela refere-se à escala de estresse percebido (EPS-10) aplicado


anteriormente à prática de mindfulness.
Tabela 3 - Escala de percepção de estresse (EPS-10) prévios ao protocolo
Descrição Escore
Participante 1 15
Participante 2 17
Participante 3 17
Participante 4 18
Participante 5 18
Participante 6 20
Participante 7 21
Participante 8 22
Participante 9 23
Participante 10 23
Participante 11 24
Participante 12 24
Participante 13 26
Participante 14 27
Participante 15 27
Participante 16 28
Participante 17 28
Participante 18 32
Média 22,77
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
19

Segundo Cohen et. al (1983) a escala de percepção de estresse é um instrumento


que avalia o quão estressante são algumas experiências vivenciadas pelos indivíduos. Esta
escala não resulta em um diagnóstico, mas através dela consegue-se obter um escore que
indicará como o individuo percebe as situações como estressantes ou não (apud SILVA, 2014,
p.14).
Conforme Cohen et. al (1983) a escala de estresse é composta por dez questões
das quais devem ser assinaladas apenas uma alternativa, dentre elas: [0] nunca, [1] quase
nunca, [2] às vezes, [3] pouco frequente e [4] muito frequente. As questões 4, 5, 7 e 8 são
considerativos positivos, ou seja, sua pontuação deverá ser contrária. Foram somados os
escores individuais e realizado a média do grupo que resultou em 22,77. Este escore indica
que o grupo estava com o nível de estresse percebido alto ou muito alto, pois os escores de 0 a
20 indicam como “baixo” ou “moderado”, escores de 21 a 40 indicam percepção de estresse
“alto” ou “muito alto” (apud SILVA, 2014, p.14).
As situações mais assinaladas na escala como estressantes pelos participantes
foram: quando ficaram bravos por causa de coisas que estiveram fora de seu controle e
quando ficaram aborrecidos por causa de algo que aconteceu inesperadamente. Também ficou
evidente que na maior parte do tempo sentem-se nervosos ou estressados. Compreende-se que
com “o aumento da competitividade nos ambientes corporativos tem levado ao crescimento
do nível de estresse nas organizações” (NUNES e MULLER, 2015, p. 457), por isso faz-se
necessário o mindfulness nas organizações, visto que “gestores lidam diariamente com a
necessidade de gerenciar os estresses de suas equipes de trabalho de forma a evitar quedas de
produtividade” (NUNES e MULLER, 2015, p. 457).
A quarta tabela refere-se à escala de estresse aplicado após a prática de
mindfulness.
Tabela 4 - Escala de estresse percebido (EPS-10) após o protocolo (Continua)
Descrição Escore
Participante 1 9
Participante 2 11
Participante 3 11
Participante 4 11
Participante 5 12
Participante 6 13
Participante 7 13
20

Tabela 4 - Escala de estresse percebido (EPS-10) após o protocolo (Continuação)


Descrição Escore
Participante 8 18
Participante 9 19
Participante 10 21
Participante 11 22
Participante 12 23
Participante 13 23
Participante 14 24
Participante 15 29
Média 17,26
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Com as práticas de atenção plena, percebe-se na tabela 04 que o escore da média


do grupo reduziu em 24%. Isso evidencia que o mindfulness esta diretamente relacionada na
redução de estresse e ansiedade. Também esta associada na promoção de satisfação e
motivação, principalmente no contexto organizacional (MARKUS e LISBOA, 2017).
Verificou-se que em todas as alternativas da escala de estresse obteve-se uma
redução na frequência do estresse percebido. Conforme citado, na escala aplicada
anteriormente à prática de atenção plena os profissionais haviam demarcado alta frequência
de aborrecimento por conta de algo inesperado acorreu, mas nesta escala as desmarcações
diminuíram significativamente nesta questão. A alternativa mais assinalada, mas ainda com
baixo escore comparado ao anterior, foi o estresse de ficar aborrecido porque algo inesperado
aconteceu. Isto indica também que os participantes puderam reconhecer que grande parte dos
eventos que ocorrem no dia a dia não pode ser modificada, é importante aceitar as coisas
como são invés de ficar tentando modifica-las, resultando em mais estresse e em mais
angústia (WILLIAMS e PENMAN, 2015).
Compreende-se que as organizações estão cada vez mais sujeitas a
competitividade, devido a isso, as empresas estão em busca cada vez mais de profissionais
eficientes e dedicados, assim como, exigindo um bom desempenho e resultados significativos
para a empresa. Não se pode entender o indivíduo apenas como sujeito em prol da
organização, mas também como sujeito do meio, envolvido em suas questões particulares.
21

[...] as exigências profissionais e pessoais, e a competição do mercado, a


consequência é um trabalhador com níveis altos de estresse, pressionado,
desmotivado e sobrecarregado, o que pode gerar uma diminuição significativa no
rendimento profissional (NUNES e MULLER, 2015, p. 458).

O estresse pode afetar significativamente no rendimento do profissional quanto ao


seu desempenho esperado na organização, afeta tanto na produtividade quanto em suas
relações interpessoais dentro deste contexto (NUNES e MULLER, 2015). A atenção plena
traz a tona que é possível obter medidas preventivas dentro do próprio contexto
organizacional. Uma prática sem grandes custos para a empresa e que é eficaz na redução de
estresse e ansiedade.
As práticas de mindfulness vêm como uma alternativa para alívio de estresse e
ansiedade, proporcionando níveis de relaxamento e dissipando algumas emoções
perturbadoras, angustiantes e estressantes (BARRETO; FERREIRA, CORREIA, 2017).
Percebeu-se que os participantes esperavam para este momento de relaxamento e meditação,
alguns comentavam de que estavam precisando naquele momento especifico das práticas
meditativas. Entende-se que os participantes já esperavam por este tempo dedicado a si
mesmo.

4.4 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

A quinta tabela refere-se ao levantamento de indicadores de produtividade dos


profissionais de tecnologia da informação.
Tabela 5 – Indicadores de produtividade prévios há dois meses.
Descrição Frequência
Nº total de atendimentos 669,3
TMC 00:04:15
TMA 00:03:50
TME 00:00:25
Faltas 0
Atestados 0
Suspensões 0
Fonte: Dados fornecidos pela empresa (2018).
22

Observam-se na tabela 5 os indicadores de número total de atendimentos, tempo


médio de atendimento (TMA), tempo médio de espera (TME), tempo médio de chamados
(TMC), quantidade de faltas, atestados e suspensões num período prévio há dois meses à
prática.
No setor dos profissionais participantes da pesquisa não há um parâmetro de
quantidade de atendimentos para verificar se o profissional esta ou não esta sendo produtivo
quanto ao seu desempenho na empresa, por isso não há como afirmar que os dados obtidos
são benéficos para o desenvolvimento da organização.
Apesar dos profissionais alocaram-se no mesmo setor, alguns possuem
atribuições diferentes podendo interferir nos resultados dos indicadores de produtividade da
tabela.
A sexta tabela refere-se ao levantamento de indicadores durante a prática do
protocolo de mindfulness.
Tabela 6 – Indicadores de produtividade durante o protocolo
Descrições Frequência
Nº total de atendimentos 422,8
TMC 00:04:20
TMA 00:03:54
TME 00:00:25
Faltas 0
Atestados 4
Suspensões 0
Fonte: Dados fornecidos pela empresa (2018).

A tabela 6 mostra os indicadores de produtividade recolhidos durante a prática de


mindfulness, ou seja, num período de dois meses que foi o tempo de duração do protocolo.
Observa-se diminuição na quantidade total de atendimentos dos participantes. Isso
se dá, devido uma queda de 36% nos atendimentos que ocorreram na empresa no período das
práticas. Por ser um setor de atendimento ao cliente, os indicadores variam conforme
demanda externa, ou seja, alternam conforme a necessidade do cliente em buscar ajuda para
resolução de problemas quanto ao produto adquirido.
Em relação aos atestados, por atuarem num setor mais fechado sem muita
circulação é mais comum de serem infectados por alguma doença transmissível pelo ar. Como
foi o caso justificado por alguns participantes.
23

Aos demais indicadores TMA, TME e TMC mantiveram-se semelhantes, não


proporcionando mudanças evidentes. Por conta desta baixa demanda de atendimentos, não foi
possível verificar uma evolução nos indicadores próprios do setor e da empresa.
Entende-se que para esta análise faz-se necessário um acompanhamento
prolongado da eficácia do protocolo e parâmetros de indicativos mais padronizados e
harmônicos para a realidade do setor. Desta maneira, poderá obter resultados mais confiáveis
para verificar a eficácia do protocolo por meio dos indicadores de produtividade.

4.5 QUESTIONÁRIOS COM LÍDERES

A sétima tabela refere-se ao questionário aplicado com os líderes dos profissionais


antes de iniciarem as práticas de mindfulness.
Tabela 07 – Questionário aplicado às lideranças prévias a prática
Frequência
Descrição Nunca Às vezes Sempre
Conversas paralelas 10% 75% 15%
Solicitou muita ajuda 25% 60% 15%
Ansiedade 30% 45% 25%
Irritabilidade 60% 35% 5%
Falta concentração 70% 25% 5%
Uso do celular 40% 45% 15%
Erros por falta de 30% 70% 0%
atenção
Disperso (a) 55% 40% 5%
Preocupação 40% 50% 10%
excessiva
Impaciente 35% 60% 5%
Resistente a feedback 70% 25% 5%
negativo
Insegurança 40% 60% 0%
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
24

O questionário aplicado constituiu-se por doze afirmativas com as seguintes


alternativas de resposta: nunca, às vezes e sempre. Cada líder respondeu o questionário
referente ao seu profissional liderado.
Observa-se na tabela 07 que com base na percepção dos líderes, 90% dos
profissionais mantiveram conversas paralelas durante o expediente, 75% procurou mais de
três vezes o líder para solicitar alguma ajuda, 70% apresentou ansiedade em momentos
difíceis de resolver algum problema e 70% apresentou erros no trabalho por falta de atenção.
Nota-se a evidência de dispersão e ansiedade, assim como, falta de atenção.
Justamente nestes quesitos citados que a prática de mindfulness vem trazendo à tona sua
concepção do momento presente para desenvolver estas habilidades.

Com o auxilio da meditação, as organizações podem proporcionar não só um


aumento do foco, da produtividade e da capacidade de trabalho, como também
melhor saúde, autoconfiança e desenvolvimento do potencial mental do funcionário
(NUNES e MULLER, 2015, p. 460).

A oitava tabela refere-se ao questionário aplicado com os líderes dos profissionais


após a prática de mindfulness.
Tabela 08 – Questionário aplicado às lideranças após a prática (Continua)
Frequência
Descrição Nunca Às vezes Sempre
Conversas paralelas 13% 73% 13%
Solicitou muita ajuda 73% 27% 0%
Ansiedade 53% 40% 7%
Irritabilidade 73% 27% 0%
Falta concentração 80% 20% 0%
Uso do celular 73% 20% 7%
Erros por falta de 53% 47% 0%
atenção
Disperso (a) 80% 20% 0%
Preocupação 67% 27% 7%
excessiva
Impaciente 60% 40% 0%
Resistente a feedback 87% 13% 0%
negativo
25

Tabela 08 – Questionário aplicado às lideranças após a prática (Continuação)


Frequência
Descrição Nunca Às vezes Sempre
Insegurança 73% 27% 0%
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Percebe-se na tabela 8 que com base na observação dos líderes, os participantes de


pesquisa tiveram uma melhora significativa no comportamento no ambiente de trabalho após
as práticas. Infere-se que o mindfulness também atua diretamente no relacionamento das
pessoas com o meio em que habitua.
Evidencia-se que os profissionais solicitaram menos ajuda aos seus superiores
sobre dúvidas referentes ao trabalho do que anteriormente observados, diminuíram o uso do
celular durante o expediente, apresentaram mais segurança para realizarem suas atividades do
trabalho e reduziu significativamente a quantidade de erros por falta de atenção. No total, sob
a percepção dos líderes obteve-se melhora de 23% no comportamento no ambiente de
trabalho, “o mindfulness tem sido avaliado como positivo para melhora da atenção, aumento
da percepção de saúde geral e vitalidade e para melhorar desempenho no trabalho”
(CASTRO, p. 154). Neste caso, ficou evidente como as práticas meditativas beneficiam o
sujeito no ambiente de trabalho, promovendo mais segurança e autonomia pelo simples fato
de estar atento ao que acontece ao seu redor.
Para Linke (2005, p. 21, apud NUNES e MULLER, 2015, p. 475)

[...] valorizar o capital humano é fundamental para a competitividade empresarial,


pois os recursos humanos são os principais responsáveis pelo desempenho das
empresas e constituem vantagens competitivas em um mercado cada vez mais
exigente.

Dessa forma, é de suma importância o olhar do profissional psicólogo nas


orgazanições, elaborando estratégias para auxiliar na qualidade de vida dos trabalhadores
como forma de prevenção e promoção à saúde. Com isso, os profissionais ficam mais
engajados e sentem-se bem atuando numa instituição em que dá valor ao seu bem estar físico
e mental.

5 CONCLUSÃO
26

Conclui-se que a atenção plena é eficaz no ambiente organizacional para melhora


na qualidade de vida e bem-estar. Ao término do protocolo, um participante procurou para
falar sobre todos os benefícios que a atenção plena proporcionou para sua vida, dentre a mais
destacada, foi a habilidade de ficar calmo em momentos de maior pressão. Houveram outros
profissionais da empresa que não participaram do protocolo, mas que ao ouvirem sobre a
pesquisa de seus colegas participantes, solicitaram sugestões de leitura, pois argumentaram
ser “bem tranquilo de fazer”. Isso mostra os quão abertos e dispostos os profissionais estão
para este tipo de prática, ainda mais, advindo de profissionais que estão alocados no setor que
mais mobiliza estresse por conta da competitividade devido a qualidade exigida no
atendimento ao cliente e na resolução de seus conflitos com o produto adquirido.
As práticas meditativas resultaram em diminuição de 30% no quadro de ansiedade
dos profissionais participantes. Percebe-se que de fato o mindfulness é eficaz na redução de
ansiedade no ambiente organizacional, tornando-se uma alternativa para redução de ansiedade
às empresas com tanta competitividade no mercado atual. Por ser uma empresa de tecnologia,
é importante promover momentos para “desligar-se” deste meio virtual e dedicar-se as
práticas que promovem bem-estar. Segundo Nunes e Muller (2015) as práticas de mindfulness
vêm sendo abordada como um dos meios de prevenção no mundo corporativo em relação à
qualidade de vida, pois trata-se de um método eficaz para o aumento da produtividade e do
bem estar do profissional.
Em relação ao estresse, os profissionais obtiveram uma diminuição no estresse de
23%. Este resultado evidencia a eficácia da prática de mindfulness na redução de estresse no
contexto organizacional. Ambientes altamente cada vez mais exigentes em qualidade e
desempenho, que se fazem necessários buscar alternativas para manter o equilíbrio das
relações, emoções e pensamentos. Sabe-se que “a prática da meditação tem sido largamente
utilizada para controle do stress e para a melhora na qualidade de vida” (ASSIS, 2013, p. 72).
Não foi possível verificar evolução nos indicadores de produtividade devido à
baixa demanda de atendimento no período estudado, sugere-se um levantamento mais
prolongado de acompanhamento antes e após a prática. Visto que esta prática precisa ser
exercida diariamente, dessa forma, talvez os resultados não sejam imediatos já que demandam
uma mudança no padrão de comportamento que deve levar tempo.
A prática de mindfulness mostrou-se eficaz também na mudança de
comportamento dos profissionais no ambiente de trabalho. Este indicativo mostrou como os
participantes estavam desatentos e dispersos antes da prática, e após o protocolo obteve-se
uma evolução significativa na qualidade do trabalho sob a percepção das lideranças. Entende-
27

se que este método promove “[...] um aumento no foco do indivíduo no momento presente, o
que possibilita elevação na capacidade de concentração e produtividade” (NUNES e
MULLER, 2015, p. 480).
Compreende-se que a atenção plena “[...] faz também que as pessoas saiam do piloto
automático, e deem o devido foco ao que está sendo realizado, sem a influência de fatores
externos para a resolução de problemas, conflitos ou nos momentos de tomada de decisão”
(NUNES e MULLER, 2015, p. 480). Dessa forma, amplia-se o leque de possibilidades
auxiliando o sujeito a ter mais clareza e domínio sobre suas ações, voltando a ter o controle de
sua vida e não apenas deixando-se levar dia após dia.
Recomenda-se realizar mais pesquisas sobre esta problemática utilizando como
método entrevista abertas com os participantes de pesquisa para averiguar como foram os
resultados da prática de mindfulness em sua percepção. Assim como, possibilitar uma análise
mais prolongada dos indicadores de produtividade e se esta percepção da liderança mantém-se
em longo prazo.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Denise. Os benefícios da meditação: melhora na qualidade de vida, no controle do


stress e no alcance de metas. Interespe, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 70 – 80, jul. – dez. 2013.
Disponível em: < https://revistas.pucsp.br/index.php/interespe/article/view/17445> Acesso
em: 14 abr 2018.

BARRETO, Valéria Paes de Castro; FERREIRA, Simone Cruz Machado; CORREIA, Dayse
Mary da Silva. Estresse ocupacional na enfermagem e mindfulness: o que há de novo?
Revista enfermagem atual, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em
<https://revistaenfermagematual.com.br/uploads/revistas/18/revista.pdf> Acesso em: 23 abr
2018.

BASTOS, Antônio Virgilio Bittencourt; GALVAO-MARTINS, Ana Helena Caldeira. O que


pode fazer o psicólogo organizacional. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, v.10, n.1, p. 10 - 18,
1990. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98931990000100005> Acesso em: 15 maio 2018.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP N.º 013/2007 - Consolidação


das resoluções relativas ao título profissional de especialista em psicologia. Brasília: CFP,
2007. Disponível em: < https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-2007.pdf> Acesso em: 10 de maio 2018.

BRASIL. Sorteador. Jul, 2016. Disponível em: <https://sorteador.com.br/> Acesso em: 25


maio 2018.
28

CASTRO, Filipe Silva. Atentando-se ao mindfulness: uma revisão sistemática para


análise dos conceitos, fundamentos, aplicabilidade e efetividade da técnica no contexto
da terapia cognitiva. 2014. 170f. Dissertação (mestre em psicologia aplicada) – Programa de
pós-graduação e mestrado, Universidade Federal de Urbelândia, Minas Gerais, 2014.
Disponível em: <http://www.pgpsi.ip.ufu.br/node/376> Acesso em: 08 abr 2018.

COHEN, Sheldon; KAMARCK, Tom; MERMELSTEIN, Robin. A global measure of


perceived stress. J Health Soc Behav, p. 96 – 385, 1983.

FEIX, Leandro da Fonte; GIRARD, Tanize Viviane Gonçalves. Mindfulness: concepções


teóricas e aplicações clínicas. Rev. Hígia, Bahia, v.1, n. 2, p. 94 – 127. 2016. Disponível em
<http://fasb.edu.br/revista/index.php/higia/article/view/132> Acesso em 25 mar 2018.

FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

GERMER, Christopher K; SIEGEL, Ronald D; FULTON, Paul R. Mindfulness e


psicoterapia. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GREENBERGER, Dennis; PADESKY, Christine A. A mente vencendo o humor: mude


como você se sente, mudando o modo como você pensa. 2. Edição. Porto Alegre: Artmed,
2016.

LEAL, Ana Borgas; PIMENTA, Filipa. Intervenções mindfulness e redução de burnout


em estudantes universitários: revisão de literatura. 12º congresso nacional de psicologia
da saúde, Lisboa, jan. 2018. Disponível em: <
http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/6165/1/12CongNacSaude053.pdf>. Acesso em
26 abr. 2018.

LOPES, Renata Ferrarez Fernandes; CASTRO, Filipe Silva; NEUFELD, Carmem Beatriz. A
terapia cognitiva e o mindfulness: entrevista com Donna Sudak. Rev. bras.ter. cogn., Rio de
Janeiro, v. 8, n. 1, p. 67-72, jun. 2012. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872012000100010>
Acesso em 17 abr 2018.

MARKUS, Patricia Maria Ness; LISBOA, Carolina Saraiva de Macedo. Mindfulness e seus
benefícios nas atividades de trabalho e no ambiente organizacional. Revista da Graduação,
Rio Grande do Sul, v. 8, n. 1, p. 1 – 15. 2015. Disponível em
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/view/20733> Acesso em
13 maio 2018.

MELLO, Marta Inês Caldart; CUNHA, Cristiano J. Castro de Almeida. Mindfulness no


contexto organizacional. VII Congresso internacional de conhecimento e inovação. Foz do
Iguaçu/PR, v.1, n.1, p.1-15, Setembro. 2017. Disponível em: <
http://proceeding.ciki.ufsc.br/index.php/ciki/article/view/171>. Acesso em 19 maio 2018.

NUNES, Moema Pereira; MULLER, Diego Hofer. A utilização do mindfulness nas


organizações - uma análise através da perspectiva dos gestores. Organizações em contexto,
São Paulo, vol. 11, n. 22, p. 457 – 485, jul. – dez. 2015. Disponível em:
29

<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/OC/article/view/5599> Acesso
em: 11 maio 2018.

OLIVEIRA, Juliana Roman dos Santos et al. Fadiga no trabalho: como o psicólogo pode
atuar?. Psicol. estud. Maringá, v.15, n.3, p.633-638, jul – set. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
73722010000300021&script=sci_abstract&tlng=pt> Acesso em: 27 abr 2018.

VANDENBERGHE, Luc e VALADAO, Valquíria César. Aceitação, validação e mindfulness


na psicoterapia cognitivo-comportamental contemporânea. Rev. bras.ter. cogn. Rio de
Janeiro, v. 9, n.2, p. 126-135, nov. 2013. Disponível em
<http://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=185> Acesso em 28 mar 2018.

YANO, Luciane Patrícia. A clínica em Gestalt-terapia: a Gestalt dos atendimentos nos


transtornos depressivos. Rev. NUFEN, Belém, v. 7, n.1, p. 67 – 85 abr. 2015. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912015000100005
Acesso em 27 mar 2018.

WILLIAMS, Mark; PENMAN, Danny. Atenção plena mindfulness: como encontrar a paz
em mundo frenético. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

ZANELLI, José Carlos; BASTOS, Antonio Virgilio Bittencourt. Inserção profissional do


psicólogo em organizações e no trabalho. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil.
Porto Alegre, RS: Artmed, 2004. Disponível em:
<https://www.academia.edu/9450255/Inser%C3%A7%C3%A3o_Profissional_do_Psic%C3%
B3logo_em_Organiza%C3%A7%C3%B5es_e_no_Trabalho> Acesso em 10 maio 2018.

Você também pode gostar