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Diário da República, 1.ª série — N.

º 208 — 26 de outubro de 2012 6103

Artigo 67.º Artigo 72.º


(Revogado.) Operação logística de mudança de comercializador
de gás natural

CAPÍTULO IX O regime de exercício da atividade de operação logística


de mudança de comercializador de gás natural é estabele-
Disposições finais cido em legislação complementar.

Artigo 68.º Artigo 72.º-A


Arbitragem (Revogado.)
1 — Os conflitos entre o Estado e as respetivas entida- Artigo 72.º-B
des concessionárias emergentes dos respetivos contratos
podem ser resolvidos por recurso a arbitragem. (Revogado.)
2 — Os conflitos entre as entidades concessionárias e os
demais intervenientes no SNGN, no âmbito das respetivas Artigo 73.º
atividades, podem ser igualmente resolvidos por recurso Norma revogatória
a arbitragem.
3 — Das decisões dos tribunais arbitrais cabe recurso São revogados os Decretos-Leis n.os 14/2001, de 27 de
para os tribunais judiciais, nos termos da lei geral. janeiro, e 374/89, na redação que lhe foi dada pelo Decreto-
4 — Compete à ERSE promover a arbitragem destinada -Lei n.º 8/2000, de 8 de fevereiro, que manterão a sua
à resolução de conflitos entre os agentes e os clientes. vigência nas matérias que não forem incompatíveis com
o presente decreto-lei até à entrada em vigor da legislação
Artigo 69.º complementar.
Garantias Artigo 74.º
Para garantir o cumprimento das suas obrigações, os Entrada em vigor
operadores da RNTIAT e da rede de distribuição devem
constituir e manter em vigor um seguro de responsabi- O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte
lidade civil, proporcional ao potencial risco inerente às ao da sua publicação.
atividades, de montante a definir nos termos da legislação
complementar. Decreto-Lei n.º 231/2012
de 26 de outubro
Artigo 70.º
O Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, estabeleceu
Regime sancionatório
os regimes jurídicos aplicáveis ao exercício das atividades
O regime sancionatório aplicável às disposições do integrantes do Sistema Nacional de Gás Natural (SNGN),
presente decreto-lei e da legislação complementar é esta- incluindo as respetivas bases das concessões, os procedi-
belecido em decreto-lei específico. mentos para a atribuição das concessões e das licenças,
bem como as regras relativas à segurança do abastecimento
Artigo 71.º e sua monitorização e à constituição e manutenção de
reservas de segurança, desenvolvendo as bases gerais da
Regulamentação
organização e funcionamento do SNGN, instituídas pelo
1 — Os regimes jurídicos das atividades previstas no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro.
presente decreto-lei, incluindo as respetivas bases de con- Em concretização desse diploma, que impôs a indepen-
cessão e procedimentos para atribuição das concessões e dência, no plano jurídico e patrimonial, do operador da
licenças, são estabelecidos por decreto-lei. rede nacional de transporte relativamente às entidades que
2 — Para efeitos da aplicação do presente decreto-lei, exercem as atividades de distribuição e comercialização
são previstos os seguintes regulamentos: de gás natural, e, completando a transposição da Diretiva
n.º 2003/55/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
a) Regulamento do Acesso às Redes, às Infraestruturas 26 de junho, que estabelece regras comuns para o mercado
e às Interligações; interno de gás natural, o Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26
b) Regulamento de Operação das Infraestruturas; de julho, estabeleceu também as condições da modificação
c) Regulamento da RNTGN; do contrato de concessão do serviço público de importa-
d) Regulamento Tarifário; ção, transporte e fornecimento de gás natural, celebrado
e) Regulamento de Qualidade de Serviço; entre o Estado Português e a TRANSGÁS — Sociedade
f) Regulamento de Relações Comerciais; Portuguesa de Gás Natural, S. A., que deu origem às atuais
g) Regulamento da RNDGN; concessões da rede nacional de transporte (RNTGN), de
h) Regulamento da Forma de Execução das Obrigações receção, armazenamento e regaseificação de gás natural
do Operador da RNTGN no Apoio ao Concedente em Ma- liquefeito (GNL) no terminal de Sines, e de armazenamento
téria de Política Energética, com vista a assegurar o cum- subterrâneo de gás natural no Carriço, as quais, em con-
primento das referidas obrigações de forma independente; junto, constituem a rede nacional de transporte, infraestru-
i) O regulamento de funcionamento da comissão de turas de armazenamento e terminais de GNL (RNTIAT).
auditoria ao cumprimento do Regulamento referido na Posteriormente, a Diretiva n.º 2009/73/CE, do Parla-
alínea anterior. mento Europeu e do Conselho, de 13 de julho, que es-
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tabelece regras comuns para o mercado interno do gás rede nacional de distribuição de gás natural (RNDGN), com
natural e revoga a Diretiva n.º 2003/55/CE, foi objeto de vista a garantir a cabal prossecução dos objetivos e orien-
transposição inicial pelo Decreto-Lei n.º 77/2011, de 20 de tações definidos no âmbito da política energética e a segu-
junho, que introduziu novas regras no quadro organizativo rança do abastecimento energético nacional, sendo, para o
do SNGN, procedendo à segunda alteração ao Decreto-Lei efeito, instituídos novos mecanismos de acompanhamento
n.º 30/2006, de 15 de fevereiro. e de supervisão do cumprimento das obrigações constantes
Na sequência da celebração, em maio de 2011, do Me- dos contratos de concessão e adaptadas as respetivas bases.
morando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Com vista a promover a entrada de novos comerciali-
Política Económica entre o Estado Português, a Comissão zadores e a prática de preços mais competitivos, poten-
Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário ciando o desenvolvimento da concorrência e beneficiando
Internacional, e em cumprimento dos compromissos aí os clientes finais, definem-se os exatos termos e limi-
assumidos no sentido da conclusão do processo de liberali- tes associados à possibilidade de derrogação casuística
zação dos setores da eletricidade e do gás natural, importa, dos princípios, determinações e obrigações constantes
todavia, proceder a uma transposição adequada, completa da Diretiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e
e harmonizada das diretivas e dar execução aos princípios do Conselho, de 13 de julho, em particular no que res-
constantes dos regulamentos que integram o designado peita ao acesso de terceiros às infraestruturas do SNGN,
«Terceiro Pacote Energético», onde se inclui a referida e elimina-se a prioridade na atribuição de capacidade
Diretiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e do Con- nas infraestruturas do SNGN associada aos contratos de
selho, de 13 de julho, e o Regulamento (CE) n.º 715/2009, aquisição de gás em regime de take-or-pay celebrados
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de julho, re- antes da entrada em vigor da Diretiva n.º 2003/55/CE,
lativo às condições de acesso às redes de transporte de gás do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho.
natural e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1775/2005. No plano da proteção dos consumidores, assegura-se,
É neste contexto que se insere o presente diploma, o qual, designadamente, o fornecimento de gás natural pelos co-
no seguimento da alteração ao Decreto-Lei n.º 30/2006, mercializadores de último recurso retalhistas não apenas
de 15 de fevereiro, entretanto efetuada pelo Decreto-Lei aos clientes finais economicamente vulneráveis mas tam-
n.º 230/2012, visa proceder a uma revisão alargada do bém em locais onde não exista oferta dos comercializadores
Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho. de gás natural em regime de mercado, bem como em situa-
Subjacentes a esta revisão estão os objetivos definidos ções em que o comercializador de mercado tenha ficado
no Programa do XIX Governo Constitucional, no ponto impedido de exercer a atividade de comercialização de gás
concernente ao «Mercado de Energia e Política Energética: natural. Promove-se ainda a realização de campanhas de
Uma Nova Política Energética», e nas Grandes Opções do informação e esclarecimento dos consumidores, bem como
Plano para 2012-2015, aprovadas pela Lei n.º 64-A/2011, a publicação de informações relativas aos direitos e deveres
de 30 de dezembro, no quadro da 5.ª Opção «O desafio dos consumidores, aos preços de referência relativos aos
do futuro — medidas setoriais prioritárias», no sentido fornecimentos aos clientes em baixa pressão de todos os
da promoção da competitividade, da transparência dos comercializadores, à legislação em vigor e à identificação
preços, do bom funcionamento e da efetiva liberalização dos meios à disposição dos consumidores para o tratamento
dos mercados da eletricidade e do gás natural. de reclamações e resolução extrajudicial de litígios.
Tendo em vista a consecução desses objetivos, o pre- Por último, o presente diploma adapta o regime de acesso
sente diploma desenvolve as regras aplicáveis à gestão téc- e exercício das atividades integrantes do SNGN e, em par-
nica global do SNGN, aprofunda o regime de planeamento ticular, da atividade de comercialização de gás natural em
das infraestruturas que integram o SNGN, em particular da regime de mercado, aos princípios e regras constantes do
RNTIAT e da RNDGN, e reforça os mecanismos de garantia Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpôs para
e monitorização da segurança do abastecimento e as obri- a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2006/123/CE, do
gações de constituição e manutenção de reservas de segu- Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro,
rança de aprovisionamento de gás natural, em execução da relativa ao mercado interno dos serviços, e clarifica o
disciplina constante do Regulamento (UE) n.º 994/2010, do estatuto dos diversos intervenientes na atividade de co-
Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro, rela- mercialização em regime de mercado e de último recurso.
tivo a medidas destinadas a garantir a segurança do aprovi- Foram ouvidas a Comissão Nacional de Proteção de Da-
sionamento de gás e que revoga a Diretiva n.º 2004/67/CE. dos e a Associação Nacional de Municípios Portugueses.
A este respeito, é gradualmente eliminada a possibi- Foram ouvidos, a título facultativo, a Entidade Regula-
lidade de constituição de reservas de segurança em na- dora dos Serviços Energéticos e os agentes do setor.
vios metaneiros em trânsito, com vista a que tais reservas Foi promovida a audição ao Conselho Nacional do
sejam constituídas em infraestruturas que possibilitem Consumo.
uma mobilização efetiva do gás em caso de necessidade, Assim:
aumentando a segurança do aprovisionamento. Também Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Cons-
neste âmbito e com vista a possibilitar o acesso ao arma- tituição, o Governo decreta o seguinte:
zenamento subterrâneo de gás natural por parte de todos
os comercializadores, independentemente de operarem ou Artigo 1.º
não infraestruturas de armazenamento, transfere-se para
Objeto
os comercializadores em regime de mercado e para os
comercializadores de último recurso retalhistas a obrigação 1 — O presente decreto-lei procede à terceira alteração
de constituição de reservas de segurança de gás natural. ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, alterado pelos
Na sequência dos processos de reprivatização ocorridos Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de abril, e 66/2010, de 11 de
no setor energético, clarificam-se e reforçam-se as obriga- junho, e conclui a transposição da Diretiva n.º 2009/73/CE,
ções que impendem sobre os operadores da RNTIAT e da do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de julho, que
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estabelece regras comuns para o mercado interno do gás 4 — O presente decreto-lei incorpora, ainda, a dis-
natural e revoga a Diretiva n.º 2003/55/CE, do Parlamento ciplina do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho,
Europeu e do Conselho, de 26 de junho. que transpôs para a ordem jurídica interna a Diretiva
2 — O presente decreto-lei dá execução ao Regula- n.º 2006/123/CE, do Parlamento Europeu e do Conse-
mento (CE) n.º 715/2009, do Parlamento Europeu e do lho, de 12 de dezembro, relativa ao mercado interno
Conselho, de 13 de julho, relativo às condições de acesso dos serviços.
às redes de transporte de gás natural e que revoga o Re- Artigo 2.º
gulamento (CE) n.º 1775/2005, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 28 de setembro, e ao Regulamento (UE) [...]
n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 1 — (Anterior corpo do artigo.)
20 de outubro, relativo a medidas destinadas a garantir 2 — As disposições do presente decreto-lei relativas
a segurança do aprovisionamento de gás e que revoga a ao acesso às redes de transporte e de distribuição e
Diretiva n.º 2004/67/CE, do Conselho. demais infraestruturas do SNGN, bem como à comer-
3 — O presente diploma incorpora ainda a disciplina do cialização, são aplicáveis ao biogás e ao gás proveniente
Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpôs para da biomassa, ou a outros tipos de gás, na medida em
a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2006/123/CE, do que esses gases possam ser, do ponto de vista técnico,
Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro, de qualidade e da segurança, injetados e transportados
relativa ao mercado interno dos serviços. nas redes de gás natural.
3 — A definição dos requisitos técnicos, de qualidade
Artigo 2.º e de segurança do biogás, do gás proveniente da biomassa
Alteração ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho e de outros tipos de gás, bem como os procedimentos
aplicáveis ao licenciamento das instalações de trata-
Os artigos 1.º, 2.º, 3.º, 4.º, 5.º, 7.º, 8.º, 11.º, 12.º, 13.º, 14.º, mento destes gases em estado bruto e à sua injeção nas
15.º, 16.º, 17.º, 19.º, 21.º, 23.º, 24.º, 25.º, 30.º, 31.º, 32.º, 33.º, infraestruturas do SNGN são aprovados por portaria dos
34.º, 35.º, 36.º, 37.º, 38.º, 39.º, 40.º, 41.º, 42.º, 43.º, 44.º, membros do Governo responsáveis pelas áreas da energia
45.º, 46.º, 47.º, 48.º, 49.º, 50.º, 51.º, 52.º, 53.º, 54.º, 61.º, e do ambiente, ouvida a ERSE e o operador da RNTGN.
63.º, 72.º e 75.º do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de ju- 4 — O regime de aquisição do biogás, do gás prove-
lho, alterado pelos Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de abril, niente da biomassa e dos outros tipos de gás é definido
e 66/2010, de 11 de junho, passam a ter a seguinte redação: por portaria do membro do Governo responsável pela
área da energia, ouvida a ERSE, a Agência Portuguesa
«Artigo 1.º do Ambiente e o operador da RNTGN, no âmbito das
[...] suas atribuições.
1 — O presente decreto-lei estabelece os regimes Artigo 3.º
jurídicos aplicáveis às atividades de transporte, de ar- [...]
mazenamento subterrâneo de gás natural, de receção,
armazenamento e regaseificação de gás natural lique- .........................................
feito (GNL) e de distribuição de gás natural, incluindo a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
as respetivas bases das concessões, bem como de co- b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mercialização de gás natural e de organização dos res- c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
petivos mercados. d) ‘Cliente’ o cliente grossista ou retalhista e o cliente
2 — O presente decreto-lei estabelece também as re- final;
gras relativas à gestão técnica global do sistema nacional e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de gás natural (SNGN), ao planeamento da rede nacio- f) (Revogada.)
nal de transporte, infraestruturas de armazenamento e g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
terminais de GNL (RNTIAT), ao planeamento da rede h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
nacional de distribuição de gás natural (RNDGN), à i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
segurança do abastecimento e sua monitorização e à j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
constituição e manutenção de reservas de segurança. k) ‘Comercializador’ a entidade registada para a co-
3 — Nas matérias que constituem o seu objeto, o pre- mercialização de gás natural cuja atividade consiste
sente decreto-lei procede à transposição, iniciada com na compra a grosso e na venda a grosso e a retalho de
o Decreto-Lei n.º 77/2011, de 20 de junho, que altera o gás natural;
Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, da Diretiva l) ‘Comercializador de último recurso’ a entidade
n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, titular de licença de comercialização de gás natural
de 13 de junho, que estabelece regras comuns para o sujeita a obrigações de serviço público, nos termos do
mercado interno do gás natural e que revoga a Diretiva presente decreto-lei;
n.º 2003/55/CE, e dá execução ao Regulamento (CE) m) [Anterior alínea n).]
n.º 715/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, n) [Anterior alínea o).]
de 13 de julho, relativo às condições de acesso às redes o) [Anterior alínea p).]
de transporte de gás natural e que revoga o Regula- p) ‘Derivado de gás’ um dos instrumentos finan-
mento (CE) n.º 1775/2005, bem como ao Regulamento ceiros especificados nos pontos 5, 6 ou 7 da secção C
(UE) n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e do Con- do anexo I da Diretiva n.º 2004/39/CE, do Parlamento
selho, de 20 de outubro, relativo a medidas destinadas Europeu e do Conselho, de 21 de abril, relativa aos
a garantir a segurança do aprovisionamento de gás e mercados de instrumentos financeiros, sempre que esteja
que revoga a Diretiva n.º 2004/67/CE, do Conselho. relacionado com o gás natural;
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q) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Artigo 4.º
r) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [...]
s) (Revogada.)
t) (Revogada.) 1 — O exercício das atividades abrangidas pelo pre-
u) (Revogada.) sente decreto-lei obedece a princípios de racionalidade e
v) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . eficácia dos meios a utilizar, contribuindo para a progres-
w) [Anterior alínea x).] siva melhoria da competitividade e eficiência do SNGN
x) [Anterior alínea z).] e para a realização do mercado interno da energia, num
y) [Anterior alínea aa).] quadro de utilização racional dos recursos, de proteção
z) ‘Operador de armazenamento subterrâneo’ a en- dos consumidores e de minimização dos impactes am-
tidade que exerce a atividade de armazenamento sub- bientais, no respeito pelas disposições legais aplicáveis.
terrâneo de gás natural e é responsável, num conjunto 2 — O exercício das atividades previstas no presente
decreto-lei processa-se com observância dos princípios
específico de instalações, pela exploração e manutenção
da concorrência, sem prejuízo do cumprimento das obri-
das capacidades de armazenamento e respetivas infra- gações de serviço público.
estruturas; 3 — O exercício das atividades abrangidas pelo pre-
aa) ‘Operador de rede de distribuição’ a entidade sente decreto-lei depende da atribuição de concessões
responsável, numa área específica, pelo desenvolvi- de serviço público, de licenças ou de registo.
mento, exploração e manutenção da rede de distribuição 4 — Sem prejuízo das competências atribuídas a ou-
e, quando aplicável, das suas interligações com outras tras entidades administrativas, designadamente à Direção-
redes, bem como por assegurar a garantia de capacidade -Geral de Energia e Geologia (DGEG), à Autoridade da
da rede a longo prazo para atender pedidos razoáveis Concorrência e à Comissão do Mercado de Valores
de distribuição de gás natural; Mobiliários, no domínio específico das suas atribuições,
bb) ‘Operador da rede de transporte’ a entidade as atividades de transporte de gás natural, de armazena-
responsável, numa área específica, pelo desenvolvi- mento subterrâneo de gás natural, de receção, armaze-
mento, exploração e manutenção da rede de transporte namento e regaseificação em terminais de GNL, de dis-
e, quando aplicável, das suas interligações com outras tribuição e de comercialização de gás natural, de gestão
redes, bem como por assegurar a garantia de capacidade de mercados organizados e de operação logística de mu-
da rede a longo prazo para atender pedidos razoáveis dança de comercializador estão sujeitas a regulação pela
de transporte de gás natural; Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE),
cc) ‘Operador de terminal de GNL’ a entidade que nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de
exerce a atividade de receção, armazenamento e rega- 15 de fevereiro, no presente decreto-lei, nos estatutos
seificação de GNL e é responsável, num terminal de da ERSE, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 97/2002, de
GNL, pela exploração e manutenção das capacidades de 12 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 200/2002,
receção, armazenamento e regaseificação e respetivas de 25 de setembro, e pelo Decreto-Lei n.º 212/2012,
infraestruturas; de 25 de setembro, e demais legislação aplicável.
dd) ‘Plano de emergência’ o instrumento aprovado
em execução do Regulamento (UE) n.º 994/2010, do Artigo 5.º
Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro, [...]
de harmonia com os termos, procedimentos e objetivos 1— .....................................
previstos nesse Regulamento e no artigo 48.º do presente 2 — As atividades referidas no número anterior inte-
decreto-lei; gram, no seu conjunto, a exploração da RNTIAT.
ee) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 — A atividade de distribuição de gás natural é exer-
ff) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cida mediante a atribuição de concessão de serviço
gg) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . público ou de licença em regime de serviço público
hh) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . para a exploração das redes de distribuição que, no seu
ii) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . conjunto, constituem a RNDGN.
jj) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 — A exploração da RNTIAT e da RNDGN com-
kk) [Anterior alínea ll).] preende as seguintes concessões e licenças:
ll) [Anterior alínea mm).]
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mm) [Anterior alínea nn).]
b) Concessões de armazenamento subterrâneo de gás
nn) [Anterior alínea oo).] natural em regime de acesso regulado e em regime de
oo) [Anterior alínea pp).] acesso negociado de terceiros;
pp) [Anterior alínea qq).] c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
qq) [Anterior alínea rr).] d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
rr) [Anterior alínea ss).]
ss) ‘Sistemas inteligentes’ os sistemas destinados à 5 — As concessões referidas no número anterior
medição e gestão da informação relativa ao gás natural regem-se pelo disposto no Decreto-Lei n.º 30/2006, de
que favoreçam a participação ativa do consumidor no 15 de fevereiro, no presente decreto-lei, nas respetivas
mercado de fornecimento de gás natural; bases de concessão, na legislação e regulamentação
tt) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . aplicáveis e nos respetivos contratos de concessão.
uu) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 — A concessão da RNTGN é exercida em regime
vv) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de exclusivo em todo o território continental, sendo as
ww) [Anterior alínea xx).] concessões de distribuição regional e as licenças de
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distribuição local exercidas em regime de exclusivo nas c) A garantia de ligação dos clientes às redes nos ter-
áreas concessionadas ou polos de consumo licenciados, mos previstos nos contratos de concessão ou nos títulos
respetivamente. das licenças e na regulamentação da ERSE;
7 — Os custos incorridos pelas entidades titulares das d) A proteção dos utilizadores, designadamente
concessões e licenças referidas nos números anteriores quanto a tarifas e preços;
em atividades de apoio à supervisão, acompanhamento e) [Anterior alínea d).]
e fiscalização das suas obrigações apenas podem ser f) [Anterior alínea e).]
repercutidos na tarifa de uso global do sistema, nos
termos da legislação e regulamentos em vigor, mediante 3— .....................................
autorização prévia da DGEG e desde que tenham sido
incorridos de forma justificada e eficiente. Artigo 11.º
[...]
Artigo 7.º
1 — A RNTIAT compreende a rede de transporte
[...] de gás natural em alta pressão, as infraestruturas para
1— ..................................... a respetiva operação, incluindo as estações de redução
2 — As concessões são atribuídas mediante contratos de pressão e medida de 1.ª classe e respetiva ligação ao
de concessão, nos quais outorga o membro do Governo cliente final, as infraestruturas de armazenamento subter-
responsável pela área da energia, em representação do râneo de gás natural e os terminais de GNL, bem como as
Estado, na sequência de realização de concurso público respetivas infraestruturas de ligação à rede de transporte.
ou de concurso limitado por prévia qualificação, salvo 2— .....................................
se, de acordo com os princípios e regras gerais da con- 3— .....................................
tratação pública, estiverem reunidas condições para o 4 — O projeto, licenciamento, construção e modifi-
recurso a outro procedimento adjudicatório. cação das infraestruturas que integram a RNTIAT e a
3— ..................................... RNDGN são objeto de legislação específica.
4— ..................................... 5— .....................................
5 — Os procedimentos de atribuição de novas con- 6— .....................................
cessões iniciados após a apresentação dos pedidos re-
feridos no número anterior observam o disposto no Artigo 12.º
artigo seguinte. [...]
6— .....................................
7 — (Revogado.) 1 — O planeamento da RNTIAT deve assegurar a
existência de capacidade das infraestruturas, o desenvol-
Artigo 8.º vimento adequado e eficiente da rede e a segurança do
[...] abastecimento, e deve ter em conta as disposições e os
objetivos previstos no Regulamento (CE) n.º 715/2009,
1— ..................................... do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de julho,
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . nomeadamente quanto ao plano decenal não vinculativo
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de desenvolvimento da rede à escala comunitária, no
c) Utilizar, nas condições definidas pela legislação âmbito do mercado interno do gás natural.
aplicável, os bens do domínio público ou privado do 2 — O operador da RNTGN deve elaborar, nos anos
Estado e de outras pessoas coletivas públicas para o ímpares, um plano decenal indicativo de desenvolvi-
estabelecimento ou passagem das infraestruturas ou mento e investimento da RNTIAT (PDIRGN).
instalações integrantes das concessões; 3 — No caso de a entidade concessionária da RNTGN
d) Receber dos utilizadores das respetivas infraestru- se certificar como operador de transporte independente
turas, pela utilização destas e pela prestação dos serviços (OTI), nos termos da subsecção II, da secção II do capí-
inerentes, uma retribuição por aplicação de tarifas e tulo II do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro,
preços regulados definidos no regulamento tarifário, ou, o PDIRGN é elaborado anualmente.
no caso das concessionárias de armazenamento subter- 4 — O PDIRGN deve ter em consideração os se-
râneo em regime de acesso negociado de terceiros, uma guintes elementos:
retribuição resultante do preço negociado livremente e a) O relatório anual de monitorização da segurança
de boa-fé entre a concessionária e o utilizador; do abastecimento mais recente;
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) Caracterização da RNTIAT elaborada pelo opera-
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . dor da RNTGN, em conformidade com os objetivos e
g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
requisitos de transparência previstos no Regulamento
h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
(CE) n.º 715/2009, do Parlamento Europeu e do Conse-
i) (Revogada.)
j) No caso das concessionárias de armazenamento sub- lho, de 13 de julho, que deve conter a informação técnica
terrâneo de gás natural em regime de acesso negociado necessária ao conhecimento da situação das redes e res-
de terceiros, negociar livremente e de boa-fé as condi- tantes infraestruturas, designadamente das capacidades
ções, prazos e preços de acesso às suas infraestruturas; nos vários pontos relevantes da rede, da capacidade de
k) [Anterior alínea j).] armazenamento subterrâneo e dos terminais de GNL e
do respetivo grau de utilização;
2— ..................................... c) Planos quinquenais de desenvolvimento e inves-
timento das redes de distribuição (PDIRD) elaborados,
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . no ano par anterior, pelos operadores da RNDGN, nos
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . termos dos artigos 12.º-B e 12.º-C.
6108 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

5 — O PDIRGN deve observar, para além de critérios d) Receber adequada retribuição pelos serviços pres-
de racionalidade económica, as orientações de política tados de forma eficiente.
energética, designadamente o que se encontrar definido
relativamente à capacidade e tipo das infraestruturas 5 — São obrigações do operador da RNTGN no âm-
de entrada de gás natural no sistema, as perspetivas de bito da gestão técnica global do SNGN, nomeadamente:
desenvolvimento dos setores de maior e mais intenso
a) Atuar nas suas relações com os operadores e uti-
consumo, as conclusões e recomendações contidas nos
lizadores do SNGN de forma transparente e não dis-
relatórios anuais de monitorização da segurança do abas-
criminatória;
tecimento, os padrões de segurança para planeamento
b) [Anterior alínea a).]
das redes e as exigências técnicas e regulamentares, a par c) [Anterior alínea e).]
das exigências de utilização eficiente das infraestruturas d) [Anterior alínea b).]
e de sua sustentabilidade económico-financeira a prazo. e) Assegurar o planeamento da RNTIAT e garantir
6 — A elaboração do PDIRGN, no que diz respeito a expansão e gestão técnica da RNTGN, para permitir
às interligações internacionais, deve ser feita em estreita o acesso de terceiros, de forma não discriminatória e
cooperação com os operadores de rede respetivos. transparente, e gerir de modo eficiente as infraestruturas
e meios técnicos disponíveis;
Artigo 13.º f) Desenvolver protocolos de comunicação com os
[...] diferentes operadores do SNGN, com vista a criar um
sistema de comunicação integrado para controlo e su-
1 — Compete ao operador da RNTGN a gestão téc- pervisão das operações do SNGN e atuar como coor-
nica global do SNGN. denador do mesmo;
2 — A gestão técnica global do SNGN é exercida g) Emitir instruções sobre as operações de transporte,
com independência, de forma transparente e não dis- incluindo o trânsito no território continental, de forma
criminatória, e consiste na coordenação sistémica das a assegurar a entrega de gás em condições adequadas e
infraestruturas que constituem o SNGN, de modo a as- eficientes nos pontos de saída da rede de transporte, em
segurar o seu funcionamento integrado e harmonizado, conformidade com protocolos de atuação e de operação
bem como a segurança e continuidade do abastecimento a estabelecer;
de gás natural nos curto, médio e longo prazos, mediante h) Gerir os fluxos de gás natural da RNTGN, em
o exercício das seguintes funções: conformidade com as solicitações dos agentes de mer-
a) Gestão técnica do sistema, que integra a progra- cado e em coordenação com os operadores das restantes
mação e monitorização permanente do equilíbrio entre infraestruturas do SNGN, garantindo a sua operação
a oferta e a procura global de gás natural, o seguimento coerente, no respeito pela regulamentação aplicável;
da utilização da capacidade oferecida e a realização dos i) Monitorizar a utilização da capacidade das infra-
serviços de sistema necessários à operacionalização do estruturas do SNGN e o nível de reservas necessárias
acesso de terceiros às infraestruturas com os níveis de à garantia de segurança do abastecimento nos curto e
qualidade e segurança adequados; médio prazos e, bem assim, prestar informação relativa
b) Monitorização da constituição e manutenção das à constituição e manutenção de reservas de segurança;
reservas de segurança de gás natural e participação na j) Determinar e verificar as quantidades mínimas
gestão e execução das medidas decorrentes do plano de gás que cada agente de mercado deve possuir nas
preventivo de ação e do plano de emergência, nos termos infraestruturas, de modo a garantir as condições míni-
previstos no presente decreto-lei; mas exigíveis ao bom funcionamento do sistema e em
c) Planeamento energético e segurança de abasteci- respeito pela regulamentação do setor;
mento, através da realização de estudos de planeamento k) Verificar tecnicamente a viabilidade da operação
integrado de recursos energéticos e identificação das do SNGN, após recebidas as informações relativas às
condições necessárias à segurança do abastecimento programações e nomeações e respetiva validação;
futuro dos consumos de gás natural a nível da oferta, l) Realizar o balanço residual do sistema de transporte
os quais constituem referência para o planeamento da em complemento da utilização real de capacidade por
RNTIAT, nos termos da alínea d), bem como através parte dos diversos agentes de mercado, de modo a ga-
da colaboração com a DGEG, nos termos definidos no rantir a continuidade da operação dentro de parâmetros
presente decreto-lei, na preparação dos relatórios de aceitáveis de qualidade e segurança;
monitorização da segurança de abastecimento no médio m) Disponibilizar serviços de sistema aos utilizadores
e longo prazos (RMSA); da RNTGN, nomeadamente através de mecanismos
d) Planeamento da RNTIAT, designadamente no que eficientes de compensação de desvios, assegurando a
respeita às respetivas necessidade de renovação e alar- respetiva liquidação, no respeito pelos regulamentos
gamento, tendo em vista o desenvolvimento adequado aplicáveis;
da sua capacidade e a melhoria da qualidade de serviço, n) Informar a DGEG dos incumprimentos das obri-
em particular através da elaboração do PDIRGN. gações de constituição e manutenção de reservas de
segurança, instruindo-a com todos os elementos que
3— ..................................... sustentem o referido incumprimento;
4 — São direitos do operador da RNTGN no âmbito o) Gerir os congestionamentos nas infraestruturas,
da gestão técnica global do SNGN, nomeadamente: incluindo as interligações com outros sistemas inter-
nacionais de transporte de gás natural de acordo com
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . os mecanismos previstos na regulamentação em vigor;
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p) Promover o funcionamento harmonioso do sistema
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ibérico de gás natural em conjunto com o operador
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6109

da rede de transporte interligada, maximizando a ca- Operadores das Redes de Transporte de Gás (REORT
pacidade disponível nos pontos de interligação entre para o Gás);
sistemas e facilitando o funcionamento do mercado de dd) Fornecer às entidades reguladoras referidas no
forma transparente e não discriminatória; n.º 2 do artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15
q) Coordenar os fluxos de informação entre os di- de fevereiro, as informações necessárias ao exercício
versos agentes com vista à gestão integrada das infra- das suas competências específicas e ao conhecimento
estruturas do sistema de gás natural, nomeadamente os do mercado;
processos associados às programações e às nomeações; ee) Publicar as informações necessárias para assegu-
r) Proceder às liquidações financeiras associadas às rar uma concorrência efetiva e o funcionamento eficaz
transações efetuadas no âmbito desta atividade; do mercado, sem prejuízo da garantia de confidencia-
s) Divulgar, de forma célere e não discriminatória, in- lidade de informações comercialmente sensíveis, nos
formação sobre factos suscetíveis de influenciar o regular termos dos regulamentos da ERSE;
funcionamento do mercado ou a formação dos preços; ff) Apresentar à ERSE, anualmente, um relatório com
t) Desenvolver, com a regularidade adequada, os a descrição das reclamações apresentadas, bem como o
estudos necessários à preparação de elementos pros- resultado das mesmas, nos termos constantes do Regu-
petivos de referência sobre a evolução, nos médio e lamento da Qualidade do Serviço.
longo prazos, do mix de oferta gás natural/GNL e da
adequação da oferta de capacidade das infraestruturas 6 — A gestão técnica global do SNGN é efetuada
do SNGN no mesmo quadro de referência; nos termos previstos no presente decreto-lei, incluindo
u) Colaborar ativamente com a DGEG mediante
as bases constantes do anexo I, que dele fazem parte
a prestação das informações e a disponibilização dos
integrante, na regulamentação aplicável e no contrato
estudos, testes ou simulações que por esta lhe sejam
solicitados, nomeadamente para efeitos de definição de concessão da RNTGN.
da política energética; 7 — A DGEG define no Regulamento da Segurança
v) Colaborar ativamente com a DGEG na prepara- de Abastecimento e Planeamento as obrigações do ope-
ção dos RMSA e, em geral, mediante a prestação das rador da RNTGN em matéria de segurança de abaste-
informações e a disponibilização dos estudos, testes ou cimento e planeamento.
simulações que por esta lhe sejam solicitados, nomeada-
mente para efeitos de definição da política energética; Artigo 14.º
w) Desenvolver, com a regularidade necessária, os [...]
estudos de suporte ao planeamento das necessidades de
renovação e expansão da RNTGN; 1— .....................................
x) Criar, em articulação com a DGEG, uma base de 2 — O operador da RNTGN é a entidade concessio-
dados de referência, integrando a informação de natu- nária da rede de transporte de gás natural, sem prejuízo
reza estatística e previsional sobre os procedimentos de do disposto nos artigos 21.º-A a 21.º-F do Decreto-Lei
controlo prévio das atividades e instalações e o funciona- n.º 30/2006, de 15 de fevereiro.
mento do Sistema Elétrico Nacional (SEN) e do SNGN; 3— .....................................
y) Seguir a evolução do padrão e da taxa de utilização 4— .....................................
global de capacidade ao longo do sistema de transporte 5 — Excecionalmente, mediante autorização do
e em todos os pontos relevantes e elaborar, em conso- membro do Governo responsável pela área da energia,
nância, os estudos com a identificação das medidas o operador da RNTGN pode substituir a ligação às redes
necessárias para evitar em tempo útil a ocorrência de de distribuição por UAG, quando tal se justifique por
potenciais situações de congestionamento, de modo a motivos de racionalidade económica devendo, nesse
possibilitar a eliminação de restrições que prejudiquem caso, a solução adotada ser implementada pelos opera-
o bom funcionamento do SNGN; dores das redes de distribuição.
z) Desenvolver e manter atualizadas as metodologias
e os modelos necessários à obtenção da informação Artigo 15.º
de base e à realização dos estudos, relatórios e planos
Obrigações do operador da RNTGN
referidos nas alíneas anteriores;
aa) Fornecer ao operador de qualquer outra rede com São obrigações do operador da RNTGN, nomeada-
a qual esteja ligada e aos intervenientes do SNGN as mente:
informações necessárias para permitir um desenvolvi-
mento coordenado das diversas redes e um funciona- a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mento seguro e eficiente do SNGN; b) (Revogada.)
bb) Assegurar o tratamento de dados de utilização da c) (Revogada.)
rede no respeito pelas disposições legais de proteção de d) Assegurar a oferta de capacidade a longo prazo
dados pessoais, preservar a confidencialidade das infor- da RNTGN, contribuindo para a segurança do abaste-
mações comercialmente sensíveis obtidas no exercício cimento, nos termos do PDIRGN;
das suas atividades e impedir a divulgação discrimina- e) (Revogada.)
tória de informações sobre as suas próprias atividades f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
que possam ser comercialmente vantajosas, nos termos g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
do Regulamento de Relações Comerciais; h) (Revogada.)
cc) Assegurar o relacionamento e o cumprimento i) (Revogada.)
das suas obrigações junto da Agência de Cooperação j) (Revogada.)
dos Reguladores da Energia e da Rede Europeia dos l) (Revogada.)
6110 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 16.º Terminal de Receção, Armazenamento e Regaseificação


[...]
de GNL e do contrato de concessão, assegurando os
padrões de qualidade do serviço aplicáveis nos termos
1— ..................................... do Regulamento da Qualidade de Serviço;
2— ..................................... b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3— ..................................... c) Atender de forma não discriminatória e transpa-
4 — As concessões de armazenamento subterrâneo rente os pedidos de acesso dos agentes de mercado ao
de gás natural são exercidas em regime de acesso re- terminal, tendo em conta as capacidades técnicas das
gulado ou em regime de acesso negociado de terceiros, instalações de GNL e os procedimentos de gestão de
conforme previsto no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 congestionamentos;
de fevereiro. d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) Fornecer ao operador da RNTGN, no quadro da
Artigo 17.º atividade de gestão técnica global do sistema, e aos
agentes de mercado as informações necessárias ao fun-
Obrigações dos operadores de armazenamento subterrâneo
cionamento seguro e eficiente do SNGN;
São obrigações dos operadores de armazenamento f) Solicitar aos agentes de mercado que garantam
subterrâneo, nomeadamente: que o GNL descarregado dos navios metaneiros para
o terminal respeita as especificações de qualidade pre-
a) Assegurar a exploração, integridade técnica e ma- vistas na legislação e regulamentação aplicáveis, em
nutenção das infraestruturas de armazenamento subter- coordenação com o operador da RNTGN, no quadro
râneo, bem como das infraestruturas de superfície, em da gestão técnica global do SNGN;
condições de segurança, fiabilidade e respeito pelo am- g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
biente, nos termos do Regulamento de Armazenamento h) Fornecer às entidades reguladoras referidas no
Subterrâneo e do contrato de concessão, assegurando os n.º 2 do artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15
padrões de qualidade do serviço aplicáveis nos termos de fevereiro, as informações necessárias ao exercício
do Regulamento da Qualidade de Serviço; das suas competências específicas e ao conhecimento
b) Assegurar a manutenção das capacidades de arma- do mercado.
zenamento e gerir os fluxos de gás natural de acordo com
as solicitações dos agentes de mercado, assegurando a Artigo 21.º
sua interoperacionalidade com a rede de transporte, no
quadro da gestão técnica global do SNGN; Obrigações das concessionárias e titulares
c) Atender de forma não discriminatória e transpa- de licenças de distribuição
rente os pedidos de acesso dos agentes de mercado ao 1 — O disposto no n.º 1 do artigo 8.º é aplicável,
armazenamento subterrâneo, tendo em conta as capa- com as necessárias adaptações, às entidades titulares
cidades técnicas das instalações e os procedimentos de das licenças de serviço público de distribuição local de
gestão de congestionamentos; gás natural exercidas em regime de serviço público, nos
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . termos do artigo 22.º
e) Fornecer ao operador da RNTGN, no quadro da 2 — Sem prejuízo das outras obrigações referidas no
atividade de gestão técnica global do sistema, e aos presente decreto-lei, são obrigações da concessionária
agentes de mercado as informações necessárias ao fun- ou licenciada de rede de distribuição, nomeadamente:
cionamento seguro e eficiente do SNGN;
f) Atribuir as capacidades de injeção, armazenamento a) [Anterior alínea a) do corpo do artigo 21.º]
e extração em coordenação com o operador da RNTGN, b) [Anterior alínea b) do corpo do artigo 21.º]
no quadro da atividade de gestão técnica global do sis- c) [Anterior alínea c) do corpo do artigo 21.º]
tema, tendo em conta a compatibilização de fluxos e d) Assegurar a oferta de capacidade a longo prazo
quantidades de gás entre as infraestruturas de armaze- da respetiva rede de distribuição, contribuindo para a
namento subterrâneo e a rede de transporte; segurança do abastecimento, nos termos do PDIRD;
g) Medir o gás natural injetado, armazenado e extra- e) [Anterior alínea e) do corpo do artigo 21.º]
ído no armazenamento subterrâneo; f) [Anterior alínea f) do corpo do artigo 21.º]
h) [Anterior alínea g).] g) [Anterior alínea g) do corpo do artigo 21.º]
i) Fornecer às entidades reguladoras referidas no h) [Anterior alínea h) do corpo do artigo 21.º]
n.º 2 do artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 i) [Anterior alínea i) do corpo do artigo 21.º]
de fevereiro, as informações necessárias ao exercício j) Fornecer às entidades reguladoras referidas no
das suas competências específicas e ao conhecimento n.º 2 do artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15
do mercado. de fevereiro, as informações necessárias ao exercício
das suas competências específicas e ao conhecimento
do mercado;
Artigo 19.º
k) Apresentar à ERSE, anualmente, um relatório com
Obrigações dos operadores de terminal de GNL a descrição das reclamações apresentadas, bem como o
resultado das mesmas, nos termos constantes do Regu-
São obrigações dos operadores de terminal de GNL,
lamento da Qualidade do Serviço.
nomeadamente:
a) Assegurar a exploração, integridade técnica e ma- 3 — As concessionárias ou titulares de licenças de
nutenção do terminal e da capacidade de armazenamento distribuição podem assumir, nos termos a prever na
associada em condições de segurança, fiabilidade e regulamentação da ERSE, obrigações de compensação
respeito pelo ambiente, nos termos do Regulamento de das respetivas redes de distribuição.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6111

Artigo 23.º 4 — À duração e extinção das licenças privativas


[...]
aplica-se, com as devidas adaptações, o estabelecido
nos artigos 26.º e 28.º
1— ..................................... 5 — (Anterior n.º 3.)
2— ..................................... 6 — (Anterior n.º 5.)
3 — Os polos de consumo podem ser considerados 7 — O titular da licença fica obrigado, a expensas
mercados isolados nos termos da Diretiva n.º 2009/73/CE, suas, a proceder, no prazo máximo de seis meses a con-
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de junho, tar da data da extinção da licença, ao levantamento das
depois de terem sido formalizados os requisitos nela instalações que estejam situadas em terrenos do domínio
previstos. público, repondo, se for caso disso, a situação anterior.
4— ..................................... 8 — (Anterior n.º 7.)
9 — O regime aplicável às redes privativas, nomea-
Artigo 24.º damente no que respeita à contratação do transporte de
[...] GNL através de camião-cisterna e à respetiva ligação
às redes de distribuição, nos termos previstos no n.º 5,
1— ..................................... é objeto de legislação específica.
2 — O modelo da licença, os procedimentos e requi-
sitos para a sua atribuição e transmissão, bem como o Artigo 31.º
regime de exploração da respetiva rede de distribuição
são definidos por portaria do membro do Governo res- [...]
ponsável pela área da energia. 1— .....................................
Artigo 25.º a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[...] c) Seguro de responsabilidade civil, nos termos pre-
1 — Os pedidos para atribuição de licenças de distri- vistos no artigo 6.º
buição da RNDGN para polos de consumo são dirigidos
ao membro do Governo responsável pela área da ener- 2— .....................................
gia e entregues na DGEG, que os publicita, através de
aviso, na 2.ª série do Diário da República, bem como Artigo 32.º
no respetivo sítio na Internet, durante um prazo não [...]
inferior a seis meses.
2 — Durante o prazo referido no número anterior, 1 — A comercialização de gás natural efetua-se nos
podem ser apresentados outros pedidos para o mesmo termos estabelecidos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15
polo de consumo, caso em que se deve proceder a um de fevereiro, no presente decreto-lei e demais legislação
concurso limitado entre os requerentes, sendo os crité- e regulamentação aplicáveis.
rios de seleção e de avaliação das propostas definidos 2 — A atividade de comercialização de gás natural é
por portaria do membro do Governo responsável pela exercida em regime de livre concorrência, ficando sujeita
área da energia. a registo nos termos previstos no presente decreto-lei.
3— ..................................... 3 — O regime de registo tem em conta as normas de
4 — (Revogado.) reconhecimento dos agentes de comercialização estran-
geiros decorrentes de acordos em que o Estado Portu-
Artigo 30.º guês seja parte, nos termos previstos no artigo 39.º
4 — Excetua-se do disposto no n.º 2 a atividade de
[...]
comercialização de último recurso, que está sujeita a
1 — As licenças para utilização privativa são atribuí- licença e a regulação nos termos previstos no presente
das pelo diretor-geral da DGEG e podem ser requeridas decreto-lei e em legislação e regulamentação comple-
por quaisquer entidades que demonstrem interesse par- mentares.
ticular na veiculação de gás natural em rede, alimentada
por ramal ou por UAG, destinada ao abastecimento de Artigo 33.º
um consumidor e considerada, para todos os efeitos, Conteúdo do registo de comercialização
como parte integrante das instalações de utilização final,
em qualquer das seguintes situações: O registo para o exercício da atividade de comercia-
lização de gás natural deve conter, nomeadamente, os
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . seguintes elementos:
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a) A identificação do titular;
2 — A entidade requerente deve cumprir as condi- b) A data e número de ordem do registo.
ções impostas para a atribuição da licença, bem como
respeitar a lei e os regulamentos técnicos estabelecidos Artigo 34.º
para o exercício da atividade enquanto parte integrante Procedimento de registo
da instalação de utilização.
3 — As licenças para utilização privativa podem ser 1 — O pedido de registo como comercializador de gás
transmitidas mediante autorização do diretor-geral da natural é apresentado no balcão único eletrónico dos ser-
DGEG, sujeita à verificação e manutenção dos pressu- viços referido no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 92/2010,
postos e condições que determinaram a sua atribuição. de 26 de julho, devendo ser dirigido à DGEG e incluir
6112 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

a identificação completa do requerente, com menção do presente decreto-lei ou de não disposição dos meios
do nome ou firma, do número de identificação fiscal, necessários ao cumprimento das obrigações impostas à
do domicílio profissional ou sede, do estabelecimento atividade de comercialização.
principal no território nacional, quando este exista, do 9 — Pelos custos da apreciação do pedido e da efeti-
telefone, fax e endereço eletrónico. vação do registo é devida uma taxa que reverte a favor da
2 — Os interessados devem instruir o seu pedido de DGEG, cujo montante é fixado por portaria do membro
registo com os seguintes elementos: do Governo responsável pela área da energia.
a) Cópia de documento de identificação ou, no caso de
pessoa coletiva, código de acesso à certidão permanente Artigo 35.º
de registo comercial ou cópia dos respetivos estatutos [...]
quando a sede se localize fora do território nacional;
b) Declaração de habilitação e de não impedimento 1 — Constituem direitos dos comercializadores de
para o exercício da atividade de comercialização, de gás natural, para além do exercício da atividade nos
acordo com o anexo V do presente decreto-lei; termos da legislação e da regulamentação aplicáveis,
c) (Revogada.) nomeadamente os seguintes:
d) (Revogada.) a) Transacionar gás natural através de contratos bi-
e) (Revogada.) laterais celebrados com outros agentes do mercado de
f) Declaração do requerente de que tomou conhe- gás natural ou através de mercados organizados, após o
cimento das obrigações decorrentes do Decreto-Lei cumprimento dos requisitos de acesso a estes mercados;
n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, do presente decreto- b) Aceder às infraestruturas, às redes e às interliga-
-lei e demais legislação e regulamentação aplicáveis, ções, nos termos estabelecidos na legislação e regula-
identificadas na informação disponibilizada no balcão
mentação aplicáveis, para entrega de gás natural aos
único eletrónico dos serviços referido no artigo 6.º do
respetivos clientes;
Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, e de que as
respeita integralmente; c) Contratar livremente a venda de gás natural com
g) Autorização de divulgação das informações cons- os seus clientes.
tantes do pedido de registo;
h) Documento contendo identificação dos meios uti- 2 — São deveres dos comercializadores de gás na-
lizados para cumprimento das obrigações perante os tural registados, nomeadamente:
consumidores, nomeadamente no que respeita à comu- a) Enviar às entidades competentes a informação
nicação e interface com os clientes e à qualidade do ser- prevista na legislação e na regulamentação aplicáveis;
viço, bem como para compensação e liquidação das suas b) Enviar, de dois em dois anos, através do balcão
responsabilidades para com os operadores do SNGN que único eletrónico dos serviços referido no artigo 6.º do
lhes facultem o acesso às suas infraestruturas. Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, a informação
atualizada prevista no n.º 2 do artigo 34.º;
3 — As declarações exigidas aos requerentes do re- c) Cumprir todas as normas legais e regulamentares
gisto devem ser assinadas sob compromisso de honra aplicáveis ao exercício da atividade;
pelos mesmos ou respetivos representantes legais. d) Assegurar a prestação de informações transparen-
4 — Após a receção do pedido de registo, a DGEG tes sobre os preços e tarifas aplicáveis e as condições
verifica a conformidade do mesmo e respetiva instru- normais de acesso e utilização dos seus serviços;
ção à luz do disposto nos números anteriores e, se for e) Prestar a demais informação devida aos clientes,
caso disso, solicita ao requerente a apresentação dos nomeadamente sobre as opções tarifárias mais apropria-
elementos em falta ou complementares, fixando um das ao seu perfil de consumo, para além da informação
prazo razoável para o efeito, comunicando que a referida
identificada no artigo 20.º do Decreto-Lei n.º 92/2010,
solicitação determina a suspensão do prazo de decisão e
alertando para o facto de a sua não satisfação, no prazo de 26 de julho;
fixado, determinar a rejeição liminar do pedido. f) Emitir faturação discriminada de acordo com as
5 — Concluída a instrução do pedido, a DGEG pro- normas aplicáveis;
fere decisão sobre o pedido de registo apresentado pelo g) Proporcionar aos seus clientes meios de pagamento
requerente. diversificados;
6 — O pedido de registo considera-se tacitamente de- h) Não discriminar entre clientes e atuar com trans-
ferido se a DGEG não se pronunciar no prazo de 30 dias parência nas suas operações;
contados da data da sua apresentação, sem prejuízo da i) Facultar, a todo o momento e de forma gratuita, o
suspensão desse prazo, no caso de solicitação, nos termos acesso do cliente aos seus dados de consumo, bem como
do n.º 4, de elementos em falta ou complementares, até à o acesso a esses dados, mediante acordo do cliente, por
data da apresentação desses elementos pelo requerente. outro comercializador;
7 — Em caso de deferimento tácito os elementos j) Disponibilizar aos clientes, a título gratuito, infor-
referidos nas alíneas a) e b) do artigo 33.º são automa- mação periódica sobre o seu consumo e custos efetivos,
ticamente inscritos no registo de comercializadores de com vista à criação de incentivos para economias de
gás natural. energia;
8 — A DGEG deve indeferir o pedido de registo, após k) Prestar informações à DGEG e à ERSE sobre con-
audiência prévia do requerente nos termos previstos nos sumos, número de clientes, preços e condições de venda
artigos 100.º e seguintes do Código do Procedimento para os diversos segmentos ou bandas de consumo, nas
Administrativo, caso se verifiquem situações de não diversas categorias de clientes, com salvaguarda das
habilitação ou de impedimento previstas no anexo V regras de confidencialidade;
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6113

l) Manter a situação de habilitação e de não impedi- notificação, do seu direito à denúncia do contrato caso
mento, bem como os meios necessários ao cumprimento não aceitem as novas condições.
das obrigações impostas ao exercício da atividade de 5 — Os comercializadores devem notificar os seus
comercialização, tal como evidenciado nas declarações clientes de qualquer aumento dos encargos resultante
e documentos previstos no n.º 2 do artigo 34.º; de alteração de condições contratuais, previamente à
m) Apresentar propostas de fornecimento de gás na- entrada em vigor do aumento, podendo os clientes de-
tural para as quais disponha de oferta a todos os clientes nunciar de imediato os contratos se não aceitarem as
que o solicitem, nos termos previstos no Regulamento novas condições que lhes sejam notificadas.
das Relações Comerciais, com respeito pelos princípios 6 — Se um cliente, respeitando as condições contra-
estabelecidos na legislação da concorrência; tuais, pretender mudar de comercializador, essa mudança
n) Assegurar a constituição e manutenção de reservas deve ser efetuada no prazo de três semanas, não podendo
de segurança de gás natural de acordo com o previsto no o cliente ser obrigado a efetuar qualquer pagamento ou
presente decreto-lei e a regulamentação em vigor. a suportar qualquer custo por tal mudança.
7 — Na sequência da mudança de comercializador,
Artigo 36.º os clientes devem receber um acerto de contas final,
[...] no prazo máximo de seis semanas após essa mudança
ter tido lugar.
1 — Os contratos dos comercializadores com os clien-
tes regem-se por princípios de transparência, informação 8 — (Revogado.)
e equidade, devendo especificar os seguintes elementos: 9 — (Revogado.)

a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Artigo 37.º
b) Os serviços fornecidos, suas características e níveis
Prazo, extinção e transmissão do título de registo
de qualidade e data do início de fornecimento de gás de comercializador de gás natural
natural, bem como a especificação dos meios de paga-
mento ao dispor dos clientes e as condições normais 1 — Os registos de comercialização de gás natural
de acesso e utilização dos serviços do comercializador; são efetuados por prazo indeterminado, sem prejuízo da
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sua extinção nos termos do presente decreto-lei.
d) A duração do contrato, as condições de renovação 2 — O registo extingue-se por caducidade ou por
e termo, bem como as condições de denúncia, devendo revogação.
especificar se a denúncia importa ou não o pagamento 3 — A extinção do registo por caducidade ocorre em
de encargos por parte dos clientes; caso de morte, dissolução, insolvência ou cessação da
e) A compensação e as disposições de reembolso atividade do seu titular.
aplicáveis caso os níveis de qualidade dos serviços con- 4 — Para além das situações previstas nos termos
tratados não sejam atingidos, designadamente em caso gerais da lei, o registo pode ser revogado pela DGEG,
de faturação inexata ou em atraso; na sequência de audiência prévia do requerente nos
f) Os meios de pagamento ao dispor dos clientes; termos previstos nos artigos 100.º e seguintes do Código
g) Os meios de resolução de litígios, que devem ser do Procedimento Administrativo, quando se verifique
acessíveis, simples e eficazes; a falsidade dos dados e declarações prestados no res-
h) Informações sobre os direitos dos consumidores. petivo pedido ou quando o seu titular faltar ao cumpri-
mento dos deveres relativos ao exercício da atividade,
2 — As condições estabelecidas nos contratos dos co- nomeadamente:
mercializadores com os clientes devem ser equitativas,
explicitadas com transparência antes da celebração do a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
contrato e redigidas em linguagem clara e compreen- b) Violar reiteradamente o cumprimento das disposi-
sível, em termos que assegurem aos clientes o efetivo ções legais e as normas técnicas aplicáveis ao exercício
exercício dos seus direitos e os protejam contra métodos da atividade de comercialização;
de venda abusivos ou enganadores. c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 — Previamente à celebração dos respetivos contra- d) Não iniciar o exercício da atividade no prazo de um
tos, os comercializadores devem assegurar aos clientes ano após o seu registo ou, tendo iniciado o seu exercício,
a possibilidade de escolha quanto aos métodos de paga- o interromper por igual período, sendo esta inatividade
mento, de acordo com os seguintes termos: confirmada pelo operador da RNTGN.
a) A escolha de um determinado método de paga-
mento não deve implicar uma discriminação injustifi- 5 — O registo pode ainda ser revogado pela DGEG
cada entre clientes; na sequência de declaração de renúncia apresentada
b) Os sistemas de pré-pagamento devem ser equitati- pelo respetivo titular, através do balcão único eletró-
vos e refletir adequadamente o consumo provável; nico dos serviços referido no artigo 6.º do Decreto-Lei
c) Qualquer diferença nos termos e condições con- n.º 92/2010, de 26 de julho, e com a antecedência mínima
tratuais deve refletir os custos dos diferentes sistemas de quatro meses relativamente à data pretendida para
de pagamento para o comercializador. a produção dos respetivos efeitos, devendo a DGEG,
nessa data, proceder à revogação do registo.
4 — Os comercializadores devem notificar, de modo 6 — O registo de comercializador de gás natural é
adequado, os clientes de qualquer intenção de alterar pessoal e intransmissível, ressalvadas as situações de
as condições contratuais, informando-os, na data dessa reestruturação societária.
6114 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 38.º com base na informação respeitante aos proveitos per-


[...] mitidos aos comercializadores de último recurso reta-
lhistas, no âmbito de uma gestão criteriosa e eficiente.
1 — Os comercializadores ficam obrigados a enviar 10 — Para efeitos do n.º 8, os custos médios de refe-
à ERSE, anualmente e sempre que ocorram alterações, rência para a aquisição de gás natural são determinados
nos termos definidos no Regulamento de Relações Co- de acordo com o mecanismo de aprovisionamento efi-
merciais, uma tabela dos preços de referência que se
ciente de gás natural por parte dos comercializadores
propõem praticar para os clientes de baixa pressão no
âmbito da comercialização de gás natural. de último recurso retalhistas previsto no Regulamento
2— ..................................... Tarifário.
a) Publicitar os preços de referência que praticam Artigo 39.º
relativamente aos clientes de baixa pressão, designa-
damente nos seus sítios na Internet e em conteúdos [...]
promocionais; 1 — No âmbito do funcionamento de mercados cons-
b) Enviar à ERSE, semestralmente, os preços efeti-
tituídos ao abrigo de acordos internacionais de que o
vamente praticados em relação a todos os clientes no
semestre anterior. Estado Português seja parte signatária, o reconheci-
mento de comercializador por uma das partes determina
3 — As faturas emitidas pelos comercializadores o reconhecimento automático pela outra, nos termos
devem conter os elementos necessários a uma completa, previstos nos respetivos acordos.
clara e adequada compreensão dos valores faturados, nos 2 — Compete à DGEG efetuar o registo dos co-
termos fixados no Regulamento de Relações Comerciais. mercializadores reconhecidos nos termos do número
4 — A ERSE deve publicitar, no seu sítio na Internet, anterior.
os preços de referência dos comercializadores relativa-
mente aos clientes de baixa pressão, podendo comple- Artigo 40.º
mentar esta publicitação com outros meios adequados,
designadamente folhetos, tendo em vista informar os Comercializadores de último recurso
consumidores das diversas opções de preços existen- 1 — A atividade de comercialização de último re-
tes no mercado, com vista a possibilitar que estes, em curso é exercida em regime de serviço público, nos
cada momento, possam optar pelas melhores condições termos estabelecidos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15
oferecidas pelo mercado.
de fevereiro, e no presente decreto-lei, ficando sujeita
5 — A informação prevista nos números anteriores
fica sujeita a supervisão da ERSE, ficando os comercia- à atribuição de licença.
lizadores obrigados a facultar-lhe toda a documentação 2 — Considera-se comercializador de último recurso
necessária e o acesso direto aos registos que suportam grossista o titular da licença prevista no n.º 1 do ar-
esta informação. tigo 43.º e que exerce a atividade de aquisição de gás
6 — Os comercializadores ficam igualmente obri- natural ao comercializador do SNGN para fornecimento
gados a manter os registos relativos a todas as transa- aos comercializadores de último recurso retalhistas, nos
ções relevantes de gás natural e derivados de gás com termos do artigo 42.º
clientes grossistas e operadores de redes de transporte, 3 — Consideram-se comercializadores de último re-
distribuição, armazenamento subterrâneo e terminais curso retalhistas os titulares das licenças de comerciali-
de GNL, por um período mínimo de cinco anos, assim zação de último recurso responsáveis pelo fornecimento
como os respetivos suportes contratuais, ficando estes de gás natural a clientes finais com consumos anuais
auditáveis e sujeitos à supervisão da ERSE no âmbito inferiores ou iguais a 10 000 m3, nos termos do artigo 4.º
das suas competências.
7 — A informação referida no número anterior deve do Decreto-Lei n.º 74/2012, de 26 de março, enquanto
especificar as características das transações relevantes, vigorarem as tarifas reguladas ou as tarifas transitórias
tais como as relativas à duração, entrega e regularização, legalmente estabelecidas, e, após a extinção destas,
quantidade e hora de execução, preços de transação e pelo fornecimento aos clientes finais economicamente
outros meios, sendo os métodos e disposições para a vulneráveis, nos termos do artigo 5.º do mesmo diploma,
manutenção dos registos objeto de regulamentação da e que se encontram sujeitos aos direitos e obrigações
ERSE, tendo em consideração as orientações adotadas previstos no artigo 41.º
pela Comissão Europeia. 4 — Consideram-se clientes finais economicamente
8 — Com o objetivo de estabelecer uma referência vulneráveis as pessoas que se encontrem nas condições
para os consumidores, e tendo em vista o apoio dos de beneficiar da tarifa social de fornecimento de gás
referidos consumidores na contratação do fornecimento natural, nos termos do Decreto-Lei n.º 101/2011, de
de gás natural, a ERSE deve elaborar, todos os anos, 30 de setembro.
um relatório indicando os preços recomendados para o
5 — (Anterior n.º 2.)
fornecimento de gás natural em baixa pressão, os quais
resultam da soma das tarifas de acesso às redes, tal como 6 — A atribuição de novas licenças de comerciali-
definidas no Regulamento Tarifário, com os custos de zador de último recurso fica dependente da sua prévia
referência da atividade de comercialização e com os cus- sujeição à concorrência, mediante o lançamento de pro-
tos médios de referência para a aquisição de gás natural. cedimentos pré-contratuais, cujas peças são aprovadas
9 — Para efeitos do número anterior, o custo de re- por despacho do membro do Governo responsável pela
ferência da atividade da comercialização é determinado área da energia.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6115

Artigo 41.º podendo, para o efeito, adquirir gás natural ao comer-


Direitos e deveres dos comercializadores
cializador do SNGN, diretamente ou através de leilões,
de último recurso retalhistas no âmbito dos contratos de aprovisionamento de longo
prazo em regime de take or pay, celebrados em data
1 — Constitui direito dos comercializadores de úl- anterior à entrada em vigor da Diretiva n.º 2003/55/CE,
timo recurso retalhistas o exercício da atividade licen- do Parlamento e do Conselho, de 26 de junho, ou em
ciada nos termos da legislação e da regulamentação mercados organizados ou ainda através de contratos
aplicáveis. bilaterais, assegurando, em qualquer caso, que o res-
2 — Pelo exercício da atividade de comercialização petivo preço seja o mais baixo de entre os praticados
de último recurso retalhista é assegurada uma remune- na data da aquisição.
ração que assegure o equilíbrio económico e financeiro 2 — Para efeitos do disposto no n.º 1, o preço de
da atividade licenciada em condições de gestão eficiente, aquisição pelo comercializador do SNGN é estabelecido
nos termos da legislação e da regulamentação aplicáveis.
de acordo com o Regulamento Tarifário e deve corres-
3 — São, nomeadamente, deveres dos comercializa-
ponder à ponderação entre o custo médio das aquisições
dores de último recurso retalhistas:
de gás natural pelo comercializador de último recurso
a) Prestar o serviço público de fornecimento de grossista no mercado e o custo médio das quantidades
gás natural aos clientes finais referidos no n.º 5 do ar- de gás natural contratadas no âmbito dos contratos de
tigo 42.º enquanto vigorarem as tarifas reguladas ou as aprovisionamento referidos no número anterior.
tarifas transitórias legalmente estabelecidas e, após a 3 — Para efeitos do n.º 1, a ERSE estabelece no
extinção destas, fornecer gás natural aos clientes finais Regulamento Tarifário e no Regulamento de Relações
economicamente vulneráveis; Comerciais incentivos para a progressiva aquisição de
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . gás natural pelo comercializador de último recurso gros-
c) Assegurar o fornecimento de gás natural em locais sista em mercado.
onde não exista oferta dos comercializadores de gás 4 — O comercializador de último recurso grossista
natural em regime de mercado, pelo tempo em que essa deve prestar à ERSE as informações necessárias à afe-
ausência de oferta se mantenha; rição do disposto no n.º 1, nos termos a estabelecer no
d) Fornecer gás natural aos clientes cujo comerciali- Regulamento Tarifário.
zador tenha ficado impedido de exercer a atividade de 5 — Os comercializadores de último recurso retalhis-
comercializador de gás natural, nos termos dos n.os 5 e 6; tas aplicam a clientes finais com consumos anuais iguais
e) Assegurar a constituição e manutenção de reservas ou inferiores a 10 000 m3, a título transitório, e, de forma
de segurança de gás natural de acordo com o previsto no contínua, aos clientes economicamente vulneráveis, as
presente decreto-lei e na regulamentação em vigor; tarifas transitórias de venda previstas no artigo 4.º do
f) [Anterior alínea c).] Decreto-Lei n.º 74/2012, de 26 de março, conforme
g) [Anterior alínea d)]. publicadas pela ERSE, de acordo com o estabelecido
no Regulamento Tarifário.
4 — Nas situações previstas nas alíneas c) e d) do
número anterior, o comercializador de último recurso
Artigo 43.º
retalhista aplica as tarifas reguladas ou as tarifas transi-
tórias legalmente estabelecidas e, após a extinção destas, Prazo das licenças de comercialização de último recurso
o preço equivalente à soma das parcelas relevantes da
1 — A licença de comercialização de último recurso
tarifa que serve de base ao cálculo da tarifa social de
fornecimento de gás natural, nos termos do Decreto-Lei grossista é válida até 2028.
n.º 101/2011, de 30 de setembro. 2 — As licenças de comercialização de último re-
5 — Verificando-se a situação prevista na alínea d) no curso retalhista têm uma duração correspondente à dos
n.º 3, os comercializadores devem notificar a ocorrência contratos de concessão ou à das licenças de distribuição
ao comercializador de último recurso retalhista, o qual, de gás natural.
recebida a notificação, envia uma carta registada aos
clientes abrangidos, dando conhecimento de que é a en- Artigo 44.º
tidade responsável por lhes fornecer gás natural durante Operador logístico de mudança de comercializador
um período máximo de dois meses, devendo os clientes,
até ao final desse período, contratualizar com um co- 1 — O operador logístico de mudança de comercia-
mercializador registado o fornecimento de gás natural. lizador é a entidade que tem atribuições no âmbito da
6 — Se se verificar ausência de alternativa de co- gestão da mudança de comercializador de gás natural,
mercializadores registados decorrido o período previsto podendo incluir, nomeadamente, a gestão dos equipa-
no número anterior, é aplicável o disposto na alínea c) mentos de medida, a recolha de informação local ou
do n.º 3. a distância e o fornecimento de informação sobre o
consumo aos agentes de mercado.
Artigo 42.º 2 — O operador logístico de mudança de comer-
cializador deve ser independente nos planos jurídico,
[...]
organizativo e da tomada de decisões relativamente a
1 — Com vista a garantir o abastecimento necessário entidades que exerçam atividades no âmbito do SNGN
à satisfação dos contratos com clientes finais, o comer- e estar dotado dos recursos, das competências e da es-
cializador de último recurso grossista deve adquirir as trutura organizativa adequados ao seu funcionamento.
quantidades de gás natural que lhe sejam solicitadas 3— .....................................
pelos comercializadores de último recurso retalhistas, 4— .....................................
6116 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

5 — Os comercializadores ficam obrigados a forne- Artigo 47.º


cer ao operador logístico de mudança de comercializa- [...]
dor, nos termos a prever em legislação complementar,
informação relativa às situações de incumprimento das 1— .....................................
obrigações de pagamento previstas nos contratos de a) Do lado da oferta:
fornecimento que tenham motivado a interrupção do
fornecimento e a resolução dos referidos contratos. i) Diversificação das fontes de abastecimento de gás
6 — O operador logístico de mudança de comercia- natural;
lizador pode ser comum para o SNGN e para o SEN. ii) Recurso a capacidades transfronteiriças de abas-
tecimento e transporte, nomeadamente pela cooperação
Artigo 45.º regional entre operadores de sistemas de transporte e
coordenação das atividades de despacho;
[...] iii) Existência de contratos de longo prazo para o
1— ..................................... aprovisionamento de gás natural;
2 — O mercado organizado em que se realizem opera- iv) Capacidade adequada de armazenamento de gás
ções a prazo sobre gás natural está sujeito a autorização, natural;
mediante portaria dos membros do Governo responsá- v) Constituição e manutenção de reservas de segu-
veis pelas áreas das finanças e da energia, nos termos do rança;
n.º 3 do artigo 207.º do Código dos Valores Mobiliários. vi) Definição e aplicação de medidas de emergência;
3— .....................................
4— ..................................... b) Do lado da gestão da procura:
5 — Podem ser admitidos como membros do mer- i) Promoção da eficiência energética;
cado organizado os intermediários financeiros, comer- ii) Desenvolvimento de mecanismos de mercado para
cializadores e outros agentes que reúnam os requisitos gestão da procura, nomeadamente através da celebração
previstos no n.º 2 do artigo 206.º do Código dos Valores de contratos de fornecimento interruptível e do incentivo
Mobiliários e demais requisitos fixados pela entidade à utilização de combustíveis alternativos em substituição
gestora do mercado, nos termos a regulamentar por dos combustíveis fósseis nas instalações industriais e
portaria dos membros do Governo responsáveis pelas nas instalações de produção de eletricidade;
áreas das finanças e da energia, desde que, em qualquer
dos casos, tenham celebrado contrato com um partici- c) (Revogada.)
pante do sistema de liquidação das operações realizadas d) (Revogada.)
nesse mercado. e) (Revogada.)
6— ..................................... f) (Revogada.)
g) (Revogada.)
Artigo 46.º
2 — (Revogado.)
Operadores de mercado
3 — (Revogado.)
1 — Os operadores de mercado são as entidades res-
ponsáveis pela gestão do mercado organizado e pela Artigo 48.º
concretização de atividades conexas, nos termos do Medidas de salvaguarda e de emergência
número seguinte, da legislação prevista no n.º 3 do ar-
tigo anterior e, subsidiariamente, das disposições da 1 — Em caso de crise repentina no mercado da ener-
legislação financeira aplicáveis aos mercados em que gia e de ameaça à segurança física ou outra, de pessoas,
se realizem operações a prazo. equipamentos, instalações, ou à integridade das redes,
2 — São deveres dos operadores de mercado, no- designadamente por via de acidente grave ou evento de
meadamente: força maior, o membro do Governo responsável pela
área da energia pode tomar, a título transitório e tem-
a) Gerir mercados organizados de contratação de porariamente, as medidas de salvaguarda necessárias.
gás natural; 2 — A DGEG é responsável por elaborar, nos termos
b) Assegurar que os mercados referidos na alínea e de acordo com os procedimentos previstos no Regu-
anterior sejam dotados de adequados serviços de li- lamento (UE) n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e
quidação; do Conselho, de 20 de outubro, e mediante proposta do
c) Divulgar informação relativa ao funcionamento operador da RNTGN, um plano de emergência, contem-
dos mercados de forma transparente e não discrimina- plando as medidas a adotar para eliminar ou atenuar o
tória, devendo, nomeadamente, publicar informação, impacto de uma perturbação no aprovisionamento de
agregada por agente, relativa a preços e quantidades gás natural.
transacionadas; 3 — A DGEG deve apresentar ao membro do Go-
d) Comunicar ao operador da RNTGN toda a infor- verno responsável pela área da energia o plano de emer-
mação relevante para a gestão técnica global do SNGN gência elaborado nos termos do número anterior.
e para a gestão comercial da capacidade de interligação, 4 — O plano de emergência deve ser publicitado até
nos termos do Regulamento de Operação das Infraes- 3 de dezembro de 2012 e atualizado de dois em dois
truturas. anos, salvo se as circunstâncias impuserem atualizações
mais frequentes, devendo refletir a avaliação de riscos
3— ..................................... mais recente.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6117

5 — Em caso de perturbação no aprovisionamento, referentes aos consumos dos seus clientes protegidos
o membro do Governo responsável pela área da energia e aos consumos não interruptíveis dos centros eletro-
toma as medidas que se revelem necessárias, em particu- produtores em regime ordinário, fazendo prova dos
lar, a utilização das reservas de segurança e a imposição respetivos contratos de interruptibilidade.
de medidas de restrição da procura, nos termos previstos 9 — (Revogado.)
no plano de emergência. 10 — (Revogado.)
6 — Em circunstâncias excecionais devidamente 11 — (Revogado.)
justificadas, o membro do Governo responsável pela
área da energia pode tomar medidas que se afastem do Artigo 50.º
plano de emergência.
[...]
7 — As medidas que sejam tomadas ao abrigo do
presente artigo são comunicadas e, no caso previsto no 1 — Com observância dos critérios de contagem
número anterior, devidamente fundamentadas à Co- estabelecidos no presente decreto-lei, a quantidade
missão Europeia, e devem permitir que os operadores global mínima de reservas de segurança de gás natural
de mercado, sempre que tal seja possível ou adequado, é fixada por portaria do membro do Governo respon-
deem uma primeira resposta às situações de perturbação sável pela área da energia, não podendo ser inferior às
no aprovisionamento. quantidades necessárias a assegurar os consumos dos
clientes protegidos e a fazer face aos consumos não
Artigo 49.º interruptíveis dos centros eletroprodutores em regime
[...] ordinário nas situações referidas nas alíneas a) a c) do
n.º 2 do artigo 52.º
1 — Os comercializadores em regime de mercado 2 — As reservas de segurança são expressas em dias
e os comercializadores de último recurso retalhistas da quantidade média diária dos consumos dos clientes
estão sujeitos à obrigação de assegurar a constituição e protegidos e dos consumos não interruptíveis dos cen-
manutenção de reservas de segurança para garantia de tros eletroprodutores em regime ordinário nos 12 meses
abastecimento dos seus clientes, nos termos do Regu- anteriores ao mês de contagem, a cumprir com um mês
lamento (UE) n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e de dilação.
do Conselho, de 20 de outubro. 3— .....................................
2 — Os encargos com a constituição e manutenção
de reservas de segurança são suportados pelas entidades Artigo 51.º
referidas no número anterior.
3 — As reservas de segurança devem estar perma- [...]
nentemente disponíveis para utilização, devendo os 1— .....................................
seus titulares ser sempre identificáveis e os respetivos
volumes contabilizáveis e controláveis pela DGEG e a) Instalações de armazenamento subterrâneo, sem
pelo operador da RNTGN, que os comunica à ERSE, prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 24.º-A do Decreto-
para efeitos de eventual exercício de poder sanciona- -Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro;
tório, nos termos da lei. b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4 — As reservas de segurança são constituídas prio- c) Navios metaneiros que se encontrem em trânsito
ritariamente em instalações de armazenamento de gás devidamente assegurado para um terminal de GNL exis-
natural localizadas no território nacional, em zonas pró- tente em território nacional, a uma distância máxima de
ximas dos principais centros de consumo. três dias de trajeto.
5 — A constituição de reservas de segurança fora
de território nacional pode ser autorizada pelo membro 2 — A consideração da situação prevista na alínea c)
do Governo responsável pela área da energia, ouvido o do número anterior para efeitos de cumprimento das
operador da RNTGN, em caso de existência de acordo obrigações de constituição e manutenção das reservas
bilateral que preveja a possibilidade de estabelecimento de segurança é aplicável apenas até à entrada em ser-
de reservas de segurança noutros países em termos que viço de capacidade adicional de armazenamento em
garantam a sua introdução no mercado nacional sem infraestruturas referidas nas alíneas a) e b).
restrições e em tempo útil. 3 — (Anterior n.º 2.)
6 — O membro do Governo responsável pela área 4 — (Anterior n.º 3.)
da energia define, mediante portaria, os limites para a
aplicação do disposto no número anterior. Artigo 52.º
7 — Sem prejuízo das competências do operador da [...]
RNTGN no âmbito da gestão técnica global do SNGN e
do poder sancionatório da ERSE, nos termos da lei, com- 1 — A competência para autorizar ou para determinar
pete à DGEG fiscalizar o cumprimento das obrigações o uso das reservas de segurança em caso de perturbação
de constituição e manutenção de reservas de segurança. grave do abastecimento pertence ao membro do Governo
8 — Para efeitos da fiscalização do cumprimento das responsável pela área da energia, tendo em consideração
obrigações de constituição e manutenção de reservas o interesse nacional, as obrigações assumidas em acor-
de segurança prevista no número anterior, as entidades dos internacionais e o definido no plano de emergência.
referidas no n.º 1 devem enviar à DGEG e ao operador 2 — Através de portaria do membro do Governo
da RNTGN, até ao dia 15 de cada mês, as informações responsável pela área da energia são definidas normas
referentes aos consumos efetivos da sua carteira de específicas destinadas a garantir prioridade na segurança
clientes no mês anterior, discriminando as quantidades do abastecimento dos clientes protegidos e dos consu-
6118 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

mos não interruptíveis dos centros eletroprodutores em quado funcionamento das infraestruturas e a interope-
regime ordinário, em caso de: rabilidade com as redes a que estejam ligadas;
a) Interrupção no funcionamento da maior infraestru- c) As disposições técnicas relativas à segurança de
tura nacional de aprovisionamento de gás em condições pessoas e bens aplicáveis à exploração das infraestru-
invernais médias, durante um período de, pelo menos, turas de armazenamento subterrâneo;
30 dias; d) As condições de acesso às infraestruturas e de
b) Temperaturas extremamente baixas durante um gestão da segurança pelos operadores de armazenamento
período de pico de, pelo menos, sete dias, cuja proba- subterrâneo de gás natural, nos termos do artigo 17.º-A.
bilidade estatística de ocorrência seja de uma vez em
20 anos; 2 — (Revogado.)
c) Procura excecionalmente elevada de gás natural 3 — (Revogado.)
durante um período de, pelo menos, 30 dias, cuja pro- 4— .....................................
babilidade estatística de ocorrência seja de uma vez
em 20 anos. Artigo 63.º
[...]
3— .....................................
1 — O regulamento da RNTGN, o regulamento da
Artigo 53.º RNDGN, o regulamento de armazenamento subterrâneo
Obrigações dos operadores da RNTIAT em matéria
e o regulamento de terminal de receção, armazenamento
de segurança do abastecimento e regaseificação de GNL são aprovados por portaria do
membro do Governo responsável pela área da energia,
1 — Enquanto responsável pela gestão técnica global sob proposta da DGEG, a qual, na sua preparação, deve
do SNGN, e sem prejuízo do disposto no artigo 13.º, solicitar o parecer da ERSE e propostas às respetivas
compete ao operador da RNTGN em matéria de segu- entidades concessionárias e, no caso do regulamento da
rança do abastecimento: RNDGN, também às entidades licenciadas.
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 — O regulamento de acesso às redes, infraestrutu-
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ras e interligações, o regulamento das relações comer-
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ciais, o regulamento de operação das infraestruturas, o
d) Reportar à DGEG e à ERSE as situações verifica- regulamento de qualidade de serviço e o regulamento
das de incumprimento das obrigações de constituição tarifário são aprovados pela ERSE, após parecer da
e manutenção de reservas de segurança, com vista à DGEG e ouvidas as entidades concessionárias e licen-
aplicação do respetivo regime sancionatório. ciadas das redes que integram a RPGN, nos termos da
legislação aplicável.
2 — As entidades concessionárias de armazenamento 3 — O regulamento da segurança de abastecimento
subterrâneo e de terminal de GNL devem dar prioridade, e planeamento é aprovado pela DGEG, ouvida a ERSE,
em termos de utilização da capacidade de armazena- sendo a sua aplicação da competência da DGEG.
mento, à constituição e manutenção das reservas de
segurança. Artigo 72.º
Artigo 54.º [...]

[...] 1 — As novas infraestruturas relativas a interligações,


......................................... a instalações de armazenamento subterrâneo e a termi-
nais de GNL, bem como os aumentos significativos de
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capacidade nas infraestruturas existentes e as alterações
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . das infraestruturas que permitam o desenvolvimento de
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . novas fontes de fornecimento de gás, podem beneficiar
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . das derrogações previstas nos termos do artigo 36.º da
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Diretiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento e do Conselho,
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de 13 de junho, tendo em consideração o seguinte:
g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) Que, face ao nível de risco associado, o inves-
i) Regulamento da RNDGN; timento não seria realizado se não fosse concedida a
j) Regulamento da Segurança de Abastecimento e derrogação;
Planeamento. b) Que a infraestrutura deve ser propriedade de enti-
dade separada, pelo menos no plano jurídico, dos ope-
Artigo 61.º radores em cujas redes a referida infraestrutura venha a
[...] ser construída, salvo nas situações de aumentos signifi-
cativos de capacidade ou alterações nas infraestruturas
1 — O regulamento de armazenamento subterrâneo existentes;
estabelece: c) [Anterior alínea d).]
a) As condições técnicas de construção e de explora- d) Que a derrogação não prejudica a concorrência
ção das infraestruturas de armazenamento subterrâneo; nem o bom funcionamento do mercado interno do gás
b) As condições técnicas e de segurança, incluindo natural ou o funcionamento eficiente do sistema regu-
os procedimentos de verificação, que asseguram o ade- lado a que está ligada a infraestrutura.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6119

2 — As derrogações previstas no número anterior n.os 65/2008, de 9 de abril, e 66/2010, de 11 de junho,


podem abranger a totalidade ou parte da nova infraes- passam a ter a seguinte redação:
trutura, ou da infraestrutura existente significativamente
alterada ou ampliada, e impor condições no que se refere «Base I
à duração da derrogação e ao acesso não discriminató-
rio à infraestrutura, tendo em conta, nomeadamente, 1— .....................................
a capacidade adicional a construir ou a alteração da 2— .....................................
capacidade existente, o horizonte temporal do projeto 3— .....................................
e as necessidades do SNGN. a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 — Os pedidos referentes às derrogações previstas b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
no número anterior são dirigidos à ERSE, que envia c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
cópia dos mesmos à Comissão Europeia imediatamente
d) O planeamento da RNTIAT e da utilização das res-
após a sua receção, acompanhada das informações refe-
ridas no n.º 8 do artigo 36.º da Diretiva n.º 2009/73/CE, petivas infraestruturas, através da elaboração do plano
do Parlamento e do Conselho, de 13 de junho. decenal indicativo do desenvolvimento e investimento
4 — As derrogações carecem de parecer prévio da da RNTIAT (PDIRGN);
DGEG e da ERSE e são concedidas pelo membro do e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Governo responsável pela área da energia. f) A elaboração, para os médio e longo prazos, de es-
5 — No parecer a que se refere o número anterior, tudos de planeamento integrado de recursos, de estudos
e caso este seja no sentido de conceder a derrogação prospetivos sobre o equilíbrio oferta-procura e de rela-
requerida, a ERSE deve indicar as regras e mecanismos tórios de monitorização da segurança do abastecimento
de gestão e atribuição de capacidade e gestão de con- nos médio e longo prazos (RMSA);
gestionamentos, nos termos do Regulamento de Acesso g) O desenvolvimento dos estudos necessários ao
às Redes, às Infraestruturas e às Interligações, devendo cumprimento de outras obrigações decorrentes da le-
ser previsto que todos os potenciais utilizadores da in- gislação aplicável, designadamente, os relacionados
fraestrutura em causa sejam convidados a indicar o seu com a elaboração e atualização da análise de risco de
interesse em contratar capacidade, incluindo capacidade aprovisionamento de gás natural ao SNGN, bem como
para uso próprio antes da atribuição de capacidade à os necessários para a elaboração e execução de planos
nova infraestrutura. preventivos de ação e de emergência, quer ao nível
6 — A decisão de derrogação e quaisquer condições nacional, quer ao nível regional, para fazer face a crises
a que a mesma fique sujeita devem ser devidamente do aprovisionamento.
justificadas e publicadas e são imediatamente notifi-
cadas à Comissão Europeia, acompanhadas do parecer 4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
da ERSE e das demais informações relevantes sobre a
concedente, nos termos previstos no contrato de con-
mesma, para que esta possa formular uma decisão bem
fundamentada. cessão e de forma articulada com o PDIRGN, o plano
7 — Ao conceder uma derrogação, o membro do de investimentos na RNTGN.
Governo responsável pela área da energia deve definir, 5— .....................................
de acordo com o parecer da ERSE, as regras e os meca-
nismos de gestão e atribuição de capacidade, desde que Base V
tal não impeça a realização dos contratos de longo prazo. […]
8 — A aprovação pela Comissão Europeia de uma de-
cisão de derrogação deixa de produzir efeitos dois anos 1 — A concessionária beneficia dos direitos e
após a sua adoção, caso a construção da infraestrutura encontra-se sujeita às obrigações estabelecidos no
não se tenha ainda iniciado, ou cinco anos após a referida Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, no
adoção, se a infraestrutura não estiver ainda operacional, Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, e na demais
salvo se a Comissão decidir que os atrasos são devidos a legislação e regulamentação aplicáveis à atividade
obstáculos relevantes, para além do controlo da entidade que integra o objeto da concessão, sem prejuízo dos
a quem a derrogação foi concedida. demais direitos e obrigações estabelecidos nas pre-
sentes bases.
Artigo 75.º 2 — A concessionária obriga-se, em particular, a res-
Apresentação do PDIRGN e PDIRD peitar as disposições legais em matéria de certificação
pela ERSE, nos termos e condições previstos nos arti-
As primeiras propostas de PDIRGN e PDIRD, ela- gos 21.º-A a 21.º-F do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de
borados nos termos dos artigos 12.º e 12.º-A, são apre- fevereiro, e nas normas que as venham a regulamentar,
sentadas até ao final dos primeiros trimestres de 2013 bem como a substituir, e a assegurar que praticará todos
e 2014, respetivamente.» os atos e diligências necessários, nomeadamente, pres-
tando toda a informação e documentação relevante ou
Artigo 3.º
que lhe seja solicitada pelo concedente ou pela ERSE,
Alteração às bases do anexo I ao Decreto-Lei com vista a garantir a obtenção e a manutenção da re-
n.º 140/2006, de 26 de julho ferida certificação.
As bases I, V, VI, IX, XII, XIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXIV, 3 — O não cumprimento das obrigações previstas no
XXVI, XXVII, XXVIII, XXX, XXXII, XXXIV, XXXVI, XXXVIII, XXXIX, número anterior constitui incumprimento do contrato
XLII, XLIII e XLIV constantes do anexo I ao Decreto-Lei de concessão, incluindo para efeitos do disposto na
n.º 140/2006, de 26 de julho, alterado pelos Decretos-Leis base XXXVIII.
6120 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Base VI 3 — A aprovação de quaisquer projetos pelo conce-


[…]
dente não implica, para este, qualquer responsabilidade
derivada de erros de conceção, de projeto ou da inade-
1— ..................................... quação das instalações e do equipamento ao serviço da
2— ..................................... concessão.
3 — A concessionária fica obrigada a disponibilizar
serviços de sistema aos utilizadores da RNTGN, nomea- Base XVII
damente através de mecanismos eficientes de compen-
[…]
sação de desvios, assegurando a respetiva liquidação,
no respeito pelos regulamentos aplicáveis. 1— .....................................
4 — A concessionária deve, ainda, facultar aos utili- 2— .....................................
zadores da RNTIAT as informações de que estes neces- 3 — A concessionária deve observar na remodela-
sitem para o acesso às respetivas infraestruturas. ção e na expansão da RNTGN os prazos de execução
5 — A concessionária deve assegurar o tratamento adequados à permanente satisfação das necessidades
de dados de utilização da RNTIAT no respeito pelas do abastecimento de gás natural, identificadas no
disposições legais de proteção de dados pessoais e pre- PDIRGN.
servar a confidencialidade das informações comercial- 4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
mente sensíveis obtidas no seu relacionamento com os concedente, nos termos previstos no contrato de con-
utilizadores. cessão e de forma articulada com o PDIRGN, o plano
6 — (Anterior n.º 3.) de investimentos na RNTGN.
5— .....................................
Base IX
[…] Base XVIII
1 — (Anterior corpo da base.) […]
2 — Não se tratando de reparações, renovações ou 1 — A concessionária é responsável pela exploração
adaptações urgentes, deve a concessionária, sempre que e pela manutenção das infraestruturas que integram a
elas impliquem interrupção, diminuição ou condiciona- RNTGN e respetivas instalações em condições de se-
mento da atividade objeto da concessão, comunicá-las gurança, fiabilidade e qualidade de serviço, no respeito
com antecedência razoável aos utilizadores afetados pela legislação e regulamentação aplicáveis.
pelas mesmas. 2— .....................................
Base XII 3 — Cabe à concessionária assegurar a oferta de ca-
pacidade a longo prazo da RNTGN, contribuindo para
[…] a segurança do abastecimento, nos termos do PDIRGN.
1— ..................................... 4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
2— ..................................... concedente, nos termos previstos no contrato de con-
3— ..................................... cessão e de forma articulada com o PDIRGN, o plano
4— ..................................... de investimentos na RNTGN.
5 — A oneração e a transmissão de ações represen- 5 — No âmbito do exercício da atividade conces-
tativas do capital social da concessionária depende, sob sionada, a concessionária deve gerir os fluxos de gás
pena de nulidade, de autorização prévia do concedente, natural, assegurando a sua interoperacionalidade com
através do membro do Governo responsável pela área as redes e demais infraestruturas a que esteja ligada, no
da energia, a qual não pode ser infundadamente recu- respeito pela regulamentação aplicável.
sada e se considera tacitamente concedida se não for
recusada, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da Base XIX
data da respetiva solicitação. […]
6— .....................................
7— ..................................... 1 — A concessionária tem a obrigação de fornecer ao
concedente, através da DGEG, todos os documentos e
Base XIII outros elementos de informação relativos à concessão
e a outras atividades autorizadas nos termos no n.º 4
[…] da base I que o concedente entenda dever solicitar-lhe,
1— ..................................... designadamente os necessários à resposta a quaisquer
2— ..................................... pedidos da Comissão Europeia e, em particular, os ob-
3 — As autorizações e aprovações previstas na pre- tidos no âmbito do exercício da atividade de gestão
sente base não podem ser infundadamente recusadas técnica global do SNGN, nos termos da base XXVII-A.
e consideram-se tacitamente concedidas se não forem 2 — As informações e documentos solicitados pelo
recusadas, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da concedente devem ser fornecidos no prazo de 10 dias
data da respetiva solicitação. úteis, salvo se pelo concedente for fixado um prazo
diferente, mediante decisão fundamentada.
Base XV 3 — A não prestação ou a prestação de informações
falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido
[…]
do concedente, no prazo por este fixado, constitui in-
1— ..................................... cumprimento do contrato de concessão, designadamente
2— ..................................... para efeitos do disposto na base XXXVIII.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6121

4 — A concessionária deve fornecer ao operador as linhas de orientação da política energética nacional,


de qualquer outra rede com a qual esteja ligada e aos estudos esses que constituem referência para a função
intervenientes do SNGN as informações necessárias de Planeamento da RNTIAT e para a operação futura
para permitir um desenvolvimento coordenado das di- do sistema, bem como através da colaboração com a
versas redes e um funcionamento seguro e eficiente DGEG, nos termos da lei, na preparação dos RMSA;
do SNGN. d) Planeamento da RNTIAT, designadamente no que
5 — A concessionária tem igualmente a obrigação respeita ao planeamento das necessidades de renovação
de fornecer à ERSE a informação prevista na lei apli- e expansão da rede nacional de transporte de gás natural
cável. (RNTGN), das infraestruturas de descarga, armazena-
mento e regaseificação de GNL, e das infraestruturas
Base XXIV de armazenamento subterrâneo, tendo em vista o desen-
[…] volvimento adequado da sua capacidade e a melhoria
da qualidade de serviço, de acordo com as orientações
1 — Sem prejuízo das medidas de emergência que da política energética nacional e europeia aplicáveis, e,
podem ser adotadas pelo concedente, se se verificar uma em particular, através da preparação do PDIRGN.
situação que ponha em risco a segurança de pessoas ou
bens, deve a concessionária promover imediatamente 2— .....................................
as medidas que entender necessárias em matéria de 3 — São direitos da concessionária no âmbito da
segurança. gestão técnica global do SNGN, nomeadamente:
2— .....................................
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Base XXVI b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[…]
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 — Para garantir o cumprimento das suas obriga- e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ções, a concessionária é obrigada a celebrar e manter f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
em vigor um seguro de responsabilidade civil, em valor
mínimo obrigatório a definir no contrato de concessão. 4 — Sem prejuízo do disposto na legislação e regula-
2 — Para além dos seguros referidos na base anterior mentação aplicáveis, são obrigações da concessionária
e no número anterior, a concessionária deve assegurar no exercício da referida função, nomeadamente:
a existência e a manutenção em vigor das apólices de
seguro necessárias para garantir uma efetiva cobertura a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
dos riscos da concessão. b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 — (Anterior n.º 2.) c) Informar a DGEG, a ERSE e os operadores do
4 — (Anterior n.º 3.) SNGN, com periodicidade trimestral, sobre a capacidade
disponível da RNTIAT, e em particular, dos pontos de
Base XXVII acesso ao sistema, e sobre o quantitativo das reservas
a constituir;
[…]
d) Monitorizar e reportar à ERSE a efetiva utiliza-
1 — No âmbito da gestão técnica global do SNGN, a ção das infraestruturas da RNTIAT, com o objetivo de
concessionária deve proceder à coordenação sistémica identificar a constituição abusiva de reservas de capa-
das infraestruturas que constituem o SNGN, por forma a cidade;
assegurar o seu funcionamento integrado e harmonizado e) Desenvolver protocolos de comunicação com os
e a segurança e a continuidade do abastecimento de gás diferentes operadores do SNGN, com vista a criar um
natural nos curto, médio e longo prazos, mediante o sistema de comunicação integrado para controlo e su-
exercício das seguintes funções: pervisão das operações da SNGN e atuar como coor-
a) Gestão técnica do sistema, a qual integra a progra- denador do mesmo;
mação e monitorização constante do equilíbrio entre a f) Emitir instruções sobre as operações de transporte,
oferta e a procura global de gás natural, o seguimento incluindo o trânsito no território continental, de forma
da utilização da capacidade oferecida e a realização dos a assegurar a entrega de gás em condições adequadas e
serviços de sistema necessários para operacionalizar o eficientes nos pontos de saída da rede de transporte, em
acesso de terceiros às infraestruturas com os níveis de conformidade com protocolos de atuação e de operação
qualidade e segurança adequados; a estabelecer;
b) Monitorização da constituição e manutenção das g) Gerir os fluxos de gás natural na rede de transporte,
reservas de segurança de gás natural e participação na de acordo com as solicitações dos agentes de mercado,
gestão e execução das medidas decorrentes dos planos em coordenação com os operadores das restantes infra-
preventivos de ação e de emergência aplicáveis em caso estruturas do SNGN, garantindo a sua operação coerente
de emergência do aprovisionamento de gás natural, sob no quadro da gestão técnica global do SNGN;
coordenação da DGEG; h) Monitorizar a utilização da capacidade das infra-
c) Planeamento energético e segurança do abasteci- estruturas do SNGN e monitorizar o nível de reservas
mento, através do desenvolvimento de estudos de plane- necessárias à garantia de segurança de abastecimento
amento integrado de recursos energéticos e identificação nos curto e médio prazos;
das condições necessárias à segurança do abastecimento i) Determinar e verificar as quantidades mínimas
futuro dos consumos de gás natural a nível da oferta, de gás que cada agente de mercado deve possuir nas
tendo em conta as interações entre o SEN e o SNGN e infraestruturas, de modo a garantir as condições míni-
6122 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

mas exigíveis ao bom funcionamento do sistema e em meios e recursos técnicos e humanos apropriados, in-
respeito pela regulamentação do setor; cluindo no plano dos sistemas de informação, bem como
j) Verificar tecnicamente a viabilidade da operação ter disponíveis os recursos financeiros necessários em
do SNGN, após recebidas as informações relativas às cada momento para aquele efeito, de modo a assegurar,
programações e nomeações e respetiva validação; de acordo com elevados padrões de qualidade, a pros-
l) Realizar o balanço residual do sistema de transporte secução das funções e o cumprimento das obrigações
em complemento da utilização real de capacidade por a que se referem os números anteriores e a recolha,
parte dos diversos agentes de mercado, de modo a ga- tratamento e disponibilização da informação prevista
rantir a continuidade da operação dentro dos parâmetros na base seguinte.
aceitáveis de qualidade e segurança; 6 — O exercício da atividade de gestão técnica glo-
m) Gerir os congestionamentos nas infraestruturas, bal do SNGN desenvolve-se nos termos da legislação
incluindo as interligações com outros sistemas inter- e regulamentação aplicáveis, designadamente, do Re-
nacionais de transporte de gás natural, de acordo com gulamento de Relações Comerciais, do Regulamento
os mecanismos previstos na regulamentação em vigor; de Operação das Infraestruturas, do Regulamento do
n) Em conjunto com o operador da rede de transporte Acesso às Redes, às Infraestruturas e às Interligações
interligada, promover o funcionamento harmonioso e do Regulamento da RNTGN, e do contrato de con-
do sistema ibérico de gás natural, maximizando a ca- cessão.
pacidade disponível nos pontos de interligação entre
sistemas e facilitando o funcionamento do mercado de Base XXVIII
forma transparente e não discriminatória; […]
o) Coordenar os fluxos de informação entre os di-
versos agentes com vista à gestão integrada das infra- 1 — O planeamento da RNTIAT deve ser efetuado
estruturas do sistema de gás natural, nomeadamente os de modo a assegurar a existência de capacidade das
processos associados às programações e às nomeações; infraestruturas e o desenvolvimento sustentado e efi-
p) Proceder às repartições e balanços associados ao ciente da rede e deve ser devidamente coordenado com
uso das infraestruturas, bem como à determinação das o planeamento das infraestruturas e das instalações com
existências dos agentes de mercado nas infraestruturas, que se interliga.
permitindo identificar desequilíbrios e assegurar a sua 2 — Para efeitos do planeamento previsto no número
resolução; anterior, devem ser elaborados pela concessionária e
q) Proceder às liquidações financeiras associadas entregues à DGEG os seguintes documentos:
às transações efetuadas no âmbito da respetiva ativi- a) Caracterização da RNTIAT, que deve conter in-
dade; formação técnica que permita conhecer a situação das
r) Divulgar, de forma célere e não discriminatória, redes e restantes infraestruturas, designadamente as
informação sobre factos suscetíveis de influenciar o capacidades nos vários pontos da rede, a capacidade de
regular funcionamento do mercado ou a formação dos armazenamento e dos terminais de GNL, assim como o
preços, seu grau de utilização;
s) Desenvolver, com a regularidade imposta pela b) PDIRGN, que tenha em consideração os planos
legislação aplicável e pela concessão, os estudos ne- quinquenais de desenvolvimento e investimento das
cessários à preparação de elementos prospetivos de redes de distribuição (PDIRD) elaborados no ano par
referência sobre a evolução, nos médio e longo prazos, anterior pelos operadores da RNDGN, observando, para
do mix de oferta gás natural/GNL e da adequação da além de critérios de racionalidade económica, as orien-
oferta de capacidade das infraestruturas do SNGN no tações de política energética, designadamente o que se
mesmo quadro de referência; encontrar definido relativamente à capacidade e ao tipo
t) Colaborar com a DGEG na preparação dos das infraestruturas de entrada de gás natural no sistema,
RMSA; as perspetivas de desenvolvimento dos setores de maior
u) Seguir a evolução do padrão e da taxa de utilização e mais intenso consumo, as conclusões e recomendações
global de capacidade ao longo do sistema de transporte contidas nos relatórios de monitorização, os padrões de
e em todos os pontos relevantes e elaborar em con- segurança para planeamento das redes e as exigências
sonância os estudos com a identificação das medidas técnicas e regulamentares.
necessárias para evitar em tempo útil a ocorrência de
potenciais situações de congestionamento, de modo a 3 — A caracterização da RNTIAT e a proposta de
possibilitar a eliminação de restrições que prejudiquem PDIRGN devem ser submetidas pela concessionária à
o bom funcionamento do SNGN; DGEG, com a periodicidade de dois anos, até ao final
v) Desenvolver, com a regularidade necessária, os do primeiro trimestre de cada ano ímpar.
estudos de suporte ao planeamento das necessidades
de renovação e expansão da RNTGN; Base XXX
x) Preparar, de acordo com a legislação aplicável,
[…]
o PDIRGN;
z) Desenvolver e manter atualizadas as metodologias 1 — Constitui obrigação da concessionária controlar
e os modelos necessários à obtenção da informação a constituição, a manutenção e a libertação das reservas
de base e à realização dos estudos, relatórios e planos de segurança de gás natural, de forma transparente e não
referidos nas alíneas anteriores. discriminatória, nos termos previstos na legislação e na
regulamentação aplicáveis.
5 — A concessionária deve sempre dispor, na área 2— .....................................
da concessão conforme prevista no n.º 1 da base II, dos 3— .....................................
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6123

Base XXXII dos Valores Mobiliários, ou em norma que o venha a


Supervisão, acompanhamento e fiscalização
substituir.
3 — Os atos praticados ou os contratos celebrados
1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a em violação do disposto nos números anteriores são
outras entidades, em particular à ERSE, cabe à DGEG o nulos e desprovidos de quaisquer efeitos jurídicos, sem
exercício dos poderes de supervisão, acompanhamento prejuízo de outras sanções aplicáveis.
e fiscalização da concessão, nomeadamente no que se 4 — (Anterior n.º 3.)
refere ao cumprimento das disposições legais e regula- 5 — (Anterior n.º 4.)
mentares aplicáveis e do contrato de concessão. 6 — (Anterior n.º 5.)
2— ..................................... 7 — (Anterior n.º 6.)
3 — Para efeitos do disposto no n.º 1 e sempre que
exista motivo atendível, o concedente pode, nomea- Base XXXVI
damente:
[…]
a) Inquirir os representantes legais e quaisquer cola-
1— .....................................
boradores da concessionária, bem como solicitar-lhes
2 — Nos casos previstos no número anterior, a con-
os documentos e outros elementos de informação que
cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio
entenda necessários ou convenientes;
económico e financeiro da concessão na medida em
b) Aceder livremente às instalações da concessioná-
que o impacte sobre os proveitos ou custos não seja
ria e proceder à busca, exame, tratamento e recolha de
suscetível de consideração no âmbito da atividade re-
cópias ou extratos dos documentos e outras informações
guladora.
na posse da concessionária que julgue necessários ou
3 — (Anterior n.º 2.)
convenientes, incluindo através dos respetivos sistemas
4 — (Anterior n.º 3.)
de informação;
c) Requerer à concessionária a realização dos estu-
dos, testes ou simulações, incluindo com recurso aos Base XXXVIII
respetivos sistemas de informação, que se enquadrem Sanções contratuais
no exercício das funções da concessionária, bem como
1 — Sem prejuízo dos demais direitos e prerrogativas
acompanhar e participar ativamente na sua preparação
de que o concedente disponha nos termos da lei e das
e realização, designadamente no âmbito da definição
presentes bases, o incumprimento pela concessionária
dos princípios de base da política energética;
das obrigações assumidas no âmbito do contrato de con-
d) Emitir ordens, determinações, diretivas ou instru-
cessão pode ser sancionado, por decisão do concedente,
ções, no âmbito dos poderes de supervisão, acompanha-
pela aplicação de multas contratuais, cujo montante
mento e fiscalização.
varia, em função da gravidade da infração cometida e
do grau de culpa do infrator, até € 10 000 000.
4 — O concedente pode recorrer a entidades terceiras 2 — Igualmente sem prejuízo dos demais direitos e
devidamente qualificadas para a prestação de assistência prerrogativas de que o concedente disponha nos termos
técnica que repute conveniente no âmbito do exercício da lei e das presentes bases, o não cumprimento do
das funções de supervisão, acompanhamento e fiscaliza- disposto nas bases XIX e XXXII sujeita a concessionária
ção da concessão, as quais gozam dos poderes referidos às seguintes sanções:
no número anterior após comunicação à concessionária
para o efeito. a) Ao pagamento de multa até ao montante de
5 — A concessionária deve facilitar o exercício dos € 5 000 000, variando o respetivo montante em função
poderes atribuídos às entidades fiscalizadora e regula- da relevância dos documentos ou informações para
dora, nomeadamente prestando todas as informações o funcionamento do SNGN, do carácter reiterado ou
e fornecendo todos os documentos que lhe forem so- ocasional do incumprimento, do grau de culpa, dos
licitados por essas entidades no âmbito das respetivas riscos daí derivados para a segurança da rede ou de
competências, bem como permitindo o livre acesso do terceiros, dos prejuízos efetivamente causados e da di-
pessoal das referidas entidades devidamente creden- ligência que a concessionária tenha posto na superação
ciado e no exercício das suas funções a todas as suas de consequências;
instalações. b) Em alternativa e quando tal se justifique, a uma
6 — A concessionária deve constituir e manter um sanção pecuniária compulsória, num montante que não
seguro de acidentes pessoais, de montante a definir excederá 5 % do montante máximo da multa que seria
no contrato de concessão, de modo a cobrir os riscos aplicável nos termos da alínea anterior, por dia de atraso,
inerentes ao exercício pelo pessoal das entidades fisca- a contar da data fixada na decisão do concedente que
lizadora e reguladora das suas funções nas instalações determinou a prestação das informações, até ao mon-
da concessionária. tante máximo global de € 5 000 000.

Base XXXIV 3 — A aplicação de multas contratuais e sanções


pecuniárias compulsórias depende de notificação pré-
[…]
via da concessionária pelo concedente para reparar o
1— ..................................... incumprimento, bem como do não cumprimento, pela
2 — É equiparada à transmissão da concessão a concessionária, do prazo de reparação fixado nessa no-
alienação de ações que resulte na constituição ou mo- tificação nos termos do número seguinte, ou da não
dificação de uma relação de domínio sobre a conces- reparação integral da falta naquele prazo.
sionária, conforme definido no artigo 21.º do Código 4 — (Anterior n.º 3.)
6124 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

5 — A concessionária pode, no prazo fixado na notifi- cessão sempre que o interesse público o justifique, de-
cação a que se refere o número anterior, e em momento corridos que sejam, pelo menos, 15 anos sobre a data
anterior ao da aplicação de quaisquer multas contratuais do início do respetivo prazo, mediante notificação feita
ou sanções pecuniárias compulsórias, exercer por escrito à concessionária, por carta registada com aviso de rece-
o seu direito de defesa. ção, com pelo menos um ano de antecedência.
6 — É da competência do diretor-geral da DGEG a 2— .....................................
aplicação das multas contratuais e sanções pecuniárias 3— .....................................
compulsórias. 4— .....................................
7 — Caso a concessionária não proceda ao paga- 5— .....................................
mento voluntário das multas contratuais ou sanções
pecuniárias compulsórias que lhe forem aplicadas no 6— .....................................
prazo de 20 dias a contar da sua fixação e notificação
pelo concedente, este pode utilizar a caução para paga- Base XLIV
mento das mesmas. […]
8 — (Anterior n.º 5.)
9 — A aplicação de multas ou sanções pecuniárias 1— .....................................
compulsórias não prejudica a aplicação de outras san- 2— .....................................
ções contratuais, nem isenta a concessionária de respon- a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sabilidade civil, criminal e contraordenacional em que b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
incorrer perante o concedente ou terceiros. c) Oposição reiterada ao exercício da supervisão,
acompanhamento e fiscalização da concessão, repe-
Base XXXIX
tida desobediência às determinações, ordens, diretivas
[…] ou instruções do concedente nos termos do contrato
1— ..................................... de concessão, nomeadamente no que respeita ao for-
2— ..................................... necimento de informações e documentos solicitados
pelo concedente, ou sistemática inobservância das leis
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e regulamentos aplicáveis à exploração da concessão,
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . quando se mostrem ineficazes as sanções aplicadas;
c) Deficiências graves no estado geral das infraestru- d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
turas, instalações ou equipamentos, ou não cumprimento
das obrigações da concessionária enquanto gestora téc- e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
nica global do SNGN que comprometam a continuidade f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ou a qualidade da atividade objeto da presente concessão g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ou a segurança do abastecimento do SNGN. h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3— .....................................
4— ..................................... 3— .....................................
5— ..................................... 4— .....................................
6 — Logo que cessem as razões do sequestro, seja 5— .....................................
restabelecido o normal funcionamento da concessão 6— .....................................
e o concedente o julgue oportuno, a concessionária é 7— .....................................
notificada para retomar a concessão no prazo que lhe 8— . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»
seja fixado.
7— ..................................... Artigo 4.º
8— .....................................
9— ..................................... Alteração às bases do anexo II ao Decreto-Lei
n.º 140/2006, de 26 de julho
Base XLII As bases IV, V, VI, IX, XIII, XIV, XVIII, XIX, XX, XXVIII, XXX,
[…] XXXII, XXXIV, XXXVI, XXXVII, XL e XLII constantes do anexo II
ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, alterado pelos
1 — Decorrido o prazo da concessão, sem necessi- Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de abril, e 66/2010, de 11
dade de qualquer comunicação entre as Partes nesse de junho, passam a ter a seguinte redação:
sentido, transmitem-se para o concedente todos os bens
e meios afetos à concessão, livres de ónus ou encargos,
«Base IV
em bom estado de conservação, funcionamento e segu-
rança, sem prejuízo do normal desgaste do seu uso para […]
efeitos do contrato de concessão.
2— ..................................... 1— .....................................
3— ..................................... 2 — Na atribuição de capacidade de armazenamento
subterrâneo de gás natural, a concessionária deve dar
Base XLIII prioridade às entidades sujeitas à obrigação de consti-
tuição e de manutenção de reservas de segurança, nos
[…]
termos da legislação e regulamentação aplicável.
1 — O concedente, através do membro do Governo 3 — (Anterior n.º 2.)
responsável pela área da energia, pode resgatar a con- 4 — (Anterior n.º 3.)
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6125

Base V mercialmente sensíveis obtidas no seu relacionamento


[…]
com os utilizadores.
6 — (Anterior n.º 5.)
1 — A concessionária beneficia dos direitos e
encontra-se sujeita às obrigações estabelecidos no Base IX
Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, no Decreto- […]
-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, e na demais legislação
e regulamentação aplicáveis à atividade que integra o 1 — (Anterior corpo da base.)
objeto da concessão, sem prejuízo dos demais direitos 2 — Não se tratando de reparações, renovações ou
e obrigações estabelecidos nas presentes bases. adaptações urgentes, deve a concessionária, sempre que
2 — À concessionária compete, em particular: elas impliquem interrupção, diminuição ou condiciona-
mento da atividade objeto da concessão, comunicá-la
a) Assegurar a exploração, integridade técnica e com antecedência razoável aos utilizadores afetados
manutenção da infraestrutura de armazenamento sub- por tais medidas.
terrâneo em condições de segurança, de fiabilidade e
de respeito pelo ambiente, nos termos do Regulamento Base XIII
de Armazenamento Subterrâneo, assegurando o cum-
primento dos padrões de qualidade de serviço que lhe [...]
sejam aplicáveis nos termos do Regulamento da Qua- 1— .....................................
lidade de Serviço; 2 — A oneração ou transmissão de ações representa-
b) Gerir a injeção, armazenamento e extração de tivas do capital social da concessionária depende, sob
gás natural, de acordo com as solicitações dos agentes pena de nulidade, de autorização prévia do concedente,
de mercado, assegurando a sua interoperacionalidade através do membro do Governo responsável pela área
com a rede de transporte a que o armazenamento está da energia, a qual não pode ser infundadamente recu-
ligado, no quadro da atividade de gestão técnica global sada e se considera tacitamente concedida se não for
do SNGN, nos termos do Regulamento de Armazena- recusada, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da
mento Subterrâneo; data da respetiva solicitação.
c) Receber do operador da rede de transporte, no 3— .....................................
quadro da atividade de gestão técnica global do SNGN, 4— .....................................
dos operadores de mercado e de todos os agentes di-
retamente interessados toda a informação necessária à Base XIV
gestão das suas infraestruturas;
d) Fornecer ao operador da rede de transporte, no [...]
quadro da atividade de gestão técnica global do SNGN, 1— .....................................
e aos agentes de mercado as informações necessárias ao 2— .....................................
funcionamento seguro e eficiente do SNGN; 3 — As autorizações e aprovações previstas na pre-
e) Preservar a confidencialidade das informações sente base não podem ser infundadamente recusadas
comercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas e consideram-se tacitamente concedidas se não forem
atividades; recusadas, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da
f) Medir o gás natural injetado, armazenado e extraído data da respetiva solicitação.
no armazenamento subterrâneo;
g) Fornecer os serviços destinados a satisfazer, de Base XVIII
forma transparente e não discriminatória, os pedidos
[...]
de acesso dos agentes de mercado ao armazenamento
subterrâneo, tendo em conta as capacidades técnicas 1— .....................................
das instalações e os procedimentos de gestão de con- 2— .....................................
gestionamentos; 3 — A concessionária deve observar, na remodelação
h) Atribuir as capacidades de injeção, armazenamento e na expansão das infraestruturas, os prazos de execução
e extração em coordenação com o operador da rede adequados à permanente satisfação das necessidades
de transporte, no quadro da gestão técnica global do identificadas no PDIRGN.
SNGN, tendo em conta a compatibilização de fluxos e 4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
quantidades de gás entre as duas infraestruturas. concedente, nos termos previstos no contrato de con-
cessão e de forma articulada com o PDIRGN, o plano
Base VI de investimentos nas infraestruturas de armazenamento
[…]
subterrâneo que integram a concessão.
5— .....................................
1— .....................................
2— ..................................... Base XIX
3 — A concessionária deve facultar aos utilizadores
[...]
do armazenamento as informações de que estes neces-
sitem para o acesso ao armazenamento. 1 — A concessionária é responsável pela exploração
4— ..................................... das infraestruturas e manutenção das capacidades de
5 — A concessionária deve assegurar o tratamento armazenamento em condições de segurança, fiabilidade
de dados de utilização do armazenamento no respeito e qualidade de serviço, no respeito pela legislação e
pelas disposições legais de proteção de dados pessoais regulamentação aplicáveis.
e preservar a confidencialidade das informações co- 2— .....................................
6126 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Base XX b) Aceder livremente às instalações da concessioná-


[...]
ria e proceder à busca, exame, tratamento e recolha de
cópias ou extratos dos documentos e outras informações
1 — A concessionária tem a obrigação de fornecer ao na posse da concessionária que julgue necessários ou
concedente, através da DGEG, todos os documentos e convenientes, incluindo através dos respetivos sistemas
outros elementos de informação relativos à concessão de informação;
e a outras atividades autorizadas nos termos do n.º 3 c) Requerer à concessionária a realização dos estu-
da base I, designadamente os necessários à resposta a dos, testes ou simulações, incluindo com recurso aos
quaisquer pedidos da Comissão Europeia, que o con- respetivos sistemas de informação, que se enquadrem
cedente entenda dever solicitar-lhe. no exercício das funções da concessionária, bem como
2 — As informações e documentos solicitados pelo acompanhar e participar ativamente na sua preparação
concedente devem ser fornecidos no prazo de 10 dias e realização, designadamente no âmbito da definição
úteis, salvo se for por este fixado um prazo diferente, dos princípios de base da política energética;
por decisão fundamentada. d) Emitir ordens, determinações, diretivas ou instru-
3 — A não prestação ou a prestação de informações ções, no âmbito dos poderes de supervisão, acompanha-
falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido mento e fiscalização.
do concedente, no prazo por este fixado, constitui in-
cumprimento do contrato de concessão, designadamente 4 — O concedente pode recorrer a entidades terceiras
para efeitos da base XXXVI. devidamente qualificadas para a prestação de assistência
4 — A concessionária deve fornecer ao operador da técnica que repute conveniente no âmbito do exercício
rede com a qual esteja ligada e aos agentes de mercado das funções de supervisão, acompanhamento e fiscaliza-
as informações necessárias para permitir um desenvol- ção da concessão, as quais gozam dos poderes referidos
vimento coordenado das diversas redes e um funciona- no número anterior após comunicação à concessionária
mento seguro e eficiente do SNGN. para o efeito.
5 — A concessionária tem igualmente a obrigação 5 — A concessionária deve facilitar o exercício dos
de fornecer à ERSE a informação prevista na lei e re- poderes atribuídos às entidades fiscalizadora e regula-
gulamentação aplicável. dora, nomeadamente prestando todas as informações
6 — A concessionária deve, ainda, solicitar, receber e fornecendo todos os documentos que lhe forem so-
e tratar todas as informações de todos os operadores licitados por essas entidades no âmbito das respetivas
de mercados e de todos os agentes diretamente inte- competências, bem como permitindo o livre acesso do
ressados necessárias à boa gestão das respetivas infra- pessoal das referidas entidades devidamente creden-
estruturas. ciado e no exercício das suas funções a todas as suas
instalações.
Base XXVIII 6 — A concessionária deve constituir e manter um
[...] seguro de acidentes pessoais, de montante a definir
no contrato de concessão, de modo a cobrir os riscos
1 — Para garantir o cumprimento das suas obriga- inerentes ao exercício pelo pessoal das entidades fisca-
ções, a concessionária é obrigada a celebrar e manter lizadora e reguladora das suas funções nas instalações
em vigor um seguro de responsabilidade civil, em valor da concessionária.
mínimo obrigatório a definir no contrato de concessão.
2 — Para além dos seguros referidos na base anterior Base XXXII
e no número anterior, a concessionária deve assegurar
a existência e a manutenção em vigor das apólices de [...]
seguro necessárias para garantir uma efetiva cobertura 1— .....................................
dos riscos da concessão. 2 — É equiparada à transmissão da concessão a alie-
3 — (Anterior n.º 2.) nação de ações que resulte na constituição ou modifica-
4 — (Anterior n.º 3.) ção de uma relação de domínio sobre a concessionária,
conforme definido no artigo 21.º do Código dos Valores
Base XXX Mobiliários ou em norma que o venha a substituir.
Supervisão, acompanhamento, fiscalização e regulação 3 — Os atos praticados ou os contratos celebrados
em violação do disposto nos números anteriores são
1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a nulos e desprovidos de quaisquer efeitos jurídicos, sem
outras entidades públicas, em particular à ERSE, cabe prejuízo de outras sanções aplicáveis.
à DGEG o exercício dos poderes de supervisão, acom- 4 — (Anterior n.º 3.)
panhamento e fiscalização da concessão, nomeadamente 5 — (Anterior n.º 4.)
no que se refere ao cumprimento das disposições legais 6 — (Anterior n.º 5.)
e regulamentares aplicáveis. 7 — (Anterior n.º 6.)
2— .....................................
3 — Para efeitos do disposto no n.º 1 e sempre que
Base XXXIV
exista motivo atendível, o concedente pode, nomea-
damente: [...]
a) Inquirir os representantes legais e quaisquer cola- 1— .....................................
boradores da concessionária, bem como solicitar-lhes 2 — Nos casos previstos no número anterior, a con-
os documentos e outros elementos de informação que cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio
entenda necessários ou convenientes; económico e financeiro da concessão na medida em
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6127

que o impacte sobre os proveitos ou custos não seja sabilidade civil, criminal e contraordenacional em que
suscetível de consideração no âmbito da atividade re- incorrer perante o concedente ou terceiros.
guladora.
3 — (Anterior n.º 2.) Base XXXVII
4 — (Anterior n.º 3.)
[...]
Base XXXVI 1— .....................................
Sanções contratuais 2— .....................................
1 — Sem prejuízo dos demais direitos e prerrogativas a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de que o concedente disponha nos termos da lei e das b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
presentes bases, o incumprimento pela concessionária c) Deficiências graves no estado geral das infraestru-
de quaisquer obrigações assumidas no contrato de con- turas, instalações ou equipamentos que comprometam
cessão pode ser sancionado, por decisão do concedente, a continuidade ou a qualidade da atividade objeto da
pela aplicação de multas contratuais, cujo montante presente concessão ou a segurança do abastecimento
varia, em função da gravidade da infração cometida e do SNGN.
do grau de culpa do infrator, até € 5 000 000.
2 — Igualmente sem prejuízo dos demais direitos e 3— .....................................
prerrogativas de que o concedente disponha nos termos 4— .....................................
da lei e das presentes bases, o não cumprimento do 5 — Logo que cessem as razões do sequestro, seja
disposto nas bases XX e XXX sujeita a concessionária às restabelecido o normal funcionamento da concessão
seguintes sanções: e o concedente o julgue oportuno, a concessionária é
notificada para retomar a concessão no prazo que lhe
a) Ao pagamento de multa até ao montante de
€ 2 500 000, variando o respetivo montante em função seja fixado.
da relevância dos documentos ou informações para 6— .....................................
o funcionamento do SNGN, do carácter reiterado ou 7— .....................................
ocasional do incumprimento, do grau de culpa, dos 8— .....................................
riscos daí derivados para a segurança da rede ou de 9— .....................................
terceiros, dos prejuízos efetivamente causados e da di-
ligência que a concessionária tenha posto na superação Base XL
de consequências; [...]
b) Em alternativa e quando tal se justifique, a uma
sanção pecuniária compulsória, num montante que não 1 — Decorrido o prazo da concessão, sem necessi-
excederá 5 % do montante máximo da multa que seria dade de qualquer comunicação entre as Partes nesse
aplicável nos termos da alínea anterior, por dia de atraso, sentido, transmitem-se para o concedente todos os bens
a contar da data fixada na decisão do concedente que e meios afetos à concessão, livres de ónus ou encargos,
determinou a prestação das informações, até ao mon- em bom estado de conservação, funcionamento e segu-
tante máximo global de € 2 500 000. rança, sem prejuízo do normal desgaste do seu uso para
efeitos do contrato de concessão.
3 — A aplicação de multas contratuais e sanções 2— .....................................
pecuniárias compulsórias depende de notificação prévia 3— .....................................
da concessionária pelo concedente para reparar o incum-
primento e do não cumprimento, pela concessionária, do Base XLII
prazo de reparação fixado nessa notificação nos termos [...]
do número seguinte, ou da não reparação integral da
falta naquele prazo. 1— .....................................
4 — (Anterior n.º 3.) 2— .....................................
5 — A concessionária pode, no prazo fixado na notifi-
cação a que se refere o número anterior, e em momento a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
anterior ao da aplicação de quaisquer multas contratuais b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ou sanções pecuniárias compulsórias, exercer por escrito c) Oposição reiterada ao exercício da supervisão,
o seu direito de defesa. acompanhamento e fiscalização da concessão, repe-
6 — É da competência do diretor-geral da DGEG a tida desobediência às determinações, ordens, diretivas
aplicação das multas contratuais e sanções pecuniárias ou instruções do concedente nos termos do contrato
compulsórias. de concessão, nomeadamente no que respeita ao for-
7 — Caso a concessionária não proceda ao paga- necimento de informações e documentos solicitados
mento voluntário das multas contratuais ou sanções pelo concedente, ou sistemática inobservância das leis
pecuniárias compulsórias que lhe forem aplicadas no e regulamentos aplicáveis à exploração da concessão,
prazo de 20 dias a contar da sua fixação e notificação quando se mostrem ineficazes as sanções aplicadas;
pelo concedente, este pode utilizar a caução para paga- d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mento das mesmas. e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8 — (Anterior n.º 5.) f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9 — A aplicação de multas ou sanções pecuniárias g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
compulsórias não prejudica a aplicação de outras san- h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ções contratuais, nem isenta a concessionária de respon- i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6128 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

3— ..................................... g) Medir o GNL recebido no terminal, o GNL entre-


4— ..................................... gue ao transporte por rodovia e o gás natural injetado
5— ..................................... na rede de transporte;
6— ..................................... h) Fornecer os serviços destinados a satisfazer, de
7— ..................................... forma transparente e não discriminatória, os pedidos
8— . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .» de acesso ao terminal, tendo em conta as capacidades
técnicas das instalações de GNL e os procedimentos de
Artigo 5.º gestão de congestionamentos;
i) Solicitar aos agentes de mercado que garantam
Alteração às bases do anexo III ao Decreto-Lei que o GNL descarregado dos navios metaneiros para
n.º 140/2006, de 26 de julho o terminal respeita as especificações de qualidade dis-
As bases I, V, VI, IX, XIII, XIV, XVIII, XIX, XX, XXVIII, XXX, postas na legislação e regulamentação aplicáveis, em
XXXII, XXXIV, XXXVI, XXXVII, XL, XLI e XLII constantes do ane- coordenação com o operador da rede de transporte no
xo III ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, alterado quadro da gestão técnica global do SNGN.
pelos Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de abril, e 66/2010,
de 11 de junho, passam a ter a seguinte redação: Base VI
[...]
«Base I
1— .....................................
[...] 2— .....................................
3 — A concessionária deve facultar aos utilizadores
1 — A concessão tem por objeto a atividade de rece-
as informações de que estes necessitem para o acesso
ção, armazenamento e regaseificação de GNL, em ter- ao terminal de GNL.
minal de GNL, exercida em regime de serviço público. 4 — Os utilizadores devem prestar à concessionária
2— ..................................... todas as informações que esta considere necessárias
3— ..................................... à correta exploração das respetivas infraestruturas e
instalações.
Base V 5 — A concessionária deve assegurar o tratamento
[...] de dados de utilização do terminal de GNL no respeito
pelas disposições legais de proteção de dados pessoais
1 — A concessionária beneficia dos direitos e e preservar a confidencialidade das informações co-
encontra-se sujeita às obrigações estabelecidos no mercialmente sensíveis obtidas no seu relacionamento
Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, no Decreto- com os utilizadores.
-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, e na demais legislação 6 — (Anterior n.º 4.)
e regulamentação aplicáveis à atividade que integra o
objeto da concessão, sem prejuízo dos demais direitos Base IX
e obrigações estabelecidos nas presentes bases. [...]
2 — À concessionária compete, em particular:
1 — (Anterior corpo da base.)
a) Assegurar a exploração e manutenção do terminal 2 — Não se tratando de reparações, renovações ou
e da capacidade de armazenamento em condições de adaptações urgentes, deve a concessionária, sempre que
segurança, de fiabilidade e de respeito pelo ambiente, elas impliquem interrupção, diminuição ou condiciona-
assegurando o cumprimento dos padrões de qualidade mento da atividade objeto da concessão, comunicá-la
de serviço que lhe sejam aplicáveis nos termos do Re- com antecedência razoável aos utilizadores afetados
gulamento de Qualidade de Serviço; por tais medidas.
b) Gerir os fluxos de gás natural no terminal e no
armazenamento, assegurando a sua interoperaciona- Base XIII
lidade com a rede de transporte a que o terminal está [...]
ligado, no quadro da gestão técnica global do SNGN,
nos termos do Regulamento do Terminal de Receção, 1— .....................................
Armazenamento e Regaseificação de GNL; 2 — A oneração e a transmissão de ações represen-
c) Facultar aos agentes de mercado as informações tativas do capital social da concessionária depende, sob
pena de nulidade, de autorização prévia do concedente,
de que necessitem para o acesso ao terminal;
através do membro do Governo responsável pela área
d) Receber do operador da rede de transporte, no da energia, a qual não pode ser infundadamente recu-
quadro da gestão técnica global do SNGN, dos ope- sada e se considera tacitamente concedida se não for
radores de mercado e de todos os agentes diretamente recusada, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da
interessados toda a informação necessária à gestão das data da respetiva solicitação.
suas infraestruturas; 3— .....................................
e) Fornecer ao operador da rede de transporte, no qua- 4— .....................................
dro da gestão técnica global do SNGN, e aos agentes de
mercado as informações necessárias ao funcionamento Base XIV
seguro e eficiente do SNGN;
[...]
f) Preservar a confidencialidade das informações co-
mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas 1— .....................................
atividades; 2— .....................................
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6129

3 — As autorizações e aprovações previstas na pre- Base XXVIII


sente base não podem ser infundadamente recusadas [...]
e consideram-se tacitamente concedidas se não forem
recusadas, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da 1 — Para garantir o cumprimento das suas obriga-
data da respetiva solicitação. ções, a concessionária é obrigada a celebrar e manter
em vigor um seguro de responsabilidade civil, em valor
mínimo obrigatório a definir no contrato de concessão.
Base XVIII 2 — Para além dos seguros referidos na base anterior
[...] e no número anterior, a concessionária deve assegurar
a existência e a manutenção em vigor das apólices de
1— ..................................... seguro necessárias para garantir uma efetiva cobertura
2— ..................................... dos riscos da concessão.
3 — A concessionária deve observar, na remodelação 3 — (Anterior n.º 2.)
e expansão das infraestruturas, os prazos de execução 4 — (Anterior n.º 3.)
adequados à permanente satisfação das necessidades
identificadas no PDIRGN. Base XXX
4— ..................................... Supervisão, acompanhamento, fiscalização e regulação
5— .....................................
1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a
outras entidades públicas, em particular à ERSE, cabe
Base XIX à DGEG o exercício dos poderes de supervisão, acom-
[...] panhamento e fiscalização da concessão, nomeadamente
no que se refere ao cumprimento das disposições legais
1 — A concessionária é responsável pela exploração e regulamentares aplicáveis e do contrato de concessão.
das infraestruturas que integram a concessão, e respeti- 2— .....................................
vas instalações, em condições de segurança, fiabilidade 3 — Para efeitos do disposto no n.º 1 e sempre que
e qualidade de serviço, no respeito pela legislação e exista motivo atendível, o concedente pode, nomea-
regulamentação aplicáveis. damente:
2— ..................................... a) Inquirir os representantes legais e quaisquer cola-
boradores da concessionária, bem como solicitar-lhes
Base XX os documentos e outros elementos de informação que
entenda necessários ou convenientes;
[...]
b) Aceder livremente às instalações da concessioná-
1 — A concessionária tem a obrigação de fornecer ao ria e proceder à busca, exame, tratamento e recolha de
concedente, através da DGEG, todos os documentos e cópias ou extratos dos documentos e outras informações
outros elementos de informação relativos à concessão na posse da concessionária que julgue necessários ou
e a outras atividades autorizadas nos termos do n.º 3 convenientes, incluindo através dos respetivos sistemas
de informação;
da base I, designadamente os necessários à resposta a c) Requerer à concessionária a realização dos estu-
quaisquer pedidos da Comissão Europeia, que o con- dos, testes ou simulações, incluindo com recurso aos
cedente entenda dever solicitar-lhe. respetivos sistemas de informação, que se enquadrem
2 — As informações e documentos solicitados pelo no exercício das funções da concessionária, bem como
concedente devem ser fornecidos no prazo de 10 dias acompanhar e participar ativamente na sua preparação
úteis, salvo se for por este fixado um prazo diferente, e realização, designadamente no âmbito da definição
por decisão fundamentada. dos princípios de base da política energética;
3 — A não prestação ou a prestação de informações d) Emitir ordens, determinações, diretivas ou instru-
falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido ções, no âmbito dos poderes de supervisão, acompanha-
do concedente, no prazo por este fixado, constitui in- mento e fiscalização.
cumprimento do contrato de concessão, designadamente 4 — O concedente pode recorrer a entidades terceiras
para efeitos da base XXXVI. devidamente qualificadas para a prestação de assistência
4 — A concessionária deve fornecer ao operador da técnica que repute conveniente no âmbito do exercício
rede com a qual esteja ligada e aos agentes de mercado das funções de supervisão, acompanhamento e fiscaliza-
as informações necessárias para permitir um desenvol- ção da concessão, as quais gozam dos poderes referidos
vimento coordenado das diversas redes e um funciona- no número anterior após comunicação à concessionária
mento seguro e eficiente do SNGN. para o efeito.
5 — A concessionária tem igualmente a obrigação 5 — A concessionária deve facilitar o exercício dos
de fornecer à ERSE a informação prevista na lei e re- poderes atribuídos às entidades fiscalizadora e regula-
dora, nomeadamente prestando todas as informações
gulamentação aplicável.
e fornecendo todos os documentos que lhe forem so-
6 — A concessionária deve, ainda, solicitar, receber licitados por essas entidades no âmbito das respetivas
e tratar todas as informações de todos os operadores competências, bem como permitindo o livre acesso do
de mercados e de todos os utilizadores diretamente pessoal das referidas entidades devidamente creden-
interessados necessárias à boa gestão das respetivas ciado e no exercício das suas funções a todas as suas
infraestruturas. instalações.
6130 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

6 — A concessionária deve constituir e manter um excederá 5 % do montante máximo da multa que seria
seguro de acidentes pessoais, de montante a definir aplicável nos termos da alínea anterior, por dia de atraso,
no contrato de concessão, de modo a cobrir os riscos a contar da data fixada na decisão do concedente que
inerentes ao exercício pelo pessoal das entidades fisca- determinou a prestação das informações, até ao mon-
lizadora e reguladora das suas funções nas instalações tante máximo global de € 2 500 000.
da concessionária.
3 — A aplicação de multas contratuais e sanções
Base XXXII pecuniárias compulsórias depende de notificação prévia
[...]
da concessionária pelo concedente para reparar o incum-
primento e do não cumprimento, pela concessionária, do
1— ..................................... prazo de reparação fixado nessa notificação nos termos
2 — É equiparada à transmissão da concessão a alie- do número seguinte, ou da não reparação integral da
nação de ações que resulte na constituição ou modifica- falta naquele prazo.
ção de uma relação de domínio sobre a concessionária, 4 — (Anterior n.º 3.)
conforme definido no artigo 21.º do Código dos Valores 5 — A concessionária pode, no prazo fixado na notifi-
Mobiliários ou em norma que o venha a substituir. cação a que se refere o número anterior, e em momento
3 — Os atos praticados ou os contratos celebrados anterior ao da aplicação de quaisquer multas contratuais
em violação do disposto nos números anteriores são ou sanções pecuniárias compulsórias, exercer por escrito
nulos e desprovidos de quaisquer efeitos jurídicos, sem o seu direito de defesa.
prejuízo de outras sanções aplicáveis. 6 — É da competência do diretor-geral da DGEG a
4 — (Anterior n.º 3.) aplicação das multas contratuais e sanções pecuniárias
5 — (Anterior n.º 4.) compulsórias.
6 — (Anterior n.º 5.) 7 — Caso a concessionária não proceda ao paga-
7 — (Anterior n.º 6.) mento voluntário das multas contratuais ou sanções
pecuniárias compulsórias que lhe forem aplicadas no
Base XXXIV prazo de 20 dias a contar da sua fixação e notificação
pelo concedente, este pode utilizar a caução para paga-
[...]
mento das mesmas.
1— ..................................... 8 — (Anterior n.º 5.)
2 — Nos casos previstos no número anterior, a con- 9 — A aplicação de multas ou sanções pecuniárias
cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio compulsórias não prejudica a aplicação de outras san-
económico e financeiro da concessão na medida em ções contratuais, nem isenta a concessionária de respon-
que o impacte sobre os proveitos ou custos não seja sabilidade civil, criminal e contraordenacional em que
suscetível de consideração no âmbito da atividade re- incorrer perante o concedente ou terceiro.
guladora.
3 — (Anterior n.º 2.) Base XXXVII
4 — (Anterior n.º 3.) [...]

Base XXXVI 1— .....................................


2— .....................................
Sanções contratuais
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 — Sem prejuízo dos demais direitos e prerrogativas
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de que o concedente disponha nos termos da lei e das
c) Deficiências graves no estado geral das infraestru-
presentes bases, o incumprimento pela concessionária
turas, instalações ou equipamentos que comprometam
de quaisquer obrigações assumidas no contrato de con-
a continuidade ou a qualidade da atividade objeto da
cessão pode ser sancionado, por decisão do concedente,
presente concessão ou a segurança do abastecimento
pela aplicação de multas contratuais, cujo montante é
do SNGN.
variável, em função da gravidade da infração cometida
e do grau de culpa do infrator, até € 5 000 000.
2 — Igualmente sem prejuízo dos demais direitos e 3— .....................................
prerrogativas de que o concedente disponha nos termos 4— .....................................
da lei e das presentes bases, o não cumprimento do 5— .....................................
disposto nas bases XX e XXX sujeita a concessionária às 6 — Logo que cessem as razões do sequestro, seja
restabelecido o normal funcionamento da concessão
seguintes sanções:
e o concedente o julgue oportuno, a concessionária é
a) Ao pagamento de multa até ao montante de notificada para retomar a concessão no prazo que lhe
€ 2 500 000, variando o respetivo montante em função seja fixado.
da relevância dos documentos ou informações para 7— .....................................
o funcionamento do SNGN, do carácter reiterado ou 8— .....................................
ocasional do incumprimento, do grau de culpa, dos 9— .....................................
riscos daí derivados para a segurança da rede ou de
terceiros, dos prejuízos efetivamente causados e da di- Base XL
ligência que a concessionária tenha posto na superação
[...]
de consequências;
b) Em alternativa e quando tal se justifique, a uma 1 — Decorrido o prazo da concessão, sem necessi-
sanção pecuniária compulsória, num montante que não dade de qualquer comunicação entre as Partes nesse
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6131

sentido, transmitem-se para o concedente todos os bens «Base XVIII


e meios afetos à concessão, livres de ónus ou encargos, [...]
em bom estado de conservação, funcionamento e segu-
rança, sem prejuízo do normal desgaste do seu uso para 1— .....................................
efeitos do contrato de concessão. 2— .....................................
2— ..................................... 3 — A concessionária deve observar na remodelação
3— ..................................... e expansão das infraestruturas os prazos de execução
adequados à permanente satisfação das necessidades
Base XLI identificadas no PDIRGN e no respetivo PDIRD.
4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
[...]
concedente, nos termos previstos na legislação e re-
1 — O concedente, através do membro do Governo gulamentação aplicáveis e de forma articulada com a
responsável pela área da energia, pode resgatar a con- gestão técnica global do sistema e com os utilizadores,
cessão sempre que o interesse público o justifique, de- o respetivo PDIRD.
corridos que sejam, pelo menos, 15 anos sobre a data 5 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»
do início do respetivo prazo, mediante notificação feita
à concessionária, por carta registada com aviso de rece- Artigo 7.º
ção, com pelo menos 1 ano de antecedência. Aditamento ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho
2— .....................................
3— ..................................... São aditados ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de
4— ..................................... julho, alterado pelos Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de
5— ..................................... abril, e 66/2010, de 11 de junho, os artigos 7.º-A, 12.º-A,
6— ..................................... 12.º-B, 12.º-C, 17.º-A, 29.º-A, 34.º-A, 36.º-A, 36.º-B,
36.º-C, 38.º-A, 38.º-B, 39.º-A, 39.º-B, 43.º-A, 46.º-A,
Base XLII 47.º-A, 47.º-B, 47.º-C, 48.º-A, 50.º-A, 50.º-B, 62.º-A,
62.º-B, 72.º-A, 75.º-A, 75.º-B, 75.º-C e 75.º-D com a se-
[...] guinte redação:
1— .....................................
2— ..................................... «Artigo 7.º-A
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Procedimento na sequência de pedido do interessado
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 — Na sequência da apreciação dos pedidos referi-
c) Oposição reiterada ao exercício da supervisão, dos no n.º 4 do artigo anterior, e desde que os mesmos
acompanhamento e fiscalização da concessão, repe- não sejam liminarmente indeferidos por razões de des-
tida desobediência às determinações, ordens, diretivas conformidade jurídica ou de inoportunidade ou incon-
ou instruções do concedente nos termos do contrato veniência para o interesse público, a DGEG procede à
de concessão, nomeadamente no que respeita ao for- sua publicitação, através de avisos, na 2.ª série do Diário
necimento de informações e documentos solicitados da República e no Jornal Oficial da União Europeia,
pelo concedente, ou sistemática inobservância das bem como no respetivo sítio na Internet.
leis e regulamentos aplicáveis à exploração da con- 2 — Durante o prazo de dois meses após a publicita-
cessão, quando se mostrem ineficazes as sanções ção referida no número anterior, podem ser dirigidos ao
aplicadas; membro do Governo responsável pela área da energia
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . outros pedidos com objeto semelhante, caso em que se
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . deve proceder à abertura de um concurso público ou
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de um concurso limitado por prévia qualificação entre
g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . os requerentes.
h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 — Quando, após a publicação dos avisos a que
i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . se refere o n.º 1, não se justifique a abertura de um
procedimento concursal, em virtude de não terem sido
3— ..................................... apresentados outros pedidos concorrentes, cabe à DGEG
4— ..................................... promover a instrução do procedimento e submeter o
5— ..................................... pedido de atribuição da concessão ao requerente único
6— ..................................... a decisão do membro do Governo responsável pela
7— ..................................... área da energia.
8— . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .» 4 — Os termos estabelecidos no presente artigo de-
vem ser objeto de regulamentação por portaria do mem-
Artigo 6.º bro do Governo responsável pela área da energia.
5 — O disposto no presente artigo não é aplicável
Alteração às bases do anexo IV ao Decreto-Lei
n.º 140/2006, de 26 de julho
à atribuição de novas concessões de armazenamento
subterrâneo na sequência da apresentação de pedidos
A base XVIII constante do anexo IV ao Decreto-Lei de autorização de trabalhos de pesquisa geológica, de
n.º 140/2006, de 26 de julho, alterado pelos Decretos-Leis acordo com o Regulamento de Armazenamento Sub-
n.os 65/2008, de 9 de abril, e 66/2010, de 11 de junho, passa terrâneo, a qual observa os termos e procedimentos
a ter a seguinte redação: definidos na portaria referida no número anterior.
6132 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 12.º-A questões estratégicas de desenvolvimento da rede ou


Procedimento de elaboração do PDIRGN
relacionadas com a segurança do abastecimento.

1 — A proposta de PDIRGN deve ser apresentada Artigo 12.º-B


pelo operador da RNTGN à DGEG até ao final do
Planeamento da RNDGN
1.º trimestre de cada ano ímpar ou, no caso previsto
no n.º 3 do artigo anterior, até ao final do 1.º trimestre 1 — O planeamento da RNDGN deve ser efetuado
de cada ano. de forma a assegurar a existência de capacidade nas
2 — Recebida a proposta de PDIRGN, a DGEG pro- redes para a receção e entrega de gás natural, com níveis
cede à sua apreciação, tendo em conta as necessidades adequados de qualidade de serviço e de segurança, no
de investimento para assegurar níveis adequados de âmbito do mercado interno de gás natural.
segurança do abastecimento energético e o cumprimento 2 — Os operadores da RNDGN devem elaborar, nos
de outras metas de política energética, determinando, anos pares, um PDIRD.
se necessário, a introdução de alterações à proposta de 3 — Os PDIRD devem basear-se na caracterização
PDIRGN. técnica das redes e na oferta e procura, atuais e previstas,
3 — No prazo de 30 dias após a receção da proposta aferidas com base na análise do mercado, devem estar
de PDIRGN, a DGEG notifica a sua apreciação ao ope- coordenados com o PDIRGN e ter em conta o objetivo
rador da RNTGN, o qual, no caso de serem determina- de facilitar o desenvolvimento de medidas de gestão
das alterações, dispõe do prazo de 30 dias para enviar da procura.
à DGEG uma proposta de PDIRGN que contemple as
referidas alterações. Artigo 12.º-C
4 — A DGEG comunica a proposta de PDIRGN à
Procedimento de elaboração dos PDIRD
ERSE, a qual deve promover a respetiva consulta pú-
blica pelo prazo de 30 dias. 1 — Os operadores da RNDGN devem apresentar a
5 — Findo o período de consulta pública, a ERSE respetiva proposta de PDIRD à DGEG até ao final de
emite parecer sobre a proposta de PDIRGN no prazo abril de cada ano par.
de 30 dias, enviando o respetivo parecer, nesse mesmo 2 — Recebidas as propostas de PDIRD, a DGEG
prazo, ao operador da RNTGN, com conhecimento da procede à sua apreciação, tendo em conta as necessida-
DGEG. des de investimento para assegurar níveis adequados de
6 — No parecer referido no número anterior, a ERSE segurança do abastecimento energético e o cumprimento
pode determinar alterações à proposta de PDIRGN, de outras metas de política energética, determinando,
tendo em vista, designadamente, assegurar a adequada se necessário, a introdução de alterações às referidas
cobertura das necessidades de investimento identifica- propostas.
das no processo de consulta pública e a promoção da 3 — No prazo de 30 dias após a receção das propostas
concorrência, bem como a coerência do PDIRGN com de PDIRD, a DGEG notifica a sua apreciação aos opera-
o plano de desenvolvimento da rede à escala da União, dores da RNDGN, os quais, no caso da determinação de
conforme previsto na alínea b) do n.º 3 do artigo 8.º do eventuais alterações, dispõem do prazo de 30 dias para
Regulamento (CE) n.º 715/2009, do Parlamento Euro- enviar à DGEG propostas de PDIRD que contemplem
peu e do Conselho, de 13 de julho, consultando, a este as referidas alterações.
respeito e em caso de dúvidas, a Agência de Cooperação 4 — A DGEG comunica as propostas de PDIRD ao
dos Reguladores da Energia. operador da RNTGN para emissão de parecer no prazo
7 — No prazo de 30 dias após a receção do parecer de 60 dias.
da ERSE, o operador da RNTGN elabora a proposta 5 — A DGEG comunica ainda as referidas propostas
final do PDIRGN e envia-a à DGEG. à ERSE, a qual deve promover a respetiva consulta
8 — No prazo de 30 dias após a receção da proposta pública pelo prazo de 30 dias.
final do PDIRGN, a DGEG envia-a para aprovação do 6 — Findo o período de consulta pública, a ERSE
membro do Governo responsável pela área da energia, emite parecer sobre as propostas de PDIRD no prazo de
acompanhada do parecer da ERSE e dos resultados da 30 dias, enviando-o, nesse mesmo prazo, aos operadores
consulta pública. da RNDGN, com conhecimento da DGEG.
9 — O membro do Governo responsável pela área 7 — No parecer referido no número anterior, a ERSE
da energia decide sobre a aprovação do PDIRGN no pode determinar alterações às propostas de PDIRD,
prazo de 30 dias a contar da data da receção da sua tendo em vista, designadamente, assegurar a adequada
proposta final. cobertura das necessidades de investimento identifica-
10 — O membro do Governo responsável pela área das no processo de consulta pública e a promoção da
da energia pode, fundamentadamente, recusar a apro- concorrência.
vação do PDIRGN no caso de a respetiva proposta final 8 — Com base nos pareceres emitidos pela ERSE e
não contemplar as alterações determinadas pela DGEG pelo operador da RNTGN, os operadores da RNDGN
ou no parecer da ERSE ou de não prever investimentos elaboram a proposta final do respetivo PDIRD,
necessários ao cumprimento dos objetivos de política enviando-a à DGEG no prazo de 30 dias após a emissão
energética. dos correspondentes pareceres da ERSE e do operador
11 — Cabe à ERSE acompanhar e fiscalizar a ca- da RNTGN.
lendarização, orçamentação e execução dos projetos de 9 — No prazo de 30 dias após a receção da proposta
investimento na RNTIAT previstos no PDIRGN, que final dos PDIRD, a DGEG envia-a para aprovação do
ficam sujeitos ao seu parecer vinculativo, no âmbito das membro do Governo responsável pela área da energia,
suas atribuições, não podendo este parecer versar sobre acompanhada dos pareceres da ERSE e do operador
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6133

da RNTGN, bem como dos resultados da consulta pú- 4, pode a DGEG, a todo o tempo, emitir, sob a forma de
blica. despacho, um manual de procedimentos a tal respeitante,
10 — O membro do Governo responsável pela área com base nas propostas dos operadores.
da energia decide sobre a aprovação dos PDIRD no
prazo de 30 dias a contar da data da receção da sua Artigo 29.º-A
proposta final.
Redes de distribuição fechadas
11 — O membro do Governo responsável pela área
da energia pode, fundamentadamente, recusar a apro- 1 — Considera-se rede de distribuição fechada uma
vação dos PDIRD no caso de a respetiva proposta final rede que distribua gás natural no interior de um sítio
não contemplar as alterações determinadas pela DGEG industrial, comercial ou de serviços partilhados geogra-
ou nos pareceres da ERSE ou do operador da RNTGN ficamente circunscrito, fora do âmbito das concessões
ou de não prever investimentos necessários ao cumpri- e licenças de distribuição de gás natural, e que não
mento dos objetivos de política energética. abasteça clientes domésticos, desde que se reúna um
12 — Cabe à ERSE acompanhar e fiscalizar a ca- dos seguintes requisitos:
lendarização, orçamentação e execução dos projetos
de investimento na RNDGN previstos nos PDIRD, que a) Por razões técnicas ou de segurança específicas, as
ficam sujeitos ao seu parecer vinculativo, no âmbito das operações ou o processo de produção dos utilizadores
suas atribuições, não podendo este parecer versar sobre da rede estejam integrados;
questões estratégicas de desenvolvimento da rede ou b) A rede distribua gás natural essencialmente ao
relacionadas com a segurança do abastecimento. proprietário ou ao operador da rede ou a empresas que
lhes estejam ligadas.
Artigo 17.º-A
2 — Considera-se que não abastecem clientes do-
Relacionamento entre operadores de armazenamento
subterrâneo de gás natural mésticos, para efeitos do disposto no n.º 1, as redes de
distribuição fechada que sejam utilizadas a título aces-
1 — Quando cavidades de diversos operadores in- sório por um número reduzido de agregados familiares
terliguem a uma estação de gás, ao operador em cuja ligados ao proprietário da rede, por vínculo laboral ou
concessão se integre esta estação compete gerir a re- outro, e com residência na área servida pela rede.
ceção, a compressão, a injeção, o armazenamento, a 3 — A operação de uma rede de distribuição fechada
extração, a medição e o envio de gás natural para a depende da prévia atribuição de uma licença pela DGEG
RNTGN, de acordo com as solicitações dos agentes e da aprovação do respetivo projeto pelas entidades
de mercado, assegurando a interoperacionalidade com competentes, nos termos do disposto no n.º 5.
a RNTGN, no quadro da atividade de gestão técnica 4 — Os termos da classificação e estabelecimento
global do SNGN. de uma rede de distribuição fechada, a disciplina da
2 — Na situação prevista no número anterior, os ope- sua exploração e os procedimentos para a atribuição de
radores devem acordar um manual operativo, do qual é licenças de operação são estabelecidos em portaria dos
dado conhecimento à DGEG, que abranja as interfaces membros do Governo responsáveis pela área da energia
técnicas e de segurança, incluindo os procedimentos e pela área setorial respetiva, ouvida a ERSE.
escritos a aplicar na operação das instalações e infra- 5 — A aprovação do projeto de redes de distribuição
estruturas em causa, nos termos do Regulamento de
fechada observa, com as devidas adaptações, os termos
Armazenamento Subterrâneo.
e procedimento previstos para a aprovação das redes de
3 — Quando um operador pretenda aceder, para
efeitos de construção de novas cavidades, a instala- distribuição privativa.
ções de lixiviação que integrem outra concessão de 6 — Sem prejuízo do estabelecido no número se-
armazenamento subterrâneo de gás natural, devem os guinte, as tarifas de acesso de terceiros às redes fechadas
operadores estabelecer, nos termos do Regulamento de são estabelecidas pelos seus proprietários ou operadores,
Armazenamento Subterrâneo, um acordo escrito que não estando sujeitas aos requisitos estabelecidos para a
identifique todos os direitos e obrigações das partes aprovação das tarifas reguladas pela ERSE.
relativamente aos serviços de lixiviação, do qual é dado 7 — Caso um utilizador de uma rede fechada não
conhecimento à DGEG. concorde com as tarifas de acesso ou as suas metodo-
4 — Os operadores devem coordenar a gestão das logias, por falta de transparência ou razoabilidade, pode
atividades correspondentes ao cumprimento das obri- solicitar a intervenção da ERSE para analisar e, caso
gações de segurança das instalações, pessoas e bens, necessário, fixar as tarifas segundo as metodologias a
em conformidade com o Decreto-Lei n.º 254/2007, de estabelecer por esta entidade nos seus regulamentos.
12 de julho, e demais normas aplicáveis, nos termos do
Regulamento de Armazenamento Subterrâneo. Artigo 34.º-A
5 — Os operadores podem recorrer a arbitragem, Listagem de comercializadores de gás natural registados
nos termos da Lei n.º 63/2011, de 14 de dezembro, para
superar as dificuldades na celebração entre si de acor- A DGEG divulga no balcão único eletrónico dos ser-
dos relativos à utilização de instalações de superfície viços referido no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 92/2010,
e de instalações de lixiviação de que dependam, nos de 26 de julho, e no seu sítio na Internet, mantendo
termos da lei ou do respetivo contrato de concessão, o periodicamente atualizada, a lista dos comercializado-
exercício de direitos ou o cumprimento de deveres de res de gás natural reconhecidos nos termos do presente
que são titulares. decreto-lei, com indicação do nome ou firma, domicílio
6 — Caso os operadores não cheguem a um entendi- profissional ou sede, telefone, fax, endereço eletrónico
mento relativamente às matérias constantes dos n.os 2, 3 e e data do respetivo registo.
6134 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 36.º-A lação, o modo de financiamento dos custos inerentes e


Reclamações e pedidos de clientes
de repercussão desses custos na tarifa de uso global do
sistema, devendo assegurar a interoperabilidade dos
1 — Sem prejuízo dos casos em que haja lugar à apli- sistemas de medida a implementar e ter em conta o
cação do regime previsto no Decreto-Lei n.º 156/2005, respeito das normas apropriadas e das boas práticas, bem
de 15 de setembro, alterado pelos Decretos-Leis como a importância do desenvolvimento do mercado
n.os 371/2007, de 6 de novembro, 118/2009, de 19 de interno do gás natural.
maio, e 317/2009, de 30 de outubro, os comercializa-
dores devem implementar procedimentos adequados Artigo 38.º-A
ao tratamento célere e harmonizado de reclamações
e pedidos de informações que lhe sejam apresentadas Informação centralizada aos consumidores
pelos clientes. 1 — A ERSE publica na plataforma centralizada a
2 — Os procedimentos previstos no número anterior que se refere a alínea a) do n.º 3 do artigo 6.º do Decreto-
devem permitir que as reclamações e pedidos apresenta- -Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, as seguintes in-
dos sejam decididos, de modo justo e rápido, de prefe- formações:
rência no prazo de três meses, prevendo um sistema de
reembolso e de indemnização por eventuais prejuízos. a) Direitos e deveres dos consumidores;
3 — Os requisitos a observar nos procedimentos b) Os preços de referência relativos aos fornecimen-
referidos nos números anteriores são definidos na re- tos aos clientes de baixa pressão de todos os comercia-
gulamentação da ERSE. lizadores;
4 — Os comercializadores devem apresentar à ERSE, c) Legislação em vigor;
anualmente, um relatório com a descrição das reclama- d) A identificação dos meios à disposição dos consu-
ções apresentadas, bem como o resultado das mesmas, midores para o tratamento de reclamações e resolução
nos termos constantes do Regulamento da Qualidade extrajudicial de litígios.
do Serviço.
5 — A ERSE publica na plataforma referida no ar- 2 — A plataforma referida no número anterior é ge-
tigo 38.º-A as conclusões dos relatórios apresentados rida e disponibilizada pela ERSE diretamente no seu
nos termos do número anterior, com a indicação do sítio na Internet.
número de reclamações recebidas e do comercializador
em causa. Artigo 38.º-B
Artigo 36.º-B Deveres dos consumidores
Resolução extrajudicial de conflitos Constituem deveres dos consumidores:
Sem prejuízo do recurso aos tribunais e às entida- a) Prestar as garantias a que estejam obrigados por lei;
des responsáveis pela defesa e promoção dos direitos b) Proceder aos pagamentos a que estiverem obri-
dos consumidores, os litígios de consumo podem ser gados;
sujeitos a arbitragem necessária, nos termos previstos c) Manter em condições de segurança as suas infra-
no artigo 15.º da Lei n.º 23/96, de 26 de julho, alterada estruturas e equipamentos, nos termos das disposições
pelas Leis n.os 12/2008, de 26 de fevereiro, 24/2008, legais aplicáveis, e evitar que as mesmas introduzam
de 2 de junho, 6/2011, de 10 de março, e 44/2011, de perturbações fora dos limites estabelecidos regulamen-
22 de junho. tarmente nas redes a que se encontram ligados;
d) Facultar todas as informações estritamente neces-
Artigo 36.º-C sárias ao fornecimento de gás natural.
Sistemas inteligentes
Artigo 39.º-A
1 — A implementação de sistemas destinados a medir
e gerir a informação relativa ao gás natural (sistemas Atividade do comercializador do SNGN
inteligentes) depende de:
1 — O comercializador do SNGN é a entidade titu-
a) Avaliação económica de longo prazo de todos os lar dos contratos de longo prazo em regime de take or
custos e benefícios para o mercado, designadamente pay celebrados em data anterior à entrada em vigor da
para operadores de rede e comercializadores e para o Diretiva n.º 2003/55/CE, do Parlamento e do Conselho,
consumidor individual; e de 26 de junho.
b) Estudo que determine qual o modelo de sistema 2 — O comercializador do SNGN fornece gás natural
inteligente economicamente mais racional e o prazo às seguintes entidades:
estimado para a sua instalação.
a) Comercializador de último recurso grossista, no
2 — Caso a avaliação económica prevista na alínea a) âmbito da atividade de compra e venda de gás natural
do número anterior seja positiva, o membro do Governo para fornecimento aos comercializadores de último re-
responsável pela área da energia aprova, mediante porta- curso retalhistas;
ria, um sistema inteligente, tendo em conta as obrigações b) Centros eletroprodutores com contrato de forne-
europeias e respetivos prazos de cumprimento. cimento outorgado em data anterior a 27 de julho de
3 — A portaria prevista no número anterior prevê, 2006;
nomeadamente, os requisitos técnicos e funcionais do c) Outras entidades, sem prejuízo do fornecimento
sistema inteligente, os respetivos calendários de insta- às entidades referidas nas alíneas anteriores.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6135

Artigo 39.º-B Artigo 47.º-A


Leilões de gás natural Avaliação de riscos

1 — Com o objetivo de facilitar a entrada de novos 1 — A DGEG é responsável pela avaliação integral
agentes no mercado de gás natural, o Regulamento das dos riscos que afetam a segurança do aprovisionamento
Relações Comerciais pode prever a realização pelo co- do SNGN, com a colaboração do operador da RNTGN,
mercializador do SNGN de leilões anuais de gás natural bem como pela sua atualização nos termos previstos no
para satisfação de consumos nacionais. número seguinte.
2 — O gás natural adquirido nos leilões destina-se 2 — A avaliação dos riscos é atualizada, pela primeira
a ser consumido em instalações situadas em território vez, no prazo de 18 meses após a aprovação dos planos
nacional, excluindo os centros eletroprodutores em re- preventivos de ação e dos planos de emergência referi-
gime ordinário. dos nos artigos 47.º-B e 48.º, e, subsequentemente, de
3 — Os termos e condições de realização dos leilões dois em dois anos, antes de 30 de setembro do ano em
são aprovados pela ERSE, na sequência de proposta causa, salvo se as circunstâncias exigirem atualizações
apresentada pelo comercializador do SNGN. mais frequentes.
3 — As atualizações da avaliação de riscos são en-
Artigo 43.º-A viadas à Comissão Europeia e devem ser consideradas
para efeitos de definição dos padrões de abastecimento
Transmissão, modificação e extinção das licenças
de comercialização de último recurso ao nível da produção e dos padrões de segurança para
planeamento das redes.
1 — A transmissão da licença de comercialização
de último recurso retalhista depende de autorização da Artigo 47.º-B
entidade emitente, desde que se mantenham os pressu-
Plano preventivo de ação
postos que determinaram a sua atribuição.
2 — Em caso de reestruturação societária, os co- 1 — A DGEG é ainda responsável por elaborar, nos
mercializadores de último recurso retalhistas devem termos e de acordo com os procedimentos previstos
requerer ao membro do Governo responsável pela área no Regulamento (UE) n.º 994/2010, do Parlamento
da energia a modificação das licenças de que sejam Europeu e do Conselho, de 20 de outubro, mediante
titulares, submetendo, para o efeito, o respetivo pro- proposta do operador da RNTGN, um plano preventivo
jeto de transformação societária à autorização prévia de ação, definindo as medidas necessárias tendo em vista
desse membro do Governo, a qual deve ser emitida ou a eliminação ou atenuação dos riscos identificados na
recusada no prazo de 30 dias após a sua solicitação, sob avaliação de riscos do aprovisionamento do SNGN a
pena de se considerar tacitamente deferida. que se refere o artigo anterior.
3 — As licenças de comercialização de último re- 2 — A DGEG apresenta ao membro do Governo
curso extinguem-se por caducidade ou por revogação. responsável pela área da energia o plano preventivo de
4 — A extinção da licença por caducidade ocorre em ação elaborado nos termos do número anterior.
caso de decurso do respetivo prazo, dissolução, insol- 3 — O plano preventivo de ação deve ser publicitado
vência ou cessação da atividade do seu titular. até 3 de dezembro de 2012 e atualizado de dois em
5 — A licença pode ser revogada quando o seu titular dois anos, salvo se as circunstâncias impuserem atua-
faltar ao cumprimento dos deveres relativos ao exercício lizações mais frequentes, devendo refletir a avaliação
da atividade, nomeadamente: de riscos mais recente.
a) Não cumprir, sem motivo justificado, as determi-
nações impostas pelas autoridades administrativas; Artigo 47.º-C
b) Violar reiteradamente o cumprimento das disposi- Relatório de monitorização da segurança de abastecimento
ções legais e as normas técnicas aplicáveis ao exercício
1 — A DGEG apresenta ao membro do Governo
da atividade licenciada;
responsável pela área da energia, até 15 de julho de cada
c) Não cumprir, reiteradamente, a obrigação de envio
ano, um RMSA, o qual deve incluir as medidas adotadas
da informação estabelecida na legislação e na regula-
e uma proposta de adoção das medidas adequadas a
mentação aplicáveis;
reforçar a segurança do abastecimento do SNGN.
d) Não começar a exercer a atividade no prazo de um
2 — O RMSA deve incluir igualmente os seguintes
ano após a emissão da licença, ou, tendo-a começado
elementos:
a exercer, a haja interrompido por igual período, sendo
esta inatividade confirmada pelo gestor técnico global a) O nível de utilização da capacidade de armazena-
do SNGN. mento e a avaliação da sua suficiência para garantir o
cumprimento das reservas de segurança;
Artigo 46.º-A b) O âmbito dos contratos de aprovisionamento de
gás a longo prazo celebrados por empresas estabeleci-
Integração da gestão de mercados organizados
das e registadas em território nacional e, em especial,
A gestão de mercados organizados integra-se no o prazo de duração remanescente desses contratos e o
âmbito do funcionamento dos mercados constituídos respetivo nível de liquidez;
ao abrigo de acordos internacionais celebrados entre o c) Quadros regulamentares destinados a incentivar de
Estado Português e outros Estados membros da União forma adequada novos investimentos nas infraestruturas
Europeia. de gás natural.
6136 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

3 — O RMSA deve ter em conta o relatório de moni- a construção, a exploração e a manutenção das redes de
torização da segurança do abastecimento do SEN. distribuição de gás natural cuja pressão de serviço:
4 — O RMSA é publicitado no sítio na Internet da
DGEG e enviado à Comissão Europeia e à ERSE até a) Seja superior a 4 bar e não exceda 20 bar (média
31 de julho de cada ano. pressão);
b) Seja igual ou inferior a 4 bar (baixa pressão).
Artigo 48.º-A
Artigo 62.º-B
Colaboração do gestor técnico global do sistema
Regulamento da Segurança de Abastecimento e Planeamento
O operador da RNTGN deve colaborar ativamente
com a DGEG na elaboração da avaliação de riscos de 1 — O Regulamento da Segurança de Abastecimento
abastecimento, do RMSA, do plano preventivo de ação e Planeamento define e concretiza a forma de cumpri-
e do plano de emergência previstos nos artigos 47.º-A, mento das obrigações do operador da RNT e da RNTGN
47.º-B, 47.º-C e 48.º, nos termos definidos no Regula- em matéria de segurança de abastecimento, planeamento
mento da Segurança de Abastecimento e Planeamento energético e planeamento das redes.
Energético. 2 — O Regulamento previsto no número anterior
define ainda o modo de estabelecimento dos padrões de
Artigo 50.º-A segurança de abastecimento ao nível da produção e dos
padrões de segurança para planeamento das redes.
Clientes protegidos e obrigações adicionais
1 — Os clientes protegidos a considerar para efei- Artigo 72.º-A
tos de constituição e manutenção de reservas de se- Derrogações relacionadas com falta de capacidade
gurança são todos os clientes domésticos já ligados a e necessidade de cumprimento
uma rede de distribuição de gás e os clientes previstos de obrigações de serviço público
na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Regulamento (UE) 1 — Os operadores das redes de transporte e de dis-
n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho, tribuição podem recusar, fundamentadamente, o acesso
de 20 de outubro. às respetivas redes por falta de capacidade ou no caso
2 — Como obrigação adicional, resultante da avalia- de esse acesso os impedir de cumprir as obrigações de
ção de riscos do aprovisionamento do SNGN, e tendo serviço público previstas no Decreto-Lei n.º 30/2006,
em consideração o disposto no n.º 2 do artigo 8.º do Re- de 15 de fevereiro, e no presente decreto-lei.
gulamento (UE) n.º 994/2010, do Parlamento Europeu 2 — Em caso de recusa de acesso à rede por falta
e do Conselho, de 20 de outubro, devem ser igualmente de capacidade ou falta de ligação, os operadores das
considerados para efeitos de constituição e manuten-
redes de transporte ou de distribuição devem efetuar
ção de reservas de segurança todos os consumos não
os melhoramentos necessários, na medida em que tal
interruptíveis dos centros eletroprodutores em regime
seja economicamente viável, e sempre que um potencial
ordinário.
cliente esteja interessado em pagar por isso.
Artigo 50.º-B
Artigo 75.º-A
Consumos interruptíveis dos centros eletroprodutores
em regime ordinário Reconhecimento mútuo

1 — Os comercializadores só podem deixar de as- 1 — Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 11.º
segurar a constituição e manutenção de reservas de se- do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, não pode
gurança necessárias a garantir os consumos dos centros haver duplicação entre as condições exigíveis para o
eletroprodutores em regime ordinário desde que estes cumprimento dos procedimentos de permissão adminis-
obtenham autorização da DGEG para celebrar contratos trativa para as atividades de receção, armazenamento,
de fornecimento de gás natural que permitam a inter- regaseificação, armazenamento subterrâneo, transporte,
rupção nas situações referidas no n.º 2 do artigo 52.º e distribuição, comercialização e operação de mercados
demonstrem estar contratualmente garantido o forneci- de gás natural reguladas no presente decreto-lei e os
mento de combustível alternativo ao gás natural. requisitos e os controlos equivalentes, ou comparáveis
2 — Quando solicitada a sua autorização para os efei- quanto à finalidade, a que o requerente já tenha sido
tos do disposto no número anterior, a DGEG deve obter submetido em Portugal ou noutro Estado membro da
o parecer prévio dos operadores da RNT e da RNTGN União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.
e decidir a pretensão no prazo de 30 dias. 2 — O disposto no número anterior não é aplicável
3 — No caso de resposta favorável ou de falta de ao cumprimento das condições diretamente referentes
resposta da DGEG no prazo referido no número anterior, às instalações físicas localizadas em território nacional,
os centros eletroprodutores devem informar o respetivo nem aos respetivos controlos por autoridade compe-
comercializador de gás natural de que cessa a sua obri- tente.
gação de constituir e manter reservas de segurança.
Artigo 75.º-B
Artigo 62.º-A Validade de permissões administrativas
Regulamento da RNDGN
Os registos de comercializador de gás natural, a
O regulamento da RNDGN estabelece as condições licença de comercializador de último recurso e a au-
técnicas e de segurança a que devem obedecer o projeto, torização de gestor de mercados organizados de gás
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6137

natural têm validade em todo o território de Portugal b) Previsões de curto, médio e longo prazos sobre a
continental. evolução da oferta de energia e o equilíbrio entre a procura
de gás natural e as respetivas infraestruturas de oferta;
Artigo 75.º-C c) Análise da utilização e a determinação das neces-
Desmaterialização de procedimentos
sidades prospetivas de oferta de capacidade das infra-
estruturas da RNTIAT;
1 — Todos os pedidos, comunicações e notificações d) Elementos relativos ao PDIRGN;
e, em geral, quaisquer declarações entre os interessa- e) Elementos relativos ao RMSA;
dos e as autoridades competentes nos procedimentos f) Elementos do âmbito da gestão técnica global
previstos no presente decreto-lei e respetiva legislação do SNGN necessários para a preparação da análise de
regulamentar relativos às atividades de receção, arma- risco e dos planos preventivos de ação e de emergência
zenamento, regaseificação, armazenamento subterrâneo, previstos na regulamentação sobre segurança do apro-
transporte, distribuição, comercialização, operação de visionamento.»
mercados de gás natural e operação logística de mu-
dança de comercializador de gás natural, excetuados Artigo 9.º
os procedimentos regulatórios e sancionatórios, devem
Aditamento de anexo ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho
ser efetuados através do balcão único eletrónico dos
serviços, a que se refere o artigo 6.º do Decreto-Lei É aditado ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho,
n.º 92/2010, de 26 de julho, ou da plataforma eletrónica alterado pelos Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de abril,
de contratação pública, acessível através daquele balcão, e 66/2010, de 11 de junho, o anexo V com a seguinte re-
conforme ao caso aplicáveis. dação:
2 — Quando, por motivos de indisponibilidade das
plataformas eletrónicas, não for possível o cumprimento «ANEXO V
do disposto no número anterior, pode ser utilizado qual-
quer outro meio legalmente admissível. [a que se refere a alínea b) do n.º 2 do artigo 34.º
do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho]
Artigo 75.º-D
Declaração de habilitação e não impedimento
Cooperação administrativa ao exercício da atividade
de comercialização de gás natural
As autoridades competentes nos termos do presente
decreto-lei participam na cooperação administrativa, 1 — ... (nome, número de documento de identifi-
no âmbito dos procedimentos relativos a prestadores cação e morada), na qualidade de representante legal
de serviços estabelecidos em outro Estado membro da de ... (firma, número de identificação de pessoa coletiva,
União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, sede ou estabelecimento principal no território nacional
nos termos do capítulo VI do Decreto-Lei n.º 92/2010, e código de acesso à certidão permanente de registo
de 26 de julho, nomeadamente através do Sistema de comercial), requerente do registo para a atividade de
Informação do Mercado Interno (IMI).» comercialização de gás natural, declara, sob compro-
misso de honra, que a sua representada:
Artigo 8.º a) Não se encontra em estado de insolvência, em
Aditamento às bases do anexo I ao Decreto-Lei fase de liquidação, dissolução ou cessação de atividade,
n.º 140/2006, de 26 de julho sujeito a qualquer meio preventivo de liquidação de
patrimónios ou em qualquer situação análoga, nem tem
É aditado às bases constantes do anexo I ao Decreto-Lei
o respetivo processo pendente;
n.º 140/2006, de 26 de julho, alterado pelos Decretos-Leis b) Tem a sua situação contributiva e fiscal regulari-
n.os 65/2008, de 9 de abril, e 66/2010, de 11 de junho, a zada perante a administração nacional;
base XXVII-A com a seguinte redação: c) Não desenvolve ou pretende desenvolver ativi-
dades no âmbito dos setores da eletricidade e do gás
«Base XXVII-A
natural em violação das regras aplicáveis de separação
Informações no âmbito da gestão técnica global do SNGN de atividades.
1 — A concessionária deve proceder à elaboração, re-
2 — O declarante tem pleno conhecimento de que
colha, tratamento e conservação de todas as informações
a prestação de falsas declarações implica a não obten-
e documentos relevantes para o exercício da atividade
ção do registo, ou a sua revogação se já obtido, sendo
de gestão técnica global do SNGN, em termos propor-
o mesmo responsável pelas indemnizações e sanções
cionais às exigências do cumprimento das suas funções,
pecuniárias aplicáveis, e pode determinar a aplicação
e deve proceder à sua gestão em termos transparentes,
da sanção acessória de privação do exercício do direito
não discriminatórios e de forma não abusiva.
de exercer a atividade de comercialização ou outra no
2 — As informações e documentos a que se refere
âmbito dos setores da eletricidade e gás natural, sem
o número anterior dizem respeito, designadamente, às
prejuízo da participação à entidade competente para
seguintes matérias:
efeitos de procedimento criminal.
a) Caracterização técnica e da operação do SNGN,
... (local), ... (data), ... (assinatura).
incluindo o acesso de terceiros às infraestruturas e a
qualidade de serviço; (Nome e qualidade.)»
6138 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 10.º alterado pelos Decretos-Leis n.os 65/2008, de 9 de abril, e


66/2010, de 11 de junho.
Campanhas de informação
3 — É revogada a Portaria n.º 929/2006, de 7 de se-
1 — Compete à DGEG promover a realização das cam- tembro.
panhas de informação e esclarecimento dos consumidores 4 — A revogação do capítulo XIII do Decreto-Lei
sobre o processo de extinção das tarifas reguladas e de n.º 140/2006, de 26 de julho, prevista no n.º 1, em parti-
transição dos contratos de venda de gás natural a clientes cular do artigo 66.º, relativo à modificação do contrato de
finais para o regime de mercado, bem como os mecanismos concessão do serviço público de importação, transporte e
de salvaguarda e de apoio dos clientes finais economica- fornecimento de gás natural da TRANSGÁS — Sociedade
mente vulneráveis. Portuguesa de Gás Natural, S. A., concretizada através da
2 — As campanhas de informação previstas no número Resolução do Conselho de Ministros n.º 109/2006, de 23
anterior são previamente aprovadas por despacho do mem- de agosto, que aprovou a minuta do contrato que regula a
bro do Governo responsável pela área da energia, tendo em referida modificação, não prejudica os direitos e garantias,
conta princípios de transparência, racionalidade económica bem como os deveres e obrigações cometidos às entidades
e orientação para os consumidores. nele referidas.
3 — As campanhas de informação previstas no n.º 1 têm 5 — A revogação do capítulo XIII do Decreto-Lei
início no prazo máximo de dois meses a contar da data de n.º 140/2006, de 26 de julho, prevista no n.º 1 não preju-
entrada em vigor do presente diploma e podem decorrer dica igualmente a vigência das bases das concessões, tal
como alteradas pelo presente diploma, que constituem os
até 31 de dezembro de 2015.
anexos I, II, III e IV do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de
4 — Os custos incorridos com as campanhas de infor-
julho, que dele fazem parte integrante.
mação referidas no n.º 1 são suportados pelo operador da
rede nacional de transporte de gás natural (RNTGN), sendo Artigo 13.º
os custos em cada ano repercutidos na tarifa de uso global
do sistema relativa ao ano seguinte, nos termos a definir Republicação
no Regulamento Tarifário, não podendo ser repercutidos 1 — É republicado, em anexo ao presente decreto-lei,
nas tarifas reguladas de comercialização. do qual faz parte integrante, o Decreto-Lei n.º 140/2006,
de 26 de julho, com a redação atual.
Artigo 11.º 2 — Para efeitos da republicação referida no número
Disposições finais e transitórias anterior, são atualizadas as designações dos serviços e
organismos.
1 — As licenças de comercialização concedidas nos
termos do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, na Artigo 14.º
redação anterior à entrada em vigor do presente diploma,
são automaticamente convertidas em registos e regem-se Entrada em vigor
pelo disposto no Decreto-Lei n.º 140/2012, de 26 de julho, O presente decreto-lei entra em vigor no prazo de 30 dias
na redação dada pelo presente diploma. após a sua publicação.
2 — As entidades titulares de licenças de comercia-
lização de último recurso já atribuídas à data da entrada Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 16 de
agosto de 2012. — Pedro Passos Coelho — Vítor Louçã
em vigor do presente decreto-lei mantêm as respetivas
Rabaça Gaspar — Paulo Sacadura Cabral Portas — Ál-
licenças. varo Santos Pereira.
3 — Aos procedimentos de atribuição de licenças de
comercialização já iniciados antes da entrada em vigor do Promulgado em 18 de outubro de 2012.
presente diploma aplica-se o regime em vigor na data de Publique-se.
apresentação do correspondente pedido, constituindo as de-
cisões finais de deferimento emitidas nesses procedimentos O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
registos para os efeitos do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 Referendado em 22 de outubro de 2012.
de julho, na redação dada pelo presente diploma.
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
Artigo 12.º
Norma revogatória ANEXO

1 — São revogados as alíneas f), s), t) e u) do artigo 3.º, (a que se refere o artigo 13.º)
o n.º 7 do artigo 7.º, a alínea i) do n.º 1 do artigo 8.º, as
alíneas b), c), e), h), i), j) e l) do artigo 15.º, o n.º 4 do Republicação do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho
artigo 25.º, as alíneas c), d) e e) do n.º 2 do artigo 34.º,
os n.os 8 e 9 do artigo 36.º, os n.os 2 e 3 e as alíneas c), d),
e), f) e g) do artigo 47.º, os n.os 9, 10 e 11 do artigo 49.º, CAPÍTULO I
os n.os 2 e 3 do artigo 61.º, o capítulo XIII, composto pelos Disposições gerais
artigos 64.º, 65.º, 66.º, 67.º, 68.º, 69.º, 70.º e 71.º, e os
artigos 73.º e 74.º do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de Artigo 1.º
julho, alterado pelos Decretos-Leis n.ºs 65/2008, de 9 de
Objeto
abril, e 66/2010, de 11 de junho.
2 — É revogada a alínea c) do n.º 1 da base VII, constante 1 — O presente decreto-lei estabelece os regimes
do anexo I ao Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho, jurídicos aplicáveis às atividades de transporte, de ar-
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6139

mazenamento subterrâneo de gás natural, de receção, Artigo 3.º


armazenamento e regaseificação de gás natural lique- Definições
feito (GNL) e de distribuição de gás natural, incluindo
as respetivas bases das concessões, bem como de co- Para os efeitos do presente decreto-lei, entende-se
mercialização de gás natural e de organização dos res- por:
petivos mercados. a) «Alta pressão (AP)» a pressão superior a 20 bar;
2 — O presente decreto-lei estabelece também as regras b) «Armazenamento» a atividade de constituição de
relativas à gestão técnica global do sistema nacional de reservas de gás natural em cavidades subterrâneas ou re-
gás natural (SNGN), ao planeamento da rede nacional de servatórios especialmente construídos para o efeito;
transporte, infraestruturas de armazenamento e terminais c) «Baixa pressão (BP)» a pressão inferior a 4 bar;
de GNL (RNTIAT), ao planeamento da rede nacional de d) «Cliente» o cliente grossista ou retalhista e o cliente
distribuição de gás natural (RNDGN), à segurança do final;
abastecimento e sua monitorização e à constituição e ma- e) «Cliente doméstico» o consumidor final que compra
nutenção de reservas de segurança. gás natural para uso doméstico, excluindo atividades co-
3 — Nas matérias que constituem o seu objeto, o pre- merciais ou profissionais;
sente decreto-lei procede à transposição, iniciada com f) (Revogada.)
o Decreto-Lei n.º 77/2011, de 20 de junho, que altera o g) «Cliente final» o cliente que compra gás natural para
Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, da Diretiva consumo próprio;
n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de h) «Cliente grossista» a pessoa singular ou coletiva
13 de junho, que estabelece regras comuns para o mercado distinta dos operadores das redes de transporte e dos ope-
interno do gás natural e que revoga a Diretiva n.º 2003/55/ radores das redes de distribuição que compra gás natural
CE, e dá execução ao Regulamento (CE) n.º 715/2009, do para efeitos de revenda;
Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de julho, rela- i) «Cliente retalhista» a pessoa singular ou coletiva que
tivo às condições de acesso às redes de transporte de gás compra gás natural não destinado a utilização própria,
natural e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1775/2005, que comercializa gás natural em infraestruturas de venda
bem como ao Regulamento (UE) n.º 994/2010, do Parla- a retalho, designadamente de venda automática, com ou
mento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro, relativo sem entrega ao domicílio dos clientes;
a medidas destinadas a garantir a segurança do aprovisio- j) «Comercialização» a compra e a venda de gás natural
namento de gás e que revoga a Diretiva n.º 2004/67/CE, a clientes, incluindo a revenda;
do Conselho. k) «Comercializador» a entidade registada para a comer-
4 — O presente decreto-lei incorpora, ainda, a disciplina cialização de gás natural cuja atividade consiste na compra
do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpôs a grosso e na venda a grosso e a retalho de gás natural;
para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2006/123/CE, l) «Comercializador de último recurso» a entidade ti-
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro, tular de licença de comercialização de gás natural sujeita
relativa ao mercado interno dos serviços. a obrigações de serviço público, nos termos do presente
decreto-lei;
Artigo 2.º m) «Conduta direta» um gasoduto de gás natural não
Âmbito de aplicação integrado na rede interligada;
n) «Consumidor» o cliente final de gás natural;
1 — O presente decreto-lei aplica-se a todo o territó- o) «Contrato de aprovisionamento de gás a longo prazo»
rio nacional, sem prejuízo do disposto no capítulo VII do um contrato de fornecimento de gás com uma duração
Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro. superior a 10 anos;
2 — As disposições do presente decreto-lei relativas ao p) «Derivado de gás» um dos instrumentos financeiros
acesso às redes de transporte e de distribuição e demais especificados nos pontos 5, 6 ou 7 da secção C do anexo I
infraestruturas do SNGN, bem como à comercialização, da Diretiva n.º 2004/39/CE, do Parlamento Europeu e
são aplicáveis ao biogás e ao gás proveniente da biomassa, do Conselho, de 21 de abril, relativa aos mercados de
ou a outros tipos de gás, na medida em que esses gases instrumentos financeiros, sempre que esteja relacionado
possam ser, do ponto de vista técnico, de qualidade e da com o gás natural;
segurança, injetados e transportados nas redes de gás q) «Distribuição» a veiculação de gás natural em redes
natural. de distribuição de alta, média e baixa pressões, para entrega
3 — A definição dos requisitos técnicos, de qualidade e ao cliente, excluindo a comercialização;
de segurança do biogás, do gás proveniente da biomassa e r) «Distribuição privativa» a veiculação de gás natural
de outros tipos de gás bem como os procedimentos aplicá- em rede alimentada por ramal ou por UAG destinada ao
veis ao licenciamento das instalações de tratamento destes abastecimento de um consumidor;
gases em estado bruto e à sua injeção nas infraestruturas s) (Revogada.)
do SNGN são aprovados por portaria dos membros do t) (Revogada.)
Governo responsáveis pelas áreas da energia e do ambiente, u) (Revogada.)
ouvida a ERSE e o operador da RNTGN. v) «GNL» o gás natural na forma liquefeita;
4 — O regime de aquisição do biogás, do gás prove- w) «Interligação» uma conduta de transporte que atra-
niente da biomassa e dos outros tipos de gás é definido vessa ou transpõe uma fronteira entre Estados membros
por portaria do membro do Governo responsável pela vizinhos com a única finalidade de interligar as respetivas
área da energia, ouvida a ERSE, a Agência Portuguesa do redes de transporte;
Ambiente e o operador da RNTGN, no âmbito das suas x) «Média pressão (MP)» a pressão entre 4 bar e
atribuições. 20 bar;
6140 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

y) «Mercados organizados» os sistemas com diferentes nn) «Reservas de segurança» as quantidades armazena-
modalidades de contratação que possibilitam o encontro das com o fim de serem libertadas para consumo, quando
entre a oferta e a procura de gás natural e de instrumentos expressamente determinado pelo membro do Governo
cujo ativo subjacente seja gás natural ou ativo equiva- responsável pela área da energia, para fazer face a situações
lente; de perturbação do abastecimento;
z) «Operador de armazenamento subterrâneo» a entidade oo) «Rutura importante no aprovisionamento» uma
que exerce a atividade de armazenamento subterrâneo de situação em que a União Europeia corra o risco de perder
gás natural e é responsável, num conjunto específico de mais de 20 % do seu aprovisionamento de gás fornecido
instalações, pela exploração e manutenção das capacidades por países terceiros e a situação a nível da União Europeia
de armazenamento e respetivas infraestruturas; não possa ser adequadamente resolvida através de medidas
aa) «Operador de rede de distribuição» a entidade res- nacionais;
ponsável, numa área específica, pelo desenvolvimento, pp) «Serviços (auxiliares) de sistema» todos os serviços
exploração e manutenção da rede de distribuição e, quando necessários para o acesso e a exploração de uma rede de
aplicável, das suas interligações com outras redes, bem transporte e de distribuição de uma instalação de GNL e
como por assegurar a garantia de capacidade da rede a de uma instalação de armazenamento, mas excluindo os
longo prazo para atender pedidos razoáveis de distribuição meios exclusivamente reservados aos operadores da rede
de gás natural; de transporte, no exercício das suas funções;
bb) «Operador da rede de transporte» a entidade res- qq) «Sistema» o conjunto de redes e de infraestruturas
ponsável, numa área específica, pelo desenvolvimento, de receção e de entrega de gás natural, ligadas entre si e
exploração e manutenção da rede de transporte e, quando localizadas em Portugal, e de interligações a sistemas de
aplicável, das suas interligações com outras redes, bem gás natural vizinhos;
como por assegurar a garantia de capacidade da rede a rr) «Sistema nacional de gás natural (SNGN)» o con-
longo prazo para atender pedidos razoáveis de transporte junto de princípios, organizações, agentes e infraestruturas
de gás natural; relacionados com as atividades abrangidas pelo presente
cc) «Operador de terminal de GNL» a entidade que decreto-lei no território nacional;
exerce a atividade de receção, armazenamento e regasei- ss) «Sistemas inteligentes» os sistemas destinados à
ficação de GNL e é responsável, num terminal de GNL, medição e gestão da informação relativa ao gás natural que
pela exploração e manutenção das capacidades de receção, favoreçam a participação ativa do consumidor no mercado
armazenamento e regaseificação e respetivas infraestru- de fornecimento de gás natural;
turas;
tt) «Terminal de GNL» o conjunto das infraestruturas
dd) «Plano de emergência» o instrumento aprovado
ligadas diretamente à rede de transporte destinadas à re-
em execução do Regulamento (UE) n.º 994/2010, do
ceção e expedição de navios metaneiros, armazenamento,
Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro,
de harmonia com os termos, procedimentos e objetivos tratamento e regaseificação de GNL e à sua posterior emis-
previstos nesse Regulamento e no artigo 48.º do presente são para a rede de transporte, bem como o carregamento
decreto-lei; de GNL em camiões-cisterna;
ee) «Polos de consumo» as zonas do território nacional uu) «Transporte» a veiculação de gás natural numa
não abrangidas pelas concessões de distribuição regional rede interligada de alta pressão para efeitos de receção
como tal reconhecidas pelo membro do Governo respon- e entrega a distribuidores, comercializadores ou grandes
sável pela área da energia, para efeitos de distribuição de clientes finais;
gás natural sob licença; vv) «UAG» a instalação autónoma de receção, armaze-
ff) «Postos de enchimento» as instalações destinadas ao namento e regaseificação de GNL para emissão em rede
abastecimento de veículos movidos por motores alimen- de distribuição ou diretamente ao cliente final;
tados por gás natural; ww) «Utilizador da rede» a pessoa singular ou cole-
gg) «Receção» o recebimento de GNL para armazena- tiva que entrega gás natural na rede ou que é abastecida
mento, tratamento e regaseificação em terminais; através dela.
hh) «Rede de distribuição regional» uma parte da rede
nacional de distribuição de gás natural (RNDGN) afeta a Artigo 4.º
uma concessionária de distribuição de gás natural; Princípios gerais
ii) «Rede interligada» um conjunto de redes ligadas
entre si; 1 — O exercício das atividades abrangidas pelo presente
jj) «Rede nacional de distribuição de gás natural decreto-lei obedece a princípios de racionalidade e eficá-
(RNDGN)» o conjunto das infraestruturas de serviço pú- cia dos meios a utilizar, contribuindo para a progressiva
blico destinadas à distribuição de gás natural; melhoria da competitividade e eficiência do SNGN e para
kk) «Rede nacional de transporte de gás natural a realização do mercado interno da energia, num quadro
(RNTGN)» o conjunto das infraestruturas de serviço pú- de utilização racional dos recursos, de proteção dos con-
blico destinadas ao transporte de gás natural; sumidores e de minimização dos impactes ambientais, no
ll) «Rede nacional de transporte, infraestruturas de arma- respeito pelas disposições legais aplicáveis.
zenamento e terminais de GNL (RNTIAT)» o conjunto das 2 — O exercício das atividades previstas no presente
infraestruturas de serviço público destinadas à receção e ao decreto-lei processa-se com observância dos princípios da
transporte em gasoduto, ao armazenamento subterrâneo e concorrência, sem prejuízo do cumprimento das obrigações
à receção, ao armazenamento e à regaseificação de GNL; de serviço público.
mm) «Rede pública de gás natural (RPGN)» o conjunto 3 — O exercício das atividades abrangidas pelo presente
que abrange as infraestruturas que constituem a RNTIAT decreto-lei depende da atribuição de concessões de serviço
e as que constituem a RNDGN; público, de licenças ou de registo.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6141

4 — Sem prejuízo das competências atribuídas a ou- legislação e regulamentos em vigor, mediante autorização
tras entidades administrativas, designadamente à Direção- prévia da DGEG e desde que tenham sido incorridos de
-Geral de Energia e Geologia (DGEG), à Autoridade da forma justificada e eficiente.
Concorrência e à Comissão do Mercado de Valores Mo-
biliários, no domínio específico das suas atribuições, as Artigo 6.º
atividades de transporte de gás natural, de armazenamento
subterrâneo de gás natural, de receção, armazenamento Seguro de responsabilidade civil
e regaseificação em terminais de GNL, de distribuição e 1 — Para garantir o cumprimento das suas obrigações,
de comercialização de gás natural, de gestão de merca- as entidades concessionárias e licenciadas, nos termos do
dos organizados e de operação logística de mudança de presente decreto-lei, devem celebrar um seguro de res-
comercializador estão sujeitas a regulação pela Entidade ponsabilidade civil em ordem a assegurar a cobertura de
Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), nos termos eventuais danos materiais e corporais sofridos por terceiros
previstos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, e resultantes do exercício das respetivas atividades.
no presente decreto-lei, nos estatutos da ERSE, aprova- 2 — O montante do seguro mencionado no número
dos pelo Decreto-Lei n.º 97/2002, de 12 de abril, alterado
anterior tem um valor mínimo obrigatório a estabelecer e
pelo Decreto-Lei n.º 200/2002, de 25 de setembro, e pelo
Decreto-Lei n.º 212/2012, 25 de setembro, e demais le- a atualizar nos termos a definir por portaria do membro
gislação aplicável. do Governo responsável pela área da energia, ouvido o
Instituto de Seguros de Portugal.
3 — O Instituto de Seguros de Portugal define, em
CAPÍTULO II norma regulamentar, o regime do seguro de responsabili-
dade civil referido no n.º 1.
Regime de exercício das atividades da RNTIAT
e RNDGN
Artigo 7.º
Artigo 5.º Regime de atribuição das concessões
Regime de exercício 1 — Compete ao Conselho de Ministros, sob proposta
1 — As atividades de transporte de gás natural, de ar- do membro do Governo responsável pela área da energia,
mazenamento subterrâneo de gás natural e de receção, aprovar, por resolução, a atribuição de cada uma das con-
armazenamento e regaseificação de GNL em terminais cessões referidas no artigo 5.º
de GNL são exercidas em regime de concessão de serviço 2 — As concessões são atribuídas mediante contratos
público. de concessão, nos quais outorga o membro do Governo
2 — As atividades referidas no número anterior inte- responsável pela área da energia, em representação do
gram, no seu conjunto, a exploração da RNTIAT. Estado, na sequência de realização de concurso público
3 — A atividade de distribuição de gás natural é exercida ou de concurso limitado por prévia qualificação, salvo se,
mediante a atribuição de concessão de serviço público ou de acordo com os princípios e regras gerais da contratação
de licença em regime de serviço público para a exploração pública, estiverem reunidas condições para o recurso a
das redes de distribuição que, no seu conjunto, constituem outro procedimento adjudicatório.
a RNDGN. 3 — O alargamento das áreas geográficas respeitantes
4 — A exploração da RNTIAT e da RNDGN compre- a concessões da RNDGN já em exploração é igualmente
ende as seguintes concessões e licenças: aprovado por resolução do Conselho de Ministros, sob
a) Concessão da RNTGN; proposta do membro do Governo responsável pela área
b) Concessões de armazenamento subterrâneo de gás da energia, mediante pedido da respetiva concessionária
natural em regime de acesso regulado e em regime de e após serem ouvidas as concessionárias das áreas de con-
acesso negociado de terceiros; cessão confinantes com aquela para que seja pretendida a
c) Concessões de receção, armazenamento e regasei- extensão da concessão.
ficação de GNL; 4 — Os pedidos de criação de novas concessões de
d) Concessões e licenças da RNDGN. armazenamento subterrâneo, de receção, armazenamento e
regaseificação de GNL ou de distribuição regional devem
5 — As concessões referidas no número anterior regem- ser dirigidos ao membro do Governo responsável pela área
-se pelo disposto no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de da energia e ser acompanhados dos elementos e dos estudos
fevereiro, no presente decreto-lei, nas respetivas bases de justificativos da sua viabilidade económica e financeira.
concessão, na legislação e regulamentação aplicáveis e 5 — Os procedimentos de atribuição de novas conces-
nos respetivos contratos de concessão. sões iniciados após a apresentação dos pedidos referidos
6 — A concessão da RNTGN é exercida em regime no número anterior observam o disposto no artigo seguinte.
de exclusivo em todo o território continental, sendo as 6 — Sem prejuízo de outros requisitos que venham a
concessões de distribuição regional e as licenças de distri- ser fixados no âmbito dos procedimentos de atribuição
buição local exercidas em regime de exclusivo nas áreas das concessões, só podem ser concessionárias das con-
concessionadas ou polos de consumo licenciados, respe- cessões que integram a RNTIAT e a RNDGN as pessoas
tivamente. coletivas que:
7 — Os custos incorridos pelas entidades titulares das
concessões e licenças referidas nos números anteriores a) Sejam sociedades anónimas com sede e direção efe-
em atividades de apoio à supervisão, acompanhamento e tiva em Portugal;
fiscalização das suas obrigações apenas podem ser reper- b) Tenham como objeto social principal o exercício das
cutidos na tarifa de uso global do sistema, nos termos da atividades integradas no objeto da respetiva concessão;
6142 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

c) Demonstrem possuir capacidade técnica para a cons- inerentes, uma retribuição por aplicação de tarifas e preços
trução, gestão e manutenção das respetivas infraestruturas regulados definidos no regulamento tarifário, ou, no caso
e instalações; das concessionárias de armazenamento subterrâneo em
d) Demonstrem possuir capacidade económica e finan- regime de acesso negociado de terceiros, uma retribuição
ceira compatível com as exigências, e inerentes responsa- resultante do preço negociado livremente e de boa-fé entre
bilidades, das atividades a concessionar. a concessionária e o utilizador;
e) Exigir aos utilizadores que as instalações a ligar às
7 — (Revogado.) infraestruturas concessionadas cumpram os requisitos
técnicos, de segurança e de controlo que não ponham em
Artigo 7.º-A causa a fiabilidade e eficácia do sistema;
Procedimento na sequência de pedido do interessado f) Exigir dos utilizadores que introduzam gás no sistema
que o gás natural introduzido nas instalações concessio-
1 — Na sequência da apreciação dos pedidos referidos nadas cumpra ou permita que sejam cumpridas as especi-
no n.º 4 do artigo anterior, e desde que os mesmos não ficações de qualidade estabelecidas;
sejam liminarmente indeferidos por razões de desconformi- g) Exigir aos utilizadores com direito de acesso às in-
dade jurídica ou de inoportunidade ou inconveniência para fraestruturas concessionadas que informem sobre o seu
o interesse público, a DGEG procede à sua publicitação, plano de utilização e qualquer circunstância que possa fazer
através de avisos, na 2.ª série do Diário da República e no variar substancialmente o plano comunicado;
Jornal Oficial da União Europeia, bem como no respetivo h) Aceder aos equipamentos de medição de quantidade
sítio na Internet. e qualidade do gás introduzido nas suas instalações e ace-
2 — Durante o prazo de dois meses após a publicita- der aos equipamentos de medição de gás destinados aos
ção referida no número anterior, podem ser dirigidos ao utilizadores ligados às suas instalações;
membro do Governo responsável pela área da energia
i) (Revogada.)
outros pedidos com objeto semelhante, caso em que se
j) No caso das concessionárias de armazenamento sub-
deve proceder à abertura de um concurso público ou de
um concurso limitado por prévia qualificação entre os terrâneo de gás natural em regime de acesso negociado de
requerentes. terceiros, negociar livremente e de boa-fé as condições,
3 — Quando, após a publicação dos avisos a que se prazos e preços de acesso às suas infraestruturas;
refere o n.º 1, não se justifique a abertura de um procedi- k) Todos os que lhes forem conferidos por disposição
mento concursal, em virtude de não terem sido apresen- legal ou regulamentar referente às condições de exploração
tados outros pedidos concorrentes, cabe à DGEG promo- das concessões.
ver a instrução do procedimento e submeter o pedido de
atribuição da concessão ao requerente único a decisão do 2 — Constituem obrigações de serviço público das
membro do Governo responsável pela área da energia. concessionárias:
4 — Os termos estabelecidos no presente artigo devem a) A segurança, regularidade e qualidade do abasteci-
ser objeto de regulamentação por portaria do membro do mento;
Governo responsável pela área da energia. b) A garantia de acesso dos utilizadores, de forma não
5 — O disposto no presente artigo não é aplicável à atri- discriminatória e transparente, às infraestruturas e serviços
buição de novas concessões de armazenamento subterrâneo concessionados, nos termos previstos na regulamentação
na sequência da apresentação de pedidos de autorização de aplicável e nos contratos de concessão;
trabalhos de pesquisa geológica, de acordo com o Regu- c) A garantia de ligação dos clientes às redes nos termos
lamento de Armazenamento Subterrâneo, a qual observa previstos nos contratos de concessão ou nos títulos das
os termos e procedimentos definidos na portaria referida
licenças e na regulamentação da ERSE;
no número anterior.
d) A proteção dos utilizadores, designadamente quanto
a tarifas e preços;
Artigo 8.º
e) A promoção da eficiência energética e da utilização
Direitos e obrigações das concessionárias racional dos recursos, a proteção do ambiente e a contri-
1 — São direitos das concessionárias, nomeadamente, buição para o desenvolvimento equilibrado do território;
os seguintes: f) A segurança das infraestruturas e instalações con-
cessionadas.
a) Explorar as concessões nos termos dos respetivos
contratos de concessão, legislação e regulamentação apli- 3 — Constituem obrigações gerais das concessioná-
cáveis; rias:
b) Constituir servidões e solicitar a expropriação por
utilidade pública e urgente dos bens imóveis, ou direi- a) Cumprir a legislação e a regulamentação aplicáveis
tos a eles relativos, necessários ao estabelecimento das ao setor do gás natural e, bem assim, as obrigações emer-
infraestruturas e instalações integrantes das concessões, gentes dos contratos de concessões;
nos termos da legislação aplicável; b) Proceder à inspeção periódica, à manutenção e a todas
c) Utilizar, nas condições definidas pela legislação apli- as reparações necessárias ao bom e permanente funciona-
cável, os bens do domínio público ou privado do Estado e mento, em perfeitas condições de segurança, das infraes-
de outras pessoas coletivas públicas para o estabelecimento truturas e instalações pelas quais sejam responsáveis;
ou passagem das infraestruturas ou instalações integrantes c) Permitir e facilitar a fiscalização pelo concedente,
das concessões; designadamente através da DGEG, facultando-lhe todas
d) Receber dos utilizadores das respetivas infraestru- as informações obrigatórias ou adicionais solicitadas para
turas, pela utilização destas e pela prestação dos serviços o efeito;
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6143

d) Prestar todas as informações que lhe sejam exigidas 6 — A ligação das infraestruturas de armazenamento
pela ERSE, no âmbito das respetivas atribuições e com- subterrâneo, de terminais de GNL e de redes de distribui-
petência; ção à RNTGN deve ser efetuada em condições técnica e
e) Pagar as indemnizações devidas pela constituição economicamente adequadas, nos termos estabelecidos na
de servidões e expropriações, nos termos legalmente pre- lei e nos regulamentos aplicáveis.
vistos;
f) Constituir o seguro de responsabilidade civil referido Artigo 12.º
no n.º 1 do artigo 6.º Planeamento da RNTIAT

Artigo 9.º 1 — O planeamento da RNTIAT deve assegurar a


existência de capacidade das infraestruturas, o desenvol-
Prazo das concessões vimento adequado e eficiente da rede e a segurança do
1 — O prazo das concessões é determinado pelo conce- abastecimento, e deve ter em conta as disposições e os
dente, em cada contrato de concessão, e não pode exceder objetivos previstos no Regulamento (CE) n.º 715/2009,
40 anos contados a partir da respetiva data de celebra- do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de julho,
ção. nomeadamente quanto ao plano decenal não vinculativo de
2 — Os contratos podem prever a renovação do prazo desenvolvimento da rede à escala comunitária, no âmbito
da concessão por uma única vez se o interesse público do mercado interno do gás natural.
assim o justificar e as concessionárias tiverem cumprido 2 — O operador da RNTGN deve elaborar, nos anos
as obrigações legais e contratuais. ímpares, um plano decenal indicativo de desenvolvimento
e investimento da RNTIAT (PDIRGN).
3 — No caso de a entidade concessionária da RNTGN
Artigo 10.º
se certificar como operador de transporte independente
Oneração ou transmissão dos bens que integram as concessões (OTI), nos termos da subsecção II da secção II do capítulo II
e transferência dos bens no termo das concessões do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, o PDIRGN
1 — Sob pena de nulidade dos respetivos atos ou contra- é elaborado anualmente.
tos, as concessionárias não podem onerar ou transmitir os 4 — O PDIRGN deve ter em consideração os seguintes
bens que integram as concessões sem prévia autorização do elementos:
concedente, nos termos estabelecidos nas respetivas bases a) O relatório anual de monitorização da segurança do
das concessões anexas ao presente decreto-lei. abastecimento mais recente;
2 — No respetivo termo, os bens que integram as con- b) Caracterização da RNTIAT elaborada pelo operador da
cessões transferem-se para o Estado, de acordo com o que RNTGN, em conformidade com os objetivos e requisitos de
seja estabelecido na lei e definido nos respetivos contratos transparência previstos no Regulamento (CE) n.º 715/2009,
de concessão. do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de julho, que
deve conter a informação técnica necessária ao conheci-
mento da situação das redes e restantes infraestruturas, de-
CAPÍTULO III signadamente das capacidades nos vários pontos relevantes
Composição e planeamento da RNTIAT e da RNDGN da rede, da capacidade de armazenamento subterrâneo e
e gestão técnica global do SNGN dos terminais de GNL e do respetivo grau de utilização;
c) Planos quinquenais de desenvolvimento e investi-
mento das redes de distribuição (PDIRD) elaborados, no
Artigo 11.º
ano par anterior, pelos operadores da RNDGN, nos termos
Composição da RNTIAT e da RNDGN dos artigos 12.º-B e 12.º-C.
1 — A RNTIAT compreende a rede de transporte de gás
5 — O PDIRGN deve observar, para além de critérios
natural em alta pressão, as infraestruturas para a respetiva
de racionalidade económica, as orientações de política
operação, incluindo as estações de redução de pressão e energética, designadamente o que se encontrar definido
medida de 1.ª classe e respetiva ligação ao cliente final, relativamente à capacidade e tipo das infraestruturas de
as infraestruturas de armazenamento subterrâneo de gás entrada de gás natural no sistema, as perspetivas de desen-
natural e os terminais de GNL, bem como as respetivas volvimento dos setores de maior e mais intenso consumo,
infraestruturas de ligação à rede de transporte. as conclusões e recomendações contidas nos relatórios
2 — A RNDGN compreende as redes regionais de distri- anuais de monitorização da segurança do abastecimento,
buição de gás natural em média e baixa pressão, a jusante os padrões de segurança para planeamento das redes e as
das estações de redução de pressão e medida de 1.ª classe, exigências técnicas e regulamentares, a par das exigências
e todas as demais infraestruturas necessárias à respetiva de utilização eficiente das infraestruturas e de sua susten-
operação e de ligação a outras redes ou a clientes finais. tabilidade económico-financeira a prazo.
3 — As infraestruturas que integram a RNTIAT e a 6 — A elaboração do PDIRGN, no que diz respeito
RNDGN são consideradas, para todos os efeitos, de uti- às interligações internacionais, deve ser feita em estreita
lidade pública. cooperação com os operadores de rede respetivos.
4 — O projeto, licenciamento, construção e modificação
das infraestruturas que integram a RNTIAT e a RNDGN Artigo 12.º-A
são objeto de legislação específica.
Procedimento de elaboração do PDIRGN
5 — Os bens que integram cada uma das concessões
da RNTIAT e da RNDGN devem ser identificados nos 1 — A proposta de PDIRGN deve ser apresentada pelo
respetivos contratos. operador da RNTGN à DGEG até ao final do 1.º trimestre
6144 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

de cada ano ímpar ou, no caso previsto no n.º 3 do artigo 2 — Os operadores da RNDGN devem elaborar, nos
anterior, até ao final do 1.º trimestre de cada ano. anos pares, um PDIRD.
2 — Recebida a proposta de PDIRGN, a DGEG pro- 3 — Os PDIRD devem basear-se na caracterização
cede à sua apreciação, tendo em conta as necessidades de técnica das redes e na oferta e procura, atuais e previstas,
investimento para assegurar níveis adequados de segurança aferidas com base na análise do mercado, devem estar
do abastecimento energético e o cumprimento de outras coordenados com o PDIRGN e ter em conta o objetivo
metas de política energética, determinando, se necessário, de facilitar o desenvolvimento de medidas de gestão da
a introdução de alterações à proposta de PDIRGN. procura.
3 — No prazo de 30 dias após a receção da proposta de
PDIRGN, a DGEG notifica a sua apreciação ao operador Artigo 12.º-C
da RNTGN, o qual, no caso de serem determinadas alte-
Procedimento de elaboração dos PDIRD
rações, dispõe do prazo de 30 dias para enviar à DGEG
uma proposta de PDIRGN que contemple as referidas 1 — Os operadores da RNDGN devem apresentar a
alterações. respetiva proposta de PDIRD à DGEG até ao final de abril
4 — A DGEG comunica a proposta de PDIRGN à de cada ano par.
ERSE, a qual deve promover a respetiva consulta pública 2 — Recebidas as propostas de PDIRD, a DGEG pro-
pelo prazo de 30 dias. cede à sua apreciação, tendo em conta as necessidades de
5 — Findo o período de consulta pública, a ERSE emite investimento para assegurar níveis adequados de segurança
parecer sobre a proposta de PDIRGN no prazo de 30 dias, do abastecimento energético e o cumprimento de outras
enviando o respetivo parecer, nesse mesmo prazo, ao ope- metas de política energética, determinando, se necessário,
rador da RNTGN, com conhecimento da DGEG. a introdução de alterações às referidas propostas.
6 — No parecer referido no número anterior, a ERSE 3 — No prazo de 30 dias após a receção das propostas
pode determinar alterações à proposta de PDIRGN, tendo de PDIRD, a DGEG notifica a sua apreciação aos opera-
em vista, designadamente, assegurar a adequada cobertura dores da RNDGN, os quais, no caso da determinação de
das necessidades de investimento identificadas no processo eventuais alterações, dispõem do prazo de 30 dias para
de consulta pública e a promoção da concorrência, bem enviar à DGEG propostas de PDIRD que contemplem as
como a coerência do PDIRGN com o plano de desenvol- referidas alterações.
vimento da rede à escala da União, conforme previsto 4 — A DGEG comunica as propostas de PDIRD ao
na alínea b) do n.º 3 do artigo 8.º do Regulamento (CE) operador da RNTGN para emissão de parecer no prazo
n.º 715/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de 60 dias.
de julho, consultando, a este respeito e em caso de dúvidas, 5 — A DGEG comunica ainda as referidas propostas à
a Agência de Cooperação dos Reguladores da Energia. ERSE, a qual deve promover a respetiva consulta pública
7 — No prazo de 30 dias após a receção do parecer da pelo prazo de 30 dias.
ERSE, o operador da RNTGN elabora a proposta final do 6 — Findo o período de consulta pública, a ERSE
PDIRGN e envia-a à DGEG. emite parecer sobre as propostas de PDIRD no prazo de
8 — No prazo de 30 dias após a receção da proposta 30 dias, enviando-o, nesse mesmo prazo, aos operadores
final do PDIRGN, a DGEG envia-a para aprovação do da RNDGN, com conhecimento da DGEG.
membro do Governo responsável pela área da energia, 7 — No parecer referido no número anterior, a ERSE
acompanhada do parecer da ERSE e dos resultados da pode determinar alterações às propostas de PDIRD, tendo
consulta pública. em vista, designadamente, assegurar a adequada cobertura
9 — O membro do Governo responsável pela área da das necessidades de investimento identificadas no processo
energia decide sobre a aprovação do PDIRGN no prazo de de consulta pública e a promoção da concorrência.
30 dias a contar da data da receção da sua proposta final. 8 — Com base nos pareceres emitidos pela ERSE e pelo
10 — O membro do Governo responsável pela área da operador da RNTGN, os operadores da RNDGN elaboram
energia pode, fundamentadamente, recusar a aprovação do a proposta final do respetivo PDIRD, enviando-a à DGEG
PDIRGN no caso de a respetiva proposta final não contem- no prazo de 30 dias após a emissão dos correspondentes
plar as alterações determinadas pela DGEG ou no parecer pareceres da ERSE e do operador da RNTGN.
da ERSE ou de não prever investimentos necessários ao 9 — No prazo de 30 dias após a receção da proposta
cumprimento dos objetivos de política energética. final dos PDIRD, a DGEG envia-a para aprovação do
11 — Cabe à ERSE acompanhar e fiscalizar a calen- membro do Governo responsável pela área da energia,
darização, orçamentação e execução dos projetos de in- acompanhada dos pareceres da ERSE e do operador da
vestimento na RNTIAT previstos no PDIRGN, que ficam RNTGN, bem como dos resultados da consulta pública.
sujeitos ao seu parecer vinculativo, no âmbito das suas 10 — O membro do Governo responsável pela área da
atribuições, não podendo este parecer versar sobre questões energia decide sobre a aprovação dos PDIRD no prazo de
estratégicas de desenvolvimento da rede ou relacionadas 30 dias a contar da data da receção da sua proposta final.
com a segurança do abastecimento. 11 — O membro do Governo responsável pela área
da energia pode, fundamentadamente, recusar a aprova-
Artigo 12.º-B ção dos PDIRD no caso de a respetiva proposta final não
contemplar as alterações determinadas pela DGEG ou
Planeamento da RNDGN
nos pareceres da ERSE ou do operador da RNTGN ou de
1 — O planeamento da RNDGN deve ser efetuado de não prever investimentos necessários ao cumprimento dos
forma a assegurar a existência de capacidade nas redes para objetivos de política energética.
a receção e entrega de gás natural, com níveis adequados 12 — Cabe à ERSE acompanhar e fiscalizar a calen-
de qualidade de serviço e de segurança, no âmbito do darização, orçamentação e execução dos projetos de in-
mercado interno de gás natural. vestimento na RNDGN previstos nos PDIRD, que ficam
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6145

sujeitos ao seu parecer vinculativo, no âmbito das suas d) Receber adequada retribuição pelos serviços presta-
atribuições, não podendo este parecer versar sobre questões dos de forma eficiente.
estratégicas de desenvolvimento da rede ou relacionadas
com a segurança do abastecimento. 5 — São obrigações do operador da RNTGN no âmbito
da gestão técnica global do SNGN, nomeadamente:
Artigo 13.º
a) Atuar nas suas relações com os operadores e utili-
Gestão técnica global do SNGN zadores do SNGN de forma transparente e não discrimi-
natória;
1 — Compete ao operador da RNTGN a gestão técnica
b) Informar sobre a viabilidade de acesso solicitado por
global do SNGN.
terceiros às infraestruturas da RNTIAT;
2 — A gestão técnica global do SNGN é exercida com
c) Informar a DGEG, a ERSE e os operadores do SNGN,
independência, de forma transparente e não discriminató-
com periodicidade trimestral, sobre a capacidade dispo-
ria, e consiste na coordenação sistémica das infraestrutu- nível da RNTIAT e, em particular, dos pontos de acesso
ras que constituem o SNGN, de modo a assegurar o seu ao sistema e sobre o quantitativo das reservas a constituir;
funcionamento integrado e harmonizado, bem como a d) Monitorizar e reportar à ERSE a efetiva utilização das
segurança e continuidade do abastecimento de gás natural infraestruturas da RNTIAT, com o objetivo de identificar
nos curto, médio e longo prazos, mediante o exercício das a constituição abusiva de reservas de capacidade;
seguintes funções: e) Assegurar o planeamento da RNTIAT e garantir a
a) Gestão técnica do sistema, que integra a programação expansão e gestão técnica da RNTGN, para permitir o
e monitorização permanente do equilíbrio entre a oferta e acesso de terceiros, de forma não discriminatória e trans-
a procura global de gás natural, o seguimento da utiliza- parente, e gerir de modo eficiente as infraestruturas e meios
ção da capacidade oferecida e a realização dos serviços técnicos disponíveis;
de sistema necessários à operacionalização do acesso de f) Desenvolver protocolos de comunicação com os
terceiros às infraestruturas com os níveis de qualidade e diferentes operadores do SNGN, com vista a criar um
segurança adequados; sistema de comunicação integrado para controlo e super-
b) Monitorização da constituição e manutenção das re- visão das operações do SNGN e atuar como coordenador
servas de segurança de gás natural e participação na gestão do mesmo;
e execução das medidas decorrentes do plano preventivo g) Emitir instruções sobre as operações de transporte,
de ação e do plano de emergência, nos termos previstos incluindo o trânsito no território continental, de forma
no presente decreto-lei; a assegurar a entrega de gás em condições adequadas e
c) Planeamento energético e segurança de abasteci- eficientes nos pontos de saída da rede de transporte, em
mento, através da realização de estudos de planeamento conformidade com protocolos de atuação e de operação
integrado de recursos energéticos e identificação das con- a estabelecer;
dições necessárias à segurança do abastecimento futuro h) Gerir os fluxos de gás natural da RNTGN, em con-
dos consumos de gás natural a nível da oferta, os quais formidade com as solicitações dos agentes de mercado e
constituem referência para o planeamento da RNTIAT, nos em coordenação com os operadores das restantes infraes-
termos da alínea d), bem como através da colaboração com truturas do SNGN, garantindo a sua operação coerente, no
a DGEG, nos termos definidos no presente decreto-lei, na respeito pela regulamentação aplicável;
preparação dos relatórios de monitorização da segurança i) Monitorizar a utilização da capacidade das infraestru-
de abastecimento nos médio e longo prazos (RMSA); turas do SNGN e o nível de reservas necessárias à garantia
d) Planeamento da RNTIAT, designadamente no que de segurança do abastecimento nos curto e médio prazos
respeita às respetivas necessidade de renovação e alarga- e, bem assim, prestar informação relativa à constituição e
mento, tendo em vista o desenvolvimento adequado da manutenção de reservas de segurança;
sua capacidade e a melhoria da qualidade de serviço, em j) Determinar e verificar as quantidades mínimas de gás
particular através da elaboração do PDIRGN. que cada agente de mercado deve possuir nas infraestru-
turas, de modo a garantir as condições mínimas exigíveis
3 — Todos os operadores que exerçam qualquer das ao bom funcionamento do sistema e em respeito pela re-
atividades que integram o SNGN ficam sujeitos à gestão gulamentação do setor;
técnica global do SNGN. k) Verificar tecnicamente a viabilidade da operação do
4 — São direitos do operador da RNTGN no âmbito da SNGN, após recebidas as informações relativas às progra-
gestão técnica global do SNGN, nomeadamente: mações e nomeações e respetiva validação;
l) Realizar o balanço residual do sistema de transporte
a) Exigir e receber dos titulares dos direitos de explo- em complemento da utilização real de capacidade por parte
ração das infraestruturas, dos operadores dos mercados e dos diversos agentes de mercado, de modo a garantir a
de todos os agentes diretamente interessados a informação continuidade da operação dentro de parâmetros aceitáveis
necessária para o correto funcionamento do SNGN; de qualidade e segurança;
b) Exigir aos terceiros com direito de acesso às infraes- m) Disponibilizar serviços de sistema aos utilizadores da
truturas e instalações a comunicação dos seus planos de RNTGN, nomeadamente através de mecanismos eficientes
entrega e de levantamento e de qualquer circunstância de compensação de desvios, assegurando a respetiva liqui-
que possa fazer variar substancialmente os planos comu- dação, no respeito pelos regulamentos aplicáveis;
nicados; n) Informar a DGEG dos incumprimentos das obriga-
c) Exigir o estrito cumprimento das instruções que emita ções de constituição e manutenção de reservas de segu-
para a correta exploração do sistema, manutenção das rança, instruindo-a com todos os elementos que sustentem
instalações e adequada cobertura da procura; o referido incumprimento;
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o) Gerir os congestionamentos nas infraestruturas, in- informações sobre as suas próprias atividades que possam
cluindo as interligações com outros sistemas internacionais ser comercialmente vantajosas, nos termos do Regula-
de transporte de gás natural de acordo com os mecanismos mento de Relações Comerciais;
previstos na regulamentação em vigor; cc) Assegurar o relacionamento e o cumprimento das
p) Promover o funcionamento harmonioso do sistema suas obrigações junto da Agência de Cooperação dos Re-
ibérico de gás natural em conjunto com o operador da rede guladores da Energia e da Rede Europeia dos Operadores
de transporte interligada, maximizando a capacidade dispo- das Redes de Transporte de Gás (REORT para o Gás);
nível nos pontos de interligação entre sistemas e facilitando dd) Fornecer às entidades reguladoras referidas no
o funcionamento do mercado de forma transparente e não n.º 2 do artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de
discriminatória; fevereiro, as informações necessárias ao exercício das
q) Coordenar os fluxos de informação entre os diversos suas competências específicas e ao conhecimento do mer-
agentes com vista à gestão integrada das infraestruturas cado;
do sistema de gás natural, nomeadamente os processos ee) Publicar as informações necessárias para assegurar
associados às programações e às nomeações; uma concorrência efetiva e o funcionamento eficaz do
r) Proceder às liquidações financeiras associadas às mercado, sem prejuízo da garantia de confidencialidade
transações efetuadas no âmbito desta atividade; de informações comercialmente sensíveis, nos termos dos
s) Divulgar, de forma célere e não discriminatória, in- regulamentos da ERSE;
formação sobre factos suscetíveis de influenciar o regular ff) Apresentar à ERSE, anualmente, um relatório com
funcionamento do mercado ou a formação dos preços; a descrição das reclamações apresentadas, bem como o
t) Desenvolver, com a regularidade adequada, os estu- resultado das mesmas, nos termos constantes do Regula-
dos necessários à preparação de elementos prospetivos de mento da Qualidade do Serviço.
referência sobre a evolução, nos médio e longo prazos, do
mix de oferta gás natural/GNL e da adequação da oferta 6 — A gestão técnica global do SNGN é efetuada nos
de capacidade das infraestruturas do SNGN no mesmo termos previstos no presente decreto-lei, incluindo as bases
quadro de referência; constantes do anexo I, que dele fazem parte integrante, na
u) Colaborar ativamente com a DGEG mediante a pres- regulamentação aplicável e no contrato de concessão da
tação das informações e a disponibilização dos estudos, RNTGN.
testes ou simulações que por esta lhe sejam solicitados, 7 — A DGEG define no Regulamento da Segurança de
nomeadamente para efeitos de definição da política ener- Abastecimento e Planeamento as obrigações do operador
gética; da RNTGN em matéria de segurança de abastecimento e
v) Colaborar ativamente com a DGEG na preparação dos planeamento.
RMSA e, em geral, mediante a prestação das informações
e a disponibilização dos estudos, testes ou simulações que
por esta lhe sejam solicitados, nomeadamente para efeitos CAPÍTULO IV
de definição da política energética; Atividade de transporte de gás natural
w) Desenvolver, com a regularidade necessária, os
estudos de suporte ao planeamento das necessidades de Artigo 14.º
renovação e expansão da RNTGN;
x) Criar, em articulação com a DGEG, uma base de Âmbito
dados de referência, integrando a informação de natureza 1 — A atividade de transporte de gás natural é exercida
estatística e previsional sobre os procedimentos de controlo através da exploração da RNTGN.
prévio das atividades e instalações e o funcionamento do 2 — O operador da RNTGN é a entidade concessio-
Sistema Elétrico Nacional (SEN) e do SNGN; nária da rede de transporte de gás natural, sem prejuízo
y) Seguir a evolução do padrão e da taxa de utilização do disposto nos artigos 21.º-A a 21.º-F do Decreto-Lei
global de capacidade ao longo do sistema de transporte e n.º 30/2006, de 15 de fevereiro.
em todos os pontos relevantes e elaborar, em consonância, 3 — Sem prejuízo do disposto nas respetivas bases da
os estudos com a identificação das medidas necessárias concessão, o exercício da atividade de transporte de gás
para evitar em tempo útil a ocorrência de potenciais si- natural compreende:
tuações de congestionamento, de modo a possibilitar a
eliminação de restrições que prejudiquem o bom funcio- a) O recebimento, o transporte, os serviços de sistema
namento do SNGN; e a entrega de gás natural através da rede de alta pressão;
z) Desenvolver e manter atualizadas as metodologias e b) A construção, manutenção, operação e exploração
os modelos necessários à obtenção da informação de base de todas as infraestruturas que integram a RNTGN e das
e à realização dos estudos, relatórios e planos referidos nas interligações às redes e infraestruturas a que esteja ligada
alíneas anteriores; e, bem assim, das instalações que são necessárias para a
aa) Fornecer ao operador de qualquer outra rede com sua operação.
a qual esteja ligada e aos intervenientes do SNGN as in-
formações necessárias para permitir um desenvolvimento 4 — A concessão da RNTGN tem como âmbito geográ-
coordenado das diversas redes e um funcionamento seguro fico todo o território continental e é exercida em regime de
e eficiente do SNGN; exclusivo, sem prejuízo do direito de acesso de terceiros
bb) Assegurar o tratamento de dados de utilização da às várias infraestruturas que a integram, nos termos da
rede no respeito pelas disposições legais de proteção de legislação e da regulamentação aplicáveis.
dados pessoais, preservar a confidencialidade das infor- 5 — Excecionalmente, mediante autorização do mem-
mações comercialmente sensíveis obtidas no exercício das bro do Governo responsável pela área da energia, o ope-
suas atividades e impedir a divulgação discriminatória de rador da RNTGN pode substituir a ligação às redes de
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distribuição por UAG, quando tal se justifique por motivos bem como das infraestruturas de superfície, em condições
de racionalidade económica devendo, nesse caso, a solução de segurança, fiabilidade e respeito pelo ambiente, nos
adotada ser implementada pelos operadores das redes de termos do Regulamento de Armazenamento Subterrâneo e
distribuição. do contrato de concessão, assegurando os padrões de qua-
lidade do serviço aplicáveis nos termos do Regulamento
Artigo 15.º da Qualidade de Serviço;
Obrigações do operador da RNTGN b) Assegurar a manutenção das capacidades de arma-
zenamento e gerir os fluxos de gás natural de acordo com
São obrigações do operador da RNTGN, nomeada-
as solicitações dos agentes de mercado, assegurando a sua
mente:
interoperacionalidade com a rede de transporte, no quadro
a) Assegurar a exploração e a manutenção da RNTGN, da gestão técnica global do SNGN;
em condições de segurança, fiabilidade e qualidade de c) Atender de forma não discriminatória e transparente
serviço; os pedidos de acesso dos agentes de mercado ao arma-
b) (Revogada.) zenamento subterrâneo, tendo em conta as capacidades
c) (Revogada.) técnicas das instalações e os procedimentos de gestão de
d) Assegurar a oferta de capacidade a longo prazo da congestionamentos;
RNTGN, contribuindo para a segurança do abastecimento, d) Facultar aos utilizadores das instalações de armaze-
nos termos do PDIRGN; namento as informações de que estes necessitem para o
e) (Revogada.) acesso ao armazenamento;
f) Assegurar a não discriminação entre os utilizadores e) Fornecer ao operador da RNTGN, no quadro da ati-
ou as categorias de utilizadores da rede; vidade de gestão técnica global do sistema, e aos agentes
g) Facultar aos utilizadores da RNTGN as informações de mercado as informações necessárias ao funcionamento
de que necessitem para o acesso à rede; seguro e eficiente do SNGN;
h) (Revogada.) f) Atribuir as capacidades de injeção, armazenamento e
i) (Revogada.) extração em coordenação com o operador da RNTGN, no
j) (Revogada.) quadro da atividade de gestão técnica global do sistema,
l) (Revogada.) tendo em conta a compatibilização de fluxos e quantidades
de gás entre as infraestruturas de armazenamento subter-
CAPÍTULO V râneo e a rede de transporte;
g) Medir o gás natural injetado, armazenado e extraído
Atividade de armazenamento subterrâneo no armazenamento subterrâneo;
de gás natural h) Assegurar o tratamento de dados de utilização do
armazenamento no respeito pelas disposições legais de
Artigo 16.º proteção de dados pessoais e preservar a confidenciali-
Âmbito dade das informações comercialmente sensíveis obtidas
no exercício das suas atividades;
1 — Os operadores de armazenamento subterrâneo i) Fornecer às entidades reguladoras referidas no n.º 2 do
são as entidades concessionárias do respetivo armaze- artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro,
namento. as informações necessárias ao exercício das suas compe-
2 — Sem prejuízo do disposto nas respetivas bases das tências específicas e ao conhecimento do mercado.
concessões, o exercício da atividade de armazenamento
subterrâneo de gás natural compreende: Artigo 17.º-A
a) O recebimento, a injeção, o armazenamento subter- Relacionamento entre operadores de armazenamento
râneo, a extração, o tratamento e a entrega de gás natural, subterrâneo de gás natural
quer para constituição e manutenção de reservas de segu-
rança quer para fins operacionais e comerciais; 1 — Quando cavidades de diversos operadores interli-
b) A construção, manutenção, operação e exploração de guem a uma estação de gás, ao operador em cuja concessão
todas as infraestruturas e, bem assim, das instalações que se integre esta estação compete gerir a receção, a compres-
são necessárias para a sua operação. são, a injeção, o armazenamento, a extração, a medição e
o envio de gás natural para a RNTGN, de acordo com as
3 — A área e a localização geográfica das concessões de solicitações dos agentes de mercado, assegurando a inte-
armazenamento subterrâneo são definidas nos respetivos roperacionalidade com a RNTGN, no quadro da atividade
contratos de concessão. de gestão técnica global do SNGN.
4 — As concessões de armazenamento subterrâneo de 2 — Na situação prevista no número anterior, os opera-
gás natural são exercidas em regime de acesso regulado dores devem acordar um manual operativo, do qual é dado
ou em regime de acesso negociado de terceiros, conforme conhecimento à DGEG, que abranja as interfaces técnicas
previsto no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro. e de segurança, incluindo os procedimentos escritos a
aplicar na operação das instalações e infraestruturas em
causa, nos termos do Regulamento de Armazenamento
Artigo 17.º
Subterrâneo.
Obrigações dos operadores de armazenamento subterrâneo 3 — Quando um operador pretenda aceder, para efeitos
São obrigações dos operadores de armazenamento sub- de construção de novas cavidades, a instalações de lixi-
terrâneo, nomeadamente: viação que integrem outra concessão de armazenamento
subterrâneo de gás natural, devem os operadores estabe-
a) Assegurar a exploração, integridade técnica e manu- lecer, nos termos do Regulamento de Armazenamento
tenção das infraestruturas de armazenamento subterrâneo, Subterrâneo, um acordo escrito que identifique todos os
6148 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

direitos e obrigações das partes relativamente aos serviços c) Atender de forma não discriminatória e transparente
de lixiviação, do qual é dado conhecimento à DGEG. os pedidos de acesso dos agentes de mercado ao terminal,
4 — Os operadores devem coordenar a gestão das ati- tendo em conta as capacidades técnicas das instalações
vidades correspondentes ao cumprimento das obrigações de GNL e os procedimentos de gestão de congestiona-
de segurança das instalações, pessoas e bens, em confor- mentos;
midade com o Decreto-Lei n.º 254/2007, de 12 de julho, d) Facultar aos utilizadores do terminal as informações
e demais normas aplicáveis, nos termos do Regulamento de que estes necessitem para o acesso ao terminal;
de Armazenamento Subterrâneo. e) Fornecer ao operador da RNTGN, no quadro da ati-
5 — Os operadores podem recorrer a arbitragem, nos vidade de gestão técnica global do sistema, e aos agentes
termos da Lei n.º 63/2011, de 14 de dezembro, para superar de mercado as informações necessárias ao funcionamento
as dificuldades na celebração entre si de acordos relativos seguro e eficiente do SNGN;
à utilização de instalações de superfície e de instalações f) Solicitar aos agentes de mercado que garantam que
de lixiviação de que dependam, nos termos da lei ou do o GNL descarregado dos navios metaneiros para o termi-
respetivo contrato de concessão, o exercício de direitos ou nal respeita as especificações de qualidade previstas na
o cumprimento de deveres de que são titulares. legislação e regulamentação aplicáveis, em coordenação
6 — Caso os operadores não cheguem a um entendi- com o operador da RNTGN, no quadro da gestão técnica
mento relativamente às matérias constantes dos n.os 2, 3 e
global do SNGN;
4, pode a DGEG, a todo o tempo, emitir, sob a forma de
g) Assegurar o tratamento de dados de utilização do
despacho, um manual de procedimentos a tal respeitante,
com base nas propostas dos operadores. terminal no respeito pelas disposições legais de proteção
de dados pessoais e preservar a confidencialidade das in-
formações comercialmente sensíveis obtidas no exercício
CAPÍTULO VI das suas atividades;
h) Fornecer às entidades reguladoras referidas no n.º 2 do
Atividade de receção, armazenamento artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro,
e regaseificação as informações necessárias ao exercício das suas compe-
de GNL em terminais de GNL
tências específicas e ao conhecimento do mercado.
Artigo 18.º
Âmbito CAPÍTULO VII
1 — Os operadores de terminais de GNL são as respe- Atividade de distribuição de gás natural
tivas entidades concessionárias. em regime de serviço público
2 — Sem prejuízo do disposto nas respetivas bases das
concessões, o exercício da atividade de receção, armaze- Artigo 20.º
namento e regaseificação em terminais de GNL compre- Âmbito
ende:
1 — O operador de rede de distribuição é a entidade
a) A receção, o armazenamento, o tratamento e a regasei-
concessionária ou licenciada de uma infraestrutura de dis-
ficação de GNL e a emissão de gás natural para a RNTGN,
tribuição de gás natural.
bem como o carregamento de GNL em camiões-cisterna
ou navios metaneiros; 2 — Sem prejuízo do disposto nas respetivas bases da
b) A construção, manutenção, operação e exploração concessão ou nos termos de licença, o exercício da ativi-
das respetivas infraestruturas e instalações. dade de distribuição de gás natural compreende:
a) O recebimento, a veiculação e a entrega de gás na-
3 — A área e a localização geográfica dos terminais tural a clientes finais através das redes de média e baixa
de GNL são definidas nos respetivos contratos de con- pressão;
cessão. b) No caso de polos de consumo, o recebimento, arma-
zenamento e regaseificação de GNL nas UAG, a emissão
Artigo 19.º de gás natural, a sua veiculação e entrega a clientes finais
Obrigações dos operadores de terminal de GNL através das respetivas redes;
c) A construção, manutenção, operação e exploração
São obrigações dos operadores de terminal de GNL, de todas as infraestruturas que integram a respetiva rede
nomeadamente: e das interligações às redes e infraestruturas a que este-
a) Assegurar a exploração, integridade técnica e ma- jam ligadas, bem como das instalações necessárias à sua
nutenção do terminal e da capacidade de armazenamento operação.
associada em condições de segurança, fiabilidade e respeito
pelo ambiente, nos termos do Regulamento de Terminal Artigo 21.º
de Receção, Armazenamento e Regaseificação de GNL e
Obrigações das concessionárias e titulares
do contrato de concessão, assegurando os padrões de qua- de licenças de distribuição
lidade do serviço aplicáveis nos termos do Regulamento
da Qualidade de Serviço; 1 — O disposto no n.º 1 do artigo 8.º é aplicável, com as
b) Gerir os fluxos de gás natural no terminal e no arma- necessárias adaptações, às entidades titulares das licenças
zenamento associado, assegurando a sua interoperacionali- de serviço público de distribuição local de gás natural
dade com a rede de transporte a que está ligado, no quadro exercidas em regime de serviço público, nos termos do
da gestão técnica global do SNGN; artigo 22.º
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2 — Sem prejuízo das outras obrigações referidas no proceder à respetiva cobertura, de acordo com justifica-
presente decreto-lei, são obrigações da concessionária ou ção técnica ou económica devidamente fundamentada e
licenciada de rede de distribuição, nomeadamente: reconhecida pelo concedente.
a) Assegurar a exploração e a manutenção das respetivas
Artigo 23.º
infraestruturas de distribuição em condições de segurança,
fiabilidade e qualidade de serviço; Licenças de distribuição local
b) No caso de polos de consumo, assegurar a exploração
1 — As atividades e as instalações que integram as
e manutenção das instalações de receção, armazenamento
licenças de distribuição local são consideradas, para todos
e regaseificação de GNL, em condições de segurança,
os efeitos, de utilidade pública, devendo ser garantido pelos
fiabilidade e qualidade de serviço;
respetivos titulares o acesso às mesmas dos utilizadores
c) Gerir os fluxos de gás natural na respetiva rede de
de forma não discriminatória e transparente.
distribuição, assegurando a sua interoperacionalidade com
2 — As licenças de distribuição local compreendem:
as redes e demais infraestruturas a que esteja ligada, no
respeito pela regulamentação aplicável; a) A distribuição de gás natural, ou dos seus gases de
d) Assegurar a oferta de capacidade a longo prazo da substituição, a polos de consumo;
respetiva rede de distribuição, contribuindo para a segu- b) A receção, o armazenamento e a regaseificação em
rança do abastecimento, nos termos do PDIRD; unidades autónomas afetas à respetiva rede.
e) Assegurar o planeamento, a expansão e gestão técnica
da respetiva rede de distribuição, para permitir o acesso de 3 — Os polos de consumo podem ser considerados mer-
terceiros, de forma não discriminatória e transparente, e cados isolados nos termos da Diretiva n.º 2009/73/CE, do
gerir de modo eficiente as infraestruturas e meios técnicos Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de junho, depois
disponíveis; de terem sido formalizados os requisitos nela previstos.
f) Assegurar a não discriminação entre os utilizadores 4 — A licença define o âmbito geográfico do polo de
ou as categorias de utilizadores da rede; consumo, bem como a calendarização da construção e
g) Facultar aos utilizadores da respetiva rede de distri- expansão das instalações e sua exploração.
buição as informações de que necessitem para o acesso
à rede; Artigo 24.º
h) Fornecer ao operador de qualquer outra rede à qual
Condições para a atribuição de licenças de distribuição local
esteja ligada e aos agentes de mercado as informações
necessárias para permitir um desenvolvimento coordenado 1 — As licenças de distribuição local devem ser atri-
das diversas redes e um funcionamento seguro e eficiente buídas a sociedades que demonstrem possuir capacidade
do SNGN; técnica, financeira e de gestão adequada à natureza do
i) Assegurar o tratamento de dados de utilização da serviço, e tendo em conta a área a desenvolver.
rede no respeito pelas disposições legais de proteção de 2 — O modelo da licença, os procedimentos e requisitos
dados pessoais e preservar a confidencialidade das infor- para a sua atribuição e transmissão, bem como o regime de
mações comercialmente sensíveis obtidas no exercício da exploração da respetiva rede de distribuição são definidos
sua atividade; por portaria do membro do Governo responsável pela área
j) Fornecer às entidades reguladoras referidas no n.º 2 do da energia.
artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro,
as informações necessárias ao exercício das suas compe- Artigo 25.º
tências específicas e ao conhecimento do mercado;
Procedimentos da atribuição de licenças de distribuição local
k) Apresentar à ERSE, anualmente, um relatório com
a descrição das reclamações apresentadas, bem como o 1 — Os pedidos para atribuição de licenças de distri-
resultado das mesmas, nos termos constantes do Regula- buição da RNDGN para polos de consumo são dirigidos
mento da Qualidade do Serviço. ao membro do Governo responsável pela área da energia
e entregues na DGEG, que os publicita, através de aviso,
3 — As concessionárias ou titulares de licenças de distri- na 2.ª série do Diário da República, bem como no res-
buição podem assumir, nos termos a prever na regulamen- petivo sítio na Internet, durante um prazo não inferior a
tação da ERSE, obrigações de compensação das respetivas seis meses.
redes de distribuição. 2 — Durante o prazo referido no número anterior, po-
dem ser apresentados outros pedidos para o mesmo polo
Artigo 22.º de consumo, caso em que se deve proceder a um concurso
limitado entre os requerentes, sendo os critérios de seleção
Licenças em regime de serviço público
e de avaliação das propostas definidos por portaria do
1 — As licenças de distribuição local de gás natural são membro do Governo responsável pela área da energia.
exercidas em regime de serviço público e em exclusivo, em 3 — Os fatores de ponderação previstos no número
zonas do território nacional não abrangidas pelas conces- anterior são definidos por portaria do membro do Governo
sões de distribuição regional de gás natural e são atribuídas responsável pela área da energia.
pelo membro do Governo responsável pela área da energia 4 — (Revogado.)
na sequência de pedido dos interessados.
2 — Excecionalmente, o membro do Governo respon- Artigo 26.º
sável pela área da energia pode conceder licenças de distri-
Duração das licenças de distribuição local
buição local de gás natural em zonas do território nacional
abrangidas por concessões de distribuição regional no A duração da licença é estabelecida por um prazo má-
caso de a respetiva concessionária entender que não pode ximo de 20 anos, tendo em conta, designadamente, a ex-
6150 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

pansão do sistema de gás natural e a amortização dos clientes domésticos, desde que se reúna um dos seguintes
custos de construção, instalação e desenvolvimento da requisitos:
respetiva rede.
a) Por razões técnicas ou de segurança específicas, as
operações ou o processo de produção dos utilizadores da
Artigo 27.º rede estejam integrados;
Transmissão da licença de distribuição local b) A rede distribua gás natural essencialmente ao pro-
prietário ou ao operador da rede ou a empresas que lhes
1 — As licenças de distribuição local podem ser trans- estejam ligadas.
mitidas, mediante autorização do membro do Governo
responsável pela área da energia, em condições a definir 2 — Considera-se que não abastecem clientes domés-
na portaria referida no n.º 2 do artigo 24.º ticos, para efeitos do disposto no n.º 1, as redes de distri-
2 — A transmissão das licenças fica sujeita à verificação buição fechada que sejam utilizadas a título acessório por
e manutenção dos pressupostos que determinaram a sua um número reduzido de agregados familiares ligados ao
atribuição. proprietário da rede, por vínculo laboral ou outro, e com
residência na área servida pela rede.
Artigo 28.º 3 — A operação de uma rede de distribuição fechada
Extinção das licenças de distribuição local depende da prévia atribuição de uma licença pela DGEG
e da aprovação do respetivo projeto pelas entidades com-
1 — A licença extingue-se por caducidade ou por re- petentes, nos termos do disposto no n.º 5.
vogação. 4 — Os termos da classificação e estabelecimento de
2 — A caducidade da licença ocorre: uma rede de distribuição fechada, a disciplina da sua ex-
a) Pelo decurso do prazo por que foi atribuída; ploração e os procedimentos para a atribuição de licenças
b) Pela integração do polo de consumo objeto de licença de operação são estabelecidos em portaria dos membros
numa concessão de distribuição regional de gás natural. do Governo responsáveis pela área da energia e pela área
setorial respetiva, ouvida a ERSE.
3 — No caso previsto na alínea b) do número anterior, 5 — A aprovação do projeto de redes de distribuição
a concessionária deve indemnizar a entidade titular da fechada observa, com as devidas adaptações, os termos
licença tendo em conta o período de tempo que faltar para e procedimento previstos para a aprovação das redes de
o termo do prazo por que foi atribuída, considerando os distribuição privativa.
investimentos não amortizados e os lucros cessantes. 6 — Sem prejuízo do estabelecido no número seguinte,
4 — A revogação da licença pode ocorrer sempre que o as tarifas de acesso de terceiros às redes fechadas são
seu titular falte, culposamente, ao cumprimento das con- estabelecidas pelos seus proprietários ou operadores, não
dições estabelecidas, nomeadamente no que se refere à estando sujeitas aos requisitos estabelecidos para a apro-
regularidade, à qualidade e à segurança da prestação do vação das tarifas reguladas pela ERSE.
serviço. 7 — Caso um utilizador de uma rede fechada não con-
corde com as tarifas de acesso ou as suas metodologias,
Artigo 29.º por falta de transparência ou razoabilidade, pode solicitar
a intervenção da ERSE para analisar e, caso necessário,
Transferência dos bens afetos às licenças de distribuição local fixar as tarifas segundo as metodologias a estabelecer por
1 — Com a extinção da licença de distribuição local, os esta entidade nos seus regulamentos.
bens integrantes da respetiva rede e instalação, incluindo
as instalações de GNL, transferem-se para o Estado. CAPÍTULO VIII
2 — A transferência de bens referida no número anterior
confere à entidade licenciada o direito ao recebimento de Licenças para utilização privativa de gás natural
uma indemnização correspondente aos investimentos efe- e para a exploração de postos de enchimento
tuados que não se encontrem ainda amortizados, devendo
os investimentos realizados durante o período de três anos Artigo 30.º
que antecede a data da extinção da licença ser devidamente Licenças para utilização privativa de gás natural
autorizados pelo membro do Governo responsável pela
área da energia. 1 — As licenças para utilização privativa são atribuídas
3 — Por decisão do membro do Governo responsável pelo diretor-geral da DGEG e podem ser requeridas por
pela área da energia, os bens referidos nos números ante- quaisquer entidades que demonstrem interesse particular
riores podem vir a integrar o património da concessionária na veiculação de gás natural em rede, alimentada por ramal
de distribuição regional em cuja área a rede de distribuição ou por UAG, destinada ao abastecimento de um consu-
local se situava. midor e considerada, para todos os efeitos, como parte
integrante das instalações de utilização final, em qualquer
Artigo 29.º-A das seguintes situações:

Redes de distribuição fechadas


a) A atividade seja exercida fora das áreas concessio-
nadas e cobertas pela rede de distribuição ou dos polos
1 — Considera-se rede de distribuição fechada uma de consumo abrangidos pela atribuição de licenças de
rede que distribua gás natural no interior de um sítio in- serviço público;
dustrial, comercial ou de serviços partilhados geografi- b) A entidade concessionária ou licenciada para a área
camente circunscrito, fora do âmbito das concessões e em que a licença para utilização privativa é pedida não
licenças de distribuição de gás natural, e que não abasteça garanta a ligação.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6151

2 — A entidade requerente deve cumprir as condições im- de fevereiro, no presente decreto-lei e demais legislação
postas para a atribuição da licença, bem como respeitar a lei e regulamentação aplicáveis.
e os regulamentos técnicos estabelecidos para o exercício da 2 — A atividade de comercialização de gás natural é
atividade enquanto parte integrante da instalação de utilização. exercida em regime de livre concorrência, ficando sujeita
3 — As licenças para utilização privativa podem ser a registo nos termos previstos no presente decreto-lei.
transmitidas mediante autorização do diretor-geral da 3 — O regime de registo tem em conta as normas de
DGEG, sujeita à verificação e manutenção dos pressu- reconhecimento dos agentes de comercialização estran-
postos e condições que determinaram a sua atribuição. geiros decorrentes de acordos em que o Estado Português
4 — À duração e extinção das licenças privativas aplica- seja parte, nos termos previstos no artigo 39.º
-se, com as devidas adaptações, o estabelecido nos arti- 4 — Excetua-se do disposto no n.º 2 a atividade de co-
gos 26.º e 28.º mercialização de último recurso, que está sujeita a licença
5 — No caso de a rede privativa ser abastecida por e a regulação nos termos previstos no presente decreto-lei
UAG, deve ligar-se à rede de distribuição quando a mesma e em legislação e regulamentação complementares.
se estender à respetiva área.
6 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, Artigo 33.º
os bens integrantes das instalações licenciadas ao abrigo
do presente artigo não se transferem para o Estado com a Conteúdo do registo de comercialização
extinção da licença, qualquer que seja a sua causa. O registo para o exercício da atividade de comercia-
7 — O titular da licença fica obrigado, a expensas suas, lização de gás natural deve conter, nomeadamente, os
a proceder, no prazo máximo de seis meses a contar da data seguintes elementos:
da extinção da licença, ao levantamento das instalações que
estejam situadas em terrenos do domínio público, repondo, a) A identificação do titular;
se for caso disso, a situação anterior. b) A data e número de ordem do registo.
8 — A obrigação a que se refere o número anterior não
se verifica se houver lugar à transmissão das instalações Artigo 34.º
para uma concessionária ou para uma entidade titular de
Procedimento de registo
licença de distribuição local.
9 — O regime aplicável às redes privativas, nomeada- 1 — O pedido de registo como comercializador de gás
mente no que respeita à contratação do transporte de GNL natural é apresentado no balcão único eletrónico dos ser-
através de camião-cisterna e à respetiva ligação às redes viços referido no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 92/2010,
de distribuição, nos termos previstos no n.º 5, é objeto de de 26 de julho, devendo ser dirigido à DGEG e incluir
legislação específica. a identificação completa do requerente, com menção do
nome ou firma, do número de identificação fiscal, do do-
Artigo 31.º
micílio profissional ou sede, do estabelecimento principal
Licenças para a exploração de postos de enchimento no território nacional, quando este exista, do telefone, fax
1 — As licenças para exploração de postos de enchi- e endereço eletrónico.
mento, em regime de serviço público ou privativo, são 2 — Os interessados devem instruir o seu pedido de
concedidas pelo diretor regional de Economia territorial- registo com os seguintes elementos:
mente competente e podem ser requeridas por quaisquer a) Cópia de documento de identificação ou, no caso de
entidades que demonstrem possuir capacidade técnica e pessoa coletiva, código de acesso à certidão permanente de
financeira para o exercício desta atividade, devendo instruir registo comercial ou cópia dos respetivos estatutos quando
o seu requerimento com: a sede se localize fora do território nacional;
a) Título de propriedade ou outro que legitime a posse b) Declaração de habilitação e de não impedimento para
do terreno em que pretendem instalar o posto; o exercício da atividade de comercialização, de acordo com
b) Autorização da autarquia competente e, sendo caso o anexo V do presente decreto-lei;
disso, autorização de outras entidades administrativas com c) (Revogada.)
jurisdição na área de acesso ao terreno de implantação do d) (Revogada.)
posto de enchimento; e) (Revogada.)
c) Seguro de responsabilidade civil, nos termos previstos f) Declaração do requerente de que tomou conhecimento
no artigo 6.º das obrigações decorrentes do Decreto-Lei n.º 30/2006, de
15 de fevereiro, do presente decreto-lei e demais legislação
2 — O prazo inicial de duração das licenças referidas e regulamentação aplicáveis, identificadas na informação
neste artigo é de 10 anos, podendo ser prorrogado por disponibilizada no balcão único eletrónico dos serviços
sucessivos períodos de 5 anos. referido no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26
de julho, e de que as respeita integralmente;
g) Autorização de divulgação das informações constan-
CAPÍTULO IX tes do pedido de registo;
Comercialização de gás natural h) Documento contendo identificação dos meios utili-
zados para cumprimento das obrigações perante os con-
Artigo 32.º sumidores, nomeadamente no que respeita à comunicação
e interface com os clientes e à qualidade do serviço, bem
Regime de exercício
como para compensação e liquidação das suas respon-
1 — A comercialização de gás natural efetua-se nos sabilidades para com os operadores do SNGN que lhes
termos estabelecidos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 facultem o acesso às suas infraestruturas.
6152 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

3 — As declarações exigidas aos requerentes do registo c) Contratar livremente a venda de gás natural com os
devem ser assinadas sob compromisso de honra pelos seus clientes.
mesmos ou respetivos representantes legais.
4 — Após a receção do pedido de registo, a DGEG 2 — São deveres dos comercializadores de gás natural
verifica a conformidade do mesmo e respetiva instrução à registados, nomeadamente:
luz do disposto nos números anteriores e, se for caso disso,
solicita ao requerente a apresentação dos elementos em a) Enviar às entidades competentes a informação pre-
falta ou complementares, fixando um prazo razoável para vista na legislação e na regulamentação aplicáveis;
o efeito, comunicando que a referida solicitação determina b) Enviar, de dois em dois anos, através do balcão único
a suspensão do prazo de decisão e alertando para o facto de eletrónico dos serviços referido no artigo 6.º do Decreto-
a sua não satisfação, no prazo fixado, determinar a rejeição -Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, a informação atualizada
liminar do pedido. prevista no n.º 2 do artigo 34.º;
5 — Concluída a instrução do pedido, a DGEG pro- c) Cumprir todas as normas legais e regulamentares
fere decisão sobre o pedido de registo apresentado pelo aplicáveis ao exercício da atividade;
requerente. d) Assegurar a prestação de informações transparentes
6 — O pedido de registo considera-se tacitamente de- sobre os preços e tarifas aplicáveis e as condições normais
ferido se a DGEG não se pronunciar no prazo de 30 dias de acesso e utilização dos seus serviços;
contados da data da sua apresentação, sem prejuízo da e) Prestar a demais informação devida aos clientes,
suspensão desse prazo, no caso de solicitação, nos termos nomeadamente sobre as opções tarifárias mais apropria-
do n.º 4, de elementos em falta ou complementares, até à das ao seu perfil de consumo, para além da informação
data da apresentação desses elementos pelo requerente. identificada no artigo 20.º do Decreto-Lei n.º 92/2010,
7 — Em caso de deferimento tácito os elementos referi- de 26 de julho;
dos nas alíneas a) e b) do artigo 33.º são automaticamente f) Emitir faturação discriminada de acordo com as nor-
inscritos no registo de comercializadores de gás natural. mas aplicáveis;
8 — A DGEG deve indeferir o pedido de registo, após g) Proporcionar aos seus clientes meios de pagamento
audiência prévia do requerente nos termos previstos nos diversificados;
artigos 100.º e seguintes do Código do Procedimento Ad- h) Não discriminar entre clientes e atuar com transpa-
ministrativo, caso se verifiquem situações de não habilita- rência nas suas operações;
ção ou de impedimento previstas no anexo V do presente i) Facultar, a todo o momento e de forma gratuita, o
decreto-lei ou de não disposição dos meios necessários acesso do cliente aos seus dados de consumo, bem como
ao cumprimento das obrigações impostas à atividade de o acesso a esses dados, mediante acordo do cliente, por
comercialização. outro comercializador;
9 — Pelos custos da apreciação do pedido e da efeti- j) Disponibilizar aos clientes, a título gratuito, informa-
vação do registo é devida uma taxa que reverte a favor da ção periódica sobre o seu consumo e custos efetivos, com
DGEG, cujo montante é fixado por portaria do membro vista à criação de incentivos para economias de energia;
do Governo responsável pela área da energia. k) Prestar informações à DGEG e à ERSE sobre con-
sumos, número de clientes, preços e condições de venda
Artigo 34.º-A para os diversos segmentos ou bandas de consumo, nas
diversas categorias de clientes, com salvaguarda das regras
Listagem de comercializadores de gás natural registados de confidencialidade;
A DGEG divulga no balcão único eletrónico dos servi- l) Manter a situação de habilitação e de não impedi-
ços referido no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 92/2010, de mento, bem como os meios necessários ao cumprimento
26 de julho, e no seu sítio na Internet, mantendo periodi- das obrigações impostas ao exercício da atividade de co-
camente atualizada, a lista dos comercializadores de gás mercialização, tal como evidenciado nas declarações e
natural reconhecidos nos termos do presente decreto-lei, documentos previstos no n.º 2 do artigo 34.º;
com indicação do nome ou firma, domicílio profissional m) Apresentar propostas de fornecimento de gás na-
ou sede, telefone, fax, endereço eletrónico e data do res- tural para as quais disponha de oferta a todos os clientes
petivo registo. que o solicitem, nos termos previstos no Regulamento
das Relações Comerciais, com respeito pelos princípios
Artigo 35.º estabelecidos na legislação da concorrência;
n) Assegurar a constituição e manutenção de reservas
Direitos e deveres dos comercializadores de gás natural
de segurança de gás natural de acordo com o previsto no
1 — Constituem direitos dos comercializadores de gás presente decreto-lei e a regulamentação em vigor.
natural, para além do exercício da atividade nos termos da
legislação e da regulamentação aplicáveis, nomeadamente Artigo 36.º
os seguintes: Relações com os clientes
a) Transacionar gás natural através de contratos bila- 1 — Os contratos dos comercializadores com os clientes
terais celebrados com outros agentes do mercado de gás regem-se por princípios de transparência, informação e
natural ou através de mercados organizados, após o cum- equidade, devendo especificar os seguintes elementos:
primento dos requisitos de acesso a estes mercados;
b) Aceder às infraestruturas, às redes e às interligações, a) A identidade e o endereço do comercializador;
nos termos estabelecidos na legislação e regulamenta- b) Os serviços fornecidos, suas características e níveis
ção aplicáveis, para entrega de gás natural aos respetivos de qualidade e data do início de fornecimento de gás na-
clientes; tural, bem como a especificação dos meios de pagamento
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6153

ao dispor dos clientes e as condições normais de acesso e de setembro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 371/2007, de
utilização dos serviços do comercializador; 6 de novembro, 118/2009, de 19 de maio, e 317/2009, de
c) O tipo de serviços de manutenção, caso sejam ofe- 30 de outubro, os comercializadores devem implementar
recidos; procedimentos adequados ao tratamento célere e harmo-
d) A duração do contrato, as condições de renovação nizado de reclamações e pedidos de informações que lhes
e termo, bem como as condições de denúncia, devendo sejam apresentadas pelos clientes.
especificar se a denúncia importa ou não o pagamento de 2 — Os procedimentos previstos no número anterior
encargos por parte dos clientes; devem permitir que as reclamações e pedidos apresentados
e) A compensação e as disposições de reembolso aplicá- sejam decididos, de modo justo e rápido, de preferência no
veis caso os níveis de qualidade dos serviços contratados prazo de três meses, prevendo um sistema de reembolso e
não sejam atingidos, designadamente em caso de faturação de indemnização por eventuais prejuízos.
inexata ou em atraso; 3 — Os requisitos a observar nos procedimentos refe-
f) Os meios de pagamento ao dispor dos clientes; ridos nos números anteriores são definidos na regulamen-
g) Os meios de resolução de litígios, que devem ser tação da ERSE.
acessíveis, simples e eficazes;
4 — Os comercializadores devem apresentar à ERSE,
h) Informações sobre os direitos dos consumidores.
anualmente, um relatório com a descrição das reclama-
2 — As condições estabelecidas nos contratos dos co- ções apresentadas, bem como o resultado das mesmas,
mercializadores com os clientes devem ser equitativas, nos termos constantes do Regulamento da Qualidade do
explicitadas com transparência antes da celebração do Serviço.
contrato e redigidas em linguagem clara e compreensível, 5 — A ERSE publica na plataforma referida no ar-
em termos que assegurem aos clientes o efetivo exercício tigo 38.º-A as conclusões dos relatórios apresentados nos
dos seus direitos e os protejam contra métodos de venda termos do número anterior, com a indicação do número
abusivos ou enganadores. de reclamações recebidas e do comercializador em causa.
3 — Previamente à celebração dos respetivos contratos,
os comercializadores devem assegurar aos clientes a pos- Artigo 36.º-B
sibilidade de escolha quanto aos métodos de pagamento, Resolução extrajudicial de conflitos
de acordo com os seguintes termos:
Sem prejuízo do recurso aos tribunais e às entidades
a) A escolha de um determinado método de pagamento responsáveis pela defesa e promoção dos direitos dos
não deve implicar uma discriminação injustificada entre consumidores, os litígios de consumo podem ser sujei-
clientes; tos a arbitragem necessária, nos termos previstos no ar-
b) Os sistemas de pré-pagamento devem ser equitativos
tigo 15.º da Lei n.º 23/96, de 26 de julho, alterada pelas
e refletir adequadamente o consumo provável;
c) Qualquer diferença nos termos e condições contra- Leis n.os 12/2008, de 26 de fevereiro, 24/2008, de 2 de
tuais deve refletir os custos dos diferentes sistemas de junho, 6/2011, de 10 de março, e 44/2011, de 22 de junho.
pagamento para o comercializador.
Artigo 36.º-C
4 — Os comercializadores devem notificar, de modo Sistemas inteligentes
adequado, os clientes de qualquer intenção de alterar as
condições contratuais, informando-os, na data dessa no- 1 — A implementação de sistemas destinados a medir
tificação, do seu direito à denúncia do contrato caso não e gerir a informação relativa ao gás natural (sistemas in-
aceitem as novas condições. teligentes) depende de:
5 — Os comercializadores devem notificar os seus a) Avaliação económica de longo prazo de todos os
clientes de qualquer aumento dos encargos resultante de custos e benefícios para o mercado, designadamente para
alteração de condições contratuais, previamente à entrada operadores de rede e comercializadores e para o consu-
em vigor do aumento, podendo os clientes denunciar de midor individual; e
imediato os contratos se não aceitarem as novas condições b) Estudo que determine qual o modelo de sistema inte-
que lhes sejam notificadas. ligente economicamente mais racional e o prazo estimado
6 — Se um cliente, respeitando as condições contratuais, para a sua instalação.
pretender mudar de comercializador, essa mudança deve
ser efetuada no prazo de três semanas, não podendo o
cliente ser obrigado a efetuar qualquer pagamento ou a 2 — Caso a avaliação económica prevista na alínea a)
suportar qualquer custo por tal mudança. do número anterior seja positiva, o membro do Governo
7 — Na sequência da mudança de comercializador, responsável pela área da energia aprova, mediante porta-
os clientes devem receber um acerto de contas final, no ria, um sistema inteligente, tendo em conta as obrigações
prazo máximo de seis semanas após essa mudança ter europeias e respetivos prazos de cumprimento.
tido lugar. 3 — A portaria prevista no número anterior prevê, no-
8 — (Revogado.) meadamente, os requisitos técnicos e funcionais do sistema
9 — (Revogado.) inteligente, os respetivos calendários de instalação, o modo
de financiamento dos custos inerentes e de repercussão
Artigo 36.º-A desses custos na tarifa de uso global do sistema, devendo
assegurar a interoperabilidade dos sistemas de medida a
Reclamações e pedidos de clientes
implementar e ter em conta o respeito das normas apro-
1 — Sem prejuízo dos casos em que haja lugar à aplica- priadas e das boas práticas, bem como a importância do
ção do regime previsto no Decreto-Lei n.º 156/2005, de 15 desenvolvimento do mercado interno do gás natural.
6154 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 37.º adequada compreensão dos valores faturados, nos termos


Prazo, extinção e transmissão do título de registo
fixados no Regulamento de Relações Comerciais.
de comercializador de gás natural 4 — A ERSE deve publicitar, no seu sítio na Internet, os
preços de referência dos comercializadores relativamente
1 — Os registos de comercialização de gás natural são aos clientes de baixa pressão, podendo complementar esta
efetuados por prazo indeterminado, sem prejuízo da sua publicitação com outros meios adequados, designadamente
extinção nos termos do presente decreto-lei. folhetos, tendo em vista informar os consumidores das di-
2 — O registo extingue-se por caducidade ou por re- versas opções de preços existentes no mercado, com vista
vogação. a possibilitar que estes, em cada momento, possam optar
3 — A extinção do registo por caducidade ocorre em pelas melhores condições oferecidas pelo mercado.
caso de morte, dissolução, insolvência ou cessação da 5 — A informação prevista nos números anteriores fica
atividade do seu titular. sujeita a supervisão da ERSE, ficando os comercializadores
4 — Para além das situações previstas nos termos gerais
obrigados a facultar-lhe toda a documentação necessária e
da lei, o registo pode ser revogado pela DGEG, na sequên-
o acesso direto aos registos que suportam esta informação.
cia de audiência prévia do requerente nos termos previstos
nos artigos 100.º e seguintes do Código do Procedimento 6 — Os comercializadores ficam igualmente obriga-
Administrativo, quando se verifique a falsidade dos dados dos a manter os registos relativos a todas as transações
e declarações prestados no respetivo pedido ou quando o relevantes de gás natural e derivados de gás com clientes
seu titular faltar ao cumprimento dos deveres relativos ao grossistas e operadores de redes de transporte, distribuição,
exercício da atividade, nomeadamente: armazenamento subterrâneo e terminais de GNL, por um
período mínimo de cinco anos, assim como os respetivos
a) Não cumprir, sem motivo justificado, as determina- suportes contratuais, ficando estes auditáveis e sujeitos à
ções impostas pelas autoridades administrativas; supervisão da ERSE no âmbito das suas competências.
b) Violar reiteradamente o cumprimento das disposições 7 — A informação referida no número anterior deve
legais e as normas técnicas aplicáveis ao exercício da especificar as características das transações relevantes,
atividade de comercialização; tais como as relativas à duração, entrega e regularização,
c) Não cumprir, reiteradamente, a obrigação de envio quantidade e hora de execução, preços de transação e outros
da informação estabelecida na legislação e na regulamen- meios, sendo os métodos e disposições para a manutenção
tação aplicáveis; dos registos objeto de regulamentação da ERSE, tendo
d) Não iniciar o exercício da atividade no prazo de um em consideração as orientações adotadas pela Comissão
ano após o seu registo ou, tendo iniciado o seu exercício, Europeia.
o interromper por igual período, sendo esta inatividade 8 — Com o objetivo de estabelecer uma referência para
confirmada pelo operador da RNTGN. os consumidores, e tendo em vista o apoio dos referidos
consumidores na contratação do fornecimento de gás na-
5 — O registo pode ainda ser revogado pela DGEG tural, a ERSE deve elaborar, todos os anos, um relatório
na sequência de declaração de renúncia apresentada pelo indicando os preços recomendados para o fornecimento
respetivo titular, através do balcão único eletrónico dos de gás natural em baixa pressão, os quais resultam da
serviços referido no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 92/2010,
soma das tarifas de acesso às redes, tal como definidas no
de 26 de julho, e com a antecedência mínima de quatro
Regulamento Tarifário, com os custos de referência da
meses relativamente à data pretendida para a produção dos
respetivos efeitos, devendo a DGEG, nessa data, proceder atividade de comercialização e com os custos médios de
à revogação do registo. referência para a aquisição de gás natural.
6 — O registo de comercializador de gás natural é pes- 9 — Para efeitos do número anterior, o custo de refe-
soal e intransmissível, ressalvadas as situações de reestru- rência da atividade da comercialização é determinado com
turação societária. base na informação respeitante aos proveitos permitidos
aos comercializadores de último recurso retalhistas, no
Artigo 38.º âmbito de uma gestão criteriosa e eficiente.
10 — Para efeitos do n.º 8, os custos médios de refe-
Informação sobre preços de comercialização de gás natural rência para a aquisição de gás natural são determinados de
1 — Os comercializadores ficam obrigados a enviar à acordo com o mecanismo de aprovisionamento eficiente
ERSE, anualmente e sempre que ocorram alterações, nos de gás natural por parte dos comercializadores de último
termos definidos no Regulamento de Relações Comer- recurso retalhistas previsto no Regulamento Tarifário.
ciais, uma tabela dos preços de referência que se propõem
praticar para os clientes de baixa pressão no âmbito da Artigo 38.º-A
comercialização de gás natural. Informação centralizada aos consumidores
2 — Os comercializadores ficam ainda obrigados a:
1 — A ERSE publica na plataforma centralizada a que
a) Publicitar os preços de referência que praticam rela- se refere a alínea a) do n.º 3 do artigo 6.º do Decreto-Lei
tivamente aos clientes de baixa pressão, designadamente n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, as seguintes informa-
nos seus sítios na Internet e em conteúdos promocionais; ções:
b) Enviar à ERSE, semestralmente, os preços efetiva-
mente praticados em relação a todos os clientes no semestre a) Direitos e deveres dos consumidores;
anterior. b) Os preços de referência relativos aos fornecimentos
aos clientes de baixa pressão de todos os comercializa-
3 — As faturas emitidas pelos comercializadores devem dores;
conter os elementos necessários a uma completa, clara e c) Legislação em vigor;
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6155

d) A identificação dos meios à disposição dos consu- cional, excluindo os centros eletroprodutores em regime
midores para o tratamento de reclamações e resolução ordinário.
extrajudicial de litígios. 3 — Os termos e condições de realização dos leilões são
aprovados pela ERSE, na sequência de proposta apresen-
2 — A plataforma referida no número anterior é gerida tada pelo comercializador do SNGN.
e disponibilizada pela ERSE diretamente no seu sítio na
Internet. Artigo 40.º
Comercializadores de último recurso
Artigo 38.º-B
1 — A atividade de comercialização de último recurso
Deveres dos consumidores
é exercida em regime de serviço público, nos termos esta-
Constituem deveres dos consumidores: belecidos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro,
e no presente decreto-lei, ficando sujeita à atribuição de
a) Prestar as garantias a que estejam obrigados por lei; licença.
b) Proceder aos pagamentos a que estiverem obrigados; 2 — Considera-se comercializador de último recurso
c) Manter em condições de segurança as suas infraes- grossista o titular da licença prevista no n.º 1 do artigo 43.º
truturas e equipamentos, nos termos das disposições legais e que exerce a atividade de aquisição de gás natural ao
aplicáveis, e evitar que as mesmas introduzam perturbações comercializador do SNGN para fornecimento aos comer-
fora dos limites estabelecidos regulamentarmente nas redes cializadores de último recurso retalhistas, nos termos do
a que se encontram ligados; artigo 42.º
d) Facultar todas as informações estritamente necessá- 3 — Consideram-se comercializadores de último re-
rias ao fornecimento de gás natural. curso retalhistas os titulares das licenças de comercializa-
ção de último recurso responsáveis pelo fornecimento de
Artigo 39.º gás natural a clientes finais com consumos anuais inferiores
Reconhecimento de comercializadores ou iguais a 10 000 m3, nos termos do artigo 4.º do Decreto-
-Lei n.º 74/2012, de 26 de março, enquanto vigorarem as
1 — No âmbito do funcionamento de mercados cons- tarifas reguladas ou as tarifas transitórias legalmente esta-
tituídos ao abrigo de acordos internacionais de que o Es- belecidas, e, após a extinção destas, pelo fornecimento aos
tado Português seja parte signatária, o reconhecimento de clientes finais economicamente vulneráveis, nos termos do
comercializador por uma das partes determina o reconhe- artigo 5.º do mesmo diploma, e que se encontram sujeitos
cimento automático pela outra, nos termos previstos nos aos direitos e obrigações previstos no artigo 41.º
respetivos acordos. 4 — Consideram-se clientes finais economicamente
2 — Compete à DGEG efetuar o registo dos comer- vulneráveis as pessoas que se encontrem nas condições
cializadores reconhecidos nos termos do número anterior. de beneficiar da tarifa social de fornecimento de gás na-
tural, nos termos do Decreto-Lei n.º 101/2011, de 30 de
Artigo 39.º-A setembro.
Atividade do comercializador do SNGN 5 — O exercício da atividade de comercialização de gás
natural de último recurso é regulado pela ERSE.
1 — O comercializador do SNGN é a entidade titular 6 — A atribuição de novas licenças de comercializador
dos contratos de longo prazo em regime de take or pay de último recurso fica dependente da sua prévia sujeição
celebrados em data anterior à entrada em vigor da Diretiva à concorrência, mediante o lançamento de procedimentos
n.º 2003/55/CE, do Parlamento e do Conselho, de 26 de pré-contratuais, cujas peças são aprovadas por despacho
junho. do membro do Governo responsável pela área da energia.
2 — O comercializador do SNGN fornece gás natural
às seguintes entidades: Artigo 41.º
a) Comercializador de último recurso grossista, no âm- Direitos e deveres dos comercializadores
bito da atividade de compra e venda de gás natural para de último recurso retalhistas
fornecimento aos comercializadores de último recurso
retalhistas; 1 — Constitui direito dos comercializadores de último
b) Centros eletroprodutores com contrato de forneci- recurso retalhistas o exercício da atividade licenciada nos
mento outorgado em data anterior a 27 de julho de 2006; termos da legislação e da regulamentação aplicáveis.
2 — Pelo exercício da atividade de comercialização de
c) Outras entidades, sem prejuízo do fornecimento às
último recurso retalhista é assegurada uma remuneração
entidades referidas nas alíneas anteriores.
que assegure o equilíbrio económico e financeiro da ati-
vidade licenciada em condições de gestão eficiente, nos
Artigo 39.º-B
termos da legislação e da regulamentação aplicáveis.
Leilões de gás natural 3 — São, nomeadamente, deveres dos comercializado-
1 — Com o objetivo de facilitar a entrada de novos res de último recurso retalhistas:
agentes no mercado de gás natural, o Regulamento das a) Prestar o serviço público de fornecimento de gás
Relações Comerciais pode prever a realização pelo co- natural aos clientes finais referidos no n.º 5 do artigo 42.º
mercializador do SNGN de leilões anuais de gás natural enquanto vigorarem as tarifas reguladas ou as tarifas tran-
para satisfação de consumos nacionais. sitórias legalmente estabelecidas e, após a extinção destas,
2 — O gás natural adquirido nos leilões destina-se a fornecer gás natural aos clientes finais economicamente
ser consumido em instalações situadas em território na- vulneráveis;
6156 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

b) Adquirir gás natural para comercialização de último 3 — Para efeitos do n.º 1, a ERSE estabelece no Re-
recurso nas condições previstas no presente decreto-lei; gulamento Tarifário e no Regulamento de Relações Co-
c) Assegurar o fornecimento de gás natural em locais merciais incentivos para a progressiva aquisição de gás
onde não exista oferta dos comercializadores de gás natural natural pelo comercializador de último recurso grossista
em regime de mercado, pelo tempo em que essa ausência em mercado.
de oferta se mantenha; 4 — O comercializador de último recurso grossista deve
d) Fornecer gás natural aos clientes cujo comercializador prestar à ERSE as informações necessárias à aferição do
tenha ficado impedido de exercer a atividade de comercia- disposto no n.º 1, nos termos a estabelecer no Regulamento
lizador de gás natural, nos termos dos n.os 5 e 6; Tarifário.
e) Assegurar a constituição e manutenção de reservas 5 — Os comercializadores de último recurso retalhistas
de segurança de gás natural de acordo com o previsto no aplicam a clientes finais com consumos anuais iguais ou
presente decreto-lei e na regulamentação em vigor; inferiores a 10 000 m3, a título transitório, e, de forma con-
f) Enviar às entidades competentes a informação prevista tínua, aos clientes economicamente vulneráveis, as tarifas
na legislação e na regulamentação aplicáveis; transitórias de venda previstas no artigo 4.º do Decreto-Lei
g) Cumprir todas as normas previstas na respetiva re- n.º 74/2012, de 26 de março, conforme publicadas pela
gulamentação e as obrigações previstas nos termos das ERSE, de acordo com o estabelecido no Regulamento
licenças. Tarifário.

4 — Nas situações previstas nas alíneas c) e d) do nú- Artigo 43.º


mero anterior, o comercializador de último recurso reta- Prazo das licenças de comercialização de último recurso
lhista aplica as tarifas reguladas ou as tarifas transitórias
legalmente estabelecidas e, após a extinção destas, o preço 1 — A licença de comercialização de último recurso
equivalente à soma das parcelas relevantes da tarifa que grossista é válida até 2028.
serve de base ao cálculo da tarifa social de fornecimento 2 — As licenças de comercialização de último recurso
de gás natural, nos termos do Decreto-Lei n.º 101/2011, retalhista têm uma duração correspondente à dos contra-
de 30 de setembro. tos de concessão ou à das licenças de distribuição de gás
5 — Verificando-se a situação prevista na alínea d) do natural.
n.º 3, os comercializadores devem notificar a ocorrência ao
comercializador de último recurso retalhista, o qual, rece- Artigo 43.º-A
bida a notificação, envia uma carta registada aos clientes Transmissão, modificação e extinção das licenças
abrangidos, dando conhecimento de que é a entidade res- de comercialização de último recurso
ponsável por lhes fornecer gás natural durante um período
máximo de dois meses, devendo os clientes, até ao final 1 — A transmissão da licença de comercialização de
desse período, contratualizar com um comercializador último recurso retalhista depende de autorização da enti-
dade emitente, desde que se mantenham os pressupostos
registado o fornecimento de gás natural.
que determinaram a sua atribuição.
6 — Se se verificar ausência de alternativa de comer-
2 — Em caso de reestruturação societária, os comer-
cializadores registados decorrido o período previsto no
cializadores de último recurso retalhistas devem requerer
número anterior, é aplicável o disposto na alínea c) do n.º 3.
ao membro do Governo responsável pela área da energia
a modificação das licenças de que sejam titulares, subme-
Artigo 42.º tendo, para o efeito, o respetivo projeto de transformação
Aquisição de gás natural pelos comercializadores societária à autorização prévia desse membro do Governo,
de último recurso a qual deve ser emitida ou recusada no prazo de 30 dias
1 — Com vista a garantir o abastecimento necessário após a sua solicitação, sob pena de se considerar tacita-
à satisfação dos contratos com clientes finais, o comer- mente deferida.
cializador de último recurso grossista deve adquirir as 3 — As licenças de comercialização de último recurso
quantidades de gás natural que lhe sejam solicitadas pelos extinguem-se por caducidade ou por revogação.
comercializadores de último recurso retalhistas, podendo, 4 — A extinção da licença por caducidade ocorre em
para o efeito, adquirir gás natural ao comercializador do caso de decurso do respetivo prazo, dissolução, insolvência
SNGN, diretamente ou através de leilões, no âmbito dos ou cessação da atividade do seu titular.
contratos de aprovisionamento de longo prazo em regime 5 — A licença pode ser revogada quando o seu titular
de take or pay, celebrados em data anterior à entrada em faltar ao cumprimento dos deveres relativos ao exercício
vigor da Diretiva n.º 2003/55/CE, do Parlamento e do da atividade, nomeadamente:
Conselho, de 26 de junho, ou em mercados organizados a) Não cumprir, sem motivo justificado, as determina-
ou ainda através de contratos bilaterais, assegurando, em ções impostas pelas autoridades administrativas;
qualquer caso, que o respetivo preço seja o mais baixo de b) Violar reiteradamente o cumprimento das disposições
entre os praticados na data da aquisição. legais e as normas técnicas aplicáveis ao exercício da
2 — Para efeitos do disposto no n.º 1, o preço de aqui- atividade licenciada;
sição pelo comercializador do SNGN é estabelecido de c) Não cumprir, reiteradamente, a obrigação de envio
acordo com o Regulamento Tarifário e deve corresponder da informação estabelecida na legislação e na regulamen-
à ponderação entre o custo médio das aquisições de gás tação aplicáveis;
natural pelo comercializador de último recurso grossista d) Não começar a exercer a atividade no prazo de um ano
no mercado e o custo médio das quantidades de gás natural após a emissão da licença, ou, tendo-a começado a exercer,
contratadas no âmbito dos contratos de aprovisionamento a haja interrompido por igual período, sendo esta inati-
referidos no número anterior. vidade confirmada pelo gestor técnico global do SNGN.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6157

Artigo 44.º bros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças


Operador logístico de mudança de comercializador
e da energia, desde que, em qualquer dos casos, tenham
celebrado contrato com um participante do sistema de
1 — O operador logístico de mudança de comercializa- liquidação das operações realizadas nesse mercado.
dor é a entidade que tem atribuições no âmbito da gestão 6 — Compete aos operadores de mercado fixar os cri-
da mudança de comercializador de gás natural, podendo térios para a determinação dos índices de preço referentes
incluir, nomeadamente, a gestão dos equipamentos de a cada um dos tipos de contratos.
medida, a recolha de informação local ou a distância e o
fornecimento de informação sobre o consumo aos agentes Artigo 46.º
de mercado.
Operadores de mercado
2 — O operador logístico de mudança de comercializa-
dor deve ser independente nos planos jurídico, organizativo 1 — Os operadores de mercado são as entidades res-
e da tomada de decisões relativamente a entidades que ponsáveis pela gestão do mercado organizado e pela con-
exerçam atividades no âmbito do SNGN e estar dotado cretização de atividades conexas, nos termos do número
dos recursos, das competências e da estrutura organizativa seguinte, da legislação prevista no n.º 3 do artigo anterior e,
adequados ao seu funcionamento. subsidiariamente, das disposições da legislação financeira
3 — As funções, as condições e os procedimentos apli- aplicáveis aos mercados em que se realizem operações a
cáveis ao exercício da atividade de operador logístico de prazo.
mudança de comercializador, bem como a data da sua 2 — São deveres dos operadores de mercado, nomea-
entrada em funcionamento, são estabelecidos em legislação damente:
complementar.
4 — O operador logístico de mudança de comerciali- a) Gerir mercados organizados de contratação de gás
zador fica sujeito à regulação da ERSE, sendo a sua re- natural;
muneração fixada nos termos do regulamento de relações b) Assegurar que os mercados referidos na alínea ante-
comerciais e no regulamento tarifário. rior sejam dotados de adequados serviços de liquidação;
5 — Os comercializadores ficam obrigados a fornecer c) Divulgar informação relativa ao funcionamento dos
ao operador logístico de mudança de comercializador, nos mercados de forma transparente e não discriminatória,
termos a prever em legislação complementar, informação devendo, nomeadamente, publicar informação, agregada
relativa às situações de incumprimento das obrigações por agente, relativa a preços e quantidades transacionadas;
de pagamento previstas nos contratos de fornecimento d) Comunicar ao operador da RNTGN toda a infor-
que tenham motivado a interrupção do fornecimento e a mação relevante para a gestão técnica global do SNGN e
resolução dos referidos contratos. para a gestão comercial da capacidade de interligação, nos
6 — O operador logístico de mudança de comercializa- termos do Regulamento de Operação das Infraestruturas.
dor pode ser comum para o SNGN e para o SEN.
3 — Cabe ainda ao gestor de mercado a comunicação ao
operador da RNTGN de toda a informação relevante para
CAPÍTULO X a gestão técnica global do sistema, designadamente para
Mercado organizado a monitorização da capacidade de interligação.

Artigo 45.º Artigo 46.º-A


Integração da gestão de mercados organizados
Mercado organizado
1 — O mercado organizado, a prazo e a contado corres- A gestão de mercados organizados integra-se no âmbito
ponde a um sistema de diferentes modalidades de contrata- do funcionamento dos mercados constituídos ao abrigo de
ção que possibilitam o encontro entre a oferta e a procura acordos internacionais celebrados entre o Estado Português
de gás natural e de instrumentos cujo ativo subjacente seja e outros Estados membros da União Europeia.
gás natural ou ativo equivalente.
2 — O mercado organizado em que se realizem opera- CAPÍTULO XI
ções a prazo sobre gás natural está sujeito a autorização,
mediante portaria dos membros do Governo responsáveis Segurança do abastecimento
pelas áreas das finanças e da energia, nos termos do n.º 3
do artigo 207.º do Código dos Valores Mobiliários. Artigo 47.º
3 — A entidade gestora do mercado deve ser autorizada Garantia da segurança do abastecimento de gás natural
pelo membro do Governo responsável pela área da energia
e, nos casos em que a legislação assim obrigue, pelo mem- 1 — A promoção das condições de garantia e segurança
bro do Governo responsável pela área das finanças. do abastecimento de gás natural do SNGN, em termos
4 — A constituição, a organização e o funcionamento transparentes, não discriminatórios e compatíveis com
do mercado organizado devem constar de legislação es- os mecanismos de funcionamento do mercado, é feita,
pecífica. nomeadamente, através das seguintes medidas:
5 — Podem ser admitidos como membros do mercado a) Do lado da oferta:
organizado os intermediários financeiros, comercializado-
res e outros agentes que reúnam os requisitos previstos no i) Diversificação das fontes de abastecimento de gás
n.º 2 do artigo 206.º do Código dos Valores Mobiliários e natural;
demais requisitos fixados pela entidade gestora do mer- ii) Recurso a capacidades transfronteiriças de abas-
cado, nos termos a regulamentar por portaria dos mem- tecimento e transporte, nomeadamente pela cooperação
6158 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

regional entre operadores de sistemas de transporte e coor- 3 — O plano preventivo de ação deve ser publicitado até
denação das atividades de despacho; 3 de dezembro de 2012 e atualizado de dois em dois anos,
iii) Existência de contratos de longo prazo para o apro- salvo se as circunstâncias impuserem atualizações mais
visionamento de gás natural; frequentes, devendo refletir a avaliação de riscos mais
iv) Capacidade adequada de armazenamento de gás recente.
natural;
v) Constituição e manutenção de reservas de segu- Artigo 47.º-C
rança; Relatório de monitorização da segurança de abastecimento
vi) Definição e aplicação de medidas de emergência;
1 — A DGEG apresenta ao membro do Governo res-
b) Do lado da gestão da procura: ponsável pela área da energia, até 15 de julho de cada ano,
um RMSA, o qual deve incluir as medidas adotadas e uma
i) Promoção da eficiência energética; proposta de adoção das medidas adequadas a reforçar a
ii) Desenvolvimento de mecanismos de mercado para segurança do abastecimento do SNGN.
gestão da procura, nomeadamente através da celebração 2 — O RMSA deve incluir igualmente os seguintes
de contratos de fornecimento interruptível e do incentivo elementos:
à utilização de combustíveis alternativos em substituição
dos combustíveis fósseis nas instalações industriais e nas a) O nível de utilização da capacidade de armazena-
instalações de produção de eletricidade. mento e a avaliação da sua suficiência para garantir o
cumprimento das reservas de segurança;
c) (Revogada.) b) O âmbito dos contratos de aprovisionamento de gás
d) (Revogada.) a longo prazo celebrados por empresas estabelecidas e
e) (Revogada.) registadas em território nacional e, em especial, o prazo
f) (Revogada.) de duração remanescente desses contratos e o respetivo
g) (Revogada.) nível de liquidez;
c) Quadros regulamentares destinados a incentivar de
2 — (Revogado.) forma adequada novos investimentos nas infraestruturas
3 — (Revogado.) de gás natural.

3 — O RMSA deve ter em conta o relatório de monito-


Artigo 47.º-A
rização da segurança do abastecimento do SEN.
Avaliação de riscos 4 — O RMSA é publicitado no sítio na Internet da
DGEG e enviado à Comissão Europeia e à ERSE até 31
1 — A DGEG é responsável pela avaliação integral
de julho de cada ano.
dos riscos que afetam a segurança do aprovisionamento
do SNGN, com a colaboração do operador da RNTGN,
Artigo 48.º
bem como pela sua atualização nos termos previstos no
número seguinte. Medidas de salvaguarda e de emergência
2 — A avaliação dos riscos é atualizada, pela primeira 1 — Em caso de crise repentina no mercado da ener-
vez, no prazo de 18 meses após a aprovação dos planos gia e de ameaça à segurança física ou outra, de pessoas,
preventivos de ação e dos planos de emergência referidos equipamentos, instalações, ou à integridade das redes,
nos artigos 47.º-B e 48.º e, subsequentemente, de dois designadamente por via de acidente grave ou evento de
em dois anos, antes de 30 de setembro do ano em causa, força maior, o membro do Governo responsável pela área
salvo se as circunstâncias exigirem atualizações mais fre- da energia pode tomar, a título transitório e temporaria-
quentes. mente, as medidas de salvaguarda necessárias.
3 — As atualizações da avaliação de riscos são envia- 2 — A DGEG é responsável por elaborar, nos termos e
das à Comissão Europeia e devem ser consideradas para de acordo com os procedimentos previstos no Regulamento
efeitos de definição dos padrões de abastecimento ao nível (UE) n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e do Conse-
da produção e dos padrões de segurança para planeamento lho, de 20 de outubro, e mediante proposta do operador
das redes. da RNTGN, um plano de emergência, contemplando as
medidas a adotar para eliminar ou atenuar o impacto de
Artigo 47.º-B uma perturbação no aprovisionamento de gás natural.
Plano preventivo de ação 3 — A DGEG deve apresentar ao membro do Governo
responsável pela área da energia o plano de emergência
1 — A DGEG é ainda responsável por elaborar, nos elaborado nos termos do número anterior.
termos e de acordo com os procedimentos previstos no 4 — O plano de emergência deve ser publicitado até
Regulamento (UE) n.º 994/2010, do Parlamento Euro- 3 de dezembro de 2012 e atualizado de dois em dois anos,
peu e do Conselho, de 20 de outubro, mediante proposta salvo se as circunstâncias impuserem atualizações mais
do operador da RNTGN, um plano preventivo de ação, frequentes, devendo refletir a avaliação de riscos mais
definindo as medidas necessárias tendo em vista a elimi- recente.
nação ou atenuação dos riscos identificados na avaliação 5 — Em caso de perturbação no aprovisionamento, o
de riscos do aprovisionamento do SNGN a que se refere membro do Governo responsável pela área da energia
o artigo anterior. toma as medidas que se revelem necessárias, em particular,
2 — A DGEG apresenta ao membro do Governo res- a utilização das reservas de segurança e a imposição de
ponsável pela área da energia o plano preventivo de ação medidas de restrição da procura, nos termos previstos no
elaborado nos termos do número anterior. plano de emergência.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6159

6 — Em circunstâncias excecionais devidamente jus- RNTGN, até ao dia 15 de cada mês, as informações refe-
tificadas, o membro do Governo responsável pela área da rentes aos consumos efetivos da sua carteira de clientes
energia pode tomar medidas que se afastem do plano de no mês anterior, discriminando as quantidades referentes
emergência. aos consumos dos seus clientes protegidos e aos consu-
7 — As medidas que sejam tomadas ao abrigo do pre- mos não interruptíveis dos centros eletroprodutores em
sente artigo são comunicadas e, no caso previsto no nú- regime ordinário, fazendo prova dos respetivos contratos
mero anterior, devidamente fundamentadas à Comissão de interruptibilidade.
Europeia, e devem permitir que os operadores de mercado, 9 — (Revogado.)
sempre que tal seja possível ou adequado, deem uma pri- 10 — (Revogado.)
meira resposta às situações de perturbação no aprovisio- 11 — (Revogado.)
namento.
Artigo 50.º
Artigo 48.º-A Quantidades das reservas de segurança
Colaboração do gestor técnico global do sistema 1 — Com observância dos critérios de contagem es-
O operador da RNTGN deve colaborar ativamente com tabelecidos no presente decreto-lei, a quantidade global
a DGEG na elaboração da avaliação de riscos de abasteci- mínima de reservas de segurança de gás natural é fixada
mento, do RMSA, do plano preventivo de ação e do plano por portaria do membro do Governo responsável pela área
de emergência previstos nos artigos 47.º-A, 47.º-B, 47.º-C da energia, não podendo ser inferior às quantidades neces-
e 48.º, nos termos definidos no Regulamento da Segurança sárias a assegurar os consumos dos clientes protegidos e
de Abastecimento e Planeamento Energético. a fazer face aos consumos não interruptíveis dos centros
eletroprodutores em regime ordinário nas situações refe-
Artigo 49.º ridas nas alíneas a) a c) do n.º 2 do artigo 52.º
2 — As reservas de segurança são expressas em dias
Obrigação de constituição e manutenção de reservas de segurança da quantidade média diária dos consumos dos clientes
1 — Os comercializadores em regime de mercado e protegidos e dos consumos não interruptíveis dos cen-
os comercializadores de último recurso retalhistas estão tros eletroprodutores em regime ordinário nos 12 meses
sujeitos à obrigação de assegurar a constituição e manu- anteriores ao mês de contagem, a cumprir com um mês
tenção de reservas de segurança para garantia de abasteci- de dilação.
mento dos seus clientes, nos termos do Regulamento (UE) 3 — Para os novos produtores de eletricidade em regime
n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho, de ordinário e para os primeiros 12 meses do respetivo fun-
20 de outubro. cionamento, é tomada como referência a média diária dos
2 — Os encargos com a constituição e manutenção de consumos verificados, a cumprir um mês após a entrada
reservas de segurança são suportados pelas entidades re- em funcionamento.
feridas no número anterior.
3 — As reservas de segurança devem estar permanente- Artigo 50.º-A
mente disponíveis para utilização, devendo os seus titulares Clientes protegidos e obrigações adicionais
ser sempre identificáveis e os respetivos volumes conta-
bilizáveis e controláveis pela DGEG e pelo operador da 1 — Os clientes protegidos a considerar para efeitos
de constituição e manutenção de reservas de segurança
RNTGN, que os comunica à ERSE, para efeitos de eventual
são todos os clientes domésticos já ligados a uma rede
exercício de poder sancionatório, nos termos da lei.
de distribuição de gás e os clientes previstos na alínea a)
4 — As reservas de segurança são constituídas priorita-
do n.º 1 do artigo 2.º do Regulamento (UE) n.º 994/2010,
riamente em instalações de armazenamento de gás natural do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro.
localizadas no território nacional, em zonas próximas dos 2 — Como obrigação adicional, resultante da avaliação
principais centros de consumo. de riscos do aprovisionamento do SNGN, e tendo em con-
5 — A constituição de reservas de segurança fora de sideração o disposto no n.º 2 do artigo 8.º do Regulamento
território nacional pode ser autorizada pelo membro do (UE) n.º 994/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho,
Governo responsável pela área da energia, ouvido o opera- de 20 de outubro, devem ser igualmente considerados
dor da RNTGN, em caso de existência de acordo bilateral para efeitos de constituição e manutenção de reservas de
que preveja a possibilidade de estabelecimento de reservas segurança todos os consumos não interruptíveis dos centros
de segurança noutros países em termos que garantam a eletroprodutores em regime ordinário.
sua introdução no mercado nacional sem restrições e em
tempo útil. Artigo 50.º-B
6 — O membro do Governo responsável pela área da
energia define, mediante portaria, os limites para a apli- Consumos interruptíveis dos centros eletroprodutores
em regime ordinário
cação do disposto no número anterior.
7 — Sem prejuízo das competências do operador da 1 — Os comercializadores só podem deixar de assegu-
RNTGN no âmbito da gestão técnica global do SNGN e rar a constituição e manutenção de reservas de segurança
do poder sancionatório da ERSE, nos termos da lei, com- necessárias a garantir os consumos dos centros eletropro-
pete à DGEG fiscalizar o cumprimento das obrigações de dutores em regime ordinário desde que estes obtenham
constituição e manutenção de reservas de segurança. autorização da DGEG para celebrar contratos de forne-
8 — Para efeitos da fiscalização do cumprimento das cimento de gás natural que permitam a interrupção nas
obrigações de constituição e manutenção de reservas de situações referidas no n.º 2 do artigo 52.º e demonstrem
segurança prevista no número anterior, as entidades re- estar contratualmente garantido o fornecimento de com-
feridas no n.º 1 devem enviar à DGEG e ao operador da bustível alternativo ao gás natural.
6160 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

2 — Quando solicitada a sua autorização para os efei- b) Temperaturas extremamente baixas durante um
tos do disposto no número anterior, a DGEG deve obter período de pico de, pelo menos, sete dias, cuja probabili-
o parecer prévio dos operadores da RNT e da RNTGN e dade estatística de ocorrência seja de uma vez em 20 anos;
decidir a pretensão no prazo de 30 dias. c) Procura excecionalmente elevada de gás natural du-
3 — No caso de resposta favorável ou de falta de res- rante um período de, pelo menos, 30 dias, cuja probabili-
posta da DGEG no prazo referido no número anterior, os dade estatística de ocorrência seja de uma vez em 20 anos.
centros eletroprodutores devem informar o respetivo co-
mercializador de gás natural de que cessa a sua obrigação 3 — No caso de ocorrer uma situação de dificuldade
de constituir e manter reservas de segurança. de abastecimento, as decisões relativas à utilização de
reservas de segurança que sejam tomadas pelo membro
Artigo 51.º do Governo responsável pela área da energia devem ser
Contagem das reservas de segurança obrigatoriamente cumpridas por todas as entidades envol-
vidas na constituição de reservas.
1 — Para o cumprimento das obrigações de constituição
e manutenção das reservas de segurança, são considerados Artigo 53.º
o gás natural e o GNL, desde que detidos em:
Obrigações dos operadores da RNTIAT em matéria
a) Instalações de armazenamento subterrâneo, sem pre- de segurança do abastecimento
juízo do disposto no n.º 4 do artigo 24.º-A do Decreto-Lei
n.º 30/2006, de 15 de fevereiro; 1 — Enquanto responsável pela gestão técnica global
b) Instalações de armazenamento de GNL em terminais do SNGN, e sem prejuízo do disposto no artigo 13.º, com-
de receção, armazenagem e regaseificação de GNL; pete ao operador da RNTGN em matéria de segurança do
c) Navios metaneiros que se encontrem em trânsito abastecimento:
devidamente assegurado para um terminal de GNL exis- a) Monitorizar a constituição e a manutenção das re-
tente em território nacional, a uma distância máxima de servas de segurança;
três dias de trajeto. b) Proceder à libertação das reservas de segurança nos
casos previstos no presente decreto-lei, quando devida-
2 — A consideração da situação prevista na alínea c) mente autorizados pelo membro do Governo responsável
do número anterior para efeitos de cumprimento das pela área da energia;
obrigações de constituição e manutenção das reservas de c) Enviar à DGEG, até ao dia 15 de cada mês, as infor-
segurança é aplicável apenas até à entrada em serviço de mações referentes ao mês anterior relativas às quantidades
capacidade adicional de armazenamento em infraestruturas constituídas em reservas de segurança, sua localização e
referidas nas alíneas a) e b). respetivos titulares;
3 — Não são considerados, para contagem das reservas, d) Reportar à DGEG e à ERSE as situações verificadas
os volumes de gás natural detidos nas seguintes situações: de incumprimento das obrigações de constituição e manu-
tenção de reservas de segurança, com vista à aplicação do
a) Em instalações de armazenamento em redes de dis-
respetivo regime sancionatório.
tribuição (UAG);
b) Em reservatórios de consumidores ligados à rede de
distribuição; 2 — As entidades concessionárias de armazenamento
c) Em redes de transporte e de distribuição (line-pack); subterrâneo e de terminal de GNL devem dar prioridade,
em termos de utilização da capacidade de armazenamento,
d) Em camiões-cisterna de transporte.
à constituição e manutenção das reservas de segurança.
4 — O cumprimento das obrigações de constituição
e manutenção das reservas de segurança é verificado no CAPÍTULO XII
final de cada mês, com um mês de dilação relativamente
ao período de referência. Regulamentação

Artigo 52.º Artigo 54.º


Utilização das reservas de segurança Regulamentação
1 — A competência para autorizar ou para determinar Para os efeitos da aplicação do presente decreto-lei, são
o uso das reservas de segurança em caso de perturbação previstos os seguintes regulamentos:
grave do abastecimento pertence ao membro do Governo
responsável pela área da energia, tendo em consideração a) Regulamento do acesso às redes, às infraestruturas
o interesse nacional, as obrigações assumidas em acordos e às interligações;
internacionais e o definido no plano de emergência. b) Regulamento de operação das infraestruturas;
2 — Através de portaria do membro do Governo res- c) Regulamento da RNTGN;
ponsável pela área da energia são definidas normas espe- d) Regulamento tarifário;
e) Regulamento de qualidade de serviço;
cíficas destinadas a garantir prioridade na segurança do
f) Regulamento de relações comerciais;
abastecimento dos clientes protegidos e dos consumos
g) Regulamento de armazenamento subterrâneo;
não interruptíveis dos centros eletroprodutores em regime
h) Regulamento de terminal de receção, armazenamento
ordinário, em caso de:
e regaseificação de GNL;
a) Interrupção no funcionamento da maior infraestrutura i) Regulamento da RNDGN;
nacional de aprovisionamento de gás em condições inver- j) Regulamento da Segurança de Abastecimento e Pla-
nais médias, durante um período de, pelo menos, 30 dias; neamento.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6161

Artigo 55.º adequadas a uma exploração eficiente e qualificada das


Regulamento do acesso às redes, às infraestruturas redes e das instalações e das interrupções do serviço.
e às interligações 2 — Os padrões de qualidade de serviço referidos no
número anterior podem ser globais ou específicos das
1 — O regulamento do acesso às redes, às infraestru- diferentes categorias de clientes ou, ainda, variarem de
turas e às interligações estabelece, segundo critérios ob-
acordo com circunstâncias locais.
jetivos, transparentes e não discriminatórios, as condições
técnicas e comerciais segundo as quais se processa o acesso
às redes de transporte e de distribuição, às instalações de Artigo 60.º
armazenamento, aos terminais de receção, armazenamento Regulamento de relações comerciais
e regaseificação de GNL e às interligações.
2 — O regulamento do acesso às redes, às infraestrutu- O regulamento de relações comerciais estabelece as
ras e às interligações estabelece, ainda, as condições em regras de funcionamento das relações comerciais entre os
que pode ser recusado o acesso às redes, às infraestruturas vários intervenientes no SNGN, designadamente sobre as
e às interligações. seguintes matérias:
3 — As entidades que pretendam ter acesso às redes, às a) Relacionamento comercial entre os comercializadores
instalações de armazenamento, aos terminais de receção, e os seus clientes;
armazenamento e regaseificação de GNL e às interliga- b) Condições comerciais para ligação às redes públicas;
ções, bem como as entidades responsáveis pelas mesmas, c) Medição de gás natural e disponibilização de dados
ficam obrigadas ao cumprimento das disposições deste aos agentes de mercado;
regulamento. d) Procedimentos de mudança de comercializador;
Artigo 56.º e) Condições de participação e regras de funcionamento
Regulamento de operação das infraestruturas dos mercados organizados;
f) Interrupção do fornecimento de gás natural;
O regulamento de operação das infraestruturas estabe- g) Resolução de conflitos.
lece os critérios e procedimentos de gestão dos fluxos de
gás natural, a prestação dos serviços de sistema e as con- Artigo 61.º
dições técnicas que permitem aos operadores da RNTIAT
a gestão destes fluxos, assegurando a sua interoperaciona- Regulamento de armazenamento subterrâneo
lidade com as redes a que estejam ligados, bem como os
procedimentos destinados a garantir a sua concretização 1 — O regulamento de armazenamento subterrâneo
e verificação. estabelece:
Artigo 57.º a) As condições técnicas de construção e de exploração
Regulamento da RNTGN das infraestruturas de armazenamento subterrâneo;
b) As condições técnicas e de segurança, incluindo os
1 — O regulamento da RNTGN estabelece as condições procedimentos de verificação, que asseguram o adequado
técnicas de ligação e de exploração da respetiva rede e funcionamento das infraestruturas e a interoperabilidade
ainda as condições técnicas e de segurança, incluindo os com as redes a que estejam ligadas;
procedimentos de verificação, que asseguram o adequado c) As disposições técnicas relativas à segurança de pes-
fluxo de gás natural e a interoperabilidade com as redes soas e bens aplicáveis à exploração das infraestruturas de
a que esteja ligada. armazenamento subterrâneo;
2 — Este regulamento deve estabelecer, também, as d) As condições de acesso às infraestruturas e de gestão
disposições técnicas relativas à segurança de pessoas e
da segurança pelos operadores de armazenamento subter-
bens relacionados com a exploração da RNTGN.
râneo de gás natural, nos termos do artigo 17.º-A.
Artigo 58.º
2 — (Revogado.)
Regulamento tarifário 3 — (Revogado.)
O regulamento tarifário estabelece os critérios e mé- 4 — Os utilizadores das infraestruturas de armazena-
todos para o cálculo e fixação de tarifas, designadamente mento subterrâneo e as respetivas concessionárias ficam
as de acesso às redes, às instalações de armazenamento obrigados ao cumprimento das disposições deste regula-
subterrâneo, aos terminais de receção, armazenamento e mento.
regaseificação de GNL e às interligações e aos serviços de Artigo 62.º
sistema, bem como as tarifas de venda de gás natural do Regulamento de terminal de receção, armazenamento
comercializador de último recurso, segundo os princípios e regaseificação de GNL
definidos no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro,
no presente decreto-lei e tendo em conta o equilíbrio eco- 1 — O regulamento de terminal de receção, armazena-
nómico e financeiro das concessões e licenças. mento e regaseificação de GNL estabelece as condições
técnicas de construção e de exploração das infraestruturas
Artigo 59.º de terminais de GNL.
2 — O regulamento de terminal de receção, armazena-
Regulamento de qualidade de serviço
mento e regaseificação de GNL estabelece, ainda, as condi-
1 — O regulamento de qualidade de serviço estabelece ções técnicas e de segurança, incluindo os procedimentos
os padrões de qualidade de serviço de natureza técnica e de verificação, que asseguram o adequado funcionamento
comercial, designadamente em termos das características das infraestruturas e a interoperabilidade com as redes a
técnicas do gás a fornecer aos consumidores, das condições que estejam ligadas.
6162 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

3 — O regulamento do terminal de receção, armaze- Artigo 65.º


namento e regaseificação de GNL estabelece, também,
(Revogado.)
as disposições técnicas relativas à segurança de pessoas
e bens relacionados com a exploração das infraestruturas Artigo 66.º
de terminais de GNL.
4 — Os utilizadores de terminais de receção, armaze- (Revogado.)
namento e regaseificação de GNL e as respetivas conces-
sionárias ficam obrigados ao cumprimento das disposições Artigo 67.º
deste regulamento. (Revogado.)
Artigo 62.º-A
Artigo 68.º
Regulamento da RNDGN
(Revogado.)
O regulamento da RNDGN estabelece as condições
técnicas e de segurança a que devem obedecer o projeto, Artigo 69.º
a construção, a exploração e a manutenção das redes de
distribuição de gás natural cuja pressão de serviço: (Revogado.)
a) Seja superior a 4 bar e não exceda 20 bar (média Artigo 70.º
pressão);
b) Seja igual ou inferior a 4 bar (baixa pressão). (Revogado.)

Artigo 62.º-B Artigo 71.º


Regulamento da Segurança de Abastecimento e Planeamento (Revogado.)
1 — O Regulamento da Segurança de Abastecimento
e Planeamento define e concretiza a forma de cumpri- CAPÍTULO XIV
mento das obrigações do operador da RNT e da RNTGN Disposições finais
em matéria de segurança de abastecimento, planeamento
energético e planeamento das redes. Artigo 72.º
2 — O Regulamento previsto no número anterior define
ainda o modo de estabelecimento dos padrões de segurança Derrogação relacionada com novas infraestruturas
de abastecimento ao nível da produção e dos padrões de 1 — As novas infraestruturas relativas a interligações,
segurança para planeamento das redes. a instalações de armazenamento subterrâneo e a termi-
nais de GNL, bem como os aumentos significativos de
Artigo 63.º capacidade nas infraestruturas existentes e as alterações
Competência para aprovação dos regulamentos
das infraestruturas que permitam o desenvolvimento de
novas fontes de fornecimento de gás, podem beneficiar das
1 — O regulamento da RNTGN, o regulamento da derrogações previstas nos termos do artigo 36.º da Diretiva
RNDGN, o regulamento de armazenamento subterrâneo n.º 2009/73/CE, do Parlamento e do Conselho, de 13 de
e o regulamento de terminal de receção, armazenamento junho, tendo em consideração o seguinte:
e regaseificação de GNL são aprovados por portaria do a) Que, face ao nível de risco associado, o investimento
membro do Governo responsável pela área da energia, sob não seria realizado se não fosse concedida a derrogação;
proposta da DGEG, a qual, na sua preparação, deve solici- b) Que a infraestrutura deve ser propriedade de entidade
tar o parecer da ERSE e propostas às respetivas entidades separada, pelo menos no plano jurídico, dos operadores em
concessionárias e, no caso do regulamento da RNDGN, cujas redes a referida infraestrutura venha a ser construída,
também às entidades licenciadas. salvo nas situações de aumentos significativos de capaci-
2 — O regulamento de acesso às redes, infraestruturas dade ou alterações nas infraestruturas existentes;
e interligações, o regulamento das relações comerciais, c) Que devem ser cobradas taxas de utilização aos uti-
o regulamento de operação das infraestruturas, o regula- lizadores dessa infraestrutura;
mento de qualidade de serviço e o regulamento tarifário são d) Que a derrogação não prejudica a concorrência nem
aprovados pela ERSE, após parecer da DGEG e ouvidas o bom funcionamento do mercado interno do gás natural
as entidades concessionárias e licenciadas das redes que ou o funcionamento eficiente do sistema regulado a que
integram a RPGN, nos termos da legislação aplicável. está ligada a infraestrutura.
3 — O regulamento da segurança de abastecimento
e planeamento é aprovado pela DGEG, ouvida a ERSE, 2 — As derrogações previstas no número anterior po-
sendo a sua aplicação da competência da DGEG. dem abranger a totalidade ou parte da nova infraestrutura,
ou da infraestrutura existente significativamente alterada
ou ampliada, e impor condições no que se refere à duração
CAPÍTULO XIII da derrogação e ao acesso não discriminatório à infraes-
Disposições transitórias trutura, tendo em conta, nomeadamente, a capacidade adi-
cional a construir ou a alteração da capacidade existente, o
Artigo 64.º horizonte temporal do projeto e as necessidades do SNGN.
3 — Os pedidos referentes às derrogações previstas no
(Revogado.) número anterior são dirigidos à ERSE, que envia cópia dos
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6163

mesmos à Comissão Europeia imediatamente após a sua das até ao final dos primeiros trimestres de 2013 e 2014,
receção, acompanhada das informações referidas no n.º 8 respetivamente.
do artigo 36.º da Diretiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento
e do Conselho, de 13 de junho. Artigo 75.º-A
4 — As derrogações carecem de parecer prévio da Reconhecimento mútuo
DGEG e da ERSE e são concedidas pelo membro do Go-
verno responsável pela área da energia. 1 — Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 11.º do
5 — No parecer a que se refere o número anterior, e caso Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, não pode haver
este seja no sentido de conceder a derrogação requerida, duplicação entre as condições exigíveis para o cumpri-
a ERSE deve indicar as regras e mecanismos de gestão e mento dos procedimentos de permissão administrativa
atribuição de capacidade e gestão de congestionamentos, para as atividades de receção, armazenamento, regaseifica-
nos termos do regulamento de acesso às redes, às infraes- ção, armazenamento subterrâneo, transporte, distribuição,
truturas e às interligações, devendo ser previsto que todos comercialização e operação de mercados de gás natural
os potenciais utilizadores da infraestrutura em causa sejam reguladas no presente decreto-lei e os requisitos e os con-
convidados a indicar o seu interesse em contratar capa- trolos equivalentes, ou comparáveis quanto à finalidade, a
cidade, incluindo capacidade para uso próprio antes da que o requerente já tenha sido submetido em Portugal ou
atribuição de capacidade à nova infraestrutura. noutro Estado membro da União Europeia ou do Espaço
6 — A decisão de derrogação e quaisquer condições a Económico Europeu.
que a mesma fique sujeita devem ser devidamente justifi- 2 — O disposto no número anterior não é aplicável
cadas e publicadas e são imediatamente notificadas à Co- ao cumprimento das condições diretamente referentes às
missão Europeia, acompanhadas do parecer da ERSE e das instalações físicas localizadas em território nacional, nem
demais informações relevantes sobre a mesma, para que aos respetivos controlos por autoridade competente.
esta possa formular uma decisão bem fundamentada.
7 — Ao conceder uma derrogação, o membro do Go- Artigo 75.º-B
verno responsável pela área da energia deve definir, de
Validade de permissões administrativas
acordo com o parecer da ERSE, as regras e os mecanismos
de gestão e atribuição de capacidade, desde que tal não Os registos de comercializador de gás natural, a licença
impeça a realização dos contratos de longo prazo. de comercializador de último recurso e a autorização de
8 — A aprovação pela Comissão Europeia de uma de- gestor de mercados organizados de gás natural têm validade
cisão de derrogação deixa de produzir efeitos dois anos em todo o território de Portugal continental.
após a sua adoção, caso a construção da infraestrutura
não se tenha ainda iniciado, ou cinco anos após a referida Artigo 75.º-C
adoção, se a infraestrutura não estiver ainda operacional,
Desmaterialização de procedimentos
salvo se a Comissão decidir que os atrasos são devidos a
obstáculos relevantes, para além do controlo da entidade 1 — Todos os pedidos, comunicações e notificações e,
a quem a derrogação foi concedida. em geral, quaisquer declarações entre os interessados e
as autoridades competentes nos procedimentos previstos
Artigo 72.º-A no presente decreto-lei e respetiva legislação regulamen-
Derrogações relacionadas com falta de capacidade e necessidade tar relativos às atividades de receção, armazenamento,
de cumprimento de obrigações de serviço público regaseificação, armazenamento subterrâneo, transporte,
distribuição, comercialização, operação de mercados de gás
1 — Os operadores das redes de transporte e de dis-
natural e operação logística de mudança de comercializador
tribuição podem recusar, fundamentadamente, o acesso
às respetivas redes por falta de capacidade ou no caso de de gás natural, excetuados os procedimentos regulatórios
esse acesso os impedir de cumprir as obrigações de serviço e sancionatórios, devem ser efetuados através do balcão
público previstas no Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de único eletrónico dos serviços, a que se refere o artigo 6.º do
fevereiro, e no presente decreto-lei. Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, ou da plataforma
2 — Em caso de recusa de acesso à rede por falta de eletrónica de contratação pública, acessível através daquele
capacidade ou falta de ligação, os operadores das redes de balcão, conforme ao caso aplicáveis.
transporte ou de distribuição devem efetuar os melhora- 2 — Quando, por motivos de indisponibilidade das pla-
mentos necessários, na medida em que tal seja economi- taformas eletrónicas, não for possível o cumprimento do
camente viável, e sempre que um potencial cliente esteja disposto no número anterior, pode ser utilizado qualquer
interessado em pagar por isso. outro meio legalmente admissível.

Artigo 73.º Artigo 75.º-D


(Revogado.) Cooperação administrativa

Artigo 74.º As autoridades competentes nos termos do presente


decreto-lei participam na cooperação administrativa, no
(Revogado.)
âmbito dos procedimentos relativos a prestadores de ser-
Artigo 75.º viços estabelecidos em outro Estado membro da União
Europeia ou do Espaço Económico Europeu, nos termos
Apresentação do PDIRGN e PDIRD
do capítulo VI do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho,
As primeiras propostas de PDIRGN e PDIRD, elabo- nomeadamente através do Sistema de Informação do Mer-
rados nos termos dos artigos 12.º e 12.º-A, são apresenta- cado Interno (IMI).
6164 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Artigo 76.º de gás natural ao SNGN, bem como os necessários para a


Norma revogatória
elaboração e execução de planos preventivos de ação e de
emergência, quer ao nível nacional, quer ao nível regional,
São revogados os Decretos-Leis n.os 32/91 e 33/91, am- para fazer face a crises do aprovisionamento.
bos de 16 de janeiro, 333/91, de 6 de setembro, 203/97, de
8 de agosto, 274-B/93, de 4 de agosto, e 274-C/93, de 4 4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
de agosto, sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 71.º concedente, nos termos previstos no contrato de concessão
e de forma articulada com o PDIRGN, o plano de inves-
Artigo 77.º timentos na RNTGN.
Entrada em vigor 5 — A concessionária é desde já autorizada, nos termos
do número anterior, a explorar, direta ou indiretamente, ou
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte a ceder a exploração da capacidade excedentária da rede de
ao da sua publicação. telecomunicações instalada para a operação da RNTGN.
ANEXO I
Base II
(a que se refere o n.º 1 do artigo 68.º) Âmbito e exclusividade da concessão
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a
Bases da concessão da atividade de transporte
de gás natural através concessão tem como âmbito geográfico todo o território
da Rede Nacional de Transporte de Gás Natural do continente e é exercida em regime de exclusivo, sem
prejuízo do direito de acesso de terceiros às várias infraes-
truturas que a integram nos termos previstos nas presentes
CAPÍTULO I bases e na legislação e na regulamentação aplicáveis.
Disposições e princípios gerais 2 — As atividades referidas nas alíneas c) e e) do n.º 3
da base anterior abrangem todo o território nacional, sem
Base I prejuízo das competências e dos poderes das autoridades
regionais.
Objeto da concessão 3 — O regime de exclusivo referido no n.º 1 pode ser al-
1 — A concessão tem por objeto a atividade de trans- terado em conformidade com a política energética aprovada
porte de gás natural em alta pressão, exercida em regime pela União Europeia e aplicável ao Estado Português.
de serviço público, através da RNTGN.
2 — Integram-se no objeto da concessão: Base III
a) O recebimento, o transporte e a entrega de gás natural Prazo da concessão
em alta pressão; 1 — O prazo da concessão é fixado no contrato de con-
b) A operação, a exploração e a manutenção de todas as cessão e não pode exceder 40 anos contados a partir da
infraestruturas que integram a RNTGN e das interligações data da celebração do respetivo contrato.
às redes a que esteja ligada e, bem assim, das instalações 2 — A concessão pode ser renovada se o interesse pú-
necessárias para a sua operação. blico assim o justificar e a concessionária tiver cumprido
as suas obrigações legais e contratuais.
3 — Integram-se ainda no objeto da concessão: 3 — A intenção de renovação da concessão deve ser
a) O planeamento, o desenvolvimento, a expansão e a comunicada à concessionária pelo concedente com a an-
gestão técnica da RNTGN e a construção das respetivas tecedência mínima de dois anos relativamente ao termo
infraestruturas e, bem assim, das instalações necessárias do prazo da concessão.
para a sua operação;
b) A gestão da interligação da RNTGN com a rede in- Base IV
ternacional de transporte de alta pressão e da ligação com Serviço público
as infraestruturas de armazenamento subterrâneo e com
os terminais de GNL; 1 — A concessionária deve desempenhar as atividades
c) A gestão técnica global do SNGN; concessionadas de acordo com as exigências de um regular,
d) O planeamento da RNTIAT e da utilização das res- contínuo e eficiente funcionamento do serviço público e
petivas infraestruturas, através da elaboração do plano adotar, para o efeito, os melhores procedimentos, meios e
decenal indicativo do desenvolvimento e investimento da tecnologias utilizados no setor do gás com vista a garan-
RNTIAT (PDIRGN); tir, designadamente, a segurança do abastecimento e a de
e) O controlo da constituição e da manutenção das re- pessoas e bens.
servas de segurança de gás natural; 2 — Com o objetivo de assegurar a permanente ade-
f) A elaboração, para os médio e longo prazos, de estudos quação da concessão às exigências da regularidade, da
de planeamento integrado de recursos, de estudos prospe- continuidade e da eficiência do serviço público, o con-
tivos sobre o equilíbrio oferta-procura e de relatórios de cedente reserva-se o direito de alterar, por via legal ou
monitorização da segurança do abastecimento nos médio regulamentar, as condições da sua exploração.
e longo prazos (RMSA); 3 — Quando, por efeito do disposto no número an-
g) O desenvolvimento dos estudos necessários ao cum- terior, se alterarem significativamente as condições de
primento de outras obrigações decorrentes da legislação exploração da concessão, o concedente compromete-se a
aplicável, designadamente, os relacionados com a elabora- promover a reposição do equilíbrio económico e financeiro
ção e atualização da análise de risco de aprovisionamento da concessão, nos termos previstos na base XXXVI, desde
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6165

que a concessionária não possa legitimamente prover a tal CAPÍTULO II


reposição recorrendo aos meios resultantes de uma correta
e prudente gestão. Bens e meios afetos à concessão

Base V Base VII


Bens e meios afetos à concessão
Direitos e obrigações da concessionária
1 — Consideram-se afetos à concessão os bens que
1 — A concessionária beneficia dos direitos e encontra-
constituem a RNTGN, designadamente:
-se sujeita às obrigações estabelecidos no Decreto-Lei
n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, no Decreto-Lei n.º 140/2006, a) O conjunto de gasodutos de alta pressão para trans-
de 26 de julho, e na demais legislação e regulamentação porte de gás natural em território nacional, com as respe-
aplicáveis à atividade que integra o objeto da concessão, tivas tubagens e antenas;
sem prejuízo dos demais direitos e obrigações estabeleci- b) As instalações afetas à compressão, ao transporte e
dos nas presentes bases. à redução de pressão para entrega às redes de distribui-
2 — A concessionária obriga-se, em particular, a res- ção ou a clientes finais, incluindo todo o equipamento de
peitar as disposições legais em matéria de certificação controlo, regulação e medida indispensável à operação e
pela ERSE, nos termos e condições previstos nos arti- funcionamento do sistema de transporte de gás natural e
gos 21.º-A a 21.º-F do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de os postos de redução de pressão de 1.ª classe, nos quais se
fevereiro, e nas normas que as venham a regulamentar, concretiza a ligação com as redes de distribuição ou com
bem como a substituir, e a assegurar que praticará todos clientes finais;
os atos e diligências necessários, nomeadamente, pres- c) As UAG quando excecionalmente substituam ligações
tando toda a informação e documentação relevante ou que à rede de distribuição, nos termos do n.º 5 do artigo 14.º
lhe seja solicitada pelo concedente ou pela ERSE, com do presente decreto-lei;
vista a garantir a obtenção e a manutenção da referida d) As instalações e os equipamentos de telecomunica-
certificação. ções, telemedida e telecomando afetos à gestão de todas
3 — O não cumprimento das obrigações previstas as instalações de receção, transporte e entrega de gás na-
no número anterior constitui incumprimento do con- tural;
trato de concessão, incluindo para efeitos do disposto na e) As instalações e os equipamentos necessários à gestão
base XXXVIII. técnica global do SNGN;
f) As cadeias de medida, incluindo os equipamentos
Base VI de telemetria instalados nas instalações dos utilizadores
Princípios aplicáveis às relações com os utilizadores da RNTGN da RNTGN.

1 — A concessionária deve proporcionar aos uti- 2 — Consideram-se ainda afetos à concessão:


lizadores da RNTGN, de forma não discriminatória e
transparente, o acesso às respetivas infraestruturas, nos a) Os imóveis pertencentes à concessionária em que
termos previstos nas presentes bases e na legislação e estejam implantados os bens referidos no número ante-
rior, assim como as servidões constituídas em benefício
na regulamentação aplicáveis, não podendo estabelecer
da concessão;
diferenças de tratamento entre os referidos utilizadores
b) Os bens móveis ou direitos relativos a bens imóveis
que não resultem da aplicação de critérios ou de condi-
utilizados ou relacionados com o exercício da atividade
cionalismos legais, regulamentares ou técnicos, ou ainda
objeto da concessão;
de condicionalismos de natureza contratual desde que c) Os direitos privativos de propriedade intelectual e
aceites pela ERSE. industrial de que a concessionária seja titular;
2 — O disposto no número anterior não impede a con- d) Quaisquer fundos ou reservas consignados à garantia
cessionária de celebrar contratos a longo prazo, no respeito do cumprimento das obrigações da concessionária, por
pelas regras da concorrência. força de obrigação emergente da lei ou do contrato de
3 — A concessionária fica obrigada a disponibilizar concessão e enquanto durar essa vinculação;
serviços de sistema aos utilizadores da RNTGN, nomeada- e) As relações e posições jurídicas diretamente rela-
mente através de mecanismos eficientes de compensação cionadas com a concessão, nomeadamente laborais, de
de desvios, assegurando a respetiva liquidação, no respeito empreitada, de locação e de prestação de serviços.
pelos regulamentos aplicáveis.
4 — A concessionária deve, ainda, facultar aos utiliza- Base VIII
dores da RNTIAT as informações de que estes necessitem
para o acesso às respetivas infraestruturas. Inventário do património
5 — A concessionária deve assegurar o tratamento de 1 — A concessionária deve elaborar e manter perma-
dados de utilização da RNTIAT no respeito pelas dispo- nentemente atualizado e à disposição do concedente um
sições legais de proteção de dados pessoais e preservar inventário do património afeto à concessão.
a confidencialidade das informações comercialmente 2 — No inventário a que se refere o número anterior
sensíveis obtidas no seu relacionamento com os utili- devem ser mencionados os ónus ou encargos que recaem
zadores. sobre os bens afetos à concessão.
6 — A concessionária deve manter um registo das quei- 3 — Os bens e direitos patrimoniais tornados desneces-
xas ou reclamações que lhe tenham sido apresentadas sários à concessão são abatidos ao inventário, nos termos
pelos utilizadores. previstos no n.º 2 da base X.
6166 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Base IX 5 — A oneração e a transmissão de ações representativas


Manutenção dos bens afetos à concessão
do capital social da concessionária depende, sob pena de
nulidade, de autorização prévia do concedente, através do
1 — A concessionária fica obrigada a manter, durante o membro do Governo responsável pela área da energia, a
prazo de vigência da concessão, em permanente estado de qual não pode ser infundadamente recusada e se considera
bom funcionamento, conservação e segurança os bens e tacitamente concedida se não for recusada, por escrito, no
meios afetos à concessão, efetuando para tanto as repara- prazo de 60 dias a contar da data da respetiva solicitação.
ções, renovações, adaptações e modernizações necessárias 6 — Excetua-se do disposto no número anterior a onera-
ao bom desempenho do serviço público concedido. ção de ações efetuada em benefício das entidades financia-
2 — Não se tratando de reparações, renovações ou adap- doras da atividade que integra o objeto da concessão e no
tações urgentes, deve a concessionária, sempre que elas âmbito dos contratos de financiamento que venham a ser
impliquem interrupção, diminuição ou condicionamento celebrados pela concessionária para o efeito desde que as
da atividade objeto da concessão, comunicá-las com ante- entidades financiadoras assumam, nos referidos contratos,
cedência razoável aos utilizadores afetados pelas mesmas. a obrigação de obter a autorização prévia do concedente em
caso de execução das garantias de que resulte a transmissão
Base X a terceiros das ações oneradas.
Regime de oneração e transmissão dos bens afetos à concessão 7 — A oneração de ações referida no número anterior
deve, em qualquer caso, ser comunicada ao concedente,
1 — A concessionária não pode onerar ou transmitir, por a quem deve ser enviada, no prazo de 30 dias a contar a
qualquer forma, os bens que integram a concessão, sem partir da data em que seja constituída, cópia autenticada
prejuízo do disposto nos números seguintes. do documento que formaliza a oneração e, bem assim,
2 — Os bens e direitos que tenham perdido utilidade informação detalhada sobre quaisquer outros termos e
para a concessão são abatidos ao inventário referido na condições que sejam estabelecidos.
base VIII, mediante prévia autorização do concedente, que
se considera concedida se este não se opuser no prazo de Base XIII
30 dias contados da receção do pedido. Deliberações da concessionária e acordos entre acionistas
3 — A oneração ou transmissão de bens imóveis afetos
à concessão fica sujeita a autorização do membro do Go- 1 — Sem prejuízo de outras limitações previstas nas
verno responsável pela área da energia. presentes bases e no contrato de concessão, ficam sujeitas
4 — A oneração ou transmissão de bens e direitos afetos a autorização prévia do concedente, através do membro do
à concessão em desrespeito do disposto na presente base Governo responsável pela área da energia, as deliberações
acarreta a nulidade dos respetivos atos ou contratos. da concessionária relativas à alteração do objeto social e
à transformação, fusão, cisão ou dissolução da sociedade.
Base XI 2 — Os acordos parassociais celebrados entre os acio-
nistas da concessionária, bem como as respetivas altera-
Posse e propriedade dos bens
ções, devem ser objeto de aprovação prévia pelo conce-
1 — A concessionária detém a posse e propriedade dos dente, dada através do membro do Governo responsável
bens afetos à concessão até à extinção desta. pela área da energia.
2 — Com a extinção da concessão, os bens a ela afetos 3 — As autorizações e aprovações previstas na pre-
transferem-se para o concedente nos termos previstos nas sente base não podem ser infundadamente recusadas e
presentes bases e no contrato de concessão. consideram-se tacitamente concedidas se não forem re-
cusadas, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da data
CAPÍTULO III da respetiva solicitação.

Sociedade concessionária Base XIV


Financiamento
Base XII
1 — A concessionária é responsável pela obtenção do
Objeto social, sede e ações da sociedade financiamento necessário ao desenvolvimento do objeto
1 — O projeto de estatutos da sociedade concessionária da concessão, por forma a cumprir cabal e atempadamente
deve ser submetido a prévia aprovação do membro do todas as obrigações que assume no contrato de concessão.
Governo responsável pela área da energia. 2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, a
2 — A sociedade concessionária deve ter como objeto concessionária deve manter no final de cada ano um rácio
social principal, ao longo de todo o período de duração da de autonomia financeira superior a 20 %.
concessão, o exercício das atividades integradas no objeto
da concessão, devendo manter ao longo do mesmo período CAPÍTULO IV
a sua sede em Portugal e a forma de sociedade anónima,
regulada pela lei portuguesa. Construção, planeamento, remodelação e expansão
3 — O objeto social da concessionária pode incluir o das infraestruturas
exercício de outras atividades para além das que integram
o objeto da concessão e, bem assim, a participação no Base XV
capital de outras sociedades desde que seja respeitado o
Projetos
disposto nas presentes bases e na legislação aplicável ao
setor do gás natural. 1 — A construção e a exploração das infraestruturas da
4 — Todas as ações representativas do capital social da RNTGN ficam sujeitas à aprovação dos respetivos projetos
concessionária são obrigatoriamente nominativas. nos termos da legislação aplicável.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6167

2 — A concessionária é responsável, no respeito pelas abastecimento, o concedente pode determinar a remode-


legislação e regulamentação aplicáveis, pela conceção, lação ou a expansão da RNTGN, nos termos fixados no
pelo projeto e pela construção de todas as infraestruturas contrato de concessão.
e instalações da RNTGN, incluindo as necessárias à re-
modelação e à expansão da RNTGN.
3 — A aprovação de quaisquer projetos pelo concedente CAPÍTULO V
não implica, para este, qualquer responsabilidade derivada Exploração das infraestruturas
de erros de conceção, de projeto ou da inadequação das
instalações e do equipamento ao serviço da concessão.
Base XVIII
Base XVI Condições de exploração
Direitos e deveres decorrentes da aprovação dos projetos 1 — A concessionária é responsável pela exploração
1 — A aprovação dos respetivos projetos confere à con- e pela manutenção das infraestruturas que integram a
cessionária, nomeadamente, os seguintes direitos: RNTGN e respetivas instalações em condições de segu-
rança, fiabilidade e qualidade de serviço, no respeito pela
a) Utilizar, de acordo com a legislação aplicável, os legislação e regulamentação aplicáveis.
bens do domínio público ou privado do Estado e de ou- 2 — A concessionária deve assegurar-se de que o gás
tras pessoas coletivas públicas para o estabelecimento ou natural a transportar na RNTGN cumpre as características
passagem das infraestruturas ou instalações integrantes técnicas e as especificações de qualidade estabelecidas
da RNTGN; e que o seu transporte é efetuado em condições técnicas
b) Constituir, nos termos da legislação aplicável, as ser- adequadas, de forma a garantir a segurança de pessoas e
vidões sobre os imóveis necessários ao estabelecimento das bens.
infraestruturas ou instalações integrantes da RNTGN;
3 — Cabe à concessionária assegurar a oferta de ca-
c) Proceder à expropriação, por utilidade pública e ur-
gente, nos termos da legislação aplicável, dos bens imóveis pacidade a longo prazo da RNTGN, contribuindo para
ou dos direitos a eles relativos necessários ao estabeleci- a segurança do abastecimento, nos termos do PDIRGN.
mento das infraestruturas ou das instalações integrantes 4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao
da RNTGN. concedente, nos termos previstos no contrato de concessão
e de forma articulada com o PDIRGN, o plano de inves-
2 — As licenças e autorizações exigidas por lei para a timentos na RNTGN.
exploração das infraestruturas da RNTGN consideram-se 5 — No âmbito do exercício da atividade concessio-
outorgadas à concessionária com a aprovação dos respe- nada, a concessionária deve gerir os fluxos de gás natural,
tivos projetos, sem prejuízo da verificação por parte das assegurando a sua interoperacionalidade com as redes e
entidades licenciadoras da conformidade na sua execução. demais infraestruturas a que esteja ligada, no respeito pela
3 — Cabe à concessionária o pagamento das indem- regulamentação aplicável.
nizações decorrentes do exercício dos direitos referidos
no n.º 1. Base XIX
4 — No atravessamento de terrenos do domínio pú-
Informação
blico ou dos particulares, a concessionária deve adotar
os procedimentos estabelecidos na legislação aplicável e 1 — A concessionária tem a obrigação de fornecer ao
proceder à reparação de todos os prejuízos que resultem concedente, através da DGEG, todos os documentos e
dos trabalhos executados. outros elementos de informação relativos à concessão e a
outras atividades autorizadas nos termos no n.º 4 da base
Base XVII I que o concedente entenda dever solicitar-lhe, designa-
Planeamento, remodelação e expansão da RNTGN damente os necessários à resposta a quaisquer pedidos da
Comissão Europeia e, em particular, os obtidos no âm-
1 — O planeamento da RNTGN deve ser coorde- bito do exercício da atividade de gestão técnica global do
nado com o planeamento da RNTIAT e da RNDGN, SNGN, nos termos da base XXVII-A.
nos termos previstos na legislação e na regulamentação 2 — As informações e documentos solicitados pelo
aplicáveis. concedente devem ser fornecidos no prazo de 10 dias úteis,
2 — Constitui encargo e responsabilidade da conces- salvo se pelo concedente for fixado um prazo diferente,
sionária o planeamento, a remodelação, o desenvolvi-
mediante decisão fundamentada.
mento e a expansão da RNTGN, com vista a assegurar a
existência permanente de capacidade nas infraestruturas 3 — A não prestação ou a prestação de informações
que a integram. falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido do
3 — A concessionária deve observar na remodelação e concedente, no prazo por este fixado, constitui incumpri-
na expansão da RNTGN os prazos de execução adequados mento do contrato de concessão, designadamente para
à permanente satisfação das necessidades do abastecimento efeitos do disposto na base XXXVIII.
de gás natural, identificadas no PDIRGN. 4 — A concessionária deve fornecer ao operador de
4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao qualquer outra rede com a qual esteja ligada e aos interve-
concedente, nos termos previstos no contrato de concessão nientes do SNGN as informações necessárias para permitir
e de forma articulada com o PDIRGN, o plano de inves- um desenvolvimento coordenado das diversas redes e um
timentos na RNTGN. funcionamento seguro e eficiente do SNGN.
5 — Por razões de interesse público, nomeadamente 5 — A concessionária tem igualmente a obrigação de
as relativas à segurança, à regularidade e à qualidade do fornecer à ERSE a informação prevista na lei aplicável.
6168 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Base XX 2 — A concessionária pode, ainda, interromper unila-


teralmente a prestação do serviço público concessionado
Participação de desastres e acidentes
aos utilizadores da RNTGN que causem perturbações que
1 — A concessionária é obrigada a participar imedia- afetem a qualidade do serviço prestado, quando, uma vez
tamente à DGEG todos os desastres e acidentes ocorridos identificadas as causas perturbadoras, os utilizadores, após
nas suas instalações. aviso da concessionária, não corrijam as anomalias em
2 — Sem prejuízo das competências atribuídas às au- prazo adequado, tendo em consideração os trabalhos a
toridades públicas, sempre que dos desastres ou acidentes realizar.
resultem mortes, ferimentos graves ou prejuízos materiais
importantes, a concessionária deve elaborar, e enviar ao Base XXIII
concedente, um relatório técnico com a análise das circuns- Interrupções por razões de interesse público ou de serviço
tâncias da ocorrência e com o estado das instalações.
1 — A prestação do serviço público concessionado
Base XXI pode ser interrompida por razões de interesse público,
nomeadamente quando se trate da execução de planos
Ligação dos utilizadores à RNTGN nacionais de emergência, declarada ao abrigo de legislação
1 — A ligação dos utilizadores à RNTGN, quer nos específica.
pontos de receção quer nos postos de redução de pressão 2 — As interrupções das atividades objeto da concessão
e entrega às redes com as quais esteja ligada ou a clientes por razões de serviço num determinado ponto de entrega
finais, faz-se nas condições previstas nos regulamentos têm lugar quando haja necessidade imperiosa de realizar
aplicáveis. manobras ou trabalhos de ligação, reparação ou conser-
2 — A concessionária pode recusar, fundamentadamente, vação das instalações, desde que tenham sido esgotadas
o acesso às suas infraestruturas com base na respetiva falta todas as possibilidades alternativas.
3 — Nas situações referidas nos números anteriores, a
de capacidade ou de ligação ou se esse acesso a impedir de
concessionária deve avisar os utilizadores da RNTGN que
cumprir as suas obrigações de serviço público.
possam vir a ser afetados com a antecedência mínima de
3 — A concessionária pode ainda recusar a ligação dos 36 horas, salvo no caso da realização de trabalhos que a
utilizadores à RNTGN sempre que as instalações e os segurança de pessoas e bens torne inadiáveis ou quando
equipamentos de entrega ou receção daqueles não preen- haja necessidade urgente de trabalhos para garantir a se-
cham as disposições legais e regulamentares aplicáveis, gurança das infraestruturas e instalações do SNGN.
nomeadamente as respeitantes aos requisitos técnicos e
de segurança. Base XXIV
4 — A concessionária pode impor aos utilizadores da
RNTGN, sempre que o exijam razões de segurança, a Medidas de proteção
substituição, a reparação ou a adaptação dos respetivos 1 — Sem prejuízo das medidas de emergência que po-
equipamentos de ligação. dem ser adotadas pelo concedente, se se verificar uma si-
5 — A concessionária tem o direito de montar nas ins- tuação que ponha em risco a segurança de pessoas ou bens,
talações dos utilizadores equipamentos para a recolha de deve a concessionária promover imediatamente as medidas
dados e para a realização de operações de telecomando e que entender necessárias em matéria de segurança.
de telecomunicação, bem como sistemas de proteção nos 2 — As medidas referidas no número anterior devem ser
pontos de ligação da sua rede com as instalações daquelas imediatamente comunicadas à DGEG, às respetivas auto-
entidades, e de aceder aos equipamentos de medição do ridades concelhias, à autoridade policial da zona afetada e,
gás dos utilizadores ligados às suas instalações. se for caso disso, ao Serviço Nacional de Proteção Civil.
6 — Os utilizadores devem prestar à concessionária
todas as informações que esta considere necessárias à Base XXV
ligação dos utilizadores à RNTGN e à correta exploração Responsabilidade civil
das respetivas infraestruturas e instalações.
1 — A concessionária é responsável, nos termos gerais
Base XXII de direito, por quaisquer prejuízos causados ao concedente
ou a terceiros, pela culpa ou pelo risco, no exercício da
Interrupção por facto imputável ao utilizador atividade objeto da concessão.
1 — A concessionária pode interromper a prestação 2 — Para os efeitos do disposto no artigo 509.º do Có-
do serviço público concessionado aos utilizadores nos digo Civil, entende-se que a utilização das infraestruturas
termos da regulamentação aplicável e nomeadamente nos e instalações integradas na concessão é feita no exclusivo
seguintes casos: interesse da concessionária.
3 — A concessionária fica obrigada à constituição de
a) Alteração não autorizada do funcionamento de equi- um seguro de responsabilidade civil para cobertura dos
pamentos ou sistemas de ligação à RNTGN que ponha em danos materiais e corporais causados a terceiros e resul-
causa a segurança ou a regularidade da entrega; tantes do exercício da respetiva atividade, cujo montante
b) Incumprimento grave dos regulamentos aplicáveis ou, mínimo obrigatório é fixado por portaria do membro do
em caso de emergência, das suas ordens e instruções; Governo responsável pela área da energia e atualizável de
c) Incumprimento de obrigações contratuais pelo cliente três em três anos.
final, designadamente em caso de falta de pagamento a 4 — A concessionária deve apresentar ao concedente os
qualquer comercializador de gás natural, incluindo o co- documentos comprovativos da celebração do seguro, bem
mercializador de último recurso. como da atualização referida no número anterior.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6169

Base XXVI namento subterrâneo, tendo em vista o desenvolvimento


Cobertura por seguros
adequado da sua capacidade e a melhoria da qualidade de
serviço, de acordo com as orientações da política energética
1 — Para garantir o cumprimento das suas obrigações, nacional e europeia aplicáveis, e, em particular, através da
a concessionária é obrigada a celebrar e manter em vigor preparação do PDIRGN.
um seguro de responsabilidade civil, em valor mínimo
obrigatório a definir no contrato de concessão. 2 — Todos os operadores que exerçam qualquer das
2 — Para além dos seguros referidos na base anterior atividades que integram o SNGN e, bem assim, os seus uti-
e no número anterior, a concessionária deve assegurar a lizadores ficam sujeitos à gestão técnica global do SNGN.
existência e a manutenção em vigor das apólices de seguro 3 — São direitos da concessionária no âmbito da gestão
necessárias para garantir uma efetiva cobertura dos riscos técnica global do SNGN, nomeadamente:
da concessão.
3 — No âmbito da obrigação referida no número an- a) Supervisionar a atividade dos operadores e utiliza-
terior, a concessionária fica obrigada a constituir seguros dores do SNGN e coordenar as atividades dos operadores
envolvendo todas as infraestruturas e instalações que in- da RNTIAT;
tegram a RNTGN contra riscos de incêndio, explosão e b) Exigir aos titulares dos direitos de exploração das
danos devido a terramoto ou a temporal, nos termos fixados infraestruturas e instalações a informação necessária para
no contrato de concessão. o correto funcionamento do sistema;
4 — O disposto nos números anteriores pode ser objeto c) Exigir aos terceiros com direito de acesso às infraes-
de regulamentação pelo Instituto de Seguros de Portugal. truturas e instalações a comunicação dos seus planos de
aprovisionamento e consumo e de qualquer circunstância
que possa fazer variar substancialmente os planos comu-
CAPÍTULO VI nicados;
d) Exigir o estrito cumprimento das instruções que emita
Gestão técnica global do SNGN, planeamento
da RNTIAT e segurança do abastecimento para a correta exploração do sistema, a manutenção das
instalações e a adequada cobertura da procura;
Base XXVII e) Coordenar os planos de manutenção das infraestru-
turas da RNTIAT, procedendo aos ajustes necessários à
Gestão técnica global do SNGN garantia da segurança do abastecimento;
1 — No âmbito da gestão técnica global do SNGN, a f) Receber adequada retribuição pelos serviços pres-
concessionária deve proceder à coordenação sistémica tados.
das infraestruturas que constituem o SNGN, por forma a
assegurar o seu funcionamento integrado e harmonizado 4 — Sem prejuízo do disposto na legislação e regula-
e a segurança e a continuidade do abastecimento de gás mentação aplicáveis, são obrigações da concessionária no
natural nos curto, médio e longo prazos, mediante o exer- exercício da referida função, nomeadamente:
cício das seguintes funções: a) Atuar nas suas relações com os operadores e utili-
a) Gestão técnica do sistema, a qual integra a progra- zadores do SNGN de forma transparente e não discrimi-
mação e monitorização constante do equilíbrio entre a natória;
oferta e a procura global de gás natural, o seguimento da b) Informar sobre a viabilidade de acesso solicitado por
utilização da capacidade oferecida e a realização dos ser- terceiros às infraestruturas da RNTIAT;
viços de sistema necessários para operacionalizar o acesso c) Informar a DGEG, a ERSE e os operadores do SNGN,
de terceiros às infraestruturas com os níveis de qualidade com periodicidade trimestral, sobre a capacidade disponí-
e segurança adequados; vel da RNTIAT, e em particular dos pontos de acesso ao
b) Monitorização da constituição e manutenção das sistema, e sobre o quantitativo das reservas a constituir;
reservas de segurança de gás natural e participação na d) Monitorizar e reportar à ERSE a efetiva utilização das
gestão e execução das medidas decorrentes dos planos infraestruturas da RNTIAT, com o objetivo de identificar
preventivos de ação e de emergência aplicáveis em caso a constituição abusiva de reservas de capacidade;
de emergência do aprovisionamento de gás natural, sob e) Desenvolver protocolos de comunicação com os
coordenação da DGEG; diferentes operadores do SNGN, com vista a criar um
c) Planeamento energético e segurança do abasteci- sistema de comunicação integrado para controlo e super-
mento, através do desenvolvimento de estudos de planea- visão das operações da SNGN e atuar como coordenador
mento integrado de recursos energéticos e identificação das do mesmo;
condições necessárias à segurança do abastecimento futuro f) Emitir instruções sobre as operações de transporte,
dos consumos de gás natural a nível da oferta, tendo em incluindo o trânsito no território continental, de forma
conta as interações entre o SEN e o SNGN e as linhas de a assegurar a entrega de gás em condições adequadas e
orientação da política energética nacional, estudos esses eficientes nos pontos de saída da rede de transporte, em
que constituem referência para a função de Planeamento conformidade com protocolos de atuação e de operação
da RNTIAT e para a operação futura do sistema, bem como a estabelecer;
através da colaboração com a DGEG, nos termos da lei, g) Gerir os fluxos de gás natural na rede de transporte,
na preparação dos RMSA; de acordo com as solicitações dos agentes de mercado,
d) Planeamento da RNTIAT, designadamente no que em coordenação com os operadores das restantes infraes-
respeita ao planeamento das necessidades de renovação truturas do SNGN, garantindo a sua operação coerente no
e expansão da rede nacional de transporte de gás natural quadro da gestão técnica global do SNGN;
(RNTGN), das infraestruturas de descarga, armazenamento h) Monitorizar a utilização da capacidade das infraes-
e regaseificação de GNL, e das infraestruturas de armaze- truturas do SNGN e monitorizar o nível de reservas neces-
6170 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

sárias à garantia de segurança de abastecimento no curto 5 — A concessionária deve sempre dispor, na área da
e médio prazo; concessão conforme prevista no n.º 1 da base II, dos meios
i) Determinar e verificar as quantidades mínimas de gás e recursos técnicos e humanos apropriados, incluindo no
que cada agente de mercado deve possuir nas infraestru- plano dos sistemas de informação, bem como ter disponí-
turas, de modo a garantir as condições mínimas exigíveis veis os recursos financeiros necessários em cada momento
ao bom funcionamento do sistema e em respeito pela re- para aquele efeito, de modo a assegurar, de acordo com
gulamentação do setor; elevados padrões de qualidade, a prossecução das funções
j) Verificar tecnicamente a viabilidade da operação do e o cumprimento das obrigações a que se referem os nú-
SNGN, após recebidas as informações relativas às progra- meros anteriores e a recolha, tratamento e disponibilização
mações e nomeações e respetiva validação; da informação prevista na base seguinte.
l) Realizar o balanço residual do sistema de transporte 6 — O exercício da atividade de gestão técnica global
em complemento da utilização real de capacidade por parte do SNGN desenvolve-se nos termos da legislação e regu-
dos diversos agentes de mercado, de modo a garantir a lamentação aplicáveis, designadamente do Regulamento
continuidade da operação dentro dos parâmetros aceitáveis de Relações Comerciais, do Regulamento de Operação
de qualidade e segurança; das Infraestruturas, do Regulamento do Acesso às Redes,
m) Gerir os congestionamentos nas infraestruturas, in- às Infraestruturas e às Interligações e do Regulamento da
cluindo as interligações com outros sistemas internacionais RNTGN, e do contrato de concessão.
de transporte de gás natural, de acordo com os mecanismos
previstos na regulamentação em vigor; Base XXVII-A
n) Em conjunto com o operador da rede de transporte Informações no âmbito da gestão técnica global do SNGN
interligada, promover o funcionamento harmonioso do
sistema ibérico de gás natural, maximizando a capacidade 1 — A concessionária deve proceder à elaboração, re-
disponível nos pontos de interligação entre sistemas e faci- colha, tratamento e conservação de todas as informações
litando o funcionamento do mercado de forma transparente e documentos relevantes para o exercício da atividade de
e não discriminatória; gestão técnica global do SNGN, em termos proporcionais
o) Coordenar os fluxos de informação entre os diversos às exigências do cumprimento das suas funções, e deve
agentes com vista à gestão integrada das infraestruturas proceder à sua gestão em termos transparentes, não dis-
do sistema de gás natural, nomeadamente os processos criminatórios e de forma não abusiva.
associados às programações e às nomeações; 2 — As informações e documentos a que se refere o
número anterior dizem respeito, designadamente, às se-
p) Proceder às repartições e balanços associados ao uso
guintes matérias:
das infraestruturas, bem como à determinação das existên-
cias dos agentes de mercado nas infraestruturas, permitindo a) Caracterização técnica e da operação do SNGN, in-
identificar desequilíbrios e assegurar a sua resolução; cluindo o acesso de terceiros às infraestruturas e a quali-
q) Proceder às liquidações financeiras associadas às dade de serviço;
transações efetuadas no âmbito da respetiva atividade; b) Previsões de curto, médio e longo prazos sobre a
r) Divulgar, de forma célere e não discriminatória, in- evolução da oferta de energia e o equilíbrio entre a procura
formação sobre factos suscetíveis de influenciar o regular de gás natural e as respetivas infraestruturas de oferta;
funcionamento do mercado ou a formação dos preços, c) Análise da utilização e a determinação das necessida-
s) Desenvolver, com a regularidade imposta pela legis- des prospetivas de oferta de capacidade das infraestruturas
lação aplicável e pela concessão, os estudos necessários à da RNTIAT;
preparação de elementos prospetivos de referência sobre d) Elementos relativos ao PDIRGN;
a evolução, nos médio e longo prazos, do mix de oferta e) Elementos relativos ao RMSA;
gás natural/GNL e da adequação da oferta de capacidade f) Elementos do âmbito da gestão técnica global do
das infraestruturas do SNGN no mesmo quadro de refe- SNGN necessários para a preparação da análise de risco
rência; e dos planos preventivos de ação e de emergência pre-
t) Colaborar com a DGEG na preparação dos RMSA; vistos na regulamentação sobre segurança do aprovisio-
u) Seguir a evolução do padrão e da taxa de utilização namento.
global de capacidade ao longo do sistema de transporte e
em todos os pontos relevantes e elaborar em consonância os Base XXVIII
estudos com a identificação das medidas necessárias para Planeamento da RNTIAT
evitar em tempo útil a ocorrência de potenciais situações
de congestionamento, de modo a possibilitar a eliminação 1 — O planeamento da RNTIAT deve ser efetuado de
de restrições que prejudiquem o bom funcionamento do modo a assegurar a existência de capacidade das infraestru-
SNGN; turas e o desenvolvimento sustentado e eficiente da rede e
v) Desenvolver, com a regularidade necessária, os es- deve ser devidamente coordenado com o planeamento das
tudos de suporte ao planeamento das necessidades de re- infraestruturas e das instalações com que se interliga.
novação e expansão da RNTGN; 2 — Para efeitos do planeamento previsto no número
x) Preparar, de acordo com a legislação aplicável, o anterior, devem ser elaborados pela concessionária e en-
PDIRGN; tregues à DGEG os seguintes documentos:
z) Desenvolver e manter atualizadas as metodologias e a) Caracterização da RNTIAT, que deve conter infor-
os modelos necessários à obtenção da informação de base mação técnica que permita conhecer a situação das redes
e à realização dos estudos, relatórios e planos referidos nas e restantes infraestruturas, designadamente as capacidades
alíneas anteriores. nos vários pontos da rede, a capacidade de armazena-
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6171

mento e dos terminais de GNL, assim como o seu grau 4 — Sempre que o concedente utilize a caução, a con-
de utilização; cessionária deve proceder à reposição do seu montante
b) PDIRGN, que tenha em consideração os planos quin- integral no prazo de 30 dias a contar a partir da data da-
quenais de desenvolvimento e investimento das redes de quela utilização.
distribuição (PDIRD) elaborados no ano par anterior pelos 5 — O valor da caução é atualizado de três em três anos
operadores da RNDGN, observando, para além de critérios de acordo com o índice de preços no consumidor no con-
de racionalidade económica, as orientações de política tinente, excluindo habitação, publicado pelo Instituto Na-
energética, designadamente o que se encontrar definido cional de Estatística.
relativamente à capacidade e ao tipo das infraestruturas de 6 — A caução só pode ser levantada pela concessionária
entrada de gás natural no sistema, as perspetivas de desen- um ano após a data da extinção do contrato de concessão,
volvimento dos setores de maior e mais intenso consumo, ou antes de decorrido aquele prazo por determinação ex-
as conclusões e recomendações contidas nos relatórios de pressa do concedente, através do membro do Governo
monitorização, os padrões de segurança para planeamento responsável pela área da energia, mas sempre após a ex-
das redes e as exigências técnicas e regulamentares. tinção da concessão.
7 — A caução prevista nesta base bem como outras
3 — A caracterização da RNTIAT e a proposta de que a concessionária venha a estar obrigada a constituir
PDIRGN devem ser submetidas pela concessionária à a favor do concedente devem ser prestadas por depósito
DGEG, com a periodicidade de dois anos, até ao final do em dinheiro ou por garantia bancária autónoma, à primeira
primeiro trimestre de cada ano ímpar. solicitação, cujo texto deve ser previamente aprovado pela
DGEG.
Base XXIX
Base XXXII
Colaboração na monitorização da segurança do abastecimento
Supervisão, acompanhamento e fiscalização
A concessionária da RNTGN deve colaborar com o
Governo, através da DGEG, na promoção das condições 1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras
de garantia e segurança do abastecimento de gás natural entidades, em particular à ERSE, cabe à DGEG o exercício
do SNGN e respetiva monitorização, nos termos previstos dos poderes de supervisão, acompanhamento e fiscalização
na legislação e na regulamentação aplicáveis. da concessão, nomeadamente no que se refere ao cumpri-
mento das disposições legais e regulamentares aplicáveis
Base XXX e do contrato de concessão.
Controlo da constituição e manutenção das reservas de segurança
2 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras
entidades públicas, cabe à ERSE o exercício dos pode-
1 — Constitui obrigação da concessionária controlar res de regulação das atividades que integram o objeto da
a constituição, a manutenção e a libertação das reservas concessão, nos termos previstos na legislação e na regu-
de segurança de gás natural, de forma transparente e não lamentação aplicáveis.
discriminatória, nos termos previstos na legislação e na 3 — Para efeitos do disposto no n.º 1 e sempre que exista
regulamentação aplicáveis. motivo atendível, o concedente pode, nomeadamente:
2 — A concessionária da RNTGN deve enviar à DGEG,
até ao dia 15 de cada mês, as informações referentes ao mês a) Inquirir os representantes legais e quaisquer cola-
anterior relativas às quantidades constituídas em reservas, boradores da concessionária, bem como solicitar-lhes os
à sua localização e aos respetivos titulares. documentos e outros elementos de informação que entenda
3 — A concessionária da RNTGN deve reportar à DGEG necessários ou convenientes;
as situações verificadas de incumprimento das obrigações b) Aceder livremente às instalações da concessionária
de constituição e manutenção de reservas de segurança. e proceder à busca, exame, tratamento e recolha de cópias
ou extratos dos documentos e outras informações na posse
da concessionária que julgue necessários ou convenientes,
CAPÍTULO VII incluindo através dos respetivos sistemas de informação;
Garantias e fiscalização do cumprimento c) Requerer à concessionária a realização dos estudos,
das obrigações da concessionária testes ou simulações, incluindo com recurso aos respetivos
sistemas de informação, que se enquadrem no exercício
Base XXXI das funções da concessionária, bem como acompanhar
e participar ativamente na sua preparação e realização,
Caução designadamente no âmbito da definição dos princípios de
1 — Para garantia do pontual e integral cumprimento base da política energética;
das obrigações emergentes do contrato de concessão e da d) Emitir ordens, determinações, diretivas ou instruções,
cobrança das multas aplicadas, a concessionária deve, antes no âmbito dos poderes de supervisão, acompanhamento
da assinatura do contrato de concessão, prestar a favor do e fiscalização.
concedente uma caução no valor de € 10 000 000.
2 — O concedente pode utilizar a caução sempre que a 4 — O concedente pode recorrer a entidades terceiras
concessionária não cumpra qualquer obrigação assumida devidamente qualificadas para a prestação de assistência
no contrato de concessão. técnica que repute conveniente no âmbito do exercício das
3 — O recurso à caução é precedido de despacho do funções de supervisão, acompanhamento e fiscalização
membro do Governo responsável pela área da energia, não da concessão, as quais gozam dos poderes referidos no
dependendo de qualquer outra formalidade ou de prévia número anterior após comunicação à concessionária para
decisão judicial ou arbitral. o efeito.
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5 — A concessionária deve facilitar o exercício dos CAPÍTULO IX


poderes atribuídos às entidades fiscalizadora e reguladora, Condição económica e financeira da concessionária
nomeadamente prestando todas as informações e forne-
cendo todos os documentos que lhe forem solicitados por Base XXXV
essas entidades no âmbito das respetivas competências,
Equilíbrio económico e financeiro da concessão
bem como permitindo o livre acesso do pessoal das refe-
ridas entidades devidamente credenciado e no exercício 1 — É garantido à concessionária o equilíbrio econó-
das suas funções a todas as suas instalações. mico e financeiro da concessão, nas condições de uma
6 — A concessionária deve constituir e manter um se- gestão eficiente.
guro de acidentes pessoais, de montante a definir no con- 2 — O equilíbrio económico e financeiro baseia-se no
trato de concessão, de modo a cobrir os riscos inerentes reconhecimento dos custos de investimento, de operação
ao exercício pelo pessoal das entidades fiscalizadora e e de manutenção e na adequada remuneração dos ativos
reguladora das suas funções nas instalações da conces- afetos à concessão.
sionária. 3 — A concessionária é responsável por todos os riscos
inerentes à concessão, sem prejuízo do disposto na legis-
lação aplicável e nas presentes bases.
CAPÍTULO VIII
Modificações objetivas e subjetivas da concessão Base XXXVI
Reposição do equilíbrio económico e financeiro
Base XXXIII
1 — Tendo em atenção a distribuição de riscos esta-
Alteração do contrato de concessão belecida no contrato de concessão, a concessionária tem
1 — O contrato de concessão pode ser alterado unila- direito à reposição do equilíbrio económico e financeiro
da concessão nos seguintes casos:
teralmente pelo concedente, sem prejuízo da reposição do
respetivo equilíbrio económico e financeiro, nos termos a) Modificação unilateral, imposta pelo concedente,
previstos na base XXXVI. das condições de exploração da concessão, nos termos
2 — O contrato de concessão pode também ser alterado previstos nos n.os 2 e 3 da base IV, desde que, em resultado
por força de disposição legal imperativa, designadamente direto da mesma, se verifique, para a concessionária, um
decorrente das políticas energéticas aprovadas pela União determinado aumento de custos ou uma determinada perda
Europeia e aplicáveis ao Estado Português. de receitas e esta não possa legitimamente proceder a tal
reposição por recurso aos meios resultantes de uma correta
Base XXXIV e prudente gestão;
b) Alterações legislativas que tenham um impacte di-
Transmissão e oneração da concessão reto sobre as receitas ou custos respeitantes às atividades
1 — A concessionária não pode, sem prévia autorização integradas na concessão.
do concedente, onerar, subconceder, trespassar ou transmi-
tir, por qualquer forma, no todo ou em parte, a concessão ou 2 — Nos casos previstos no número anterior, a con-
realizar qualquer negócio jurídico que vise atingir ou tenha cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio
por efeito, mesmo que indireto, idênticos resultados. económico e financeiro da concessão na medida em que
2 — É equiparada à transmissão da concessão a aliena- o impacte sobre os proveitos ou custos não seja suscetível
ção de ações que resulte na constituição ou modificação de de consideração no âmbito da atividade reguladora.
uma relação de domínio sobre a concessionária, conforme 3 — Os parâmetros, termos e critérios da reposição do
definido no artigo 21.º do Código dos Valores Mobiliários, equilíbrio económico e financeiro da concessão são fixados
ou em norma que o venha a substituir. no contrato de concessão.
3 — Os atos praticados ou os contratos celebrados em 4 — Sempre que haja lugar à reposição do equilíbrio
violação do disposto nos números anteriores são nulos e económico e financeiro da concessão, tal reposição pode
desprovidos de quaisquer efeitos jurídicos, sem prejuízo ter lugar através de uma das seguintes modalidades:
de outras sanções aplicáveis. a) Prorrogação do prazo da concessão;
4 — No caso de haver lugar a uma subconcessão devi- b) Revisão do cronograma ou redução das obrigações
damente autorizada, a concessionária mantém os direitos de investimento previamente aprovadas;
e continua sujeita às obrigações decorrentes do contrato c) Atribuição de compensação direta pelo concedente;
de concessão. d) Combinação das modalidades anteriores ou qualquer
5 — Ocorrendo trespasse da concessão, consideram- outra forma que seja acordada.
-se transmitidos para o trespassário todos os direitos e
obrigações da concessionária, assumindo aquele ainda os
deveres, obrigações e encargos que eventualmente venham CAPÍTULO X
a ser-lhe impostos pelo concedente como condição para a Incumprimento do contrato de concessão
autorização do trespasse.
6 — A concessionária é responsável pela transferência Base XXXVII
integral dos seus direitos e obrigações para o trespassário,
Responsabilidade da concessionária por incumprimento
incluindo as obrigações incertas, ilíquidas ou inexigíveis
à data do trespasse, em termos em que não seja afetada 1 — A violação pela concessionária de qualquer das
ou interrompida a prestação do serviço público conces- obrigações assumidas no contrato de concessão fá-la in-
sionado. correr em responsabilidade perante o concedente.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6173

2 — A responsabilidade da concessionária cessa sempre derá 5 % do montante máximo da multa que seria aplicável
que ocorra caso de força maior, ficando a seu cargo fazer nos termos da alínea anterior, por dia de atraso, a contar
prova da ocorrência. da data fixada na decisão do concedente que determinou
3 — Consideram-se unicamente casos de força maior os a prestação das informações, até ao montante máximo
acontecimentos imprevisíveis e irresistíveis cujos efeitos global de € 5 000 000.
se produzam independentemente da vontade ou das cir-
cunstâncias pessoais da concessionária. 3 — A aplicação de multas contratuais e sanções pecu-
4 — Constituem, nomeadamente, casos de força maior niárias compulsórias depende de notificação prévia da con-
atos de guerra, hostilidades ou invasão, terrorismo, epi- cessionária pelo concedente para reparar o incumprimento,
demias, radiações atómicas, graves inundações, raios, ci- bem como do não cumprimento, pela concessionária, do
clones, tremores de terra e outros cataclismos naturais que prazo de reparação fixado nessa notificação nos termos
afetem a atividade objeto da concessão. do número seguinte, ou da não reparação integral da falta
5 — A ocorrência de um caso de força maior tem por naquele prazo.
efeito exonerar a concessionária da responsabilidade pelo 4 — O prazo de reparação do incumprimento é fixado
não cumprimento das obrigações emergentes do contrato de pelo concedente de acordo com critérios de razoabilidade
concessão que sejam afetadas pela ocorrência do mesmo, e tem sempre em atenção a defesa do interesse público e
na estrita medida em que o respetivo cumprimento pontual a manutenção em funcionamento da concessão.
e atempado tenha sido efetivamente impedido. 5 — A concessionária pode, no prazo fixado na notifi-
6 — No caso de impossibilidade de cumprimento do cação a que se refere o número anterior, e em momento
contrato de concessão por causa de força maior, o con- anterior ao da aplicação de quaisquer multas contratuais
cedente pode proceder à sua rescisão, nos termos fixados ou sanções pecuniárias compulsórias, exercer por escrito
no mesmo. o seu direito de defesa.
7 — A concessionária fica obrigada a comunicar ao 6 — É da competência do diretor-geral da DGEG a
concedente a ocorrência de qualquer evento qualificável aplicação das multas contratuais e sanções pecuniárias
como caso de força maior, bem como a indicar, no mais compulsórias.
curto prazo possível, quais as obrigações emergentes do 7 — Caso a concessionária não proceda ao pagamento
contrato de concessão cujo cumprimento, no seu enten- voluntário das multas contratuais ou sanções pecuniárias
der, se encontra impedido ou dificultado por força de tal compulsórias que lhe forem aplicadas no prazo de 20 dias
ocorrência e, bem assim, se for o caso, as medidas que a contar da sua fixação e notificação pelo concedente, este
tomou ou pretende tomar para fazer face à situação ocor- pode utilizar a caução para pagamento das mesmas.
rida, a fim de mitigar o impacte do referido evento e os 8 — O valor máximo das multas estabelecido na pre-
respetivos custos. sente base é atualizado em janeiro de cada ano de acordo
8 — A concessionária deve, em qualquer caso, tomar com o índice de preços no consumidor no continente,
imediatamente as medidas que sejam necessárias para excluindo habitação, publicado pelo Instituto Nacional de
assegurar a retoma normal das obrigações suspensas, cons- Estatística, referente ao ano anterior.
tituindo estrita obrigação da concessionária mitigar, por 9 — A aplicação de multas ou sanções pecuniárias
qualquer meio razoável e apropriado ao seu dispor, os compulsórias não prejudica a aplicação de outras sanções
efeitos da verificação de um caso de força maior. contratuais, nem isenta a concessionária de responsabili-
dade civil, criminal e contraordenacional em que incorrer
Base XXXVIII perante o concedente ou terceiros.
Sanções contratuais
Base XXXIX
1 — Sem prejuízo dos demais direitos e prerrogativas
Sequestro
de que o concedente disponha nos termos da lei e das
presentes bases, o incumprimento pela concessionária das 1 — Em caso de incumprimento grave pela concessio-
obrigações assumidas no âmbito do contrato de conces- nária das obrigações emergentes do contrato de concessão,
são pode ser sancionado, por decisão do concedente, pela o concedente, através de despacho do membro do Governo
aplicação de multas contratuais, cujo montante varia, em responsável pela área da energia, pode, mediante sequestro,
função da gravidade da infração cometida e do grau de tomar conta da concessão.
culpa do infrator, até € 10 000 000. 2 — O sequestro da concessão pode ter lugar, nome-
2 — Igualmente sem prejuízo dos demais direitos e adamente, quando se verifique qualquer das seguintes
prerrogativas de que o concedente disponha nos termos da situações por motivos imputáveis à concessionária:
lei e das presentes bases, o não cumprimento do disposto
nas bases XIX e XXXII sujeita a concessionária às seguintes a) Estiver iminente ou ocorrer a cessação ou interrupção,
sanções: total ou parcial, do desenvolvimento da atividade objeto
da concessão;
a) Ao pagamento de multa até ao montante de b) Deficiências graves na organização, no funciona-
€ 5 000 000, variando o respetivo montante em função da mento ou no regular desenvolvimento da atividade ob-
relevância dos documentos ou informações para o funcio- jeto da concessão, bem como situações de insegurança de
namento do SNGN, do carácter reiterado ou ocasional do pessoas e bens;
incumprimento, do grau de culpa, dos riscos daí derivados c) Deficiências graves no estado geral das infraestru-
para a segurança da rede ou de terceiros, dos prejuízos turas, instalações ou equipamentos, ou não cumprimento
efetivamente causados e da diligência que a concessionária das obrigações da concessionária enquanto gestora técnica
tenha posto na superação de consequências; global do SNGN que comprometam a continuidade ou a
b) Em alternativa e quando tal se justifique, a uma san- qualidade da atividade objeto da presente concessão ou a
ção pecuniária compulsória, num montante que não exce- segurança do abastecimento do SNGN.
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3 — A concessionária está obrigada a proceder à entrega Base XLI


da concessão no prazo que lhe seja fixado pelo concedente Procedimentos em caso de extinção da concessão
quando lhe seja comunicada a decisão de sequestro da
concessão. 1 — O concedente reserva-se no direito de tomar, nos
4 — Verificando-se qualquer facto que possa dar lugar últimos dois anos do prazo da concessão, as providências
ao sequestro da concessão, observar-se-á, com as devidas que julgar convenientes para assegurar a continuação do
adaptações, o processo de sanação do incumprimento pre- serviço no termo da concessão ou as medidas necessá-
visto nos n.os 4 e 5 da base XLIV. rias para efetuar, durante o mesmo prazo, a transferência
5 — Verificado o sequestro, a concessionária suporta progressiva da atividade objeto da concessão para a nova
todos os encargos que resultarem para o concedente do concessionária.
exercício da concessão, bem como as despesas extraor- 2 — No contrato de concessão são previstos os termos
dinárias necessárias ao restabelecimento da normalidade. e os modos pelos quais se procede, em caso de extinção da
6 — Logo que cessem as razões do sequestro, seja resta- concessão, à transferência para o concedente da titularidade
belecido o normal funcionamento da concessão e o conce- de eventuais direitos detidos pela concessionária sobre ter-
dente o julgue oportuno, a concessionária é notificada para ceiros e que se revelem necessários para a continuidade da
retomar a concessão no prazo que lhe seja fixado. prestação dos serviços concedidos e, em geral, à tomada de
7 — A concessionária pode optar pela rescisão da con- quaisquer outras medidas tendentes a evitar a interrupção
cessão caso o sequestro se mantenha por seis meses após ter da prestação do serviço público concessionado.
sido restabelecido o normal funcionamento da concessão,
sendo então aplicável o disposto na base XLV. Base XLII
8 — Se a concessionária não retomar a concessão no
Decurso do prazo da concessão
prazo que lhe seja fixado, pode o concedente, através do
membro do Governo responsável pela área da energia, 1 — Decorrido o prazo da concessão, sem necessidade
determinar a imediata rescisão do contrato de concessão. de qualquer comunicação entre as Partes nesse sentido,
9 — No caso de a concessionária ter retomado o exer- transmitem-se para o concedente todos os bens e meios
cício da concessão e continuarem a verificar-se graves afetos à concessão, livres de ónus ou encargos, em bom
deficiências no mesmo, pode o concedente, através do estado de conservação, funcionamento e segurança, sem
membro do Governo responsável pela área da energia, prejuízo do normal desgaste do seu uso para efeitos do
ordenar novo sequestro ou determinar a imediata rescisão contrato de concessão.
do contrato de concessão. 2 — Cessando a concessão pelo decurso do prazo, é
paga pelo Estado à concessionária uma indemnização
correspondente ao valor contabilístico dos bens afetos à
CAPÍTULO XI concessão adquiridos pela concessionária com referência
Extinção da concessão ao último balanço aprovado, líquido de amortizações e
de comparticipações financeiras e subsídios a fundo per-
Base XL dido.
3 — Caso a concessionária não dê cumprimento ao
Casos de extinção da concessão disposto no n.º 1, o concedente promove a realização dos
1 — A concessão extingue-se por acordo entre o conce- trabalhos e aquisições que sejam necessários à reposição
dente e a concessionária, por rescisão, por resgate e pelo dos bens aí referidos, correndo os respetivos custos pela
decurso do respetivo prazo. concessionária e podendo ser utilizada a caução para os
2 — A extinção da concessão opera a transmissão para liquidar no caso de a concessionária não proceder ao pa-
o concedente de todos os bens e meios a ela afetos, nos gamento voluntário e atempado dos referidos custos.
termos previstos nas presentes bases e no contrato de con-
cessão, bem como dos direitos e das obrigações inerentes Base XLIII
ao seu exercício, sem prejuízo do direito de regresso do Resgate da concessão
concedente sobre a concessionária pelas obrigações por
esta assumidas que sejam estranhas à atividade da con- 1 — O concedente, através do membro do Governo
cessão ou que hajam sido contraídas em violação da lei ou responsável pela área da energia, pode resgatar a concessão
do contrato de concessão ou, ainda, que sejam obrigações sempre que o interesse público o justifique, decorridos que
vencidas e não cumpridas. sejam, pelo menos, 15 anos sobre a data do início do res-
3 — Da transmissão prevista no número anterior petivo prazo, mediante notificação feita à concessionária,
excluem-se os fundos ou reservas consignados à garantia por carta registada com aviso de receção, com pelo menos
ou à cobertura de obrigações da concessionária de cujo um ano de antecedência.
cumprimento lhe seja dada quitação pelo concedente, a 2 — O concedente assume, decorrido o período de um
qual se presume se, decorrido um ano sobre a extinção da ano sobre a notificação do resgate, todos os bens e meios
concessão, não houver declaração em contrário do conce- afetos à concessão anteriormente à data dessa notifica-
dente, através do membro do Governo responsável pela ção, incluindo todos os direitos e obrigações inerentes ao
área da energia. exercício da concessão e ainda aqueles que tenham sido
4 — A tomada de posse da concessão pelo concedente assumidos pela concessionária após a data da notificação,
é precedida de vistoria ad perpetuam rei memoriam, desde que tenham sido previamente autorizados pelo con-
realizada pelo concedente, a que assistem representantes cedente, através do membro do Governo responsável pela
da concessionária, destinada à verificação do estado de área da energia.
conservação e manutenção dos bens, devendo ser lavrado 3 — A assunção de obrigações por parte do concedente
o respetivo auto. é feita sem prejuízo do seu direito de regresso sobre a
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6175

concessionária pelas obrigações por esta contraídas que 5 — Caso a concessionária não cumpra as suas obriga-
tenham exorbitado da gestão normal da concessão. ções ou não corrija ou repare as consequências do incum-
4 — Em caso de resgate, a concessionária tem direito primento nos termos determinados pelo concedente, este
a uma indemnização cujo valor deve atender ao valor pode rescindir o contrato de concessão mediante comunica-
contabilístico à data do resgate dos bens revertidos para ção enviada à concessionária, por carta registada com aviso
o concedente, livres de quaisquer ónus ou encargos, e ao de receção, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
valor de eventuais lucros cessantes. 6 — Caso o concedente pretenda rescindir o contrato
5 — O valor contabilístico dos bens referidos no número de concessão, designadamente pelos factos referidos na
anterior, à data do resgate, entende-se líquido de amortiza- alínea g) do n.º 1, deve previamente notificar os principais
ções e de comparticipações financeiras e subsídios a fundo credores da concessionária que sejam conhecidos para, no
perdido, incluindo-se nestes o valor dos bens cedidos pelo prazo que lhes seja determinado, nunca superior a três me-
concedente. ses, proporem uma solução que possa sobrestar à rescisão,
6 — Para os efeitos do cálculo da indemnização, o valor desde que o concedente com ela concorde.
dos bens que se encontrem anormalmente depreciados ou 7 — A comunicação da decisão de rescisão referida
deteriorados devido a deficiência da concessionária na sua no n.º 5 produz efeitos imediatos, independentemente de
manutenção ou reparação é determinado de acordo com o qualquer outra formalidade.
seu estado de funcionamento efetivo. 8 — A rescisão do contrato de concessão pelo conce-
dente implica a transmissão gratuita de todos os bens e
Base XLIV meios afetos à concessão para o concedente sem qualquer
Rescisão do contrato de concessão pelo concedente
indemnização e, bem assim, a perda da caução prestada em
garantia do pontual e integral cumprimento do contrato,
1 — O concedente pode rescindir o contrato de conces- sem prejuízo do direito de o concedente ser indemnizado
são no caso de violação grave, não sanada ou não sanável, pelos prejuízos sofridos, nos termos gerais de direito.
das obrigações da concessionária decorrentes do contrato
de concessão. Base XLV
2 — Constituem, nomeadamente, causas de rescisão do
Rescisão do contrato de concessão pela concessionária
contrato de concessão por parte do concedente os seguintes
factos ou situações: 1 — A concessionária pode rescindir o contrato de con-
a) Desvio do objeto e fins da concessão; cessão com fundamento em incumprimento grave das
b) Suspensão ou interrupção injustificada das atividades obrigações do concedente se do mesmo resultarem per-
objeto da concessão; turbações que ponham em causa o exercício da atividade
c) Oposição reiterada ao exercício da supervisão, acom- concedida.
panhamento e fiscalização da concessão, repetida desobe- 2 — A rescisão prevista no número anterior implica a
diência às determinações, ordens, diretivas ou instruções transmissão de todos os bens e meios afetos à concessão
do concedente nos termos do contrato de concessão, nomea- para o concedente, sem prejuízo do direito da concessioná-
damente no que respeita ao fornecimento de informações ria a ser ressarcida dos prejuízos que lhe sejam causados,
e documentos solicitados pelo concedente, ou sistemática incluindo o valor dos investimentos efetuados e dos lucros
inobservância das leis e regulamentos aplicáveis à ex- cessantes calculados nos termos previstos anteriormente
ploração da concessão, quando se mostrem ineficazes as para o resgate.
sanções aplicadas; 3 — A rescisão do contrato de concessão produz efeitos
d) Recusa em proceder aos investimentos necessários reportados à data da sua comunicação ao concedente por
às adequadas conservação e reparação das infraestruturas carta, registada com aviso de receção.
ou à necessária ampliação da rede; 4 — No caso de rescisão do contrato de concessão pela
e) Recusa ou impossibilidade da concessionária em concessionária, esta deve seguir o procedimento previsto
retomar a concessão nos termos do disposto no n.º 8 da para o concedente nos n.os 4 e 5 da base anterior.
base XXXIX ou, quando o tiver feito, verificar-se a continua-
ção das situações que motivaram o sequestro; CAPÍTULO XII
f) Cobrança dolosa das tarifas com valor superior aos
fixados; Disposições diversas
g) Dissolução ou insolvência da concessionária;
h) Transmissão ou oneração da concessão, no todo ou Base XLVI
em parte, sem prévia autorização; Exercício dos poderes do concedente
i) Recusa da reconstituição atempada da caução.
Os poderes do concedente referidos nas presentes ba-
3 — Não constituem causas de rescisão os factos ocor- ses, exceto quando devam ser exercidos pelo membro do
ridos por motivos de força maior. Governo responsável pela área da energia, devem ser exer-
4 — Verificando-se um dos casos de incumprimento cidos pela DGEG, sendo os atos praticados pelo respetivo
referidos no número anterior ou qualquer outro que, nos diretor-geral ou pela ERSE, consoante as competências de
termos do disposto no n.º 1, possa motivar a rescisão da cada uma destas entidades.
concessão, o concedente, através do membro do Governo
responsável pela área da energia, deve notificar a conces- Base XLVII
sionária para, no prazo que razoavelmente lhe seja fixado, Resolução de diferendos
cumprir integralmente as suas obrigações e corrigir ou
reparar as consequências dos seus atos, exceto tratando-se 1 — O concedente e a concessionária podem celebrar
de uma violação não sanável. convenções de arbitragem destinadas à resolução de quais-
6176 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

quer questões emergentes do contrato de concessão, nos contínuo e eficiente funcionamento do serviço público e
termos da Lei n.º 31/86, de 29 de agosto. adotar, para o efeito, os melhores procedimentos, meios e
2 — A concessionária e os operadores e utilizadores da tecnologias utilizados no setor do gás, com vista a garantir,
RNTGN podem, nos termos da lei, celebrar convenções designadamente, a segurança de pessoas e bens.
de arbitragem para solução dos litígios emergentes dos 2 — Na atribuição de capacidade de armazenamento
respetivos contratos. subterrâneo de gás natural, a concessionária deve dar prio-
ANEXO II ridade às entidades sujeitas à obrigação de constituição e
de manutenção de reservas de segurança, nos termos da
(a que se referem o n.º 2 do artigo 66.º e o n.º 1 do artigo 68.º) legislação e regulamentação aplicável.
3 — Com o objetivo de assegurar a permanente ade-
Bases das concessões da atividade de armazenamento quação da concessão às exigências da regularidade, da
subterrâneo de gás natural
continuidade e da eficiência do serviço público, o con-
cedente reserva-se o direito de alterar, por via legal ou
CAPÍTULO I regulamentar, as condições da sua exploração.
4 — Quando, por efeito do disposto no número an-
Disposições e princípios gerais terior, se alterarem significativamente as condições de
exploração da concessão, o concedente compromete-se a
Base I promover a reposição do equilíbrio económico e financeiro
Objeto da concessão da concessão, nos termos previstos na base XXXIV, desde
que a concessionária não possa legitimamente prover a tal
1 — A concessão tem por objeto a atividade de arma- reposição recorrendo aos meios resultantes de uma correta
zenamento subterrâneo de gás natural exercida em regime e prudente gestão.
de serviço público.
2 — Integram-se no objeto da concessão: Base V
a) O recebimento, a injeção, o armazenamento subter- Direitos e obrigações da concessionária
râneo, a extração, o tratamento e a entrega de gás natural;
b) A construção, a operação, a exploração, a manutenção 1 — A concessionária beneficia dos direitos e encontra-
e a expansão das respetivas infraestruturas e, bem assim, -se sujeita às obrigações estabelecidos no Decreto-Lei
das instalações necessárias para a sua operação. n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, no Decreto-Lei n.º 140/2006,
de 26 de julho, e na demais legislação e regulamentação
3 — A concessionária pode exercer outras atividades aplicáveis à atividade que integra o objeto da concessão,
para além das que se integram no objeto da concessão, no sem prejuízo dos demais direitos e obrigações estabeleci-
respeito pela legislação aplicável ao setor do gás natural, dos nas presentes bases.
com fundamento no proveito daí resultante para a conces- 2 — À concessionária compete, em particular:
são ou com vista a otimizar a utilização dos bens afetos
a) Assegurar a exploração, integridade técnica e manu-
à mesma, desde que essas atividades sejam acessórias
ou complementares e não prejudiquem a regularidade e tenção da infraestrutura de armazenamento subterrâneo em
a continuidade da prestação do serviço público e sejam condições de segurança, de fiabilidade e de respeito pelo
previamente autorizadas pelo concedente. ambiente, nos termos do Regulamento de Armazenamento
Subterrâneo, assegurando o cumprimento dos padrões de
Base II qualidade de serviço que lhe sejam aplicáveis nos termos
do Regulamento da Qualidade de Serviço;
Área da concessão b) Gerir a injeção, armazenamento e extração de gás
A área e a localização geográfica da concessão são de- natural, de acordo com as solicitações dos agentes de mer-
finidas no contrato de concessão. cado, assegurando a sua interoperacionalidade com a rede
de transporte a que o armazenamento está ligado, no quadro
Base III da atividade de gestão técnica global do SNGN, nos termos
do Regulamento de Armazenamento Subterrâneo;
Prazo da concessão c) Receber do operador da rede de transporte, no qua-
1 — O prazo da concessão é fixado no contrato de con- dro da atividade de gestão técnica global do SNGN, dos
cessão e não pode exceder 40 anos contados a partir da operadores de mercado e de todos os agentes diretamente
data da celebração do respetivo contrato. interessados toda a informação necessária à gestão das
2 — A concessão pode ser renovada se o interesse pú- suas infraestruturas;
blico assim o justificar e a concessionária tiver cumprido d) Fornecer ao operador da rede de transporte, no qua-
as suas obrigações legais e contratuais. dro da atividade de gestão técnica global do SNGN, e
3 — A intenção de renovação da concessão deve ser aos agentes de mercado as informações necessárias ao
comunicada à concessionária pelo concedente com a an- funcionamento seguro e eficiente do SNGN;
tecedência mínima de dois anos relativamente ao termo e) Preservar a confidencialidade das informações co-
do prazo da concessão. mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas ati-
vidades;
Base IV f) Medir o gás natural injetado, armazenado e extraído
no armazenamento subterrâneo.
Serviço público
g) Fornecer os serviços destinados a satisfazer, de forma
1 — A concessionária deve desempenhar as atividades transparente e não discriminatória, os pedidos de acesso
concessionadas de acordo com as exigências de um regular, dos agentes de mercado ao armazenamento subterrâneo,
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6177

tendo em conta as capacidades técnicas das instalações e rior, assim como as servidões constituídas em benefício
os procedimentos de gestão de congestionamentos; da concessão;
h) Atribuir as capacidades de injeção, armazenamento b) Outros bens móveis ou direitos relativos a bens imó-
e extração em coordenação com o operador da rede de veis utilizados ou relacionados com o exercício da ativi-
transporte, no quadro da gestão técnica global do SNGN, dade objeto da concessão;
tendo em conta a compatibilização de fluxos e quantidades c) Os direitos inerentes à construção de cavidades sub-
de gás entre as duas infraestruturas. terrâneas;
d) Os direitos de expansão do volume físico de armaze-
Base VI namento subterrâneo de gás natural necessários à garantia
Princípios aplicáveis às relações com os utilizadores da segurança do abastecimento no âmbito do SNGN;
e) O cushion gas associado a cada cavidade;
1 — A concessionária deve proporcionar aos utilizado- f) Os direitos privativos de propriedade intelectual e
res, de forma não discriminatória e transparente, o acesso industrial de que a concessionária seja titular;
às respetivas infraestruturas nos termos previstos nas pre- g) Quaisquer fundos ou reservas consignados à garantia
sentes bases e na legislação e na regulamentação aplicáveis, do cumprimento das obrigações da concessionária por
não podendo estabelecer diferenças de tratamento entre os força de obrigação emergente da lei ou do contrato de
referidos utilizadores que não resultem da aplicação de concessão e enquanto durar essa vinculação;
critérios ou de condicionalismos legais, regulamentares
h) As relações e posições jurídicas diretamente rela-
ou técnicos ou ainda de condicionalismos de natureza
contratual, desde que aceites pela ERSE. cionadas com a concessão, nomeadamente laborais, de
2 — O disposto no número anterior não impede a con- empreitada, de locação e de prestação de serviços.
cessionária de celebrar contratos a longo prazo, no respeito
pelas regras da concorrência. Base VIII
3 — A concessionária deve facultar aos utilizadores do Inventário do património
armazenamento as informações de que estes necessitem
para o acesso ao armazenamento. 1 — A concessionária deve elaborar e manter perma-
4 — Os utilizadores devem prestar à concessionária to- nentemente atualizado e à disposição do concedente um
das as informações que esta considere necessárias à correta inventário do património afeto à concessão.
exploração das respetivas infraestruturas e instalações. 2 — No inventário a que se refere o número anterior
5 — A concessionária deve assegurar o tratamento de devem ser mencionados os ónus ou encargos que recaem
dados de utilização do armazenamento no respeito pelas sobre os bens afetos à concessão.
disposições legais de proteção de dados pessoais e preservar 3 — Os bens e direitos patrimoniais tornados desneces-
a confidencialidade das informações comercialmente sen- sários à concessão são abatidos ao inventário, nos termos
síveis obtidas no seu relacionamento com os utilizadores. previstos no n.º 2 da base X.
6 — A concessionária deve manter um registo das quei-
xas ou reclamações que lhe tenham sido apresentadas Base IX
pelos utilizadores. Manutenção dos bens afetos à concessão

CAPÍTULO II 1 — A concessionária fica obrigada a manter, durante o


prazo de vigência da concessão, em permanente estado de
Bens e meios afetos à concessão bom funcionamento, conservação e segurança os bens e
meios afetos à concessão, efetuando para tanto as repara-
Base VII ções, renovações, adaptações e modernizações necessárias
Bens e meios afetos à concessão ao bom desempenho do serviço público concedido.
2 — Não se tratando de reparações, renovações ou
1 — Consideram-se afetos à concessão os bens que
constituem o armazenamento subterrâneo de gás natural, adaptações urgentes, deve a concessionária, sempre que
designadamente: elas impliquem interrupção, diminuição ou condiciona-
mento da atividade objeto da concessão, comunicá-la com
a) As cavidades de armazenamento subterrâneo de gás antecedência razoável aos utilizadores afetados por tais
natural; medidas.
b) As instalações afetas à injeção, à extração, à com-
pressão, à secagem e à redução de pressão para entrega Base X
à RNTGN, incluindo todo o equipamento de controlo,
regulação e medida indispensável à operação e ao funcio- Regime de oneração e transmissão dos bens afetos à concessão
namento das infraestruturas e das instalações de armaze- 1 — A concessionária não pode onerar ou transmitir, por
namento subterrâneo de gás natural; qualquer forma, os bens que integram a concessão, sem
c) As instalações e os equipamentos de lixiviação; prejuízo do disposto nos números seguintes.
d) As instalações e os equipamentos de telecomunica- 2 — Os bens e direitos que tenham perdido utilidade
ções, telemedida e telecomando afetas à gestão de todas para a concessão são abatidos ao inventário referido na
as infraestruturas e instalações de armazenamento sub- base VIII, mediante prévia autorização do concedente, que
terrâneo. se considera concedida se este não se opuser no prazo de
30 dias contados a partir da receção do pedido.
2 — Consideram-se ainda afetos à concessão: 3 — A oneração ou transmissão de bens imóveis afetos
a) Os imóveis pertencentes à concessionária em que à concessão fica sujeita a autorização do membro do Go-
estejam implantados os bens referidos no número ante- verno responsável pela área da energia.
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4 — A oneração ou transmissão de bens e direitos afetos informação detalhada sobre quaisquer outros termos e
à concessão em desrespeito do disposto na presente base condições que sejam estabelecidos.
acarreta a nulidade dos respetivos atos ou contratos.
Base XIV
Base XI Deliberações da concessionária e acordos entre acionistas
Posse e propriedade dos bens
1 — Sem prejuízo de outras limitações previstas nas
1 — A concessionária detém a posse e propriedade dos presentes bases e no contrato de concessão, ficam sujeitas
bens afetos à concessão enquanto durar a concessão e até a autorização prévia do concedente, através do membro do
à extinção desta. Governo responsável pela área da energia, as deliberações
2 — Com a extinção da concessão, os bens a ela afetos da concessionária relativas à alteração do objeto social e
transferem-se para o concedente nos termos previstos nas à transformação, fusão, cisão ou dissolução da sociedade.
presentes bases e no contrato de concessão. 2 — Os acordos parassociais celebrados entre os acio-
nistas da concessionária, bem como as respetivas altera-
ções, devem ser objeto de aprovação prévia pelo conce-
CAPÍTULO III dente, através do membro do Governo responsável pela
área da energia.
Sociedade concessionária 3 — As autorizações e aprovações previstas na pre-
sente base não podem ser infundadamente recusadas e
Base XII consideram-se tacitamente concedidas se não forem re-
Objeto social, sede e forma cusadas, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da data
da respetiva solicitação.
1 — O projeto de estatutos da sociedade concessionária
deve ser submetido a prévia aprovação do membro do Base XV
Governo responsável pela área da energia.
2 — A concessionária deve ter como objeto social prin- Financiamento
cipal, ao longo de todo o período de duração da conces- 1 — A concessionária é responsável única pela obten-
são, o exercício das atividades integradas no objeto da ção do financiamento necessário ao desenvolvimento do
concessão, devendo manter ao longo do mesmo período objeto da concessão, por forma a cumprir cabal e atem-
a sua sede em Portugal e a forma de sociedade anónima, padamente todas as obrigações que assume no contrato
regulada pela lei portuguesa. de concessão.
3 — O objeto social da concessionária pode incluir o 2 — Para os efeitos do disposto no n.º 1, a concessioná-
exercício de outras atividades para além das que integram ria deve manter no final de cada ano um rácio de autonomia
o objeto da concessão e, bem assim, a participação no financeira superior a 20 %.
capital de outras sociedades, desde que seja respeitado o
disposto nas presentes bases e na legislação aplicável ao
setor do gás natural. CAPÍTULO IV
Construção, planeamento, remodelação e expansão
Base XIII das infraestruturas
Ações da concessionária
Base XVI
1 — Todas as ações representativas do capital social da
Projetos
concessionária são obrigatoriamente nominativas.
2 — A oneração ou transmissão de ações representa- 1 — A construção e a exploração das infraestruturas de
tivas do capital social da concessionária depende, sob armazenamento subterrâneo ficam sujeitas à aprovação
pena de nulidade, de autorização prévia do concedente, dos respetivos projetos nos termos da legislação aplicável.
através do membro do Governo responsável pela área da 2 — A concessionária é responsável, no respeito pelas
energia, a qual não pode ser infundadamente recusada e se legislação e regulamentação aplicáveis, pela conceção,
considera tacitamente concedida se não for recusada, por pelo projeto e pela construção de todas as infraestruturas
escrito, no prazo de 60 dias a contar da data da respetiva e instalações de armazenamento subterrâneo que integram
solicitação. a concessão, incluindo as necessárias à sua remodelação
3 — Excetua-se do disposto no número anterior a onera- e à sua expansão.
ção de ações efetuada em benefício das entidades financia- 3 — A aprovação dos projetos pelo concedente não
doras de qualquer das atividades que integram o objeto da implica, para este, qualquer responsabilidade derivada
concessão e no âmbito dos contratos de financiamento que de erros de conceção, de projeto, de construção ou da
venham a ser celebrados pela concessionária para o efeito, inadequação das instalações e do equipamento ao serviço
desde que as entidades financiadoras assumam, nos refe- da concessão.
ridos contratos, a obrigação de obter a autorização prévia
do concedente em caso de execução das garantias de que Base XVII
resulte a transmissão a terceiros das ações oneradas. Direitos e deveres decorrentes da aprovação dos projetos
4 — A oneração de ações referida no número anterior
deve, em qualquer caso, ser comunicada ao concedente, 1 — A aprovação dos respetivos projetos confere à con-
a quem deve ser enviada, no prazo de 30 dias a contar a cessionária, nomeadamente, os seguintes direitos:
partir da data em que seja constituída, cópia autenticada a) Utilizar, de acordo com a legislação aplicável, os
do documento que formaliza a oneração e, bem assim, bens do domínio público ou privado do Estado e de outras
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6179

pessoas coletivas públicas para o estabelecimento ou para terísticas técnicas e as especificações de qualidade estabe-
a passagem das respetivas infraestruturas ou instalações; lecidas e que o seu armazenamento subterrâneo é efetuado
b) Constituir, nos termos da legislação aplicável, as em condições técnicas adequadas, de forma a garantir a
servidões sobre os imóveis necessários ao estabelecimento segurança de pessoas e bens.
das respetivas infraestruturas ou instalações;
c) Proceder à expropriação, por utilidade pública e ur- Base XX
gente, nos termos da legislação aplicável, dos bens imóveis
Informação
ou dos direitos a eles relativos necessários ao estabeleci-
mento das respetivas infraestruturas ou instalações. 1 — A concessionária tem a obrigação de fornecer ao
concedente, através da DGEG, todos os documentos e
2 — As licenças e autorizações exigidas por lei para a outros elementos de informação relativos à concessão e a
exploração das infraestruturas da RNTGN consideram-se outras atividades autorizadas nos termos do n.º 3 da base I,
outorgadas à concessionária com a aprovação dos respe- designadamente os necessários à resposta a quaisquer pe-
tivos projetos, sem prejuízo da verificação por parte das didos da Comissão Europeia, que o concedente entenda
entidades licenciadoras da conformidade na sua execução. dever solicitar-lhe.
3 — Cabe à concessionária o pagamento das indem- 2 — As informações e documentos solicitados pelo
nizações decorrentes do exercício dos direitos referidos concedente devem ser fornecidos no prazo de 10 dias úteis,
no n.º 1. salvo se for por este fixado um prazo diferente, por decisão
4 — No atravessamento de terrenos do domínio pú- fundamentada.
blico ou dos particulares, a concessionária deve adotar 3 — A não prestação ou a prestação de informações
os procedimentos estabelecidos na legislação aplicável e falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido do
proceder à reparação de todos os prejuízos que resultem concedente, no prazo por este fixado, constitui incumpri-
dos trabalhos executados. mento do contrato de concessão, designadamente para
efeitos da base XXXVI.
Base XVIII 4 — A concessionária deve fornecer ao operador da
Planeamento, remodelação e expansão das infraestruturas rede com a qual esteja ligada e aos agentes de mercado as
informações necessárias para permitir um desenvolvimento
1 — O planeamento das infraestruturas está integrado coordenado das diversas redes e um funcionamento seguro
no planeamento da RNTIAT, nos termos previstos na le- e eficiente do SNGN.
gislação e na regulamentação aplicáveis. 5 — A concessionária tem igualmente a obrigação de
2 — Constitui encargo e responsabilidade da concessio- fornecer à ERSE a informação prevista na lei e regula-
nária o planeamento, a remodelação e a expansão das infra- mentação aplicável.
estruturas de armazenamento subterrâneo que integram a 6 — A concessionária deve, ainda, solicitar, receber
concessão, com vista a assegurar a existência permanente e tratar todas as informações de todos os operadores de
de capacidade de armazenamento. mercados e de todos os agentes diretamente interessados
3 — A concessionária deve observar, na remodelação necessárias à boa gestão das respetivas infraestruturas.
e na expansão das infraestruturas, os prazos de execução
adequados à permanente satisfação das necessidades iden- Base XXI
tificadas no PDIRGN.
4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao Participação de desastres e acidentes
concedente, nos termos previstos no contrato de concessão 1 — A concessionária é obrigada a participar imediata-
e de forma articulada com o PDIRGN, o plano de investi- mente à DGEG todos os desastres e acidentes ocorridos nas
mentos nas infraestruturas de armazenamento subterrâneo suas instalações, e se tal não for possível no prazo máximo
que integram a concessão. de três dias a contar a partir da data da ocorrência.
5 — Por razões de interesse público, nomeadamente 2 — Sem prejuízo das competências atribuídas às au-
as relativas à segurança, à regularidade e à qualidade do toridades públicas, sempre que dos desastres ou acidentes
abastecimento, o concedente pode determinar a remodela- resultem mortes, ferimentos graves ou prejuízos materiais
ção ou a expansão das infraestruturas de armazenamento importantes, a concessionária deve elaborar, e enviar ao
subterrâneo que integram a concessão, nos termos fixados concedente, um relatório técnico com a análise das circuns-
no contrato de concessão. tâncias da ocorrência e com o estado das instalações.

CAPÍTULO V Base XXII


Ligação das infraestruturas à RNTGN
Exploração das infraestruturas
A ligação das infraestruturas de armazenamento sub-
Base XIX terrâneo à RNTGN faz-se nas condições previstas nos
regulamentos aplicáveis.
Condições de exploração
1 — A concessionária é responsável pela exploração das Base XXIII
infraestruturas e manutenção das capacidades de armazena- Relacionamento com a concessionária da RNTGN
mento em condições de segurança, fiabilidade e qualidade
de serviço, no respeito pela legislação e regulamentação A concessionária encontra-se sujeita às obrigações
aplicáveis. que decorrem do exercício por parte da concessionária
2 — A concessionária deve assegurar-se de que o gás da RNTGN das suas competências em matéria de gestão
natural injetado, armazenado ou extraído cumpre as carac- técnica global do SNGN, planeamento da RNTIAT e segu-
6180 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

rança do abastecimento, nos termos previstos na legislação ou a terceiros, pela culpa ou pelo risco, no exercício da
e na regulamentação aplicáveis. atividade objeto da concessão.
2 — Para os efeitos do disposto no artigo 509.º do Có-
Base XXIV digo Civil, entende-se que a utilização das infraestruturas
e instalações integradas na concessão é feita no exclusivo
Interrupção por facto imputável ao utilizador
interesse da concessionária.
1 — A concessionária pode interromper a prestação do 3 — A concessionária fica obrigada à constituição de
serviço público concessionado nos termos da regulamenta- um seguro de responsabilidade civil para a cobertura dos
ção aplicável e, nomeadamente, nos seguintes casos: danos materiais e corporais causados a terceiros e resul-
tantes do exercício da respetiva atividade, cujo montante
a) Alteração não autorizada do funcionamento de equi- mínimo obrigatório é fixado por portaria do membro do
pamentos ou sistemas de ligação às infraestruturas e insta- Governo responsável pela área da energia e atualizável de
lações de armazenamento subterrâneo que ponha em causa três em três anos.
a segurança ou a regularidade do serviço; 4 — A concessionária deve apresentar ao concedente os
b) Incumprimento grave dos regulamentos aplicáveis ou, documentos comprovativos da celebração do seguro, bem
em caso de emergência, das suas ordens e instruções; como da atualização referida no número anterior.
c) Incumprimento de obrigações contratuais que ex-
pressamente estabeleçam esta sanção. Base XXVIII
2 — A concessionária pode, ainda, interromper unila- Cobertura por seguros
teralmente a prestação do serviço público concessionado 1 — Para garantir o cumprimento das suas obrigações,
aos utilizadores que causem perturbações que afetem a a concessionária é obrigada a celebrar e manter em vigor
qualidade do serviço prestado quando, uma vez identifi- um seguro de responsabilidade civil, em valor mínimo
cadas as causas perturbadoras, os utilizadores, após aviso obrigatório a definir no contrato de concessão.
da concessionária, não corrijam as anomalias em prazo 2 — Para além dos seguros referidos na base anterior
adequado, tendo em consideração os trabalhos a realizar. e no número anterior, a concessionária deve assegurar a
existência e a manutenção em vigor das apólices de seguro
Base XXV necessárias para garantir uma efetiva cobertura dos riscos
Interrupções por razões de interesse público ou de serviço da concessão.
3 — No âmbito da obrigação referida no número an-
1 — A prestação do serviço público concessionado pode terior, a concessionária fica obrigada a constituir seguros
ser interrompida por razões de interesse público, nomeada- envolvendo todas as infraestruturas e instalações que in-
mente quando se trate da execução de planos nacionais de tegram a concessão contra riscos de incêndio, explosão e
emergência declarada ao abrigo de legislação específica. danos devido a terramoto ou temporal, nos termos fixados
2 — As interrupções das atividades objeto da concessão no contrato de concessão.
por razões de serviço têm lugar quando haja necessidade impe- 4 — O Instituto de Seguros de Portugal pode estabelecer
riosa de realizar manobras ou trabalhos de ligação, reparação regulamentação nos termos e para os efeitos do disposto
ou conservação das infraestruturas ou instalações, desde que nos números anteriores.
tenham sido esgotadas todas as possibilidades alternativas.
3 — Nas situações referidas nos números anteriores, a
concessionária deve avisar os utilizadores das respetivas CAPÍTULO VI
infraestruturas e instalações que possam vir a ser afetados,
com a antecedência mínima de 36 horas, salvo no caso da Garantias e fiscalização do cumprimento
realização de trabalhos que a segurança de pessoas e bens das obrigações da concessionária
torne inadiáveis ou quando haja necessidade urgente de
trabalhos para garantir a segurança das infraestruturas ou Base XXIX
instalações. Caução
Base XXVI 1 — Para a garantia do pontual e integral cumprimento
Medidas de proteção
das obrigações emergentes do contrato de concessão e da
cobrança das multas aplicadas, a concessionária deve, antes
1 — Sem prejuízo das medidas de emergência adotadas da assinatura do contrato de concessão, prestar a favor do
pelo Governo, quando se verifique uma situação de emer- concedente uma caução no valor de € 5 000 000.
gência que ponha em risco a segurança de pessoas ou bens, 2 — O concedente pode utilizar a caução sempre que a
deve a concessionária promover imediatamente as medidas concessionária não cumpra qualquer obrigação assumida
que entender necessárias em matéria de segurança. no contrato de concessão.
2 — As medidas referidas no número anterior devem ser 3 — O recurso à caução é precedido de despacho do
imediatamente comunicadas à DGEG, às respetivas auto- membro do Governo responsável pela área da energia, não
ridades concelhias, à autoridade policial da zona afetada e, dependendo de qualquer outra formalidade ou de prévia
se for caso disso, ao Serviço Nacional de Proteção Civil. decisão judicial ou arbitral.
4 — Sempre que o concedente utilize a caução, a con-
Base XXVII cessionária deve proceder à reposição do seu montante
integral no prazo de 30 dias a contar a partir da data da-
Responsabilidade civil
quela utilização.
1 — A concessionária é responsável, nos termos gerais 5 — O valor da caução é atualizado de três em três anos
de direito, por quaisquer prejuízos causados ao concedente de acordo com o índice de preços no consumidor no con-
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6181

tinente, excluindo habitação, publicado pelo Instituto Na- ridas entidades devidamente credenciado e no exercício
cional de Estatística. das suas funções a todas as suas instalações.
6 — A caução só pode ser levantada pela concessionária 6 — A concessionária deve constituir e manter um se-
um ano após a data de extinção do contrato de concessão, guro de acidentes pessoais, de montante a definir no con-
ou antes de decorrido aquele prazo, por determinação ex- trato de concessão, de modo a cobrir os riscos inerentes
pressa do concedente, através do membro do Governo ao exercício pelo pessoal das entidades fiscalizadora e
responsável pela área da energia, mas sempre após a ex- reguladora das suas funções nas instalações da conces-
tinção da concessão. sionária.
7 — A caução prevista nesta base bem como outras
que a concessionária venha a estar obrigada a constituir
a favor do concedente devem ser prestadas por depósito CAPÍTULO VII
em dinheiro ou por garantia bancária autónoma à primeira Modificações objetivas e subjetivas da concessão
solicitação, cujo texto deve ser previamente aprovado pelo
concedente. Base XXXI
Alteração do contrato de concessão
Base XXX
Supervisão, acompanhamento, fiscalização e regulação 1 — O contrato de concessão pode ser alterado unila-
teralmente pelo concedente, sem prejuízo da reposição do
1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras respetivo equilíbrio económico e financeiro, nos termos
entidades públicas, em particular à ERSE, cabe à DGEG o previstos na base XXXIV.
exercício dos poderes de supervisão, acompanhamento e 2 — O contrato de concessão pode também ser alterado
fiscalização da concessão, nomeadamente no que se refere por força de disposição legal imperativa, designadamente
ao cumprimento das disposições legais e regulamentares decorrente das políticas energéticas aprovadas pela União
aplicáveis. Europeia e aplicáveis ao Estado Português.
2 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras 3 — O contrato de concessão pode ainda ser modificado
entidades públicas, cabe à ERSE o exercício dos pode- por acordo entre o concedente e a concessionária desde que
res de regulação das atividades que integram o objeto da a modificação não envolva a violação do regime jurídico
concessão, nos termos previstos na legislação e na regu- da concessão nem implique a derrogação das presentes
lamentação aplicáveis. bases.
3 — Para efeitos do disposto no n.º 1 e sempre que exista
motivo atendível, o concedente pode, nomeadamente: Base XXXII
a) Inquirir os representantes legais e quaisquer cola- Transmissão e oneração da concessão
boradores da concessionária, bem como solicitar-lhes os 1 — A concessionária não pode, sem prévia autorização
documentos e outros elementos de informação que entenda do concedente, através do membro do Governo responsá-
necessários ou convenientes; vel pela área da energia, onerar, subconceder, trespassar
b) Aceder livremente às instalações da concessionária ou transmitir, por qualquer forma, no todo ou em parte, a
e proceder à busca, exame, tratamento e recolha de cópias concessão ou realizar qualquer negócio jurídico que vise
ou extratos dos documentos e outras informações na posse atingir ou tenha por efeito, mesmo que indireto, idênticos
da concessionária que julgue necessários ou convenientes, resultados.
incluindo através dos respetivos sistemas de informação; 2 — É equiparada à transmissão da concessão a aliena-
c) Requerer à concessionária a realização dos estudos, ção de ações que resulte na constituição ou modificação de
testes ou simulações, incluindo com recurso aos respetivos uma relação de domínio sobre a concessionária, conforme
sistemas de informação, que se enquadrem no exercício definido no artigo 21.º do Código dos Valores Mobiliários
das funções da concessionária, bem como acompanhar ou em norma que o venha a substituir.
e participar ativamente na sua preparação e realização, 3 — Os atos praticados ou os contratos celebrados em
designadamente no âmbito da definição dos princípios de violação do disposto nos números anteriores são nulos e
base da política energética; desprovidos de quaisquer efeitos jurídicos, sem prejuízo
d) Emitir ordens, determinações, diretivas ou instruções, de outras sanções aplicáveis.
no âmbito dos poderes de supervisão, acompanhamento 4 — No caso de subconcessão ou de trespasse, a con-
e fiscalização. cessionária deve comunicar ao concedente a sua intenção
de proceder à subconcessão ou ao trespasse, remetendo-lhe
4 — O concedente pode recorrer a entidades terceiras a minuta do respetivo contrato de subconcessão ou de
devidamente qualificadas para a prestação de assistência trespasse e indicando todos os elementos do negócio que
técnica que repute conveniente no âmbito do exercício das pretende realizar, bem como o calendário previsto para a
funções de supervisão, acompanhamento e fiscalização sua realização e a identidade do subconcessionário ou do
da concessão, as quais gozam dos poderes referidos no trespassário.
número anterior após comunicação à concessionária para 5 — No caso de haver lugar a uma subconcessão devi-
o efeito. damente autorizada, a concessionária mantém os direitos
5 — A concessionária deve facilitar o exercício dos e continua sujeita às obrigações decorrentes do contrato
poderes atribuídos às entidades fiscalizadora e reguladora, de concessão.
nomeadamente prestando todas as informações e forne- 6 — Ocorrendo trespasse da concessão, consideram-se
cendo todos os documentos que lhe forem solicitados por transmitidos para o trespassário todos os direitos e obriga-
essas entidades no âmbito das respetivas competências, ções da concessionária, assumindo aquele ainda os deveres,
bem como permitindo o livre acesso do pessoal das refe- as obrigações e os encargos que eventualmente venham a
6182 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

ser-lhe impostos pelo concedente como condição para a CAPÍTULO IX


autorização do trespasse.
7 — A concessionária é responsável pela transferência Incumprimento do contrato de concessão
integral dos seus direitos e obrigações para o trespassário,
incluindo as obrigações incertas, ilíquidas ou inexigíveis Base XXXV
à data do trespasse, em termos em que não seja afetada
Responsabilidade da concessionária por incumprimento
ou interrompida a prestação do serviço público conces-
sionado. 1 — A violação pela concessionária de qualquer das
obrigações assumidas no contrato de concessão fá-la in-
correr em responsabilidade perante o concedente.
CAPÍTULO VIII 2 — A responsabilidade da concessionária cessa sempre
Condição económica e financeira da concessionária que ocorra caso de força maior, ficando a seu cargo fazer
prova da ocorrência.
Base XXXIII 3 — Consideram-se unicamente casos de força maior os
acontecimentos imprevisíveis e irresistíveis cujos efeitos
Equilíbrio económico e financeiro da concessão se produzam independentemente da vontade ou das cir-
1 — É garantido à concessionária o equilíbrio econó- cunstâncias pessoais da concessionária.
mico e financeiro da concessão, nas condições de uma 4 — Constituem, nomeadamente, casos de força maior
atos de guerra, hostilidades ou invasão, terrorismo, epi-
gestão eficiente.
demias, radiações atómicas, graves inundações, raios, ci-
2 — O equilíbrio económico e financeiro baseia-se no
clones, tremores de terra e outros cataclismos naturais que
reconhecimento dos custos de investimento, de operação afetem a atividade objeto da concessão.
e de manutenção e na adequada remuneração dos ativos 5 — A ocorrência de um caso de força maior tem por
afetos à concessão. efeito exonerar a concessionária da responsabilidade pelo
3 — A concessionária é responsável por todos os riscos não cumprimento das obrigações emergentes do contrato de
inerentes à concessão, sem prejuízo do disposto na legis- concessão que sejam afetadas pela ocorrência do mesmo,
lação aplicável e nas presentes bases. na estrita medida em que o respetivo cumprimento pontual
e atempado tenha sido efetivamente impedido.
Base XXXIV 6 — No caso de impossibilidade de cumprimento do con-
Reposição do equilíbrio económico e financeiro trato de concessão por causa de força maior, o concedente
pode proceder à sua rescisão, nos termos fixados no mesmo.
1 — Tendo em atenção a distribuição de riscos esta- 7 — A concessionária fica obrigada a comunicar ao
belecida no contrato de concessão, a concessionária tem concedente a ocorrência de qualquer evento qualificável
direito à reposição do equilíbrio financeiro da concessão como caso de força maior, bem como a indicar, no mais
nos seguintes casos: curto prazo possível, quais as obrigações emergentes do
a) Modificação unilateral imposta pelo concedente das contrato de concessão cujo cumprimento, no seu enten-
condições de exploração da concessão, nos termos pre- der, se encontra impedido ou dificultado por força de tal
vistos nos n.os 2 e 3 da base IV, desde que, em resultado ocorrência e, bem assim, se for o caso, as medidas que
direto da mesma, se verifique para a concessionária um tomou ou pretende tomar para fazer face à situação ocor-
determinado aumento de custos ou uma determinada perda rida a fim de mitigar o impacte do referido evento e os
de receitas e esta não possa legitimamente proceder a tal respetivos custos.
8 — A concessionária deve, em qualquer caso, tomar
reposição por recurso aos meios resultantes de uma correta
imediatamente as medidas que sejam necessárias para
e prudente gestão;
assegurar a retoma normal das obrigações suspensas, cons-
b) Alterações legislativas que tenham um impacte di- tituindo estrita obrigação da concessionária mitigar, por
reto sobre as receitas ou custos respeitantes às atividades qualquer meio razoável e apropriado ao seu dispor, os
integradas na concessão. efeitos da verificação de um caso de força maior.
2 — Nos casos previstos no número anterior, a con- Base XXXVI
cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio
económico e financeiro da concessão na medida em que Sanções contratuais
o impacte sobre os proveitos ou custos não seja suscetível 1 — Sem prejuízo dos demais direitos e prerrogativas
de consideração no âmbito da atividade reguladora. de que o concedente disponha nos termos da lei e das
3 — Os parâmetros, termos e critérios da reposição do presentes bases, o incumprimento pela concessionária de
equilíbrio económico e financeiro da concessão são fixados quaisquer obrigações assumidas no contrato de conces-
no contrato de concessão. são pode ser sancionado, por decisão do concedente, pela
4 — Sempre que haja lugar à reposição do equilíbrio aplicação de multas contratuais, cujo montante varia, em
económico e financeiro da concessão, tal reposição pode função da gravidade da infração cometida e do grau de
ter lugar através de uma das seguintes modalidades: culpa do infrator, até € 5 000 000.
a) Prorrogação do prazo da concessão; 2 — Igualmente sem prejuízo dos demais direitos e prer-
b) Revisão do cronograma ou redução das obrigações rogativas de que o concedente disponha nos termos da lei e
de investimento previamente aprovadas; das presentes bases, o não cumprimento do disposto nas ba-
c) Atribuição de compensação direta pelo concedente; ses XX e XXX sujeita a concessionária às seguintes sanções:
d) Combinação das modalidades anteriores ou qualquer a) Ao pagamento de multa até ao montante de
outra forma que seja acordada. € 2 500 000, variando o respetivo montante em função da
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relevância dos documentos ou informações para o funcio- jeto da concessão, bem como situações de insegurança de
namento do SNGN, do carácter reiterado ou ocasional do pessoas e bens;
incumprimento, do grau de culpa, dos riscos daí derivados c) Deficiências graves no estado geral das infraestru-
para a segurança da rede ou de terceiros, dos prejuízos turas, instalações ou equipamentos que comprometam a
efetivamente causados e da diligência que a concessionária continuidade ou a qualidade da atividade objeto da presente
tenha posto na superação de consequências; concessão ou a segurança do abastecimento do SNGN.
b) Em alternativa e quando tal se justifique, a uma san-
ção pecuniária compulsória, num montante que não exce- 3 — A concessionária está obrigada a proceder à entrega
derá 5 % do montante máximo da multa que seria aplicável da concessão no prazo que lhe for fixado pelo concedente
nos termos da alínea anterior, por dia de atraso, a contar quando lhe for comunicada a decisão de sequestro da con-
da data fixada na decisão do concedente que determinou cessão.
a prestação das informações, até ao montante máximo 4 — Verificando-se qualquer facto que possa dar lugar
global de € 2 500 000. ao sequestro da concessão, observar-se-á, com as devidas
adaptações, o processo de sanação do incumprimento pre-
3 — A aplicação de multas contratuais e sanções pe- visto nos n.os 4 e 5 da base XLII.
cuniárias compulsórias depende de notificação prévia da 5 — Logo que cessem as razões do sequestro, seja resta-
concessionária pelo concedente para reparar o incumpri- belecido o normal funcionamento da concessão e o conce-
mento e do não cumprimento, pela concessionária, do dente o julgue oportuno, a concessionária é notificada para
prazo de reparação fixado nessa notificação nos termos retomar a concessão no prazo que lhe seja fixado.
do número seguinte, ou da não reparação integral da falta 6 — Logo que cessem as razões do sequestro e seja
naquele prazo. restabelecido o normal funcionamento da concessão, a
4 — O prazo de reparação do incumprimento é fixado concessionária é notificada para retomar a concessão, no
pelo concedente de acordo com critérios de razoabilidade prazo que lhe for fixado.
e tem sempre em atenção a defesa do interesse público e 7 — A concessionária pode optar pela rescisão da con-
a manutenção em funcionamento da concessão.
cessão caso o sequestro se mantenha por seis meses após ter
5 — A concessionária pode, no prazo fixado na notifi-
sido restabelecido o normal funcionamento da concessão,
cação a que se refere o número anterior, e em momento
anterior ao da aplicação de quaisquer multas contratuais sendo então aplicável o disposto na base XLIII.
ou sanções pecuniárias compulsórias, exercer por escrito 8 — Se a concessionária não retomar a concessão no
o seu direito de defesa. prazo que lhe for fixado, pode o concedente, através do
6 — É da competência do diretor-geral da DGEG a membro do Governo responsável pela área da energia,
aplicação das multas contratuais e sanções pecuniárias determinar a imediata rescisão do contrato de concessão.
compulsórias. 9 — No caso de a concessionária ter retomado o exer-
7 — Caso a concessionária não proceda ao pagamento cício da concessão e continuarem a verificar-se graves
voluntário das multas contratuais ou sanções pecuniárias deficiências no mesmo, pode o concedente, através do
compulsórias que lhe forem aplicadas no prazo de 20 dias membro do Governo responsável pela área da energia,
a contar da sua fixação e notificação pelo concedente, este ordenar novo sequestro ou determinar a imediata rescisão
pode utilizar a caução para pagamento das mesmas. do contrato de concessão.
8 — O valor máximo das multas estabelecido na pre-
sente base é atualizado em janeiro de cada ano de acordo CAPÍTULO X
com o índice de preços no consumidor no continente,
excluindo habitação, publicado pelo Instituto Nacional de Suspensão e extinção da concessão
Estatística, referente ao ano anterior.
9 — A aplicação de multas ou sanções pecuniárias Base XXXVIII
compulsórias não prejudica a aplicação de outras sanções
Casos de extinção da concessão
contratuais, nem isenta a concessionária de responsabili-
dade civil, criminal e contraordenacional em que incorrer 1 — A concessão extingue-se por acordo entre o conce-
perante o concedente ou terceiros. dente e a concessionária, por rescisão, por resgate e pelo
decurso do respetivo prazo.
Base XXXVII 2 — A extinção da concessão opera a transmissão para
Sequestro o concedente de todos os bens e meios a ela afetos, nos
termos previstos nas presentes bases e no contrato de con-
1 — Em caso de incumprimento grave, pela concessio- cessão, bem como dos direitos e das obrigações inerentes
nária, das obrigações emergentes do contrato de concessão, ao seu exercício, sem prejuízo do direito de regresso do
o concedente, através de despacho do membro do Governo concedente sobre a concessionária pelas obrigações assu-
responsável pela área da energia, pode, mediante sequestro, midas pela concessionária que sejam estranhas às ativida-
tomar conta da concessão. des da concessão ou hajam sido contraídas em violação
2 — O sequestro da concessão pode ter lugar, nomea- da lei ou do contrato de concessão ou, ainda, que sejam
damente, quando se verifique qualquer das seguintes situa- obrigações vencidas e não cumpridas.
ções, por motivos imputáveis à concessionária: 3 — Da transmissão prevista no número anterior
a) Estiver iminente, ou ocorrer, a cessação ou inter- excluem-se os fundos ou reservas consignados à garan-
rupção, total ou parcial, do desenvolvimento da atividade tia ou cobertura de obrigações da concessionária de cujo
objeto da concessão; cumprimento lhe seja dada quitação pelo concedente, a
b) Deficiências graves na organização, no funciona- qual se presume se decorrido um ano sobre a extinção da
mento ou no regular desenvolvimento da atividade ob- concessão não houver declaração em contrário do conce-
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dente, através do membro do Governo responsável pela afetos à concessão anteriormente à data dessa notifica-
área da energia. ção, incluindo todos os direitos e obrigações inerentes ao
4 — A tomada de posse da concessão pelo concedente exercício da concessão, e ainda aqueles que tenham sido
é precedida de vistoria ad perpetuam rei memoriam, rea- assumidos pela concessionária após a data de notificação
lizada pelo concedente, a que assistem representantes da desde que tenham sido previamente autorizados pelo con-
concessionária, destinada à verificação do estado de con- cedente, através do membro do Governo responsável pela
servação e manutenção dos bens, devendo ser lavrado o área da energia.
respetivo auto. 3 — A assunção de obrigações por parte do concedente
é feita, sem prejuízo do seu direito de regresso sobre a
Base XXXIX concessionária, pelas obrigações por esta contraídas que
Procedimentos em caso de extinção da concessão
tenham exorbitado da gestão normal da concessão.
4 — Em caso de resgate, a concessionária tem direito
1 — O concedente reserva-se no direito de tomar, nos a uma indemnização cujo valor deve atender ao valor
últimos dois anos do prazo da concessão, as providências contabilístico, à data do resgate, dos bens revertidos para
que julgar convenientes para assegurar a continuação do o concedente, livres de quaisquer ónus ou encargos, e ao
serviço no termo da concessão ou as medidas necessá- valor de eventuais lucros cessantes.
rias para efetuar, durante o mesmo prazo, a transferência 5 — O valor contabilístico dos bens referidos no número
progressiva da atividade objeto da concessão para a nova anterior, à data do resgate, entende-se líquido de amortiza-
concessionária. ções e de comparticipações financeiras e subsídios a fundo
2 — No contrato de concessão são previstos os termos perdido, incluindo-se nestes o valor dos bens cedidos pelo
e os modos pelos quais se procede, em caso de extinção da concedente.
concessão, à transferência para o concedente da titularidade 6 — Para os efeitos do cálculo da indemnização, o valor
de eventuais direitos detidos pela concessionária sobre ter- dos bens que se encontrem anormalmente depreciados ou
ceiros e que se revelem necessários para a continuidade da deteriorados devido a deficiência da concessionária na sua
prestação dos serviços concedidos e, em geral, à tomada de manutenção ou reparação é determinado de acordo com o
quaisquer outras medidas tendentes a evitar a interrupção seu estado de funcionamento efetivo.
da prestação do serviço público concessionado.
Base XLII
Base XL
Rescisão do contrato de concessão pelo concedente
Decurso do prazo da concessão
1 — O concedente pode rescindir o contrato de conces-
1 — Decorrido o prazo da concessão, sem necessidade são no caso de violação grave, não sanada ou não sanável,
de qualquer comunicação entre as Partes nesse sentido, das obrigações da concessionária decorrentes do contrato
transmitem-se para o concedente todos os bens e meios de concessão.
afetos à concessão, livres de ónus ou encargos, em bom 2 — Constituem, nomeadamente, causas de rescisão do
estado de conservação, funcionamento e segurança, sem contrato de concessão por parte do concedente os seguintes
prejuízo do normal desgaste do seu uso para efeitos do factos ou situações:
contrato de concessão.
2 — Cessando a concessão pelo decurso do prazo, é a) Desvio do objeto e dos fins da concessão;
paga pelo Estado à concessionária uma indemnização b) Suspensão ou interrupção injustificadas das ativida-
correspondente ao valor contabilístico dos bens afetos à des objeto da concessão;
concessão, adquiridos pela concessionária, com referên- c) Oposição reiterada ao exercício da supervisão, acom-
cia ao último balanço aprovado, líquido de amortizações panhamento e fiscalização da concessão, repetida desobe-
e de comparticipações financeiras e subsídios a fundo diência às determinações, ordens, diretivas ou instruções
perdido. do concedente nos termos do contrato de concessão, nomea-
3 — Caso a concessionária não dê cumprimento ao damente no que respeita ao fornecimento de informações
disposto no n.º 1, o concedente promove a realização dos e documentos solicitados pelo concedente, ou sistemática
trabalhos e aquisições que sejam necessários à reposição inobservância das leis e regulamentos aplicáveis à ex-
dos bens aí referidos, correndo os respetivos custos pela ploração da concessão, quando se mostrem ineficazes as
concessionária e podendo ser utilizada a caução para os sanções aplicadas;
liquidar no caso de a concessionária não proceder ao pa- d) Recusa em proceder aos investimentos necessários
gamento voluntário e atempado dos referidos custos. à adequada conservação e reparação das infraestruturas;
e) Recusa ou impossibilidade da concessionária em
Base XLI retomar a concessão nos termos do disposto no n.º 8 da
base XXXVII ou, quando o tiver feito, verificar-se a conti-
Resgate da concessão
nuação das situações que motivaram o sequestro;
1 — O concedente, através do membro do Governo f) Cobrança dolosa das tarifas com valor superior aos
responsável pela área da energia, pode resgatar a concessão fixados;
sempre que o interesse público o justifique, decorridos que g) Dissolução ou insolvência da concessionária;
sejam, pelo menos, 15 anos sobre a data do início do res- h) Transmissão ou oneração da concessão, no todo ou
petivo prazo, mediante notificação feita à concessionária, em parte, sem prévia autorização;
por carta registada com aviso de receção, com, pelo menos, i) Recusa da reconstituição atempada da caução.
1 ano de antecedência.
2 — O concedente assume, decorrido o período de um 3 — Não constituem causas de rescisão os factos ocor-
ano sobre a notificação do resgate, todos os bens e meios ridos por motivos de força maior.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6185

4 — Verificando-se um dos casos de incumprimento Governo responsável pela área da energia, devem ser exer-
referidos no número anterior ou qualquer outro que, nos cidos pela DGEG, sendo os atos praticados pelo respetivo
termos do disposto no n.º 1 desta base, possa motivar a diretor-geral, ou pela ERSE, consoante as competências
rescisão da concessão, o concedente, através do membro de cada uma destas entidades.
do Governo responsável pela área da energia, deve noti-
ficar a concessionária para, no prazo que razoavelmente Base XLV
lhe for fixado, cumprir integralmente as suas obrigações e
corrigir ou reparar as consequências dos seus atos, exceto Resolução de diferendos
tratando-se de uma violação não sanável.
1 — O concedente e a concessionária podem celebrar
5 — Caso a concessionária não cumpra as suas obri-
gações ou não corrija ou repare as consequências do in- convenções de arbitragem destinadas à resolução de quais-
cumprimento nos termos determinados pelo concedente, quer questões emergentes do contrato de concessão, nos
este pode rescindir o contrato de concessão mediante co- termos da Lei n.º 31/86, de 29 de agosto.
municação enviada à concessionária, por carta registada 2 — A concessionária e os operadores e utilizadores da
com aviso de receção, sem prejuízo do disposto no número RNTGN podem, nos termos da lei, celebrar convenções
seguinte. de arbitragem para solução dos litígios emergentes dos
6 — Caso o concedente pretenda rescindir o contrato respetivos contratos.
de concessão, designadamente pelos factos referidos na
alínea g) do n.º 1, deve previamente notificar os principais ANEXO III
credores da concessionária que sejam conhecidos para, no
prazo que lhes for determinado, nunca superior a três me- (a que se refere o n.º 1 do artigo 68.º)
ses, proporem uma solução que possa sobrestar à rescisão,
desde que o concedente com ela concorde. Bases das concessões da atividade de receção,
7 — A comunicação da decisão de rescisão referida armazenamento e regaseificação
no n.º 5 produz efeitos imediatos, independentemente de de gás natural liquefeito em terminais de GNL
qualquer outra formalidade.
8 — A rescisão do contrato de concessão pelo conce-
dente implica a transmissão gratuita de todos os bens e CAPÍTULO I
meios afetos à concessão para o concedente sem qualquer Disposições e princípios gerais
indemnização e, bem assim, a perda da caução prestada em
garantia do pontual e integral cumprimento do contrato,
Base I
sem prejuízo do direito de o concedente ser indemnizado
pelos prejuízos sofridos nos termos gerais de direito. Objeto da concessão

Base XLIII 1 — A concessão tem por objeto a atividade de receção,


armazenamento e regaseificação de GNL, em terminal de
Rescisão do contrato de concessão pela concessionária GNL, exercida em regime de serviço público.
1 — A concessionária pode rescindir o contrato de con- 2 — Integram-se no objeto da concessão:
cessão com fundamento em incumprimento grave das
a) A receção, o armazenamento, o tratamento e a rega-
obrigações do concedente, se do mesmo resultarem per-
turbações que ponham em causa o exercício da atividade seificação de GNL;
concedida. b) A emissão de gás natural em alta pressão para a
2 — A rescisão prevista no número anterior implica a RNTGN;
transmissão de todos os bens e meios afetos à concessão c) A carga e expedição de GNL em camiões-cisterna e
para o concedente, sem prejuízo do direito da concessioná- navios metaneiros;
ria a ser ressarcida dos prejuízos que lhe foram causados, d) A construção, a operação, a exploração, a manutenção
incluindo o valor dos investimentos efetuados e lucros e a expansão das respetivas infraestruturas e, bem assim,
cessantes calculados nos termos previstos anteriormente das instalações necessárias para a sua operação.
para o resgate.
3 — A rescisão do contrato de concessão produz efeitos 3 — A concessionária pode exercer outras atividades
à data da sua comunicação ao concedente por carta regis- para além das que se integram no objeto da concessão, no
tada com aviso de receção. respeito pela legislação aplicável ao setor do gás natural,
4 — No caso de rescisão do contrato de concessão pela
com fundamento no proveito daí resultante para a conces-
concessionária, esta deve seguir o procedimento previsto
para o concedente nos n.os 4 e 5 da base anterior. são ou com vista a otimizar a utilização dos bens afetos
à mesma, desde que essas atividades sejam acessórias
ou complementares e não prejudiquem a regularidade e
CAPÍTULO XI a continuidade da prestação do serviço público e sejam
Disposições diversas previamente autorizadas pelo concedente.

Base XLIV Base II


Exercício dos poderes do concedente Área da concessão

Os poderes do concedente referidos nas presentes ba- A área e localização geográfica da concessão são defi-
ses, exceto quando devam ser exercidos pelo membro do nidas no contrato de concessão.
6186 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Base III e) Fornecer ao operador da rede de transporte, no qua-


Prazo da concessão
dro da gestão técnica global do SNGN, e aos agentes de
mercado as informações necessárias ao funcionamento
1 — O prazo da concessão é fixado pelo concedente no seguro e eficiente do SNGN;
contrato de concessão e não pode exceder 40 anos contados f) Preservar a confidencialidade das informações co-
a partir da data da celebração do respetivo contrato. mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas ati-
2 — A concessão pode ser renovada se o interesse pú- vidades;
blico assim o justificar e a concessionária tiver cumprido g) Medir o GNL recebido no terminal, o GNL entregue
as suas obrigações legais e contratuais. ao transporte por rodovia e o gás natural injetado na rede
3 — A intenção de renovação da concessão deve ser de transporte;
comunicada à concessionária pelo concedente com a an- h) Fornecer os serviços destinados a satisfazer, de forma
tecedência mínima de dois anos relativamente ao termo transparente e não discriminatória, os pedidos de acesso
do prazo da concessão. ao terminal, tendo em conta as capacidades técnicas das
instalações de GNL e os procedimentos de gestão de con-
Base IV gestionamentos;
Serviço público i) Solicitar aos agentes de mercado que garantam que
o GNL descarregado dos navios metaneiros para o termi-
1 — A concessionária deve desempenhar as atividades nal respeita as especificações de qualidade dispostas na
concessionadas de acordo com as exigências de um regular, legislação e regulamentação aplicáveis, em coordenação
contínuo e eficiente funcionamento do serviço público e com o operador da rede de transporte no quadro da gestão
adotar, para o efeito, os melhores procedimentos, meios e técnica global do SNGN.
tecnologias utilizados no setor do gás, com vista a garantir,
designadamente, a segurança de pessoas e bens. Base VI
2 — Com o objetivo de assegurar a permanente ade-
quação da concessão às exigências da regularidade, da Princípios aplicáveis às relações com os utilizadores
continuidade e eficiência do serviço público, o concedente 1 — A concessionária deve proporcionar aos utilizado-
reserva-se no direito de alterar, por via legal ou regulamen- res, de forma não discriminatória e transparente, o acesso
tar, as condições da sua exploração. às respetivas infraestruturas, nos termos previstos nas pre-
3 — Quando, por efeito do disposto no número an- sentes bases e na legislação e na regulamentação aplicáveis,
terior, se alterarem significativamente as condições de não podendo estabelecer diferenças de tratamento entre os
exploração da concessão, o concedente compromete-se a referidos utilizadores que não resultem da aplicação de
promover a reposição do equilíbrio económico e financeiro critérios ou de condicionalismos legais, regulamentares
da concessão, nos termos previstos na base XXXIV, desde ou técnicos, ou ainda de condicionalismos de natureza
que a concessionária não possa legitimamente prover a tal contratual desde que aceites pela ERSE.
reposição recorrendo aos meios resultantes de uma correta 2 — O disposto no número anterior não impede a con-
e prudente gestão. cessionária de celebrar contratos a longo prazo, no respeito
Base V pelas regras da concorrência.
3 — A concessionária deve facultar aos utilizadores
Direitos e obrigações da concessionária as informações de que estes necessitem para o acesso ao
1 — A concessionária beneficia dos direitos e encontra- terminal de GNL.
-se sujeita às obrigações estabelecidos no Decreto-Lei 4 — Os utilizadores devem prestar à concessionária to-
n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, no Decreto-Lei n.º 140/2006, das as informações que esta considere necessárias à correta
de 26 de julho, e na demais legislação e regulamentação exploração das respetivas infraestruturas e instalações.
aplicáveis à atividade que integra o objeto da concessão, 5 — A concessionária deve assegurar o tratamento de
sem prejuízo dos demais direitos e obrigações estabeleci- dados de utilização do terminal de GNL no respeito pe-
dos nas presentes bases. las disposições legais de proteção de dados pessoais e
2 — À concessionária compete, em particular: preservar a confidencialidade das informações comer-
cialmente sensíveis obtidas no seu relacionamento com
a) Assegurar a exploração e manutenção do terminal e da os utilizadores.
capacidade de armazenamento em condições de segurança, 6 — A concessionária deve manter um registo das quei-
de fiabilidade e de respeito pelo ambiente, assegurando o xas ou reclamações que lhe tenham sido apresentadas
cumprimento dos padrões de qualidade de serviço que lhe pelos utilizadores.
sejam aplicáveis nos termos do Regulamento de Qualidade
de Serviço;
b) Gerir os fluxos de gás natural no terminal e no ar- CAPÍTULO II
mazenamento, assegurando a sua interoperacionalidade
Bens e meios afetos à concessão
com a rede de transporte a que o terminal está ligado, no
quadro da gestão técnica global do SNGN, nos termos do
Base VII
Regulamento do Terminal de Receção, Armazenamento e
Regaseificação de GNL; Bens e meios afetos à concessão
c) Facultar aos agentes de mercado as informações de
1 — Consideram-se afetos à concessão os bens necessá-
que necessitem para o acesso ao terminal;
rios à prossecução da atividade de receção, armazenamento
d) Receber do operador da rede de transporte, no quadro
e regaseificação de GNL, designadamente:
da gestão técnica global do SNGN, dos operadores de mer-
cado e de todos os agentes diretamente interessados toda a) O terminal e as instalações portuárias integradas no
a informação necessária à gestão das suas infraestruturas; mesmo;
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b) As instalações afetas à receção, ao armazenamento, Base X


ao tratamento e à regaseificação de GNL, incluindo todo Regime de oneração e transmissão dos bens afetos à concessão
o equipamento de controlo, regulação e medida indispen-
sável à operação e funcionamento das infraestruturas e 1 — A concessionária não pode onerar ou transmitir, por
instalações do terminal; qualquer forma, os bens que integram a concessão, sem
c) As instalações afetas à emissão de gás natural para prejuízo do disposto nos números seguintes.
a RNTGN e à expedição e à carga de GNL em camiões- 2 — Os bens e direitos que tenham perdido utilidade
-cisterna e navios metaneiros; para a concessão são abatidos ao inventário referido na
d) As instalações, e equipamentos, de telecomunica- base VIII, mediante prévia autorização do concedente, que
ções, telemedida e telecomando afetas à gestão de todas se considera concedida se este não se opuser no prazo de
as infraestruturas e instalações do terminal. 30 dias contados da receção do pedido.
3 — A oneração ou transmissão de bens imóveis afetos
2 — Consideram-se ainda afetos à concessão: à concessão fica sujeita a autorização do membro do Go-
a) Os imóveis pertencentes à concessionária em que verno responsável pela área da energia.
estejam implantados os bens referidos no número ante- 4 — A oneração ou transmissão de bens, e direitos, afe-
rior, assim como as servidões constituídas em benefício tos à concessão em desrespeito do disposto na presente base
da concessão; acarreta a nulidade dos respetivos atos ou contratos.
b) Os bens móveis ou direitos relativos a bens imóveis
utilizados ou relacionados com o exercício da atividade Base XI
objeto da concessão; Posse e propriedade dos bens
c) Os direitos de expansão da capacidade do terminal
necessários à garantia da segurança do abastecimento no 1 — A concessionária detém a posse e propriedade dos
âmbito do SNGN; bens afetos à concessão até à extinção desta.
d) Os direitos privativos de propriedade intelectual e 2 — Com a extinção da concessão, os bens a ela afetos
industrial de que a concessionária seja titular; transferem-se para o concedente nos termos previstos nas
e) Quaisquer fundos ou reservas consignados à garantia presentes bases e no contrato de concessão.
do cumprimento das obrigações da concessionária, por
força de obrigação emergente da lei ou do contrato de
concessão e enquanto durar essa vinculação; CAPÍTULO III
f) As relações e posições jurídicas diretamente rela- Sociedade concessionária
cionadas com a concessão, nomeadamente laborais, de
empreitada, de locação e de prestação de serviços. Base XII
3 — Os bens referidos no n.º 1 e na alínea a) do n.º 2 Objeto social, sede e forma
são considerados, para os efeitos da aplicação do regime 1 — O projeto de estatutos da sociedade concessionária
de oneração e transmissão dos bens afetos à concessão, deve ser submetido a prévia aprovação do membro do
como infraestruturas de serviço público que integram a Governo responsável pela área da energia.
concessão. 2 — A sociedade concessionária deve ter como objeto
Base VIII social principal, ao longo de todo o período de duração da
Inventário do património
concessão, o exercício das atividades integradas no objeto
da concessão, devendo manter ao longo do mesmo período
1 — A concessionária deve elaborar e manter perma- a sua sede em Portugal e a forma de sociedade anónima,
nentemente atualizado, e à disposição do concedente, um regulada pela lei portuguesa.
inventário do património afeto à concessão. 3 — O objeto social da concessionária pode incluir o
2 — No inventário a que se refere o número anterior exercício de outras atividades, para além das que integram
devem ser mencionados os ónus ou encargos que recaem o objeto da concessão, e bem assim a participação no
sobre os bens afetos à concessão. capital de outras sociedades, desde que seja respeitado o
3 — Os bens e direitos patrimoniais tornados desneces- disposto nas presentes bases e na legislação aplicável ao
sários à concessão são abatidos ao inventário, nos termos setor do gás natural.
previstos no n.º 2 da base X.
Base XIII
Base IX Ações da concessionária
Manutenção dos bens afetos à concessão
1 — Todas as ações representativas do capital social da
1 — A concessionária fica obrigada a manter, durante o concessionária são obrigatoriamente nominativas.
prazo de vigência da concessão, em permanente estado de 2 — A oneração e a transmissão de ações represen-
bom funcionamento, conservação e segurança, os bens e tativas do capital social da concessionária depende, sob
meios afetos à concessão, efetuando para tanto as repara- pena de nulidade, de autorização prévia do concedente,
ções, renovações, adaptações e modernizações necessárias através do membro do Governo responsável pela área da
ao bom desempenho do serviço público concedido. energia, a qual não pode ser infundadamente recusada e se
2 — Não se tratando de reparações, renovações ou considera tacitamente concedida se não for recusada, por
adaptações urgentes, deve a concessionária, sempre que escrito, no prazo de 60 dias a contar da data da respetiva
elas impliquem interrupção, diminuição ou condiciona- solicitação.
mento da atividade objeto da concessão, comunicá-la com 3 — Excetua-se do disposto no número anterior a one-
antecedência razoável aos utilizadores afetados por tais ração de ações efetuada em benefício das entidades finan-
medidas. ciadoras de qualquer das atividades que integram o objeto
6188 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

da concessão, e no âmbito dos contratos de financiamento Base XVII


que venham a ser celebrados pela concessionária para o Direitos e deveres decorrentes da aprovação dos projetos
efeito, desde que as entidades financiadoras assumam,
nos referidos contratos, a obrigação de obter a autorização 1 — A aprovação dos respetivos projetos confere à con-
prévia do concedente em caso de execução das garantias cessionária, nomeadamente, os seguintes direitos:
de que resulte a transmissão a terceiros das ações oneradas. a) Utilizar, de acordo com a legislação aplicável, os
4 — A oneração de ações referida no número anterior bens do domínio público ou privado do Estado e de outras
deve, em qualquer caso, ser comunicada ao concedente, pessoas coletivas públicas para o estabelecimento ou pas-
a quem deve ser enviada, no prazo de 30 dias a contar a sagem das respetivas infraestruturas ou instalações;
partir da data em que seja constituída, cópia autenticada do b) Constituir, nos termos da legislação aplicável, as
documento que formaliza a oneração e bem assim informa- servidões sobre os imóveis necessários ao estabelecimento
ção detalhada sobre quaisquer outros termos e condições das respetivas infraestruturas ou instalações;
que sejam estabelecidos. c) Proceder à expropriação, por utilidade pública e ur-
gente, nos termos da legislação aplicável, dos bens imóveis,
Base XIV ou direitos a eles relativos, necessários ao estabelecimento
Deliberações da concessionária e acordos entre acionistas das respetivas infraestruturas ou instalações.
1 — Sem prejuízo de outras limitações previstas nas 2 — As licenças e autorizações exigidas por lei para a
presentes bases e no contrato de concessão, ficam sujeitas exploração das infraestruturas e instalações consideram-se
a autorização prévia do concedente, através do membro do outorgadas com a aprovação dos respetivos projetos, sem
Governo responsável pela área da energia, as deliberações prejuízo da verificação por parte das entidades licencia-
da concessionária relativas à alteração do objeto social, à doras da conformidade na sua execução.
transformação, fusão, cisão ou dissolução da sociedade. 3 — Cabe à concessionária o pagamento das indem-
2 — Os acordos parassociais celebrados entre os acio- nizações decorrentes do exercício dos direitos referidos
nistas da concessionária, bem como as respetivas altera- no n.º 1.
ções, devem ser objeto de aprovação prévia pelo conce- 4 — No atravessamento de terrenos do domínio pú-
dente, dada através do membro do Governo responsável blico ou dos particulares, a concessionária deve adotar
pela área da energia. os procedimentos estabelecidos na legislação aplicável e
3 — As autorizações e aprovações previstas na pre- proceder à reparação de todos os prejuízos que resultem
sente base não podem ser infundadamente recusadas e dos trabalhos executados.
consideram-se tacitamente concedidas se não forem re-
cusadas, por escrito, no prazo de 60 dias a contar da data Base XVIII
da respetiva solicitação.
Planeamento, remodelação e expansão das infraestruturas
Base XV 1 — O planeamento das infraestruturas está integrado
Financiamento no planeamento da RNTIAT, em particular com a RNTGN,
nos termos previstos na legislação e na regulamentação
1 — A concessionária é responsável pela obtenção do aplicáveis.
financiamento necessário ao desenvolvimento do objeto 2 — Constitui encargo e responsabilidade da concessio-
da concessão, por forma a cumprir cabal e atempadamente nária o planeamento, remodelação e expansão das infraes-
todas as obrigações que assume no contrato de concessão. truturas que integram a concessão, com vista a assegurar a
2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, a existência permanente de capacidade nas mesmas.
concessionária deve manter no final de cada ano um rácio 3 — A concessionária deve observar, na remodelação
de autonomia financeira superior a 20 %. e expansão das infraestruturas, os prazos de execução
adequados à permanente satisfação das necessidades iden-
tificadas no PDIRGN.
CAPÍTULO IV 4 — A concessionária deve elaborar periodicamente, nos
Construção, planeamento, remodelação e expansão termos previstos no contrato de concessão, e apresentar
das infraestruturas ao concedente, o plano de investimentos nas infraestru-
turas.
Base XVI 5 — Por razões de interesse público, nomeadamente as
relativas à segurança, regularidade e qualidade do abas-
Projetos tecimento, o concedente pode determinar a remodelação
1 — A construção e a exploração das infraestruturas ou expansão das infraestruturas que integram a concessão,
que integram a concessão ficam sujeitas à aprovação dos nos termos fixados no contrato de concessão.
respetivos projetos nos termos da legislação aplicável.
2 — A concessionária é responsável, no respeito pela CAPÍTULO V
legislação e regulamentação aplicáveis, pela conceção, pro-
jeto e construção de todas as infraestruturas e instalações Exploração das infraestruturas
que integram a concessão de terminal de GNL, incluindo
as necessárias à sua remodelação e expansão. Base XIX
3 — A aprovação de quaisquer projetos pelo concedente
Condições de exploração
não implica qualquer responsabilidade derivada de erros
de conceção, de projeto, de construção ou da inadequação 1 — A concessionária é responsável pela exploração
das instalações e do equipamento ao serviço da concessão. das infraestruturas que integram a concessão, e respeti-
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6189

vas instalações, em condições de segurança, fiabilidade e Base XXIII


qualidade de serviço, no respeito pela legislação e regu- Relacionamento com a concessionária da RNTGN
lamentação aplicáveis. no âmbito da gestão técnica global do SNGN,
2 — A concessionária deve assegurar-se de que o gás planeamento da RNTIAT e segurança do abastecimento
recebido no terminal cumpre as características técnicas e
A concessionária encontra-se sujeita às obrigações que
as especificações de qualidade estabelecidas e que o seu
decorrem do exercício, por parte da concessionária da
armazenamento, tratamento, regaseificação e expedição RNTGN, das suas competências em matéria de gestão
é efetuado em condições técnicas adequadas, de forma a técnica global do SNGN, planeamento da RNTIAT e segu-
garantir a segurança de pessoas e bens. rança do abastecimento, nos termos previstos na legislação
e na regulamentação aplicáveis.
Base XX
Informação Base XXIV
1 — A concessionária tem a obrigação de fornecer ao Interrupção por facto imputável ao utilizador
concedente, através da DGEG, todos os documentos e 1 — A concessionária pode interromper a prestação do
outros elementos de informação relativos à concessão e a serviço público concessionado nos termos da regulamenta-
outras atividades autorizadas nos termos do n.º 3 da base I, ção aplicável, e nomeadamente nos seguintes casos:
designadamente os necessários à resposta a quaisquer pe-
didos da Comissão Europeia, que o concedente entenda a) Alteração não autorizada do funcionamento de equi-
dever solicitar-lhe. pamentos ou sistemas de ligação às respetivas infraestru-
2 — As informações e documentos solicitados pelo turas e instalações que ponha em causa a segurança ou a
concedente devem ser fornecidos no prazo de 10 dias úteis, regularidade do serviço;
salvo se for por este fixado um prazo diferente, por decisão b) Incumprimento grave dos regulamentos aplicáveis ou,
fundamentada. em caso de emergência, das suas ordens e instruções;
3 — A não prestação ou a prestação de informações c) Incumprimento de obrigações contratuais que ex-
falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a pedido do pressamente estabeleçam esta sanção.
concedente, no prazo por este fixado, constitui incumpri-
mento do contrato de concessão, designadamente para 2 — A concessionária pode, ainda, interromper unila-
efeitos da base XXXVI. teralmente a prestação do serviço público concessionado
4 — A concessionária deve fornecer ao operador da aos utilizadores que causem perturbações que afetem a
rede com a qual esteja ligada e aos agentes de mercado as qualidade do serviço prestado, quando, uma vez identifi-
cadas as causas perturbadoras, os utilizadores, após aviso
informações necessárias para permitir um desenvolvimento
da concessionária, não corrijam as anomalias em prazo
coordenado das diversas redes e um funcionamento seguro
adequado, tendo em consideração os trabalhos a realizar.
e eficiente do SNGN.
5 — A concessionária tem igualmente a obrigação de
Base XXV
fornecer à ERSE a informação prevista na lei e regula-
mentação aplicável. Interrupções por razões de interesse público ou de serviço
6 — A concessionária deve, ainda, solicitar, receber e 1 — A prestação do serviço público concessionado
tratar todas as informações de todos os operadores de mer- pode ser interrompida por razões de interesse público,
cados e de todos os utilizadores diretamente interessados nomeadamente, quando se trate da execução de planos
necessárias à boa gestão das respetivas infraestruturas. nacionais de emergência, declarada ao abrigo de legislação
específica.
Base XXI 2 — As interrupções das atividades objeto da concessão,
Participação de desastres e acidentes por razões de serviço, têm lugar quando haja necessidade
imperiosa de realizar manobras ou trabalhos de ligação, re-
1 — A concessionária é obrigada a participar imedia- paração ou conservação das infraestruturas ou instalações,
tamente à DGEG todos os desastres e acidentes ocor- desde que tenham sido esgotadas todas as possibilidades
ridos nas suas instalações e, se tal não for possível, no alternativas.
prazo máximo de três dias a contar a partir da data da 3 — Nas situações referidas nos números anteriores, a
ocorrência. concessionária deve avisar os utilizadores das respetivas
2 — Sem prejuízo das competências atribuídas às au- infraestruturas e instalações que possam vir a ser afetados,
toridades públicas, sempre que dos desastres ou acidentes com a antecedência mínima de 36 horas, salvo no caso da
resultem mortes, ferimentos graves ou prejuízos materiais realização de trabalhos que a segurança de pessoas e bens
importantes, a concessionária deve elaborar, e enviar ao torne inadiáveis ou quando haja necessidade urgente de
concedente, um relatório técnico com a análise das circuns- trabalhos para garantir a segurança das infraestruturas ou
tâncias da ocorrência e com o estado das instalações. instalações.

Base XXII Base XXVI


Ligação das infraestruturas à RNTGN Medidas de proteção
A ligação das infraestruturas do terminal de GNL à 1 — Sem prejuízo das medidas de emergência adotadas
RNTGN faz-se nas condições previstas nos regulamentos pelo Governo, quando se verifique uma situação de emer-
aplicáveis. gência que ponha em risco a segurança de pessoas ou bens,
6190 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

deve a concessionária promover imediatamente as medidas 2 — O concedente pode utilizar a caução sempre que a
que entender necessárias em matéria de segurança. concessionária não cumpra qualquer obrigação assumida
2 — As medidas referidas no número anterior devem ser no contrato de concessão.
imediatamente comunicadas à DGEG, às respetivas auto- 3 — O recurso à caução é precedido de despacho do
ridades concelhias, à autoridade policial da zona afetada e, membro do Governo responsável pela área da energia, não
se for caso disso, ao Serviço Nacional de Proteção Civil. dependendo de qualquer outra formalidade ou de prévia
decisão judicial ou arbitral.
Base XXVII 4 — Sempre que o concedente utilize a caução, a con-
cessionária deve proceder à reposição do seu montante
Responsabilidade civil
integral no prazo de 30 dias a contar a partir da data da-
1 — A concessionária é responsável, nos termos gerais quela utilização.
de direito, por quaisquer prejuízos causados ao concedente 5 — O valor da caução é atualizado de três em três
ou a terceiros, pela culpa ou pelo risco, no exercício da anos de acordo com o índice de preços no consumidor, no
atividade objeto da concessão. continente, excluindo habitação, publicado pelo Instituto
2 — Para os efeitos do disposto no artigo 509.º do Có- Nacional de Estatística.
digo Civil, entende-se que a utilização das infraestruturas 6 — A caução só pode ser levantada pela concessionária
e instalações integradas na concessão é feita no exclusivo um ano após a data de extinção do contrato de concessão,
interesse da concessionária. ou, antes de decorrido aquele prazo, por determinação
3 — A concessionária fica obrigada à constituição de expressa do concedente, através do membro do Governo
um seguro de responsabilidade civil para cobertura dos responsável pela área da energia, mas sempre após a ex-
danos materiais e corporais causados a terceiros e resul- tinção da concessão.
tantes do exercício da respetiva atividade, cujo montante 7 — A caução prevista nesta base bem como outras
mínimo obrigatório é fixado por portaria do membro do que a concessionária venha a estar obrigada a constituir
Governo responsável pela área da energia e atualizável de a favor do concedente devem ser prestadas por depósito
três em três anos. em dinheiro ou por garantia bancária autónoma, à primeira
4 — A concessionária deve apresentar ao concedente os solicitação, cujo texto deve ser previamente aprovado pela
documentos comprovativos da celebração do seguro, bem DGEG.
como da atualização referida no número anterior.
Base XXX
Base XXVIII Supervisão, acompanhamento, fiscalização e regulação
Cobertura por seguros 1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras
1 — Para garantir o cumprimento das suas obrigações, entidades públicas, em particular à ERSE, cabe à DGEG o
a concessionária é obrigada a celebrar e manter em vigor exercício dos poderes de supervisão, acompanhamento e
um seguro de responsabilidade civil, em valor mínimo fiscalização da concessão, nomeadamente no que se refere
obrigatório a definir no contrato de concessão. ao cumprimento das disposições legais e regulamentares
2 — Para além dos seguros referidos na base anterior aplicáveis e do contrato de concessão.
e no número anterior, a concessionária deve assegurar a 2 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras
existência e a manutenção em vigor das apólices de seguro entidades públicas, cabe à ERSE o exercício dos pode-
necessárias para garantir uma efetiva cobertura dos riscos res de regulação das atividades que integram o objeto da
da concessão. concessão, nos termos previstos na legislação e na regu-
3 — No âmbito da obrigação referida no número an- lamentação aplicáveis.
terior, a concessionária fica obrigada a constituir seguros 3 — Para efeitos do disposto no n.º 1 e sempre que exista
envolvendo todas as infraestruturas e instalações que in- motivo atendível, o concedente pode, nomeadamente:
tegram a concessão, contra riscos de incêndio, explosão e a) Inquirir os representantes legais e quaisquer cola-
danos devido a terramoto ou temporal, nos termos fixados boradores da concessionária, bem como solicitar-lhes os
no contrato de concessão. documentos e outros elementos de informação que entenda
4 — O disposto nos números anteriores pode ser objeto necessários ou convenientes;
de regulamentação pelo Instituto de Seguros de Portugal. b) Aceder livremente às instalações da concessionária
e proceder à busca, exame, tratamento e recolha de cópias
CAPÍTULO VI ou extratos dos documentos e outras informações na posse
da concessionária que julgue necessários ou convenientes,
Garantias e fiscalização do cumprimento incluindo através dos respetivos sistemas de informação;
das obrigações da concessionária c) Requerer à concessionária a realização dos estudos,
testes ou simulações, incluindo com recurso aos respetivos
Base XXIX sistemas de informação, que se enquadrem no exercício
Caução
das funções da concessionária, bem como acompanhar
e participar ativamente na sua preparação e realização,
1 — Para garantia do pontual e integral cumprimento designadamente no âmbito da definição dos princípios de
das obrigações emergentes do contrato de concessão e da base da política energética;
cobrança das multas aplicadas, a concessionária deve, antes d) Emitir ordens, determinações, diretivas ou instruções,
da assinatura do contrato de concessão, prestar a favor do no âmbito dos poderes de supervisão, acompanhamento
concedente uma caução no valor de € 5 000 000. e fiscalização.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6191

4 — O concedente pode recorrer a entidades terceiras elementos do negócio que pretende realizar, bem como o
devidamente qualificadas para a prestação de assistência calendário previsto para a sua realização e a identidade do
técnica que repute conveniente no âmbito do exercício das subconcessionário ou do trespassário.
funções de supervisão, acompanhamento e fiscalização 5 — No caso de haver lugar a uma subconcessão devi-
da concessão, as quais gozam dos poderes referidos no damente autorizada, a concessionária mantém os direitos
número anterior após comunicação à concessionária para e continua sujeita às obrigações decorrentes do contrato
o efeito. de concessão.
5 — A concessionária deve facilitar o exercício dos 6 — Ocorrendo trespasse da concessão, consideram-se
poderes atribuídos às entidades fiscalizadora e reguladora, transmitidos para o trespassário todos os direitos e obriga-
nomeadamente prestando todas as informações e forne- ções da concessionária, assumindo aquele ainda os deveres,
cendo todos os documentos que lhe forem solicitados por as obrigações e os encargos que eventualmente venham a
essas entidades no âmbito das respetivas competências, ser-lhe impostos pelo concedente como condição para a
bem como permitindo o livre acesso do pessoal das refe- autorização do trespasse.
ridas entidades devidamente credenciado e no exercício 7 — A concessionária é responsável pela transferência
das suas funções a todas as suas instalações. integral dos seus direitos e obrigações para o trespassário,
6 — A concessionária deve constituir e manter um se- incluindo as obrigações incertas, ilíquidas ou inexigíveis
guro de acidentes pessoais, de montante a definir no con- à data do trespasse, em termos em que não seja afetada
trato de concessão, de modo a cobrir os riscos inerentes ou interrompida a prestação do serviço público conces-
ao exercício pelo pessoal das entidades fiscalizadora e sionado.
reguladora das suas funções nas instalações da conces-
sionária.
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VII Condição económica e financeira da concessionária
Modificações objetivas e subjetivas da concessão Base XXXIII
Base XXXI Equilíbrio económico e financeiro do contrato

Alteração do contrato de concessão 1 — É garantido à concessionária o equilíbrio econó-


mico e financeiro da concessão, nas condições de uma
1 — O contrato de concessão pode ser alterado unila- gestão eficiente.
teralmente pelo concedente, sem prejuízo da reposição do 2 — O equilíbrio económico e financeiro baseia-se no
respetivo equilíbrio económico e financeiro nos termos reconhecimento dos custos de investimento, de operação e
previstos na base XXXIV. manutenção e na adequada remuneração dos ativos afetos
2 — O contrato de concessão pode também ser alterado à concessão.
por força de disposição legal imperativa, designadamente 3 — A concessionária é responsável por todos os riscos
decorrente das políticas energéticas aprovadas pela União inerentes à concessão, sem prejuízo do disposto na legis-
Europeia e aplicáveis ao Estado Português. lação aplicável e nas presentes bases.
3 — O contrato de concessão pode ainda ser modificado
por acordo entre o concedente e a concessionária, desde que Base XXXIV
a modificação não envolva a violação do regime jurídico
da concessão nem implique a derrogação das presentes Reposição do equilíbrio económico e financeiro
bases. 1 — Tendo em atenção a distribuição de riscos esta-
belecida no contrato de concessão, a concessionária tem
Base XXXII direito à reposição do equilíbrio económico e financeiro
Transmissão e oneração da concessão da concessão, nos seguintes casos:
1 — A concessionária não pode, sem prévia autorização a) Modificação unilateral, imposta pelo concedente,
do concedente, onerar, subconceder, trespassar ou transmi- das condições de exploração da concessão, nos termos
tir, por qualquer forma, no todo ou em parte, a concessão ou previstos nos n.os 2 e 3 da base IV, desde que, em resultado
realizar qualquer negócio jurídico que vise atingir ou tenha direto da mesma, se verifique, para a concessionária, um
por efeito, mesmo que indireto, idênticos resultados. determinado aumento de custos ou uma determinada perda
2 — É equiparada à transmissão da concessão a aliena- de receitas e esta não possa legitimamente proceder a tal
ção de ações que resulte na constituição ou modificação de reposição por recurso aos meios resultantes de uma correta
uma relação de domínio sobre a concessionária, conforme e prudente gestão;
definido no artigo 21.º do Código dos Valores Mobiliários b) Alterações legislativas que tenham um impacte di-
ou em norma que o venha a substituir. reto sobre as receitas ou custos respeitantes às atividades
3 — Os atos praticados ou os contratos celebrados em integradas na concessão.
violação do disposto nos números anteriores são nulos e
desprovidos de quaisquer efeitos jurídicos, sem prejuízo 2 — Nos casos previstos no número anterior, a con-
de outras sanções aplicáveis. cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio
4 — No caso de subconcessão ou de trespasse, a con- económico e financeiro da concessão na medida em que
cessionária deve comunicar ao concedente a sua intenção o impacte sobre os proveitos ou custos não seja suscetível
de proceder à subconcessão ou ao trespasse, remetendo- de consideração no âmbito da atividade reguladora.
-lhe a minuta do respetivo contrato de subconcessão ou 3 — Nos casos previstos no número anterior, a con-
de trespasse que se propõe assinar e indicando todos os cessionária apenas tem direito à reposição do equilíbrio
6192 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

económico e financeiro da concessão na medida em que Base XXXVI


o impacte sobre os proveitos ou custos não seja suscetível Sanções contratuais
de consideração no âmbito da atividade reguladora.
4 — Os parâmetros, termos e critérios da reposição do 1 — Sem prejuízo dos demais direitos e prerrogativas
equilíbrio económico e financeiro da concessão são fixados de que o concedente disponha nos termos da lei e das
no contrato de concessão. presentes bases, o incumprimento pela concessionária de
5 — Sempre que haja lugar à reposição do equilíbrio quaisquer obrigações assumidas no contrato de conces-
económico e financeiro da concessão, tal reposição pode são pode ser sancionado, por decisão do concedente, pela
ter lugar através de uma das seguintes modalidades: aplicação de multas contratuais, cujo montante é variável,
em função da gravidade da infração cometida e do grau de
a) Prorrogação do prazo da concessão; culpa do infrator, até € 5 000 000.
b) Revisão do cronograma ou redução das obrigações 2 — Igualmente sem prejuízo dos demais direitos e prer-
de investimento previamente aprovados; rogativas de que o concedente disponha nos termos da lei e
c) Atribuição de compensação direta pelo concedente; das presentes bases, o não cumprimento do disposto nas ba-
d) Combinação das modalidades anteriores ou qualquer ses XX e XXX sujeita a concessionária às seguintes sanções:
outra forma que seja acordada.
a) Ao pagamento de multa até ao montante de
€ 2 500 000, variando o respetivo montante em função da
CAPÍTULO IX relevância dos documentos ou informações para o funcio-
namento do SNGN, do carácter reiterado ou ocasional do
Incumprimento do contrato de concessão
incumprimento, do grau de culpa, dos riscos daí derivados
para a segurança da rede ou de terceiros, dos prejuízos
Base XXXV efetivamente causados e da diligência que a concessionária
Responsabilidade da concessionária por incumprimento tenha posto na superação de consequências;
b) Em alternativa e quando tal se justifique, a uma san-
1 — A violação, pela concessionária, de qualquer das ção pecuniária compulsória, num montante que não exce-
obrigações assumidas no contrato de concessão fá-la in- derá 5 % do montante máximo da multa que seria aplicável
correr em responsabilidade perante o concedente. nos termos da alínea anterior, por dia de atraso, a contar
2 — A responsabilidade da concessionária cessa sempre da data fixada na decisão do concedente que determinou
que ocorra caso de força maior, ficando a seu cargo fazer a prestação das informações, até ao montante máximo
prova da ocorrência. global de € 2 500 000.
3 — Consideram-se unicamente casos de força maior os
acontecimentos imprevisíveis e irresistíveis cujos efeitos se 3 — A aplicação de multas contratuais e sanções pe-
produzam independentemente da vontade ou circunstâncias cuniárias compulsórias depende de notificação prévia da
pessoais da concessionária. concessionária pelo concedente para reparar o incumpri-
4 — Constituem, nomeadamente, casos de força maior mento e do não cumprimento, pela concessionária, do
atos de guerra, hostilidades ou invasão, terrorismo, epi- prazo de reparação fixado nessa notificação nos termos
demias, radiações atómicas, graves inundações, raios, ci- do número seguinte, ou da não reparação integral da falta
clones, tremores de terra e outros cataclismos naturais que naquele prazo.
afetem a atividade compreendida na concessão. 4 — O prazo de reparação do incumprimento é fixado
5 — A ocorrência de um caso de força maior tem por pelo concedente de acordo com critérios de razoabilidade
efeito exonerar a concessionária da responsabilidade pelo e tem sempre em atenção a defesa do interesse público e
não cumprimento das obrigações emergentes do contrato de a manutenção em funcionamento da concessão.
concessão que sejam afetadas pela ocorrência do mesmo, 5 — A concessionária pode, no prazo fixado na notifi-
na estrita medida em que o respetivo cumprimento pontual cação a que se refere o número anterior, e em momento
e atempado tenha sido efetivamente impedido. anterior ao da aplicação de quaisquer multas contratuais
6 — No caso de impossibilidade de cumprimento do ou sanções pecuniárias compulsórias, exercer por escrito
contrato de concessão por causa de força maior, o con- o seu direito de defesa.
cedente pode proceder à sua rescisão nos termos fixados 6 — É da competência do diretor-geral da DGEG a
no mesmo. aplicação das multas contratuais e sanções pecuniárias
7 — A concessionária fica obrigada a comunicar ao compulsórias.
concedente de imediato a ocorrência de qualquer evento 7 — Caso a concessionária não proceda ao pagamento
qualificável como caso de força maior, bem como, no voluntário das multas contratuais ou sanções pecuniárias
mais curto prazo possível, a indicar as obrigações emer- compulsórias que lhe forem aplicadas no prazo de 20 dias
gentes do contrato de concessão cujo cumprimento, no seu a contar da sua fixação e notificação pelo concedente, este
entender, se encontra impedido ou dificultado por força pode utilizar a caução para pagamento das mesmas.
de tal ocorrência e, bem assim, se for o caso, as medidas 8 — O valor máximo das multas estabelecido na pre-
que tomou ou pretende tomar para fazer face à situação sente base é atualizado em janeiro de cada ano, de acordo
ocorrida, a fim de mitigar o impacte do referido evento e com o índice de preços no consumidor no continente,
os respetivos custos. excluindo habitação, publicado pelo Instituto Nacional de
8 — A concessionária deve, em qualquer caso, tomar Estatística, referente ao ano anterior.
imediatamente as medidas que sejam necessárias para 9 — A aplicação de multas ou sanções pecuniárias
assegurar a retoma normal das obrigações suspensas, cons- compulsórias não prejudica a aplicação de outras sanções
tituindo estrita obrigação da concessionária mitigar, por contratuais, nem isenta a concessionária de responsabili-
qualquer meio razoável e apropriado ao seu dispor, os dade civil, criminal e contraordenacional em que incorrer
efeitos da verificação de um caso de força maior. perante o concedente ou terceiro.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6193

Base XXXVII 2 — A extinção da concessão opera a transmissão para


Sequestro
o concedente de todos os bens e meios a ela afetos, nos
termos previstos nas presentes bases e no contrato de con-
1 — Em caso de incumprimento grave, pela concessio- cessão, bem como dos direitos e das obrigações inerentes
nária, das obrigações emergentes do contrato de concessão, ao seu exercício, sem prejuízo do direito de regresso do
o concedente, através de despacho do membro do Governo concedente sobre a concessionária pelas obrigações por
responsável pela área da energia, pode, mediante sequestro, esta assumidas que sejam estranhas às atividades da con-
tomar conta da concessão. cessão ou que hajam sido contraídas em violação da lei ou
2 — O sequestro da concessão pode ter lugar, nome- do contrato de concessão ou, ainda, que sejam obrigações
adamente, quando se verifique qualquer das seguintes vencidas e não cumpridas.
situações, por motivos imputáveis à concessionária: 3 — Da transmissão prevista no número anterior
excluem-se os fundos ou reservas consignados à garan-
a) Estiver iminente ou ocorrer a cessação ou interrupção,
tia ou cobertura de obrigações da concessionária de cujo
total ou parcial, do desenvolvimento da atividade objeto
cumprimento lhe seja dada quitação pelo concedente, a
da concessão;
qual se presume se decorrido um ano sobre a extinção da
b) Deficiências graves na organização, no funciona-
concessão não houver declaração em contrário do conce-
mento ou no regular desenvolvimento da atividade ob- dente, através do membro do Governo responsável pela
jeto da concessão, bem como situações de insegurança de área da energia.
pessoas e bens; 4 — A tomada de posse da concessão pelo concedente
c) Deficiências graves no estado geral das infraestru- é precedida de vistoria ad perpetuam rei memoriam, rea-
turas, instalações ou equipamentos que comprometam a lizada pelo concedente, à qual assistem representantes
continuidade ou a qualidade da atividade objeto da presente da concessionária, destinada à verificação do estado de
concessão ou a segurança do abastecimento do SNGN. conservação e manutenção dos bens, devendo ser lavrado
o respetivo auto.
3 — A concessionária está obrigada a proceder à entrega
da concessão no prazo que lhe for fixado pelo concedente Base XXXIX
quando lhe for comunicada a decisão de sequestro da con-
cessão. Procedimentos em caso de extinção da concessão
4 — Verificando-se qualquer facto que possa dar lugar 1 — O concedente reserva-se o direito de tomar, nos
ao sequestro da concessão, observar-se-á, com as devidas últimos dois anos do prazo da concessão, as providências
adaptações, o processo de sanação do incumprimento pre- que julgar convenientes para assegurar a continuação do
visto nos n.os 4 a 5 da base XLII. serviço no termo da concessão ou as medidas necessá-
5 — Verificado o sequestro, a concessionária suporta rias para efetuar, durante o mesmo prazo, a transferência
todos os encargos que resultarem, para o concedente, do progressiva da atividade objeto da concessão para a nova
exercício da concessão, bem como as despesas extraordi- concessionária.
nárias necessárias ao restabelecimento da normalidade. 2 — No contrato de concessão são previstos os termos
6 — Logo que cessem as razões do sequestro, seja resta- e os modos pelos quais se procede, em caso de extinção da
belecido o normal funcionamento da concessão e o conce- concessão, à transferência para o concedente da titularidade
dente o julgue oportuno, a concessionária é notificada para de eventuais direitos detidos pela concessionária sobre ter-
retomar a concessão no prazo que lhe seja fixado. ceiros e que se revelem necessários para a continuidade da
7 — A concessionária pode optar pela rescisão da con- prestação dos serviços concedidos e, em geral, à tomada de
cessão caso o sequestro se mantenha por seis meses após ter quaisquer outras medidas tendentes a evitar a interrupção
sido restabelecido o normal funcionamento da concessão, da prestação do serviço público concessionado.
sendo então aplicável o disposto na base XLIII.
8 — Se a concessionária não retomar a concessão no Base XL
prazo que lhe for fixado, pode o concedente, através do
membro do Governo responsável pela área da energia, Decurso do prazo da concessão
determinar a imediata rescisão do contrato de concessão. 1 — Decorrido o prazo da concessão, sem necessidade
9 — No caso de a concessionária ter retomado o exer- de qualquer comunicação entre as Partes nesse sentido,
cício da concessão e continuarem a verificar-se graves transmitem-se para o concedente todos os bens e meios
deficiências no mesmo, pode o concedente, através do afetos à concessão, livres de ónus ou encargos, em bom
membro do Governo responsável pela área da energia, estado de conservação, funcionamento e segurança, sem
ordenar novo sequestro ou determinar a imediata rescisão prejuízo do normal desgaste do seu uso para efeitos do
do contrato de concessão. contrato de concessão.
2 — Cessando a concessão pelo decurso do prazo, é
CAPÍTULO X paga pelo Estado à concessionária uma indemnização
correspondente ao valor contabilístico dos bens afetos à
Suspensão e extinção da concessão concessão, adquiridos pela concessionária, com referên-
cia ao último balanço aprovado, líquido de amortizações
Base XXXVIII e de comparticipações financeiras e subsídios a fundo
perdido.
Casos de extinção da concessão
3 — Caso a concessionária não dê cumprimento ao
1 — A concessão extingue-se por acordo entre o conce- disposto no n.º 1, o concedente promove a realização dos
dente e a concessionária, por rescisão, por resgate e pelo trabalhos e aquisições que sejam necessários à reposição
decurso do respetivo prazo. dos bens aí referidos, correndo os respetivos custos pela
6194 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

concessionária e podendo ser utilizada a caução para os d) Recusa em proceder à adequada conservação e re-
liquidar no caso de a concessionária não proceder ao pa- paração das infraestruturas ou ainda à sua necessária am-
gamento voluntário e atempado dos referidos custos. pliação;
e) Recusa ou impossibilidade da concessionária em
Base XLI retomar a concessão, nos termos do disposto no n.º 8 da
Resgate da concessão
base XXXVII, ou, quando o tiver feito, continuação das si-
tuações que motivaram o sequestro;
1 — O concedente, através do membro do Governo f) Cobrança dolosa das tarifas com valor superior ao
responsável pela área da energia, pode resgatar a concessão fixado;
sempre que o interesse público o justifique, decorridos que g) Dissolução ou insolvência da concessionária;
sejam, pelo menos, 15 anos sobre a data do início do res- h) Transmissão ou oneração da concessão, no todo ou
petivo prazo, mediante notificação feita à concessionária, em parte, sem prévia autorização;
por carta registada com aviso de receção, com pelo menos i) Recusa da reconstituição atempada da caução.
1 ano de antecedência.
2 — O concedente assume, decorrido o período de um 3 — Não constituem causas de rescisão os factos ocor-
ano sobre a notificação do resgate, todos os bens e meios ridos por motivos de força maior.
afetos à concessão anteriormente à data dessa notifica- 4 — Verificando-se um dos casos de incumprimento
ção, incluindo todos os direitos e obrigações inerentes ao referidos no número anterior ou qualquer outro que, nos
exercício da concessão, e ainda aqueles que tenham sido termos do disposto no n.º 1 desta base, possa motivar a
assumidos pela concessionária após a data da notificação rescisão da concessão, o concedente, através do membro
desde que tenham sido previamente autorizados pelo con- do Governo responsável pela área da energia, deve noti-
cedente, através do membro do Governo responsável pela ficar a concessionária para, no prazo que razoavelmente
área da energia. lhe for fixado, cumprir integralmente as suas obrigações e
3 — A assunção de obrigações por parte do concedente corrigir ou reparar as consequências dos seus atos, exceto
é feita, sem prejuízo do seu direito de regresso sobre a tratando-se de uma violação não sanável.
concessionária, pelas obrigações por esta contraídas que 5 — Caso a concessionária não cumpra as suas obri-
tenham exorbitado da gestão normal da concessão. gações ou não corrija ou repare as consequências do in-
4 — Em caso de resgate, a concessionária tem direito cumprimento nos termos determinados pelo concedente,
a uma indemnização cujo valor deve atender ao valor este pode rescindir o contrato de concessão mediante co-
contabilístico, à data do resgate, dos bens revertidos para municação enviada à concessionária, por carta registada
o concedente, livres de quaisquer ónus ou encargos, e ao com aviso de receção, sem prejuízo do disposto no número
valor de eventuais lucros cessantes. seguinte.
5 — O valor contabilístico dos bens referidos no número 6 — Caso o concedente pretenda rescindir o contrato
anterior, à data do resgate, entende-se líquido de amortiza- de concessão, designadamente pelos factos referidos na
ções e de comparticipações financeiras e subsídios a fundo alínea g) do n.º 1, deve previamente notificar os principais
perdido, incluindo-se nestes o valor dos bens cedidos pelo credores da concessionária que sejam conhecidos para, no
concedente. prazo que lhes for determinado, nunca superior a três me-
6 — Para efeitos do cálculo da indemnização, o valor ses, proporem uma solução que possa sobrestar à rescisão,
dos bens que se encontrem anormalmente depreciados ou desde que o concedente com ela concorde.
deteriorados devido a deficiência da concessionária na sua 7 — A comunicação da decisão de rescisão referida
manutenção ou reparação é determinado de acordo com o no n.º 5 produz efeitos imediatos, independentemente de
seu estado de funcionamento efetivo. qualquer outra formalidade.
8 — A rescisão do contrato de concessão pelo conce-
Base XLII dente implica a transmissão gratuita de todos os bens e
Rescisão do contrato de concessão pelo concedente meios afetos à concessão para o concedente sem qualquer
indemnização e, bem assim, a perda da caução prestada em
1 — O concedente pode rescindir o contrato de conces- garantia do pontual e integral cumprimento do contrato,
são no caso de violação grave, não sanada ou não sanável, sem prejuízo do direito de o concedente ser indemnizado
das obrigações da concessionária decorrentes do contrato pelos prejuízos sofridos nos termos gerais de direito.
de concessão.
2 — Constituem, nomeadamente, causas de rescisão do Base XLIII
contrato de concessão por parte do concedente os seguintes
factos ou situações: Rescisão do contrato de concessão pela concessionária

a) Desvio do objeto e dos fins da concessão; 1 — A concessionária pode rescindir o contrato de


b) Suspensão ou interrupção injustificadas das ativida- concessão com fundamento no incumprimento grave das
des objeto da concessão; obrigações do concedente, se do mesmo resultarem per-
c) Oposição reiterada ao exercício da supervisão, acom- turbações que ponham em causa o exercício da atividade
panhamento e fiscalização da concessão, repetida desobe- concedida.
diência às determinações, ordens, diretivas ou instruções 2 — A rescisão prevista no número anterior implica a
do concedente nos termos do contrato de concessão, nomea- transmissão de todos os bens e meios afetos à concessão
damente no que respeita ao fornecimento de informações para o concedente, sem prejuízo do direito de a concessio-
e documentos solicitados pelo concedente, ou sistemática nária ser ressarcida dos prejuízos que lhe foram causados,
inobservância das leis e regulamentos aplicáveis à ex- incluindo o valor dos investimentos efetuados e lucros
ploração da concessão, quando se mostrem ineficazes as cessantes calculados nos termos previstos anteriormente
sanções aplicadas; para o resgate.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6195

3 — A rescisão do contrato de concessão produz efeitos 4 — Sem prejuízo do disposto no artigo 31.º do Decreto-
à data da sua comunicação ao concedente por carta regis- -Lei n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, a concessionária pode
tada com aviso de receção. exercer outras atividades, para além das que se integram no
4 — No caso de rescisão do contrato de concessão pela objeto da concessão, no respeito pela legislação aplicável
concessionária, esta deve seguir o procedimento previsto ao setor do gás natural, com fundamento no proveito daí
para o concedente nos n.os 4 e 5 da base anterior. resultante para a concessão ou com vista a otimizar a utili-
zação dos bens afetos à mesma, desde que essas atividades
sejam acessórias ou complementares e não prejudiquem
CAPÍTULO XI a regularidade e a continuidade da prestação do serviço
Disposições diversas público e sejam previamente autorizadas pelo concedente.
5 — A concessionária é desde já autorizada, nos termos
Base XLIV do número anterior, a explorar, direta ou indiretamente, ou
ceder a exploração, da capacidade excedentária da rede de
Exercício dos poderes do concedente
telecomunicações instalada para a operação da RNDGN.
Os poderes do concedente referidos nas presentes ba-
ses, exceto quando devam ser exercidos pelo membro do Base II
Governo responsável pela área da energia, devem ser exer- Âmbito e exclusividade da concessão
cidos pela DGEG, sendo os atos praticados pelo respetivo
diretor-geral, ou pela ERSE, consoante as competências 1 — A concessão tem como âmbito geográfico os con-
de cada uma destas entidades. celhos indicados no contrato de concessão e é exercida
em regime de exclusivo, sem prejuízo do direito de acesso
Base XLV de terceiros às várias infraestruturas que a integram nos
termos previstos nas presentes bases e na legislação e na
Resolução de diferendos
regulamentação aplicáveis.
1 — O concedente e a concessionária podem celebrar 2 — O regime de exclusivo referido no n.º 1 pode ser al-
convenções de arbitragem destinadas à resolução de quais- terado em conformidade com a política energética aprovada
quer questões emergentes do contrato de concessão, nos pela União Europeia e aplicável ao Estado Português.
termos da Lei n.º 31/86, de 29 de agosto.
2 — A concessionária e os operadores e utilizadores da Base III
RNTGN podem, nos termos da lei, celebrar convenções Prazo da concessão
de arbitragem para solução dos litígios emergentes dos
respetivos contratos. 1 — O prazo da concessão é fixado no contrato de con-
cessão e não pode exceder 40 anos contados a partir da
ANEXO IV
data da celebração do respetivo contrato.
(a que se refere o n.º 1 do artigo 70.º) 2 — A concessão pode ser renovada se o interesse pú-
blico assim o justificar e a concessionária tiver cumprido
Bases das concessões da atividade de distribuição as suas obrigações legais e contratuais.
de gás natural 3 — A intenção de renovação da concessão deve ser
comunicada à concessionária, pelo concedente, com a
antecedência mínima de dois anos relativamente ao termo
CAPÍTULO I do prazo da concessão.
Disposições e princípios gerais
Base IV
Base I Serviço público
Objeto da concessão
1 — A concessionária deve desempenhar a atividade
1 — A concessão tem por objeto a atividade de distri- concessionada de acordo com as exigências de um regular,
buição regional de gás natural em baixa e média pressão contínuo e eficiente funcionamento do serviço público e
exercida em regime de serviço público através da RNDGN adotar, para o efeito, os melhores procedimentos, meios e
na área que venha a ser definida no contrato de concessão. tecnologias utilizados no setor do gás, com vista a garantir,
2 — Integram-se no objeto da concessão: designadamente, a segurança de pessoas e bens.
2 — Com o objetivo de assegurar a permanente ade-
a) O recebimento, veiculação e entrega de gás natural quação da concessão às exigências da regularidade, da
em média e baixa pressões; continuidade e eficiência do serviço público, o concedente
b) A construção, operação, exploração, manutenção reserva-se o direito de alterar, por via legal ou regulamen-
e expansão de todas as infraestruturas que integram a tar, as condições da sua exploração.
RNDGN, na área correspondente à concessão e, bem as- 3 — Quando, por efeito do disposto no número an-
sim, das instalações necessárias para a sua operação.
terior, se alterarem significativamente as condições de
exploração da concessão, o concedente compromete-se a
3 — Integram-se ainda no objeto da concessão:
promover a reposição do equilíbrio económico e financeiro
a) O planeamento, desenvolvimento, expansão e gestão da concessão, nos termos previstos na base XXXIV, desde
técnica da RNDGN e a construção das respetivas infraes- que a concessionária não possa legitimamente prover a tal
truturas e das instalações necessárias para a sua operação; reposição recorrendo aos meios resultantes de uma correta
b) A gestão da interligação da RNDGN com a RNTGN. e prudente gestão.
6196 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

Base V 2 — Consideram-se ainda afetos à concessão:


Direitos e obrigações da concessionária a) Os imóveis pertencentes à concessionária em que
1 — A concessionária beneficia dos direitos e encontra- estejam implantados os bens referidos no número ante-
-se sujeita às obrigações estabelecidas no Decreto-Lei rior, assim como as servidões constituídas em benefício
n.º 30/2006, de 15 de fevereiro, e demais legislação e re- da concessão;
gulamentação aplicáveis à atividade que integra o objeto b) Outros bens móveis ou direitos relativos a bens imó-
da concessão, sem prejuízo dos demais direitos e obriga- veis utilizados ou relacionados com o exercício da ativi-
ções estabelecidos nas presentes bases e no contrato de dade objeto da concessão;
concessão. c) Os direitos privativos de propriedade intelectual e
2 — A concessionária deve contribuir para a segurança industrial de que a concessionária seja titular;
do abastecimento de gás natural, assegurando nomeada- d) Quaisquer fundos ou reservas consignados à garantia
mente a capacidade das respetivas redes e demais infra- do cumprimento das obrigações da concessionária, por
estruturas. força de obrigação emergente da lei ou do contrato de
Base VI concessão e enquanto durar essa vinculação;
e) As relações e posições jurídicas diretamente rela-
Princípios aplicáveis às relações com os utilizadores cionadas com a concessão, nomeadamente laborais, de
1 — A concessionária deve proporcionar aos utilizadores empreitada, de locação e de prestação de serviços;
da RNDGN, de forma não discriminatória e transparente, o f) Os ativos incorpóreos correspondentes aos investi-
acesso às respetivas infraestruturas, nos termos previstos mentos realizados pelas concessionárias associados aos
nas presentes bases e na legislação e na regulamentação processos de conversão de clientes para gás natural.
aplicáveis, não podendo estabelecer diferenças de trata-
mento entre os referidos utilizadores que não resultem Base VIII
da aplicação de critérios ou de condicionalismos legais,
Inventário do património
regulamentares ou técnicos, ou ainda de condicionalismos
de natureza contratual desde que aceites pela ERSE. 1 — A concessionária deve elaborar e manter perma-
2 — O disposto no número anterior não impede a con- nentemente atualizado, e à disposição do concedente, um
cessionária de celebrar contratos a longo prazo, no respeito inventário do património afeto à concessão.
pelas regras da concorrência. 2 — No inventário a que se refere o número anterior
3 — A concessionária tem o direito de receber pela uti- devem ser mencionados os ónus ou encargos que recaem
lização das redes e demais infraestruturas e pela prestação sobre os bens afetos à concessão.
dos serviços inerentes uma retribuição por aplicação de
3 — Os bens e direitos patrimoniais tornados desneces-
tarifas reguladas definidas no Regulamento Tarifário.
sários à concessão são abatidos ao inventário, nos termos
4 — A concessionária deve preservar a confidenciali-
dade das informações comercialmente sensíveis obtidas previstos no n.º 2 da base X.
no seu relacionamento com os utilizadores, bem como a
de quaisquer outros dados no respeito pelas disposições Base IX
legais aplicáveis à proteção de dados pessoais. Manutenção dos bens afetos à concessão
5 — A concessionária deve manter, por um prazo de
cinco anos, um registo das queixas ou reclamações que A concessionária fica obrigada a manter, durante o prazo
lhe tenham sido apresentadas pelos utilizadores. de vigência da concessão, em permanente estado de bom
funcionamento, conservação e segurança, os bens e meios
afetos à concessão, efetuando para tanto as reparações,
CAPÍTULO II renovações, adaptações e modernizações necessárias ao
Bens e meios afetos à concessão bom desempenho do serviço público concedido.

Base VII Base X


Bens e meios afetos à concessão Regime de oneração e transmissão dos bens afetos à concessão

1 — Consideram-se afetos à concessão os bens que 1 — A concessionária não pode onerar ou transmitir, por
constituem a RNDGN na parte correspondente à área da qualquer forma, os bens que integram a concessão, sem
mesma, designadamente: prejuízo do disposto nos números seguintes.
2 — Os bens e direitos que tenham perdido utilidade
a) O conjunto de condutas de distribuição de gás natural
a jusante das estações de redução de pressão de 1.ª classe para a concessão são abatidos ao inventário referido na
com as respetivas tubagens, válvulas de seccionamento, base VIII, mediante prévia autorização do concedente, que
antenas e estações de compressão; se considera concedida se este não se opuser no prazo de
b) As instalações afetas à redução de pressão para en- 30 dias contados da receção do pedido.
trega a clientes finais, incluindo todo o equipamento de 3 — A oneração ou transmissão de bens imóveis afetos
controlo, regulação e medida indispensável à operação e à concessão fica sujeita a autorização do membro do Go-
funcionamento do sistema de distribuição de gás natural; verno responsável pela área da energia.
c) As instalações e equipamentos de telecomunicações, 4 — A oneração ou transmissão de bens, e direitos, afe-
telemedida e telecomando afetos à gestão das instalações tos à concessão em desrespeito do disposto na presente base
de distribuição e entrega de gás natural aos clientes finais. determina a nulidade dos respetivos atos ou contratos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6197

Base XI Base XIV


Posse e propriedade dos bens Deliberações dos órgãos da sociedade concessionária
e acordos entre acionistas
1 — A concessionária detém a posse e propriedade dos
bens afetos à concessão enquanto durar a concessão e até 1 — Sem prejuízo de outras limitações previstas nas
à extinção desta. presentes bases e no contrato de concessão, ficam sujeitas
2 — Com a extinção da concessão, os bens a ela afetos a autorização prévia do concedente, através do membro do
transferem-se para o concedente nos termos previstos nas Governo responsável pela área da energia, as deliberações
presentes bases e no contrato de concessão. da concessionária relativas à alteração do objeto social, à
transformação, fusão, cisão ou dissolução da sociedade.
2 — Os acordos parassociais celebrados entre os acio-
CAPÍTULO III nistas da concessionária, bem como as respetivas altera-
ções, devem ser objeto de aprovação prévia pelo conce-
Sociedade concessionária dente, através do membro do Governo responsável pela
área da energia.
Base XII 3 — As autorizações a aprovações previstas na presente
base não podem ser infundadamente recusadas e considerar-
Objeto social, sede e forma -se-ão tacitamente concedidas se não forem recusadas, por
1 — O projeto de estatutos da sociedade concessionária escrito, no prazo de 30 dias a contar a partir da data da
deve ser submetido a prévia aprovação do membro do respetiva solicitação.
Governo responsável pela área da energia.
2 — A concessionária deve ter como objeto social prin- Base XV
cipal, ao longo de todo o período de duração da concessão, Financiamento
o exercício da atividade integrada no objeto da concessão,
devendo manter ao longo do mesmo período a sua sede 1 — A concessionária é responsável pela obtenção do
em Portugal e a forma de sociedade anónima, regulada financiamento necessário ao desenvolvimento do objeto
pela lei portuguesa. da concessão, de forma a cumprir cabal e atempadamente
3 — O objeto social da concessionária pode incluir o todas as obrigações que assume no contrato de concessão.
exercício de outras atividades, para além das que integram 2 — Para os efeitos do disposto no n.º 1, a concessio-
o objeto da concessão e, bem assim, a participação no nária deve manter, no final de cada ano, um rácio de au-
capital de outras sociedades, desde que seja respeitado o tonomia financeira superior a 20 %.
disposto nas presentes bases e na legislação aplicável ao
setor do gás natural. CAPÍTULO IV
Base XIII Construção, planeamento, remodelação e expansão
das infraestruturas
Ações da concessionária

1 — Todas as ações representativas do capital social da Base XVI


concessionária são obrigatoriamente nominativas. Projetos
2 — A oneração ou transmissão de ações representa-
tivas do capital social da concessionária depende, sob 1 — A construção e a exploração da rede e demais in-
pena de nulidade, de autorização prévia do concedente, a fraestruturas de distribuição de gás natural ficam sujeitas à
qual não pode ser infundadamente recusada e se considera aprovação dos respetivos projetos nos termos da legislação
tacitamente concedida se não for recusada, por escrito, aplicável.
no prazo de 30 dias a contar a partir da data da respetiva 2 — A concessionária é responsável pela conceção, pro-
solicitação. jeto e construção de todas as infraestruturas e instalações
3 — Excetua-se do disposto no número anterior a que integram a concessão, bem como pela sua remodelação
oneração de ações efetuada em benefício das entidades e expansão.
financiadoras de qualquer das atividades que integram o 3 — A aprovação dos projetos pelo concedente não
objeto da concessão, e no âmbito dos contratos de finan- implica, para este, qualquer responsabilidade derivada
ciamento que venham a ser celebrados pela concessio- de erros de conceção, projeto, construção ou da inade-
nária para o efeito, desde que as entidades financiadoras quação das instalações e do equipamento ao serviço da
assumam, nos referidos contratos, a obrigação de obter a concessão.
autorização prévia do concedente em caso de execução
das garantias de que resulte a transmissão a terceiros das Base XVII
ações oneradas. Direitos e deveres decorrentes da aprovação dos projetos
4 — A oneração de ações referida no número anterior
1 — A aprovação dos respetivos projetos confere à con-
deve, em qualquer caso, ser comunicada ao concedente,
cessionária, nomeadamente, os seguintes direitos:
a quem deve ser enviada, no prazo de 30 dias a contar a
partir da data em que seja constituída, cópia autenticada a) Utilizar, de acordo com a legislação aplicável, os
do documento que formaliza a oneração e, bem assim, bens do domínio público ou privado do Estado e de outras
informação detalhada sobre quaisquer outros termos e pessoas coletivas públicas para o estabelecimento ou pas-
condições que sejam estabelecidos. sagem das respetivas infraestruturas ou instalações;
6198 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

b) Constituir, nos termos da legislação aplicável, as 2 — Compete à concessionária gerir os fluxos de gás
servidões sobre os imóveis necessários ao estabelecimento natural na rede, assegurando a sua interoperacionalidade
das respetivas infraestruturas ou instalações; com as outras redes a que esteja ligada e com as instalações
c) Proceder à expropriação, por utilidade pública e ur- dos consumidores, no quadro da gestão técnica global do
gente, nos termos da legislação aplicável, dos bens imóveis, sistema.
ou direitos a eles relativos, necessários ao estabelecimento 3 — A concessionária deve assegurar que a distribuição
das respetivas infraestruturas ou instalações. de gás natural é efetuada em condições técnicas adequadas,
de forma a garantir a segurança de pessoas e bens.
2 — As licenças e autorizações exigidas por lei para a
exploração das redes e demais infraestruturas consideram- Base XX
-se outorgadas à concessionária com a aprovação dos res- Informação
petivos projetos, sem prejuízo da verificação por parte
das entidades licenciadoras da conformidade na sua exe- A concessionária tem a obrigação de fornecer ao con-
cução. cedente todos os elementos relativos à concessão que este
3 — Cabe à concessionária o pagamento das indem- entenda dever solicitar-lhe.
nizações decorrentes do exercício dos direitos referidos
no n.º 1. Base XXI
4 — No atravessamento de terrenos do domínio pú- Participação de desastres e acidentes
blico ou dos particulares, a concessionária deve adotar
os procedimentos estabelecidos na legislação aplicável e 1 — A concessionária é obrigada a participar imediata-
proceder à reparação de todos os prejuízos que resultem mente à DGEG todos os desastres e acidentes ocorridos nas
dos trabalhos executados. suas instalações e, se tal não for possível, no prazo máximo
de três dias a contar a partir da data da ocorrência.
Base XVIII 2 — Sem prejuízo das competências atribuídas às au-
toridades públicas, sempre que dos desastres ou acidentes
Planeamento, remodelação e expansão das redes resultem mortes, ferimentos graves ou prejuízos materiais
e demais infraestruturas importantes, a concessionária deve elaborar, e enviar ao
1 — O planeamento das redes e demais infraestruturas concedente, um relatório técnico com a análise das circuns-
está integrado no planeamento da RNDGN, nos termos tâncias da ocorrência e com o estado das instalações.
previstos na legislação e na regulamentação aplicáveis.
2 — Constitui encargo e responsabilidade da concessio- Base XXII
nária o planeamento, remodelação e expansão das redes e Ligações das redes de distribuição à RNTGN e aos consumidores
demais infraestruturas de distribuição de gás natural que in-
tegram a concessão, tendo em conta as condições exigíveis 1 — A ligação das redes de distribuição à RNTGN
à satisfação do consumo na área da concessão de acordo a deve fazer-se nas condições previstas nos regulamentos
expansão previsional do mercado de gás natural. aplicáveis.
3 — A concessionária deve observar na remodelação e 2 — A ligação das redes de distribuição aos consumido-
expansão das infraestruturas os prazos de execução adequa- res deve fazer-se nas condições previstas nos regulamentos
dos à permanente satisfação das necessidades identificadas aplicáveis.
no PDIRGN e no respetivo PDIRD. 3 — A concessionária pode recusar, fundamentada-
4 — A concessionária deve elaborar e apresentar ao mente, o acesso às respetivas redes e infraestruturas com
concedente, nos termos previstos na legislação e regula- base na falta de capacidade ou falta de ligação, ou se esse
mentação aplicáveis e de forma articulada com a gestão acesso a impedir de cumprir as suas obrigações de serviço
público.
técnica global do sistema e com os utilizadores, o respetivo
4 — A concessionária pode ainda recusar a ligação aos
PDIRD.
consumidores finais sempre que as instalações e os equipa-
5 — Por razões de interesse público, nomeadamente as
mentos de receção dos mesmos não preencham as disposi-
relativas à segurança, regularidade e qualidade do abas-
ções legais e regulamentares aplicáveis, nomeadamente as
tecimento, o concedente pode determinar a remodelação respeitantes aos requisitos técnicos e de segurança.
ou expansão das redes e infraestruturas que integram a 5 — A concessionária pode impor aos consumidores,
concessão, nos termos que venham a ser fixados no res- sempre que o exijam razões de segurança, a substituição,
petivo contrato. reparação ou adaptação dos respetivos equipamentos de
ligação ou de receção.
CAPÍTULO V 6 — A concessionária tem o direito de montar, nas ins-
talações dos consumidores, equipamentos de medida ou
Exploração das infraestruturas de telemedida, bem como sistemas de proteção nos pontos
de ligação da sua rede com essas instalações.
Base XIX
Condições de exploração Base XXIII
Relacionamento com a concessionária da RNTGN
1 — A concessionária, enquanto operadora da RNDGN
na área da sua concessão, é responsável pela exploração A concessionária encontra-se sujeita às obrigações que
e manutenção das redes e infraestruturas que integram a decorrem do exercício, por parte da concessionária da
concessão, no respeito pela legislação e regulamentação RNTGN, das suas competências em matéria de gestão
aplicáveis. técnica global do SNGN, planeamento da RNTIAT e segu-
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6199

rança do abastecimento, nos termos previstos na legislação Base XXVII


e na regulamentação aplicáveis. Responsabilidade civil

Base XXIV 1 — A concessionária é responsável, nos termos gerais


de direito, por quaisquer prejuízos causados ao concedente
Interrupção por facto imputável ao consumidor
ou a terceiros, pela culpa ou pelo risco, no exercício da
1 — A concessionária pode interromper a prestação do atividade objeto da concessão.
serviço público concessionado nos termos da regulamenta- 2 — Para os efeitos do disposto no artigo 509.º do Có-
ção aplicável e, nomeadamente, nos seguintes casos: digo Civil, entende-se que a utilização das infraestruturas
e instalações integradas na concessão é feita no exclusivo
a) Alteração não autorizada do funcionamento de equi- interesse da concessionária.
pamentos de queima ou sistemas de ligação às redes de 3 — A concessionária fica obrigada à constituição de
distribuição de gás natural que ponha em causa a segurança um seguro de responsabilidade civil para cobertura dos
ou a regularidade da entrega; danos materiais e corporais causados a terceiros e resul-
b) Incumprimento grave dos regulamentos aplicáveis ou, tantes do exercício da respetiva atividade, cujo montante
em caso de emergência, das suas ordens e instruções; mínimo obrigatório é fixado por portaria do membro do
c) Incumprimento de obrigações contratuais pelo cliente Governo responsável pela área da energia e atualizável de
final, designadamente em caso de falta de pagamento a três em três anos.
qualquer comercializador de gás natural, incluindo o co- 4 — A concessionária deve apresentar ao concedente os
mercializador de último recurso. documentos comprovativos da celebração do seguro, bem
como da atualização referida no número anterior.
2 — A concessionária pode, ainda, interromper unila-
teralmente a prestação do serviço público concessionado Base XXVIII
aos consumidores que causem perturbações que afetem a
qualidade do serviço prestado quando, uma vez identifica- Cobertura por seguros
das as causas perturbadoras, os consumidores, após aviso 1 — Para além do seguro referido na base anterior, a
da concessionária, não corrijam as anomalias em prazo concessionária deve assegurar a existência e manutenção
adequado, tendo em consideração os trabalhos a realizar. em vigor das apólices de seguro necessárias para garantir
uma efetiva cobertura dos riscos da concessão.
Base XXV 2 — No âmbito da obrigação referida no número an-
Interrupções por razões de interesse público ou de serviço terior, a concessionária fica obrigada a constituir seguros
envolvendo todas as infraestruturas e instalações que in-
1 — A prestação do serviço público concessionado tegram a concessão, contra riscos de incêndio, explosão e
pode ser interrompida por razões de interesse público, danos devido a terramoto ou temporal, nos termos fixados
nomeadamente quando se trate da execução de planos no contrato de concessão.
nacionais de emergência, declarada ao abrigo de legislação 3 — O disposto nos números anteriores pode ser objeto
específica. de regulamentação pelo Instituto de Seguros de Portu-
2 — As interrupções das atividades objeto da concessão, gal.
por razões de serviço, têm lugar quando haja necessidade
imperiosa de realizar manobras ou trabalhos de ligação, re-
paração ou conservação das infraestruturas ou instalações, CAPÍTULO VI
desde que tenham sido esgotadas todas as possibilidades Garantias e fiscalização do cumprimento
alternativas. das obrigações da concessionária
3 — Nas situações referidas nos números anteriores, a
concessionária deve avisar os utilizadores das redes e os Base XXIX
consumidores que possam vir a ser afetados, com a antece-
dência mínima de 36 horas, salvo no caso da realização de Caução
trabalhos que a segurança de pessoas e bens torne inadiá- 1 — Para a garantia do pontual e integral cumprimento
veis ou quando haja necessidade urgente de trabalhos para das obrigações emergentes do contrato de concessão e da
garantir a segurança das redes e demais infraestruturas de cobrança das multas aplicadas, a concessionária deve, antes
distribuição de gás natural. da assinatura do contrato de concessão, prestar a favor do
concedente uma caução a definir no contrato de concessão
Base XXVI entre € 1 000 000 e € 5000 000.
Medidas de proteção
2 — O concedente pode utilizar a caução sempre que a
concessionária não cumpra qualquer obrigação assumida
1 — Sem prejuízo das medidas de emergência adotadas no contrato de concessão.
pelo Governo, quando se verifique uma situação de emer- 3 — O recurso à caução é precedido de despacho do
gência que ponha em risco a segurança de pessoas ou bens, membro do Governo responsável pela área da energia, não
deve a concessionária promover imediatamente as medidas dependendo de qualquer outra formalidade ou de prévia
que entender necessárias em matéria de segurança. decisão judicial ou arbitral.
2 — As medidas referidas no número anterior devem ser 4 — Sempre que o concedente utilize a caução, a con-
imediatamente comunicadas à DGEG, às respetivas auto- cessionária deve proceder à reposição do seu montante
ridades concelhias, à autoridade policial da zona afetada e, integral no prazo de 30 dias a contar a partir da data da-
se for caso disso, ao Serviço Nacional de Proteção Civil. quela utilização.
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5 — O valor da caução é atualizado de três em três anos ou transmitir, por qualquer forma, no todo ou em parte, a
de acordo com o índice de preços no consumidor no con- concessão ou realizar qualquer negócio jurídico que vise
tinente, excluindo habitação, publicado pelo Instituto Na- atingir ou tenha por efeito, mesmo que indireto, idênticos
cional de Estatística. resultados.
6 — A caução só pode ser levantada pela concessionária 2 — Os atos praticados ou os contratos celebrados em
um ano após a data da extinção do contrato de concessão ou violação do disposto no número anterior são nulos, sem
antes de decorrido aquele prazo por determinação expressa prejuízo de outras sanções aplicáveis.
do concedente, através do membro do Governo responsá- 3 — No caso de subconcessão ou de trespasse, a con-
vel pela área da energia, mas sempre após a extinção da cessionária deve comunicar ao concedente a sua intenção
concessão. de proceder à subconcessão ou ao trespasse, remetendo-lhe
7 — A caução prevista nesta base bem como outras a minuta do respetivo contrato de subconcessão ou de
que a concessionária venha a estar obrigada a constituir trespasse e indicando todos os elementos do negócio que
a favor do concedente devem ser prestadas por depósito pretende realizar, bem como o calendário previsto para a
em dinheiro ou por garantia bancária autónoma à primeira sua realização e a identidade do subconcessionário ou do
solicitação, cujo texto deve ser previamente aprovado pelo trespassário.
concedente. 4 — No caso de haver lugar a uma subconcessão devi-
damente autorizada, a concessionária mantém os direitos
Base XXX e continua sujeita às obrigações decorrentes do contrato
de concessão.
Fiscalização e regulação 5 — Ocorrendo trespasse da concessão, consideram-se
1 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras transmitidos para o trespassário todos os direitos e obriga-
entidades públicas, cabe à DGEG o exercício dos poderes ções da concessionária, assumindo ainda aquele os deveres,
de fiscalização da concessão, nomeadamente no que se as obrigações e os encargos que eventualmente venham a
refere ao cumprimento das disposições legais e regula- ser-lhe impostos pelo concedente como condição para a
mentares aplicáveis e do contrato de concessão. autorização do trespasse.
2 — Sem prejuízo das competências atribuídas a outras 6 — A concessionária é responsável pela transferência
entidades públicas, cabe à ERSE o exercício dos pode- integral dos seus direitos e obrigações para o trespassário,
res de regulação das atividades que integram o objeto da incluindo as obrigações incertas, ilíquidas ou inexigíveis
concessão, nos termos previstos na legislação e na regu- à data do trespasse, em termos em que não seja afetada
lamentação aplicáveis. ou interrompida a prestação do serviço público conces-
3 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, a sionado.
concessionária deve prestar todas as informações e facultar
todos os documentos que lhe forem solicitados pelas enti- CAPÍTULO VIII
dades fiscalizadora e reguladora no âmbito das respetivas
competências, bem como permitir o livre acesso do pessoal Condição económica e financeira da concessionária
das referidas entidades devidamente credenciado e no
exercício das suas funções a todas as suas instalações. Base XXXIII
Equilíbrio económico e financeiro da concessão
CAPÍTULO VII 1 — É garantido à concessionária o equilíbrio econó-
Modificações objetivas e subjetivas da concessão mico e financeiro da concessão, nas condições de uma
gestão eficiente.
Base XXXI 2 — O equilíbrio económico e financeiro baseia-se no
reconhecimento dos custos de investimento, de operação e
Alteração do contrato de concessão manutenção e na adequada remuneração dos ativos afetos
1 — O contrato de concessão pode ser alterado unila- à concessão.
teralmente pelo concedente, sem prejuízo da reposição do 3 — A concessionária é responsável por todos os riscos
respetivo equilíbrio económico e financeiro nos termos inerentes à concessão, sem prejuízo do disposto na legis-
previstos na base XXXIV. lação aplicável e nas presentes bases.
2 — O contrato de concessão pode também ser alterado
por força de disposição legal imperativa, designadamente a Base XXXIV
decorrente das políticas energéticas aprovadas pela União Reposição do equilíbrio económico e financeiro
Europeia e aplicáveis ao Estado Português.
3 — O contrato de concessão pode ainda ser modificado 1 — Tendo em atenção a distribuição de riscos esta-
por acordo entre o concedente e a concessionária, desde que belecida no contrato de concessão, a concessionária tem
a modificação não envolva a violação do regime jurídico direito à reposição do equilíbrio financeiro da concessão,
da concessão nem implique a derrogação das presentes nos seguintes casos:
bases. a) Modificação unilateral, imposta pelo concedente,
das condições de exploração da concessão, nos termos
Base XXXII previstos nos n.os 2 e 3 da base IV, desde que, em resultado
Transmissão e oneração da concessão
direto da mesma, se verifique, para a concessionária, um
determinado aumento de custos ou uma determinada perda
1 — A concessionária não pode, sem prévia autorização de receitas e esta não possa legitimamente proceder a tal
do concedente, através do membro do Governo responsá- reposição por recurso aos meios resultantes de uma correta
vel pela área da energia, onerar, subconceder, trespassar e prudente gestão;
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b) Alterações legislativas que tenham um impacte di- Base XXXVI


reto sobre as receitas ou custos respeitantes às atividades
Multas contratuais
integradas na concessão.
1 — Sem prejuízo das situações de incumprimento que
2 — Os parâmetros, termos e critérios da reposição do podem dar origem a sequestro ou rescisão da concessão
equilíbrio económico e financeiro da concessão são fixados nos termos previstos nas presentes bases e no contrato de
no contrato de concessão. concessão, o incumprimento pela concessionária de quais-
3 — Sempre que haja lugar à reposição do equilíbrio quer obrigações assumidas no contrato de concessão pode
económico e financeiro da concessão, tal reposição pode ser sancionado, por decisão do concedente, pela aplicação
ter lugar através de uma das seguintes modalidades: de multas contratuais, cujo montante varia em função da
a) Prorrogação do prazo da concessão; gravidade da infração cometida e do grau de culpa do
b) Revisão do cronograma ou redução das obrigações infrator, até € 5 000 000.
de investimento previamente aprovadas; 2 — A aplicação de multas contratuais está dependente
c) Atribuição de compensação direta pelo concedente; de notificação prévia da concessionária pelo concedente
d) Combinação das modalidades anteriores ou qualquer para reparar o incumprimento e do não cumprimento do
outra forma que seja acordada. prazo de reparação fixado nessa notificação, nos termos
do número seguinte, ou da não reparação integral da falta
pela concessionária naquele prazo.
CAPÍTULO IX 3 — O prazo de reparação do incumprimento é fixado
pelo concedente de acordo com critérios de razoabilidade
Incumprimento do contrato de concessão
e tem sempre em atenção a defesa do interesse público e
Base XXXV a manutenção em funcionamento da concessão.
4 — Caso a concessionária não proceda ao pagamento
Responsabilidade da concessionária por incumprimento voluntário das multas contratuais que lhe forem aplicadas
1 — A violação, pela concessionária, de qualquer das no prazo de 20 dias a contar a partir da sua fixação e noti-
obrigações assumidas no contrato de concessão fá-la in- ficação pelo concedente, este pode utilizar a caução para
correr em responsabilidade perante o concedente. pagamento das mesmas.
2 — A responsabilidade da concessionária cessa sempre 5 — O valor máximo das multas estabelecido na pre-
que ocorra caso de força maior, ficando a seu cargo fazer sente base é atualizado em janeiro de cada ano, de acordo
prova da ocorrência. com o índice de preços no consumidor no continente,
3 — Consideram-se unicamente casos de força maior os excluindo habitação, publicado pelo Instituto Nacional de
acontecimentos imprevisíveis e irresistíveis cujos efeitos se Estatística, referente ao ano anterior.
produzam independentemente da vontade ou circunstâncias 6 — A aplicação de multas não prejudica a aplicação de
pessoais da concessionária. outras sanções contratuais nem de outras sanções previstas
4 — Constituem, nomeadamente, casos de força maior na lei ou em regulamento nem isenta a concessionária da
atos de guerra, hostilidades ou invasão, terrorismo, epi- responsabilidade civil, criminal e contraordenacional em
demias, radiações atómicas, graves inundações, raios, ci- que incorrer perante o concedente ou terceiro.
clones, tremores de terra e outros cataclismos naturais que
afetem a atividade objeto da concessão. Base XXXVII
5 — A ocorrência de um caso de força maior tem por Sequestro
efeito exonerar a concessionária da responsabilidade pelo
não cumprimento das obrigações emergentes do contrato de 1 — Em caso de incumprimento grave pela concessio-
concessão que sejam afetadas pela ocorrência do mesmo, nária das obrigações emergentes do contrato de concessão,
na estrita medida em que o respetivo cumprimento pontual o concedente, através de despacho do membro do Governo
e atempado tenha sido efetivamente impedido. responsável pela área da energia, pode, mediante sequestro,
6 — No caso de impossibilidade de cumprimento do tomar conta da concessão.
contrato de concessão por causa de força maior, o con- 2 — O sequestro da concessão pode ter lugar, nomea-
cedente pode proceder à sua rescisão, nos termos fixados damente, quando se verifique qualquer das seguintes situa-
no mesmo. ções por motivos imputáveis à concessionária:
7 — A concessionária fica obrigada a comunicar ao
concedente a ocorrência de qualquer evento qualificável a) Estiver iminente ou ocorrer a cessação ou interrupção,
como caso de força maior, bem como a indicar, no mais total ou parcial, do desenvolvimento da atividade objeto
curto prazo possível, quais as obrigações emergentes do da concessão;
contrato de concessão cujo cumprimento, no seu enten- b) Deficiências graves na organização, no funciona-
der, se encontra impedido ou dificultado por força de tal mento ou no regular desenvolvimento da atividade objeto
ocorrência e, bem assim, se for o caso, as medidas que da concessão, bem como em situações de insegurança de
tomou ou pretende tomar para fazer face à situação ocor- pessoas e bens;
rida, a fim de mitigar o impacte do referido evento e os c) Deficiências graves no estado geral das redes e de-
respetivos custos. mais infraestruturas que comprometam a continuidade ou
8 — A concessionária deve, em qualquer caso, tomar a qualidade da atividade objeto da concessão.
imediatamente as medidas que sejam necessárias para
assegurar a retoma normal das obrigações suspensas, cons- 3 — A concessionária está obrigada a proceder à en-
tituindo estrita obrigação da concessionária mitigar, por trega do estabelecimento da concessão no prazo que lhe
qualquer meio razoável e apropriado ao seu dispor, dos for fixado pelo concedente quando lhe for comunicada a
efeitos da verificação de um caso de força maior. decisão de sequestro da concessão.
6202 Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012

4 — Verificando-se qualquer facto que possa dar lugar cessão, livres de ónus ou encargos, em bom estado de
ao sequestro da concessão, observar-se-á, com as devidas conservação, funcionamento e segurança, sem prejuízo
adaptações, o processo de sanação do incumprimento pre- do normal desgaste do seu uso para os efeitos do contrato
visto nos n.os 4 e 5 da base XLII. de concessão.
5 — Verificado o sequestro, a concessionária suporta 2 — Cessando a concessão pelo decurso do prazo, é
todos os encargos que resultarem para o concedente do paga pelo Estado à concessionária uma indemnização
exercício da concessão, bem como as despesas extraor- correspondente ao valor contabilístico dos bens afetos à
dinárias necessárias ao restabelecimento da normalidade. concessão adquiridos pela concessionária com referência
6 — Logo que cessem as razões do sequestro e seja ao último balanço aprovado, líquido de amortizações e
restabelecido o normal funcionamento da concessão, a de comparticipações financeiras e subsídios a fundo per-
concessionária é notificada para retomar a concessão no dido.
prazo que lhe for fixado. 3 — Caso a concessionária não dê cumprimento ao
7 — A concessionária pode optar pela rescisão da con- disposto no n.º 1, o concedente promove a realização dos
cessão caso o sequestro se mantenha por seis meses após ter trabalhos e aquisições que sejam necessários à reposição
sido restabelecido o normal funcionamento da concessão, dos bens aí referidos, correndo os respetivos custos pela
sendo então aplicável o disposto na base XLIII. concessionária e podendo ser utilizada a caução para os
8 — Se a concessionária não retomar a concessão no liquidar no caso de a concessionária não proceder ao pa-
prazo que lhe for fixado, pode o concedente, através do gamento voluntário e atempado dos referidos custos.
membro do Governo responsável pela área da energia,
determinar a imediata rescisão do contrato de concessão.
9 — No caso de a concessionária ter retomado o exer- Base XL
cício da concessão e continuarem a verificar-se graves Procedimentos em caso de extinção da concessão
deficiências no mesmo, pode o concedente, através do
membro do Governo responsável pela área da energia, 1 — O concedente reserva-se o direito de tomar, nos
ordenar novo sequestro ou determinar a imediata rescisão últimos dois anos do prazo da concessão, as providências
do contrato de concessão. que julgar convenientes para assegurar a continuação do
serviço no termo da concessão ou as medidas necessá-
rias para efetuar, durante o mesmo prazo, a transferência
CAPÍTULO X progressiva da atividade objeto da concessão para a nova
Suspensão e extinção da concessão concessionária.
2 — No contrato de concessão são previstos os termos
Base XXXVIII e os modos pelos quais se procede, em caso de extinção da
Casos de extinção da concessão concessão, à transferência para o concedente da titularidade
de eventuais direitos detidos pela concessionária sobre ter-
1 — A concessão extingue-se por acordo entre o conce- ceiros e que se revelem necessários para a continuidade da
dente e a concessionária, por rescisão, por resgate e pelo prestação dos serviços concedidos e, em geral, à tomada de
decurso do respetivo prazo. quaisquer outras medidas tendentes a evitar a interrupção
2 — A extinção da concessão determina a transmissão da prestação do serviço público concessionado.
para o concedente de todos os bens e meios a ela afetos,
nos termos previstos nas presentes bases e no contrato de Base XLI
concessão, bem como dos direitos e das obrigações ine-
rentes ao seu exercício, sem prejuízo do direito de regresso Resgate da concessão
do concedente sobre a concessionária pelas obrigações 1 — O concedente, através do membro do Governo
assumidas pela concessionária que sejam estranhas às ativi- responsável pela área da energia, pode resgatar a concessão
dades da concessão ou hajam sido contraídas em violação sempre que o interesse público o justifique, decorridos que
da lei ou do contrato de concessão ou, ainda, que sejam sejam, pelo menos, 15 anos sobre a data do início do res-
obrigações vencidas e não cumpridas.
petivo prazo, mediante notificação feita à concessionária,
3 — Da transmissão prevista no número anterior
excluem-se os fundos ou reservas consignados à garantia por carta registada com aviso de receção, com, pelo menos,
ou cobertura de obrigações da concessionária de cujo cum- 1 ano de antecedência.
primento lhe seja dada quitação pelo concedente, a qual se 2 — O concedente assume, decorrido o período de um
presume se decorrido um ano sobre a extinção da concessão ano sobre a notificação do resgate, todos os bens e meios
não houver declaração em contrário do concedente, através afetos à concessão anteriormente à data dessa notifica-
do membro do Governo responsável pela área da energia. ção, incluindo todos os direitos e obrigações inerentes ao
4 — A tomada de posse do estabelecimento da conces- exercício da concessão e ainda aqueles que tenham sido
são pelo concedente é precedida de vistoria ad perpetuam assumidos pela concessionária após a data da notificação
rei memoriam, realizada pelo concedente, à qual assistem desde que tenham sido previamente autorizados pelo con-
representantes da concessionária, destinada à verificação cedente, através do membro do Governo responsável pela
do estado de conservação e manutenção dos bens, devendo área da energia.
ser lavrado o respetivo auto. 3 — A assunção de obrigações por parte do concedente
é feita, sem prejuízo do seu direito de regresso sobre a
Base XXXIX concessionária, pelas obrigações por esta contraídas que
tenham exorbitado da gestão normal da concessão.
Decurso do prazo da concessão
4 — Em caso de resgate, a concessionária tem direito
1 — Decorrido o prazo da concessão, transmitem-se a uma indemnização cujo valor deve atender ao valor
para o concedente todos os bens e meios afetos à con- contabilístico à data do resgate dos bens revertidos para
Diário da República, 1.ª série — N.º 208 — 26 de outubro de 2012 6203

o concedente, livres de quaisquer ónus ou encargos, e ao alínea g) do n.º 1, deve previamente notificar os principais
valor de eventuais lucros cessantes. credores da concessionária que sejam conhecidos para, no
5 — O valor contabilístico dos bens referidos no número prazo que lhes for determinado, nunca superior a três me-
anterior, à data do resgate, entende-se líquido de amortiza- ses, proporem uma solução que possa sobrestar à rescisão,
ções e de comparticipações financeiras e subsídios a fundo desde que o concedente com ela concorde.
perdido, incluindo-se nestes o valor dos bens cedidos pelo 7 — A comunicação da decisão de rescisão referida
concedente. no n.º 5 produz efeitos imediatos, independentemente de
6 — Para efeitos do cálculo da indemnização, o valor qualquer outra formalidade.
dos bens que se encontrem anormalmente depreciados ou 8 — A rescisão do contrato de concessão pelo conce-
deteriorados devido a deficiência da concessionária na sua dente implica a transmissão gratuita de todos os bens e
manutenção ou reparação é determinado de acordo com o meios afetos à concessão para o concedente sem qualquer
seu estado de funcionamento efetivo. indemnização e, bem assim, a perda da caução prestada em
garantia do pontual e integral cumprimento do contrato,
Base XLII
sem prejuízo do direito de o concedente ser indemnizado
Rescisão do contrato de concessão pelo concedente pelos prejuízos sofridos nos termos gerais de direito.
1 — O concedente pode rescindir o contrato de conces-
são no caso de violação grave, não sanada ou não sanável, Base XLIII
das obrigações da concessionária decorrentes do contrato Rescisão do contrato de concessão pela concessionária
de concessão.
2 — Constituem, nomeadamente, causas de rescisão do 1 — A concessionária pode rescindir o contrato de
contrato de concessão por parte do concedente os seguintes concessão com fundamento no incumprimento grave das
factos ou situações: obrigações do concedente se do mesmo resultarem per-
turbações que ponham em causa o exercício da atividade
a) Desvio do objeto e dos fins da concessão; concedida.
b) Suspensão ou interrupção injustificada da atividade 2 — A rescisão prevista no número anterior implica a
objeto da concessão; transmissão de todos os bens e meios afetos à concessão
c) Oposição reiterada ao exercício da fiscalização,
para o concedente, sem prejuízo do direito de a concessio-
repetida desobediência às determinações do concedente
ou sistemática inobservância das leis e dos regulamentos nária ser ressarcida dos prejuízos que lhe foram causados,
aplicáveis à exploração, quando se mostrem ineficazes as incluindo o valor dos investimentos efetuados e dos lucros
sanções aplicadas; cessantes calculados nos termos previstos anteriormente
d) Recusa em proceder aos investimentos necessários para o resgate.
à adequada conservação e reparação das redes e demais 3 — A rescisão do contrato de concessão produz efeitos
infraestruturas ou à respetiva ampliação; reportados à data da sua comunicação ao concedente por
e) Recusa ou impossibilidade da concessionária em carta registada com aviso de receção.
retomar a concessão, nos termos do disposto no n.º 8 da 4 — No caso de rescisão do contrato de concessão pela
base XXXVII, ou, quando o tiver feito, verificar-se a conti- concessionária, esta deve seguir o procedimento previsto
nuação das situações que motivaram o sequestro; para o concedente nos n.os 4 e 5 da base anterior.
f) Cobrança dolosa das tarifas com valor superior ao
fixado;
g) Dissolução ou insolvência da concessionária; CAPÍTULO XI
h) Transmissão ou oneração da concessão, no todo ou Disposições diversas
em parte, sem prévia autorização;
i) Recusa da reconstituição atempada da caução. Base XLIV
3 — Não constituem causas de rescisão os factos ocor- Exercício dos poderes do concedente
ridos por motivos de força maior. Os poderes do concedente referidos nas presentes ba-
4 — Verificando-se um dos casos de incumprimento ses, exceto quando devam ser exercidos pelo membro do
referidos no número anterior ou qualquer outro que, nos Governo responsável pela área da energia, devem ser exer-
termos do disposto no n.º 1 desta base, possa motivar a
cidos pela DGEG, sendo os atos praticados pelo respetivo
rescisão da concessão, o concedente, através do membro
do Governo responsável pela área da energia, deve noti- diretor-geral ou pela ERSE, consoante as competências de
ficar a concessionária para, no prazo que razoavelmente cada uma destas entidades.
lhe for fixado, cumprir integralmente as suas obrigações e
corrigir ou reparar as consequências dos seus atos, exceto Base XLV
tratando-se de uma violação não sanável. Resolução de diferendos
5 — Caso a concessionária não cumpra as suas obri-
gações ou não corrija ou repare as consequências do in- 1 — O concedente e a concessionária podem celebrar
cumprimento nos termos determinados pelo concedente, convenções de arbitragem destinadas à resolução de quais-
este pode rescindir o contrato de concessão mediante co- quer questões emergentes do contrato de concessão, nos
municação enviada à concessionária, por carta registada termos da Lei n.º 31/86, de 29 de agosto.
com aviso de receção, sem prejuízo do disposto no número 2 — A concessionária e os operadores e consumidores
seguinte. da RNTGN podem, nos termos da lei, celebrar convenções
6 — Caso o concedente pretenda rescindir o contrato de arbitragem para solução dos litígios emergentes dos
de concessão, designadamente pelos factos referidos na respetivos contratos.
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ANEXO V Tendo em conta a curva de experiência já adquirida


com a evolução do sistema de cobrança de portagens ele-
[a que se refere a alínea b) do n.º 2 do artigo 34.º trónicas, em particular no que se refere aos veículos de
do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de julho] matrícula estrangeira, e atenta a necessidade de prever
meios adequados para facilitar o cumprimento das dispo-
Declaração de habilitação e não impedimento ao exercício sições legais em causa, entendeu-se proceder à adoção de
da atividade de comercialização de gás natural novas soluções por forma a melhorar o serviço prestado e
evitar danos na imagem do País em termos turísticos, sem
1 — ... (nome, número de documento de identificação e deixar de assegurar a efetiva cobrança de taxa de portagem
morada), na qualidade de representante legal de ... (firma, a todos os utilizadores.
número de identificação de pessoa coletiva, sede ou es- No que toca ao regime aplicável ao pagamento das
tabelecimento principal no território nacional e código taxas de portagem pelos veículos de aluguer sem condu-
de acesso à certidão permanente de registo comercial), tor, e tendo em conta as condições particulares em face
requerente do registo para a atividade de comercialização da natureza específica do sector em causa, prevê-se que
de gás natural, declara, sob compromisso de honra, que a as mesmas constem de portaria autónoma do membro do
sua representada: Governo responsável pela área das infraestruturas rodo-
viárias.
a) Não se encontra em estado de insolvência, em fase Simultaneamente, afigura-se oportuno proceder a alte-
de liquidação, dissolução ou cessação de atividade, sujeito rações de pormenor ao regime previsto na portaria, bem
a qualquer meio preventivo de liquidação de patrimónios como à atualização das tarifas previstas em 2010 e entre-
ou em qualquer situação análoga, nem tem o respetivo tanto nunca revistas.
processo pendente; Desta forma, com a presente portaria procede-se à quarta
b) Tem a sua situação contributiva e fiscal regularizada alteração à Portaria n.º 314-B/2010, de 14 de junho, já
perante a administração nacional; alterada pelas Portarias n.os 1033-C/2010, de 6 de outubro,
c) Não desenvolve ou pretende desenvolver atividades 1296-A/2010, de 20 de dezembro, e 135-A/2011, de 4 de
no âmbito dos setores da eletricidade e do gás natural abril.
em violação das regras aplicáveis de separação de ati- Assim:
vidades. Manda o Governo, pelo Secretário de Estado das Obras
Públicas, Transportes e Comunicações, no uso das com-
petências que lhe foram delegadas pelo Ministro da Eco-
2 — O declarante tem pleno conhecimento de que a nomia e do Emprego através do despacho n.º 10353/2011,
prestação de falsas declarações implica a não obtenção do de 17 de agosto, ao abrigo do disposto no n.º 2 do ar-
registo, ou a sua revogação se já obtido, sendo o mesmo tigo 17.º, nos artigos 19.º e 20.º e na alínea c) do n.º 1 do
responsável pelas indemnizações e sanções pecuniárias artigo 21.º do Regulamento de Matrícula e do disposto nos
aplicáveis, e pode determinar a aplicação da sanção aces- n.os 8 do artigo 4.º-A e 1 e 2 do artigo 7.º do Decreto-Lei
sória de privação do exercício do direito de exercer a ati- n.º 112/2009, de 18 de maio, alterado pela Lei n.º 46/2010,
vidade de comercialização ou outra no âmbito dos setores de 7 de setembro, bem como ao abrigo do disposto no n.º 4
da eletricidade e gás natural, sem prejuízo da participação do artigo 5.º da Lei n.º 25/2006, de 30 de junho, alterada
à entidade competente para efeitos de procedimento cri- pela Lei n.º 67-A/2007, de 31 de dezembro, pelo Decreto-
minal. -Lei n.º 113/2009, de 18 de maio, pela Lei n.º 46/2010,
de 7 de setembro, pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de
... (local), ... (data), ... (assinatura). novembro, e pela Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro,
e no n.º 3 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 111/2009, de 18
(Nome e qualidade.)
de maio, o seguinte:
Portaria n.º 343/2012 Artigo 1.º
de 26 de outubro Objeto

A Portaria n.º 135-A/2011, de 4 de abril, procedeu à A presente portaria altera a Portaria n.º 314-B/2010,
terceira alteração à Portaria n.º 314-B/2010, de 14 de ju- de 14 de junho, alterada pelas Portarias n.os 1033-C/2010,
nho, que define o modelo de utilização do dispositivo de 6 de outubro, 1296-A/2010, de 20 de dezembro, e
eletrónico de matrícula para efeitos de cobrança eletrónica 135-A/2011, de 4 de abril.
de portagens, já anteriormente alterada pelas Portarias Artigo 2.º
n.os 1033-C/2010, de 6 de outubro, e 1296-A/2010, de
20 de dezembro. Alteração aos artigos 1.º, 16.º, 18.º, 18.º-A e 21.º
da Portaria n.º 314-B/2010, de 14 de junho
A referida alteração visou agilizar as opções disponíveis,
em matéria do pagamento de taxas de portagem, para os Os artigos 1.º, 16.º, 18.º, 18.º-A e 21.º da Portaria
condutores dos veículos com matrícula estrangeira que cir- n.º 314-B/2010, de 14 de junho, passam a ter a seguinte
culem em território nacional e transitem em infraestruturas redação:
rodoviárias que apenas disponham de um sistema de co-
«Artigo 1.º
brança eletrónica de portagens. No âmbito desta alteração,
foram ainda previstos os termos e as condições relativos [...]
ao pagamento das taxas de portagem pelos veículos de 1— .....................................
aluguer sem condutor. 2— .....................................

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