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CASTRO, Manuel Manrique.

A igreja católica e a formação das primeiras escolas de


Serviço Social na América Latina. In:______ A história do Serviço Social na
América Latina. São Paulo: Cortez, 2000. 5 ed revista. P 68 – 129.

“como foi a gestação das primeiras escolas de Serviço Social, em que


contexto teve lugar e que papel desempenhou a Igreja católica neste
processo. Comecemos pelo Chile.” (p. 68)

“O movimento operário, que já se manifestara firmemente desde finais do


século passado, conquistou um espaço proeminente na sociedade chilena. [...]
tem lugar uma mudança no sistema político, orientada à democratização do
país [...]” (p. 68)

“Se funda, no país, em 1925, a primeira escola de Serviço Social.[...] o fator


preponderante para a profissionalização do Serviço Social está no papel da classe
operária e outros setores populares [...]” (p. 70)

Em relação às primeiras escolas de Serviço Social [...] colocam-se em jogo duas


estratégias, em muitos casos complementares: de um lado, a inciativa do Estado (ou
vinculada a ele), e, de outro, a da Igreja católica e seus aparelhos conexos [...] (p.
71)

“Obedeceu ao interesse da Igreja em criar um centro católico ortodoxo para a


formação de agentes sociais adequados às mudanças sofridas pela sociedade
chilena, buscando responder aos estímulos concretos e práticos que lhe impunha a
luta de classes [...]” (p. 72)

“A Escola Elvira Matte de Cruchaga, criada por leigos, vinculava-se diretamente ao


apostolado oficial da Igreja o fundamental era que ambas as escolas se punham
como instrumentos funcionais à defesa, ao resguardo e à reforma do regime de
classes vigente.” (p. 76)
“[...] formação profissional para a assistência social plenamente coincidente com os
ditames da religião católica. [...] uma espécie de trampolim para a Igreja católica na
organização do Serviço Social latino-americano.” (p. 77)

“[...] reconhecendo o papel mediador do Estado para normativizar as relações


entre o capital e o trabalho, reordenou a intervenção profissional partindo
desta compreensão da função das visitadoras sociais [...] para sugerir leis ou
regulamentos. (p. 86)

“[...] Contribuiu largamente para oferecer um campo próprio ao Serviço Social,


mesmo que adequando-o inevitavelmente as exigências históricas impostas pela
sua vinculação com o poder.” (p. 98)

“Em vários momentos, forças internas do Serviço Social promoveram rupturas


radicais com o passado [...]” (p. 98)

“No Brasil, como ocorreu no Chile, é ao longo dos anos vinte que a Igreja Católica
revigorou a sua ação para responder aos efeitos de uma crescente perda de
hegemonia na sociedade civil e no Estado [...]” (p. 100)

“Reproduzindo uma constante latino americana, também no Brasil os germes


organizativos da profissão estiveram a cargo de setores femininos das classes
dominantes [...]” (p. 103)

“Em 1931 [...] divulgava-se em Roma a encíclica Quadragesimo Anno, [...] que
seguramente influíram na prática da Igreja, da sua hierarquia, dos leigos e [...]
tentou aportar uma visão orgânica e abrangente da ordem burguesa [...]
centralizada sobretudo na questão operária. (p.105)

“Se as escolas de Serviço Social — em particular, a paulista — nasciam sob


decisiva inspiração católica, no interior do movimento pelo qual a Igreja promovia a
sua reinserção social, é Indiscutível que as seletas gerações que se educavam nas
aulas recebiam uma missão quase expressa da encíclica [...]” (p. 106)
“Sob esta inspiração católica fundou-se a primeira escola de Serviço Social do Rio
de Janeiro que, como a escola paulista, inscrevia-se na luta travada pela Igreja para
defender o povo de influências consideradas nocivas e para constituir-se como a
força normativa da sociedade.” (p. 107)

“Mas, Brasil e Chile apresentam algumas particularidades [...] no Brasil a primeira


escola surge no seio do movimento católico e sem estar medularmente vinculada a
qualquer profissão que lhe atribua um papel explicitamente tributário.” (p. 109)

“Nesta perspectiva, a escola peruana também se inscreveu na estratégia de


continentalização do Serviço Social católico, que foi possível na medida em
que se compatibilizava com as condições internas dos vários países onde ela
foi aplicada [...]” (p. 123)

“Nos seus primeiros anos de vida, a profissão esteve fortemente influenciada pela
medicina, com a qual colaborava no enfrentamento das deploráveis condições de
salubridade pública.” (p. 124)

“Serviço Social de inspiração católica favoreceria a restituiçäo da imagem social


das classes dominantes, há tanto tempo comprometidas com a repressão,
dada a sua incapacidade para formular e implementar uma política institucional
de reformas para atender às sempre postergadas e múltiplas demandas
populares.” (p. 126)

“Para as pioneiras da profissão, a opção pelo Serviço Social era — tal como vimos
no caso da Elvira Matte, de Cruchaga — mais algo ligado à vocação que à
profissão.” (p. 127)

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