Você está na página 1de 37

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA DO
TRABALHO

LEVANTAMENTO DE NÃO CONFORMIDADES


RELACIONADAS À NR10 EM INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS EM INDÚSTRIA

JADER RAFAEL SZERVINSKS VIEIRA


KÁSSIO DAMASO BUENO

GOIÂNIA
2018
Jader Rafael Szervinsks
Vieira Kássio Damaso Bueno

LEVANTAMENTO DE NÃO CONFORMIDADES


RELACIONADAS À NR10 EM INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS EM INDÚSTRIA

Artigo apresentado na conclusão do Curso de Especialização em


Segurando do Trabalho da Universidade Federal de Goiás.
Orientador: Dr. Ulisses Guimarães Ulhôa.

GOIÂNIA
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO

LEVANTAMENTO DE NÃO CONFORMIDADES


RELACIONADAS À NR10 EM INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS EM INDÚSTRIA

Jader Rafael Szervinsks


Vieira Kássio Damaso Bueno

Monografia defendida e aprovada pela banca construída pelos senhores:

Profº. Dr. Ulisses Guimarães Ulhôa

Profº. Dr. Marlipe Garcia Fagundes Neto

Goiânia, de 2018
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Dados gerais de acidentes de origem elétrica - 2013 a 2017.................................................17


Figura 2: Morte por choque elétrico por localidade – 2017..................................................................18
Figura 3 - Modelo de Checklist 5W2H para Levantamento de Não Conformidades das Intalações
Elétricas................................................................................................................................................21
Figura 4 - Checklist de Documentos da Manutenção............................................................................21
Figura 5 - Checklist de Documentos da Saúde e Segurança do Trabalho.............................................22
Figura 6 - Checklist EPI's e EPC's........................................................................................................23
Figura 7 - Gráfico da Quantidade de tipos de itens X Classe de Infração............................................23
Figura 8 - Itens da NR-10 reincidentes nas não-conformidades identificadas......................................27
Figura 9 – Adequações de acordo com Não Conformidades levantadas...............................................28
LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1 - Planilha com resumo dos itens na NR-10 Avaliados........................................................31


SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................................8
ABSTRACT................................................................................................................................8
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................9
2. OBJETIVO...........................................................................................................................10
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................11
3.1. SEGURANÇA EM TRABALHOS COM ELETRICIDADE........................................................................11
3.2. RISCOS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE....................................................................................13
3.2.1. Choque Elétrico..................................................................................................................14
3.2.2. Queimadura........................................................................................................................15
3.2.3. Campos Eletromagnéticos..................................................................................................15
3.3. MEDIDAS DE CONTROLE................................................................................................................15
3.3.1. Medidas Gerais...................................................................................................................15
3.3.2. Medidas de Controle Coletiva............................................................................................15
3.3.3. Equipamentos de Proteção Individual................................................................................16
3.3.4. Análise de Risco..................................................................................................................17
3.4. PLANOS DE AÇÃO 5W2H...............................................................................................................19
4. ESTUDO DE CASO.............................................................................................................20
4.1. METODOLOGIA..............................................................................................................................20
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................23
5.1. PRONTUÁRIO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS - PIE...........................................................................24
5.2. ANÁLISES DE RISCOS RELACIONADAS À NR-10 E RISCOS ADICIONAIS...........................................26
5.3. INSPEÇÕES VISUAIS.......................................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA........................................................................................29
APÊNDICE...............................................................................................................................31
RESUMO

Este trabalho estuda possíveis não conformidades nas instalações elétricas de uma indústria no
que diz respeito à adequação à Norma Regulamentadora NR10. Ele tem a finalidade de servir
como base para uma eventual reformulação e adequação, caso necessário, e arquivo para
acompanhamentos futuros. O trabalho é um estudo de caso, onde foram verificadas as
instalações desta indústria, hábitos e procedimentos operacionais, de modo a preservar a vida
e saúde dos trabalhadores prevenindo possíveis acidentes. Para tanto, foi utilizada a
ferramenta 5W2H. Com todas as informações avaliadas, não há o atendimento de diversos
itens da referida norma, na indústria em questão. Os dados levantados serão apresentados à
diretoria a fim de contribuir no processo de adequação para o total atendimento da norma.

Palavras-chave: NR10; eletricidade; não conformidade.

ABSTRACT

This paper studies possible nonconformities in the electrical installations of an industry


regarding the adequacy to the Regulatory Norm NR10. It has the purpose of serving as lhe
bases for an eventual reformulation and adequacy, if necessary, and for future follow-up. The
work is a case study, which verified the facilities of this industry, habits and operational
procedures, in order to preserve the life and health of workers preventing future accidents, for
that, the 5W2H tool was used. With all the information evaluated there is not the attendance
of several items of said standard in the industry in question. The data collected will be
presented to the board in order to contribute in the process of adequacy for the full
compliance with the standard.

Keyword: NR10; electricity; non-compliance.


INTRODUÇÃO

O Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) está localizado em região estratégica, e


tem grande importância no setor industrial não só do Estado de Goiás, mas do Brasil. Na
década de 80, com os incentivos do Governo Estadual, diversas indústrias transferiram suas
instalações para o DAIA e puderam contar com as condições de infraestrutura e com a
estratégica localização da cidade no território nacional, pontos chaves para facilitar o
escoamento da produção.

Em certas situações essas transferências ocorreram de forma que as instalações não


obedeciam às normas técnicas vigentes e de segurança do Ministério do Trabalho, sendo que
nos dias atuais, ainda é possível a identificação de diversas não conformidades. Segundo
Barros (2010), as dificuldades de interpretação e os custos para a adaptação de instalações
inteiras aos novos padrões, historicamente construídas sem a preocupação com a legislação,
fazem com que o número de não conformidades a serem corrigidas ainda seja elevado. E
assim, impulsionadas pela falta de fiscalização dos órgãos responsáveis, muitas indústrias
operam sem as devidas condições de instalação que atenda aos requisitos das normas
regulamentadoras.

A NR10 e outras relacionadas às instalações elétricas estão entre essas normas que,
por diversas vezes, não foram devidamente aplicadas e interpretadas, e que infelizmente
podem ser a causa de vários acidentes que ocorrem com consequências irreversíveis. Esta
norma foi elaborada em 1978 para regulamentar os trabalhos com eletricidade, e, apesar das
diversas revisões, a segurança e a saúde das pessoas expostas direta ou indiretamente à
eletricidade podem ser comprometidas, principalmente quando as situações de risco são
ignoradas ou subestimadas.

O fato da eletricidade ser a forma de energia mais utilizada para suprir as necessidades
industriais, exige uma demanda de cuidados especiais. A adoção de medidas de controle de
riscos elétricos, a necessidade de profissionais qualificados, a evolução dos instrumentos e
ferramentas utilizados e dos procedimentos de trabalho, faz com que o nível de segurança no
trabalho com eletricidade venha aumentando. Mas, mesmo assim, tais ações não conseguem
evitar que pessoas morram ou fiquem gravemente feridas por todo o mundo, seja pelo
desconhecimento básico ou falta de informação, seja pela omissão ou não compromisso de
todos os envolvidos na imensa cadeia elétrica e energética.
Diante disso pretende-se, a partir desse trabalho, identificar não conformidades nas
instalações de uma indústria, que expõem a operação e a manutenção a riscos relacionados a
atividades com energia elétrica e dar base para futuras adequações a serem feitas nas
instalações, através de medidas preventivas ou mesmo mitigadoras, mas que atendam às
questões de segurança e às condições de trabalho especificadas na NR-10.

2. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo apresentar um diagnóstico da situação das instalações
elétricas em uma indústria, referente à segurança do trabalho. Este diagnóstico poderá servir
de referência para análise em locais de trabalho de outras indústrias.

Ao final deste estudo tem-se como objetivo específico o de fornecer subsídios para
montagem do “Prontuário das Instalações Elétricas (PIE)”, exigido na Portaria Ministerial
598/2004 - Norma Regulamentadora NR10 (item NR10.2.4).

A aplicabilidade deste Prontuário contribui para que a administração dos setores


envolvidos alcance o objetivo principal que é a eliminação ou neutralização dos possíveis
riscos potenciais de acidente de origem elétrica, em benefício das relações empregado
empregador e sempre em prol da integridade física e da saúde do trabalhador.

Atender a NR10 é condição primordial para que a empresa não seja prejudicada com
punições que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabelece por meio de suas
disposições legais. A NR10 dispõe de subitens e o não cumprimento dos mesmos acarretam
em infrações. Antes de mais nada, a implantação do PIE é uma mudança de paradigma no que
diz respeito aos trabalhos realizados por profissionais da área elétrica e pessoas envolvidas
indiretamente. Procedimentos de trabalho, medidas de controle, além de outros mecanismos
trazidos pela NR10 levarão a empresa a um outro patamar de excelência, no que diz respeito à
Segurança do Trabalho.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o desenvolvimento deste trabalho buscou-se embasamento teórico em conceitos


de eletricidade, segurança no trabalho, NR10, equipamentos de proteção individual e
coletivos, e da ferramenta administrativa 5W2H, para auxílio na formação de planos de ação
para a tratativa das não-conformidades encontradas.

3.1. SEGURANÇA EM TRABALHOS COM ELETRICIDADE

Qualquer que seja a atividade profissional, o trabalhador está exposto, à risco de


acidente ou de causar doença ocupacional. Diferente da doença do trabalho, onde ela está
ligada ao ambiente de trabalho, a doença ocupacional é desencadeada pelo exercício da
profissão.

Com o surgimento das relações de trabalho iniciou-se também em todo o mundo,


movimentos em prol do bem maior do cidadão: a saúde e a vida do trabalhador. Ulrich
Ellenbog, na Alemanha, escreveu sobre a doença do ourives provocada pelo vapor de
mercúrio usados em seu trabalho. Em 1556, Georgius Agricola, também na Alemanha, lidava
com a doença dos mineiros. (VALINOTE, 2017).

Valinote (2017, p.32) descreve: Percival Pott, no ano de 1775, na Inglaterra, descreve
o que seria o câncer dos limpadores de chaminés. Em 1801, Thomas Baddoe, e em 1831,
Charlies
T. Thackrah descrevem as condições de higiene do trabalho e as doenças relacionadas ao
trabalho em geral, respectivamente.

Ainda segundo Valinote (2017, p. 34), 1833 foi um ano importante, pois ocorreu a
promulgação do Ato das Fábricas, em que se passou a considerar evitáveis algumas doenças
conhecidas na época. Dentre elas, a Cólica do Pintor causada pela absorção de chumbo das
tintas, a tísica provocada pela inalação de poeira de sílica e a Tremedeira dos Chapeleiros
desencadeada pela exposição de vapores do nitrato de mercúrio usado em suas atividades. O
tratamento médico industrial passa a ser implementado com maior amplitude em 1911.

Já no Brasil, a Segurança do Trabalho escreveu seu capítulo inicial em 1919 com o


decreto legislativo nº 3724, onde determinou o pagamento de indenização ao segurado ou à
família. O ano de 1943 ficou marcado pela criação da Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT. Em 1944 foi oficialmente instituída a criação de Comissões Internas Para Prevenção de
Acidentes. Mas só em 1949 foi efetivamente criada a primeira CIPA.

Em 1966, foi criada a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina no


Trabalho – FUNDACENTRO. Hoje, “A Fundacentro é designada como centro colaborador da
Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser colaboradora da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).” (FUNDACENTRO, 2018).

Em 1978 foi quando a Portaria 3.214 de 08/06/1978 instituiu as Normas


Regulamentadoras – NRs. As Normas Regulamentadoras são divididas em 36 tratando de
diversos assuntos, sendo que a de número 27 foi revogada. Toda e qualquer atividade
profissional é amparada por uma ou um conjunto dessas Normas Regulamentadoras, visando
a preservação da vida e saúde do trabalhador.

Explanando a Norma regulamentadora 10 – NR 10, que se trata de Segurança em


Instalações e Serviços de Eletricidade, verifica-se em seu objetivo a descrição:

Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisitos e condições mínimas


objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a
garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade. (NR10, 2004)

Como já mencionado anteriormente, com relação ao amparo das Normas


Regulamentadoras, no caso da NR 10, ela se aplica nas fases de geração, transmissão,
distribuição e consumo o que inclui as fases de projeto, construção, montagem, operação e
manutenção de instalações elétricas, além de qualquer outro trabalho realizado em sua
proximidade.

A eletricidade está cada vez mais presente na vida dos cidadãos, seja em suas casas,
trabalhos e lazeres. Ao mesmo tempo que sua presença agiliza e simplifica muito as tarefas do
ser humano, torna-se uma grande preocupação pois se trata de um fenômeno extremamente
perigoso e deve ser tratado com muita cautela e cuidado.

Foi com o intuito de proteger a vida e a saúde do trabalhador e usuários que a Norma
Regulamentadora 10 – NR10 foi criada e, com o passar dos anos, sempre vem passando por
atualizações. Ela estabelece requisitos e condições mínimas para implementação de medidas
de controle, segurança e sistemas preventivos.
Outras normas, de grande importância, e que balizam os trabalhos técnicos em todo
território nacional são as Normas Brasileiras – NRBs. Estas foram desenvolvidas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Somente para serviços com eletricidade,
podem ser destacadas mais de 10 normas, que novamente, abrangem toda e qualquer atividade
relacionada a área.

As NBR 5410/2004 (Instalações elétricas de baixa tensão), NBR 5356/1993


(Transformador de potência), NBR 5361/1998 (Disjuntores de baixa tensão), NBR 5419/2005
(Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas), NBR5456/1987 (Eletricidade geral) e
NBR 5471/1986 (Condutores elétricos) são algumas das mais utilizadas e conhecidas dessas
normas.

A NR10 dispõe sobre as diretrizes básicas para a implementação de medidas de


controle e sistemas preventivos, destinados a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços em eletricidade.
Fixa os requisitos e condições mínimas, necessários ao processo de transformação das
condições de trabalho com energia elétrica, para que se tornem mais seguras e salubres
(SOUZA, 2010).

Pode-se dizer que a NR10 complementa às normas técnicas vigentes, deixando às


mesmas as prescrições específicas relacionadas às instalações elétricas. Portanto, todas as
instalações e serviços com eletricidade ou exercidos nas proximidades, devem atender às
normas técnicas brasileiras aplicáveis e à NR10, que estabelece princípios gerais e determina
procedimentos para segurança, durante as etapas de projeto, montagem, operação e
manutenção, exercidos por profissionais habilitados, qualificados, capacitados ou autorizados.

Segundo a Abracopel (2018), a sua própria fundação e os estudos por eles realizados,
são necessários devido à preocupação com o número elevado de acidentes. A origem é a
eletricidade, causados, na sua maioria por desconhecimento de leigos e descaso de
profissionais.

3.2. RISCOS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

A atividade com energia elétrica, ou quem está exposto a ela, por si só, já tem um risco
muito elevado. Em serviços com eletricidade o trabalhador está exposto a riscos de acidentes
com consequências diretas: choque e arco elétrico e com consequências indiretas: quedas,
batidas, incêndio, explosões de origem elétrica, queimaduras etc. (LOURENÇO, 2008).

3.2.1. Choque Elétrico

A eletricidade é a parte da física que estuda corpos eletrizados e é dividida em dois


ramos, a eletrostática, que é o estudo dos elétrons em repouso, e a eletrodinâmica, que estuda
os elétrons em movimento. O que é preocupante no choque elétrico, causado pela diferença de
potencial (DDP), é a corrente elétrica.

Uma pessoa só levará choque elétrico se houver DDP e se a corrente elétrica puder
circular entre dois pontos de seu corpo. “De um modo geral, pode-se dizer que uma corrente
entre 100 mA e 200 mA é suficiente para causar a morte e que uma corrente de apenas 25 mA
já é suficiente para causar a paralisia de funções importantes. ” (NCB, 2018).

O ser humano e os animais já eram submetidos aos riscos de choque elétrico antes
mesmo da humanidade ter conhecimento da eletricidade. A eletricidade é muitas vezes citada
como a “assassina silenciosa”, isso porque ela não pode ser degustada, vista, ouvida ou
cheirada. Ela é essencialmente invisível para os sentidos humanos. A eletricidade há muito é
reconhecida como um grave perigo no ambiente de trabalho, expondo os empregados ao
choque elétrico, o qual pode resultar em eletrocussão, graves queimaduras, ou quedas que
resultam danos adicionais ou até mesmo a morte; bem como queimaduras e explosões
causadas pelos arcos elétricos (NEITZEL, 2008).

A passagem de corrente elétrica provoca um estímulo do sistema nervoso acidental e


de curta duração. A corrente circula no corpo, fazendo com que ele se torne parte de um
circuito elétrico com tensão suficiente para superar sua resistência elétrica, e esta resistência é
variável se a pele está seca ou molhada, se é nova ou velha, ou ainda se tem machucado.
(AFFONSO, GUIMARÃES E OLIVEIRA, 2007).

A situação pode ser agravada se houver utilização de materiais elétricos de baixa


qualidade, materiais e equipamentos desgastados. Falta de manutenção, ainda é um grave
problema a ser superado, bem como projetos mal feitos que não atendem aos requisitos
exigidos pela norma e falta de isolamento.
3.2.2. Queimadura

Em grande parte dos casos de acidentes relacionados com eletricidade, as vítimas


apresentam, em seus quadros clínicos, queimaduras. Isto ocorre pelo fato de a corrente
elétrica atingir o organismo via cutânea.

As queimaduras podem ser classificadas em três diferentes classes: contato direto,


quando uma superfície energizada é tocada, arco voltaico, quando a corrente elétrica tem seu
fluxo pelo ar, e vapor metálico, quando na fusão de contatos elétricos há liberação de vapores
e derramamento de metais derretidos. (LOURENÇO, 2008)

3.2.3. Campos Eletromagnéticos

O campo eletromagnético é gerado pela passagem da corrente elétrica por um


condutor, induzindo corrente em outros condutores próximos. Este fenômeno é mais
claramente percebido em linhas de transmissão aéreas e subestações de distribuição de
energia, onde a tensão e corrente tem seus níveis elevados, gerando diferença de potencial
entre trabalhadores e objetos próximos. (SANTOS, 2012)

3.3. MEDIDAS DE CONTROLE

A Portaria n.598, de 07 de julho de 20104, estabeleceu várias medidas preventivas de


acidentes que envolvem energia elétrica.

3.3.1. Medidas Gerais

De acordo com a NR-10, em todas as instalações elétricas devem ser adotadas medidas
preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais[...] As medidas de
proteção coletiva devem ser pensadas e vistas antes das medidas de proteção individual e
proteger não somente o trabalhador envolvido na tarefa executada, mas também todas as
pessoas que podem ser afetadas por esta (LOURENÇO, 2008). (BIASOTTO, 2015).

3.3.2. Medidas de Controle Coletiva

Com base na Norma Regulamentadora NR-10, algumas das medidas de proteção


coletiva que podem ser adotadas são: a desenergização, que é a primeira medida a ser
adotada.
Consiste em um conjunto de ações coordenadas, sequenciadas e controladas. Aterramentos,
que tem o objetivo de diminuir a variação de tensão da rede elétrica, e dar fluidez às correntes
elétricas.

Barreiras e invólucros, que são dispositivos fixados de modo que só podem ser
removidos com auxílio de ferramentas apropriadas, tem o objetivo de restringir o contato de
pessoas a condutores energizados. Bloqueios e impedimentos, são meios mecânicos que
impedem o religamento de chaves, disjuntores, interruptores. Obstáculos e anteparos, tem a
mesma função das barreiras e invólucros, porém não impedem o contato voluntário, já que
podem ser removidos sem auxílio de ferramentas. (BIASOTTO, 2015).

3.3.3. Equipamentos de Proteção Individual

De acordo com a Norma Regulamentadora N. 06 – Equipamento de Proteção


Individual (NR-06), “[...] considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de
riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

Os EPIs devem ser utilizados quando as medidas de proteção coletiva forem


insuficientes, não oferecendo completa proteção contra os riscos de acidente do trabalho,
forem inviáveis, enquanto estiverem sendo implantadas ou em casos de emergência.

Ainda de acordo com a NR-06, “a empresa é obrigada a fornecer aos empregados,


gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento
[...]”, cabendo ao empregador:
a) Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;
b) Exigir seu uso;
c) Fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
e) Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
g) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade encontrada;
h) Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou
sistema eletrônico.
Por parte do trabalhador, é de sua responsabilidade:
a) Usar o EPI, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
b) Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;
d) Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

Todos os EPI’s e EPC’s que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às
tensões envolvidas e serem inspecionados e testados conforme as regulamentações existentes
ou recomendadas pelos fabricantes (BRASIL (b), 2004). (BIASOTTO, 2015).

Cada atividade requer um EPI especifico, podendo ser capacete de segurança, óculos
de segurança, luvas de proteção, luvas isolantes, calçado de segurança, roupas em tecido anti
chamas, protetor auricular, máscaras de proteção respiratória, dentre outros.

3.3.4. Análise de Risco

Em estudo recente, foi verificado que houve um aumento dos números de acidentes
em decorrência da energia elétrica. Segundo a Abracopel (2018), de 2013 a 2017, este
aumento foi de 33,6%. Este dado, em uma primeira análise, pode causar preocupação quando
pensa-se simplesmente no fato do aumento em si. Mas, em uma segunda análise, pode-se
imaginar que esse aumento está ligado as facilidades de registros dos acidentes, o que indica
melhorias nas disponibilidades de informações anteriormente desconhecidas.

Figura 1: Dados gerais de acidentes de origem elétrica - 2013 a 2017

Fonte: ABRACOPEL, Anuário Estatístico Abracopel de Acidentes de Origem Elétrica 2018


O segundo ponto, pode-se falar de melhorias nas informações, já que a norma exige
que se faça os registros dos acidentes de trabalho através do “Comunicado de Acidente de
Trabalho
– CAT. Nos dados apresentados, verifica-se que após os registros de morte por choque
elétrico em acidentes domésticos, estão os ocorridos em ambiente de trabalho, nas redes
aéreas de distribuição, indústrias, construção civil e no comércio. Isto ajuda a aprimorar o
controle, e trabalhar para eliminar os riscos, devido à base de dados para atuar no campo
correto.

Figura 2: Morte por choque elétrico por localidade – 2017

Fonte: ABRACOPEL, Anuário Estatístico Abracopel de Acidentes de Origem Elétrica 2018

Diante disso, muitas ferramentas e ações são desenvolvidas e colocadas em prática de


forma a prevenir, reduzindo a probabilidade de acidentes, e mitigar, reduzindo a gravidade
dos acidentes.

Uma forma de atuação nesta problemática é o gerenciamento de riscos, que se faz


presente com a utilização de várias ferramentas para estudo e ações. Pode-se destacar a matriz
de riscos, que é a relação entre severidade e frequência. Seu cruzamento define o risco em:
tolerado, moderado e não tolerado. Assim de uma forma prática, assinala as ações a serem
tomadas.
Ainda auxiliam as ferramentas: Análise Preliminar de Riscos que trabalha com
planilhas para identificação de riscos, suas consequências e meios de controle e Árvore de
Falhas que são diagramas onde são especificadas as causas para a ocorrência de evento topo.

Outra ferramenta gráfica utilizada é o Diagrama de Pareto, que ordena os problemas


que devem ser resolvidos. O seu diferencial é que ele permite uma visualização e
identificação dos problemas ou das causas que são mais importantes, de forma simples e fácil.

Além do LOTOTO (Lockout & Tagout – Bloqueio e Sinalização de Energias


Perigosas), que garante o bloqueio, de energias ou produtos no momento em que o
trabalhador estiver em situação de risco. Esta ação identifica a operação, e quem é o
responsável pela interdição. (LISBOA, LEITE, AUF, MERKLE, & AMARANTE, 2018).

Os resultados obtidos com a utilização das ferramentas podem ser satisfatórios, porém
não garantem a extinção de acidentes de trabalho, mesmo porque muitos acidentes que
poderiam ser evitados dependem do lado comportamental dos envolvidos [...] É preciso que
todos os trabalhadores envolvidos com energias perigosas sejam treinados. (LISBOA, LEITE,
AUF, MERKLE, & AMARANTE, 2018).

3.4. PLANOS DE AÇÃO 5W2H

A ferramenta 5W2H, apesar de simples, é bastante eficiente e permite identificar


dados e rotinas mais importantes de um projeto ou de uma unidade de produção. Também
possibilita identificar quem é quem dentro da organização, o que faz e porque realiza tais
atividades. (LISBÔA, 2012).

O método consiste em fazer sete perguntas chaves, cujas respostas darão o


direcionamento para as soluções. As perguntas chaves são: o que?, quem?, onde?, quando?,
por que?, como?, quanto custa? As letras “W” e “H”, são referentes às formas escritas na
língua inglesa.

Segundo o SEBRAE (2008), a técnica 5W2H é uma ferramenta simples, porém


poderosa, para auxiliar a análise e o conhecimento sobre determinado processo, problema ou
ação a serem efetivadas, podendo ser usado em três etapas na solução de problemas:
a) Diagnóstico: na investigação de um problema ou processo, para aumentar o nível de
informações e buscar rapidamente as falhas;
b) Plano de ação: auxiliar na montagem de um plano de ação sobre o que deve ser feito para
eliminar um problema;
c) Padronização: auxilia na padronização de procedimentos que devem ser seguidos como
modelo, para prevenir o reaparecimento de modelos. (LISBÔA, 2012).

4. ESTUDO DE CASO

Este estudo teve como base a avaliação de não-conformidades da NR10 nas


instalações elétricas de indústria farmacêutica que se enquadra no CNAE 2121-1/01 com
classificação de grau de risco médio ou alto.

É de suma importância para a indústria um estudo como este, já que as adequações de


instalações ao atendimento à NR-10 já deveriam ter sido executadas conforme prazo
estipulado em norma.

4.1. METODOLOGIA

Levantamento em campo de não conformidades nas instalações elétricas baseadas em


normativas aplicáveis, que podem ocasionar acidentes devido:

a) As condições das instalações e dos equipamentos;


b) Da falta de procedimentos a serem adotados na operação e manutenção;
c) Das ferramentas de trabalho e equipamentos de proteção;
d) Da falta de qualificações dos trabalhadores.

As inspeções visuais para levantamento das não conformidades nas instalações teve
como base a NBR 5410, capítulo 7 (verificação final), e foram realizadas com o modelo de
checklist baseado na ferramenta de administração de planos de ação 5W2H (Figura 3). Dessa
forma, foram feitos registros fotográficos em todos os setores da fábrica, levantando detalhes
das irregularidades em relação aos itens específicos da NR-10, sugestão de como adequar e
definição de prioridades e responsáveis.
Figura 3: Modelo de Checklist 5W2H para Levantamento de Não Conformidades das Intalações Elétricas

Aplicação de Checklist de documentos da manutenção (Figura 4) para análise de toda


a documentação das instalações elétricas, sendo que para isso foram avaliados:

a) Desenhos de projetos e diagramas unifilares;


b) Conjunto de procedimentos, instruções técnicas e administrativas;
c) Documentações das inspeções e medições do SPDA e do aterramento elétrico.

Figura 4: Checklist de Documentos da Manutenção

Aplicação de Checklist de documentos da Saúde e Segurança do Trabalho (Figura 5)


incluindo documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação e
autorização dos trabalhadores, testes de isolação elétrica em EPC’s, EPI’s e ferramental, e de
documentos relacionados com as normas de segurança do Ministério do Trabalho.
Figura 5: Checklist de Documentos da Saúde e Segurança do Trabalho

Em relação aos EPI’s e EPC’s foi aplicado checklist (Figura 6) para avaliação das
condições e se os mesmos faziam os controles necessários sobre os riscos inerentes às
atividades relacionadas a eletricidade.

As informações avaliadas foram compiladas e inseridas em uma única planilha


(Apêndice A) baseada no Anexo II da NR-28 que trata da classificação das infrações
correspondentes a cada item da NR-10. Baseado na classificação das infrações foi definido a
prioridade para tratamento das não conformidades.
Figura 6: Checklist EPI's e EPC's

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O resumo das avaliações feitas (Figura 7), mostra que a maioria dos item da NR-10
não são atendidos atualmente nas instalações da indústria avaliada. Dessa forma, apresenta-se
uma amostragem das pendências identificadas pelos métodos de avaliação aplicados.

Figura 7: Gráfico da Quantidade de tipos de itens X Classe de Infração

Quantidades de Itens X Classe da Infração

42
33
50
40 20
4 2
30 0 0
NÃO SE APLICAM
20 4 15
10 9 NÃO ATENDIDOS
5
1
0 ATENDIDOS

1234
CLASSE DA INFRAÇÃO

ATENDIDOSNÃO ATENDIDOSNÃO SE APLICAM


5.1. PRONTUÁRIO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS - PIE

Não existe o Prontuário das Instalações Elétricas da empresa, ainda não foi
constituído, não atendendo dessa forma à base legal prevista na NR-10 nos itens 10.2.4,
10.2.5 e 10.2.6,
10.2.7. Essa infração é considerara grave e de risco eminente, portanto deve ser priorizada,
sob pena de a fábrica ter as atividades paralisadas e ser interditada.

Recomenda-se a elaboração do PIE e definir um profissional habilitado, que será o


responsável por mantê-lo sempre atualizado e organizado. Devendo conter no mínimo os
seguintes documentos:

a) Procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde e


descrição das medidas de controle existentes. Não foram apresentadas evidências da
existência de procedimentos de trabalho ou instruções de trabalho, no que tange à segurança e
à saúde nos trabalhos com eletricidade, devendo existir tais POPs e ITs para as mais diversas
atividades executadas pelos eletricistas da empresa. Tais procedimentos e instruções devem
conter os seguintes itens: objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e
responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais. Orienta-se que
seja feito um trabalho multidisciplinar para elaboração de tais documentos, envolvendo SSM,
engenharia e manutenção, dentre outras que se acharem pertinentes.

b) Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas


atmosféricas e aterramentos elétricos. Não foram apresentadas evidências referentes a
documentações técnicas relativos ao sistema de aterramento existente na empresa. Em análise
realizada no SPDA, diagnosticou-se que existe malha de aterramento, entretanto não foi
apresentado projeto. Foi apresentado laudo de aterramento de máquinas e equipamentos,
entretanto, não existem especificações referentes à malha de aterramento à qual as massas dos
equipamentos estão conectadas. Tal documentação deverá conter as especificações, as
características técnicas, o dimensionamento, dentre outras informações.

c) Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual, e das


ferramentas. Evidenciado a falta, sendo necessário elaborar especificação de EPIs, EPCs e
ferramental para uso dos trabalhadores autorizados a intervir nas instalações elétricas, trazer
as seguintes informações: forma de uso, limitações das ferramentas, características gerais.
Deve ser elaborada por profissionais habilitados. Deverá conter também as seguintes
informações: Tipo, classe de tensão, ATPV, características, certificados, laudos, ensaios,
instruções técnicas, etc;
d) Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização
dos trabalhadores e dos treinamentos realizados. Essa documentação não foi evidenciada entre
os documentos analisados, infringindo a base legal da NR10 nos itens 10.6.1, 10.7.1, 10.2.4.d
e 10.8.1;

e) Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em EPI e EPC. A empresa não
tem a política de envio de EPIs, EPCs e ferramentas (isolados ou isolantes) para realização de
testes e ensaios dielétricos. Faz-se necessário elaborar uma política para realização dos
ensaios em EPIs, EPCs e ferramentas (isolados ou isolantes). Seguindo os seguintes critérios:

• Luvas isolantes: Realizar ensaios a cada 12 meses (segundo NBR 16295 anexo E);

•Para ferramentas manuais com isolação elétrica até 1.000 Vca e 1.500 Vcc: No
mínimo, inspeção visual a cada ano e ensaio dielétrico caso exigido por norma específica ou
procedimento interno da empresa (segundo NBR 9699);

• Para os demais itens devem ser adotadas as especificações do fabricante e normas


referentes;

• Em caso de dano visível ao equipamento, recomenda-se o descarte e a substituição


por um novo.

f) Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas. Apesar


da existência de área classificadas, não foram apresentas evidências da existência de projetos
para instalações elétricas em áreas classificadas. Sugere-se que seja contratada empresa
especializada na elaboração de estudo de classificação de áreas. Providenciar os projetos das
instalações elétricas em áreas classificadas, contendo:

• Plantas da instalação elétrica adequada ao estudo de classificação de áreas,


considerando a classificação em zonas e sua extensão;

• Detalhamento das instalações Ex;

• Memorial descritivo da instalação (equipamentos, componentes, infra de campo)


segundo Estudo de Classificação de Áreas;

• Certificados dos equipamentos utilizados nas áreas classificadas;


• Projeto com recolhimento de ART.

g) Relatório técnico de inspeções com cronograma para adequações;

h) Esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas com as especificações do


sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Embora existam e
foram apresentados diagrama unifilar geral e diagramas setoriais, ficou evidenciado que os
mesmos se encontram desatualizados. Os diagramas unifilares deverão ser atualizados e
devem conter as seguintes informações: Tensão de alimentação, informações das fontes de
alimentação, pontos de seccionamento, capacidade de ruptura e corrente nominal dos
dispositivos de proteção, esquemas de aterramento, identificação dos circuitos, identificação
dos dispositivos e unidades funcionais, dentre outras informações pertinentes, estes unifilares
as-builtados deverão ser elaborados por profissionais habilitados e com recolhimento de ART.

5.2. ANÁLISES DE RISCOS RELACIONADAS À NR-10 E RISCOS


ADICIONAIS

Não foram apresentados documentos que evidenciem a realização de análise de risco.


Tais análises servem de base para a elaboração de medidas de controle relacionadas aos riscos
elétricos e adicionais. Servem também de base para elaboração de procedimentos de trabalho
para o setor elétrico da empresa. Apesar de existir permissão de trabalho genérica, não foram
apresentadas as análises de risco, não atendendo dessa forma à base legal prevista na NR-10
nos itens 10.2.1 e 10.6.4.

Essa infração é considerada grave e de risco eminente. Recomenda-se elaborar análise


de riscos para todas as atividades do setor elétrico considerando as medidas preventivas de
controle. Deve ser elaborado por uma equipe multidisciplinar: SESMT, manutenção,
engenharia, dentre outras. Servirá de base para elaboração dos procedimentos de trabalho.

5.3. INSPEÇÕES VISUAIS

Nas inspeções visuais foram identificadas 865 não conformidades, em 87 ambientes


avaliados. Avaliando as não conformidades, percebe-se que a maioria estava relacionada ao
item 10.4.4 da NR-10 (Figura 8) que trata de sinalização adequada de segurança, destinada à
advertência e à identificação dos circuitos elétricos e níveis de tensão.
Figura 8: Itens da NR-10 reincidentes nas não-conformidades identificadas.

Itens NR-10 Reincidentes

25,84% 28,09%

11,24%

34,83%

10.4.410.10.110.3.9Outros

Dentre outras falhas pode-se perceber instalações elétricas danificadas, improvisadas


ou inacabadas, fiações expostas, falta de identificação de equipamentos, iluminação ruim,
falta de bloqueios, barramentos ou partes vivas expostas, falta de aterramento e outros.

Como solucionar as não-conformidades identificadas devemos proceder com ações


conforme previstas na Figura 9.
Figura 9: Adequações de acordo com Não Conformidades levantadas

Adequações das Não Conformidades

36,36%
40,00%
35,00%
30,00% 20,86% 19,25%
25,00%
20,00% 6,95% 4,81% 5,35% 6,42%
15,00%
Série1
10,00%
5,00%
0,00%

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da empresa estabelecer critérios pontuais de atendimento a requisitos de


segurança nos trabalhos que envolvem eletricidade, a mesma precisa desenvolver toda a
documentação necessária para a formação do Prontuário das Instalações Elétricas (PIE) e
realizar as adequações necessárias para resolver as não conformidades identificadas.

Implantar a NR10 é fator primordial para a segurança dos trabalhadores que interagem
direta ou indiretamente com eletricidade, no entanto, o maior desafio é manter o programa na
empresa e garantir uma manutenção e atualização do mesmo, tanto nos aspectos físicos da
planta como também nos procedimentos e garantias conquistadas após a implantação do PIE.

Uma sugestão seria a formação de uma comissão interna entre os funcionários


envolvidos, a fim de definir os procedimentos de trabalho e de segurança e demais
necessidades relatadas, e tratar todas as demandas dentro de um projeto devidamente
estruturado, com cronogramas, prazos, metas e controle de todas as ações demandadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

ABRACOPEL. (01 de Dezembro de 2018). Anuário Estatístico Abracopel de Acidentes de


Origem Elétrica.
Fonte: http://www.abrinstal.org.br/docs/abracopel_anuario18.pdf

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR-5410: Instalações elétricas


de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2008.

BARROS, Benjamim Ferreira de, et all. NR-10 Norma Regulamentadora de Segurança em


Instalações e Serviços de Eletricidade: Guia Prático de Análise e Aplicação. 1ª Edição. São
Paulo: Erica, 2010.

BIASSOTO, B. S. (2015). Análise das Condições de Painéis Elétricos em Relação a


Norma Regulamentadora NR-10 em uma Cervejaria. Monografia de especialização em
engenharia de segurança do trabalho – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba
- PR.

BRASIL (b), Ministério do Trabalho e do Emprego. NR-10 – Segurança em Instalações e


Serviços em Eletricidade. Brasília 2004.

BRASIL (b), Ministério do Trabalho e do Emprego. NR-28 – Fiscalização e Penalidades.


Brasília 2017.

FUNDACENTRO. (29 de Novembro de 2018). Fundacentro Institucional História. Fonte:


http://www.fundacentro.gov.br/institucional/história

LISBOA, A. d., LEITE, A. F., AUF, E. F., MERKLE, R., &AMARANTE, M. (Maio de 2018).
Segurança um Valor Inegociável: Dispositivo Utilizado na Prevenção de Acidentes em
uma Indústria de Papel.

LOURENÇO, Heliton. Análise da Segurança do Trabalho em Serviços com Eletricidade


sob a Ótica da Nova NR-10, Trabalho de Conclusão de Curso, Foz do Iguaçu – PR, 2008.

NCB, I. (30 de Novembro de 2018). Instituto NCB. Fonte:


http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/almanaque/1069-alm182.html
SANTOS, E. C. S. de. Inspeção e adequação das instalações elétricas e procedimentos de
trabalho de uma empresa à norma regulamentadora NR-10. 2012. Trabalho de conclusão
de curso de engenharia mecatrônica – Universidade de São Paulo. São Carlos – SP.

SOUZA, João J.B. de; PEREIRA, Joaquim G. Manual de auxílio na interpretação e


aplicação da nova NR10, NR10 Comentada. São Paulo: Superintendência Regional do
Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo – SRTE/SP, 2010.

VALINOTE, Osvaldo Luiz. Introdução a Engenharia de Segurança do Trabalho. 2002.


Aula ministrada no Curso de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás. Goiânia.
2017.
APÊNDICE

Apêndice 1 - Planilha com resumo dos itens na NR-10 Avaliados

ÍTE A
DISPOSIÇÃO NORMATIVA C C
M
I
NR- S N
10
10.2.1 Descrição de medidas de controle de risco elétrico e outros 4
riscos adicionais
10.2.2 Integração das medidas de controle adotadas ao sistema 1
SMS da empresa
10.2.3 Esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas 3
10.2.4 Constituição do prontuário das instalações elétricas para 4
cargas >75kW, com:
10.2.4a Procedimentos e instruções técnicas e administrativas 2
10.2.4b Laudos de SPDA e do SAE 2
10.2.4c Especificação dos EPCs e EPIs 2
10.2.4d Documentação da qualificação, capacitação e autorização dos 2
trabalhadores
10.2.4e Laudos técnicos dos testes de isolação de EPI e EPCs 2
10.2.4f Certificações de equipamentos e materiais usados em 2
áreas classificadas
10.2.4g Relatório técnico das inspeções atualizadas e 2
cronogramas de adequações
10.2.5 Constituição de prontuário das instalações elétricas para 4
empresas do SEP, com:
10.2.4a Procedimentos e instruções técnicas e administrativas 2
10.2.4b Laudos de SPDA e do SAE 2
10.2.4c Especificação dos EPCs e EPIs 2
10.2.4d Documentação da qualificação, capacitação e autorização dos 2
trabalhadores
10.2.4e Laudos técnicos dos testes de isolação de EPI e EPCs 2
10.2.4f Certificações de equipamentos e materiais usados em 2
áreas classificadas
10.2.4g Relatório técnico das inspeções atualizadas e 2
cronogramas de adequações
10.2.5a Descrição dos procedimentos de emergência 2
10.2.5b Certificações dos EPCs e EPIs 2
10.2.5.1 Constituição do prontuário das instalações elétricas para 4
empresas próx. Ao SEP,com:
10.2.4a Procedimentos e instruções técnicas e administrativas 2
10.2.4c Especificação dos EPCs e EPIs 2
10.2.4d Documentação da qualificação, capacitação e autorização dos 2
trabalhadores
10.2.4e Laudos técnicos dos testes de isolação de EPI e EPCs 2
10.2.5a Descrição dos procedimentos de emergência 2
10.2.5b Certificações dos EPCs e EPIs 2
10.2.6 Prontuário das instalações elétricas à disposição dos 3
trabalhadores
10.2.7 Elaboração dos documentos técnicos do PIE por profissional 2
habilitado
10.2.8.1 Adoção de medidas de proteção coletiva mediante 4
procedimentos de SMS
10.2.8.2 Define (entenda-se "impõe") as medidas prioritárias de 3
proteção coletiva
10.2.8.2. Implementação subsidiária de outras medidas prioritárias de 3
1 proteção coletiva
10.2.8.3 Implementação do aterramento elétrico segundo normas 3
técnicas
10.2.9.1 Uso de EPIs de forma subsidiária às medidas de proteção 4
coletiva
10.2.9.2 Vestimentas protetoras adequadas ao trabalho 3
10.2.9.3 Proibição de adornos pessoas em trabalho com 3
instalações elétricas
10.3.1 Projeto; dispositivos de desligamento com impedimento de re- 3
energização
10.3.2 Projeto; dispositivos de seccionamento de ação simultânea 3
com impedimento
10.3.3 Projeto; espaço seguro dimensionado para operação, 3
manutenção e construção
10.3.3.1 Projeto; identificação e separação de circuitos elétricos de 2
finalidades diferentes
10.3.4 Projeto; configuração do esquema de aterramento e 3
interligação de condutores
10.3.5 Projeto; dispositivos com recursos fixos de 3
equipotencialização e aterramento
10.3.6 Projeto; condições para adoção de aterramento temporário 3
10.3.7 Projeto; disponibilização aos trabalhadores, pessoas 3
autorizadas e autoridades
10.3.8 Projeto; atendimento às normas técnicas, de SMS e autor com 2
habilitação legal
10.3.9 Projeto; Memorial descritivo incluindo: 2
10.3.9a Descrição da proteção contra choques elétricos, 2
queimaduras e riscos adicionais
10.3.9b Indicação de “ligado” e “desligado” p/os dispositivos de 2
manobra dos circuitos
10.3.9c Identificação dos circuitos, equipamentos, dispositivos de 2
manobra e outros
10.3.9d Recomendações de restrições e advertências quanto ao 2
acesso de pessoas
10.3.9e Precauções aplicáveis em face das influências externas 2
10.3.9f Princípio de funcionamento de dispositivos de proteção e 2
segurança de pessoas
10.3.9g Descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção 2
com a instalação
10.3.10 Projetos; Garantia de iluminação ambiente e posturas de 2
trabalho de acordo com a NR 17
10.4.1 SMS na construção, montagem, operação, manutenção e 4
supervisor autorizado
10.4.2 Medidas preventivas de controle de riscos adicionais 4
10.4.3 Uso de equipamentos, dispositivos e ferramentas 3
compatíveis com a instalação
10.4.3.1 Inspeção e teste da isolação dos equipamentos, 3
dispositivos e ferramentas
10.4.4 Segurança, controle periódico e inspeção das instalações e da 3
proteção elétrica
10.4.4.1 Proibição de guarda de objeto dentro de invólucros de 2
equipamentos elétricos
10.4.5 Garantia de iluminação ambiente e posturas de trabalho de 3
acordo com a NR 17
10.4.6 Ensaios e testes laboratoriais por normas legais e pessoas com 3
habilitação legal
10.5.1a Instalações desenergizadas: seccionamento 4
10.5.1b Instalações desenergizadas: impedimento de re- 4
energização
10.5.1c Instalações desenergizadas: constatação de ausência de tensão 4

10.5.1d Instalações desenergizadas: aterramento temporário e 4


equipotencialização
10.5.1e Instalações desenergizadas: proteção de elementos na zona 4
controlada
10.5.1f Instalações desenergizadas: sinalização de impedimento de 4
re-energização
10.5.2 Manutenção da instalação desenergizada até autorizar re- 4
energização, com:
10.5.2a Retirada de ferramentas, utensílios e equipamentos 4
10.5.2b Retirada da zona controlada de operários não envolvidos 4
com a re-energização
10.5.2c Remoção do aterramento temporário, 4
equipotencialização/proteções adicionais
10.5.2d Remoção da sinalização de impedimento de re- 4
energização
10.5.2e Destravamento e religação dos dispositivos de 4
seccionamento dos circuitos
10.5.4 Modo de segurança dos serviços com possibilidade de 3
energização acidental
10.6.1 Segurança em instalações elétricas energizadas por 4
trabalhadores autorizados
10.6.1.1 Treinamento de trabalhadores em segurança, para energizações 3
acidentais
10.6.2 Procedimentos específicos para trabalhadores com 3
ingresso na zona controlada
10.6.3 Suspensão de serviços em instalações energizadas, na iminência 4
de perigo
10.6.4 Análise de riscos para as inovações tecnológicas em 3
instalações energizadas
10.6.5 Suspensão das atividades por responsável pela execução na 3
iminência de risco
10.7.1 Segurança para trabalhadores de instalações de alta 4
N
tensão energizadas
A
10.7.2 Treinamento de trabalhadores em segurança no SEP 3
10.7.3 Impedimento de realizar individualmente trabalhos em AT ou 4
no SEP
10.7.4 Ordem de serviços para trabalhos em instalações 3
energizadas em AT e no SEP
10.7.5 Avaliação de SMS antes de iniciar serviços em AT 3
N
energizada e no SEP
A
10.7.6 Procedimentos autorizados para serviços em AT 3
N
energizada e no SEP
A
10.7.7 Bloqueio do religamento automático antes de iniciar 4
N
serviços em AT energizada
A
10.7.7.1 Sinalização de equipamento desativado nos serviços com AT 3
N
energizada
A
10.7.8 Testes ou ensaios em equipamentos, ferramentas e 3
dispositivos isolantes de AT
10.7.9 Equipamento de comunicação em serviço com instalação AT 3
N
energizada e SEP
A
10.8.5 Sistema de identificação do trabalhador autorizado 2
10.8.6 Condição de trabalhador autorizado registrada nos 1
apontamentos da empresa
10.8.7 Exame de saúde compatível com atividades a cargo do 2
trabalhador autorizado
10.8.8 Treinamento específico sobre SMS aos trabalhadores 3
como previsto no Anexo II
10.8.8.1 Autorização da empresa a trabalhadores com bom 3
desempenho nos Cursos
10.8.8.2 Treinamento de reciclagem bienal aos trabalhadores 3
autorizados, se houver:
10.8.8.2 Troca de função ou mudança de empresa 3
a
10.8.8.2 Retorno de afastamento por inatividade superior a seis 3
b meses
10.8.8.2 Modificação nas instalações, procedimentos, métodos e 3
c processos de trabalho
10.8.8.3 Carga horária e conteúdo programático dos treinamentos e das 2
reciclagens
10.8.8.4 Treinamento específico sobre riscos de serviço em áreas 3
classificadas
10.8.9 Noções para identificar e avaliar riscos para leigos em 2
zona livre ou controlada
10.9.1 Proteção contra incêndio e explosão em áreas com 3
instalações elétricas
10.9.2 Avaliação de conformidade de materiais e equipamentos em 3
ambiente explosivo
10.9.3 Proteção específica a processos e equipamentos 3
geradores de cargas estáticas
10.9.4 Alarme e seccionamento automático de instalações em 3
áreas classificadas
10.9.5 Liberação formal de permissão de trabalhos elétricos em 3
áreas classificadas
10.10.1 Sinalização adequada de segurança, como disposto na NR 26, 3
contemplando:
10.10.1a Identificação dos circuitos elétricos 2
10.10.1b Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de 2
manobra e comandos
10.10.1c Restrições e impedimentos de acesso 2
10.10.1d Delimitação das áreas 2
10.10.1e Sinalização de vias públicas e de circulação de pedestres, 2
veículos e cargas
10.10.1f Sinalização de impedimento de re-energização 2
10.10.1g Identificação de equipamento ou circuito impedido 2
10.11.1 Procedimentos específicos de trabalho assinados por 3
profissional habilitado
10.11.2 Ordens de serviço com conteúdo especificado, aprovadas por 3
pessoa autorizada
10.11.3 Conteúdo completo dos procedimentos de trabalho, com 2
medidas de controle
10.11.4 Participação do SESMT nos procedimentos de trabalho, 2
SMS e treinamentos
10.11.5 Autorização dada ao trabalhador em conformidade com 3
treinamento ministrado
10.11.6 Supervisão e condução dos trabalhos por trabalhador 1
indicado e apto à função
10.11.7 Avaliação técnica e de SMS antes de iniciar serviços em equipe 3

10.11.8 Alternância de atividades dos trabalhadores envolvidos à luz 3


do sistema SMS
10.12.1 Plano de Emergência contemplando ações em serviços com 2
Eletricidade
10.12.2 Trabalhadores autorizados com aptidão para resgatar e socorrer 3
acidentados
10.12.3 Obrigatoriedade de adoção de Plano de Resgate de Acidentados 3

10.12.4 Trabalhadores autorizados com aptidão para a 3


prevenção/combate a incêndios
10.13.2 Informação aos trabalhadores sobre os riscos a que estão 2
expostos na atividade
10.13.3 Adoção obrigatória de medidas preventivas e corretivas em 4
acidentes elétricos
10.14.1 Direito de recusa de ação do trabalhador, em face de risco grave 4
e iminente
10.14.2 Controle de riscos originados por outrem, por parte da 1
empresa
10.14.4 Documentos da NR 10 disponíveis a trabalhadores, com 2
certas limitações
10.14.5 Disponibilização permanente de documentos da NR 10 para 1
autoridades fiscais
CI: Classe da Infração / AC: Avaliação de Conformidade / NA: Não Aplicável / Verde: Atende a norma
NR10 / Vermelho: Não atende a norma NR10

Você também pode gostar