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Há poucos dias, em um curso de Política (na Universidade ainda Pública), entre meus
alunos, falávamos do idiôtés na Grécia antiga e como este personagem atravessou a história
e se manifesta em nossos dias. É verdade que idiôtés é uma classificação para o indivíduo,
mas aqui tomarei a liberdade de considerar a ligação da palavra grega com a definição latina,
onde o idiota é também uma pessoa tola. E abusando mais um pouco da etimologia,
colocarei o tolo aqui organizado em classe dominante e muito preocupado com uma política
para si.
“É preciso fazer o Brasil crescer e para isso é necessário que o menino trabalhe! As
contas precisam fechar. É preciso trabalhar, sem corpo mole! Para sairmos da crise o menino
tem que trabalhar, todos os meninos! É preciso que a sociedade faça a sua parte para que as
coisas voltem a ser como era antes”.
Ou ainda, nas palavras de Michel Temer:
“Não eliminamos nenhum programa social. Estamos é levando adiante. Tudo isso é
para preservar os mais carentes, os mais pobres”.
Estas afirmações exclamativas tornaram-se parte do mantra da classe dominante
nos últimas décadas para tentar convencer a classe trabalhadora de que é necessário fazer
sacrifícios para retomar o crescimento e sair da crise. O que o mantra não diz é que são
exclusivamente os trabalhadores que devem pagar pela crise!
As peças publicitárias do Estado nos apresentam a categoria mística de sociedade,
escondendo com ela o caráter de classe e o papel destas diante da produção e reprodução
da vida. O Estado tenta mistificar ainda mais quando trata por povo, genericamente, as
classes sociais, na tentativa de esconder, velar, o papel da classe dominante diante da crise.
Por isso, dirá o novo idiôtés: “todos devem fazer a sua parte em nome da recuperação do
Brasil”.
A realidade é que estão depositando apenas nas costas da classe trabalhadora o preço
de uma crise que não foi feita pelos trabalhadores. Uma crise gerada pela própria classe
burguesa, pela lógica imanente do sistema capitalista e pela ganância da burguesia obcecada
pelo lucro inconsequentemente.
Diante da estagnação e do déficit, para retomarem o crescimento da taxa de lucro,
colocam a culpa nos trabalhadores e das conquistas históricas desta classe para operarem os
planos de austeridades e retomarem o crescimento dos seus negócios. E neste sentido a
leitura que diz que o Estado é um balcão de negócios da classe burguesa se mostra mais uma
vez correta e atual. Nos escreveu Karl Marx e Engels em 1848:
A classe trabalhadora já demonstrou que está cada vez menos confusa com toda esta
crise e no último dia 15, por todo o Brasil, deixou claro que não esta a fim de pagar a conta
de um jantar que não alimenta os seus filhos.
É preciso que as centrais sindicais e movimentos sociais convoquem uma greve geral
para responder com firmeza: Nós não vamos pagar nada!
Pela greve geral de trabalhadores!
Fora todos eles!
REFERÊNCIAS
TOCQUEVILLE, Alexis. Lembranças de 1848, as jornadas revolucionárias de Paris.
Clássicos Penguin & Companhia, 2011.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. (Tradução Maria Lucia Como). 4ª ed.
revista. Rio de Janeiro: Paz e Terra 1999.