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Trabalho de história do Ceará 2

Fichamento

Aluno Jefherson Laian de Mesquita

Polo Quixeramobim

Ceará "Terra da luz"? Limites e contradições da abolição e pós-abolição no


Ceará
(1883-1888)

Edson Holanda Lima Barboza1 (UNILAB, Brasil)

“( ...) Consideramos ainda o esforço de consolidação da Lei 10.369/03, que


propõe o ensino da cultura africana e afrodescendente na educação básica,
iniciativa que requer a contribuição do ensino superior na formulação de novas
pesquisas com teor crítico em relação às perspectivas tradicionais que
forjaram distorções ou invisibilidades em torno da temática. LIMA BARBOSA-
pag 2)

“( ...) Ceará “Terra da Luz”, a expressão remete ao fato do Ceará, em 1884, ter
sido a primeira Província do Império brasileiro a abolir a escravidão. Motivo de
exaltação durante o processo de construção da identidade local, o pioneirismo
abolicionista merece, apesar do entusiasmo inicial, uma análise mais profunda,
pois ao mesmo tempo em que evoca a exaltação da memória de homens
ilustres que promoveram de forma benevolente e voluntária o fim do
escravismo, é acompanhado por vozes que afirmam no Ceará “não existem
mais negros”. (LIMA BARBOSA -P. 2)

“( ...) As bases de um abolicionismo letrado e elitista começaram a ser


construídas nas últimas décadas do século XIX. Desde a década de 1870,
surgiram em Fortaleza instituições como a Academia Francesa (1872) e o
Gabinete Cearense de Leitura (1875), aglutinando em torno de si intelectuais
da Província. (LIMA BARBOSA -P. 2)

“(...)Desta forma, desde o inicio da produção da identidade cearense a


presença do negro foi negligenciada. Já a temática da abolição de 1884 surgia
como elemento de autopromoção dos valores de civilização e progresso por
parte das elites letrada ( LIMA BARBOSA- P.3)

“(...)A perspectiva elitista a respeito da escravidão e da abolição,


comprometida com o processo de modernização e progresso e negligente com
a participação ativa de negras e negros, também esteve presente na atuação
das sociedades abolicionistas cearenses. A primeira sociedade libertadora de
Fortaleza, a Perseverança e porvir, fundada por comerciantes e “homens
ilustres” do cenário político no ano de 1879, (LIMA BARBOSA P.5)

(...)Tinham interesses para além da questão abolicionista: a recuperação da


economia após a terrível seca que assolou o Ceará entre os anos de 1877 e
1879. Seus diretores “foram responsáveis pelo planejamento e criação da
Sociedade Cearense Libertadora, instalada e inaugurada no dia 8 de
dezembro de 1880, no salão de honras da Assembleia
Legislativa da província”. (LIMA BARBOSA – P. 5)

“( ...)Devem ainda questionar, se há registros de que até figuras de cimeira do


abolicionismo cearense, como foi o caso de Rodolfo Teófilo, concederam
alforrias condicionais, podemos supor que, além da alforria condicional,
obstáculo ao exercício pleno da liberdade, outros arranjos contratuais impostos
por proprietários prevaleceram em cidades e sertões cearenses. LIMA
(BARBOSA- P. 6)

“( ...) Neste contexto, a cidade de Milagres, localizada ao Sul do Ceará,


merece destaque. Eduardo Campos apontou diversos documentos que
indicam a manutenção da escravidão na referida cidade.(LIMA BARBOSA P.6)

“(...) Para as autoridades provinciais outra questão incomodava, a entrada de


escravizados de províncias vizinhas que procuravam o Ceará em busca da
liberdade. Mesmo após 1884, as autoridades provinciais cearense
continuavam a trocar correspondências com autoridades de outras províncias
e da Corte para evitar a introdução de “fujões” no território cearense.( LIMA
BARBOSA P.7)

“(...)Vale ressaltar que, as medidas oficiais abolicionistas do Ceará adotadas a


partir de 1883, quando várias cidades do Ceará iniciaram a declarar a
emancipação do trabalho escravo (Acarape - 01 de janeiro; Pacatuba e São
Francisco [Itapajé] - 02 de fevereiro; Canoa [Aracoiaba] - 04 de março; Baturité
e Icó – 25 de março; Fortaleza – 24 de maio, etc...), eram limitadas somente
aos escravizados matriculados no Ceará, os cativos registrados nas províncias
vizinhas continuavam subjugados pelas regras escravocratas na “Terra da
Luz”, ainda após a abolição provincial, em 1884. (LIMA BARBOSA P.7)

“(...)As questões que levantamos até aqui destacam que o processo de


abolição e a condição de vida de negras e negros libertos ou que lutavam por
suas liberdades nos anos imediatos ao fim da escravidão no Ceará representa
um processo bem mais complexo do que supõe as formulações consolidadas
pela produção realizada pelo Instituto do Ceará e divulgada por setores da elite
local, sempre destacando a necessidade de progresso e a ilustração como
motores do festejado protagonismo abolicionista cearense. (LIMA BARBOSA
P.7)
.

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