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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

MARIANA GOMES PEREIRA

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA ESCOLA: desafios e possibilidades


para a construção de uma cultura de paz

PORTO FRANCO

2014
MARIANA GOMES PEREIRA

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA ESCOLA: desafios e possibilidades


para a construção de uma cultura de paz

Trabalho Acadêmico apresentado como requisito


de nota complementar do Curso de Educação
em Direitos Humanos, do Programa Rede de
Educação para a Diversidade oferecido pelo
Núcleo de Educação a Distância, Através da
Universidade Federal do Maranhão.

Tutor a Distância: Prof. Dra. Socorro Araújo

PORTO FRANCO

2014
Educação em Direitos Humanos na Escola: desafios e possibilidades para a
construção de uma cultura de paz

Um dos maiores desafios que a educação enfrenta na atualidade é, sem


sombra de dúvidas, tornar efetivo o respeito aos direitos humanos no ambiente
escolar, construindo uma cultura de paz, dificuldade que ocorre mormente em razão
das inúmeras diferenças que permeiam o ambiente em questão e da inabilidade que
possuímos para lidar com tais diferenças em nosso cotidiano.

As diferenças são intrínsecas ao ser humano e, por conseguinte, ao ambiente


escolar, que não é homogêneo na maioria de seus aspectos. A escola comporta
alunos, professores e demais colaboradores de diferentes raças, culturas, classe
social, orientação sexual, e etc., o que implica diretamente no modo como se
desenvolvem as relações interpessoais no ambiente escolar, já que a dificuldade de
lidar com diferenças e até mesmo o preconceito, sempre presente em nossas
relações, embaraçam mais ainda nossa já delicada maneira de lidar com as
diferenças.

Tomemos como exemplo um adolescente educado no seio de uma família


cristã, de formação fortemente religiosa, que convive desde o princípio de sua vida
com a idéia de que a relação de cunho afetivo ou sexual entre pessoas do mesmo
sexo não é vista com bons olhos por Deus, de modo que se configura como um
pecado, ou mesmo atentado à moral e aos bons costumes, não podendo, portanto,
ser tolerada.

Assim, este adolescente, no ambiente escolar ou através dele, se depara com


um colega na mesma faixa etária descobrindo-se homossexual, ou mesmo um
professor que assume sua orientação sexual divergente da maioria perante seus
alunos. Logo, é fácil se prever o embaraço em que se verá este adolescente cristão,
pelo embate entre seus princípios religiosos e familiares, que lhe acompanham
desde sempre, e a realidade que vivencia no ambiente escolar, absolutamente
divergente.
Desta situação, infelizmente, na maioria das vezes, decorrerão episódios de
preconceito, discriminação, bullying, e total desrespeito aos direitos humanos mais
básicos, tais como, dignidade da pessoa humana e liberdade de escolhas, já que
vivemos num Estado Democrático de direitos. Isso para não falar em violência, o
que não é incomum em casos de intolerância e preconceito à escolha da opção
sexual, principalmente entre os mais jovens e menos tolerantes.

Destarte, o que pretendo ilustrar com o exemplo mencionado é que, ao meu


ver, a grande maioria dos casos de desrespeito aos direitos humanos, quer no
ambiente escolar, que em qualquer outro ambiente, é motivada precipuamente pela
inabilidade que possuímos para lidar com as diferenças, tantos as mais aparentes,
como a cor da pele e a classe social, como as menos evidentes, como a opção
religiosa ou política.

E neste contexto, partindo deste raciocínio, de que situações de desrespeito


aos direitos humanos surgem em razão da comum incapacidade para assimilar e
respeitar as diferenças que permeiam nosso dia a dia, um passo importante para a
construção da cultura de paz no ambiente escolar seria trabalhar de forma contínua
as diferenças o seio da escola, preparando as crianças e adolescentes para o
mundo heterogêneo em que vivemos.

É imprescindível que desde cedo a criança, e mais na frente o adolescente,


seja preparado para aceitar as diferenças dos seus pares, inicialmente em sua
família, posteriormente na escola e após na sociedade como um todo, não para que
seja obrigado a aderir uma forma distinta de agir ou de pensar mostrada por um
semelhante seu, mas para que saiba respeitar as diferenças, ciente de que somos
todos seres humanos feitos da mesma essência, filhos de um mesmo Deus,
membros de uma mesma sociedade.

Diferenças de classe social, de cor, de religião, de opção sexual, dentre


outras, fazem e sempre farão parte da nossa vida, tanto no ambiente escolar como
em qualquer outro que frequentemos no decorrer de nossas vidas, e temos que
aprender e ensinar, enquanto educadores, que quanto mais cedo aprendermos a
lidar com elas, menos problemas de relacionamento enfrentaremos em nossas
vidas. Só é possível a construção da cultura de paz no ambiente escolar, tão
almejada, a partir da conscientização da necessidade do respeito às diferenças e
aos direitos que todos nós possuímos, enquanto serem humanos, como o de
escolha e de dignidade, tão primários, mas tão desrespeitados.

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