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Jaime Diocleciano Lucas Diogo

AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE ANTIMICROBIANA in vitro DO EXTRACTO


HIDROETANÓLICO E AQUOSO DAS FOLHAS DE Azadirachta indica e Aloé vera
FRENTE À Escherichia coli E Candida albicans

Licenciatura Em ensino de Biologia com Habilitações em Gestão laboratorial

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2021
1

Jaime Diocleciano Lucas Diogo

AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE ANTIMICROBIANA in vitro DO EXTRACTO


HIDROETANÓLICO E AQUOSO DAS FOLHAS DE Azadirachta indica e Aloé vera
FRENTE À Escherichia coli E Candida albicans

Monografia Científica apresentada


no Departamento de Ciências,
Tecnologia, Engenharia e
Matemática, como requisito parcial
para obtenção do grau Académico
de Licenciatura em Ensino de
Biologia com Habilidades em
Gestão de Laboratorial.

Supervisor:

Alfredo Bartolomeu, MSc.

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2021
ii2

Índice
Lista de Tabelas ................................................................................................................... vi

Lista de Figuras................................................................................................................... vii

Lista de Gráficos .................................................................................................................. ix

Lista de Siglas e Acrónimos……………………………………………………………….......x

Declaração ........................................................................................................................... xi

Dedicatória ......................................................................................................................... xii

Agradecimentos ................................................................................................................. xiii

Resumo .............................................................................................................................. xiv

Abstract ............................................................................................................................. xiv

Introdução........................................................................................................................... 15

Linha da pesquisa................................................................................................................ 16

Objecto de estudo................................................................................................................ 17

Problematização .................................................................................................................. 17

Justificativa ......................................................................................................................... 17

Formulação dos objectivos .................................................................................................. 18

Objectivo geral ................................................................................................................... 18

Objectivos específicos......................................................................................................... 18

Questões da pesquisa .......................................................................................................... 18

Hipóteses ............................................................................................................................ 19

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 20

1.1.Plantas medicinais ......................................................................................................... 20

1.1.1.Uso de plantas medicinais no Mundo.......................................................................... 20

1.1.2.Uso de plantas medicinas em Moçambique................................................................. 21

1.1.3.Etnobotânico .............................................................................................................. 21

1.1.4.Azadirachta indica ..................................................................................................... 22

1.1.4.1.Classificação Taxonómica ....................................................................................... 22


iii3

1.1.4.2.Actividade biológica do género Azadirachta ............................................................ 22

1.1.4.3.Compostos fitoquímicos do género Azadirachta ...................................................... 23

1.1.5. Aloé vera ................................................................................................................... 23

1.1.5.1.Classificação taxonómica ........................................................................................ 24

1.1.5.2.Actividade biológica do género Aloé ....................................................................... 24

1.1.6.Compostos Fitoquímicos ............................................................................................ 24

1.2.Microrganismos ............................................................................................................ 29

1.2.1.Escherichia coli.......................................................................................................... 29

1.2.2.Candida albicans ....................................................................................................... 29

1.2.2.1.Resistência antifúngica ............................................................................................ 30

1.2.3.Resistência antimicrobiana ......................................................................................... 30

CAPITULO II: METODOLOGIA .................................................................................. 32

2.1.Materiais de intervenção................................................................................................ 32

2.2.Descrição da área de colecta do material vegetal ........................................................... 33

2.3.Levantamento etnobotânica ........................................................................................... 33

2.4.Colecta do material vegetal ........................................................................................... 34

2.4.1.Técnica de amostragem .............................................................................................. 34

2.4.2. Pré-tratamento das folhas de plantas .......................................................................... 35

2.4.3. Secagem .................................................................................................................... 35

2.5.Parte experimental......................................................................................................... 35

2.5.1.Preparação dos extractos ............................................................................................ 35

2.5.1.1.Extracto hidroetanólico............................................................................................ 36

2.5.1.2.Extracto aquoso ....................................................................................................... 36

2.5.2.Determinação dos compostos fitoquímicos ................................................................. 37

2.5.3.Actividade antimicrobiana .......................................................................................... 38

2.5.3.1.Preparação dos extractos e aplicação em discos ....................................................... 38

2.5.3.2.Procedimentos microbiológicos ............................................................................... 39


iv
4

2.5.3.2.1.Suspensão microbiana e inoculo ........................................................................... 39

2.5.3.2.2.Método de difusão em disco ................................................................................. 39

2.5.3.2.3.Ensaios de actividade antimicrobiana.................................................................... 40

2.5.4.Determinaçãoda Concentração Inibitória Mínima(CIM) ............................................. 40

2.6.Tratamento de dados ..................................................................................................... 40

2.7. Análise estatística ......................................................................................................... 40

2.8.Fluxograma de etapas de actividades ............................................................................. 41

CAPITLO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO


DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 42

3.1.Apresentação dos resultados .......................................................................................... 42

3.1.1.Levantamento etnobotânica ........................................................................................ 42

3.1.1.1.Dados dos entrevistados .......................................................................................... 42

3.1.2.Parte Experimental ..................................................................................................... 44

3.1.2.1.Rendimento dos extractos ........................................................................................ 44

3.1.2.2.Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Azadirachta indica ............... 45

3.1.2.3.Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Aloé vera.............................. 45

3.1.2.4.Actividade antimicrobiana ....................................................................................... 46

3.1.2.4.1.Escherichia coli .................................................................................................... 46

3.1.2.4.1.1.Extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica .................................. 47

3.1.2.4.1.2.Extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera ................................................. 48

3.1.2.4.2.Candida albicans.................................................................................................. 49

3.1.2.4.2.1.Extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica .................................. 50

3.1.2.4.2.2.Extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera ................................................. 51

3.2.Discussão dos resultados ............................................................................................... 52

3.2.1.Levantamento etnobotánico ........................................................................................ 52

3.2.1.1.Dados dos entrevistados .......................................................................................... 52

3.2.2.Parte Experimental ..................................................................................................... 54


v
5

3.2.2.1.Rendimento dos extractos ........................................................................................ 54

3.2.2.2.Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Azadirachta indica ............... 55

3.2.2.3. Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Aloé vera............................. 56

3.2.2.4.Actividade antimicrobiano ....................................................................................... 57

3.2.2.4.1.Extractos das folhas de Azadirachta indica frente à Escherichia coli .................... 57

3.2.2.4.2.Extractos das folhas de Aloé vera frente à Escherichia coli ................................... 57

3.2.2.4.3.Extractos das folhas de Azadirachta indica frente à Candida albicans .................. 58

3.2.2.4.4.Extractos das folhas de Aloé vera frente à Candida albicans ................................. 59

3.3.Concentração inibitória mínima ..................................................................................... 59

Verificação e validação das hipóteses .................................................................................. 60

Conclusão ........................................................................................................................... 61

Referência bibliográfica ...................................................................................................... 62

APÊNDICES……………………………………………………………………………..LXVII

ANEXOS .................................................................................................................... LXXIII


vi6

Lista de Tabelas

Tabela 1: taxonomia de Azadirachta indica…………………………………………………22


Tabela 2: Taxonomia de Aloé vera………………………………………………….……….24
Tabela 3: Materiais, reagentes e solventes de intervenção, desde à colecta de vegetais até aos
ensaios laboratoriais…………………………………………………...……………………...32
Tabela 4: Cálculos de concentração do hipoclórito de sódio e volumes de água……………35
Tabela 5: Processo de secagem e cálculo do teor de humidade perdida nos materiais
vegetais………………………………………………………………………………………..35
Tabela 6: Obtenção dos extractos hidroetanólico e aquosos das folhas de A. indica e A.
vera……………………………………………………………………………………………36
Tabela 7: Preparação das concentrações do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera……………………………………………………………….39
Tabela 8: Resultados dos entrevistados por género no bairro de Nampaco…………………42
Tabela 9: Resultados sobre as infecções gastrointestinais e fúngicas, e o conhecimento de
plantas medicinais aos moradores do bairro de Nampaco, em Nampula……………………..43
Tabela 10: Resultado de levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas no
controle de infecções gastrointestinais e fúngicas no bairro de Nampaco, cidade de
Nampula………………………………………………………………………………………43
Tabela 11: Resultados do rendimento do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de A.
indica e A. vera……………………………………………………………………………….44
Tabela 12: Composição fitoquímica dos extractos hidroetanólicos e aquoso das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera……………………………………………………………….45
Tabela 13: Resultados da actividade antimicrobiana dos extractos hidroetanólicos e aquosos
das folhas de A. indica e A. vera frente a Escherichia coli, apresentados por halos de inibição
(mm) ………………………………………………………………………………………….46
Tabela 14: Resultados da actividade antimicrobiana dos extractos hidroetanólicos e aquosos
das folhas de A. indica e A. vera frente à Candida albicans, apresentados por halos de inibição
(mm) ………………………………………………………………………………………….49
7
vii

Lista de Figuras

Figura 1: Esqueleto químico de Azadirachtina………………...…………………………….23


Figura 2: Estrutura molecular de cafeína…………………………………………………….25
Figura 3: Estrutura básica de quinonas e numerações dos anéis…………………………….25
Figura 4:Da esquerda para a direita, estrutura molecular das flavonas, isoflavonas e
antocianidinas…………………………………………………………………………………26
Figura 5: Estrutura molecular comum da saponina esterioidal. O ciclohexano B pode variar
com uma dupla ligação……………………………………………………………………….27
Figura 6: Estrutura química de taninos condensados………………...……………………...28
Figura 7: Estrutura química de triterpenoide………………………………………………...28
Figura 8: Representação esquemática da morfologia de C. albicans ……...………………. 29
Figura 9: Factores predisponentes para resistência aos AF………………………………….30
Figura 10: A- Procedimentos de corte das folhas de Aloé vera; B: Colecta das folhas de
Azadirachta indica……………………………………………………………………………34
Figura 11: Processo de remoção do EtOH e água nos extractos das folhas de Azadirachta
indica e Aloé vera…………………………………………………………………………….36
Figura 12: Fluxograma de actividades laboratoriais…………………………………………41
Figura 13: Teste de sensibilidade antimicrobiano in vitro do extracto hidroetanólico e aquoso
das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli……………………..47
Figura 14: ilustração do crescimento celular de Candida albicans em 24h…………………50
Figura 15: Teste de sensibilidade antimicrobiano in vitro do extracto hidroetanólico e aquoso
das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Candida albicans……………………50
Figura 16: Processo de filtração dos extractos das folhas de Azadirachta indica e Aloé
vera…………………………………………………………………………………..…...LXIX
Figura 17: ilustra no âmbito da medição dos extractos para nos tubos de ensaio……….LXIX
Figura 18: Identificação de alcalóides. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de
Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera..… .LXX
Figura 19: Identificação de antraquinonas. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas
de Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera... LXX
Figura 20: Identificação de cumarinas. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de
Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera..…. LXX
Figura 21: Identificação de flavonóides. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de
Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera….LXXI
viii
8

Figura 22: Identificação de saponinas. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de


Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera……LXXI
Figura 23: Identificação de taninos. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de
Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera……LXXI
Figura 24: Identificação de terpenóides. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de
Azadirachta indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera..…LXXII
Figura 25: Credencial institucional direccionada à Universidade Lúrio, em Nampula..LXXIII
Figura 26: Despacho de autorização para realização dos ensaios laboratoriais …….…LXXIV
Figura 27: Credencial direccionado à Universidade Rovuma – Extensão de Nampula, para
autorização de realização de testes fitoquímicos no laboratório de biologia e Química...LXXV
Figura 28: Credencial direccionado ao Laboratório de Análises Clínicas do HCN…..LXXVI
ix9

Lista de Gráficos

Gráfico 1: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta


indica frente a Escherichia coli………………………………………………………………47

Gráfico 2: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera


frente a Escherichia coli……………………………………………………………………...48

Gráfico 3: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta


indica frente à Candida albicans……………………………………………………………..50

Gráfico 4: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera


frente à Candida albicans…………………………………………………………………….51
10x

Lista de Siglas e Acrónimos

TSA - Teste de Sensibilidade Antimicrobiana

CIM - Concentração Inibitória Mínima

UFC - Unidades Formadoras de Colónia

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

OMS - Organização Mundial de Saúde

HCN- Hospital Central de Nampula

CEIL - Centro de Estudos Interdisciplinar Lúrio

ɑ - Nível de significância
11
xi

Declaração

Declaro que a presente Monografia científica nunca foi apresentada para a obtenção de
qualquer grau académico em nenhuma instituição de ensino. Portanto, ela constitui o
resultado da minha abnegada investigação pessoal, cujas fontes consultadas encontram-se
devidamente citadas ao longo do trabalho e apresentadas na bibliografia.

Montepuez, aos ___/___/2021


_________________________________
(Jaime Diocleciano Lucas Diogo)
12
xii

Dedicatória

À memória dos meus pais,

Diocleciano Lucas Diogo e Celestina Jaime Cunela,

Que Deus os Tenha!


13
xiii

Agradecimentos

Agradeço a Deus, criador dos céus e da terra, pelo dom da vida que me tem concebido
dia após dia, e pelas forças para resistir nos momentos mais difíceis;

Aos meus pais, Diocleciano Diogo e Celestina Jaime Cunela, pelo apoio, pela
educação;

Aos meus irmãos, Baptista, Rosalina, Olinda Virgílio, Pascoal, Francisco, Alima,
Elisa, Jakson e António Diocleciano, que mesmo distantes em mim estão sempre presentes;

Aos meus tios, Magalhães Jaime Cunela (in memoriam), Nelito Alberto José e
Felisberto Manuel Rodrigues, por me terem ajudado sempre que eu precisasse;

Agradeço, igualmente, a todos os docentes do curso de ensino de Biologia que desde


o primeiro ano estiveram sempre dispostos me ensinar de forma modesta, didáctica e
científica;

À Universidade Lúrio em Nampula, Universidade Rovuma – Extensão de Nampula e


o Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Central de Nampula, por me aceitarem
executar as actividades laboratoriais, e sem deixar de agradecer o pessoal do laboratório;

Ao meu supervisor, MSc: Alfredo Bartolomeu, pelo acompanhamento feito durante a


realização desta Monografia, sobretudo pela boa vontade, amizade, prontidão em avaliar cada
porção desta pesquisa e pelas valiosas sugestões;

Ao docente Issa Munateca Horta pelas orientações no Laboratório de Tecnologia


Farmacêutica I e II, Etnobotánico e Fitoquímico;

Ao técnico, Izaquiel Anselmo, do Laboratório de Análises Clínicas do HCN pelos


ensinamentos durante o TSA;

Aos colegas do curso, Yassine, Job, Rahama Inglone, Mariamo Nimone, Afonso
Sicunimoza, Victória M. Muacitora, Esperança Nyoka, Mariza Mussa, Ema Momade e
Givência Filipe, pelas experiências obtidas durante o PEA.

E aos meus amigos, Yassine Miguel, Job Alfredo, Cifo Viegas, Natalino Rapieque,
Artur Gelane e Marcelino Sampaio, pelos conselhos dados todos os dias.
14
xiv

Resumo

Aumento significativo de cepas resistentes aos antibióticos tem despertado um interesse na busca de novas
substâncias activas. Objectivou-se este trabalho avaliar actividade antimicrobiana in vitro do extracto
hidroetanólico e aquoso das folhas de Aloé vera e Azadirachta indica frente à Escherichia coli e Candida
albicans. Foi realizado um levantamento etnobotânico no bairro de Nampaco, e para realização de TSA foi por
meio de disco de difusão. No levantamento etnobotânico 10 espécies foram citadas e agrupadas em 9 famílias
botânicas, e os grupos botânicos mais representativos pertencem à família Asteraceae com 20%. Foi obtido
20.6% do rendimento do extracto hidroetanólico e 35% do aquoso das folhas de Azadirachta indica, 15.8% do
rendimento do extracto hidroetanólico e 45.5% do aquoso das folhas de Aloé vera. Os testes fitoquimicos no
extracto hidroetanólico de A. indica foram positivos para alcalóides, cumarinas, flavonóides, saponinas, taninos e
terpenóides, resultados negativos para antraquinonas. No aquoso foram positivos para alcalóides, cumarinas,
flavonóides, taninos e terpenóides, resultados negativos para antraquinonas e saponinas. No extracto
hidroetanólico de Aloé vera, revelaram resultados positivos para alcalóides, cumarinas, taninos e terpenóides, e
resultados negativos para antraquinonas, flavonóides e saponinas. O extracto aquoso foi positivos para
alcalóides, cumarinas, flavonóides, saponinas, taninos e terpenóides, e negativo apenas para antraquinonas; O
extracto hidroetanólico de Azadirachta indica e Aloé vera possui actividade antimicrobiana e mostra-se como
um potente antimicrobiano, que este apresenta como uma eficaz alternativa terapêutica para infecções por E. coli
e C. albicans, e quanto aos extractos aquosos não tem efeito antimicrobiano.

Palavras-Chave: Azadirachta indica; Aloé vera; Fitoquímica; Escherichia coli; Candida albicans.

Abstract

Significant increase in antibiotic resistant strains has sparked an interest in the search for new active substances.
The objective of this work was to evaluate the in vitro antimicrobial activity of the hydroethanolic and aqueous
extract of the leaves of Aloe vera and Azadirachta indica against Escherichia coli and Candida albicans. An
ethnobotanical survey was carried out in the neighborhood of Nampaco, and to carry out TSA it was through a
diffusion disk. In the ethnobotanical survey 10 species were cited and grouped into 9 botanical families, and the
most representative botanical groups belong to the Asteraceae family with 20%. 20.6% of the yield of the
hydroethanolic extract and 35% of the aqueous of the Azadirachta indica leaves, 15.8% of the yield of the
hydroethanolic extract and 45.5% of the aqueous of the Aloe vera leaves were obtained. Phytochemical tests on
A. indica hydroethanolic extract were positive for alkaloids, coumarins, flavonoids, saponins, tannins and
terpenoids, negative for anthraquinones. In the aqueous, they were positive for alkaloids, coumarins, flavonoids,
tannins and terpenoids, negative results for anthraquinones and saponins. In the hydroethanolic extract of Aloe
vera, they showed positive results for alkaloids, coumarins, tannins and terpenoids, and negative results for
anthraquinones, flavonoids and saponins. The aqueous extract was positive for alkaloids, coumarins, flavonoids,
saponins, tannins and terpenoids, and negative only for anthraquinones; The hydroethanolic extract of
Azadirachta indica and Aloe vera has antimicrobial activity and is shown to be a potent antimicrobial, which it
presents as an effective therapeutic alternative for infections by E. coli and C. albicans, and as for the aqueous
extracts it has no effect antimicrobial.

Key words: Azadirachta indica; Aloé vera; Phytochemical; Escherichia coli; Candida albicans.
15

Introdução

A população de Nampula tem realizado a prática da medicina tradicional, que envolve


as folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, para o tratamento de infecções gastrointestinais,
fúngicas e para outras indicações terapêuticas. Ademais, observa-se que o uso de plantas
medicinais, como meio curativo, não é uma prática recente visto que desde o surgimento da
humanidade as pessoas vêm utilizando-as para os cuidados primários à saúde.

O homem, desde tempos antigos, faz uso das plantas que na maioria dos casos
beneficiam as comunidades que as utilizam e, através das experiências, percebeu cada vez
mais sobre as possíveis aplicações terapêuticas das diversificadas espécies, (Santos et al,
2015). Dados da OMS mostram que cerca de 80% da população, de países em
desenvolvimento, faz uso de algum tipo de medicina tradicional para cuidados básicos de
saúde, e 85% destes envolvem plantas medicinais, (Tuler, 2011: 24).

A presente pesquisa pretendeu-se no estudo sobre “avaliação da actividade


antimicrobiana in vitro do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de Azadirachta indica e
Aloé vera frente á Escherichia coli e Candida albicans”. Estes microrganismos testados são
agentes patológicos em doenças humanas, particularmente infecções gastrointestinais,
fúngicas e entre outras doenças. Vários estudos antimicrobianos, contra microrganismos, têm
mostrado uma resistência significativa aos princípios activos extraídos por drogas vegetais, e
essa resistência tem despertado aos pesquisadores na busca contínua de novas substâncias
mais eficientes. Moçambique é um país em desenvolvimento e as infecções fúngicas, no caso
de eczemas, tem ocorrido em idade adulta e mais observada em idade pré-escolar e escolar, tal
como ocorre em outros países da África, a diarreia é a doença mais enfrentada em sociedades
humanas, inclusive outras infecções que o agente etiológico é a E. coli.

O estudo dos produtos naturais voltou a receber a atenção dos cientistas, onde entre as
principais ferramentas na busca de novos modelos moleculares estão as informações de como
as plantas são utilizadas por diferentes grupos étnicos e o estudo farmacológico das
preparações utilizadas e abordadas, respectivamente, no âmbito etnobotânico e da
Etnofarmacologia. A resistência a drogas de patógenos humanos e animais é um dos casos
mais bem documentados na evolução biológica e um sério problema tanto em países
desenvolvidos como em desenvolvimento, (Cunha, 2012).
16

O tratamento de doenças infecciosas por antibióticos não é sempre efectivo, visto que
os medicamentos disponíveis nas farmácias produzem recorrências ou causam resistências.
Por esta razão, há uma busca contínua de novos fármacos mais potentes por fontes naturais.

Actualmente, segundo o Ministério de Saúde (2006), uma grande parcela da população


faz uso de medicamentos provindos de plantas medicinais, vista sua boa resposta nas
terapeutas, associadas com custo baixo, (Cunha, 2012).

Estima-se que 700 mil mortes sejam causadas anualmente pela resistência aos
antimicrobianos. De acordo com essas análises, sem uma mudança de abordagem para conter
o problema, até 2050, a resistência antimicrobiana poderá causar mais mortes que o câncer.
De acordo com o economista britânico Jim O’Neill, até 2050, dez milhões de óbitos anuais
serão atribuídos à resistência antimicrobiana. Em 2014, a resistência antimicrobiana foi
reconhecida como ameaça aos esforços mundiais de sustentabilidade e desenvolvimento pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, (Estrela, 2018).

Este trabalho está estruturado em três (3) capítulos:

 Capitulo i: Fundamentação teórica – apresenta as ideias de diferentes autores que


versam em torno do tema, onde durante este processo faz-se a descrição dos conceitos
básicos, ajudando assim a sua compressão;
 Capitulo ii: Metodologia – faz a descrição dos procedimentos metodológicos usados
durante o levantamento etnobotânico, a colecta dos materiais vegetais, obtenção dos
extractos, análises fitoquímicas e o ensaio de teste de sensibilidade antimicrobiano;
 Capitulo iii: Apresentação, análise, interpretação e discussão dos resultados -
Neste capítulo são apresentados, analisados e discutidos os resultados obtidos durante
a pesquisa.

Linha da pesquisa

A presente pesquisa científica enquadra-se na linha de pesquisa de Química dos


produtos naturais e sintéticos e suas aplicações. Esta linha consiste em melhorar o uso de
substâncias naturais, sintéticos e sua valorização e aplicação tecnológica.
17

Objecto de estudo

O presente trabalho tem como objecto de estudo: Actividade antimicrobiana do


extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à E. coli
e Candida albicans.

Problematização

A resistência dos microrganismos patogénicos aos antibióticos tem aumentado a taxa


de mortalidade no mundo. Na perspectiva de Estrela (2018), estima-se que 700 mil mortes
sejam causadas anualmente pela resistência aos antimicrobianos. De acordo com essas
análises, sem uma mudança de abordagem para conter o problema, até 2050, a resistência
antimicrobiana poderá causar mais mortes que o câncer. Dez milhões de óbitos anuais serão
atribuídos à resistência antimicrobiana. Em 2014, a resistência antimicrobiana foi reconhecida
como ameaça aos esforços mundiais de sustentabilidade e desenvolvimento pela Assembleia
Geral das Nações Unidas.

O aumento significativo de cepas resistentes aos antibióticos tem tornado um dos maiores
problemas de saúde pública, e essa resistência tem causado maior índice mortalidade. Devido
a esta situação, a população tende de buscar novas alternativas envolvendo plantas medicinais
para o controlo das infecções, e essa busca contínua de novas substâncias tem mostrado bons
resultados. Diante do exposto surge o problema da pesquisa:

 Será que o extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé
vera possui actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans?

Justificativa

A resistência progressiva dos microrganismos aos antibióticos tem despertado um


interesse na busca constante de novas substâncias activas e mais eficientes para o controlo dos
agentes infecciosos a partir de fontes naturais. Com isso, há necessidade de executar testes de
sensibilidade antimicrobiana (TSA) dos extractos vegetais que tem adquirido uma relevância
nas indústrias farmacêuticas. Este estudo tem a relevância no contexto da resistência
microbiana, principalmente em países em desenvolvimento como Moçambique e outros
países da África, visto que é uma óptima alternativa para investimentos em pesquisas, uma
vez que apontará para o uso de novos agentes antimicrobianos mais potente e eficazes diante
das infecções ocasionadas por E. coli e C. albicans.
18

Na sociedade, poderá proporcionar um conhecimento, quanto a composição química


das folhas das plantas em estudo e sua relação no tratamento de infecções fúngicas e
gastrointestinais.

Do ponto de vista científico, a pesquisa é extremamente importante, visto que de


forma directa aumenta o nível de teor de referências bibliográficas, no que concerne a
composição fitoquímica e a actividade antimicrobiana dos extractos das folhas de Azadirachta
indica e Aloé vera frente aos microrganismos testados. Ademais, também pode ser um ponto
de partida nas indústrias farmacêuticas para estudos aplicados com estas plantas na busca de
novas alternativas como a produção de medicamentos industrializados ou convencionais.

Formulação dos objectivos

Objectivo geral

 Avaliar actividade antimicrobiana in vitro do extracto hidroetanólico e aquoso das


folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli e Candida albicans.

Objectivos específicos

 Realizar levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas no controlo de


infecções gastrointestinais e fúngicas pela comunidade do bairro de Nampaco;
 Determinar os compostos fitoquímicos do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas
de Azadirachta indica e Aloé vera por método de reacções químicas.
 Testar a sensibilidade antimicrobiana do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas
de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli e Candida albicans por
método de disco de difusão;
 Determinar a concentração inibitória mínima do extracto hidroetanólico e aquoso das
folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli e Candida albicans;
 Comparar a potencialidade do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli e Candida albicans;

Questões da pesquisa

 Como realizar levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas no controlo


de infecções gastrointestinais e fúngicas pela comunidade do bairro de Nampaco?
19

 Como determinar os compostos fitoquímicos do extracto hidroetanólico e aquoso das


folhas de Azadirachta indica e Aloé vera?
 Como realizar testes de sensibilidade antimicrobiano do extracto hidroetanólico e
aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli e
Candida albicans?
 Como determinar a concentração inibitória mínima do extracto hidroetanólico e
aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli e
Candida albicans?

Hipóteses

 H0: O extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera possui
actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;
 H1: O extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera não possui
actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;
 H0: O extracto aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera possui actividade
antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;
 H2: O extracto aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera não possui
actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;
20

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1.Plantas medicinais

A OMS define planta medicinal como “todo e qualquer vegetal que possui, em sua
estrutura, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam
precursores de fármacos semi-sintéticos” (Ferreira, 2018).

Isso quer dizer que uma planta é considerada medicinal quando em suas estruturas
apresentar princípios activos (substâncias provenientes do metabolismo secundário) que
podem estar associados a actividade biológica.

1.1.1.Uso de plantas medicinais no Mundo

O uso de plantas medicinais, na cura de enfermidades, tem sido documento em todas


as sociedades humanas sendo parte da cultura de cada povo e pode ser entendido como uma
prática que atravessa milénios, estando historicamente presente na sabedoria do senso comum,
articulando cultura e saúde (Ferreira, 2018).

Com base neste autor, percebe-se que o uso de plantas medicinais não é uma prática
recente, mas sim desde o surgimento do homem têm sido utilizadas para vários fins e o seu
conhecimento varia de povo para povo.

Na contemporaneidade, a OMS indica que entre 70% à 95% da população nos países
em desenvolvimento, principalmente Ásia, África e América Latina, depende de terapias
alternativas, como o emprego de plantas medicinais na atenção básica de saúde. As plantas
medicinais ainda apresentam uma grande contribuição para a manutenção de saúde e alivio às
enfermidades em países em desenvolvimento. Entre os principais motivos, encontram-se as
condições de pobreza e a falta de acesso aos medicamentos, associados à fácil obtenção e
tradição do uso de plantas com fins medicinais (Ferreira, 2018).

Em Moçambique, a prática da medicina tradicional é mais observada, visto que maior


parte da população Moçambicana utiliza plantas medicinais para controlo de várias
enfermidades no seu dia-a-dia e este fluxo de praticantes da medicina tradicional pode ser um
reflexo da pobreza, falta de acesso aos medicamentos nos postos de saúde e por vezes falta de
hospitais ao nível das regiões. Por essa razão, as pessoas têm recorrido à medicina tradicional
como uma alternativa para o tratamento de enfermidades primárias à saúde.
21

1.1.2.Uso de plantas medicinas em Moçambique

À semelhança de outros países da África austral, Moçambique é um importante


repositório de diversidade vegetal. Albergando cerca de 5.500 espécies de plantas, calcula-se
que pelo menos 800 espécies sejam utilizadas para fins medicinais (Conde, 2014). A
investigação sobre essa matéria é recente, inscrevendo-se, grosso modo, na trajectória do país
após a independência, sobretudo a partir dos anos noventa, e procurando acompanhar as
resoluções da OMS no sentido da optimização do uso da medicina tradicional e da promoção
da investigação sobre plantas medicinais.

1.1.3.Etnobotânico

A etnobotânica é a ciência que estuda as interacções entre o homem e a planta, bem


como a compreensão de seu uso pelas populações. Ademais, está ligada à botânica e a
antropologia, englobando também conhecimentos farmacológicos, médicos, tecnológicos,
ecológicos e linguísticos. O conhecimento do homem em relação às plantas medicinais, surgiu
a partir das tentativas de suprir suas necessidades, e também como origem do acaso,
experiências e observações. Com a utilização correcta das plantas medicinais, a tendência é
que ocorram diversas vantagens para saúde humana, propiciando vários benefícios e
possibilitando o combate contra inúmeras enfermidades (Costa, 2017).

Quer dizer, a etnobotânica é um campo de conhecimento que se preocupa em


compreender a relação que existe entre o homem e as plantas, bem como a sua utilização nas
populações. Esta área está interligada com outras áreas de saber, tais como: antropologia,
botânica e entre outros. Ainda o autor, afirma que o conhecimento do homem pelas plantas
surge por vários factores. Por essa razão, foi realizado um levantamento etnobotânico de
plantas medicinais utilizadas no tratamento de infecções gastrointestinais e fúngicas pelos
moradores do bairro de Nampaco, em Nampula, onde procurava-se saber a idade dos
entrevistados, nível de escolaridade, os nomes vernaculares das plantas medicinais
envolvidas, as partes utilizadas, formas de preparação e de administração.
22

1.1.4.Azadirachta indica

O nim é uma planta de origem asiática, pertencente à família Meliaceae, natural de


Burma e das regiões áridas da Índia. O nim (Azadirachta indica) também pode ser encontrado
com os nomes de neen, margosa, nime, lila índio, ou ainda por Melia azadirachta L., Melia
indica. Brandis e Antelaea azadirachta (L.) Adelb ( Moraes et al, s/d).

A margosa sendo nome popular é assim conhecida pela população da província de


Nampula, que cientificamente é denominada Azadirachta indica. Esta planta é conhecida
pelos seus efeitos/resultados positivos no tratamento de dores diarreicas (doenças
gastrointestinais).

1.1.4.1.Classificação Taxonómica

Tabela 1: taxonomia de Azadirachta indica.


Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Classe Magnoliopsida
Ordem Sapindales
Família Meliaceae
Género Azadirachta
Espécie Azadirachta indica
Fonte: Autor (2021).

1.1.4.2.Actividade biológica do género Azadirachta

Diversas propriedades dos compostos presentes no “Neem” têm sido descritas na


literatura como antipirético, antimalárico, efeito antitumoral, antiulceroso, antidiabético,
contraceptivo, actividade depressora sobre o sistema nervoso central, efeito hipotensor,
actividade antioxidante, acção antifúngica e acção antibacteriana (Bernardi et al, 2012).

Para este autor, várias substâncias activas isoladas na planta Azadirachta indica são
descritas, devido suas actividades biológicas contra malária, tumor, úlceras, diabete, acção
antifúngica, antibacteriana e entre outras actividades biológicas.
23

1.1.4.3.Compostos fitoquímicos do género Azadirachta

Estudos monstra que o género Azadirachta contém uma quantidade de compostos


bioativos tais como: triterpenos isolados de extractos de sementes e folhas, o azadiractina, que
se encontra nas folhas e Flavonóides. Paralelamente, grande número de novos triterpenóides
com actividade biológica vem sendo isolado de extractos de sementes e folhas do Nim (Brasil,
2013).
Com isso, percebe-se que vários estudos evidenciam que o género Azadirachta possui
uma gama de princípios activos, como é o caso da azadiractina presente nas folhas,
triterpenóides isolados nos extractos das sementes e folhas.

Figura 1: Esqueleto químico de Azadirachtina

1.1.5. Aloé vera

É uma planta perene da família das Liliáceas. São espécies de plantas conhecidas
popularmente como babosa, (Buratto, 2013). A Aloé vera tem folhas grossas, espinhosas de
cor verdes, com o formato de lanças que crescem numa formação de roseta. Suas folhas são
suculentas e estão cheias de uma substância gelatinosa que pode ser extraída. Quando adultas,
suas folhas podem atingir até 75 cm de altura e chegar apesar de 1,4 a 2,3 kg cada uma.

Esta planta, para os moradores do bairro de Nampaco, cidade de Nampula, é


conhecida pelo nome babosa. Ademais, ela é conhecida pelos seus efeitos e é usada para curar
várias enfermidades primárias à saúde.
24

1.1.5.1.Classificação taxonómica

Tabela 2: Taxonomia de Aloé vera.

Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Ordem Liliopsida
Classe Liliales
Família Liliaceaes
Género Aloé
Espécie Aloé vera
Fonte: Autor (2021).

1.1.5.2.Actividade biológica do género Aloé

Existem vários relatos atribuídos à babosa, as mais variadas aplicações na medicina


popular e, de facto, estudos vêm corroborando que ela possui um grande potencial
terapêutico, principalmente em relação às actividades antimicrobianas, anti-inflamatória,
cicatrizante, antiviral, antioxidante (Buratto, 2013).

O autor acima afirma que existem várias aplicações da planta Aloé vera na medicina
tradicional, isto é, a planta tem sido utilizado para várias indicações terapêuticas e pesquisas
científicas vêm confirmando que a mesma possui uma gama de potencialidade contra
bactérias, fungos, vírus entre outros males.

1.1.6.Compostos fitoquímicos

 Alcalóides

Os alcalóides são substâncias orgânicas, complexas, que possuem ao menos um átomo de


nitrogénio em seu anel, apresenta carácter básico. Esse grupo de activos representa uma
quantidade muito significativa de substâncias, com estruturas diversas. Por apresentarem
muitas diferenças entre suas estruturas, os alcalóides podem manifestar efeitos tóxicos ou
curativos para o organismo humano, dependendo do seu tipo. Alguns dos alcalóides são
popularmente conhecidos como a morfina, heroína e cafeína, (Souza et al, 2016).
25

Com isso, percebe-se que os alcalóides podem variar de acordo com suas estruturas e os
seus efeitos podendo ser tóxicos ou curativos dependendo do tipo de alcalóides, e os mais
conhecidos são: cafeína, codeína, morfina e heroína.

Figura 2: Estrutura molecular de cafeína

Fonte: Souza et al (2016).

 Antraquinonas
São compostos aromáticos com duas colunas, usualmente uma oposta a outra no anel. As
antraquinonas podem ser formadas via acido chiquímico e acetato ou totalmente pela via do
acetato, (Cunha, 2013). Actividade antibacteriana, antifúngica, antiviral contra poliovírus dos
tipos 2 e 3 e antitumoral principalmente das naftaquinonas, porém essas acções são mais
importantes para as plantas visto que apresentam elevada toxicidade para as células animais,
(Thieme, 2009).

Literalmente o autor afirma que existem duas vias de biossíntese de antraquinonas, via de
acido chiquímico e pela via acetato. E, este composto bioactivo, possui actividade biologia
contra vírus, bactérias e tumor.

Figura 3: Estrutura básica de quinona e numerações dos anéis.

Fonte: Cunha (2013)


26

 Cumarinas

Cumarinas possuem um espectro amplo de actividade biológica. Estudos recentes, sobre


as actividades biológicas das cumarinas, evidenciaram que tem actividade antifúngica,
antimalárica, antioxidante, diurética, antiviral, anticoagulante, antiflamatória, antibacteriana e
entre outras actividades, (Souza 2005 & Lucetti, 2010:26).

Os autores afirmam que as cumarinas possuem actividade biológica contra fungos, vírus,
bactérias, são anticoagulantes, antiflamatória e entre outras actividades associadas.

 Flavonóides

Activos flavonóides são substâncias que apresentam 15 carbonos em sua estrutura base.
Existem aproximadamente 200 flavonóides identificados. Podem se apresentar no estado livre
ou na forma heterosidica. Por possuírem uma grande variação química, os flavonóides são
subdivididos em classes especificas de acordo com suas estruturas químicas, (Souza et al,
2016).

Quer dizer, existem vários flavonóides conhecidos, pois o autor acima afirma a existência
de 200 flavonóides que já foram identificados e existe uma variação química, isto é, os
flavonóides podem variar de acordo com as estruturas químicas.

Figura 4: Da esquerda para a direita, estruturas moleculares das flavonas, isoflavonas e antocianinas.

Fonte: Souza et al (2016).

 Saponinas

As saponinas são glicosídeos, ou seja, são substâncias formadas por parcela de açúcar
(glicona) ligada a um grupo aglicona que demonstra carácter terapêutico. Uma das suas
propriedades mais marcantes é a de formação de espuma persistente em solução aquosa
quando agitada.
27

Essa espuma formada, se mantém inalterável pela adição de ácidos minerais à solução.
Essa característica é explicada pela sua estrutura que contém uma parte hidrofóbica, e uma
parte hidrofílica ou lipofílica (afinidade com lipídeos), formada por um ou mais açúcares,
apresentando característica anfifílica (apresentam diminuição na tensão superficial da água e
suas acções detergentes e emulsificantes), (Souza et al, 2016).

Figura 5: Estrutura molecular comum da saponina esterioidal. O ciclohexano B pode variar com uma dupla
ligação.

Fonte: Souza et al (2016).

 Taninos
Os taninos abrangem um grupo de substancias complexas, amplamente distribuídas por
inúmeras espécies vegetais. Quimicamente são substâncias polifenólicas, de alto peso
molecular, capaz de precipitar proteínas em solução. Esses activos são compostos por
polifenóis, dificilmente separáveis por não cristalizarem. Podem ser separados em duas
classes distintas: taninos hidrolisáveis e taninos condensados (ou não hidrolisáveis). As
plantas que possuem esses activos podem ser utilizadas em feridas, queimaduras, cicatrizes,
problemas gastrointestinais, quadros inflamatórios e diarreias, (Souza et al, 2016).

Com isso, percebe-se que na visão deste autor, existem dois grupos de taninos,
hidrolisáveis e condensados. As plantas vegetais na qual nas suas estruturas possuem taninos
podem ser utilizadas em feridas, queimaduras, cicatrizes e infecções gastrointestinais.
28

Figura 6: Estrutura química de taninos condensados.

Fonte: Souza et al (2016).

 Terpenóides
Os terpenóides, entendidos como os terpenos e seus análogos oxigenados, representam
Fonte:Autor
uma classe bastante variada e extensa de compostos. Eles são formados por várias unidades de
isoprenos (C5H8) unidas, isso implica que os terpenóides seguem a razão de cinco átomos de
carbono para oito, de hidrogénio quando não há insaturações (duplas ligações ou anéis),
(Medeiros, 2014). Os triterpenos têm despertado amplo interesse mas pesquisas devido a seu
extenso espectro de actividade biológica, como antidiabetica, antibacteriana, antifúngica,
antiviral, antitumoral, antiulcerogenica, antiogenica, hepatoprotetora, neuroprotetora,
antiparasitica, analgésica, anti-inflamatoria, e antioxidante (Lima, 2014).

Os autores afirmam que devidos os vários efeitos biológicos dos terpenóides, eles têm
despertado aos pesquisadores a executarem cada vez mais testes contra diabetes, bactérias,
fungos, vírus, tumor, parasitas e entre outros.

Figura 7: Estrutura química de triterpenoide

Fonte: Souza et al (2016).


29

1.2.Microrganismos

1.2.1.Escherichia coli

A Escherichia coli pertence à família Enterobacteriaceae, é uma bactéria gram


negativa com forma de bacilo, faz parte da microbiota normal do trato gastrointestinal, no
entanto, existem determinadas cepas causadoras de doenças, tais como: ITU, septicemia,
meningite em neonatal e mais frequente associado com a “diarreia dos viajantes”, uma
diarreia aquosa, (Nascimento, 2013:14).

A principal via de transmissão da E. coli é representada pelo consumo de alimentos


contaminados. Dependendo da cepa, os sintomas vão desde gastroenterites com dores
abdominais, diarreia, febre, vómito a complicações crónicas como colite hemorrágica,
síndrome hemolítica urémica (HUS), púrpura trombótica trombocitopénica (TTP), doença
crónica nos rins e distúrbios nervosos centrais os quais levam a convulsões, com a e morte
(Santos, 2016:20).

O autor acima afirma que a espécie de Escherichia coli é transmitida por via de
consumo de alimentos contaminados, e a manifestação no corpo humano vai depender da
estirpe.

1.2.2.Candida albicans

C. albicans é um fungo trimórfico, normalmente encontrado na mucosa dos tratos


gastrointestinal e genitourinário, em 30 a 60% da população, onde reside em equilíbrio com a
flora bacteriana e o sistema imune do hospedeiro. Este fungo possui mecanismos de
adaptação aos diferentes nichos do hospedeiro, devido a características peculiares de pH,
níveis de O2, temperatura e disponibilidade de nutrientes. C. albicans tem a capacidade de se
apresentar em diferentes morfologias, na forma leveduriforme, pseudo-hifa ou de hifa
verdadeira conforme ilustrado na figura 8, (Cardoso, 2013).

Figura 8: Representação esquemática da morfologia de C. albicans


30

Fonte: Cardoso (2013).

1.2.2.1.Resistência antifúngica

A resistência de Candida aos antifúngicos (AF) é multifactorial, pelo que, diversos


factores deverão ser considerados aquando da escolha da terapêutica, (Vieira & Nascimento,
2017).

Os autores acima afirmam que a resistência das espécies do género Candida está
associado aos vários factores tais como: o tamanho das UFC, o local de infecção, a imunidade
dos indivíduos e o uso indiscriminados dos medicamentos.

Figura 9: Factores predisponentes para resistência aos antifúngicos.

Resistência aos AF

Candida Antifungico Hospedeiro

Resistência Dosagem Local de


Microbiologica incorrecta infecção

Tamanho da Parametros Estado


população farmacocineticos e
farmacodinamicos imunologico
fungica

Acção fungistica
ou fungicida

Fonte: Autor (2021).

1.2.3.Resistência antimicrobiana

A OMS define resistência antimicrobiana como a “capacidade de um microrganismo


impedir a actuação de um antimicrobiano”. Como resultado, os tratamentos tornam-se
ineficazes, e as infecções, persistentes e até incuráveis. Algumas das características de
resistência também se aplicam aos medicamentos utilizados no tratamento de doenças virais,
parasitárias ou fúngicas. Estima-se que 700 mil mortes sejam causadas anualmente pela
resistência aos antimicrobianos, (Estrela, 2018).
31

De acordo com essas análises, sem uma mudança de abordagem para


conter o problema, até 2050, a resistência antimicrobiana poderá causar mais mortes que o
câncer. De acordo com o economista britânico Jim O’Neill, até 2050, dez milhões de óbitos
anuais serão atribuídos à resistência antimicrobiana. Em 2014, a resistência antimicrobiana foi
reconhecida como ameaça aos esforços mundiais de sustentabilidade e desenvolvimento pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, (idem).
32

CAPITULO II: METODOLOGIA

2.1.Materiais de intervenção

Tabela 3: Materiais, reagentes e solventes de intervenção, desde a colecta dos vegetais até nos ensaios
laboratoriais.

Instrumentos Finalidade
Usados durante a amostragem
Faca Colecta dos materiais vegetais
Luvas Protecção das mãos durante a colecta
Sacos plásticos Conservação do material vegetal
Usados no Laboratório de Tecnologia Farmacêutica I e II
Frascos de Maionese Maceração
Balança Analítica e Vidros de relógio Pesagem do material vegetal
Espátula Transferência de sólidos (pó)
Usados no Laboratório de Etnobotânico e Fitoquímica (no CEIL)
Proveta Medição dos solventes
Papel de filtro Filtração do macerado
Erlenmeyer Recipiente de filtração dos extractos
Rota vapor Evaporação do álcool etílico e água
Frascos Conservação dos Extractos
Geleira Conservação dos extractos
Usados no Laboratório de Biologia e Química de UniRovuma – Extensão de Nampula
Tubos de ensaios Ensaios fitoquímicos
Pipetas Transferência de líquidos
Banho-maria Aquecimento de líquidos
Copos de bequer Preparação de soluções
Usados no Laboratório de Análises Clínicas do HCN
Placas de petri Preparação de meios de cultura
Pipetas automáticas Transferência e diluição dos extractos
Discos de difusão Impregnação dos extractos vegetais
Bico de Bunsen Flambagem
Incubadora bacteriológica Incubação dos meios de cultura
33

Halómetro (Régua) Medição dos halos de inibição


Reagentes e Solventes
Água destilada
Hipoclorito de sódio à 0,01%
Álcool etílico à 70%
Hidróxido de sódio à 10%
Ácido sulfúrico
Ácido clorídrico à 5%
Solução de iodo e iodeto de potássio/Wagner
Acetato de Chumbo à 10%
Meios de Cultura Ágar Muller-Hinton (para E. coli)
Ágar Sabouraud Dextrose (Para C. albicans)
Antibiótico Eritromicina e acido clavulánico

Fonte: Autor (2021).

2.2.Descrição da área de colecta do material vegetal

As folhas de Azadirachta indica e Aloé vera foram colectadas no bairro de Nampaco,


em Nampula, as 5:30 horas da manhã. Quanto à localização geográfica, a unidade comunal de
Nampaco, localiza-se no bairro de Namuthequeliua e seu nome provém da Pedreira Nampaco,
situada próximo do Seminário Médico pertencente a Diocese de Nampula, na estrada nacional
no 8, no troço entre a rotunda do Aeroporto de Nampula ao Controlo, numa extensão de 8km.

2.3.Levantamento etnobotânica

O método etnobotânico utilizado para colecta de dados foi o de entrevista com


aplicação de roteiro semi-estruturado aos moradores do bairro de Nampaco, na cidade de
Nampula, para obtenção de informações das plantas medicinais utilizadas em infecções
gastrointestinais e fúngicas. A abordagem foi feita directamente no domicílio dos
entrevistados, onde foram explicados em detalhes os objectivos da pesquisa, obtendo-se o
consentimento dos entrevistados em participar e colaborar com o estudo. Para tal, contou-se
com a sua disponibilidade, interesse e boa vontade, o que implicou em grande demanda de
tempo e também na criação de uma atmosfera amigável, onde a conversa fluía de maneira
confiável e informal. O roteiro da entrevista deu-se com as seguintes perguntas: idade, género,
34

nível de escolaridade, nome vernacular das plantas, parte da planta utilizada, formas de
preparo e de administrações e as suas respectivas indicações terapêuticas.

2.4.Colecta do material vegetal

As amostras vegetais foram colectadas no bairro de Nampaco, no dia 28 de Junho de


2021 as 5:30 horas da manhã.

2.4.1.Técnica de amostragem

Na matéria-prima a amostragem foi do tipo não probabilística, onde o pesquisador


seleccionou uma quantidade enorme/suficiente de folhas de Azadirachta indica e Aloé vera
para a secagem.

Para a colecta das folhas de babosa foi usada a metodologia de Queiroga et al (2019:
100 à 101), a colheita foi feita com uma faca, protegida com luva de couro; em seguida, foram
tratadas com muito cuidado para evitar danos e reduzir sua qualidade por uma incorrecta
manipulação. Para a colecta das folhas de Azadirachta indica, foi utilizada a metodologia de
Viana et al (2006) “foram colectadas juntamente com os talos e colocadas à sombra, em uma
fina camada para secagem ao ar, por um período aproximado de oito (8) dias até ficarem
desidratadas e quebradiças. Após a secagem, foram separadas as folhas do talo, visando o uso
somente das folhas para trituração”.

Durante a colecta das amostras vegetais foram atendidas as normas de qualidade em


seu aspecto e forma, tais como: apresentar bom aspecto em relação a sua cor e vigor, ausência
de manchas e sem danos físicos, como ilustra na figura 10.

Figura 10: A- Procedimentos de corte das folhas de Aloé vera; B: Colecta das folhas de Azadirachta indica.

A B
35

Fonte: Autor (2021).

2.4.2. Pré-tratamento das folhas de plantas

O material vegetal foi submetido a um pré-tratamento, onde as folhas de A. indica


foram imersas em solução de hipoclorito de sódio à 0,01% por 30 minutos. Quanto as folhas
de A. vera foram lavadas com água hipoclorada. Para tal, a concentração inicial de hipocloríto
de sódio foi de 1.25%, na qual precisou de reduzir por meio de cálculos de diluições de
soluções.

Tabela 4: Cálculos de concentração do hipoclorito de sódio e volumes de água


Dados Fórmula e Resolução Volume de água
C1=1.25% C1.V1=C2.V2 VA=V2-V1
V2=10000ml 𝑪𝟐∗𝑽𝟐 𝟎.𝟎𝟏%∗𝟏𝟎𝟎𝟎𝟎𝒎𝒍
V1= = = 𝟖𝟎 𝒎𝒍 de VA=10000ml-80ml
𝑪𝟏 𝟏.𝟐𝟓%
V1=? VA=9920ml de H2O
NaClO

Fonte: Autor (2021).

2.4.3. Secagem

As folhas foram secadas à temperatura ambiente, ao abrigo da luz solar directa, por
oito dias, que teve início no dia 28 de Junho até dia 05 de Julho de 2021. Sendo assim, foi
possível determinar o teor de humidade perdida durante o processo de secagem.

Tabela 5: Processo de secagem e cálculo do teor de humidade perdida nos materiais vegetais.

Folhas frescas Peso Fresco (g) Peso Seco (g) Teor de humidade
perdida
A. indica 1434 0,308 99,97%
A.vera 4776 0,508 99,99%
Fonte: Autor (2021).

2.5.Parte experimental

2.5.1.Preparação dos extractos

Após a secagem, as folhas foram trituradas com auxílio de almofariz de madeira e o pó


obtido foi conservado até o momento de uso. Foi empregue o método de maceração para a
obtenção do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera.
36

Este processo de extracção dos princípios activos foi realizado no Laboratório de Tecnologia
Farmacêutica I e II da Universidade Lúrio em Nampula.

2.5.1.1.Extracto hidroetanólico

O pó das folhas foi pesado numa balança analítica de marca/modelo ESJ210-4A®, e as


extracções foram feitas em solução hidroetanólico à 70% durante 9 dias, de seguida as
soluções foram filtradas com auxílio do papel de filtro. Os extractos foram colocados em
evaporador rotativo à 75oC de modelo R-1001VN® para remoção total do EtOH, para se obter
o extracto seco, porém não chegou à secura total, obtendo assim extractos viscosos e fluidos,
com um rendimento de 20.6% do extracto hidroetanólico de Azadirachta indica e 15.8% de
Aloé vera.

2.5.1.2.Extracto aquoso

A extracção foi feita usando água destilada durante 6 horas e as soluções foram
filtradas obtendo assim os extractos aquosos. Os extractos foram colocados em evaporador
rotativo a 95°C de modelo R-1001VN® para a remoção do solvente de extracção, obtendo
assim os extractos fluidos, com um rendimento aquoso de 35% das folhas de Azadirachta
indica e 45.5% de Aloé vera. Estes procedimentos foram realizados no Laboratório de
Etnobotânico e Fitoquímica da Universidade Lúrio em Nampula (no CEIL).

Figura 11: Processo de remoção do EtOH e água nos extractos das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera.

Fonte: Autor (2021).

Tabela 6: Obtenção dos extractos hidroetanólico e aquosos das folhas de A. indica e A. vera.
Material Tipo de extracto Volume de solvente Massa do Massa
vegetal de extracção vegetal final dos
(massa do pó) extractos
Folhas de A. Hidroetanólico 700ml 70g 14.42g
37

indica Aquoso 300ml 60g 21.11g


Folhas de A. Hidroetanólico 600ml 60g 9.51g
vera Aquoso 300ml 35g 15.23g
Fonte: Autor (2021).

Após a obtenção dos extractos hidroetanólicos e aquosos, foram conservados na


geleira e dia seguinte encaminhados ao Laboratório de Biologia e Química da Universidade
Rovuma – Extensão de Nampula para ensaios fitoquímicos.

2.5.2.Determinação dos compostos fitoquímicos

A metodologia utilizada para a determinação dos compostos fitoquímicos do extracto


hidroetanólico e aquoso das folhas de Aloé vera e A. indica foi proposta por (Silva et al, 2013,
Silva & Lima 2016, Fonseca et al, 2019). Nos extractos foram identificados os seguintes
metabólitos secundários: alcalóides, antraquinonas, cumarinas, flavonóides, saponinas,
taninos e terpenóides.

a) Teste para alcalóides


Utilizou-se 2ml de cada extracto das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, e
adicionou-se 5mL à solução de HCl à 5%, adicionou-se 3 gotas de KI, agitou-se e de seguida
adicionou-se 2 gotas de Iodo na solução, onde observou-se a mudança da coloração da
solução dos extractos.

b) Teste para antraquinonas


No ensaio de antraquinonas, utilizou-se 2ml de cada extracto das folhas de Azadirachta
indica e Aloé vera em 5ml de tolueno, e de seguida adicionou-se 2mL de solução de NH4OH
à 10%, agitou-se suavemente. Como resultado, observou-se o aparecimento de coloração
rósea, vermelha ou violeta na fase aquosa, indicou reacção positiva.

c) Teste para cumarinas


No ensaio para identificação de cumarinas, utilizou-se 2,0 mL da solução estoque de cada
extracto das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, adicionou-se 2 mL de NaOH 10%.
Após a adição, formou-se uma coloração amarela que indica a presença de cumarinas.

d) Testes para flavonóides


Esta pesquisa baseou-se na modificação da estrutura do flavonóides em presença de ácido.
Utilizou-se 2,0 mL de cada extracto das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, sendo
38

adicionado duas gotas de acetato de chumbo à 10%. A presença de um precipitado corado


indicou a positividade da reacção.

e) Teste para saponinas


No ensaio para as saponinas, utilizou-se 2,0 mL da solução estoque de cada extracto das
folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, e adicionou-se5,0 mL de água destilada e aqueceu-
se em banho-maria por 10 minutos. Após resfriamento, agitou-se, deixando em repouso por
20 minutos. Foi Classificado a presença de saponinas pela formação de espumas persistente.

f) Teste para taninos


Adicionou-se 2ml dos extractos em 5mL de água destilada e adicionou-se uma à duas
gotas de solução alcoólica de FeCl3 à 10%.Como resultado, observou-se qualquer mudança
na coloração ou formação de precipitado que indica reacção positiva. Precipitado escuro de
tonalidade azul, indica presença de taninos pirogálicos (taninos hidrolisáveis) e verde,
presença de taninos catéquicos.

g) Teste para terpenóides


Para os terpenóides empregou-se 2 mL da solução estoque de cada extracto das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera, e adicionou-se 4 às 5 gotas de ácido sulfúrico concentrado,
formando uma cor marrom vermelha ou o surgimento de colorações que vão do azul ao verde
que indicam a presença desse metabólito.

2.5.3.Actividade antimicrobiana

A metodologia usada para os ensaios antimicrobianos aos extractos foi proposta por
Nascimento (2013). Para avaliação da actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico e
aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, foram utilizadas as cepas de Candida
albicans e Escherichia coli disponibilizadas pelo Laboratório de Análises Clínicas do HCN,
no sector de parasitologia/microbiologia. Para o cultivo Escherichia coli utilizou-se o meio de
Ágar Muller-Hinton, e Ágar Sabouraud Dextrose para Candida albicans.

2.5.3.1.Preparação dos extractos e aplicação em discos

Para o preparo das diluições, foram utilizados cinco tubos de ensaio estéreis,
identificados com suas respectivas concentrações. Com auxílio de pipetas automáticas e
ponteiras estéreis, foi colocado 2mL de extracto puro no primeiro tubo (Concentração de
100%), retirando-se deste o volume de 1mL e aplicando tal volume no tubo seguinte (Tubo 2
39

– Concentração de 50%), que continha1mL de água destilada para extractos aquosos e EtOH à
70% para extractos hidroetanólicos que correspondem os solventes utilizados na elaboração
dos extractos. De forma semelhante, o procedimento foi feito até o tubo de numeração 5
(Concentração de 6,25%), sempre obtendo 1mL do tubo anterior e aplicando este volume no
tubo seguinte.

Tabela 7: Preparação das concentrações do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de Azadirachta indica e
Aloé vera.

Concentrações dos extractos


C1 (1:1) C2 (1:2) C3 (1:4) C4 (1:8) C5 (1:16)
100% 50% 25% 12,5% 6,25%
Fonte: Autor (2021).

2.5.3.2.Procedimentos microbiológicos

2.5.3.2.1.Suspensão microbiana e inóculo

Para o inóculo, as cepas escolhidas foram mantidas em meios de cultura apropriados,


durante 24h/36°C. Os inóculos foram preparados e padronizados em solução fisiológica
(NaCl de 0,9% p/v) disposta em tubos de ensaio esterilizada, comparando-se a turbidez com o
tubo nº 0,5 da escala Mc Farland a fim de se obter cerca de 106 UFC/mL.

2.5.3.2.2.Método de difusão em disco

Os testes para verificação da sensibilidade microbiana dos extractos em estudo, foram


realizados através da técnica de difusão em disco. As placas de petri foram inoculadas pela
técnica de espalhamento em superfície com o auxílio de “swabs” estéreis mergulhados na
suspensão contendo os inóculos, buscando-se obter crescimento uniforme dos
microrganismos.

Posteriormente, em cada placa foi feita a identificação dos locais que os discos com
diferentes concentrações deveriam ser aplicados, e com auxílio de pinças estéreis, os discos
previamente impregnados com extracto em diferentes concentrações foram distribuídos sobre
as placas, na qual foram então incubadas a 28-36°C por 24 horas, e após este período, foram
medidas as zonas de inibição, em milímetros com auxílio de um halómetro (régua). Cada
ensaio foi realizado em duplicata para cada cepa seleccionada. O resultado final foi
determinado pelo cálculo da média aritmética do tamanho dos halos de inibição encontrados.
40

2.5.3.2.3.Ensaios de actividade antimicrobiana

Realizou-se triagem da actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico e aquoso


pela técnica de difusão em disco, semeando o microrganismo, com auxílio de “swabs” estéreis
mergulhando na suspensão contendo o inoculo, perto da superfície do Ágar, de modo a se
obter um crescimento uniforme. Cada placa continha seis discos, sendo cinco deles
embebidos com extractos com concentrações 100%, 50%, 25%, 12,5% e 6,25% e um deles do
controlo positivo (eritromicina e acido clavulánico) para Escherichia coli, e para o controlo
negativo foi a solução hidroetanólico à 70% e água destilada. As placas foram incubadas em
estufa por 24 horas, obedecendo-se ao controlo da temperatura (28-36oC). As leituras das
placas foram realizadas após este período, através da medição dos halos de inibição de
crescimento (mm).

2.5.4.Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

Para a determinação da CIM do extracto hidroetanólico e aquoso, foram realizadas


diluições seriadas, a partir do extracto bruto 1:1, 1:2, 1:4, 1:8 e de 1:16. As diluições foram
obtidas transferindo-se 1ml da água destilada para os extractos aquosos e EtOH à 70% para
extractos hidroetanólicos em tubo, obtendo-se a diluição de 50%, a partir desta, foram obtidas
as demais diluições até obter a diluição de 6,25%. Foi considerada a CIM a concentração
menos que inibiu visualmente o crescimento microbiano.

2.6.Tratamento de dados
A análise estatística foi realizada com o auxílio do Statistical Package for the Social
Sciences® (SPSS®) versão 22.0 e Microsoft® Excel 2007. Os testes foram feitos em
duplicata, descritos em média, desvio padrão e os resultados são apresentados em forma de
tabelas e gráficos.

2.7. Análise estatística


Foi usado o teste de Shapiro wilk e Kolmogorov-smirnova para testar a normalidade
dos halos de inibição em função da concentração ou da forma do extracto. O Test-t pareado e
Wilcoxon foram usados para comparar a variação das médias dos halos de inibição formados
em função das concentrações. Usou-se correlação de Pearson e Spearman’s para verificar a
relação existente entre a concentração e o halo de inibição formado. Todos os testes foram
usados com um nível de significância de 5% (ɑ=0.05), isto é, um intervalo de confiança de
95%.
41

2.8.Fluxograma de etapas de actividades

Figura 12: Fluxograma de actividades laboratoriais.


Humidade

Operações unitárias Colecta do material vegetal

Teste de Sensibilidade Antimicrobiana


Pesagem Pré-tratamento Secagem Trituração

Remoção do solvente Maceração Obtenção do pó


Rendimendo
do extractos

Obtenção do extracto Hidroetanólico

Aquoso

Alcalóides
Wagner
Triagem fitoquímico
Antraquinonas
NH4OH 10%
Bauer

NaOH 10% Cumarinas Por reacções químicas

Bauer
Pb(C2H3O2)2 Flavonóides
Inóculo Preparação de
concentrações
H2O destilada Saponinas

v Método de Kirby-Bauer
FeCl310% Taninos

H2SO4 Triterpenóides
CIM C. positivo e negativo

Análise, apresentação,
interpretação e discussão Frente E.coli e C. albicans
dos resultados.
(Leitura dos resultados em 24h)

Fonte: Autor (2021).


42

CAPITLO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO


DOS RESULTADOS

3.1.Apresentação dos resultados

3.1.1.Levantamento etnobotânica

3.1.1.1.Dados dos entrevistados


Das 40 pessoas entrevistadas, dezoito (18) foram do sexo masculino, vinte e dois (22)
do sexo feminino.

Tabela 8: Resultados dos entrevistados por género no bairro de Nampaco.

Género Número de entrevistados Percentagem


Masculino 18 45 %
Feminino 22 55%
Total 40 100%
Fonte: Autor (2021).

A idade dos entrevistados variou entre 15 aos 55 anos. O maior número dos
entrevistados tinha idade que variava entre 15 aos 25 anos, que contou com (25) indivíduos
que correspondem 62%, seguindo com (9) pessoas correspondentes à 23% representando uma
idade mais avançada que varia entre 37 à 55 anos, e por último por último (6) correspondente
à 15%. Quanto ao nível de escolaridade dos entrevistados, verificou-se que (2)
correspondentes à 5% tinham o nível superior incompleto; (1) correspondente à 3% tinha o
nível superior completo; (9) correspondentes à 23% tinham o ensino secundário incompleto;
(11) correspondentes à 27% tinham o ensino secundário completo; (15) correspondentes a
37% tinham o ensino primário incompleto; e por último (2) correspondentes à 5% tinham o
ensino primário completo.

Como se refere a tabela 9, sobre as infecções gastrointestinais e fúngicas no bairro de


Nampaco, (26) pessoas entrevistadas que correspondem à 65%, alegam de ter algumas vezes
as infecções tais como: dores diarreicas e eczemas; (14) correspondentes à 35% alegaram que
nunca tiveram. E, sobre o conhecimento de plantas medicinais no bairro de Nampaco, (15)
indivíduos entrevistados que correspondem à 37,5%, conhecem algumas plantas medicinais
utilizadas no controlo de infecções gastrointestinais e fúngicas, (25) pessoas que
correspondem à 62,5% disseram que não conhecem.
43

Tabela 9: Resultados sobre as infecções gastrointestinais e fúngicas, e o conhecimento de plantas medicinais aos
moradores do bairro de Nampaco, em Nampula.

Questões Respostas e no de Percentagem


pessoas
1.Alguma vez já teve infecções SIM -26 65%
gastrointestinais e fúngicas? NÃO-14 35%
2.Conhece algumas plantas com fins SIM -15 37,5%
terapêuticas em relação essas infecções? NÃO-25 62,5%
Fonte: Autor (2021).

Os informantes, durante a entrevista, relataram que conhecem plantas medicinais


utilizadas no controlo de infecções gastrointestinais e fúngicas, e chegaram a citar mais de
uma planta ou combinações para o preparo do remédio caseiro. O número de plantas citadas
não é equivalente ao número de entrevistados pelo facto dos informantes mencionarem várias
plantas em uma só entrevista. Em um universo de (40) entrevistados 10 espécies foram citadas
pela maior parte dos informantes, que estão agrupadas em 9 famílias botânicas, conforme
pode se ver na tabela abaixo:

Tabela 10: Resultado de levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas no controlo de infecções
gastrointestinais e fúngicas no bairro de Nampaco, cidade de Nampula.

Nome Família Nome científico Parte Forma de Forma Indicação


vernacul utilizada Preparo de terapêuti
ar adminis ca
tração
Mussiro Olacaceae Olax dissitiflora Caule Cataplasma Tópico Eczemas

Cacana Cucurbitac Momordica Folhas Cataplasma Tópico Eczemas


eae balsamina
Nacasse Asteraceae Stevia Folhas Cataplasma Tópico Eczemas
rebaudiana
Ncapa-
khucu Solanaceae Datura metel Sementes Cataplasma Tópico Eczemas

Euclea
Mulala Ebenaceae natalensis Raiz Cataplasma Tópico Eczemas
44

Tópico Eczemas e
Babosa Liliaceaes Aloé vera Folha Cataplasma e chá infecções
e infusão gastrointe
stinais
Tópico Eczemas e
Nimbrika Meliaceae Azadirachta Folhas Cataplasma Chá infecções
indica e infusão gastrointe
stinais
Coqueiro Arecaceae Cocos nucifera Fruto -------------- Tópico Eczemas

Camomil Asteraceae Matricaria Folha Cataplasma Tópico Eczemas


a chamomilla
Plectranthus Infecções
Boldo Lamiaceae barbatus Folhas Infusão Chá gastrointe
stinais

Fonte: Autor (2021).

Os grupos botânicos mais representativos pertencem às famílias Asteraceae com 20%,


e seguida das Lamiaceae, Arecaceae, Meliaceae, Liliaceae, Ebenaceae, Solanaceae,
Cucurbitaceae e Olacaceae, cada uma com 10%.

3.1.2.Parte Experimental

3.1.2.1.Rendimento dos extractos

Depois do processo de extracção, obteve-se assim o rendimento de 20.6% do extracto


hidroetanólico e 35% do extracto aquoso das folhas de Azadirachta indica. E para o extracto
hidroetanólico das folhas de Aloé vera o rendimento foi de 15.8% e 45.5% do extracto
aquoso.

Tabela 11: Resultados dos rendimento do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de A. indica e A. vera.
Massa do vegetal Massa do Rendimento
Material vegetal Tipo de extracto (massa do pó) extracto final dos extractos
Folhas de A. Hidroetanólico 70g 14.42g 20.6%
indica Aquoso 60g 21.11g 35%
45

Folhas de A. vera Hidroetanólico 60g 9.51g 15.8%


Aquoso 35g 15.23g 45.5%
Fonte: Autor (2021).

3.1.2.2.Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Azadirachta indica

Os testes fitoquímicos no extracto hidroetanólico, revelaram resultados positivos para


alcalóides, cumarinas, flavonóides, saponinas, taninos, e terpenóides. Os mesmos deram
negativos para antraquinonas. No extracto aquoso foram positivos para alcalóides, cumarinas,
flavonóides, taninos e terpenóides. Para o caso das antraquinonas e saponinas os resultados
deram negativos.

3.1.2.3.Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Aloé vera

Os testes fitoquímicos no extracto hidroetanólico, revelaram resultados positivos para


alcalóides, cumarinas, taninos e terpenóides. Os mesmos deram negativos para antraquinonas,
flavonóides e saponinas. No extracto aquoso foram positivos para alcalóides, cumarinas,
flavonóides, saponinas, taninos e terpenóides. Para o caso das antraquinonas os resultados
foram negativos.

Tabela 12: Composição fitoquímica dos extractos hidroetanólicos e aquoso das folhas de Azadirachta indica e
Aloé vera.

Compostos Extractos das folhas


fitoquimicos Azadirachta indica Aloé vera
Hidroetanólico Aquoso Hidroetanólico Aquoso
Alcalóides + + + +
Antraquinonas - - - -
Cumarinas + + + +
Flavonóides + + - +
Saponinas + - - +
Taninos + + + +
Triterpenóides + + + +

Fonte: Autor (2021).

Legenda: (+) indica presença e (-) Ausência


46

3.1.2.4.Actividade antimicrobiana

3.1.2.4.1.Escherichia coli

Após o tempo de incubação, observou-se os halos de inibição do extracto


hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera, e para os extractos aquosos não
verificou-se as zonas de inibição. O controlo negativo feito com álcool etílico à 70% e água
destilada, os resultados evidenciaram que não houve nenhuma influência dos solventes na
actividade antimicrobiana dos extractos, e, este procedimento foi realizado visto que foram
obtidos extractos fluidos.

Tabela 13: Resultados da actividade antimicrobiana dos extractos hidroetanólicos e aquosos das folhas de A.
indica e A. vera frente à Escherichia coli, apresentados por halos de inibição (mm).

Diâmetro dos halos de inibição (mm)


Concentrações

Extractos das folhas Controlo (H2O


positivo destilada a
Azadirachta indica Aloé vera (Eritromicina e EtOH á 70%)
acido
clavulánico)
Hidroetanólico Aquoso Hidroetanólico Aquoso
100 0±0 0±0 0±0 0±0
50 0±0 0±0 0±0 0±0
25 7±0 0±0 3±0 0±0 23±0 0±0

12,5 7±0 0±0 7±0 0±0


6,25 9±0 0±0 8±0 0±0
Fonte: Autor (2021).

As concentrações do extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé


vera testadas frente à Escherichia coli, observou-se a formação dos halos de inibição na
concentração de 25% à 6,25%, enquanto os extractos aquosos o patógeno foi resistente em
todas concentrações testadas. Para o controlo positivo (eritromicina e ácido clavulánico)
observou-se halos de inibição de 23±0 mm (tabela no 13). Esses resultados mostraram que os
extractos hidroetanólicos possuem efeitos antimicrobianos moderadamente, e isto pode ser
pelo facto do EtOH ser um potente extractor das propriedades activas.
47

Figura 13: Teste de sensibilidade antimicrobiano in vitro do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera frente à Escherichia coli

.
Fonte: Autor (2021).

3.1.2.4.1.1.Extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica

Existe uma correlação forte negativa entre os halos formados e as concentrações do


extracto hidroetanólico, isto é, quando a concentração diminuía e os halos de inibição
aumentavam, facto este confirmado pelo teste de correlação de Pearson (r=-0,878) e com p>
0,05).

Gráfico 1: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica frente à
Escherichia coli.

12
9±0
10 y = 2,5x - 2,9
7±0
Halos de inibição (mm)

R² = 0,853 7±0
8

6
0±0
4
0±0
2
±0
0
0 1 2 3 4 5 6
-2
Concentrações

Fonte: Autor (2021).

No SPSS® o teste de Kolmogorov-Smirnova e Shapiro-Wilk mostrou que os dados


seguem uma distribuição normal com o valor de p> 0,05, e a variação das médias dos halos de
inibição não foram consideradas estatisticamente diferentes em função das concentrações do
48

extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica de acordo com o Test-t pareado, com
(t (4) =2,404, p> 0,05).

A curva de distribuição granulométrica no gráfico no 1, observa-se que a partir da


primeira e segunda concentração (1:1 e 1:2 ou 100% e 50%) aparentemente há uma diferença
das médias dos halos de inibição em comparação da terceira à quinta concentração (1:4, 1:8 e
1:16 ou 25%, 12,5% e 6,25%), mas esta diferença não foi considerada estatisticamente
significativa.

3.1.2.4.1.2.Extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera

Existe uma correlação forte negativa entre os halos formados e as concentrações do


extracto hidroetanólico, isto é, quando a concentração diminuía e os halos de inibição
aumentavam, facto este confirmado pelo teste de correlação de Pearson (r=-0,841) e com p>
0,05).

Gráfico 2: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera frente à Escherichia
coli.

10
8±0
8 y = 2,3x - 3,3 7±0
Halos de inibição (mm)

R² = 0,924
6 3±0

4 0±0

2 0±0

0
0 1 2 3 4 5 6
-2
Concentrações

Fonte: Autor (2021).

No SPSS® o teste de Kolmogorov-Smirnova e Shapiro-Wilk mostrou que os dados


seguem uma distribuição normal com o valor de p> 0,05, e a variação das médias dos halos de
inibição não foram consideradas estatisticamente diferentes em função das concentrações do
extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera de acordo com o Test-t pareado, com (t (4)
=2,129, p> 0,05).
49

A curva da distribuição granulométrica no gráfico no 2, observa-se que a partir da


primeira e segunda concertação (1:1 e 1:2 ou 100% e 50%) aparentemente há uma diferença
das médias dos halos de inibição em comparação da terceira à quinta concentração (1:4, 1:8 e
1:16 ou 25%, 12,5% e 6,25%), mas esta diferença não foi considerada estatisticamente
significativo.

3.1.2.4.2.Candida albicans

Após o tempo de incubação, observou-se os halos de inibição dos extractos


hidroetanólicos das folhas de A. indica e A. vera, e para os extractos aquosos não verificou-se
as zonas de inibição.

Tabela 14: Resultados da actividade antimicrobiana dos extractos hidroetanólicos e aquosos das folhas de A.
indica e A. vera frente à Candida albicans, apresentados por halos de inibição (mm).

Diâmetro dos halos inibição (mm)


Controlo
negativo
Concentrações

Extractos das folhas (H2O destilada


a EtOH á 70%)
Azadirachta indica Aloé vera
Hidroetanólico Aquoso Hidroetanólico Aquoso
100 0±0 0±0 0±0 0±0
50 0±0 0±0 0±0 0±0 0±0

25 0±0 0±0 0±0 0±0


12,5 7±0 0±0 0±0 0±0
6,25 8±1 0±0 9±1 0±0
Fonte: Autor (2021).

O extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica testado, verificou-se halos


de inibição na concentração 12,5% com uma média de 7±0 mm e na concentração de 6,25%
com 8±1 mm. Para o extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera verificou-se na
concentração de 6,25% com uma média de 9±1, quanto aos extractos aquosos o
microrganismo foi resistente em todas concentrações testadas.
50

Figura 14: ilustração do crescimento celular de Candida albicans em 24h.

Fonte: Autor (2021).


Figura 15: Teste de sensibilidade antimicrobiano in vitro do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera frente à Candida albicans.

Fonte: Autor (2021).

3.1.2.4.2.1.Extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica

Existe uma correlação forte negativa entre os halos formados e as concentrações do


extracto hidroetanólico, isto é, quando a concentração diminuía e os halos de inibição
aumentavam, facto este confirmado pelo teste de correlação de Spearman’s (r=-0,894) e com
p< 0,05).
Gráfico 3: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica frente à
Candida albicans.
10
7±0 8±1
8 y = -0,076x + 5,958
Halos de inibição (mm)

R² = 0,498
6 0±0
4
0±0
2
0±0
0
0 1 2 3 4 5 6
-2

-4 Concentrações
51

Fonte: Autor (2021).

No SPSS® o teste de Shapiro-Wilk mostrou que os dados não seguem uma distribuição
normal com o valor de p< 0,05, e a variação das médias dos halos de inibição não foram
consideradas estatisticamente diferentes em função das concentrações do extracto
hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica de acordo com o teste de Wilcoxon
(0,080>0,05) ou (p>0,05). A curva de distribuição granulométrica no gráfico no 3, observa-se
que a partir da quarta concentração (1:8 ou 12,5%) aparentemente há uma diferença da média
dos halos de inibição em comparação com a quinta concentração (1:16 ou 6,25%), mas esta
diferença não foi considerada estatisticamente significativa.

3.1.2.4.2.2.Extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera

Existe uma correlação forte negativa entre os halos formados e as concentrações do


extracto hidroetanólico, isto é, quando a concentração diminuía e os halos de inibição
aumentavam, facto este confirmado pelo teste de correlação de Spearman’s (r=-0,707) e com
p< 0,05).

Gráfico 4: Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera frente à Candida
albicans.

10
9±1
8
y = 1,8x - 3,6
R² = 0,5
Halos de inibição (mm)

6
0±0
4 0±0
2
0±0
0±0
0
0 1 2 3 4 5 6
-2

-4 Concentrações

Fonte: Autor (2021).


52

No SPSS® o teste de Shapiro-Wilk mostrou que os dados não seguem uma distribuição
normal com o valor de p< 0,05, e a variação das médias dos halos de inibição não foram
consideradas estatisticamente diferentes em função das concentrações do extracto
hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica de acordo com o teste de Wilcoxon
(0,080>0,05) ou (p>0,05).

3.2.Discussão dos resultados

3.2.1.Levantamento etnobotânico

3.2.1.1.Dados dos entrevistados


Das 40 pessoas entrevistadas, vinte e duas (22) foram do sexo feminino e dezoito (18)
do sexo masculino. Resultados semelhantes foram encontrados por Sousa e Felfili (2010), em
que 68,6% dos entrevistados eram do sexo feminino, e na comunidade do Horto, Juazeiro do
Norte (CE), em que 72% dos entrevistados eram do sexo feminino (Ricardo, 2011 apud Silva
& Faria, 2014). De acordo com Silva e Faria (2014), e Santos et al (2015), essa
predominância de pessoas entrevistadas pode estar relacionada ao facto de que as mulheres
permanecem, em virtude de suas actividades domésticas, um período maior em suas
residências, não ficando muito tempo fora de casa.

Durante a entrevista, feita aos moradores do bairro de Nampaco, em Nampula, notou-


se que os indivíduos do género masculino estiveram ausente nas suas moradias pelo facto de
este ser o maior número dos entrevistados do género feminino.

As informantes com a faixa etária de 37 à 55 foram responsáveis por maior número de


citações de plantas medicinais utilizadas no controlo de infecções gastrointestinais e fúngicas,
seguindo com a faixa etária entre 26 aos 36 anos. Resultados similares foram obtidos nos
estudos feitos por Tuler (2011:24), ao comparar o número de plantas citadas com idade dos
entrevistados, percebe-se que as mulheres com idade entre 40 aos 50 anos apresentam maior
conhecimento sobre as espécies medicinais, seguida dos idosos e por últimos jovens. Como
afirma Silva e Faria (2014), segundo os quais, pessoas mais velhas têm, em geral, mais
informações sobre as plantas medicinais.

Notou-se que os mais jovens de faixa etária entre 15 aos 25 anos possuem menor
conhecimento das plantas para fins medicinais, o que pode ser um reflexo da desvalorização.
53

Quanto ao nível de escolaridade dos entrevistados, verificou-se com maior número de


indivíduos com pouco grau, onde (15) pessoas que correspondem 37% dos entrevistados
alegaram terem ensino primário incompleto. Resultados semelhantes foram evidenciados por
Ricardo (2011), Silva e Faria (2014), que a maioria dos entrevistados no levantamento
etnofarmacológico também tinha pouco grau de escolaridade.

O grande número dos participantes que não concluíram o ensino primário pode ser
justificado pela falta de condições financeiras ou oportunidades para continuar com os
estudos. Notou-se ainda que para os entrevistados com menor nível de escolaridade fazem o
uso e possuíam mais conhecimentos em relação as plantas para fins terapêuticas.

Sobre as infecções gastrointestinais e fúngicas no bairro de Nampaco, (26) pessoas


entrevistadas que correspondem à 65%, alegaram ter algumas vezes as infecções, tais como
dores diarreicas e eczemas; (14) indivíduos que correspondem à 35% alegaram que nunca
tiveram. E sobre o conhecimento de plantas medicinais no bairro de Nampaco, (15)
indivíduos entrevistados que correspondem à 37,5%, conhecem algumas plantas medicinais
para o controlo de infecções gastrointestinais e fúngicas, (25) pessoas que correspondem à
62,5% disseram que não conhecem. Estudos feitos por Santos (2014), também encontrou
relação entre a perda dos conhecimentos tradicionais e a falta de interesse dos jovens em
aprendê-los, pois consideram esses conhecimentos ultrapassados.

A falta de conhecimento tradicional associado às plantas medicinais, por parte dos


moradores do bairro de Nampaco, na cidade de Nampula, pode ser justificada pela falta de
interesse das pessoas e por considerar ser uma prática antiga, visto que 63% dos entrevistados
não deram menção das plantas medicinais com fins terapêuticas, outro lado pode ser que aos
moradores tem acesso aos medicamentos convencionais ou industrializados.

Os grupos botânicos mais representativos pertencem às famílias Asteraceae com 20%


e seguida das Lamiaceae, Arecaceae, Meliaceae, Liliaceae, Ebenaceae, Solanaceae,
Cucurbitaceae e Olacaceae, cada família com 10%. Resultados similares foram encontrados
nos estudos de (Santos et al, 2015:18; Silva & Faria, 2014), as famílias com maior
representatividade, no levantamento, foram: Asteraceae e Lamiaceae. E estudos divergentes
feitos por Ricardo (2011:52), no levantamento etnobotânico na comunidade do horto, juazeiro
do norte, os grupos botânicos mais representativos foram às famílias Fabaceae (14%) e
Lamiaceae (12%).
54

A divergência dos resultados pode ser explicada pela área geográfica de estudo onde
realizou-se o levantamento etnobotânico, visto que a distribuição das espécies não é uniforme,
isto é, a predominância das famílias botânicas pode variar de acordo com a zonação.

A maior riqueza das plantas medicinais utilizadas no controlo de infecções


gastrointestinais e fúngicas encontradas na família Asteraceae (20%), pode ser justificada pelo
número de espécies e sua ampla distribuição no bairro em estudo. Na perspectiva de Tuler
(2011), a família Asteraceae inclui cerca de 23.000 espécies distribuídas em 1.535 géneros,
sendo considerada uma das maiores famílias botânica.

3.2.2.Parte Experimental

3.2.2.1.Rendimento dos extractos

Obteve-se maior percentagem do rendimento nas folhas de Aloé vera num total de
61,3%, sendo 15,8% do rendimento do extracto hidroetanólico e 45.5% do extracto aquoso, e
menor percentagem do rendimento dos extractos das folhas de Azadirachta indica, num total
de 55,6%, sendo 20,6% do extracto hidroetanólico e 35% do extracto aquoso. Resultados
divergentes foram encontrados nos estudos de Raphael (2012), o procedimento de extracção
de soxhlet usando o solvente clorofórmio mostrou que o extracto bruto das folhas de Aloé
vera (8,6%) foi inferior pelo extracto das folhas de nim (14,3%) do rendimento, e o método de
extracção aquoso deu um valor de 5,4% para as folhas de A. vera e 6,2% do rendimento para
nim, sendo menor rendimento para as folhas de A. vera. Os últimos rendimentos obtidos por
extracção aquosa neste estudo, mostra que existe uma semelhança dos resultados, visto que o
extracto aquoso da Azadirachta indica foi superior com (20,6%) e inferior para extracto
aquoso das folhas de Aloé vera com 15,8% de teor do rendimento, como se refere a tabela 11.

A divergência dos resultados pode ser atribuída ao tipo de solvente e o método usado
durante a extracção, visto que para este estudo foi empregue o método de maceração. As
percentagens maiores dos rendimentos foram obtidas nos extractos aquosos
comparativamente dos extractos hidroetanólicos, sendo para as folhas da Azadirachta indica
assim como nas folhas de Aloé vera. Ainda Raphael (2012), uso de solvente orgânico pode ser
facilmente evaporado do que água. Facto este os extractos aquosos possuírem maiores
rendimentos comparativamente dos extractos hidroetanólicos.
55

3.2.2.2.Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Azadirachta indica

Os resultados foram considerados positivos para alcalóides depois da formação de


uma cor marron após a adição do reactivo de Wagner no extracto hidroetanólico e aquoso das
folhas de Azadirachta indica, para cumarinas após adição de hidróxido sódio à 10% e
formação da cor amarela, para flavonóides após adição de duas gotas de acetato de chumbo e
formação de um precipitado corado, para tanino após de ser adicionado uma e duas gotas de
solução alcoólica de cloreto férrico III e formação de um precipitado escuro de totalidade azul
ou verde, para terpenóides após de adição de 5 gotas do acido sulfúrico concentrado formando
uma cor marrom ou o surgimento de coloração que vão do azul ao verde, positivo para
saponinas no extracto hidroetanólico após a formação de espumas persistentes, nos apêndices.
Resultados semelhantes foram encontrados nos estudos de Neto et al (2020), os testes
fitoquímicos das folhas de Azadirachta indica evidenciaram a presença de alcalóides,
flavonóides, taninos e cumarinas.

Com esses resultados, evidenciam que as folhas de margosa possuem uma ampla de
metabólitos secundários, e a presença desses compostos químicos podem estar associado a
actividade antimicrobiana.

Os testes para antraquinonas no extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de


Azadirachta indica foram considerados negativos porque não houve surgimento da coloração
rosa, vermelha ou violeta após adição de hidróxido de sódio à 10%, para saponina no extracto
aquoso também foi considerado negativo, pós não verificou-se a formação de espumas
persistentes. Resultados divergentes evidenciados por Raphael (2012), usando água destilada
e clorofórmio como solventes de extracção, detectou nas folhas de Azadirachta indica a
presença de antraquinonas e ausência de taninos e saponinas.

Esta divergência de fitoconstituintes nas folhas de Azadirachta indica pode ser


explicada pela seguinte forma, (i) a polaridades dos reagentes de extracção interfere a
presença ou ausência dos metabólitos secundários nos extractos vegetais, (ii) a concentração
desses compostos fitoquímicos nas plantas varia de zonação para zonação, (iii) o tempo/época
de colheita das amostras, e (iv) o método de extracção.
56

3.2.2.3. Determinação fitoquímica dos extractos das folhas de Aloé vera

No extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de Aloé vera, os resultados foram


considerados também positivos para alcalóides depois da formação da coloração marron após
a adição do reactivo de Wagner, para cumarinas após adição de hidróxido sódio a 10% e
formação da cor amarela, para tanino após de ser adicionado uma e duas gotas de solução
alcoólica de cloreto férrico III e formação de um precipitado escuro de totalidade azul ou
verde, para terpenóides após de adição de 5 gotas do ácido sulfúrico concentrado formando
uma cor marrom ou o surgimento de coloração que vão do azul ao verde, para os flavonóides
e saponinas considerados positivos no extracto aquoso e negativo no extracto hidroetanólico.
Resultados similares foram evidenciados por Raphael (2012), a triagem fitoquimica das folhas
de Aloé vera revelaram a presença de alcalóides, taninos, flavonóides e terpenóides, e
negativos para saponinas e antraquinonas.

Ainda comprovando a presença desses compostos fitoquímicos nas folhas de Aloé


vera, Dubeni (2013), a composição fitoquímica do gel e dos extractos de acetona,
diclorometano e aquoso das folhas de Aloé vera revelaram a presença de flavonóides,
saponinas, taninos e fenóis. Que esses resultados são similares com os de Kumar et al (2017),
nos extractos metanólicos detectou-se a presença de alcalóides, fenóis, flavonóides, saponinas
e terpenóides.

Estes resultados comprovam mais uma vez que nas folhas de Aloé vera existem
compostos fitoquimicos que podem ser responsáveis pelos seus efeitos medicinais, visto que
esta planta é mais usada/conhecida e reconhecida pelos praticantes da medicina tradicional
devidos as suas potencialidades fitoterapêuticas em diferentes patologias.

Os testes para antraquinonas foram considerados negativos em todos extractos das


folhas de Aloé vera, pois não se verificou a coloração rosa, vermelha ou violeta na solução
após a adição de NH4OH à 10%, resultado este esperado pelo autor, visto que não se
adicionou o tolueno (metilbenzeno) por falta deste reagente no laboratório. Resultados
semelhantes encontrados nos estudos de Lacerda (2016), com o perfil cromatográfico, nos
diferentes extractos de gel e de cascas das plantas de Aloé vera detectou a presença de
cumarinas, alcalóides e saponinas, e relevam resultados negativos para antraquinonas,
flavonóides, taninos, terpenóides, ácidos orgânicos, glicosideos cardioativos e entre outras
classes de fitoquímicas.
57

A concentração das propriedades activas nas plantas de certa maneira pode variar de
acordo com a localização geográfica (o tipo de solo e seu pH, o clima), a parte da planta
estudada, os métodos utilizados para a extracção e identificação dos princípios activos.

3.2.2.4.Actividade antimicrobiano

3.2.2.4.1.Extractos das folhas de Azadirachta indica frente à Escherichia coli

De acordo com os resultados obtidos neste estudo em relação à actividade


antibacteriana, pode-se referir que o extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica
foi muito activo na última concentração (1:16 ou 6,25%) com uma média de halo de inibição
de 9±0 e activo de forma uniforme nas concentrações de 1:4 à 1:8 ou de 25% à 12,5% com
uma média de 7±0 e que se considera a espécie de Escherichia coli sensível nessas
concentrações. Resultados semelhantes encontrados nos estudos de Mohammed et al (2015),
os extractos etanólicos das folhas de Azadirachta indica apresentaram forte actividade
antimicrobiana contra 100 cepas de testes bacterianas: Escherichia coli, Pseudomonas
aeruginosa, Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Enterococcus
faecalis.

Estudos divergentes foram evidenciados por Brito et al (s/d), os extractos etanólicos


das folhas de A. indica na concentração de 2000 µg/ml ocorreu uma inibição da cepa de S.
aureus nas duplicatas, em contrapartida, com a E. coli houve a formação de colónias
agregadas.

Esses resultados obtidos pelo autor acima são semelhantes ao estudo feito, visto que o
extracto aquoso verificou-se agregações bacterianas, o que implica a E. coli foi resistente ao
extracto aquoso, mas vale lembrar que o tipo de solvente usado para extracção dos princípios
activos é diferente.

3.2.2.4.2.Extractos das folhas de Aloé vera frente à Escherichia coli

De acordo com os parâmetros estabelecidos neste estudo em relação à actividade


antibacteriana, pode-se referir que o extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera foi muito
activo na última concentração (1:16 ou 6,25%) com uma média de halo de inibição de 8±0 e
activo na concentração de 12,5% com uma média de 7±0 e na concentração de 25% com 3±0.
A espécie de Escherichia coli foi considerada sensível na concentração de 12,5% e 6,25%,
visto que o extracto conseguiu inibir visualmente o crescimento microbiano.
58

Para o extracto aquoso não verificou-se as zonas de inibição, isto é, o patógeno não foi
sensível a este tipo de extracto.

Resultados convergentes e divergentes foram encontrados nos estudos de Stanley et al


(2014), sobre efeitos antimicrobianos da Aloé vera em alguns patógenos humanos, o extracto
metanólico inibiu o crescimento de E. coli (3mm), o extracto etanólico inibiu o crescimento
de Escherichia coli, S. aureus e C. albicans com zonas de inibição de 6,5 e 4 mm
respectivamente, e enquanto o extracto aquoso teve zonas de inibição de 6,4 e 3 mm. E Kaveri
et al (2013), extractos de éter de petróleo, clorofórmio e metanólico das folhas de Aloé vera
apresentaram actividade antimicrobiana contra Staphylacoccus aureus, Klebsiella pneumonia,
Escherichia coli e Candida e Aspergullus niger.

Os resultados apresentados acima mostraram que os extractos etanólicos tiveram


actividade antimicrobiana apreciável contra Escherichia coli, e que esta planta é promissor
nas indústrias farmacêutica para a produção de novos fármacos contra doenças infeccionas
por este microrganismo testado.

3.2.2.4.3.Extractos das folhas de Azadirachta indica frente à Candida albicans

De acordo com os resultados obtidos neste estudo em relação à actividade antifúngica,


pode-se referir que o extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica foi muito activo
na concentração 12,5% e 6,25% (1:8 e 1:16) com uma média de halo de inibição de 7±0 e
8±1e que se considera a espécie de C. albicans sensível nessas concentrações. Resultados
divergentes foram encontrados nos estudos de Beraldo et al (2015), o extracto bruto
produzido com álcool etílico 70% e hexano das folhas secas de Azadirachta indica,
revelaram-se incapazes de inibir a cepa C. albicans mesmo na concentração de 2000 µg/mL, o
extracto a base de acetato de etila foi o único capaz de exercer efeitos inibitórios em C.
albicans ATCC 10231 na concentração de 2000 µg/mL.

Quanto ao extracto aquoso, o microrganismo foi considerado resistente em todas


concentrações, visto que o extracto não foi capaz de inibir visualmente o crescimento do
patógeno testado. Estudos divergentes feitos por Arumugam (2015), Candida albicans foi
inibido em mais de 6 mm em meio aquoso e extractos etanólicos de nim. Semelhante aos de
Neagesh at al (2017), o extracto aquoso de folhas de Azadirachta indica verificou-se a
máxima actividade antifúngica em Candida albicans (12,23 ± 0,023 a 500 µl).
59

A concentração dos princípios activos associados a actividade antimicrobiana pode


varia de época para época, e assim como os erros experimentais podem reflectir nos
resultados.

3.2.2.4.4.Extractos das folhas de Aloé vera frente à Candida albicans

De acordo com os parâmetros estabelecidos neste estudo em relação à actividade


antifúngica, pode-se referir que o extracto hidroetanólico das folhas de Aloé vera foi muito
activo na última concentração (1:16 ou 6,25%) com uma média de halo de inibição de 9±1.
Santos (2019), nas fracções do gel de Aloé vera nas concentrações de 250; 125; 31,2 e 7,8 g/
mL, apresentaram actividade antifúngica no que concerne à inibição da formação de biofilme
de C. albicans, inibindo cerca de 70% do mesmo.

Resultados divergentes foram encontrados nos estudos de Saniasiaya at al (2017),


verificando o efeito antifúngico do extracto etanólico das folhas de Aloé vera obtido por
Soxhlet, não havia zonas de inibição para o extracto etanólico para Candida albicans, para A.
niger houve formação de zonas de inibição em todas concentrações testadas.

Esta divergência de resultados pode ser justificada pelos métodos na qual a autora
usou para extracção dos princípios activos, visto que para este estudo foi empregue o método
de maceração por apresentar varias vantagens.

Quanto ao extracto aquoso, o microrganismo foi considerado resistente em todas


concentrações, visto que o extracto não foi capaz de inibir visivelmente o crescimento do
patógeno testado. Resultados semelhantes encontrados por Saniasiaya at al (2017), não havia
zona de inibição para extracto etanólico aquoso das folhas de Aloé vera para Candida
albicans. Evidenciam mais uma vez que os extractos aquosos das folhas de Aloé vera não
possuem acção antifúngica frente á Candida albicans, isto é, não é um potente antifúngico.

3.3.Concentração inibitória mínima

CIM do extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica está entre a


concentração 1:8 e 1:16 ou 12,5% e 6,25% para E. coli e C. albicans. Para as folhas de Aloé
vera, a CIM está entre a 1:8 e 1:16 para E. coli, na concentração 1:16 para A. albicans, o
extracto hidroetanólico considera-se um potente antimicrobiano, pois, conseguiu inibir
visualmente o crescimento microbiano nessas concentrações. Quanto aos extractos aquosos
não verificou-se as concentrações inibitórias mínimas.
60

Verificação e validação das hipóteses

 H0: O extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera possui
actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;

Esta hipótese é considerada válida porque os microrganismos testados (E. coli e C.


albicans) foram sensíveis aos extractos hidroetanólicos das folhas de Azadirachta indica e
Aloé vera.

 H1: O extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera não possui
actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;

Esta hipótese não é válida, pois após a incubação dos meios de cultura, observou-se a
formação de halos de inibição em função das concentrações dos extractos das folhas de
Azadirachta indica e Aloé vera, evidenciando assim que os extractos hidroetanólicos possuem
actividade antimicrobiana frente à E. coli e C. albicans

 H0: O extracto aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera possui actividade
antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans

Esta hipótese não é válida, visto que em todas concentrações testadas do extracto aquoso
das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera verificou-se agregações microbianas, ilustrando
que os patógenos testados são resistentes a este tipo de extracto.

 H2: O extracto aquoso das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera não possui
actividade antimicrobiana in vitro frente à E. coli e C. albicans;

Esta hipótese é considerada válida porque os microrganismos mostraram ser resistentes


em todas concentrações testadas, evidenciando assim que o extracto não possui efeito
antimicrobiano num teste in vitro.
61

Conclusão

De acordo com os resultados obtidos neste estudo, conclui-se que:

 No levantamento etnobotânico, os grupos botânicos mais representativos pertence à


família Asteraceae;
 Nas folhas de Azadirachta indica e Aloé vera há presença de alcalóides, cumarinas,
flavonóides, saponinas, taninos e terpenóides, e ausente de antraquinonas;
 A CIM para extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica está entre a
concentração 1:8 e 1:16 ou 12,5% e 6,25% para E. coli e C. albicans. E para as folhas
de Aloé vera a CIM está entre a 1:8 e 1:16 para E. coli e na concentração 1:16 para A.
albicans, enquanto para aos extractos aquosos não se verificaram a CIM.
 O extracto hidroetanólico das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera possui
actividade antimicrobiana in vitro, e mostra-se como um potente antimicrobiano, que
este apresenta como uma eficaz alternativa terapêutica para infecções por E. coli e C.
albicans, e quanto aos extractos aquosos não tem efeito antimicrobiano frente à E. coli
e C. albicans.
 Os compostos fitoquímicos detectados nas folhas de Azadirachta indica e Aloé vera,
utilizados no tratamento de infecções fúngicas e gastrointestinais pelos moradores do
bairro de Nampaco, tem uma relação com actividade antimicrobiana contra Candida
albicans e Escherichia coli.
62

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LXVII

APÊNDICES

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURAL

Levantamento Etnobotânico de Plantas Medicinais Utilizadas no Tratamento de Doenças


gastrointestinais e fúngicas no Bairro de Nampaco, em Nampula.

Sexo: M ( ); F ( ); Idade_______________

1.Qual é o seu nível de escolaridade?

( ) Ensino primário incompleto


( ) Ensino primário completo
( ) Ensino secundário incompleto
( ) Ensino secundário Completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo

2.Alguma vez Já teve infecções gastrointestinais e fúngicas?

( ) Sim;

( ) Não.

3.A/O Sra./Sr. Conhece plantas medicinais para tratamento de infecções gastrointestinais e


fúngicas?

( ) Sim;

( ) Não.

4.Se sim, quais são as plantas medicinais utilizadas no tratamento de infecções


gastrointestinais e fúngicas?
Nome Família Nome Parte Forma de Forma de Indicação
vernacular científico utilizada Preparo administr terapêutica
ação

Fonte: Autor, 2021.


LXVIII
68

Material de Colecta de Dados

1. Secagem das folhas de Azadirachta indica e Aloé vera

Folhas frescas Peso Fresco (g) Peso Seco (g) Teor de humidade
perdida
A.indica
A.vera

2. Produção dos extractos das folhas de A. indica e A. vera

Material Tipo de Volume Massa do pó Massa do Rendimento


vegetal extracto de vegetal extracto dos
solvente final extractos
de
extracção
Folhas de Hidroetanólico
A.indica Aquoso
Folhas de A.vera Hidroetanólico
Aquoso

3. Determinação dos compostos fitoquimicos dos extractos das folhas de A. indica e A.


vera
Compostos Extractos das folhas das plantas
fitoquímicos Azadirachta indica Aloé vera
Hidroetanólico Aquoso Hidroetanólico Aquoso
Alcalóides
Antraquinonas
Cumarinas
Flavonóides
Saponinas
Taninos
Triterpenóides
Onde: (+) Presente; (-) Ausente. (Fonte: autor, 2021).

4. Actividade antimicrobiana do extracto hidroetanólico e aquoso das folhas de A. indica


e A. vera frente à Escherichia coli e Candida albicans, apresentados por halos de
inibição (mm)

Diâmetro dos halos de inibição (mm)


Concentraçõe

Extractos das folhas Controlo Controlo


positivo negativo
s

Azadirachta indica Aloé vera (H2O


destilada à
70%)
Hidroetanólico Aquoso Hidroetanólico Aquoso
C1
69
LXIX

C2
C3
C4
C5

Figura 16: Processo de filtração dos extractos das folhas de Azadirachtaindica e Aloévera.

Fonte: Autor (2021).

Figura 17: ilustra no âmbito da medição dos extractos para nos tubos de ensaio.

(Fonte: Autor, 2021).


70
LXX

Figura 18: Identificação de alcalóides. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta indica;
C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).

Figura 19: Identificação de antraquinonas. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta
indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).

Figura 20: Identificação de cumarinas. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta indica;
C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).


LXXI
71

Figura 21: Identificação de flavonóides. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta
indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).

Figura 22: Identificação de saponinas. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta indica;
C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).

Figura 23: Identificação de taninos. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta indica; C-
extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).


LXXII
72

Figura 24: Identificação de terpenóides. A- extracto hidroetanólico e B- aquoso das folhas de Azadirachta
indica; C- extracto hidroetanólico e D- aquoso das folhas de Aloé vera.

A B C D

Fonte: Autor (2021).


LXXIII
73

ANEXOS
Figura 25: Credencial institucional direccionada à Universidade Lúrio, em Nampula.

Fonte: Autor (2021).


LXXIV
74

Figura 26: Despacho de autorização para realização dos ensaios laboratoriais

Fonte: Autor (2021).


LXXV
75

Figura 27: Credencial direccionado à Universidade Rovuma – Extensão de Nampula, para autorização de
realização de testes fitoquimicos no laboratório de biologia e Química.

Fonte: Autor (2021).


LXXVI
76

Figura 28: Credencial direccionado ao Laboratório de Analises Clínicas do HCN.

Fonte: Autor (2021).

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