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Colégio Integrado Monte Maior

Filosofia

Ensaio Filosófico
Será que a ciência devia fazer
parte da formula da felicidade?

« A mente que se abre a uma


nova ideia jamais voltará ao seu
tamanho original»
Albert Einstein

« As perguntas em filosofia são


mais essenciais que as respostas
, e cada resposta transforma-se
numa nova pergunta»
Karl Jaspers

João Cruz Teixeira; Nº10; 11ºA 2020/2021


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De modo a expor a minha posição relativamente ao problema filosófico levantando, vulgo “Será que a
ciência devia fazer parte da fórmula da felicidade?”, começarei por definir o conceito em estudo, “felicidade”. Na
Grécia antiga, a felicidade era o resultado da junção de duas palavras: (eu-) bem disposto e (-daimon)
espirito/divino. Atualmente esta é definida como: 1. Concurso de circunstâncias que causam ventura/ 2. Estado de
pessoa feliz/ 3. Sorte/ 4. Ventura, dita/ 5. Bom êxito.( https://dicionario.priberam.org/felicidade).
A felicidade tem sido um tema central e de elevada relevância no mundo da filosofia, basta olhar para
filósofos de renome tais como Aristóteles, Epicuro, Nietzsche, Sócrates, Platão, Kant, D. Hume, B. Russel, entre
outros. A discussão sobre este tema estende-se desde a Antiguidade até ao presente, porém, e de modo a obter uma
aproximação da melhor definição e explicação para a felicidade, a filosofia aliou-se à ciência nesta procura. O
estudo da definição deste conceito é imprescindível, na medida em que a mesma está na natureza do ser humano,
sendo este um ser racional, procura saber e conhecer não só o mundo, mas como também a essência do próprio
“eu”.
Ao problema que serviu de mote a este ensaio filosófico: “ Se Será que a ciência devia fazer parte da
fórmula da felicidade?”, a minha posição é bastante clara. Não, não acredito que a ciência deva fazer parte daquilo
que é chamada a formula da felicidade.
Do meu ponto de vista, o ser humano percorre um caminho a sua vida toda para atingir um fim, enfrentando
todos os obstáculos que se impõem durante esse percurso, como por exemplo desilusões, com a ajuda de valores,
identidade étnica, entre outros. Nós, enquanto seres humanos temos consciência dos nosso atos e das ações que
tomamos, e tentar dar e/ou explicar a razão por detrás de tudo acaba por tornar tudo o que Nós fazemos fútil, algo
comparável com outros seres ou objetos que nós seres humanos somos tão orgulhosos em dizer que somos
superiores, usarmos a ciência para tentar classificar ou mensurar a existência de sentimentos, a razão dos nossos
atos, algo tão simples como lavar os dentes, e até a nossa existência em si. Para suportar o meu ponto de vista vou
usufruir da ótica Existencialista, que, de acordo a minha posição sobre este tema, me parece a mais adequada.
“-Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade”1, uma frase de
grande impacte da autoria de Bertrand Russell, isto para dar a entender aos apoiantes da razão, amantes da ciência
e da explicação lógica, que nem tudo tem de ser preto e banco, isto é, a felicidade, um sentimento tão belo e puro,
único, que nos brinda com a sua presença sem pedir algo em troca. Algo que nos é intrínseco, porém transcende a
explicação humana, um sentimento que está sempre a porta, mas não chega a sair a não ser que o momento, a
pessoa, o objeto, algo que nos marque, sirva de chave para fazer florir o belo sentimento.
Para complementar temos também Nietzsche que nos diz: “A felicidade é frágil e volátil pois, só é possível
senti-la em certos momentos. Na verdade, se pudéssemos vivenciá-la ininterruptamente, ela perderia valor, uma
vez que só percebemos que somos felizes por comparação”2, com esta frase acaba por complementar o que foi dito
anteriormente, adicionando mais um pilar na argumentação contra o tema em debate. A ciência ao procurar a razão
e ao tentar chegar à formula da felicidade, o que já aconteceu, faz com que eu me sinta roubado porque ridiculizam
a chave que abria a porta à felicidade, e invés de porta passa a ser uma zona aberta que com os aparelhos corretos,

João Cruz Teixeira; Nº10; 11ºA 2020/2021


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façam com que este sentimento seja algo tão fútil como levantar da cama, perdendo assim a essência que este
sentimento continha, reforçando a perspetiva de Nietzsche e a minha.
Da perspetiva dos apoiantes da ciência em busca da lógica e razão de ser da felicidade, estes dizem que a
felicidade é, e pode ser obtida através duma formula, tal como uma que usamos em matemática para obter o
tamanho do lado do triângulo (Teorema de Pitágoras [h^2=c^2+b^2]), através de desta formula conseguiram obter
resultados que constatavam que os indivíduos estavam felizes e que era possível medir este sentimento com a sua
formula mediadora. O que me faz levantar a perguntar, porque é que não se desenvolve um mecanismo que servisse
de motor produtor de felicidade para o ser humano? Já que o ser humano não vê limites em nada, porque não ceder
a exclusividade da felicidade, produzi-la e vendê-la em pacotes individuais nos supermercados? Patentear e tirar a
exclusividade ao sentimento?1
Antes de desenvolver este ensaio, usei o método de Sócrates, respondendo a mim mesmo com mais
perguntas, o que me levou a querer, ainda mais, expressar a minha opinião sobre o tema, mas a única maneira de
fazer chegar as minhas conclusões/perspetiva e informação aos leitores é quando são postas em causa, isto é,
quando perguntamos o ponto de vista das pessoas sobre o tema.
Em resposta as objeções, aos amantes da ciência, da razão e da lógica, eu digo, ou melhor. A todos os
leitores independentemente da posição que tomam, faço-vos umas perguntas enquanto resposta aos contra-
argumentos do meu trabalho. Dão valor aos sentimentos, tais como a felicidade? Prezam a exclusividade e a
essência única desse sentimento que varia de pessoa para pessoa? Como te sentirias, se de repente te dissessem
que o que tinhas já não é mais exclusivo?
À primeira vista parecem perguntas simplesmente de resposta rápida, mas se nos aprofundarmos e
procurarmos a resposta no interior do nosso ser, deixa talvez de ser uma pergunta tão simples assim. E da mesma
maneira que comecei o tema, será a maneira como iriei terminar este ensaio! Com estas perguntas que nos tomam
as rédeas do pensamento e nos deixam florir para onde a resposta que procuramos nos leva. Convido-vos a pensar
também e a fazer este exercício mental que me digam! Será que a ciência devia fazer parte da fórmula da
felicidade?

“O problema da introspeção é que ela


não tem fim”
Philip K. Dick

1
Citação da autoria de Bertrand Russell, “A Conquista da Felicidade”
2
Citação da autoria de Friedrich Nietzsche, “O Homem não quer felicidade”

João Cruz Teixeira; Nº10; 11ºA 2020/2021


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Webgrafia
 https://www.google.com/search?q=introspec%C3%A7%C3%A3o+frases&tbm=isch&ved=2ahU
KEwjK1N_j1bjwAhWIw4UKHWgvDIsQ2-
cCegQIABAA&oq=introspec%C3%A7%C3%A3o+frases&gs_lcp=CgNpbWcQAzICCAAyBgg
AEAgQHlCMmQRY2qgEYIKtBGgAcAB4AIABjAGIAeQHkgEDOC4ymAEAoAEBqgELZ3dz
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=pt-PT#imgrc=skZuFUMTwTJfcM
 https://www.opopular.com.br/noticias/ludovica/blogs/2.233387/filosofia-com-1.861139/a-
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 https://www.youtube.com/watch?v=Ra1Dmz-5HjU&ab_channel=CrashCourse
 https://www.youtube.com/watch?v=e9dZQelULDk&ab_channel=SteveCutts (ACONSEHLO)
 https://www.google.com/search?q=a+felicidade+%C3%A9+fragil+e+volatil&oq=a+felicidade+
%C3%A9+fra&aqs=chrome.2.69i57j0l2j0i22i30l6j69i64.12435j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-
8
 https://www.google.com/search?q=nao+possuir+algumas+coisas+desejamos&sxsrf=ALeKk03Y
D-
0yGqI6WcCEhZsCwsEwMsY4BQ:1620423054795&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahU
KEwiW8cOkwrjwAhXQg_0HHUnaBIEQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1536&bih=722
 https://www.institutoalbatroz.org.br/o-que-a-ciencia-diz-sobre-felicidade/
 https://www.google.com/search?q=existencialistas&oq=existencialistas&aqs=chrome..69i57j0l3j
0i30l2j0i10i30j0i30l3.7339j0j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8
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PT&sa=X&ved=2ahUKEwiiu73zprPwAhUSWBoKHUlpBqoQ_AUoAHoECAEQAA
 https://www.google.com/search?q=felicidade+etimologia+grecia+antiga&sxsrf=ALeKk01Nfrac3
1pZ5yCxGhh-
__IkQJtZSg%3A1620149228832&ei=7IORYMiGMtGh5NoPubypgA8&oq=felicidade+etimolog
ia+grecia&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAEYADIFCCEQoAFQAFgAYN0NaABwAHgAgAHXAYg
B1wGSAQMyLTGYAQCqAQdnd3Mtd2l6&sclient=gws-
wiz&ved=0ahUKEwjIrJGaxrDwAhXREFkFHTleCvAQ4dUDCA4&uact=5
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Eudaimonia

FIM

João Cruz Teixeira; Nº10; 11ºA 2020/2021

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