Você está na página 1de 16

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

LEGISLAÇÃO – art. 11, 149; CF, art. 7º,XXIX; Lei nº 8.036/1990, art.
23, §5º; CCB, art. 189-211.
JURISPRUDÊNCIA – Súm. 6 (item IX), 114,156,199 (item III), 206, 268,
275, 294, 308, 325, 327, 350, 362, 373, 382, TST;
OJ SDI-1 38, 83, 129, 175, 242, 243, 271, 344, 375, 392, 401, 404,
417, TST.

INTRODUÇÃO
Quando se diz que alguém tem um determinado direito,
estamos dizendo, que este indivíduo tem direito a alguma coisa, bem
como direito de exigir esta determinada coisa, caso o devedor não
satisfaça espontaneamente a sua obrigação.

Assim, sempre que o devedor não paga ou não entrega ao credor a


coisa devida, este tem a possibilidade de acionar o Estado-Juiz para que
imponha ao devedor a satisfação forçada da obrigação.

Nasce assim, a PRETENSÃO que é a possibilidade de exigir a


satisfação do direito por meio de uma ação judicial.

Embora o credor seja titular desta pretensão, não é razoável que


ele demore anos para, a seu bel prazer, vir exercer a sua pretensão em
relação àquele direito quando bem entender. É EXATAMNTE NESTE
PONTO QUE SURGE A IDÉIA DE PRESCRIÇÃO.

Já no início da era Cristã, a sociedade repugnava a inércia do


credor, presumindo que, se ele demorasse muito tempo para reivindicar
seu direito, era sinal de que o direito efetivamente não existia, e o
credor tentava vencer o devedor pelo cansaço.

Assim, prescrição é a corrosão da pretensão antiga pelo


tempo, ante a inércia do credor.

NORMAS GERAIS DA PRESCRIÇÃO

1. Os particulares não podem declarar imprescritível qualquer direito,


mesmo que em benefício do empregado, não se aplicando neste caso
o princípio da condição mais benéfica - art. 192 do CC;

2. Os prazos só podem ser fixados por lei e não podem ser majorados
em qualquer hipótese pelos particulares, mesmo que em benefício
do trabalhador;
3. As partes não podem criar hipóteses de interrupção, suspensão ou
causas de impedimento do fluxo da prescrição, nem o juiz fazer
interpretação extensiva ou análoga - art. 192 do CC;
4. Antes de consumada, a prescrição não pode ser renunciada art.
191 do Código Civil;
5. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o
seu sucessor, salvo quando absolutamente incapaz - art. 196 do CC
c/c art. 198, I do CC;
6. Com o principal prescrevem os acessórios;
7. A prescrição em curso não gera direito adquirido;
8. Tanto as pessoas naturais como as jurídicas sujeitam-se à
prescrição;
9. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu ou do último ato praticado no processo para a
interromper - art. 202, parágrafo único do CC;
10. A interrupção do prazo prescricional só poderá ocorrer uma vez -
art. 202 caput do CC;
11.Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só
aproveita aos outros se a obrigação for indivisível- art. 201 do CC.

PRESCRIÇÃO TRABALHISTA

CONCEITO:

Homero Batista Mateus da Silva, define prescrição como: “a


perda de uma pretensão, decorrente da inércia prolongada do credor, e
tendo por fundamento a estabilidade das relações jurídicas, também
considerada como pacificação das relações sociais, e como
consequência a perda da exigibilidade.

A prescrição extintiva tem perfeita aplicação no campo


trabalhista e ela se divide em quatro espécies:

a) Prescrição extintiva (propriamente dita): 2 anos;


b) Prescrição total: 5 anos;
c) Prescrição parcial: 5 anos;
d) Prescrição intercorrente: 2 anos - Súmula 150 do STF.

ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO

1- PRESCRIÇÃO EXTINTIVA

A prescrição extintiva diz respeito à pretensão, à


exigibilidade do direito. Começa a fluir após a extinção do pacto,
independente de ter ou não ocorrido alguma lesão.

Seu prazo é de dois anos - art. 7º, XXIX da CRFB c/ c art. 11


da CLT. Extinto o ajuste trabalhista o empregado terá o prazo de
dois anos para ajuizar a ação trabalhista que vise à reparação de
qualquer lesão ocorrida na vigência do contrato. Transcorrido o
prazo, sem que a parte tenha exercido seu direito, a pretensão está
prescrita.

Art. 7º, XXIX - Ação, quanto aos créditos resultantes das


relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato. (grifos nossos)

Portanto, a prescrição bienal distingue-se das demais porque


seu prazo não começa a fluir da lesão e sim da desconstituição do
contrato, peculiaridade da decadência.

Desta forma, se algum direito for criado por lei ou norma


coletiva, após extinção do contrato de trabalho, começa a fluir o
prazo para reclamar o implemento ou cumprimento de tal direito na
data de sua criação e não com a extinção, em face dessa semelhança
que a prescrição extintiva tem com a decadência.

Por esse motivo a prescrição da ação de cumprimento começa


a partir do trânsito em julgado da sentença normativa; a diferença
da indenização adicional de 40%, decorrente dos expurgos
inflacionários incidentes sobre o FGTS prescreve em dois anos
contados a partir da Lei Complementar 110/01- OJ344 da SDI 1
do TST; o pedido de readmissão em virtude de anistia a flui a partir
da concessão da anistia - art. 8º do ADCT e Lei nº 8.878/94, etc.

2- PRESCRIÇÃO TOTAL

A prescrição total aplica-se às lesões contratuais que se


iniciaram há muito e que se estancaram há mais de cinco anos do
ajuizamento da ação. Seu prazo é de cinco anos, contados da
lesão. Também está relacionada com o ato único praticado há mais
de cinco anos.

Entende-se como ato único aquele que não se protrai no


tempo, como, por exemplo, o dano moral, o não pagamento da
indenização prevista na Súmula 291 do TST, devido em face da
supressão do labor extra etc.

Ato único é a lesão única, isto é, que não repercute mês a


mês, não tendo efeito de trato sucessivo.

3- PRESCRIÇÃO PARCIAL

A prescrição parcial é de cinco anos e tornam-se inexigíveis as


parcelas anteriores a cinco anos da data do ajuizamento da ação -
OJ 204 da SDI-I do TST.

CASOS ESPECIAIS

MENOR DE IDADE

Contra o menor de 18 anos não corre a prescrição (art. 440 da


CLT). Por se tratar de regra de proteção à idade e não à capacidade, já
que a CLT destinou aos relativamente incapazes a imprescritibilidade
quando o Código Civil o faz apenas para o absolutamente incapaz.
Ressalte-se que a lei se refere "ao menor de 18 anos" e não ao incapaz.

Não alteram a prescrição a ser aplicada ao menor: a emancipação,


o casamento, o emprego público efetivo, a colação de grau em curso de
ensino superior pelo estabelecimento civil ou comercial. Ademais, por
já ser empregado é capaz.

A prescrição prevista no art. 440 da CLT aplica-se apenas ao


trabalhador menor e não ao herdeiro do empregado falecido. Desta
forma, os herdeiros só poderão exigir os créditos não alcançados pela
prescrição quando do falecimento do empregado.

Na vigência do contrato a prescrição parcial passa a produzir seus


efeitos quando o menor completar 23 anos, já que a sua prescrição
começa a fluir com 18 anos (inclusive).

DAS CAUSAS QUE IMPEDEM E SUSENDEM A PRESCRIÇÃO

De acordo com Código Civil:

Art. 197. Não corre a prescrição:


I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,


durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos


Estados ou dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em


tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;


II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
(... )

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado
no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva
sentença definitiva.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores


solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer


uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a


citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou


em concurso de credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que


importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da
data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a
interromper.

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer


interessado.

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos


outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou
seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.

§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros;


assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve
os demais e seus herdeiros.

§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor


solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando
se trate de obrigações e direitos indivisíveis.

§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o


fiador.

O prazo prescricional é suscetível de suspensão ou interrupção.


Havendo suspensão, cessada a causa que a determinou, o prazo
continua a fluir, sem desprezo do período já transcorrido. Na
interrupção o prazo recomeça desde o início, não computando o
prazo já transcorrido.

INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

O art. 202 do CC de 2002 dispõe em seu caput que a interrupção


da prescrição só pode ocorrer uma vez. Essa previsão se aplica
subsidiariamente ao Direito do Trabalho, já que a CLT é omissa a
respeito e tal determinação é compatível com os princípios adotados por
esse ramo do direito.

Desta forma, havendo sucessivos atos interruptivos, apenas o


primeiro destes irá interromper a prescrição, os demais não produzirão
qualquer efeito, reiniciando a fluência do lapso prescricional, ou seja,
não ajuizada a ação após o primeiro ato interruptivo, seja ele qual for, o
prazo prescricional fluirá contínua e inexoravelmente.
A lei se referiu a uma única interrupção antes da ação que se
está julgando, pois no curso da ação a prescrição fica suspensa.

As causas interruptivas da prescrição são fatos provocados e


determinados diretamente pelas partes. A interrupção susta a
contagem prescricional já iniciada, eliminando inclusive o prazo
prescricional em curso, ou seja, o prazo recomeça do zero, o que
favorece mais largamente o titular do direito, do que as chamadas
causas suspensivas ou impeditivas.

As causas impeditivas são fatores que a lei considera indicativos


de restrições sofridas pelo titular do direito no que tange à defesa de
seus próprios interesses.

Quando se trata de causas impeditivas inviabilizam,


juridicamente, o início da contagem da prescrição.

E, em se tratando de causas suspensivas, sustam a contagem


prescricional já iniciada.

DEMORA NA CITAÇÃO

De acordo com o art. 219, §§ 3º e 4º do CPC o réu deve ser


citado em até 90 dias, sob pena de não se ter por interrompida a
prescrição.

O prazo fixado pela lei processual é perfeitamente compatível


com o Processo do Trabalho e refere-se apenas aos casos em que a
citação não ocorrer por culpa exclusiva do autor. Assim, quando o
reclamante fornecer diversas vezes endereço incorreto do réu e, por
isso, ultrapassar o prazo de 90 dias entre a distribuição e a citação
(notificação), a prescrição não será interrompida desde a
distribuição da ação, mas sim a partir da efetiva citação.

Se, entretanto, a demora na citação se der por culpa do


Judiciário, o autor não poderá ser prejudicado, não se aplicando a
penalidade prevista no § 4º do art. 219 do CPC - Súmula 106 do
STJ c/c § 2º do art. 219 do CPC.

AJUIZAMENTO DA AÇÃO

A citação válida importa em interrupção da prescrição, na


forma do art. 219, § 1º. do CPC C/C o art. 202, I do CC e retroage
à data do ajuizamento da ação quando distribuída, uma vez que em
comarcas com mais de um cartório há necessidade de prévia
distribuição.

Portanto, a data da propositura da ação só é considerada se


houve citação válida, salvo se em 90 dias o réu não for citado por
culpa do autor - art. 219, § 4º do CPC.

Citado o réu, mesmo que o processo seja extinto sem


julgamento de mérito, a prescrição estará interrompida quanto aos
mesmos pedidos e causa de pedir - Súmula 268 do TST.

ARQUIVAMENTO

O "arquivamento" da reclamação trabalhista equivale à


extinção do processo sem julgamento de mérito e interrompe a
prescrição, desde que tenha havido citação válida - Súmula 268 do
TST.
De acordo com o parágrafo único do art. 202 do CC a
prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Entende-se como último ato do processo o praticado pelo juiz


com cunho decisório, não estando incluídos, pois, os atos
cartoriais e os despachos de mero expediente exarados pelo juiz.
No caso de arquivamento, o último ato é a decisão de
"arquivamento", isto é, a sentença de extinção do processo sem
julgamento de mérito.

A jurisprudência também tem se posicionado desta forma:

No caso de "arquivamento" de reclamação a contagem do


biênio prescricional final para propositura de nova ação
reinicia-se precisamente da data do "arquivamento" (último
ato praticado no processo) quando se deu a cessação da
causa interruptiva. TST, la T., RR 258.823/96.7, Rei.
Oreste Dalazen. CARRION, Valentin. Comentários à
Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo: Saraiva. 28.
ed., 2003. p. 73.

CONTAGEM DO PRAZO INTERROMPIDO

Havendo interrupção da prescrição a contagem da prescrição


extintiva recomeça a partir do ato interruptivo. Entretanto, o mesmo
não ocorre em relação à prescrição parcial.

A contagem da prescrição parcial em caso de interrupção


anterior tem sido motivo de grande discussão na doutrina e de
controvérsia na jurisprudência.

Rodolfo Pamplona, defende que, em caso de interrupção por


arquivamento, o qüinqüênio deve ser computado a partir do
ajuizamento da ação que está sendo julgada, excluído o período de
paralisação ocasionado pela ação em curso que foi arquivada
(suspensão). Explica que deve ser abatido todo o período compreendido
entre o ajuizamento da primeira reclamatória e seu arquivamento, por
constituir direito adquirido do empregador e, por isso, será computado
para efeitos desse quinquênio. O exemplo abaixo é apontado por
Rodolfo Pamplona:

João da Silva despedido em 1º/12/91, e havendo a interrupção


da prescrição no período de 1º/12/92 a 1º/12/93, se vem este
novamente a reclamar em 1º/l2/94, quando do cálculo das
parcelas efetivamente deferidas no processo de conhecimento, só
poderão ser quantificadas as parcelas devidas entre 1º/1l2/88 e
1º/l2/91 ou seja, 3 (três) anos de relação de emprego, pois pela
aplicação da prescrição qüinqüenal, 1 (hum) ano prescrito
refere-se ao período anterior à primeira reclamação, e outro no
que diz respeito ao período entre o arquivamento da primeira
reclamatória e o ajuizamento da segunda.

Uma segunda vertente posiciona-se no sentido de que apenas a


prescrição extintiva é passível de interrupção. A prescrição parcial flui
formalmente, não devendo ser excluído qualquer período, nem os
referentes a suspensão.

PRESCRIÇÃO. AJUIZAMENTO DE AÇÃO ANTERIOR.


INTERRUPÇÃO DO PRAZO. Nos termos das Súmulas 268 do C.
TST e 14 deste Eg. TRT, a ação trabalhista anteriormente
ajuizada, ainda que arquivada, interrompe a prescrição em
relação aos pedidos idênticos. (TRT da 3.ª Região; Processo:
00457-2012-018-03-00-8 RO; Data de Publicação: 10/02/2014;
Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Maria Lucia Cardoso
Magalhaes; Revisor: Paulo Chaves Correa Filho)

PROTESTO JUDICIAL

O protesto judicial é espécie do gênero da ação cautelar


administrativa e tem por finalidade a preservação do direito do
trabalhador de reclamar créditos oriundos do contrato de trabalho.

O protesto para ter os efeitos desejados - interromper a


prescrição precisa indicar as parcelas trabalhistas que pretende a
interrupção. Não se admite protesto genérico para estes efeitos
SUSPENSÃO

As causas impeditivas e suspensivas da prescrição paralisam a


contagem do prazo da prescrição extintiva total e parcial.

Além das hipóteses previstas nos arts. 197, 199 e 200 do CC, a
CLT também trata da suspensão no art. 625-G CLT.

“Art.625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da


provocação da Comissão de Conciliação Prévia,
recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da
tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do
prazo previsto no Art. 625-F”.

“Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo


de dez dias para a realização da sessão de tentativa de
conciliação a partir da provocação do interessado”.

O recesso forense suspende a prescrição - art. 179 do CPC c/ c


art. 177, § 1º do RITST c/c Súmula 105 do TFR (STJ) - TRT -
Súmula 262, II do TST.

Suspenso o contrato de trabalho o fluxo do prazo prescricional


não restará suspenso, salvo quando presentes as hipóteses
contidas na lei como suspensivas, mesmo em virtude de auxílio
doença, conforme se verifica pelos julgados abaixo transcrito.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - SUSPENSÃO DO CONTRATO


DE TRABALHO - PRESCRIÇÃO - CONTAGEM.

Esta Corte já firmou entendimento de que: -A suspensão do


contrato de trabalho, em virtude da percepção do auxílio-doença ou
da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da
prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta
impossibilidade de acesso ao Judiciário- . Precedentes. Recurso de
revista não conhecido.
Neste sentido a OJ-SDI1-375 do TST-

OJ-SDI1-375 AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.
PRESCRIÇÃO. CONTAGEM (DEJT divulgado em 19, 20 e
22.04.2010)

A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção do


auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a
fluência da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de
absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário.

CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL

Dias ad quo

O curso do prazo prescricional inicia-se com a lesão (actio nata).


Isto significa que a fluência do prazo começa quando o direito se torna
exigível.

Antes de vencido o direito, o credor não pode exigi-lo do devedor,


logo seu prazo ainda não começou a fluir.

Dias ad quem

Se o último dia do prazo prescricional recair em dia feriado,


domingo ou recesso, será prorrogado para o primeiro dia útil posterior.

ARGUIÇÃO DA PRESCRIÇÃO

Antes da Lei nº 11.280/2006, o § 5º do art. 219 do CPC


dispunha que "não se tratando de direitos patrimoniais, o juiz poderá,
de ofício, conhecer da prescrição e decretá-la de imediato", e agora,
com a nova redação, preconiza: "o juiz pronunciará, de ofício, a
prescrição." (grifos nossos)
Com a alteração do dispositivo legal, o poder de declaração
judicial ex oficio da prescrição passa a ser regra processual trabalhista.

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

Trata-se de outra questão ligada à seara processual que suscita


inúmeras controvérsias na doutrina.

Prescrição intercorrente é aquela verificada no próprio processo,


sempre que o autor abandone a demanda e deixe de impulsionar o
processo.

O STF entende cabível a prescrição intercorrente no processo do


trabalho, nos termos da Súmula 327.

O TST, por sua vez, entende incabível o instituto:

Súm. 114. Prescrição intercorrente (mantida). Res. 121/2003, DJ


19, 20 e 21.11.2003. É inaplicável na Justiça do Trabalho a
prescrição intercorrente.

QUEM PODE ARGUI A PRESCRIÇÃO INTECORRENTE?

A título de ilustração, notadamente dos argumentos do TST para


adotar tal entendimento, mencionem-se os seguintes arestos:

Agravo de instrumento em recurso de revista. Execução.


Prescrição intercorrente. A jurisprudência desta Corte Superior
considera inaplicável a prescrição intercorrente no processo do
trabalho. Nesse sentido, a Súmula n" 114 do TST. Ademais, no
caso, o Tribunal Regional registrou, expressamente, que a
demora da execução não decorreu de inércia da parte exequente,
mas, sim, da complexidade da matéria envolvida e do número de
beneficiários do título executivo. Portanto, não prospera a
alegação de afronta ao artigo 7°, XXIX, da Constituição Federal
(TST, 78 Turma, AIRR 31700-19.2008.5.13.0004, ReI. Min. Pedro
Paulo Manus, DEJT 30.11.2012).

Recurso de revista. Execução. Prescrição intercorrente. Aplicação


no processo do trabalho. A pronúncia da prescrição intercorrente
de créditos na fase de execução de sentença equivale a declarar a
ineficácia do título executivo judicial, em manifesta afronta ao
art. 5°, inc. XXXVI, da Constituição da República. Recurso de
Revista de que se conhece e a que se dá provimento (TST, 58
Turma, RR 84885-25.2002.5.12.0031, ReI. Min. João Batista
Brito Pereira, DEJT 30.11.2012).

DECADÊNCIA OU CADUCIDADE
CONCEITO:

É a perda de um direito potestativo pelo decurso de prazo fixado


em lei ou em contrato.

Por direito potestativo se deve entender aquele que é exercido


unilateralmente pelo sujeito, independentemente da vontade do outro.

A decadência extingue o próprio direito, ao contrário da


prescrição, que extingue a pretensão (exigibilidade), mantendo intacto o
direito.

As hipóteses e prazos decadenciais são fixados não só pela lei,


mas também pela vontade das partes. Entretanto os prazos
decadenciais previstos em lei não podem ser alterados pela vontade das
partes.

Os prazos decadenciais ao contrário dos prescricionais, não são


suscetíveis a impedimento, suspensão ou interrupção.
A decadência tem pouquíssima aplicação no âmbito trabalhista.
Não obstante pode ser estipulada por acordo entre as partes ou até
mesmo por ato unilateral (como no regulamento da empresa, acordo
coletivo, convenção coletiva).

A decadência regula prazos fatais para o exercício de faculdades


de aquisição de vantagens novas no âmbito concreto da relação de
emprego.

Exemplo clássico de prazo decadencial no direito do trabalho é a


prerrogativa de propositura de inquérito judicial para apuração de falta
grave de empregado estável, nos termos do art. 853 da CLT, Súmula
403 do STF, Súmula 62 do TST.

A decadência pode ser declarada pelo Juízo ex officio e em


qualquer grau de jurisdição. Sendo de ordem pública é irrenunciável. O
prazo decadencial não se interrompe ou suspende e corre contra todos,
inclusive contra aqueles que a prescrição não corre. O prazo
decadencial só é impedido pelo efetivo uso da ação, antes de seu termo.

NO PROCESSO DO TRABALHO OS PRAZOS DECADENCIAIS MAIS


IMPORTANTES SÃO:

– Inquérito Judicial para apuração da falta grave: 30 dias da


suspensão;
– Mandado de Segurança: 120 dias da ciência do ato atacado – art.
18 da Lei 1.533/51;
– Ação rescisória: 02 anos contados do trânsito em julgado da
última decisão proferida nos autos, seja ela de mérito ou não.

Você também pode gostar