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Trabalho Final - Estetica Zumthor
Trabalho Final - Estetica Zumthor
Docente: Fátima Pombo
Adalberto Pinto Elsa Machado Guilherme Farinha Helena Freitas Mariana
Gavela
A luz expõe uma presença vital na sinfonia dos nossos sentidos, é uma
condição prévia para a saúde humana, hábil de contruir uma noção de escala e de
dimensões do espaço em que estamos inseridos. É possível separar os diferentes
tipos de luz, através da iluminação criada pelo ser humano (luz artificial) e a
iluminação projetada pelo sol e pela lua (luz natural).
Levando em conta a definição, Zumthor trata a luz com extrema importância nos seus
projetos, uma vez que desenha os interiores como espaços onde esta ganha o maior
destaque. Em consequência, o arquiteto privilegia a luz natural, a luz difusa, quando a
descreve como fonte luminosa única, potente e capaz de iluminar a nossa imaginação.
“The light of sun, the day, that reaches the surface of the earth, from outer space, is big
and strong and directed. It is one light.”. Em contraste à atmosfera subjacente da luz
artificial que lhe parece pálida e doentia.
Perante a relação que determina com a luz, Zumthor cita um texto de Friederike
Mayrocker sobre como as emoções e as memórias sensoriais constituem uma luz
própria. A felicidade, a solidão, o orgulho, são imagens e sentimentos que têm uma luz
única e representativa. O que o leva a refletir e questionar sobre a possibilidade da
existência de tudo o que nos rodeia sem este elemento tão significativo — “Is it even
possible to imagine things without light?”.
Outra referência que é abordada por Zumthor a respeito da conexão entre luz e
penumbra é a obra “In praise of shadows” do escritor japonês Tanizaki Jun’ichiro.
Assim como na estética tradicional japonesa, Jun’ichiro valoriza a sombra como parte
integrante nas suas construções. Ou seja, a sombra é encarada como um objeto que
não deve ser erradicado, porém empurrado para as suas margens, de forma a ser
observado em relação aos objetos que o fundem. Semelhante à ideia defendida por
Zumthor de que tudo no mundo, incluindo as sombras, necessitam também de luz
para se manifestarem - “Jun’ichiro praises shadows. And shadows praise light.”.
Uma vez apontada a ligação entre luz e sombra, Zumthor referencia a obra de
Andrzej “The world behind Dukla” cuja refere a existência dos objetos a partir da
permanência destes dois grandes pilares. Ora, de acordo com os autores a luz e a
sombra são a única realidade percecionada dos objetos, capazes de compreender os
mais variados componentes tornando-os visíveis.
Além disso, também é possível conceber uma alusão a Louis Kahn, do qual definiu os
materiais como luz gasta. Isto é, quando refletida pelos materiais, torna-os visíveis,
1
KAHN, Louis I., 1901-1974. Titulo Louis I. Kahn : conversar com estudantes / trad. de Alícia Duarte
Penha. Publicação/Produção Barcelona : Gustavo Gili, 2002.
2
WRIGHT, Frank Lloyd, The vision of Frank Lloyd Wright : a complete guide to the designs of na
architectural genius, Chartwell Books, 2003
atribuindo-lhes cores específicas. Sendo o que penetra nos nossos olhos aquilo que
nos faz perceber o objeto. Logo, para Kahn a luz é a criadora do material
manifestando-se doadora de todas as presenças.
Por fim, Peter Zumthor termina o seu texto “The light in the landscape”
salientando três questões de carisma retórico que ecoam sobre a sua visão
transcendental do significado da luz e da sombra na arquitetura. Das quais incorporam
a ideia de aumento e qualidade espacial. Desta forma para o arquiteto a arte traduz se
exatamente sobre os jogos harmoniosos entre estes dois grandes alicerces.