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UFRN/CCHLA/DELET

DISCIPLINAS: Introdução aos Estudos Gramaticais


PROFESSORA: Sandra Cristina Bezerra de Barros

ATIVIDADE 2

Elabore um resumo das ideias contidas no item 2, que trata da cientificidade dos
estudos linguísticos.
De acordo com as autoras, a linguística atende a critérios de cientificidade por apresentar as
seguintes características: é empírica (lida com dados verificáveis por meio da observação e da
experiência; ou seja, as hipóteses teóricas podem ser atestadas pelos dados), é objetiva (tem caráter
não-preconceituoso, não emite julgamentos de valor a respeito da língua do tipo “certo” vs. “errado”,
“feio” vs. “bonito”, “superior” vs. “inferior”, “primitivo” vs. “evoluído”) e tem caráter explícito
(apresenta definição clara, coerente e detalhada dos pressupostos teóricos da análise; utiliza uma
terminologia especializada; lida com critérios explícitos e objetivos.). Além disso, essas características
a opõem à chamada gramática tradicional.

Outro aspecto ressaltado pelas autoras é o fato de a língua escrita deixar de ser considerada
como mais importante que a falada depois do surgimento da Linguística. Assim, passou-se a admitir
que a língua está sujeita a variações e mudanças, não significando deturpação ou decadência da língua.
Para a Linguística, qualquer variedade de uma língua pode ser objeto de estudo. Enfim, rompe-se com
a postura tradicional de que só a variedade culta escrita deve ser objeto da gramática. Separa-se, desse
modo, a gramática prescritiva da gramática descritiva.

Em relação ao caráter científico da linguística, elas mencionam ainda a questão do método. O


estudo sistemático da língua envolve, geralmente, os seguintes passos: observação, problematização,
formulação e testagem de hipóteses, checagem do modelo teórico, generalização. Entretanto, como a
Linguística é um conjunto de saberes dos quais resultam modelos teóricos diversos, cada modelo vai
requerer um aparato metodológico que seja compatível com suas especificidades. O importante é que
as hipóteses sejam coerentemente testadas e sustentadas empiricamente dentro de modelos teóricos.

As autoras ressaltam que o trabalho científico implica, basicamente, a observação e a descrição


de fatos linguísticos a partir de certos pressupostos teóricos formulados no âmbito da teoria
Linguística ou Linguística Geral. Destacam ainda que a gramática tradicional prioriza a língua escrita
literária, tomando-a como modelo de como escrever corretamente. Cabe à Linguística Geral fornecer
conceitos e categorias que servirão de base para o estudo das línguas particulares. Cabe à linguística
descritiva fornecer dados que validem ou refutem as hipóteses teóricas formuladas pelo linguista geral.
O linguista descritivo, no entanto, não está limitado a oferecer evidências empíricas para as
formulações da Linguística Geral, pois ele pode estar interessado em produzir gramáticas de referência
ou dicionários. Esses dois ramos da linguística (geral e descritiva) não são estanques, e sim
interdependentes. No Brasil, há importantes estudos descritivos como os trabalhos de Mattoso Câmara
Jr., de Mário Perini, de Maria Helena Moura Neves, bem como os volumes de Gramática do
Português Falado, produzidos pelos pesquisadores do projeto coordenado pelo professor Ataliba de
Castilho, entre muitos outros. Segundo Perini, o linguista deve descrever e explicar o funcionamento
da língua, ou seja, a relação existente entre os significados e as formas dessa língua.

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