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A bioética, dentro da definição dada por W.T. Reich, na Encyclopedia of Bioethics (1978), tem como
princípios básicos a Autonomia (respeito ao autogoverno), a Beneficência (atendimento aos
interesses do indivíduo) e a Justiça (entendida como a eqüidade na distribuição dos bens e serviços)
Atualmente o Conselho Federal de Medicina define morte como sendo a “parada total e irreversível
das funções encefálicas”, ou seja, quando não há mais atividade cerebral[18]. E é por aí, com base
numa interpretação analógica, que se pode estabelecer a definição de vida: se a morte ocorre
quando se encerra a atividade cerebral, a vida inicia-se, então, quando essa atividade começa. Daí,
se a atividade cerebral só se inicia por volta da décima semana de gestação[19], haveria tempo
suficiente para que se pudesse realizar o aborto legal, com segurança e controle, dentro deste lapso
temporal.O que eles buscam é a garantia de atendimento estatal público e seguro àquelas mulheres
que querem realizar o aborto independente do consentimento estatal.
“Somos a favor da vida, mas queremos respeitar a autonomia da mulher que, até a 12ª semana, já
tomou a decisão de praticar a interrupção da gravidez”, afirmou o presidente do Conselho Federal de
Medicina (CFM), Roberto Luiz d´Avila, que esclareceu a posição tomada pelo CFM e pelos 27
conselhos regionais de medicina (CRMs), tomada por maioria durante o I Encontro Nacional de
Conselhos de Medicina 2013,  acerca de ampliação dos excludentes de ilicitudes penais em caso de
interrupção de aborto.
Essa posição será enviada para a comissão de 15 juristas que está analisando a Reforma do Código
Penal Brasileiro (PLS 236 2012), atualmente em tramitação no Congresso Nacional. “Quem vai
decidir a descriminalização do aborto é a sociedade brasileira, por meio do legislativo, o que nós
fizemos foi encaminhar a nossa posição”,
Por maioria, os Conselhos de Medicina concordaram que a Reforma do Código Penal, em processo
de discussão, deve afastar a ilicitude da interrupção da gestação em uma das seguintes situações: a)
quando “houver risco à vida ou à saúde da gestante”; b) se a “gravidez resultar de violação da
dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida”; c) se for
“comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que
inviabilizem a vida independente,  em ambos os casos atestado por dois médicos”; e d) se “por
vontade da gestante até a 12º semana de gestação”.

O presidente do CFM também esclareceu que o limite de 12 semanas para que possa haver a
interrupção de gravidez se deve ao fato de que, segundo a experiência médica, a partir desse tempo
há um risco maior para a mãe. “O outro fator é que a partir de então o sistema nervoso central já
estará formado”, explicou.
destaca-se que não se pode confundir descriminalização com banalização. O aborto,
descriminalizado, não seria realizado de qualquer maneira e a qualquer tempo, com uma
discricionariedade ilimitada da gestante; estabelecer-se-iam algumas exigências: o aborto não seria
praticado a qualquer tempo da gestação, mas por critérios definidos, como ocorre em Portugal, com
a colaboração da ciência médica para sua fixação; a gestante passaria por análise psicológica, para
a cognição do seu estado mental contemporâneo; haveria a intervenção de assistentes sociais, de
modo a verificar a realidade social em que está inserta a gestante, no fito de verificar a viabilidade da
modificação do seu estado através de ações sociais, visando a desestimulação do ato; e, também, a
explanação de um profissional da saúde, sobre o que é de fato um aborto, como é realizado, e os
efeitos que causaria ao seu corpo.
Com a retirada do caráter ilícito da conduta, os estabelecimentos públicos de saúde e as clínicas
particulares estariam autorizados a realizar o abortamento sem o risco de adentrarem no âmbito
penal. E, incontinenti, a primeira benesse dessa autorização seria às mulheres de baixa renda, que
poderiam recorrer ao abortamento seguro e sem despesas, pois as que são de uma classe social
mais elevada sempre tiveram a opção de pagar clínica seguras, clandestinas ou de fachada legal,
assistidas por profissionais preparados.

No caso de adolescentes, como deve ser garantido o sigilo?


O sigilo é prerrogativa também do acolhimento de adolescentes e crianças. O Código de Ética
Médica e o Código de Ética do Profissional Psicólogo preveem que, quando a adolescente ou
criança tiver capacidade de discernimento e quando a revelação da violência aos pais ou
representante legal não acarretar dano para a adolescente ou criança, o sigilo deverá ser mantido.
De acordo com o Ministério da Saúde, quando houver necessidade, a quebra de sigilo deverá ser
negociada com a adolescente ou criança, minimizando assim os prejuízos para o atendimento
(Brasil, 2011a). Se não houver um dos requisitos – capacidade de discernimento e ausência de dano
–, os pais ou representante legal deverão ser informados. Por isso, éimportante sensibilidade para
que a equipe avalie cada caso. Quando a vítima for menor de18 anos, é obrigatório que o Ministério
Público seja comunicado, para que a adolescente oucriança seja protegida e o agressor seja punido.
Nesses casos o sigilo é mantido
Há situações em que a mulher tem o direito de não revelar que passou pelo procedimentode aborto.
Mulheres que têm vínculo empregatício podem não querer comunicar a violênciasexual e a
realização do aborto aos empregadores, assim como adolescentes podem não querercomunicar o
fato à escola. O atestado médico não exige mais que seja colocado o CID, e não deveconter
informações que identiquem que a mulher ou adolescente passou pelo aborto quandoela quiser
manter sigilo. Mesmo nos casos de aborto medicamentoso ou cirúrgico, nos quais amulher ou
adolescente pode permanecer no hospital por alguns dias, o atestado médico pode apenas
estabelecer o período de afastamento.
caso uma instituição se negue a realizar o aborto nos casos previstos em lei, os dirigentesou médicos
que se negaram podem responder civil e criminalmente, pois a omissão podeacarretar prejuízo
moral, físico ou psíquico para a mulher (Brasil, 2011b).
há quatro situações em que não cabe objeção deconsciência: quando há risco de morte para a
gestante; quando não houver outros profissionaisque realizem o procedimento nos casos previstos
em lei; quando a omissão profissional
puder causar danos ou agravos à saúde da mulher; e quando for necessário o atendimento de
complicações decorrentes do aborto inseguro, pois esses são casos de urgência

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