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chabu
andré capilé
TextoTerritório
Rio de Janeiro
2015
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chabu, de André Capilé
Licença Creative Commons Atribuição
NãoComercial, SemDerivados, 3.0 Não Adaptada.
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/
Capa:
nanana nanana
(nanana nanana nanana nanana nanana nanana nanana nanana)
Diagramação e revisão:
TextoTerritório
Capilé, André
chabu / André Capilé – 1ª ed.
Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2015.
64 p. 12x18 cm
ISBN: 000-00-00000-00-0
CDD: 869.9
CDU: 821.134.3(81)-1
TextoTerritório
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SUMÁRIO
mário de andrade
prisca agustoni
orides fontela, 11
pode ser que existam, 13
há de esperar?, 14
distrai o saleiro, 15
morde as / borboletas, 16
de delicado, 17
qualquer confidência, 18
confessa pequenas, 19
não há que tremer, 20
pode ser, 21
há certo conforto no jazz, 22
antes do balé ri, diabo, 23
ao passeio da moranga, 24
sob a sombra, 25
se a popa apupa, 26
à beira, 27
namora, 28
não rola se deita, 29
faz manha no claro, 30
a grota, 31
bacará teimado, 32
ando criança, 33
pouco mudei, 34
do hábito, 35
7
osso mais osso, 36
não tenho concerto, 37
deitam cinzas nos olhos, 38
manjericão, alecrim e cidreira, 39
ríamos, 40
tenda esculpida, 41
deitamos em qual mentira, 42
exsudo nó de gota, 43
se responder a mó, 44
se / sob o efeito doméstico, 45
a mesma pasta, 46
o pires segue, 47
a cristaleira, 48
no sanitário dividido, 49
mortos nos / esbarramos, 50
o abajur, 51
à beira da cama, 52
não vou mais me morder, 53
não insistiu, 54
flores têm data, 55
intimidade, 56
falsa coral, 57
faço questão de saber, 58
não há saber algum, 59
não há que soprar, 60
baba o cão-guia, 61
shkspr, 63
sobre o autor, 65
8
ninguém merece
9
10
na sua leve boca
o suspiro gerou uma abelha
13
há de esperar?
14
distrai o saleiro. compulsa
a salada. salta. a coreografia
garfa as verdes vagens.
e é o ó, venerável.
15
morde as
borboletas
se cair
um telhado
16
de delicado
o quê
sequer dizer
se diz
17
qualquer confidência
ou mimo ordinário
dita
sem interdição
18
confessa pequenas
variações sobre
o mesmo mundo
testemunha o mínimo
remendo
a sorte conserva
19
não há que tremer
agora se recebo
curativos
20
pode ser que passe de amanhã.
pode ser que nem passe de agora.
21
há certo conforto no jazz
tirado ao timbre do apetite
fumaça e bourbon. o que pensam:
ainda há tempo; vai dar certo.
piano e bumbo estancam justos
— síncope de galope, um loop.
se saírem, fala depressa —
hora de ir — não por impulso.
largados do lado de fora
um pouco mais de paciência
e ninguém mais nos incomoda.
a noite esfria enquanto esperam.
mais um pouco e as luzes se apagam.
ainda há tempo; vai dar certo.
22
antes do balé ri, diabo. não
ri de mim — ou como desejo.
desejo, não. vá lá, cobiço. qualé?
23
ao passeio da moranga
assobia leve a manga
de a cada cantiga levar
o desbaste às abas
24
sob a sombra um
o chapéu recolhido
a passagem se anuncia
chuvas vai correr marquises
25
se a popa apupa
a encomenda do
comentário
rogado seja
o bocejo
26
à beira
do sim
jorra
exigência
na boca
se vier
babado forte
27
namora
adeja
de lado
regaço
cai mole
28
pau azedo
não rola se deita
santo se gangorra
com pantomima se
pari passu míngua
nem quer
29
faz manha no claro
do dia santo e senha
30
a grota
por negligência
não mostra a frase
barrenta da ovação
31
bacará teimado, aposto nossas
metades todas. ficela atuada,
cubro ases. a tara, as fichas,
32
ando criança coração
no pico a vida vai
no beiço se resulta
cega antes de iluminar
que mais
sidera
um clarão
a brevidade
33
pouco mudei, desde a última
vez que nos vimos. na moita,
34
do hábito
gotas
35
osso mais osso, arranca
do rascunho um corpo.
fixa o balanço e lambe
avança:
como arremedar fuligem,
com qual arremate asfaltar
nuvens?
36
não tenho o concerto
que a vida macumba.
talvez a fissura —
que me corre os dedos
e se soma ao paladar —
resolva a velha medida.
37
deitam cinzas nos olhos. são
os fumos de sobra do manga
38
manjericão, alecrim e cidreira.
bule cheio, perfuma. também queijo
fresco, no pão. bananas verdes fritas.
café forte, passado no coador
de pano. água de mina. algum doce.
mamão, melão, maçã e abacaxi.
acordo, mas não quero levantar
você; quando me chama de manhã
(você, com a mesa posta, sem pijama
: você) parece estar interessada
no colorido eriçado dos pelos
(e ainda que depois resolva rir
do desjejum de amantes abatidos,
pouco importa o mau uso do clichê).
39
ríamos ao mentir
idade demais
alvorada
40
tenda esculpida — contingência
de lençóis nem mexidos.
41
deitamos em qual mentira,
se conveniente coloro dia-
42
exsudo nó de gota
pingo em zinco quente
43
se responder a mó
boa sorte que dizer
à verga? o que carpir?
44
se sob o efeito doméstico
de a cada cálculo
passar e repassar
um longo teste
pra descobrir
enfim como fomos
econômicos
(tais vermute e
amendoim)
vai ambula em
tom menor a
antiga norma
e toma em testemunho
a palma aberta
chocada a outra palma
o que da vida segue
como certo não o amor
nem a morte quem sabe
nós e pouca coisa
gera mais certeza
saber melhor mover
moinhos ventanias
45
a mesma pasta.
as escovas, não.
o pão, a manteiga.
na garrafa, o leite.
o café. os ossos
e o fosso. à mesa, os
hábitos. o abismo
ainda nos une.
46
o pires segue
rígido pedida
a mão avança
como se modos
faltassem e nem
sempre esperar
já fosse fantasia
47
a cristaleira
compartilha
não os cristais
— sua denúncia.
não há mistério.
poeira, minúcia
pega de mancheia.
48
no sanitário dividido
a doença que não separa
49
mortos nos
esbarramos
na intimidade
compossíveis
corpos
50
o abajur
a economia
51
à beira da cama
a luminária ainda
acesa eu a procissão
sozinha de um cortejo
impopular
52
não vou mais me morder as coisas
que gostava deixar na estante
fotografias badulaques
cisnes dominós e discos
53
não insistiu
restava ouvir
o sobio
lá o silêncio brota
sem luz sem rumo
inseto nenhum
segue se
vão
54
flores têm data
marcada velas
para comer
quieto
acentua o cheiro
de extinto vela-se
a intimidade
pressente
55
intimidade cochicho
de pratos quando
comidos no mesmo
cocho se demais sobra
56
falsa coral sem brajá
sigo
invencível
bilha
57
faço questão de saber
se ainda caibo no corpo.
58
não há saber algum, nenhuma cifra,
quando a vontade de morder a vida
crua dá rumo à existência dos dentes.
alimento meus dias com os bilhetes
que larguei, mas ninguém não leu correto.
na barriga, só miudezas. as dobras
mantenho regadas; e as flores santas,
mesmo que frágeis. o amor, a capina
adestra o corpo. se cabe de novo
na cama descoberta entre lençóis?
não fosse o barulho que você fez,
só pra dizer que vai levar o gato
que eu também alimentei; olha, até
rolava. agora, desse jeito, é foda.
59
não há que soprar nem madeiras
nem metais se orquestra a virilha
cultivo pesadelos
bu!
60
baba o cão-guia
na espera encosta
de quina à sombra
enquanto o dia
cai olha a via
a estrada sinuosa
insidia o toque
ao ritmo da furiosa
embrulhado
em papel-havana
o pão a esperança
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SONETO CXVI
BM – Angra – JF – Rio
1984-2013
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SOBRE O AUTOR
Publicou:
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COLOFÃO
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