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24 Dezembro 2019

Natal e Espiritualidade - Parte 3:


O novo ser humano
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O limite da consciência humana é superado pela


união do universal e do humano, do espírito e da
alma.

Texto: Grupo de autores Logon Imagem: Larisa Koshkina via Pixabay

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PODCAST

No texto anterior, O limite da consciência humana, começamos a expor as


correlações existentes entre as fases da alquimia e as quatro principais personagens
dos evangelhos (Herodes, João Batista, Jesus e o Cristo), e seus equivalentes egípcios
(Ptha, Ramsés, Osíris e Hórus). Vimos que o processo alquímico se inicia com o
nascimento da luz em Herodes (ou Ptha) e seu desenvolvimento até o limite humano
em João (ou Ramsés). Veremos agora o desdobrar do processo com Jesus (ou Osíris) e
seu coroamento com Cristo (ou Hórus)

Jesus e Osíris: a consciência espiritual

No simbolismo interior, ou  esotérico, João e Jesus não são necessariamente primos.
Na verdade, eles são irmãos, ou quase gêmeos, por isso nascem na mesma época e a
narrativa do nascimento é a mesma.

Tanto Zacarias e Isabel como José e Maria representam a cabeça e o coração do ser
humano em aspectos diferentes. Para que João, a consciência plenamente humana,
nasça, é necessário que também nasça nessa própria  consciência um princípio de
outra ordem, que é o lado divino de João, que ele não vê ainda, pois está além do seu
eu, além da fronteira do Jordão. Esse outro princípio é Jesus. 

É por isso que eles se encontram, um vindo de uma margem, o outro, da outra
margem. É por isso que existe a travessia do Mar Vermelho, o mundo dos vivos e dos
mortos no Nilo, a grande busca pelo que havia além de Finisterre, no Caminho de
Santiago... Quando o princípio universal, a centelha do espírito, a flor de Lótus - tantos
nomes foram dados para isso -, quando essa semente se torna ativa e germina, a 
consciência joanina passa a buscar o caminho da transcendência, a superação do
limite, até que a encontre. E quando encontra, diz o evangelho, João é decapitado.

Esse símbolo lindíssimo precisa ser bem compreendido, pois ele não significa a morte
de João. Ele nos ensina que a  consciência joanina, representada pela cabeça de João,
o núcleo da  consciência humana, cede seu lugar de comando para a nova força, o
princípio que se encontra em pleno crescimento em seu interior. Assim, o limite da
consciência humana é superado  pela união do universal e do humano, do espírito e
da alma. Surge uma consciência espiritual, uma consciência em que a força do
universo flui, não mais apenas como um impulso, não mais apenas como uma força
magnética que empurra adiante, ou uma compreensão intuitiva, mas como a força do
espírito que se une organicamente à estrutura da  consciência e começa o processo
de transmutação.

Essa transmutação é representada, dentre muitos símbolos, pelo caduceu de Hermes,


que consiste em duas serpentes que se entrelaçam em torno de um bastão central,
com um grande círculo alado em cima, e com um círculo na base, onde tudo se apoia.

Esse é o símbolo da Árvore da Vida e da nova consciência no ser humano, porque


representa a nossa coluna e todos os centros energéticos que existem ao longo dela,
além dos sistemas simpático e parassimpático. Quando ocorre o renascimento da
consciência, ela se torna, novamente, a árvore da vida. É por isso que a nova
consciência é associada ao símbolo (não à figura histórica) de Jesus, que representa a
consciência universal divina em João, e a Osíris, que é a consciência de Ramsés, só
que já tendo transcendido os limites da manifestação humana. Eis o motivo de a
figura representar o próprio Ramsés na forma de Osíris.

Isso nos leva à quarta e última fase alquímica.

Cristo e Hórus: o novo ser humano

Depois do nigredo, onde é plantada uma semente em Herodes ou Ptha; do albedo,


onde ocorre o despertar da consciência e se alcança o limiar da consciência humana
em João ou Ramsés; e da cauda de pavão, onde se constrói a ponte entre o divino e o
humano com Jesus ou Osíris; temos a última fase da alquimia, que é justamente o
símbolo de Cristo ou de Hórus, o símbolo da plenitude, do renascimento: é o rubedo ,
onde o ouro do espírito se une indissoluvelmente à forma, ao sangue humano,
simbolicamente falando.

Herodes João Jesus Cristo

Ptha Ramsés Osiris Hórus


Despertar da Novo ser humano:
O Limite: Consciência Consciência
Consciência espírito, consciência e
plenamente humana espiritual
(semente) corpo

Esse novo caduceu de Hermes, essa nova  consciência, transmuta, necessariamente,


todas as vestes da alma: o que pensamos, o que sentimos, o que percebemos e o que
fazemos. Mas essa transmutação vai além do plano da consciência e toca também o
corpo mental, que é a verdadeira veste dos nossos pensamentos e o veículo de
manifestação do pensamento; o corpo astral, que é o corpo da energia emocional
individual do ser humano; o corpo etérico, responsável por toda energia vital que nos
anima;  e também o corpo material, a base física do Espírito.

Esta é a razão de se falar no cristianismo de “renascimento do ser humano”. Ele


ocorre a partir da união com o novo princípio, que transmuta seus três aspectos:
espírito, alma (ou consciência) e corpo, representados nos evangelhos pelo intervalo
de três dias entre a morte e a ressurreição de Cristo.

Então, todo o simbolismo do cristianismo, bem como de todas as tradições do


ensinamento universal, apontam para a mesma possibilidade, o mesmo caminho
interior de transmutação, que simbolicamente começa com a  celebração do Natal, a
semente da luz tornando-se ativa nos corações da Terra e do ser humano. Tal
semente deverá germinar, crescer, florescer e se transformar em um novo fruto unido
ao próprio ser humano.

Esse caminho, como dissemos, é o caminho do ontem, do hoje e do futuro, porque ele
trata da realidade interior que sempre se manifesta e sempre se manifestará no ser
humano. A realização desse caminho, e não somente o conhecimento dele, é o
objetivo de todas as escolas espirituais do passado, e também da escola espiritual que
se manifesta no presente, a Rosacruz Áurea.

Esperamos que essa trilogia de textos tenha trazido elementos de uma reflexão
interior que nos coloque  diante do verdadeiro objetivo da nossa existência: o
nascimento da luz dentro de cada um de nós, o nosso Natal.

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