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NR-23

TREINAMENTO DE BRIGADA DE INCÊNDIO

Elaborada por: Donizete Lopes de Caldas


LEMBRE-SE: "O INCÊNDIO ACONTECE, ONDE A PREVENÇÃO FALHA."

TREINAMENTO DA BRIGADA DE INCÊNDIO

Brigada de Incêndio: É um grupo organizado de pessoas voluntárias ou não, treinadas e capacitadas para
atuarem dentro de uma área previamente estabelecida na prevenção, abandono e combate a um
princípio de incêndio e que saibam, além disso, prestar os primeiros socorros a possíveis vítimas.

Legislação
A atividade de brigada de incêndio é cada vez mais freqüente no dia a dia das empresas. No entanto,
trata-se de uma função voluntária dos colaboradores que pertencem ao quadro de trabalho.
O Decreto Estadual 56.819/11 através de sua IT nº 17/2018, a NR-23 e a NBR 14.276 regulamentam a
obrigatoriedade da formação de brigada de incêndio em edificações comerciais, industriais e nos
condomínios em geral.

ASPECTOS DA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

PREVENÇÃO: conjuntos de normas e ações que visam impedir o aparecimento do incêndio, ou se


houver o aparecimento de sinistro, que seja extinguido no início.

EXTINÇÃO: é a iliminação do fogo utilizando os meios técnicos.

FOGO E INCÊNDIO

Para entendermos melhor a diferença entre fogo e incêndio, se faz necessário definir primeiramente o
que é fogo: É uma reação química que libera calor, luz, fumaça e gases tóxicos.

O fogo nada mais é do que a união de quatro elementos essenciais: calor, combustível, comburente e
reação em cadeia, sendo que a falta de qualquer um desses elementos impedirá o início do fogo.

INCÊNDIO: É o fogo fora de controle.


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FORMA DE PROPAGAÇÃO DO CALOR

CONDUÇÃO: forma de propagação que ocorre nos sólidos, havendo o aquecimento de


molécula em molécula, por causa da vibração entreelas.

CONVECÇÃO: forma de propagação por aquecimento dos gases.

IRRADIAÇÃO: forma de propagação por ondas caloríficas

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MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO

Como foi dito anteriormente, basta que retiremos alguns dos elementos do tetraedro que o
fogo que extinguirá. Sendo assim, conforme o elemento retirado, a técnica receberá um nome:

RETIRADA DO MATERIAL / ISOLAMENTO: quando retiramos o materialcombustível.


ABAFAMENTO: quando retiramos o comburente, o oxigênio do
ambiente.
RESFRIAMENTO: quando retiramos o calor. Geralmente utilizamos a água pelas suas
propriedades de absorção do calor.
QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA: para esse método nos utilizamos alguns agentes
extintores especiais, a base de flúor, bromo, cloro que agem exatamente no processo químico da
combustão.

Mas lembre-se que o tretraedro é apenas uma figura didática que é usada para facilitar a
compreensão do fenômeno. O importante é não se esquecer que o fogo é resultado de uma REAÇÃO
QUÍMICA entre combustível e o oxigênio, com a participação do calor.

TIPOS DE COMBUSTÍVEIS

COMBUSTÍVEL SÓLIDO:O combustível sólido queima-se em sua superfície e


em sua profundidade, ou seja a queima acontece por fora e por dentro do
material. Quando todo o combustível for consumido, restarão resíduos:
cinzas.

COMBUSTÍVEL LÍQUIDO: No combustível líquido a combustão só acontece


na superfície. Assim, se colocarmos fogo num copo contendo álcool ou outro
líquido combustível qualquer, o fogo irá consumindo o líquido, de cima para
baixo, até que o combustível se acabe. Dentro do
copo não sobrará nenhum resíduo.

COMBUSTÍVEL GASOSO: São combustíveis gasosos são armazenados em


recipientes, sob pressão, tais como o gás de cozinha, acetileno, amônia.O
manuseio desses materiais devem obedecer a critérios para evitar o início
de um incêndio, sendo certo que se mantivermos quaisquer deles longe do
calor nós estaremos evitando o acidente.

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CLASSIFICAÇÃO DO INCÊNDIOS
Classe “A” Sólidos em Geral

Madeira - Papel – Tecido - Plástico

Queima em Superfície e em profundidade. Deixa resíduo


MÉTODO DE EXTINÇÃO:
Resfriamento.

Classe “B” Líquidos inflamáveis

Gasolina – Álcool - Solventes

Queima somente em superfície. Não deixa resíduo.


MÉTODO DE EXTINÇÃO:
Abafamento.
Obs: também os gases inflamáveis estão incluídos nesta classe, mas só se deve apagá-los se for possível
cortar o fornecimento de combustível.

Classe “C” Equipamentos Elétricos

Oferece risco de vida na tentativa de extinção.

MÉTODO DE EXTINÇÃO:
Abafamento.
São equipamentos elétricos quando energizados. O risco maior está na presença da corrente elétrica:
motor elétrico, transformador.

Classe “D” Metais Pirofóricos


MÉTODOS DE EXTINÇÃO:
Oferece risco de vida na tentativa de extinção. Quebra da Reação em Cadeia e
Abafamento.

São incêndios envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio,). É caracterizado pela
queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que
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contenham água). Para sua extinção devem ser usados agentes extintores especiais.

APARELHOS EXTINTORES

INTRODUÇÃO:
- Aparelhos destinados a combater princípios de incêndio (quando ainda em sua fase inicial)

USO: Dependerá da classe de incêndio.

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EXTINTORES PORTÁTEIS: Apenas um brigadista poderá operá-lo durante princípios de incêndio

ÁGUA PRESSURIZADA:

1) CAPACIDADE: 10 a 75 litros;
2) APLICAÇÃO: incêndios de classe " A ";
4) MODO DE USAR:
- levar o extintor ao local do fogo;
- colocar-se à distância segura;
- retirar o pino de segurança;
- empunhar a mangueira e dirigir o jato à base
do fogo (observar sempre a direção do vento);

ESPUMA MECÂNICA:

Capacidade: 10 litros;
Aplicação: incêndios de classe " A " e " B "; Princípio
de operação: pré-mistura passa pelo difusor,
succionando ar para a formação de espuma;

TIPOS: Pressurizados e pressão injetada; MODO DE

USAR:
- levar o extintor ao local do fogo;
- colocar-se à distância segura;
- abrir o registro de propelente (pressão injetada);
- puxar o pino de segurança e retirar o esguicho
proporcionador do porta esguicho, empunhando-o;
- acionar o gatilho, dirigindo à base do fogo (sendo
classe "B": anteparo)
Taxa De Expansão: 1 x 8 - 80 litros de
espuma.

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PÓ QUÍMICO SECO:

Capacidade: 1, 2, 4, 6, 8, 12, 20 kg; Aplicações:


classes " B " e " C ";
Tipos: pressurizados e pressão injetada; Princípios
De Operação: pó expelido pelo gás contido no
recipiente ou na ampola.
MODO DE OPERAÇÃO:
- levar o extintor ao local do fogo;
- abrir a válvula da ampola;
- retirar o pino de segurança;
- pulverizar a área de combustão.

DIÓXIDO DE CARBONO (CO2):

Capacidade: 2, 4, 6 kg; Aplicação: classes


"B","C",
Carga: CO2 liqüefeito sob pressão;

Princípio De Operação: CO2 expelido pela


própria pressão interna que exerce (870
lb/pol2);

MÉTODO DE OPERAÇÃO:
- levar o extintor ao local do fogo;
- retirar o pino de segurança;
- retirar o difusor;
- segurar na empunhadura, dirigir o jato à base
do fogo, movimentando o difusor em leque.

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EXTINTOR DE PÓ ABC

 Monofosfato de Amônia Siliconizado como agente extintor.

 Isola quimicamente os materiais combustíveis de classe A,


derretendo e aderindo à superfície do material em combustão.

 Atua abafando e interrompendo a reação em cadeia de incêndios


da classe B.

 Não é condutor de eletricidade.

EXTINTORES SOBRE RODAS: Necessita no mínimo dois brigadistas poderá operá-lo durante princípios
de incêndio.
Quanto aos extintores sobre rodas, estes podem substituir até a metade da capacidade dos extintores
em um pavimento, não podendo, porém, ser previstos como proteção única para uma edificação ou
pavimento.
São equipamentos com maior quantidade de agente extintor, montados sobre rodas para facilitar o
transporte, como exemplo abaixo um extintor de água com capacidade de 75 a 150 litros:

SELEÇÃO DOS EXTINTORES SEGUNDO O RISCO A PROTEGER:

- Os extintores devem ser escolhidos especificamente para o risco, segundo a classificação dos
incêndios:
CLASSE " A " Água; Espuma mecânica ; CLASSE " B " Espuma mecânica; CO2; PQS ; CLASSE " C " CO2 e
PQS ; CLASSE " D " extintor específico para o metal a ser protegido: Ex: Sódio, Potássio, Magnésio:
cloreto de sódio (abafamento); Magnésio: grafite.

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SISTEMA DE HIDRANTES:

Os hidrantes são equipados com mangueiras e equipamentos hidráulicos (esguichos, adaptações, chave
storz). Sua ação exclusiva é de resfriamento, sendo apropriado para incêndios Classe “A” e
secundariamente em Classe “B”, em forma de neblina (abafamento), nunca use em Classe “C”.

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO E ALARME


Quanto mais rapidamente o fogo for descoberto, correspondendo a um estágio mais incipiente do
incêndio, tanto mais fácil será controlá-lo; além disso, tanto maiores serão as chances dos ocupantes do
edifício escaparem sem sofrer qualquer injúria.
A detecção automática é utilizada com o intuito de vencer de uma única vez esta série de ações,
propiciando a possibilidade de tomar-se uma atitude imediata de controle de fogo e da evacuação do
edifício.
O sistema de detecção e alarme pode ser dividido basicamente em:
1) Detector de incêndio, que se constitui em partes do sistema de detecção que constantemente ou em
intervalos para a detecção de incêndio em sua área de atuação.

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2. Central de detecção e alarme, acionador manual e sirenes, destinados manter o sistema em
funcionamento e alertar os ocupantes em caso de incêndio.

Botoeira de Alarme Sirene Central de Alarme

MANGUEIRAS DE INCÊNDIO
De acordo com a Norma ABNT NBR 12779, toda mangueira de incêndio deve ser inspecionada a cada 6
meses e ser submetida a ensaio hidrostático / manutenção a cada 12 meses. Esses serviços requerem
condições e equipamentos adequados e deverão ser realizados por empresa capacitada.

O usuário deverá manter em seu poder o certificado válido de inspeção e manutenção de suas
mangueiras de incêndio, emitido pela empresa capacitada. Esse documento poderá ser exigido pelo
Corpo de Bombeiros, Prefeitura, companhia de seguro ou outras autoridades.

1. Estique a mangueira de incêndio por completo sob uma superfície plana;


2. Dobre a mangueira de forma que as uniões fiquem distantes entre si 01mt;
3. Inicie o enrolamento conforme o desenho abaixo:

4. Ao término do enrolamento a mangueira deverá obter a configuração abaixo:

aduchada

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EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Segundo a Instrução Técnica nº 17/18 do Corpo de Bombeiros devem ser disponibilizados a cada
membro da brigada, conforme sua função prevista no plano de emergência da planta, os EPIs para
proteção da cabeça, dos olhos, do troco, dos membros superiores e inferiores e do corpo todo, de forma
a protegê-lo dos riscos específicos da planta.
O EPI empregado irá variar de acordo com o risco da planta e da atribuição do brigadista.
Em qualquer caso o brigadista deve ter no mínimo:
1. Capacete adequado para a proteção da cabeça;
2. Óculos de proteção;
3. Avental para a proteção do corpo no caso do grupo de primeiros socorros e roupa de proteção contra
incêndio para o grupo de combate a incêndio.
4. Bota ou sapato de segurança
5. Luvas para a proteção das mãos (de procedimento para o grupo de primeiros socorros e, no mínimo,
de vaqueta para os de combate a incêndio).

ABANDONO DE EMERGÊNCIA

É formada por um grupo de funcionários da própria empresa, devendo levar em consideração o


número de pavimentos ou setores.
Suas atividades são desenvolvidas sob orientação do “COORDENADOR DE ABANDONO”

OBJETIVO DO ABANDONO

Conduzir os ocupantes da edificação, para um local seguro quando houver áreas ameaçadas por
qualquer sinistro (fogo, vazamento de gases, ameaças de bomba entre outras).

Tem a finalidade de alertar aos ocupantes da edificação nos casos de emergências onde haja risco de
vida. Geralmente instalada em pontos estratégicos e seu som deve ser diferente dos demais utilizados
na empresa.

Líder de Abandono: Responsável pelas manobras, evitar tumultos e pânico entre as pessoas, verificar se
os equipamentos foram desligados, portas e janelas fechadas (sem trancar), fechar fontes de gás,
apressar os retardatários, dar atenção especial aos deficientes físicos.

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• Vanguarda (puxa-fila): Responsável por uma determinada saída, desloca-se para este ponto e
posiciona-seӈ frente da fila, aguardando ordem verbal ou sinal de alarme, encaminhando as
pessoas ao PONTO DE ENCONTRO.

• Retaguarda (cerra-fila): Faz a varredura em banheiros, vestiários ou outros locais que possam
servir de abrigo a pessoas em caso de incêndio, retirando-as do local; colabora e auxilia o líder
de abandono na formação de filas; controla retardatários, quando for dado a ordem de
deslocamento; coloca-se no fim da fila para evitar dispersão, abandono da fila e outras
irregularidade.

• ROTA DE FUGA: É o melhor e menor caminho que as pessoas irão percorrer em caso de
abandono.

• PONTO DE ENCONTRO: Localizado na área externa da edificação onde as pessoas retiradas do
durante o abandono ficarão até a ordem de retorno ao local de origem ou a dispensa.

• IMPORTANTE: As rotas de fuga e o ponto de encontro, deverão ser marcados com antecedência
e tornar-se conhecidos por todos os funcionários.

• PROCEDIMENTOS: Ao ouvir o alarme, pare o trabalho, desligue a máquina e equipamento,


informe as pessoas para que forme uma fila, verificando a organização da mesma e aguarde a
ordem para prosseguir ate o ponto de encontro.

• PROCEDIMENTOS NO PONTO DE ENCONTRO: Controle e coordenação das filas, controle


das pessoas através de contagem nominal, prestação de primeiros socorros (se houver feridos).

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NOÇÕES DE PRONTO-SOCORRISMO

- É o tratamento imediato e provisório dado a uma vítima de acidente ou enfermidade imprevista,


geralmente se presta no local do acidente, até que possa colocar a vítima aos cuidados de um médico.

OBJETIVOS
- Evitar o agravamento das lesões e a morte da vítima.

SUPORTE BÁSICO DA VIDA


ANÁLISE PRIMÁRIA:
- Constatar inconsciência (chamar a vítima);
- Verificar sinais de circulação sanguínea (se não houver, inicar RCP);
- Estancar grandes hemorragias
- Se a vítima estiver respirando avalie se há sangramento grave que ameace a vida.

PARADA CARDÍACA
- É a interrupção dos batimentos normais do coração.

CAUSAS: - Choque elétrico; - Traumas violentos; - Infartos;

PROTOCOLO DA PARADA CARDÍACA


- Verifique inconsciência - se estiver;
- Verifique sinais de circulação (se não houver, inicie RCP)
- Deite a vítima de costas e chame auxílio;

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MASSAGEM COM 01 SOCORRISTA:

- Faça 30 massagens no osso esterno;


- faça 02 ventilações (se tiver treinamento e confiante).
OBS: efetuar um ritmo entre 100 e 120 compressões por minuto, e em caso de dúvida ou o socorrista
não se sentir confortável quanto a ventielação boca-a-boca, deve realizar apenas as compressões
torácicas.

* Antes de remover a vítima faça no mínimo 15 minutos de RCPC;


* Massagem em criança - utilize uma das mãos;
* Massagem em bebê - utilize dois dedos;
* A RCP não poderá ser paralisada por mais de 10 segundos.

OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

Observar se a vítima pode respirar, tossir, falar ou chorar.


Em caso positivo:
 Orientar para continuar tossindo e não interferir.
 Deixar que a vítima encontre uma posição de conforto ou mantenha em decúbito elevado (semi-
sentado).

Se a obstrução parcial persistir e a vítima respirar:

 Transportar a vítima sentada, numa posição confortável e aquecida;


 Manter observação constante da vítima, incluindo sinais vitais.

Se ocorrer obstrução total, deverá iniciar imediatamente as manobras de desobstrução das vias aéreas,
denominada Manobra de “Heimlich”

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Localização da posição das mãos

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HEMORRAGIAS

É definida como a perda aguda de sangue circulante.

RECONHECIMENTO:
- Saída de sangue pela ferida ou orifícios naturais do corpo;
- Presença de hematoma;
- Queixa principal da vítima;
- Natureza do acidente;
- Sinais e sintomas do estado de choque.

TRATAMENTO:
- Elevação da região afetada;
- Pressão indireta
- Pressão direta
- Tamponamento
- Curativo compressivo
- Último recurso - "torniquete"

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FRATURA
É a ruptura total ou parcial da estrutura óssea. Pode ser classificada em fechada e exposta.

RECONHECIMENTO:
- Dor local;
- Hematoma;
- Deformidade ou inchaço;
- Incapacidade funcional;
- Crepitação óssea.

TRATAMENTO: - FRATURA FECHADA:


* Imobilizar com talas rígidas ( deve atingir uma articulação acima e outra abaixo da lesão);
* Usar maca para remoção.

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BIBLIOGRAFIA

Manual de Fundamentos Contra Incêndio do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo.

Manual de Resgate e Emergências Médicas do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo.

Diretrizes 2015 da American Heart Association (AHA) sobre Ressuscitação Cardiopulmonar e Atendimento

Cardiovascular de Emergência.

Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2015 para RCP e ACE “Guidelines CPR/ECC-2015”

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