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AS TEORIAS CRÍTICAS: FORMALISMO RUSSO E

ESTRUTURALISMO

I- FORMALISMO RUSSO – MÉTODO FORMAL

 Valorização das produções de vanguarda, considerando o


material da representação (fábula) inferior à trama
(construção do texto);
 Associação dos procedimentos de composição do texto aos
procedimentos estilísticos;
 Centralização no âmbito formal do texto literário e a negação
de uma significação estética da obra, decorrente de alguma
correlação possível entre a experiência subjetiva do
produtor/receptor do texto e a realidade referencial evocada pela
representação;
 Negação da concepção de arte como mimese ou representação.

II- ESTRUTURALISMO FRANCÊS

 Abrangeu uma variedade de domínios que implicavam a


necessidade de conhecimento de etnologia, psicanálise,
linguística, materialismo histórico, sociologia, etc.
 Afirmou-se como uma nova linguagem, partindo de conceitos da
linguística (Saussure e Benveniste) e centrando-se na noção de
estrutura como sistema de relações formais.
 Identificou-se com o anti-empirismo e o anti-historicismo,
correspondendo a um movimento que fez da estrutura formal do
texto o sentido exclusivo da literatura para o crítico.
 Entendeu o homem como uma estrutura de linguagem – um
formalismo de ordem inconsciente, que domina os
comportamentos humanos e se realiza neles sem que eles saibam.
 Para Roland Barthes e Gerard Genette uma narrativa é uma
estrutura funcional descritível, que jamais tem a função de
representar algo como propõe a teoria da mimese.
 O conteúdo da narrativa faz parte de sua estrutura e a narrativa
refere-se a si mesma.
 Portanto: A estrutura das relações são mutáveis e as unidades
individuais são substituíveis.
II-A: O ESTRUTURALISMO POSSUI ATITUDES MARCANTES DE:
 Indiferença pelo indivíduo;
 Abordagem clínica dos mistérios da literatura;
 Incompatibilidade com o senso comum;
 Não relacionamento da obra com a realidade que ela trata ou com
as condições de produção e muito menos com o leitor;
 Afastamento do objeto real e do sujeito humano;
 Propor o anti-humanismo, ao rejeitar o mito de que o significado
começa e termina na “experiência” do indivíduo;
 Não se referir a um objeto real e nem à expressão de um sujeito
individual.

II-B: QUANTO À OBRA LITERÁRIA É NOTÁVEL NO ESTRUTURALISMO


QUE:

 O que resta na obra é um sistema de regras;


 O sujeito foi “efetivamente liquidado”;
 O novo sujeito é o próprio sistema;
 A “estrutura” antecede o significado.

SEGUNDO EAGLETON, É POSSÍVEL SE DIZER QUE:

O Estruturalismo é mais uma série de malfadadas tentativas da teoria


literária de substituir a religião por alguma coisa que tenha a mesma
eficiência: nesse caso, a moderna religião da ciência.

Parece impossível erradicar certo elemento de interpretação e,


portanto, de subjetividade do texto literário.

Não é necessariamente “incompetente” a leitura que despreza um


modo de operação crítica convencional. Há leituras incompetentes
por serem fiéis a uma convenção.

Os textos literários são “produtores e confirmadores de códigos”: eles


podem ensinar novas maneiras de ler e não apenas reforçar as já
existentes.

GENETTE – Discours Narratif (1972)


Distingue récit (ordem dos acontecimentos); histoire (sequência dos
acontecimentos) e narration (o ato de narrar). Para ele, existem
categorias centrais da análise do texto literário:
a) Ordem – ordem temporal: prolepse (antecipação); analepse
(retrovisão);
b) Duração – modo do encaminhamento dos episódios da narrativa;
c) Frequência – possibilidades de narrar os acontecimentos na
história;
d) Modo – distância: relação da narrativa com seus materiais;
recontar a história (diegese) e representá-la (mimese); perspectiva
(ponto de vista) o narrador sabe mais, menos ou no mesmo nível
dos personagens; a narrativa pode ser “não localizada” quando o
narrador for onisciente, exterior à ação; focalização interna –
posição fixa ou várias posições de uma personagem ou de um
ponto de vista de várias personagens; focalização externa – o
narrador sabe menos do que os personagens.
e) Voz: relaciona-se com a narrativa e com o tipo de narrador e
destinatário: narrador heterodiegético (ausente da narrativa);
narrador homodiegético (presente na narrativa); narrador
autodiegético (presente e personagem principal da narrativa).
f) Narração é o ato e processo de contar uma história.
g) Narrativa é o que é realmente contado.

III – PÓS-ESTRUTURALISMO FRANCÊS – DERRIDA

 Põe em causa os conceitos fundamentais do Estruturalismo, como a


noção de texto como uma estrutura orgânica capaz de ser corretamente
analisada e interpretada, ou seja, a adequação entre o signo e o
referente, entre o significante e o significado das palavras.
 Afirma que não é possível conhecer com rigor a realidade objetiva,
pois cada palavra remete apenas para outras palavras, não sendo
possível construir uma linguagem científica.
 Para Derrida, toda a linguagem é alegórica e a crítica visa apenas
transmitir leituras parciais, “desconcertantes” da criação literária.
 Trata-se, pois, de uma negação da ciência da literatura, de acordo com a
filosofia relativista e céptica do conhecimento e da linguagem, que
aponta para o vazio intelectual, para o desconcerto.
 Apresenta uma visão das ideologias subjacentes aos textos – a sua
desconstrução.

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