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Quando comecei a escrever poesia, no princípio dos anos 70, eu tinha muito medo de
escrever sobre o amor. Não era problema só meu. Minha geração considerava cafona
cantar as graças e as sobrancelhas da mulher amada, ainda mais depois que um cantor
inglês, cujo nome felizmente esqueci, se consagrou num Festival da Canção berrando
uma canção chamada ³Love´s all´. Só Vinícius de Moraes tinha o direito de cantar
coisas de amor e, ainda assim, era encarado com desdém pelos poetas supostamente de
vanguarda. Por inveja, é claro.
Aliás, esse negócio de falar de amor no Brasil nem sempre foi fácil. Mesmo os nossos
poetas românticos falavam de amor sem muito conhecimento de causa. No fundo,
tinham medo da prática, falavam só em teoria. Fora Castro Alves, que, no capítulo do
romantismo aplicado, valeu por todos os outros: namorou as moças mais bacanas do seu
tempo. Quem quiser saber mais sobre o assunto, é só consultar o poeta Mário de
Andrade, que tem um esplêndido ensaio a respeito, chamado ³Mocidade e medo´.
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4. (Português em Foco) Em ³Eu tinha muito medo de escrever sobre o amor o verbo
# assume a predicação intransitiva e a expressão ³sobre o amor denota valor
semântico de assunto.
5. (Português em Foco) A forma verbal $ está no plural porque tem como sujeito
a expressão ³os nossos poetas românticos , apesar dessa expressão figurar em outro
período do texto.