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4ª Edição - 2019

Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG ii

ANAIS DO ENCONTRO CIENTÍFICO DA ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - 4ª Edição

GOIÂNIA – GO | 03 e 04 de junho de 2019


www.evz.ufg.br

Realização
Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ)
Universidade Federal de Goiás (UFG)

Comissão Organizadora

Amanda Ferreira Cruz


Bruna Dantas Matos
Camila Nunes Figas
Ennya Rafaella Neves Cardoso
Gabriel de Oliveira Costa Dutra
Laís Di Paulie Taborda Prado
Liana Kesia Costa Araujo
Mariana Fagundes Bento
Nadja Susana Mogyca Leandro
Plínio Azevedo Coelho
Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura
Vitor Eduardo Arantes de Barros

Comissão Científica

Adalto José de Souza Linhares


Adriana Santana do Carmo
Adilson Donizeti Damasceno
Ana Flávia Machado Botelho
Bruno Benetti Junta Torres
Carla Amorim Neves
Alliny Souza de Assis Cavalcante
Amanda Vargas Teles
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG iii

Damila Batista Caetano


Silva; Danieli Brolo Martins
Dannielle Leonardi Migotto
Deborah Pereira Carvalho
Denize Silva Brazil
Eliane Sayuri Miyagi
Eric Saymon Andrade Brito
Evelyn de Oliveira
Fabrício Romulo Cardoso de Camargo
Fernanda Meneses Rodrigues
Gladsthon Divino de Sousa Filho
Jaqueline Andrade Ribeiro da Silva
Jéssica Fernanda Bertolino
Helder Freitas de Oliveira
Heloisa Helena de Carvalho Mello
Kellen de Sousa Oliveira
João Eduardo Nicaretta
Kamilla Dias Ferreira
Karolina Martins Ferreira Menezes
Lidiana Cândida Piveta
Lígia Miranda Ferreira Borges
Lohanne Franciele Damasceno Martins
Lorena Ferreira Silva
Lorrany Bento Ferreira
Luciana Ramos Gaston Brandstetter
Luíza de Paula
Luma Tatiana Silva Castro
Maurícia Brandão da Silva
Naiara Caixeta da Silva
Paulo José Bastos Queiroz
Priscila Pereira do Nascimento
Rafael Cavalcante Sanguanini
Rauane Sousa de Moura
Regina Fialho de Sousa
Sabrina Lucas Ribeiro de Freitas
Sandro de Melo Braga
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG iv

Saulo Humberto de Ávila Filho


Veridiane da Rosa Gomes
Tales Coelho de Alvarenga
Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura
Vivian Vezzoni de Almeida
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG v

Apresentação

O Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade


Federal de Goiás visa reunir estudantes dos cursos de graduação em Medicina
Veterinária e Zootecnia, alunos do Programa de Residência Multiprofissional,
estudantes dos Programas de Pós-Graduação (Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal e Programa de Pós-Graduação em Zootecnia) e Médicos Veterinários
e Zootecnistas interessados na divulgação de trabalhos científicos com o objetivo de
difundir os conhecimentos atuais da produção científica nas áreas de Medicina
Veterinária e Zootecnia.
Para tal, propõe-se que os participantes apresentem resultados de ensaios
experimentais ou de casos clínicos atendidos, na forma de painel que permite a
criação de um ambiente de interatividade favorável à discussão, ao aprendizado, à
educação continuada, à atualização e à complementação do conhecimento dos
participantes. A criação do evento foi estimulada pelo crescimento do interesse dos
alunos em produção e publicação científica como forma de aprofundar seus
conhecimentos e, portanto, de se qualificarem cientificamente, além de se desafiarem
para a apresentação e discussão de informações perante um público seleto.
Nesta oportunidade a organização do Encontro Científico da Escola de
Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás – 4ª Edição expressa seu
reconhecimento e agradece a todos que participaram do nosso evento. Obrigada!

Goiânia/Junho/2019

Direção da EVZ e Organização do Encontro Científico EVZ/UFG


Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG vi

Sumário

Apresentações Orais

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM BIOTINA NA COMPOSIÇÃO MINERAL DA


PAREDE ABAXIAL DO CASCO DE BEZERRAS – RESULTADOS PARCIAIS .............. 2

LEVANTAMENTO CASUÍSTICO DE INTOXICAÇÕES ATENDIDAS NO HOSPITAL


VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ENTRE 01/09/2018 e
01/03/2019 ........................................................................................................................ 6

UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MOLECULAR NA IDENTIFICAÇÃO DE PACU Piaractus


mesopotamicus, PIRAPITINGA Piaractus brachypomum, TAMBAQUI Colossoma
macropomum E SEUS HÍBRIDOS ................................................................................ 10

OCORRÊNCIA DE PEITO AMADEIRADO EM FRANGOS ALIMENTADOS COM


DIETAS CONTENDO DOSES DE FITASE E NIVEIS REDUZIDOS DE CÁLCIO ........... 15

INQUÉRITO SOROLÓGICO PARA RIQUÉTSIAS DO GRUPO DA FEBRE MACULOSA


E Rickettsia bellii EM CÃES DO ESTADO DE GOIÁS, BRASIL .................................. 19

FREQUÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI Ehrlichia sp. EM CÃES DO ESTADO DE


GOIÁS, BRASIL. ............................................................................................................ 23

Apresentações em Pôster

AÇÃO ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE BARBATIMÃO E DO CLOREXIDINE NA


ANTISSEPIA DE VULVA DE ÉGUAS: Resultados parciais ......................................... 28

COMPLEXO GENGIVITE-ESTOMATITE-FARINGITE ASSOCIADO A SUSPEITA DE


PERITONITE INFECCIOSA FELINA – RELATO DE CASO........................................... 32

CARDIOMIOPATIA DILATADA EM CÃO DA RAÇA BOXER- RELATO DE CASO ...... 36

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE CHOQUE SÉPTICO EM UM GATO COM


PODODERMATITE: RELATO DE CASO ....................................................................... 40
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG vii

CELULITE ORBITÁRIA EM CÃES: ASPECTOS CLÍNICOS E


ULTRASSONOGRÁFICOS - RELATO DE UM CASO ................................................... 44

MASTOCITOMA SUBCUTÂNEO ISOLADO EM UM CÃO BRAQUICEFÁLICO: RELATO


DE CASO ........................................................................................................................ 48

CARCINOMA DE CÉLULAS BASAIS EM EQUINO ....................................................... 52

SINAIS CLÍNICOS ASSOCIADOS A TOXICOSE POR BROMETO DE POTÁSSIO EM


CÃO ................................................................................................................................ 56

AUXÍLIO DA ULTRASSONOGRAFIA E RADIOGRAFIA NA DETECÇÃO DE


COLELITÍASE E COLEDOCOLITÍASE EM UMA FELINA - RELATO DE CASO .......... 60

DISFUNÇÃO COGNITIVA EM CÃO DA RAÇA LHASA APSO – RELATO DE CASO .. 64

INTOXICAÇÃO POR DIPIRONA EM GATO – RELATO DE CASO ............................... 68

DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL CRÔNICA EM CÃO DA RAÇA YORKSHIRE -


RELATO DE CASO ........................................................................................................ 72

HIPOPLASIA DE ÍRIS EM EQUINO: RELATO DE UM CASO IRIS ............................... 76

TRANSPOSIÇÃO DO MUSCULO OBTURADOR INTERNO PARA CORREÇÃO DE


HÉRNIA PERINEAL BILATERAL EM CÃO - RELATO DE CASO ................................. 80

TELA DE POLIPROPILENO PARA CORREÇÃO DE HÉRNIA PERINEAL EM CÃO:


RELATO DE CASO ........................................................................................................ 84

O USO INCORRETO DE ANTIMICROBIANOS EM PROPRIEDADES RURAIS


GOIANAS PODE COMPROMETER A SAÚDE DO AMBIENTE, ANIMAIS E DO
HOMEM: RESULTADOS PARCIAIS .............................................................................. 88

Trypanosoma vivax: DISPERSÃO ESPACIAL APÓS TRÊS ANOS DE SUA


INTRODUÇÃO NO ESTADO DE GOIÁS........................................................................ 92

Salmonella enterica EM OVOS DE GALINHAS CAIPIRA COMERCIALIZADOS EM


Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG viii

FEIRAS LIVRES DE GOIÂNIA, GOIAS. ......................................................................... 96

MICOTOXICOSES EM POEDEIRAS COMERCIAIS - RELATO DE CASO .................... 99

INVESTIGAÇÃO DE BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MASTITE ISOLADAS EM


AMOSTRAS DE LEITE ENTRE OS ANOS DE 2017 E 2019 ........................................ 103

SOROVARES DE Salmonella IDENTIFICADOS EM AMOSTRAS DE RAÇÃO .......... 107

DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO DE INFECÇÕES URINÁRIAS DE CÃES E GATOS


...................................................................................................................................... 111

PERSISTÊNCIA DE PICOS FEBRIS EM BEZERROS PRIMOINFECTADOS


EXPERIMENTALMENTE COM Trypanosoma vivax DURANTE A FASE AGUDA ...... 115

VIABILIDADE DE Trypanosoma vivax EM DIFERENTES FORMULAÇÕES


COMERCIAIS DE OCITOCINA .................................................................................... 119

PRESENÇA DE Trypanosoma vivax EM FÊMEAS INGURGITADAS


Rhipicephalus microplus COLHIDAS DE BOVINOS ............................................. 123

IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS E GRAM NEGATIVAS EM CÃES


COM SUSPEITA DE OTITE CANINA ........................................................................... 128

ESTABILIZAÇÃO DE FRATURA EM CARAPAÇA DE JABUTI PIRANGA (Chelonoidis


carbonaria) (Spix, 1824) UTILIZANDO BRAQUETE ORTODÔNTICO ....................... 132

ERLICHIOSE MONOCÍTICA EM EQUINO ................................................................... 136

BEM-ESTAR ANIMAL PROMOVIDO PELO TRATAMENTO DE OTITE EXTERNA COM


USO DE TERBINAFINA, FLORFENICOL E ACETATO DE BETAMETASONA –
RELATO DE CASO ...................................................................................................... 140

DESEQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE EM UM CÃO COM INTUSSUSCEPÇÃO – RELATO DE


CASO............................................................................................................................ 144

DISSEMINAÇÃO DE MASTOCITOMA CANINO DE ALTO GRAU – RELATO DE CASO


Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG ix

...................................................................................................................................... 148

PERSISTÊNCIA DO QUARTO ARCO AÓRTICO DIREITO EM CÃO DA RAÇA HUSKY


SIBERIANO .................................................................................................................. 152

TRATAMENTO CONSERVATIVO DE PIOMETRA EM COELHA (Oryctolagus


cuniculus) .................................................................................................................... 156

PIROPLASMOSE EM EQUINO .................................................................................... 159

ENCEFALOPATIA POR PRIVAÇÃO HÍDRICA E ALIMENTAR PROLONGADAS –


RELATO DE CASO ...................................................................................................... 164

REDUÇÃO DE PROLAPSO RETAL COM AMPUTAÇÃO DE SEGUIMENTO DO RETO


EM OVINO- RELATO DE CASO .................................................................................. 168

PROSTATITE ABSCEDANTE EM CÃO - RELATO DE CASO .................................... 172

SARCOMA HISTIOCÍSTICO DISSEMINADO EM CÃO- RELATO DE CASO .............. 176

SIALOADENECTOMIA EM CÃO COM SIALOCELE MANDIBULAR - RELATO DE


CASO............................................................................................................................ 180

TERAPIA ANTITROMBÓTICA EM CADELA COM MASTOCITOMA E


ADENOCARCINOMA MAMÁRIO ................................................................................. 184

ALTERAÇÕES LABORATORIAIS EM UM CÃO COM ANEMIA HEMOLÍTICA


IMUNOMEDIADA - RELATO DE CASO ....................................................................... 188

TRANSPOSIÇÃO CORNEOCONJUNTIVAL PARA TRATAMENTO DE SEQUESTRO


CORNEANO EM FELINO: RELATO DE UM CASO ..................................................... 192

TUMOR DE CÉLULAS GRANULARES EM EQUINO - RELATO DE CASO ............... 196

DEGENERAÇÃO MIXOMATOSA VALVAR EM CÃES - RELATO DE CASO ............. 200


Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG x

ANGIOGRAFIA DOS DIGÍTOS PÉLVICOS DE BOVINOS MESTIÇOS (Bos indicus X


Bos taurus) – RESULTADOS PARCIAIS .................................................................... 204

X-PLASTIA PARA CORREÇÃO DE DEFEITO CUTÂNEO APÓS EXÉRESE DE


CISTOADENOMA DE GLÂNDULA APÓCRINA EM CÃO - RELATO DE CASO ........ 208

OSTEOPATIA HIPERTRÓFICA PULMONAR EM CÃO COM ADENOCARCINOMA


MAMÁRIO - RELATO DE CASO .................................................................................. 212

LUXAÇÃO DE PATELA LATERAL, BILATERAL E CONGÊNITA EM CÃO – RELATO


DE CASO ...................................................................................................................... 216

LACERAÇÃO TRAUMÁTICA DE ESCLERA EM EQUINO: RELATO DE CASO ........ 219

RETALHO DE PADRÃO AXIAL ROTACIONADO DA ARTÉRIA EPIGÁSTRICA


SUPERFICIAL CAUDAL PARA REPARAÇÃO DE DEFEITO APÓS EXÉRESE DE
MASTOCITOMA EM BOLSA ESCROTAL DE CÃO - RELATO DE CASO .................. 223

EFEITO DA MASTITE SUBCLÍNICA CRÔNICA ANTES DA SECAGEM NA PRIMEIRA


CCS NO PÓS-PARTO DE VACAS LEITEIRAS ........................................................... 227

DESEMPENHO E BIOMETRIA DOS ORGÃOS DE PINTOS ALIMENTADOS COM


DIETAS PROCESSADAS TERMICAMENTE, CONTENDO MILHO OU SORGO, NA
FASE PÓS-ECLOSÃO ................................................................................................. 231

PARÂMETROS SANGUINEOS DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM


DIFERENTES FONTES PROTEICAS .......................................................................... 236

EFEITO DE DIFERENTES FONTES PROTEICAS EM DIETAS PARA FRANGOS DE


CORTE SOBRE NIVEIS SERICOS DE COLESTEROL E TRIGLICERIDEOS ............. 239

DESEMPENHO DE NOVILHAS E VACAS NELORE TERMINADAS EM DIFERENTES


PERÍODOS DE CONFINAMENTO ............................................................................... 243

HISTOMORFOMETRIA INTESTINAL DE PINTOS ORIUNDOS DE MATRIZES DE


CRESCIMENTO LENTO DE DIFERENTES IDADES ................................................... 248

PADRÕES DE DESLOCAMENTO E CAPTURA DE FORRAGEM POR NOVILHOS


Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG xi

ALIMENTADOS COM SUPLEMENTOS MÚLTIPLOS DE BAIXO CONSUMO EM


PASTAGEM DE CAPIM ARUANA ............................................................................. 250

QUALIDADE E DESEMPENHO DE PINTOS NA FASE INICIAL ORIUNDOS DE


MATRIZES DE CRESCIMENTO LENTO DE DIFERENTES IDADES E TEMPO DE
ECLOSÃO .................................................................................................................... 255

CARACTERÍSTICAS MÉTRICAS DA CARCAÇA DE TOURINHOS NELORE


RECRIADOS A PASTO COM DIFERENTES TIPOS DE SUPLEMENTAÇÃO E
INCLUSÃO DE NARASINA E TERMINADOS EM CONFINAMENTO .......................... 259

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO EM FRANGOS DE


CORTE DE CRESCIMENTO LENTO DE DIFERENTES LINHAGENS ........................ 263

SUPLEMENTAÇÃO DE FITASE COM DIFERENTES RELAÇÕES CÁLCIO FÓSFORO E


FEITOS SOBRE PARÂMETROS ÓSSEOS ................................................................. 267

ÁCIDO GUANIDINOACÉTICO EM DIETA PRÉ-INICIAL PARA FRANGOS ................ 271

ÁREA DE CRIA OPERCULADA EM COLMEIAS DE APIS MELLIFERA


SUPLEMENTADAS COM XAROPE CONTENDO VITAMINAS E AMINOÁCIDOS ..... 275

MEDIDAS SUBJETIVAS DA CARCAÇA DE TOURINHOS NELORE RECRIADOS A


PASTO, COM DIFERENTES TIPOS DE SUPLEMENTAÇÃO E INCLUSÃO DE
NARASINA E TERMINADOS EM CONFINAMENTO ................................................... 279

PERFIS DE PEQUENOS RNAs NO TRATO REPRODUTIVO DE FÊMEAS E SEUS


MECANISMOS EPIGENÉTICOS .................................................................................. 282

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE SILÍCIO NA PRODUÇÃO DE GRAMÍNEAS


FORRAGEIRAS EM SOLOS DO CERRADO ............................................................... 288

MÍDIAS SOCIAIS COMO ESTRATÉGIA DE MARKETING DIGITAL NA


OVINOCULTURA DE CORTE NO ESTADO DE GOIÁS .............................................. 292
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
1

ENCONTRO CIENTÍFICO
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
4ª Edição

APRESENTAÇÕES ORAIS
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
2

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM BIOTINA NA COMPOSIÇÃO MINERAL DA


PAREDE ABAXIAL DO CASCO DE BEZERRAS – RESULTADOS PARCIAIS

EFFECT OF BIOTIN SUPPLEMENTATION ON MINERAL COMPOSITION OF THE


ABAXIAL HOOF WALL OF HEIFERS

Ana Paula de Almeida Vinhal1, Diego Ferreira de Araújo2, Sabrina Lucas Ribeiro de
Freitas3, Damila Batista Caetano da Silva4 Paulo José Bastos Queiroz5, Luiz Antônio
Franco da Silva6

1. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia – GO; almeidavinhal@gmail.com


2. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
3. Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
4. Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
5. Doutorando em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
6. Docente, EVZ, UFG, Goiânia – GO;

Palavras-chave: bovino, doenças de casco, claudicação


Keywords: bovine, hoof diseases, lameness

INTRODUÇÃO
A suplementação com biotina ocasiona aumento da resistência do casco de
bovinos1. A qualidade do tecido queratinizado do casco depende do suprimento
adequado de minerais, pois estes fornecem resistência e atuam como cofatores de
enzimas importantes na diferenciação dos queratinócitos2. Não há informações sobre
o efeito da biotina na composição de minerais no estojo córneo do casco bovino.
Dessa forma, este estudo tem como objetivo avaliar o efeito da suplementação diária
de 20 mg de biotina na proporção de minerais do casco de bezerras mestiças (Jersey x
Holandês).

MATERIAIS E MÉTODOS
Os procedimentos envolvendo animais foram aprovados pelo Comitê de Ética
no Uso de Animais da Universidade Federal de Goiás (CEUA/UFG) (protocolo nº
089/2015 e 014/2018). Na pesquisa foram utilizadas 12 bezerras, mestiças (Jersey x
Holandês), desmamadas, com idade de seis meses e peso médio de 124,08 ± 16,57.
As bezerras foram alojadas em baias com piso de concreto, coberto por “cama” de
maravalha. O experimento seguiu o delineamento em blocos casualizados. As
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3
bezerras foram blocadas em duplas de acordo com o peso inicial e distribuídas em
seis baias. Em cada bloco, uma bezerra foi submetida ao Tratamento Controle e a
outra ao Tratamento Biotina. Os animais submetidos ao Tratamento Biotina
receberam suplementação diária de 20 mg de biotina fornecida por via oral durante
120 dias. No Tratamento Controle, os animais não receberam suplementação com
biotina.
Amostras do estojo córneo foram obtidas em dois momentos: sete dias antes
e um dia após o período de 120 dias de suplementação. As bezerras foram sedadas
com cloridrato de xilazina a 2% e realizou-se bloqueio anestésico local com cloridrato
de lidocaína a 2%. Em seguida, as amostras foram armazenadas em embalagens
plásticas e congeladas a -15°C. A avaliação da composição mineral das amostras de
casco foi realizada pela Espectrometria de Fluorescência de Raio X por Energia
Dispersiva (ED-XRF), utilizando-se um espectrômetro de bancada modelo Ray Ny
EDX-720 (Shimadzu®, Columbia, EUA). Os raios X foram gerados em voltagem de 50
kV e corrente elétrica de 100 µA.
3
Os dados percentuais sofreram transformação para arco seno . Dados
paramétricos foram comparados dentro do tratamento (antes x depois) pelo teste t
para dados pareados e entre os tratamentos (controle x biotina) pelo teste t
independente. Dados que não apresentaram distribuição normal foram comparados
pelo teste de Wilconxon (antes x depois) e Mann-Whitney (controle x biotina). Valores
de p < 0,05 foram considerados significativos.

RESULTADOS
Na Tabela 1 é apresentada a composição mineral da parede abaxial do casco
lateral do membro pélvico de bezerras suplementadas ou não com biotina, antes e
após suplementação com biotina.

TABELA 1 - Composição mineral da parede abaxial do casco lateral do membro pélvico de


bezerras mestiças (Jersey x Holandês) suplementadas ou não com biotina, antes
e depois de 120 dias de tratamento. Resultados obtidos pela técnica de
Espectrometria de Fluorescência de Raio X por Energia Dispersiva (ED-XRF)
Variáveis Tratamento Antes Depois Valor de P
Biotina 72,88 ± 3,56 A 79,76 ± 3,73 A 0,004*
S (Enxofre)%
Controle 73,62 ± 3,18 A 74,43 ± 3,22B 0,418
Ca (Cálcio)% Biotina 10,49 ± 1,48 A 7,31 ± 1,51 B <0,001*
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4
Controle 11,62 ± 3,21 A 10,70 ± 0,68A 0,540
Biotina 6,57 ± 0,15 A 4,49 ± 0,22 A 0,001*
K (Potássio)%
Controle 5,8 ± 1,64 A 5,3 ± 1,1 A 0,514
Biotina 3,91 ± 0,36 A 3,69 ± 0,52 A 0,440
P (Fósforo)%
Controle 4,38 ± 1,34 A 3,94 ± 0,9 A 0,236
Biotina 5,83 ± 2,37 A 6,56 ± 3,17 A 0,595
Si (Sílica)%
Controle 5,36 ± 1,71 A 5,52 ± 2,56 A 0,986
A,B
Médias seguidas por letras diferentes na coluna (Biotina x Controle) e na mesma variável indicam
diferença estatística (p < 0,05).
* Indica diferença estatística (p < 0,05) entre os tempos de avaliação (Antes x Depois).

DISCUSSÃO
Os minerais encontrados em maior proporção na parede do casco foram,
respectivamente, enxofre (S), cálcio, (Ca), potássio (K) e fósforo (P). Resultado
semelhante foi obtido por Assis4 em pesquisas com bubalinos. A presença de sílica
(Si) no casco foi um resultado inesperado, que se deve, provavelmente, ao contato
constante do casco com o concreto que revestia o piso e a parede das baias. O
concreto é um material rico em Si5 e, dessa forma, esse elemento ficou impregnado na
superfície do casco.
Observou-se que os animais tratados com biotina apresentaram aumento
significativo da porcentagem de enxofre (S) e redução significativa de cálcio (Ca) e
potássio (K) após os 120 dias de suplementação. Nas bezerras que receberam o
tratamento controle esse efeito não foi observado. O aumento da porcentagem de S
no casco pode ser explicado pelo possível aumento da síntese de citoqueratinas,
conforme já demonstrado em estudos com cultura de queratinócitos6. A maior síntese
de citoqueratinas promove aumento da concentração de pontes dissulfeto, que unem
dois aminoácidos cisteína através de dois átomos de S e fornecem estabilidade à
estrutura proteica do queratinócito7. Quanto maior a concentração de enxofre maior a
rigidez e a resistência do tecido queratinizado8. Dessa forma, sugere-se que a maior
porcentagem de enxofre promova maior rigidez e resistência ao casco de animais
suplementados com biotina.
A porcentagem de K e Ca reduziu significativamente após a suplementação
com biotina. A causa para a redução desses minerais após o tratamento não ficou
clara. O K atua como ativador da enzima piruvato quinase9, que catalisa a última
reação da glicólise10. A biotina, por sua vez, atua como cofator da piruvato carboxilase,
enzima que catalisa a primeira reação da gliconeogênese10. Portanto, biotina e K
participam como cofatores de vias metabólicas opostas. Assim, sugere-se que exista
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5
uma relação, ainda não esclarecida, entre a concentração de biotina e K em tecidos
queratinizados. O Ca é o maior regulador do processo de diferenciação celular na
queratinização, pois atua como ativador das transglutaminases, enzimas que unem várias
proteínas que formam o envelope cornificado do queratinócito11. Diante dos resultados
encontrados, a redução da porcentagem de Ca e K na parede do casco ocasionada pele
suplementação com biotina deve ser melhor compreendida em investigações futuras.

CONCLUSÃO (ÕES)
A suplementação diária com 20 mg de biotina aumenta a porcentagem S e
diminui a de K e Ca na parede abaxial do casco de bezerras mestiças (Jersey x Holandês).
A relação entre biotina e a porcentagem de K e Ca no casco precisa ser melhorar
compreendida em pesquisas futuras.

REFERÊNCIAS
1. Higuchi H, Maeda T, Nakamura M, Kuwano A, Kawai K, Kasamatsu M, et al. Effects of
biotin supplementation on serum biotin levels and physical properties of samples of solar
horn of Holstein cows. Can J Vet Res. 2004;68(2):93-7.
2. Tomlinson DJ, Mulling CH, Fakler TM. Invited review: formation of keratins in the bovine
claw: roles of hormones, minerals, and vitamins in functional claw integrity. J Dairy Sci.
2004;87(4):797-809.
3. Sampaio IBM. Estatística Aplicada à Experimentação Animal. 2 ed. Belo Horizonte:
FEPMZV - UFMG; 2002. 265 p.
4. Assis BM, Vulcani VAS, Silva LAF, Dias M, Pancotti A, Lima CRO, et al. Biochemical
composition of the hoof capsule of buffaloes and its influence on hoof quality. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2017;69:57-64.
5. Ma C-K, Awang AZ, Omar W. Structural and material performance of geopolymer
concrete: A review. Construction and Building Materials. 2018;186:90-102.
6. Fritsche A, Mathis GA, Althaus FR. Pharmacologic effects of biotin on epidermal cells.
Schweizer Archiv fur Tierheilkunde. 1991;133(6):277-83.
7. Feng X, Coulombe PA. A role for disulfide bonding in keratin intermediate filament
organization and dynamics in skin keratinocytes. J Cell Biol. 2015;209(1):59-72.
8. Edwards HGM, Hunt DE, Sibley MG. FT-Raman spectroscopic study of keratotic
materials: horn, hoof and tortoiseshell. Spectrochimica Acta Part A: Molecular and
Biomolecular Spectroscopy. 1998;54(5):745-57.
9. Oria-Hernández J, Cabrera N, Pérez-Montfort R, Ramírez-Silva L. Pyruvate Kinase
Revisited: THE ACTIVATING EFFECT OF K+. Journal of Biological Chemistry.
2005;280(45):37924-9.
10. Voet D, Voet JG. Biochemistry. 4th ed. New York: John Wiley & Sons; 2011. 1428 p.
11. Candi E, Schmidt R, Melino G. The cornified envelope: a model of cell death in the
skin. Nat Rev Mol Cell Biol. 2005;6(4):328-40.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
6

LEVANTAMENTO CASUÍSTICO DE INTOXICAÇÕES ATENDIDAS NO HOSPITAL


VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ENTRE 01/09/2018 e
01/03/2019

CASUISTRY SURVEY OF POISONING CASES RECEIVED AT THE VETERINARY


HOSPITAL OF FEDERAL UNIVERSITY OF GOIÁS FROM 09/01/2018 TO 03/01/2019

Rayanne Henrique Santana da Silva², Sara Sueli Ferreira de Almeida³, Thays Martins
Ferreira², Amanda Milhomem Donato Machado³, Ana Flávia Machado Botelho4

1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO;


rayanne_dudu@hotmail.com.
2. Residente no Programa de Residência em Área Profissional da Saúde em Toxicologia
Veterinária EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4. Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: Cão, intoxicação, drogas


Keywords: Dog, poisoning, drugs

INTRODUÇÃO
O Hospital Veterinário (HV) da Universidade Federal de Goiás (UFG) realiza
atendimentos de rotina e emergenciais à diferentes espécies animais. Situado em Goiânia
(Goiás), o HV contribuiu para formação de estudantes da graduação e pós graduação em
diferentes áreas do conhecimento, incluindo a toxicologia.
As intoxicações na maioria das vezes causam sinais clínicos inespecíficos e levam a
diferentes graus de gravidade de acordo com a quantidade e tipo de agente ao que o
paciente foi exposto, dificultando o diagnóstico 1,2.
Diante da relevância das intoxicações em animais1,3, observou-se a importância de
expor a casuística atual dos casos acompanhados no HV, mostrando à comunidade
acadêmica e externa os principais agentes tóxicos envolvidos, facilitando assim o
direcionamento do diagnóstico e a orientação ao proprietário.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram coletados os dados de diferentes espécies animais atendidas no HV- UFG


no período de primeiro de setembro de 2018 a primeiro de março de 2019. Todos os
pacientes foram acompanhados pela equipe da Toxicologia por meio de atendimento
especializado e preenchimento de formulário específico. Nessa ficha foi relatada a
espécie, tipo de
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7
intoxicação, histórico, sinais clínicos, evolução, tratamento, suspeita e diagnóstico
definitivo.

RESULTADOS
Os agentes tóxicos mais prevalentes nos casos de intoxicação atendidos no
HV/UFG englobaram os medicamentos com 28% do total, seguido das plantas tóxicas
24% e pesticidas 24%. A espécie canina foi a mais afetada (64%), tendo como principais
vias de exposição a via oral (58%) e a dérmica (38%), por ser de fácil acesso. A
intoxicação acidental ocorreu em 56% dos casos, seguida da desconhecida com 44%. O
tratamento clínico foi realizado em 56% das ocorrências e somente 38% foi necessário o
suporte emergencial. Em 50% dos casos os animais evoluíram para alta médica e 50%
vieram a óbito em virtude da gravidade dos casos (Figura 1).

DISCUSSÃO
A intoxicação medicamentosa foi a mais frequente nos pacientes atendidos,
representada principalmente pelos anti-inflamatórios não esteroidais. Resultados similares
foram encontrados em um levantamento da Society for the Prevention of Cruelty to
Animals e Animal Poison Control Center (ASPCA) onde estes medicamentos foram
responsáveis por 60.170 casos1. Isso se deve principalmente à utilização errônea de
medicações destinadas ao uso humano, que representam até 30% dos casos relatos, e
2,3.
também a quadros de ingestão acidental pela administração indevida dos tutores
Dados similares justificam a prevalência dos tipos de intoxicação atendidas. O
tipo de intoxicação mais comum foi a acidental, concordando com a retrospectiva
realizada por Zang et al. (2018), em que 46% das intoxicações foram causadas de forma
acidental pelo proprietário, fazendo uso de medicações sem prescrição4.
No presente estudo também foi possível determinar que a via de exposição oral
foi mais frequente, o que está associado à administração de medicamentos e ao fácil
acesso dos animais aos toxicantes. Com isso, o trato gastrointestinal representa uma
importante via para absorção, que pode variar de acordo com a lipossolubilidade, taxa de
dissolução e em casos de material particulado, do tamanho da partícula do agente
tóxico5.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
8

Figura 1: Levantamento casuístico dos casos de intoxicações atendidos no Hospital Veterinário da


UFG entre 01/09/2018 e 01/03/2019. A) Classificação dos agentes tóxicos mais prevalentes; B)
Classificação das espécies afetadas; C) Vias de exposição aos agentes tóxicos; D) Tipos de
intoxicação apresentadas; E) Classificação dos tratamentos ministrados; F) Evolução clínica dos
animais atendidos.

Os cães representam cerca de 60% dos pacientes intoxicados, dado este se se


assemelha ao encontrado por Medeiros et al. (2009). A maioria dos atendimentos
realizados no HV envolvem a espécie canina, sendo que estes também apresentam
pouca seletividade com relação à alimentação, podendo isso contribuir para o resultado
encontrado6.
O tratamento das intoxicações, clínico ou emergencial, tem como objetivo a
estabilização do paciente, prevenção da absorção e aumento da eliminação 5. O
tratamento clínico correspondeu a aproximadamente 58% dos realizados, enquanto o
emergencial a 38%. Em alguns casos específicos, cerca de 10%, o tratamento não foi
autorizado por falta de condições financeiras, ou mesmo por desinteresse dos tutores.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
9
Apesar da taxa de adesão ao tratamento, emergencial ou clínico, ser alta, o índice
de óbito também é significativo (50%), grande parte pela gravidade dos casos e também
devido à demora na procura ao atendimento médico veterinário, de tal maneira que o
prognóstico se torna reservado a desfavorável.

CONCLUSÕES
A intoxicação medicamentosa em cães é a principal causa de atendimentos
médico veterinários no Hospital Veterinário da UFG. Diante disso vê-se que há
necessidade de conscientização dos tutores a respeito dos riscos inerentes as
medicações e da urgência em procurar serviço veterinário em caso de suspeita de
intoxicação.

REFERÊNCIAS
1. McLean MK, Khan SA. Toxicology of Frequently Encountered Nonsteroidal
Antiinflammatory Drugs in Dogs and Cats: An Update. Vet Clin North Am Small
Anim Pract. 2018; 48(6):969 – 984.
2. Caloni CCF, Pizzo F, Rivolta M, Davanzo F. Epidemiological study (2006– 2012) on
the poisoning of small animals by human and veterinary drugs. Vet Rec. 2014;
174:222. 5.
3. Cortinovis C, Pizzo F, Caloni F. Poisoning of dogs and cats by drugs intended for
human use. Vet J.2015; 203(1):52-58.
4. Zang L, Bing R S, Araújo ACP, Ferreira MP. A Retrospective Study of Small Animal
Poisoning at the Veterinary Medical Teaching Hospital from South Region of Brazil.
Acta Scientiae Veterinariae. 2018: 46: 1584.
5. Lehman-Mckeeman. Absorção, distribuição e excreção de toxicantes. In: Klaassen
CD, Watkins III JB. Fundamentos em toxicologia de Casarett e Doull. Trad Adelaide
José Vaz.et al. 2 ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 460 p.
6. Medeiros RJ, Monteiro FO, Silva G.C, Júnior AN. Casos de intoxicações exógenas
em cães e gatos atendidos na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal
Fluminense durante o período de 2002 a 2008. Ciência Rural. 2009.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
10

UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MOLECULAR NA IDENTIFICAÇÃO DE PACU Piaractus


mesopotamicus, PIRAPITINGA Piaractus brachypomum, TAMBAQUI Colossoma
macropomum E SEUS HÍBRIDOS

USE OF MOLECULAR ANALYSIS IN THE IDENTIFICATION OF PACU


Piaractus mesopotamicus, PIRAPITINGA Piaractus brachypomum, TAMBAQUI
Colossoma macropomum AND ITS HYBRIDS
Hortência Aparecida Botelho¹, Matheus Hernandes Leira2, Tiago Vieira de
Andrade3, Fernanda Gomes de Paula4, Marcos Barcellos Café4

1. Doutoranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; hortenciabot@gmail.com


2. Doutor em Zootecnia, UFLA, LAVRAS, MG.
3. Doutoranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4. Professores Adjunto UFG, EVZ, Goiânia, GO.

Palavras-chave: Híbridos. Identificação. Serrasalmidae.


Keywords: Hybrids. Identification. Serrasalmidae.

INTRODUÇÃO
Devido alta produtividade, elevado desempenho, qualidade de carcaça e
resistência, espécies da família Serrasalmidae, como pacu (Piaractus
mesopotamicus), pirapitinga (Piaractus brachypomus), tambaqui (Colossoma
macropomum) e seus híbridos interespecíficos, são os peixes nativos de maior

importância na aquicultura Brasileira1.


Entretanto, há uma grande dificuldade na identificação correta de peixes
redondos puros e híbridos por avaliação morfológica2. Devido a interação alélica, os
híbridos podem fenotipicamente assemelhar-se a seus pais, resultando em
identificação incorreta3. Além disso, dependendo do ambiente de cultivo e do nível
de estresse dos animais a sua coloração pode variar, acarretando uma maior
dificuldade de identificação do animal pelo fenótipo, principalmente quando há
híbridos2,4.
Técnicas moleculares como PCR têm sido aplicadas com o objetivo de
permitir a identificação correta dos peixes e comercialização de híbridos por serem
eficientes e rápidas na identificação, quando comparadas às demais técnicas
moleculares5. Os marcadores nucleares são essenciais para identificação de
híbridos interespecíficos e os marcadores mitocondriais, utilizados para indicar a
origem materna, sendo essa informação fundamental para a avaliação da
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
11
hibridação4.

Desta forma, o objetivou-se verificar através da análise molecular de


fragmentos da nadadeira caudal, se os animais estavam sendo classificados de
forma correta pelos piscicultores.

MATERIAL E MÉTODOS
O cultivo dos animais foi realizado no setor de Piscicultura da Universidade
Federal de Lavras, Lavras –MG. Foram coletados 160 juvenis de Serrasalmideos de
diversas pisciculturas, que foram classificados visualmente por piscicultores nos
seguintes grupos genéticos: Pacu, Pirapitinga, Tambaqui e os híbridos Tambatinga
(♀tambaqui x ♂pirapitinga), Tambacu (♀tambaqui x ♂pacu), Piracu (♀pirapitinga x
♂pacu) Paqui (♀ pacu x ♂ tambaqui), patinga (♀ pacu x ♂ pirapitinga). Os peixes
foram microchipados com um chip no dorso superior direito para posterior
identificação. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 4 tanques escavados
de tamanho 32 m2.
Os animais foram alimentados ad libitum com ração comercial com 32% de
proteína bruta, ofertada três vezes ao dia (8, 12 e 16 horas). O oxigênio dissolvido
foi monitorado diariamente e a amônia, nitrito, nitrato e pH a cada três dias.
Os animais usados nos experimentos foram atestados quanto suas purezas, a
fim de averiguar se eram realmente espécies parentais puras. Com 120 dias de
cultivo, os animais foram retirados do tanque, anestesiados com benzocaína
(60mg/L) e pesados. Deste modo, foram coletadas amostras da nadadeira caudal
com auxílio de uma tesoura cirúrgica. As nadadeiras foram fixadas em álcool 100%
para extração e purificação do DNA através do kit comercial “Wizard Genomic DNA
Purification Kit - Promega”, e posteriormente as técnicas de PCR-Multiplex e PCR-
RFLP foram aplicadas para as análises de identificação molecular das amostras.
Foram utilizados os marcadores genéticos nucleares (tpm1 e rag2) e dois
mitocondriais (mt-co1 e mt-cyb) (Hashimoto et al., 2011). Os produtos gerados pela
Multiplex-PCR e PCR-RFLP foram aplicados em um gel de agarose 1,5%
fornecendo um padrão de genótipos diagnósticos para identificação das espécies
que os peixes pertenciam.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da análise molecular, observou-se que houve alta taxa de erro de
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
12
48,75 dos produtores na identificação da composição genética dos animais. Foi
verificado que apenas os animais puros pirapitinga e pacu foram classificados
corretamente.

Tabela 1 Classificação e quantidade de Serrasalmideos de acordo com a


identificação dos produtores e análise molecular, e nível de acerto da classificação
dos animais pelos produtores (%)
Classificação Acerto pelos produtores
Produtores (n° de animais) Molecular (n° de animais) (%)
Tambaqui (20) Tambaqui (12) PF1 (8) 60
Pirapitinga (20) Pirapitinga (20) 100
Pacu (20) Pacu (20) 100
Tambatinga (20) Tambaqui (13) Tambatinga 35
(7)
Piracu (20) Pirapitinga (1) Piracu (19) 95
Tambacu (20) Tambaqui (20) 0
Paqui (20) Pacu (15) PF1(5) 0
Patinga (20) Pirapitinga (11) PF1 (9) 0
PF1: Híbridos pós F1

A maior taxa de erro de identificação foram para os híbridos tambacu, paqui e


patinga, que tiveram 0% de acerto pelos produtores, indicando assim, um grave
problema de classificação dos animais por visualização fenotípica por parte dos
produtores. De acordo com a análise, alguns exemplares da espécie tambaqui foram
classificados como animais pós F1, bem como nos exemplares de paqui e patinga.
Deste modo, verifica-se uma baixa coerência entre a composição genética imputada
para as características avaliadas e a informada pelos produtores.
A dificuldade na classificação de Serrasalmideos puros e seus híbridos
interespecíficos também foi relatada por Gomes et al.2 e Hashimoto et al.4
observaram alta taxa de erro na classificação de animais adquiridos em pisciculturas
comerciais no Brasil e relataram por meio de multiplex-PCR e PCR-RFLP, que
juvenis de Pacu, Tambaqui e Tambatinga vêm sendo comercializados erroneamente
como tambacu nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Sergipe.
Gomes et al.2 relataram que pisciculturas do estado do Pará e do Piauí estão
comercializando tambaqui erroneamente, sendo que estes são na realidade
Tambacu e Tambatinga. Os mesmos autores também constataram que o tambaqui
também vem sendo comercializado como Tambacu no estado do Pará. Assim,
animais híbridos são negociados no Brasil como espécies puras ou outros tipos de
híbridos interespecíficos. Em Pintado Pseudoplatystoma corruscans e Cachara
Pseudoplatystoma reticulatum, também tem sido observado por meio de marcadores
moleculares que a visualização morfológica não tem sido eficiente, sendo
encontrados em pisciculturas peixes híbridos pós-F1 como reprodutores6.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
13
Estudos recentes utilizando marcadores moleculares sugerem um número
mínimo de quatro marcadores nucleares para identificar corretamente animais
híbridos quando ocorre hibridação introgressiva 7,4,8.
Dessa forma, a identificação da composição genética de grande parte dos
animais apenas por visualização morfológica é ineficiente e pode provocar sérios
problemas ecológicos no futuro.

CONCLUSÃO
Peixes da família Serrasalmidae estão sendo classificados erroneamente por
piscicultores. A análise molecular é uma ferramenta eficiente para auxiliar na
identificação correta dos animais puros e híbridos.

AGRADECIMENTO

A CAPES pela concessão da bolsa e ao CNPq pelo financiamento da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL. Ministério da Pesca e Aquicultura. Boletim estatístico da pesca e
aquicultura do Brasil. Brasília, 2012. 128 p.
2. GOMES, F. et al. Innovative molecular approach to the identification of the
tambaqui (Colossoma macropomum) and its hybrids, the tambacu and the
tambatinga. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 84,
n. 2, p. 89-97, jun. 2012.
3. COSTA, A. C., BALESTRE, M., BOTELHO, H. A., DE. FREITAS, R. T. F.,
GOMES, R. C. S., CAMPOS, S. A. S., MENDONCA, M. A. C. Imputation of
genetic composition for missing pedigree data in Serrasalmidae using
morphometric. Scientia Agricola, 74, 443 – 449. 2017.
4. HASHIMOTO, D. T. et al. Genetic identification of F1 and Post-F1 Serrasalmid
Juvenile Hybrids in Brazilian aquaculture. Plos One, San Francisco, v. 9, Mar.
2014.
5. HASHIMOTO, D. T. et al. Identification of hybrids between Neotropical fish
Leporinus macrocephalus and Leporinus elongates by PCR-RFLP and
multiplex-PCR: tools for genetic monitoring in aquaculture. Aquaculture,
Amsterdam, v. 298, n. 3/4, p. 346-349, Jan. 2010.
6. HASHIMOTO, D. T. et al. Detection of post-F1 fish hybrids in broodstock using
molecular markers: approaches for genetic management in aquaculture.
Aquaculture Research, Oxford, v. 44, n. 6, p. 876-884, 2013.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
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7. BOECKLEN, W. J.; HOWARD, D. J. Genetic analysis of hybrid zones:
numbers of markers and power of resolution. Ecology, Durham, v. 78, n. 8, p.
2611-2616, Dec. 1997.
8. SANZ, N. et al. Efficiency of markers and methods for detecting hybrids and
introgression in stocked populations. Conservation Genetics, Berlin, v. 10, n.
1, p. 225-236, 2009.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
15
OCORRÊNCIA DE PEITO AMADEIRADO EM FRANGOS ALIMENTADOS COM
DIETAS CONTENDO DOSES DE FITASE E NIVEIS REDUZIDOS DE CÁLCIO

OCCURRENCE OF WOODEN BREAST IN BROILERS FED DIETS WITH


REDUCTION OF CALCIUM LEVELS IN DIETS AND DOSES OF PHYTASE

Laís de Melo Montel¹; Itallo da Silva Faria2, Miliane Alves Costa4, José Henrique
Stringhini4
1. Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO. laismontel1@gmail.com
2. Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3. Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4. Prof. Dr, DZO, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: enzimas, ácido fítico, suplementação


Keywords: enzyme, phytic acid, supplementation

INTRODUÇÃO
A inclusão de fitase microbiana em dietas avícolas contribui para o
aproveitamento do fósforo fítico dos ingredientes e, consequentemente, na absorção
pelo animal e na redução da necessidade de suplementação com fontes inorgânicas
de fósforo não-fitico como o fosfato bicálcico1,2.
Níveis reduzidos de cálcio e de fósforo nas dietas das aves podem provocar a
quebra e a ruptura de ligamentos dos ossos, presença de hemorragias na carne na
planta de processamento3 com desclassificação da carcaça. Sendo assim, a
integridade dos ossos e a redução de hemorragias tem papel importante na qualidade
do produto destinado ao mercado.
Objetivou-se avaliar a redução do cálcio e o efeito da suplementação com
fitase na ocorrência de peito amadeirado (WB) em frangos aos 42 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no aviário da Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás. Foram utilizados 864 pintos machos da linhagem
Cobb500, foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado e arranjo
fatorial 2x3, seis tratamentos e oito repetições com 18 aves cada. De um a
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
16

42 dias de idade, as aves receberam rações à base de farelo de milho e farelo de


glúten de milho de acordo com as recomendações preconizados por Rostagno et al.
(2017) para atenderem as exigências nutricionais das aves. Foram considerados três
níveis de cálcio, e redução de 18 e 36%, considerando como 100% das
recomendações dos níveis recomendados por Rostagno et al. 4 1,011; 0,907; 0,828 e
0,661% de cálcio para fase de pré-início, início, crescimento e finalização. Para
formulação de dieta, a matriz de fitase foi considerada para liberar fósforo para
750FTU e em 1500FTU, o nível acima de 750 FTU foi considerado no topo. No 42º
dia, 12 aves por tratamento foram abatidas, totalizando 72, e a ocorrência de WB foi
avaliada. Os escores foram classificados em três níveis (0 - normal, 1 - moderado e 2
- grave). Os dados foram submetidos aos testes de Kruskal-Wallis e de Bonferroni (P
<0,05).

RESULTADOS
Os tratamentos não indicaram diferença entre os tratamentos para a
ocorrência de peito amadeirado (Figura 1).

66,67

33,33
3,33 33,33
00 2

A B C D E

Normal Moderado Severo

Figura 1 - Incidência de peito amadeirado em frangos de corte aos 42 dias de idade.


(A) Tratamento 1: 750FTU + 100% cálcio; (B) Tratamento 2: 750FTU + 82% cálcio;
(C) Tratamento 3: 750FTU + 64% cálcio; (D) Tratamento 4: 1500FTU + 100% cálcio;
(E) Tratamento 5: 1500FTU + 82% cálcio; (F) Tratamento 6: 1500FTU + 64% cálcio
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
17
Quando os níveis foram considerados separadamente, para os níveis de
cálcio, a pontuação 0 foi de 66,67%, 41,67% e 41,67%, escore 1, 29,17%, 41,67% e
41,67% e escore 2, 4,17. %, 16,67 e 16,67% para 64, 82 e 100% dos níveis de cálcio
recomendados pelas tabelas brasileiras, respectivamente (Figura 2). Com a inclusão
de fitase, o escore 0 foi 52,28% e 47,22%, escore 1, 38,89% e 36,11%;
escore 2, 8,33% e 16,67% para 750 e 1500 FTU, respectivamente (Figura 3).

Cálcio da dieta

66,67

41,67 41,67 41,67 41,67

16,67 16,67

Escore 0 Escore 1

Figura 2 - Incidência de peito amadeirado em frangos de corte aos 42 dias de idade.

com inclusão de fitase na dieta

750 FTU

Figura 3 - Incidência de peito amadeirado em frangos de corte aos 42 dias de idade.


Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
18
DISCUSSÃO
Com base na relação de cálcio e fitase não teve diferença significativa
entre os tratamentos para ocorrencia WB, mesmo utilizando dosagens de 1500
UFT/kg de fitase. Ahmed et al. 5 observaram que a suplementação com 1.000 FTU/kg
de ração aumentou os rendimentos de peito, de fígado e de coração e reduziu a
percentagem de gordura abdominal. Pillai et al.6 mostraram que frangos alimentados
com dietas contendo fitase e baixos níveis de fósforo podem manter o rendimento e
as características de carcaça sem aumentar a incidência de ossos quebrados. A
inclusão de 250 FTU/kg de ração em dietas com 0,35% de fósforo disponível foi
suficiente para melhorar o rendimento de carcaça quando comparado com dietas
contendo o mesmo nível de fósforo sem fitase. As medianas obtidas para os
tratamentos não foram estatisticamente diferentes (Kruskall-Wallis 5%) quando os
efeitos de cálcio e fitase foram considerados separadamente.

CONCLUSÃO
A redução dos níveis de cálcio não foi eficaz para reduzir a incidência de WB,
mesmo quando 750 ou 1500 UFT de fitase são utilizados.

REFERÊNCIAS

1. Applegate TL, Angel R, Classen HL. Effect of dietary calcium, 25-


hydroxycholecalciferol, or bird strain on small intestinal phytase activity in broiler
chickens. Poult. Sci. 2003; 82 (7) 1140-1148.
2. Angel R, Saylor WW, Dhandu AS, Power W, Applegate TJ. Effects of dietary
phosphorus, phytase, and 25-hydroxycholecalciferol on performance of broiler
chickens grown in floor pens. Poult. Sci. 2005; 84 (7): 1031-1044.
3. Chen X, Moran Jr ET. The withdrawal feed of broilers: Carcass responses to
dietary phosphorus. J. App. Poult. Res. 1995; 4: 69–82
4. Rostagno et. al. Tabelas brasileiras para aves e suínos. Composição de alimentos
e exigências nutricionais. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2016.
5. Ahmed F, Rahman MS, Ahmed SU, Miah MY. Performance of broiler on phytase
supplemented soybean meal based diet. Intern. J. Poult. Sci. 2004; 3 (4): 266-271.
6. Pillai PB, O‟Connor-Dennie T, Owens CM, Emmert JL. Efficacy of an Escherichia
coli phytase in broilers fed adequate or reduced phosphorus diets and it‟s effect on
carcass characteristics. Poult. Sci. 2006; 85 (10): 1737-1745.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
19
INQUÉRITO SOROLÓGICO PARA RIQUÉTSIAS DO GRUPO DA FEBRE
MACULOSA E Rickettsia bellii EM CÃES DO ESTADO DE GOIÁS, BRASIL

SEROSURVEY TO SPOTTED FEVER GROUP RICKETTSIAE AND Rickettsia bellii


IN DOGS FROM GOIÁS STATE, BRAZIL

Mariana Xavier de Sousa¹, Ana Laura Gonçalves Barreto1, Lucianne Cardoso Neves2,
Danieli Brolo Martins3, Marcelo Bahia Labruna4, Felipe da Silva Krawczak3
1. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; mxmedvet@gmail.com.
2. Mestranda do PPGCA, EVZ, UFG
3. Docente da EVZ, UFG, Goiânia, GO
4. Docente da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

Palavras-Chave: Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri, RIFI


Keywords: Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri, IFA
INTRODUÇÃO
As riquetsioses são doenças causadas por bactérias, intracelulares
obrigatórias, transmitidas por artrópodes vetores, incluindo os carrapatos1. A Febre
Maculosa Brasileira (FMB), causada pela Rickettsia rickettsii, é uma zoonose
reemergente de notificação compulsória, de importância em saúde pública, devido ao
diagnóstico médico tardio e alta letalidade em humanos2. Em adição, a espécie
Rickettsia parkeri vem sendo apontada como agente causador de uma febre maculosa
emergente em várias partes do Brasil. O uso de cães nos estudos
soroepidemiológicos de rickettsioses do grupo da febre maculosa é fundamental em
áreas onde os carrapatos Amblyomma aureolatum e Amblyomma ovale, vetores da
R. rickettsii e R. parkeri cepa Mata Atlântica, respectivamente, estão presentes3,4.
Os cães podem tanto permanecer próximos do homem, quanto das áreas
habitadas pelo vetor e hospedeiros amplificadores das bactérias do gênero Rickettsia,
demonstrando através da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), altos títulos
de anticorpos anti-R. rickettsii. Desta forma, os cães são excelentes sentinelas para a
avaliação da situação epidemiológica da FMB5,6,7. Nesse contexto, o objetivo do
trabalho foi realizar a pesquisa de anticorpos anti-Rickettsia spp. frente R. rickettsii, R.
parkeri e Rickettsia bellii, a partir de 300 soros provenientes de cães atendidos no
Hospital Veterinário, da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de
Goiás (HV/EVZ/UFG), em Goiânia, GO.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
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MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 300 amostras de soro de cães atendidos no HV/EVZ/UFG
entre os meses de novembro de 2017 e fevereiro de 2018. Para detecção de
anticorpos utilizou-se a técnica sorológica da RIFI.
Para realização da RIFI, as lâminas com antígeno não purificado de R.
rickettsii, R. parkeri e R. bellii foram produzidas conforme Horta et al.5 e os soros foram
testados de acordo com Labruna et al.6. Os soros foram diluídos em phospate buffered
saline (PBS) na diluição de 1:64 e testados individualmente, soros sabidamente
negativo e positivo foram testados na diluição 1:64 em cada lâmina. Estas foram
incubadas por um período de 30 minutos, lavadas com solução de Washing Buffer e
incubadas novamente pelo mesmo período com um anticorpo conjugado com
isotiocianato de fluoresceína, anti IgG de cães, que foi produzido em coelho (Sigma
Diagnostics), lavadas novamente com solução de Washing Buffer e Azul de Evans,
por fim, montadas com glicerina tamponada e lidas em microscópio ultravioleta (BX60;
Olympus Corp., Tokyo, Japan) no aumento de 400x. Os soros reativos na diluição
1:64 para qualquer espécie de riquétsia foram testados em diluições seriadas,
buscando a determinação do título final de reatividade frente ao antígeno riquetsial. O
soro que demonstrou reação com título quatro vezes maior para uma determinada
riquétsia, quando comparado com as demais espécies testadas foi, portanto,
considerado homólogo para a primeira espécie de Rickettsia, conforme padrões
previamente definidos por Horta et al.5.
RESULTADOS
A frequência de cães que foram soropositivos para pelo menos um dos
antígenos de Rickettsia spp. testados foi de 18% (54/300), sendo que, 37 (12,33%), 5
(1,67%) e 1 (0,34%) destes cães apresentaram reação homóloga para R. bellii R.
rickettsii e R. parkeri, respectivamente, assim como demonstrado na Tabela 1.
TABELA 1 – Sororreatividade para três espécies de Rickettsia, de amostras de cães da cidade de
Goiânia – GO, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás.
Nº de cães sororreagentes para cada espécie de
Nº de Rickettsia (% de positivos) e variação dos títulos de
Nº de animais com PAHRIFI*
cães anticorpos
(%)
Rickettsia Rickettsia parkeri Rickettsia bellii
rickettsi
37 (12,33) R. bellii
300 20 (6,67) 3 (1) 39 (13)
5 (1,67) R. rickettsii
64-2048 64-512 128-32768
1 (0,33) R. parkeri
PAHRIFI*: Provável Antígeno Homólogo na Reação de Imunofluorescência Indireta
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
21
DISCUSSÃO
O presente estudo encontrou uma soroprevalência relativamente baixa (18%)
para Rickettsia spp., quando comparada com estudos sorológicos previamente
realizados em áreas endêmicas no Sudeste do país5,7. Aproximadamente 2% (6/300)
das amostras foram sororreagentes frente R. rickettsii e R. parkeri, sugerindo que os
cães se infectaram em algum momento da vida por estes agentes, que podem ser
transmitidos ao animal durante o repasto sanguíneo das fases adultas de A.
aureolatum e A. ovale, respectivamente4,8. É importante ressaltar que estas duas
riquétsias são agentes causais de febre maculosa no Brasil, porém até a presente
data somente R. rickettsii tem gerado casos fatais2,8.
Ao analisar que a prevalência de cães sororreagentes para R. rickettsii, cerca
de 1,67% (5/300), foi maior quando comparada a prevalência de 0,33% (1/300) para
R. parkeri, é importante salientar que em condições naturais, carrapatos da espécie
Amblyomma sculptum altamente antropofílicos, presentes no município de Goiânia,
são os vetores de R. rickettsii no bioma Cerrado8.
No entanto, a baixa soroprevalência para R. parkeri não subestima a
relevância desta rickettsia dentro da região, uma vez que está relacionada a casos
humanos9 e é transmitida por A. ovale, carrapato encontrado no estado de Goiás 8,10.

Em relação à alta soropositividade dos cães para R. bellii (37/300), encontrada no


estudo, pode ser atribuída ao fato de que esta rickettsia é a mais comumente
observada infectando carrapatos no Brasil, porém sua patogenicidade é desconhecida
para o homem e cães11.
CONCLUSÃO
Diante dos achados deste trabalho e da gravidade da FMB para saúde
pública, aponta-se para a necessidade de aprofundar os estudos sobre a circulação
de riquétsias, transmitidas por carrapatos na região de Goiânia, uma vez que ainda
são incipientes para esta área, visando, desta forma, o entendimento do cenário
ecoepidemiológico da FMB no município, sobretudo no estado de Goiás.
REFERÊNCIAS
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Brasileira Brasileira e Outras Riquetsioses.2a ed. Brasília:Ministério da Saúde;
2017. 379p.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
22
3. Szabó MPJ, Nieri-Bastos F A, Spolidorio MG, Martins TF, Barbieri AM, Labruna MB. In
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http://www.journals.cambridge.org/abstract_S0031182012002065

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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22716923.https://doi.org/10.1017/S003118
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5. Horta MC, Labruna MB, Sangioni LA, et al. Prevalence of antibodies to spotted fever
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area in the state of São Paulo, Brazil: serologic evidence for infection by Rickettsia
rickettsii and another spotted fever group Rickettsia. Am J Trop Med Hyg.
2004;71(1):937.Disponível em: http://www.ajtmh.org/docserver/fulltext/14761645/
71/1/0700093.pdf?expires=1555360627&id=id&accname=guest&checksum=E98
EC157CFABB76AD1E17BBAA201354

6. Labruna MB, Horta MC, Aguiar DM, Cavalcante GT, Pinter A, Gennari SM, Camargo
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Monte Negro municipality, western Amazon, Brazil. Vector Borne Zoonotic Dis. 2007; 7,
249–255
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7. Sangioni LA, Horta MC, Vianna MCB, Gennari SM, Soares RM, Galvão MM,
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Brazilian spotted fever endemicity. Emerging Infect Dis. 2005;11(2):265–70. Disponível
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15752445 doi:10.3201/eid1 102.040656

8. Szabó MPJ, Pinter A, Labruna MB. Ecology, biology and distribution of spotted- fever
tick vectors in Brazil. Front Cell Infect Microbiol. 2013;3(27):1-9. Disponível
em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3709097/doi: 10.3389/fcimb.20
13.00027

9. Spolidorio MG, Labruna MB, Mantovani E, Brandão P, Richtzenhain LJ, Yoshinari NH.
Novel spotted fever group rickettsiosis, Brazil. Emerg Infect Dis. 2010;16(3):521–523.
Disponível em: https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/16/3/09- 1338_article doi:
10.3201/eid1603.091338

10. Krawczak FS, Agostinho WC, Polo G, Moraes-Filho J, LABRUNA MB.


Comparative evaluation of Amblyomma ovale ticks infected and noninfected by
Rickettsia sp. strain Atlantic rainforest, the agent of an emerging rickettsiosis in Brazil.
Ticks Tick Borne Dis. 2016;7:502-07. Disponível em: doi 10.1016/j.ttbdis. 2016.02.007

11. Krawczak FS, Labruna MB, Hecht JA, Paddock CD, Karpathy SE. Genotypic
Characterization of Rickettsia bellii Reveals Distinct Lineages in the United States and
South America. Biomed Res Int. 2018;1-8. Disponível em:
https://www.hindawi.com/journals/bmri/2018/8505483/.doi:10.1155/2018/8505483
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
23
FREQUÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI Ehrlichia sp. EM CÃES DO ESTADO DE
GOIÁS, BRASIL.

FREQUENCY OF ANTIBODIES AGAINST Ehrlichia sp. IN DOGS FROM GOIÁS


STATE, BRAZIL.

Ana Laura Gonçalves Barreto¹, Warley Vieira de Freitas Paula², Mariana Xavier de
Souza1, Danieli Brolo Martins3 Daniel
, Moura de Aguiar4, Felipe da Silva Krawczak3
1. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; analaurabarretovet@gmail.com
2. Mestrando em Medicina Veterinária, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3. Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4. Docente, FAVET, UFMT, Cuiabá, MT.

Palavras-chave: erliquiose, reação de imunofluorescência, sorologia.


Keywords: ehrlichiosis, immunofluorescence assay, serology.

INTRODUÇÃO
Ehrlichia canis é uma bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória, atua como
agente etiológico da Erliquiose Monocítica Canina (EMC)¹. Parasita células
hematopoiéticas maduras ou imaturas, especialmente do sistema fagocitário mononuclear,
tais como monócitos e macrófagos².
A EMC é uma doença multissistêmica que se manifesta em formas agudas,
subclínicas ou crônicas³, com gravidade dependente da cepa infectante, da idade do
animal, da suscetibilidade e da alimentação². É transmitida pela picada do carrapato
Rhipicephalus sanguineus aos cães, sendo esse o ixodídeo que mais acomete os caninos
no meio urbano no Brasil4. Esta hemoparasitose é muito prevalente nos cães e pode trazer
diversas complicações para a saúde do animal, podendo levar ao óbito5.
O objetivo do estudo foi detectar anticorpos frente a antígenos de Ehrlichia canis,
por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), em cães atendidos no Hospital
Veterinário, da Escola de Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal de Goiás.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na cidade de Goiânia-GO, localizada na região Centro-


Oeste do país. Foram coletadas amostras de 300 cães atendidos no Hospital Veterinário,
da Escola de Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal de Goiás, durante os
meses de novembro de 2017 a fevereiro de 2018.

Para fabricação das lâminas da RIFI foi empregado antígeno bruto não purificado,
oriundo de garrafas de cultivo celular contendo monocamada de células DH82 (derivadas
de histiocitoma canino), inoculadas com E. canis cepa Cuiabá #1.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
24
Amostras de soro canino foram testadas individualmente pela RIFI. Esses soros
foram diluídos a 1:40 em phosphate buffered saline (PBS). Quinze microlitros (μl) dessa
solução foram adicionados nas cavidades da lâmina, reservando duas cavidades para os
controles, utilizando soros de cães sabidamente positivos e negativos para E. canis. As
lâminas foram incubadas em câmara úmida, por 30 minutos. Posteriormente foram lavadas
com PBS, secas e 10 μl de conjugado anti IgG de cão marcado com isotiocianato de
fluoresceína (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO) foram adicionados em cada poço da lâmina.
Logo, as lâminas foram incubadas, lavadas e secas novamente, e então, avaliadas em
microscópio de imunofluorescência, com glicerina tamponada, no aumento de 400X.
Foram considerados positivos, os soros dos cães que reagiram em diluições iguais
ou maiores a 1:40. A positividade da reação é demonstrada com a fluorescência nas
mórulas, presentes dentro das DH82, quando comparadas com os controles positivo e
negativo.

RESULTADOS
Das 300 amostras, 57,7% (173/300) foram positivas na RIFI, sendo que a variação
dos títulos detectados nos cães foi: 15% (26/173) títulos de 40 a 160; 36,4% (63/173) dos
animais apresentaram títulos variando de 640 a 2560 e 48,6% (84/173) dos cães tiveram
títulos ≥ 10.240.

DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste estudo demonstram uma alta prevalência de animais
expostos a E. canis, no estado de Goiás, uma vez que mais da metade das amostras
analisadas de cães (57,7%) foram positivas na RIFI, o que pode estar relacionado a
distribuição geográfica do carrapato vetor Rhipicephalus sanguineus.

Conforme Moraes-Filho6, ocorrem duas linhagens distintas na América do Sul: uma


'temperada', restrita ao cone sul (Uruguai, Argentina, Chile e os estados mais meridionais
do Brasil), e a outra 'tropical', distribuída pelo restante da América Latina, (do México ao
Brasil). A primeira linhagem não apresenta competência vetorial para a transmissão de E.
canis, observada pela ausência ou escassez de casos de EMC no cone sul, enquanto
inversamente proporcional a segunda que demonstrou competência vetorial7, está
presente na extensa área de distribuição da doença.
A soropositividade de 57,7% (173/300) das amostras frente ao antígeno de
E. canis, testadas pela RIFI, corroboram o descrito por Vieira et. al. 8 que observaram
testes sorológicos com positividade de 63% em Jaboticabal-SP, 42,5% no estado do Mato
Grosso, 36% no estado de Rondônia, 35,6% no estado da Bahia e de apenas 4,8% no
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
25
Rio Grande do Sul, fato que provavelmente esteja relacionado a distribuição das
diferentes linhagens do R. sanguineus6,7.
A reação de imunofluorescência indireta (RIFI) para anticorpos IgG anti-E. canis é
considerada um teste sorológico "padrão ouro", que indica exposição a E. canis quando
em títulos > 40³, o que é observado neste estudo em 173 animais. Sendo que 15%
(26/173) com títulos de 40 a 160; 36,4% (63/173) dos animais apresentaram títulos
variando de 640 a 2560 e 48,6% (84/173) dos cães tiveram títulos ≥ 10.240.
Os resultados obtidos, neste estudo, demonstram que mais da metade da
população analisada de cães foi exposta a E. canis e os títulos sugerem que a maior
parcela destes animais foi exposta ou reexposta recentemente ao patógeno, corroborando
outros trabalhos que apontam a EMC, como uma das doenças infecciosas mais
importantes acometendo os cães domésticos no país8.

CONCLUSÃO
A erliquiose canina é uma hemoparasitose de extrema importância na clínica de
cães, para o estado de Goiás, já que mais da metade (57,7%) dos animais testados
apresentaram anticorpos frente a E. canis. Os resultados ressaltam a importância da
implementação profilática, que os tutores ou responsáveis e médicos veterinários dos cães
devem adotar em relação ao parasitismo por carrapatos. Para o nosso conhecimento, o
presente estudo de análise sorológica para E. canis,

através da RIFI, considerada técnica padrão ouro na detecção de anticorpos, é inédito


para o estado de Goiás.

REFERÊNCIAS

1. Dumler JS, Barbet AF, Bekker CPJ, Dasch GA, Palmer GH, Ray SC, Rikihisa Y,
Rurangirwa FR. Reorganization of genera in the families Rickettsiaceae and
Anaplasmataceae in the order Rickettsiales: unification of some species of Ehrlichia with
Anaplasma, Cowdria with Ehrlichia and Ehrlichia with Neorickettsia, descriptions of six
new species combinations and designation of Ehrlichia equi and „HGE agent” as
subjective synonyms of Ehrlichia phagocytophila. Int J Syst Evolut Microbiol. 2001; 51:
2145-2165.
2. Isola JGMP, Cadioli FA, Nakage AP. Erliquiose Canina – revisão de literatura. revista
científica eletrônica de medicina veterinária. 2012; 18.
Harrus S, Waner T. Diagnosis of canine monocytotropic ehrlichiosis (Ehrlichia canis): An overview.
The Veterinary Journal. 2011; 187, 292–296. doi:10.1016/j.tvjl.20 10.02.001

3. Labruna MB, Pereira MC. Carrapatos em cães no Brasil. Clin Vet.2001; 30, 24-32.

4.Dantas-Torres F. The brown dog tick, Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) (Acari:
Ixodidae): from taxonomy to control. Vet Parasitol. 2008; 152(3-4): 173-185.
http://dx.doi.org/10.1016/j.vetpar.2007.12.030. PMid:18280045.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
26

5. Moraes-Filho J, Marcili A, Nieri-Bastos FA, Richtzenhain LJ, Labruna MB. Genetic


analysis of ticks belonging to the Rhipicephalus sanguineus group in Latin America. Acta
Trop. 2011; 117: 51–55. doi: 10.1016/j.actatropica.2010.09.006 PMID: 20858451.

6. Moraes-Filho J, Krawczak FS, Costa FB, Soares JF, Labruna MB. Comparative
Evaluation of the Vector Competence of Four South American Populations of the
Rhipicephalus sanguineus Group for the Bacterium Ehrlichia canis, the Agent of Canine
Monocytic Ehrlichiosis. PLoS ONE. 2015; 10(9): e 0139386. doi:10.1371/journal.
pone.0139386

7. Vieira RFC, Biondo AW, Guimarães MAS, Santos AP, Santos RP, Dutra LH, Diniz
PPVP, Morais HÁ, Messick JB, Labruna MB, Vidotto O. Ehrlichiosis in Brazil. Rev. Bras.
Parasitol. Vet. 2011; 20, 1, 1-12.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
27

ENCONTRO CIENTÍFICO ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
3ª Edição

APRESENTAÇÕES EM PÔSTER
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
28

AÇÃO ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE BARBATIMÃO E DO CLOREXIDINE


NA ANTISSEPIA DE VULVA DE ÉGUAS: Resultados parciais

ANTIMICROBIAL ACTION OF BARBATIMAN EXTRACT AND CLOREXIDINE IN


ANTISEPSIS OF VULVA OF MARE: Partial results

Amanda Ferreira Cruz1, Beatriz Dias Gouveia de Moraes Sousa2, Diego Ferreira de
Araújo3, Matheus Furtado Pereira4, Maria Auxiliadora Andrade5, Luiz Antônio Franco
da Silva5

1. Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista de Iniciação Tecnológica (PIBITI/UFG),


EVZ, UFG, Goiânia, GO; amndfc@outlook.com
2. Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC-AF/UFG),
EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3. Graduando em Medicina Veterinária, Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/UFG), EVZ,
UFG, Goiânia, GO.
4. Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5. Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: antisséptico, fitoterapia, genitália

Keywords: antiseptic, genitalia, phytotherapy

INTRODUÇÃO
Em Medicina Veterinária, são vários os procedimentos que necessitam de
preparo prévio, especialmente os mais invasivos. Contudo, este preparo também
tem importância em procedimentos não invasivos como a inseminação artificial, por
conta da possibilidade de carreamento de micro-organismos para dentro da vagina e
útero, causando afecções graves1. A antissepsia é uma medida que visa inibir ou
eliminar a carga microbiana da superfície em que é aplicada, a qual diminui a
chance de ocorrência de infecções por via iatrogênica 2, e consiste na aplicação de
soluções antissépticas com eficácia antimicrobiana1,2.
Apesar da importância dos antimicrobianos, atualmente procura-se cada vez
mais produtos alternativos aos comumente utilizados, que produzam menor
quantidade de resíduos que contaminem o solo e a água3 ou promovam resistência
bacteriana4. Dentre os produtos alternativos encontra-se o barbatimão, uma planta
com poder medicinal dotada de várias propriedades como cicatrizante, anti-
inflamatória, e antimicrobiana3, que conferem à planta a capacidade terapêutica
popularmente conhecida3,4, e assim justificando essa pesquisa.
Portanto, este estudo teve por objetivo comparar a ação antimicrobiana do
extrato de barbatimão e do clorexidine tópico aplicados na antissepsia de vulva de
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
29
éguas.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Bacteriologia do Departamento
de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás (EVZ/UFG), no mês Fevereiro de 2019, utilizando quatro éguas
hígidas provenientes do Setor de Reprodução Animal da mesma instituição. A
pesquisa foi realizada sob aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais da
UFG, protocolo número 034/17.
Após a devida contenção em brete para equinos, colheram-se dois suabes,
previamente embebidos em solução salina a 0,85% esterilizada, sendo um de cada
lábio vulvar, os quais foram denominados controle negativo. Em seguida, aplicou-se
cerca de 15 mL de extrato glicólico de barbatimão a 10% no lábio vulvar esquerdo e
15 mL clorexidine tópico no lábio direito. As aplicações foram realizadas com luva e
gaze esterilizada embebida com a referida solução. Após este procedimento,
padronizou-se o tempo de espera para secagem das soluções de 10 minutos, e
posteriormente colheram-se mais dois suabes, sendo um para cada tratamento
aplicado nos lábios vulvares conforme descrito anteriormente.
No laboratório, as amostras foram submetidas a diluições seriadas até 10 -2.
Foram realizadas análises de contagem de colônias de Enterobacteriaceae e micro-
organismos mesófilos, conforme descrito na Instrução Normativa nº 62, de 26 de
Agosto de 2003, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 5. Para as
enterobactérias, utilizou-se o ágar MacConkey. Já para os micro-organismos
mesófilos aeróbios estritos e facultativos viáveis, utilizou-se o ágar padrão. As placas
foram incubadas em estufa a 37°C, por um período de 18 a 24 horas. Os dados
foram analisados estatisticamente utilizando-se o teste de Friedman, considerando
nível de significância de 5%, empregando-se o software R, versão 3.5.3.

RESULTADOS
As médias do crescimento de unidades formadoras de colônia (UFC) em
cada tratamento estão disponíveis nas TABELAS 1 e 2.

TABELA 1 - Resultados da contagem média de unidades formadoras de colônias de


Enterobacteriaceae antes (controle negativo) e após (grupos barbatimão e clorexidine) a
aplicação das soluções antissépticas na vulva das éguas (UFC/mL)
Contagem Tratamentos
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
30
Controle Negativo Grupo Barbatimão Grupo Clorexidine
10-2 3,5a 0,3a 0,0a
Teste de Friedman, letras diferentes na mesma linha indicam p<0,05.

TABELA 2 - Resultados da contagem média de unidades formadoras de colônias de


mesófilos aeróbios estritos e facultativos viáveis antes (controle negativo) e após (grupos
barbatimão e clorexidine) a aplicação das soluções antissépticas na vulva das éguas
(UFC/mL)
Tratamentos
Contagem
Controle Negativo Grupo Barbatimão Grupo Clorexidine
10-2 30,0a 3,5b 1,5b
Teste de Friedman, letras diferentes na mesma linha indicam p<0,05.

DISCUSSÃO
Apesar da localização vulvar próxima ao ânus, verificou-se discreto
crescimento de unidades formadoras de colônias de Enterobacteriaceae. Todavia,
observando-se as médias de unidades formadoras de colônias, entende-se que o
clorexidine apresentou melhor eficácia na antissepsia das éguas frente este grupo
de bactérias.
Com relação aos micro-organismos mesófilos, observa-se que houve
crescimento considerável de unidades formadoras de colônias no controle negativo,
e que houve diferença estatística entre o controle negativo e os antissépticos
aplicados. Porém, ambos os antissépticos apresentaram a mesma ação
antimicrobiana. Observando-se as médias das unidades formadoras de colônias,
também pode-se verificar que o clorexidine apresentou melhor eficácia no
procedimento de higienização frente aos micro-organismos mesófilos.
A pele é uma superfície que abriga diversos gêneros de bactérias, em sua
maioria Gram positivas, como as bactérias do gênero Staphylococcus. Estas, apesar
de serem hospedeiras naturais deste local, se carreada uma grande quantidade de
carga microbiana para dentro do organismo, podem causar complicações graves em
reprodução animal. No presente trabalho observa-se que o extrato de barbatimão
teve efeito semelhante ao do clorexidine na inibição do crescimento destas
bactérias, o que foi verificado por Tenório et al.6, que concluíram que o barbatimão
apresentou atividade antimicrobiana frente cepas Gram positivas do gênero
Staphylococcus. Fato semelhante também foi observado por Bardal 7, que verificou
que o barbatimão apresentou atividade antimicrobiana frente aos micro-organismos
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
31
causadores da mastite bovina.

CONCLUSÃO(ÕES)
O barbatimão apresenta ação antimicrobiana na antissepsia na vulva de
éguas. Na forma em que foi aplicado, tem efeito semelhante à ação antimicrobiana
do clorexidine.

REFERÊNCIAS

1. Santos LR, Scalco Neto JF, Rizzo NN, Bastiani PV, Oliveira VM, Boscardin G,
Rodrigues LB, Barcellos HHA, Brum MV. Eficácia de desinfetantes e anti-sépticos
empregados no Hospital Veterinário da UPF (HV-UPF) Brasil. Rev. FZVA.
2007;14(2):156-64.

2. Medeiros LKG, Rego RO, Silva MM, Henrique FV, Oliveira KDS, Junior FG, Sousa
AP, Nóbrega Neto PI. Efeitos do banho prévio, da tricotomia e da antissepsia na
redução da contaminação do sítio cirúrgico em cadelas submetidas à OSH eletiva.
Pesq. Vet. Bras. 2018;38(9):1787-92.

3. Rodrigues DF, Mendes FF, Noronha Filho ADF, Silva JA, Silva LAF. O extrato da
casca de barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville, na cicatrização
de feridas em animais. Encicl. Biosf. 2013;9(16):1583-601.

4. Eller SCWS, Feitosa VA, Arruda TA, Antunes RMP, Catão RMR. Avaliação
antimicrobiana de extratos vegetais e possível interação farmacológica in vitro. Rev.
Ciênc. Farm. Básica Apl. 2015;35(1):131-6.

5. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Oficializa os Métodos


Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de
Origem Animal e Água. Instrução Normativa nº 62, de 26 de Agosto de 2003, Diário
Oficial da União, (2003).

6. Tenório RFL, Nascimento MS, Lima Filho JVM, Maia MBS, Coelho MCOC.
Atividade antibacteriana in vitro do extrato de Abarema cochliacarpos (Gomes)
Barneby & J. W. Grimes contra bactérias isoladas de feridas cutâneas de cães.
Ciênc. Anim. Bras. 2016;17(2):252-9.

7. Bardal D. Atividade antimicrobiana de barbatimão Stryphnodendron adstringens


(Martius) Coville em agentes causadores da mastite. [Dissertação]. Montes Claros:
Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias; 2011.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
32
COMPLEXO GENGIVITE-ESTOMATITE-FARINGITE ASSOCIADO A SUSPEITA
DE PERITONITE INFECCIOSA FELINA – RELATO DE CASO

FELINE CHRONIC GINGIVITIS STOMATITIS ASSOCIATED WITH FELINE


INFECTIOUS PERITONITIS- CASEREPORT

Leticia Mirelly de Oliveira Silva1 , Leidiane de Souza Gomes2 ,Samara Lucena


Rosa3, Kamilla Dias Ferreira4
1 Discente em Medicina Veterinária, Escola de veterinária e zootecnia- UFG, Goiânia, GO;
leticiamirelly79@gmail.com.
2 Discente em Medicina Veterinária, Escola de veterinária e zootecnia- UFG, Goiânia, GO;
3 Médica veterinária especializada em felinos FACESPI- BH;
4 Doutorando o Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: cavidade oral, inflamação, vírus


Keywords: oral cavity, inflammation, virus

INTRODUÇÃO

O Complexo Gengivite Estomatite Faringe Felino (CGEFF) é considerado


uma das principais afecções da cavidade oral dos felinos. É caracterizada por
intensa inflamação e ulceração da língua, gengiva, mucosa oral, palato mole e
1, 2
faringe .No Brasil, foram observadas prevalências da doença de 20% e, apesar

da etiologia do CGEFF não ser bem elucidada,estudos relacionaram a presença de


alguns tipos de vírus associados a essa enfermidade, como o Calicivírus Felino
(CVF), onde a incidência da infecção deste vírus nos felinos domésticos brasileiros
1,2,3,4
podem chegar a 90%

A Peritonite Infecciosa Felina (PIF) é uma doença imunomediada causada


pela infecção por coronavírus felino (FCoV). Esta é considerada uma das principais
3, 4
.
causas de mortalidade em felinos jovens Existem duas principais hipóteses para
o seu desenvolvimento. A primeira é a teoria da mutação interna que se baseia no
fato de ocorrer uma mutação genética para favorecer a replicação viral no
macrófago. A segunda teoria propõe que qualquer FCoV pode causar PIF, mas o
que determinará o desenvolvimento da doença é a genética viral e a imunidade do
hospedeiro. Em ambos os casos, o evento que desencadeia a PIF é a replicação
maciça do FCoV em macrófagos3,4,6.

Os anticorpos coronavírus específicos estão presentes em até 90% dos


gatos em gatis, porém, apenas cerca de 5% dos gatos infectados com FCoV
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
33
3
desenvolveram PIF . O diagnóstico da PIF é desafiador, sendo o exame
4,5
histopatológico considerado o padrão ouro para o diagnóstico . O objetivo do
trabalho é relatar um caso de CGEFF com associação de PIF em felino de 14 anos
deidade.

DESCRIÇÃO DO CASO
No dia 31 de agosto de 2018 foi atendida no Hospital Veterinário de Urgência
de Belo Horizonte (MG) uma gata da raça Pelo Curto Brasileiro, fêmea, castrada,
quatorze anos de idade, pesando 3,4 kg, negativa para o vírus da imunodeficiência
felina (FIV) e vírus da leucemia felina (FeLV). A paciente encontrava-se muito
prostrada, com halitose, dispneica, disfagia, anorexia, perda de peso. A tutora
relatou que o animal se recusava a ingerir alimentação seca e a se limpar. Ao
exame físico do animal, foi constatada úlceras na parte externa da cavidade orale
na parte interna da mucosa bucal, na qual foi observada intensa inflamações na
gengiva, língua e palato do animal. Foi realizada FAST abdominal e foi encontrada
efusão pleural.
Após a internação e estabilização da paciente, foi colhido sangue para
realização de hemograma e sorologia para coronavírus felino. No dia seguinte
(01/08/2018), o hemograma revelou anisocitose discreta, presença de corpúsculo
de Howell-Jolly e trombocitopenia. A sorologia para coronavírus felino teve como
resultado uma reação altamente positiva para o coronavírus, podendo estar
relacionada a Peritonite Infecciosa Felina (PIF) devido a presença da efusão
pleural. Iniciou-se o tratamento com antibioticoterapia a base de amoxicilina
associada a clavulato de potássio na dose de 5 mg/Kg, a cada 48 horas, IM;
Acetato de metilpresolona, 20 mg/gato, dose única, IM; e Furosemida 4 mg/Kg, IV.

No FAST foi contatado pouca quantidade de liquido na plaura, logo não


houve a necessidade de se realizar a toracocentese. A paciente permaneceu
internada durante três dias e observou-se melhora no quadro. Durante a
internação, alimentou-se voluntariamente sem a necessidade de sonda esofágica e
teve alta médica no dia 03/09/2018. Foi marcado retorno para os dias 06/09/2018 e
11/09/2018. Em ambos os retornos, a paciente estava clinicamente estável e sem
alterações na reavaliação dos parâmetros vitais e exames.
DISCUSSÃO
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
34
O CGEFF é considerado uma síndrome crônica, de difícil tratamento e
caracteriza-se por lesões hiperêmicas, proliferativas e ulcerativas localizadas
preferencialmente em face estendendo-se a diferentes porções da cavidade oral. O
caso em questão retrata um animal com intensa inflamação na gengiva, língua e
palato do animal, além de úlceras em toda região externa e interna da cavidade
oral. Os sinais clínicos direcionaram ao possível diagnóstico. É comumente
encontrada em gatos adultos, entre 3 e 15 anos, o que engloba a paciente em
3,6
questão . Não foram relatados pelo tutor eventos estressantes que podem ter
desencadeado a manifestação dos sinais clínicos, entretanto o CEGFF pode ser
encontrado em gatos saudáveis, uma vez que pode se manifestar em situações de
1,3, 6
estresse .

No caso em questão, o tratamento para o CGEFF foi baseado em


antibioticoterapia com o objetivo de controlar possíveis áreas de infecção na
cavidade oral e corticoterapia para uma resposta a inflamação. A abordagem
terapêutica multimodal é a mais adotada na literatura, o tratamento clínico consiste
na administração de antibióticos sistêmicos, como Amoxilina e ácido clavulânico, e
6,7
tópicos como clorexidine a 0,12% que proporciona benefício em curto prazo . O
veterinário responsável pelo caso em questão não optou pelo uso de clorexidine.
Os corticóides, como Prednisolona e Metilprednisolona, são amplamente utilizados,
3,6,7
mas sua eficácia é controversa de acordo com alguns autores , porém, no caso
em questão os resultados foram satisfatórios, não apresentando manifestações
clínicas posteriores. Não foram realizados procedimentos de tratamento
odontologico, porém a doença pode ser controlada pelo tratamento periodontal
7,8
associado ao controle da placa bacteriana, extrações de dentes .
A relação albumina/globulina diminuída pode estar relacionada tanto ao
CGEFF quanto a PIF, sendo que o vírus da PIF está associado à etiologia do
5,6
CGEFF . O exame sorológico para PIF, demonstrou reação altamente positiva
para anticorpos do FCoV, ou seja, a paciente já esteve em contato com FCoV mas
não significa um diagnóstico definitivo de que o animal desenvolveu PIF. Gatos
hígidos podem ter reação altamente positiva para FCoV e gatos com PIF podem
ser soronegativos.
O diagnóstico da PIF é desafiador, sendo essencial a anamnese, histórico
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
35
do animal e exame clínico, associado aos exames laboratoriais e histopatológicos,
sendo o exame histopatológico e a imuno histoquímica considerados o padrão ouro
9,10,11
para o diagnóstico de PIF .

CONCLUSÃO
A clínica felina ainda é um desafio para o veterinário devido às diversas
doenças pouco elucidadas, ausência de estudos e associação de várias
enfermidades no mesmo caso. O presente relato evidenciou uma possível relação
entre duas enfermidades comuns na clínica de felinos, porém de difícil resolução. A
publicação de novos estudos e protocolos terapêuticos é essenciais devido à alta
prevalência do CGEFF e pouco conhecimento do tutor sobre a mesma causando
um atraso na busca por prevenção e tratamento.

REFERÊNCIAS
1.Santos B, Requicha JF, Pires M, Viegas C. Complexo Gengivite Estomatite
Faringite Felino: A doença e o diagnóstico. Revista Lusófana de Ciência e Medicina
Veterinária. 2016;8(18) 27.

2.Barbosa RCC,Gitti CB, Castro MCN, Almeida MF. Aspectos clínicos e laboratoriais
do complexo gengivite-estomatite em gatos domésticos. Arq. Bras. Med. Vet.
Zootec. 2018; 70( 6) 127-135.

3 .Santos BA, Requicha JF, Pires MA , Viegas C. COMPLEXO GENGIVITE-


ESTOMATITE-FARINGITE FELINO: A DOENÇA E O DIAGNÓSTICO. Revista
Lusófona de Ciência e Medicina Veterinária. 2016;1(8):18-27

4.Roveredo, CD. Tratamento do Complexo-Gengivite-Estomatite-Faringite Felino


com implantes de ouro: estudo clínico piloto [dissertação]. Lisboa, Universidade
Lusófana de Humanidade e Tecnologias.2018.

5.August JR. Medicina interna de felinos. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011. 920p.
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7.Little S. The Cat: Clinical Medicine and Management. 1ª Ed. Elsevier Sauders;
2012.1398p.
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veterinária file,2013(20)160-187.

9. Norsworth GD. The Patient Feline. 4Ed. Lowa: Blackwell Publishing; 2011.1088p.
10. Zachary FJ, Mcgavin, DM. Bases da patologia em veterinária. 5º ed. Rio de
Janeiro: Elsevier; 2009.1496p.
11. Ettinger SJ, Feldman, EC. Tratado de medicina interna veterinária. Doenças do
cão e do gato. 5º ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan; 2004.103
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
36

CARDIOMIOPATIA DILATADA EM CÃO DA RAÇA BOXER- RELATO DE CASO


DILATED CARDIOMYOPATHY IN BOXER DOG- CASE REPORT

João Felipe Freire Oliveira 1, Beatriz Zanon Ignácio1, Aline Vanessa Estrela Dantas2,
Tayanne Gobbi Mendes3, Rosângela de Oliveira Alves Carvalho4.

1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; joaofelipe.freire@gmail.com.
2
Residente em clínica e cirurgia de pequenos animais, HV, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: Insuficiência cardíaca, arritmia, coração.

Keywords: cardiac insufficiency, arrhythmia, heart.

INTRODUÇÃO
A cardiomiopatia dilatada (CMD) é uma doença de caráter insidioso,
progressiva, crônica e acomete com mais frequência cães de portes grande ou
gigante1. A faixa etária de maior ocorrência desta enfermidade é, em média, quatro a
dez anos, entretanto há relatos em animais de todas as idades 2. Raças como Boxer,
Doberman, Dog Alemão e São Bernardo são as mais comumente acometidas1.
Por definição a CMD idiopática é de etiologia desconhecida não sendo
secundária a uma alteração sistêmica ou a outra doença cardiovascular3. É uma
doença miocárdica primária caracterizada por dilatação ventricular, disfunção
sistólica, e secundariamente diastólica, que além de causar insuficiência cardíaca
congestiva, gera uma elevada mortalidade decorrente das arritmias cardíacas4. A
enfermidade se caracteriza por um período subclínico longo durante o qual o
funcionamento miocárdico, associado aos mecanismos compensatórios, são
suficientes para manter uma hemodinâmica sanguínea normal5. Outro fator relevante
é a existência de cães assintomáticos, que não apresentam qualquer sinal de
disfunção miocárdica e morrem repentinamente1. Todavia, apesar desta expressão
assintomática, a doença evolui frequentemente para insuficiência cardíaca
congestiva (ICC), ou pode determinar morte súbita6. O presente trabalho objetiva
relatar um caso de cardiomiopatia dilatada em cadela da raça boxer.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
37
DESCRIÇÃO DO CASO
Uma fêmea canina, da raça Boxer, não castrada, com 5 anos, pesando 27,4
kg, foi atendida no Setor de Clínica de Pequenos Animais do HV/EVZ/UFG, com
queixa principal de perda de peso progressiva e aumento de volume abdominal. A
tutora relatou que a paciente havia apresentado episódios de cianose e síncope. Ao
exame clínico geral constatou-se 6% de desidratação, pulso arrítmico e filiforme,
pressão arterial sistêmica 110mmHg e durante ausculta cardíaca e pulmonar notou-
se bulhas arrítmicas e hipofonéticas e campos pulmonares com estertores em lobos
caudais. A paciente então foi encaminhada ao Serviço de Cardiologia do
HV/EVZ/UFG para acompanhamento cardiológico, no qual foram solicitados
radiografia torácica, eletrocardiograma e ecodopplercardiograma. Ao exame
radiográfico do tórax foi observado aumento de radiopacidade em cavidade torácica,
compatível com efusão pleural, além do aumento da radiopacidade abdominal
compatível com ascite e confirmada por ultrassonografia abdominal. Foi realizada
drenagem das efusões torácica e abdominal e as amostras encaminhadas para
análise laboratorial com resultado indicativo de efusões quilosa. Ao hemograma
constou ocorrência de trombocitose.
Nos exames cardiológicos foram observados, no eletrocardiograma,
taquicardia sinusal com bloqueio atrioventricular de 1º Grau. Aumento da duração
das ondas P, sugestivo de sobrecarga atrial esquerda. Aumento de duração dos
complexos QRS, sugestivo de sobrecarga ventricular esquerda. Além da presença
de 22 complexos supraventriculares prematuros, em 5 minutos de monitoração. Já
no ecodopplercardiograma foi constatado insuficiência valvar mitral e valvar
tricúspide, ambas de grau moderado, disfunção sistólica importante, disfunção
diastólica tipo II, hipertensão arterial pulmonar de grau discreto e efusão pleural. Os
achados ecodopplercardiográficos compatíveis com cardiomiopatia dilatada. A
paciente então foi diagnosticada com cardiomiopatia dilatada. Institui-se tratamento
com Furosemida, 3mg/kg/VO/BID, Pimobendan 0,3mg/kg/VO/BID, Enalapril
0,25mg/kg/VO/BID, Espironolactona 1mg/kg/VO/BID e Clopidogrel,
1,5mg/kg/VO/SID, todos em uso contínuo. Mesmo com o tratamento, animal ainda
apresentou efusão pleural e abdominal, tendo então um acompanhamento contínuo,
e por último foi adicionado ao tratamento Digoxina 0,0025mg/kg/VO/BID, também de
uso contínuo. A paciente faz acompanhamento regular junto ao serviço de
cardiologia e sua doença encontra-se em estágio avançado, sendo submetida a
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
38
drenagem das efusões abdominal e pleural uma vez por semana, propiciando um
maior conforto.

DISCUSSÃO
Os sinais clínicos em casos de CMD com ICC, são classificados em: perda
de peso evidente, crepitações de edema pulmonar, taquipneia, angústia respiratória,
hepatomegalia e ascite7. Comparando com os sinais apresentados pela paciente, se
manteve o diagnóstico de ICC, sendo ainda necessário confirmar a causa primária.
Segundo Lobo e Pereira8 cães com CMD comumente apresentam-se à consulta em
estados de ICC moderada a fulminante. Foram observados sinais clínicos
característicos de ICC esquerda como dispnéia e edema pulmonar, de ICC direita
incluindo ascite, cianose e caquexia cardíaca assim como no relato de Muzzi et al.9.
Os exames radiográficos evidenciaram padrão pulmonar alveolar, mais
evidente em lobos caudais, imagens compatíveis com edema pulmonar
cardiogênico, traqueia elevada dorsalmente e silhueta cardíaca mal delimitada,
impedindo a mensuração do VHS, com significativo aumento generalizado, sendo
alterações compatíveis com as relatadas por Bonagura e Samii10 e Ware4 para CMD.
No ecocardiograma a avaliação qualitativa em modo-B evidenciou aumento
da cavidade ventricular esquerda, relação átrio esquerdo/aorta mostrou-se
aumentada, sendo resultado da dilatação da cavidade atrial esquerda e, em menor
grau, da redução do diâmetro da aorta em consequência do menor volume ejetado 11.
A fração de encurtamento, de 17,79%, confirmou a baixa contratilidade do
miocárdio. Com o uso do Doppler pode-se perceber uma regurgitação severa das
válvulas atrioventriculares. Todos esses achados ecocardiográficos são compatíveis
com a ocorrência de CMD4,8,9,11.
O tratamento mais indicado para cães acometidos pela CMD com ICC
consiste na prescrição de vasodilatadores, diuréticos, agentes inotrópicos positivos,
dieta com pouco sódio e antiarrítmicos caso seja necessário8,9,2. A terapia busca
aumentar a sobrevida do animal proporcionando melhora na qualidade de vida, por
meio do controle das manifestações de ICC, maior eficiência do débito cardíaco e
controle das arritmias4. Medicamentos inotrópicos positivos melhoram a força
contratil cardíaca através do aumento da disponibilidade de cálcio para os
cardiomiócitos10, sendo indicados a pacientes com CMD, incluindo aqueles com
regurgitação mitral avançada e os que apresentam fração de encurtamento
diminuída4. A prescrição do Pimobendan corrobora com os autores acima citados.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
39
CONCLUSÃO
Diante deste relato foi possível concluir que a CMD é uma doença insidiosa,
que diagnosticada a tempo, através de um bom exame clínico aliado aos exames
complementares recomendados, pode ser controlada, aumentando a sobrevida e a
qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS
1. Sisson DD, Thomas WP. Myocardial diseases. In: Ettinger SJ, Feldman EC,
editors. Veterinary internal medicine. 4th ed. Philadelphia: Saunders; 1995.
P.995-1031.

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em um canino da raça Pastor Alemão. XXIV Seminário de Iniciação Científica;
2016; Ijuí, Brasil. Ijuí: Salão do conhecimento UNIJUÍ, 2016.

3. Borgarelli M, Tarducci A, Tidholm A, Häggström J. Canine idiopathic dilated


cardiomyopathy. Part II: Pathophysiology and therapy. Vet. J. (2001); 162(3):
182-195.

4. Ware WA. Doenças miocárdicas do cão. In: Nelson RW, Couto CG, autores.
Medicina interna de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010. p.127-
140.

5. Kittleson MD. Pathophysiology of heart failure. In: Kittleson MD, Kienle RD,
editors. Small Animal Cardiovascular Medicine. St. Louis: Mosby; 1998. P.136-
149

6. Sisson DD, Thomas WP, Keene BW. Doença miocárdica primária no cão. In:
Ettinger SJ, Feldman EC, editores. Tratado de medicina interna veterinária:
doenças do cão e do gato. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. p.925-948.

7. Bonagura JD, Lehmkuhl LB. Cardiomiopatias. In: Birchard SJ, Sherding RG,
editors. Manual Saunders de clínica de pequenos animais. São Paulo: Roca;
2008. p. 1559-1582.

8. Lobo LL, Pereira R. Cardiomiopatia dilatada canina. Rev. port. ciênc. vet.
2002; 97 (544): p. 153-159.

9. Muzzi RAL, Muzzi LAL, Pena JLB, Nogueira RB. Cardiomiopatia dilatada em
cão – relato de caso. Cienc. Rural. 2000; 30 (2): 355-358.

10. Bonagura JD, Samii VF. Radiografia cardiovascular. In: Birchard SJ, Sherding
RG, editors. Manual Saunders de clínica de pequenos animais. São Paulo:
Roca; 2008. p. 1458-1469.

11. Pereira L, Larsson MHMA, Neto ML, Brito FS. Cardiomiopatia de cães da raça
Cocker Spaniel Inglês: aspectos clínicos, eletrocardiográficos, radiográficos e
ecocardiográficos. Cien. Rural. 2004; 34 (2): p.419-424.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
40

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE CHOQUE SÉPTICO EM UM GATO COM


PODODERMATITE: RELATO DE CASO

DIAGNOSIS AND TREATMENT OF SEPTIC SHOCK IN A CAT WITH


PODODERMATITIS: CASE REPORT

Bruna Ginú Prado1, Lara Kriger1, Amanda Carvalho Faria2, Ana Paula Alves
Arantes2, Lucas Côrtes Marçal de Mendonça2, Sandro de Melo Braga3

1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; brunaginu@hotmail.com
2
Residente em Anestesiologia e Medicina de Emergência- HV/UFG
3
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: sepse, hipotensão, felino

Keywords: sepsis, hypotension, feline

INTRODUÇÃO
A sepse pode ser definida como a presença de uma disfunção orgânica que
apresenta risco iminente à vida, provocada por uma reação imunológica desregulada
frente a uma infecção1,2. O choque séptico, por sua vez, trata-se de uma escala mais
grave da sepse acompanhada por uma disfunção circulatória e metabólica, resultando
em hipotensão refratária a ressuscitação volêmica, com alta mortalidade 1,2,3.
De acordo com o último consenso Sepse 3, o escore quick-SOFA (q-SOFA) e
o escore SOFA auxiliam no diagnóstico da síndrome1. O escore q-SOFA é baseado
em três componentes, sendo a frequência respiratória maior ou igual a 22
movimentos por minuto, alteração do estado mental e pressão arterial sistólica menor
ou igual a 100 mmHg3. O paciente com duas alterações no escore e um foco de
infecção, pode ser rapidamente triado e iniciar o tratamento 3. O escore SOFA (Escore
de avaliação sequencial de falha orgânica) avalia seis sistemas, sendo respiração,
coagulação, hepático, cardiovascular, sistema nervoso central e renal, para identificar
a falência orgânica.
Para o tratamento, recomenda-se o uso de antimicrobianos injetáveis na
primeira hora desde o reconhecimento da sepse ou choque séptico 1,2. Em pacientes
hipotensos deve-se prosseguir uma ressuscitação hipovolêmica com infusão de
solução cristalóide1,2. Quando associado ao choque séptico, o uso de fármacos
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
41

vasoativos, como a noradrenalina, é recomendado. Ademais, sugere-se uma


reavaliação frequente, cuidados intensivos e terapias associadas1,2. O objetivo do
trabalho é relatar um caso de choque séptico em um gato com pododermatite.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no setor de triagem do Hospital Veterinário da EVZ/UFG, um
filhote de gato, SRD, com idade desconhecida e 0,4 Kg. A responsável pelo animal
relatou que o mesmo havia sido encontrado na rua e apresentava-se apático. Na
avaliação primária ABCDE ele apresentou alterações nas letras “C” com ausência de
pulso e mucosas pálidas, em “D” com consciência reduzida e na letra “E” com lesão
de extremidade nas patas, além de hipotermia de 35,3ºC. Em seguida, foi realizada a
avaliação secundária, segundo o escore de q-SOFA. Neste, o animal apresentou
pressão arterial sistólica de 72 mmHg e estado de consciência reduzida. Sendo
assim, foi feita uma alerta de sepse, uma vez que o paciente apresentou dois
parâmetros alterados, além do foco de infecção de pododermatite.
As medidas terapêuticas iniciais foram a reanimação volêmica, com 20 ml/kg
de ringer lactato aplicados em 60 minutos, analgesia com butorfanol (Torbugesic®,
Zoetis, Kalamazoo, MI, EUA) na dose de 0,2 mg/kg/BID e terapia com o antibiótico
cefazolina (Kefazol®, 1g, Antibióticos do Brasil Ltda – ABL, Cosmópolis, SP, Brasil)
na dose de 20mg/kg/BID pela via intravenosa. Foi realizada a colheita de sangue
periférico para a realização de hemograma e glicemia, sendo que o último
apresentava abaixo do valor de referência, 20mg/dl. A glicemia foi corrigida com o
bolus de glicose (Glicose, 50%, Samtec, Ribeirão Preto, SP, Brasil) na dose de
0,5g/kg.
Após a estabilização primária, o animal continuou sendo monitorado. Quatro
horas depois, o paciente começou a apresentar hipotensão, com PAS igual a 60
mmHg, refratária a reposição volêmica, caracterizando um quadro de choque séptico.
A abordagem terapêutica foi realizada com o fármaco vasopressor noradrenalina
(Hyponor®, 2mg/ml, Hypofarma, Ribeirão das Neves, MG, Brasil) na dose de
0,6µg/kg/min para o controle pressórico, o que elevou o valor de pressão arterial para
130mmHg. O paciente permaneceu em infusão contínua de noradrenalina por
aproximadamente 12 horas, não necessitando do fármaco após esse período.
Encontro Científico da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG
42

Para o tratamento semi-intensivo, também foi administrado solução de glicose


a 3% de forma contínua, associado a fluidoterapia na taxa de 90ml/kg/dia. Após
melhora da consciência, 24 horas após início do tratamento, foi prescrito alimentação
oral com Nutralife (Nutralife®, Vetnil, Louveira, SP, Brasil) ou alimentação pastosa,
3ml a cada duas horas. O paciente permaneceu 48 horas em tratamento intensivo,
apresentando melhora clínica. A alta médica foi realizada 96 horas após a entrada no
setor de emergência.

DISCUSSÃO
A sepse tem sido diagnosticada com maior frequência nos atendimentos
médico-veterinários e, hoje, refere-se a uma das afecções mais recorrentes na clínica
de pequenos animais5, 6. Trata-se de uma síndrome com alta mortalidade e que pode
evoluir para um quadro ainda mais grave, de choque séptico, com taxa de
mortalidade maior5. Sendo assim, verifica-se a importância do conhecimento dessas
síndromes, tanto para o seu correto diagnóstico, como para seu tratamento.
De acordo com o último consenso de sepse, o diagnóstico de sepse e choque
séptico é clínico através dos escores quick-SOFA e SOFA1. O paciente do relato
apresentava dois parâmetros alterados no quick-SOFA, associado a um foco de
infecção, sendo diagnosticado com sepse. O rápido diagnóstico permitiu o tratamento
precoce, refletindo diretamente na melhora clínica do paciente.
O tratamento foi realizado com reanimação volêmica e antibioticoterapia
durante a primeira hora de atendimento. De acordo com as últimas recomendações, a
cada hora de atraso na terapêutica impacta diretamente na mortalidade dos
pacientes1. A abordagem rápida, após o diagnóstico, é fundamental para o
prognóstico na sepse ou choque séptico1,2. O consenso de sepse recomenda a
realização de cultura e antibiograma, porém não sugere que o exame retarde o início
da terapêutica. No caso descrito não foi realizado a cultura e a antibioticoterapia foi
guiada de forma empírica.
Durante o período de internação, a pressão arterial reduziu, mesmo após
reanimação volêmica adequada, indicando um quadro de choque séptico. Para o
tratamento, foi administrado o fármaco vasoativo noradrenalina. A noradrenalina é o
vasoativo de primeira opção no choque séptico, podendo ainda ser associada a
dobutamina e a vasopressina, em casos de não resposta pressórica.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Ademais, infere-se que a monitoração frequente do animal, após a


estabilização inicial, é de suma importância para o sucesso do tratamento. Isso
porque, foi por meio dessa, que o choque séptico foi identificado e pode ser tratado,
sem impactar de forma amplamente negativa durante o processo de recuperação do
paciente. Portanto, o tratamento intensivo é fundamental, principalmente, nas
primeiras seis horas de atendimento2. Não obstante, deve prosseguir até a melhora
total do paciente.

CONCLUSÃO
Apesar da dificuldade no diagnóstico de sepse, a identificação da lesão como
foco de infecção, e o escore de qSOFA se mostraram eficientes no reconhecimento
precoce da síndrome durante a triagem. Ademais, a tratamento instituído com
antibioticoterapia e reanimação volêmica na primeira hora de atendimento, foi de
fundamental importância para o prognóstico do paciente. Por último, ressalta-se a
relevância da monitoração intensiva pós abordagem inicial para o sucesso
terapêutico.

REFERÊNCIAS
1. Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, Levy MM, Antonelli M, Ferrer R.
Campanha Sobrevivendo à Sepse: Diretrizes internacionais para a gestão de
sepse e choque séptico: 2016. Crit. Care Medicine. 2017; 45(3):486-556.

2. Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse (ILAS). Sepse: um


problema de saúde pública. 1ºedição. Brasília: Quality Gráfica e Editora;
2015. 90p.

3. Gupta RG, Hartigan SM, Kashiouris MG, Sessler CN, Bearman GML. Early
goal-directed resuscitation of patients with septic shock: current evidence and
future directions. Crit. Care Med. 2015; 19(1):286-296.

4. Seymour CW, Liu VX, Iwashyna TJ, Brunkhorst FM, Rea TD, Scherag Um,
Rubenfeld L, Kahn JM, Shankar-Hari H, Cantor H, Deutschman CS, Escobar
GJ, Angus DC. Assessment of clinical criteria for sepsis: for the third
international consensus definitions for sepsis and septic shock (Sepsis-3).
JAMA Netw Open. 2016; 315(8):801-810.

5. Barbosa BC, Alves FS, Beier SL, Faleiros RR, Freitas PMC. Fisiopatologia e
terapia do cão com sepse: revisão. PUBVET. 2016; 10(1):13-20.

6. Cândido TD, Neto FJT, Marucio RL, Frazílio FO. Diagnóstico e tratamento de
choque séptico em cães. Rev Cient. MEDVEP. 2012; 10(32):128-132.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

CELULITE ORBITÁRIA EM CÃES: ASPECTOS CLÍNICOS E


ULTRASSONOGRÁFICOS - RELATO DE UM CASO

ORBITAL CELLULITIS IN DOGS: CLINICAL AND ULTRASONOGRAPHIC


ASPECTS- A CASE REPORT

Amanda Ferreira de Jesus¹, Igor Henrique Vieira1, Lucas Cortes Marçal de Mendonça2,
Carla Amorim Neves3, Naida Cristina Borges4, Aline Maria Vasconcelos Lima5

¹Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; amandafervet@gmail.com


2Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ,UFG, Goiânia, GO

3Doutoranda em Ciência Animal, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO


4 Docente da Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG, GO

Palavras-chave: Órbita, exoftalmia, ultrassonografia ocular


Keywords: Órbita, exophthalmos, ocular ultrasonography

INTRODUÇÃO
A inflamação retrobulbar conhecida como celulite orbitária é a segunda
doença orbital mais comum em cães¹. Estima-se que podem ocorrer secundariamente
à migração de corpos estranhos e bactérias via orofaringe², abscessos de dentes
molares ou disseminação bacteriana hematogênica3. Animais acometidos pela celulite
orbitária apresentam como sinais clínicos dor na região periorbitária e ao abrir a boca,
protrusão da terceira pálpebra, quemose, anorexia, exoftalmia e resistência à
retropulsão4.
O diagnóstico é determinado através do exame clínico e oftalmológico,
complementado por exames de imagem, como radiografia de crânio, ultrassonografia
orbitária, tomografia computadorizada e ressonância magnética, em combinação com
análise citológica e microbiológica do exsudado orbitário 1. A ultrassonografia ocular é
considerada um procedimento não invasivo e de baixo custo, que não necessita de
sedação prévia para sua realização, e é indicada para a avaliação de estruturas
oculares, perioculares e retrobulbares quando há algum impedimento para a
realização da inspeção por meio do exame oftálmico de rotina5.
O tratamento se dá pelo uso de antibióticos e anti-inflamatórios sistêmicos,
além de drenagem pela fossa pterigopalatina em casos de evolução para abscessos
retrobulbares1.

O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de celulite orbitária em uma


cadela sem raça definida (SRD) de seis anos de idade, relacionando seu quadro
clínico com os achados da ultrassonografia ocular.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendida no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
UFG uma cadela SRD de seis anos de idade, de 17 Kg, apresentando exoftalmia em
olho direito havia uma semana, com piora nos últimos três dias, quando também
manifestou hiporexia e polidipsia. A proprietária relatou que deu dipirona por via oral
no dia da consulta.
Ao exame oftalmológico, observou-se assimetria entre os dois olhos, devido
à exoftalmia apresentada no olho direito. Em olho direito também foram observadas
quemose, hiperemia conjuntival, protrusão da terceira pálpebra e secreção ocular
purulenta. A reação à ameaça e o reflexo palpebral estavam ausentes, e o reflexo
fotopupilar direto e consensual estava presente. O teste de fluoresceína foi negativo,
assim como o exame de retropulsão do olho direito. A paciente manifestou dor à
palpação periorbitária e à abertura da boca. Não foi observada alteração no palato ou
nos dentes molares à inspeção. Constatou-se aumento do linfonodo submandibular
direito, e os demais parâmetros do exame físico estavam dentro da referência de
normalidade para a espécie. Diante da suspeita de celulite orbitária, solicitou-se
hemograma, ALT, creatinina e ultrassonografia ocular.
O hemograma revelou leucocitose por neutrofilia com desvio regenerativo à
esquerda (24300 leucócitos, referência: 6000 a 17000; 20655 segmentados,
referência: 3000 a 11500; 729 bastonetes, referência: 0 a 300), além de hemácias em
rouleaux, equinócitos, neutrófilos hipersegmentados, com vacuolização e basofilia
citoplasmática. O valor de ALT estava abaixo da referência para a espécie, e o
eritrograma, plaquetograma e creatinina estavam dentro da normalidade.
A ultrassonografia ocular demonstrou discreta irregularidade e espessamento
da parede posterior do olho direito. Foi observado, no espaço orbitário direito, tecido
difuso com ecogenicidade mista, caracterizado por estruturas lineares e arredondadas
hipoecoicas entremeadas em tecido hiperecoico. Havia pouca vascularização em
permeio à área alterada. Verificou-se também espessamento visível do nervo óptico,
que se apresentou em formato tortuoso. Os achados clínicos e ultrassonográficos
sustentaram o diagnóstico de celulite orbitária.

O tratamento preconizado constou de 0,2mg/Kg de meloxicam por via oral no


primeiro dia, seguido de 0,1mg/Kg nos quatro dias seguintes; 5mg/Kg de enrofloxacina
por via oral a cada 12 horas, durante 15 dias; 25mg/Kg de dipirona a cada 8 horas,
durante 3 dias; e 3mg/Kg de cloridrato de tramadol a cada 8 horas, durante 3 dias.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Também foi recomendado uso de colírio à base de hialuronato de sódio a
cada seis horas e de colar elisabetano.
A reavaliação clínica realizada três dias após o início do tratamento mostrou
melhora significativa do quadro clínico, com redução da exoftalmia, da dor e melhora
do apetite. Após dez dias do início do tratamento o animal foi reavaliado pela
ultrassonografia ocular e foi visualizada diminuição do espessamento da parede
posterior do olho direito e da área de heterogenicidade orbitária. O paciente ainda se
encontra em acompanhamento.

DISCUSSÃO
A celulite orbitária é uma das principais causas de afecções orbitárias em cães,
podendo ser causada por corpos estranhos, infecção hematógena, extensão de
doença dentária, sinusite, otite e sialoadenite¹. Na paciente em estudo, não foi definida
uma causa para a celulite orbitária, uma vez que não foram encontradas evidências
de comprometimento da cavidade oral, nasal e do conduto auditivo, tampouco de
possibilidade de lesão por corpo estranho. Esta observação corrobora com o afirmado
por Fischer et al.1, de que a causa da celulite orbitária frequentemente não é
identificada.
Os sinais clínicos apresentados pela cadela, quais sejam: exoftalmia,
quemose, protrusão da terceira pálpebra, retropulsão negativa, dor à palpação da
periórbita e à abertura da boca, estão de acordo com o descrito por Betbeze3. Ao
contrário do observado no animal em estudo, também pode ocorrer estrabismo,
ceratite ulcerativa, anormalidades no reflexo foto pupilar e perda de visão6. A
leucocitose por neutrofila reflete o quadro de inflamação aguda e é comumente
encontrada em casos de celulite orbitária2. Como o exame direto da órbita é limitado,
técnicas adicionais de diagnóstico podem ser necessárias, como a ultrassonografia
orbitária.
O espessamento dos tecidos periorbitários visibilizado à ultrassonografia está
de acordo com o descrito na literatura para casos de celulite orbitária em cães 7,8. À
semelhança das imagens ultrassonográficas encontradas na órbita do animal em

estudo, Tovar et al.8 encontraram estruturas bem definidas e marcadamente


hipoecoicas de aspecto linear e arredondado. O espessamento da parede posterior e
do nervo óptico condiz com esclerite e neurite óptica, respectivamente; e são
alterações comuns secundárias à celulite orbitária1.
Indica-se a colheita de fluido ou tecido orbitário para a realização de citologia,
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microbiologia e testes de sensibilidade, os quais nortearão a escolha do antibiótico¹.
No caso em estudo, estes exames não foram realizados, sendo que a escolha do
princípio antimicrobiano se deu com base na recomendação da literatura8.
O Prognóstico geral de cães com inflamação retrobulbar devido à abcessos ou celulite
orbitária é bom¹, assim como foi observado no paciente, uma boa resposta ao
tratamento instituído.

CONCLUSÃO
No caso relatado o diagnóstico de celulite orbitária foi possível de se fazer
clinicamente e a ultrassonografia ocular se mostrou um exame rápido e acessível para
a complementação diagnóstica e acompanhamento da resposta ao tratamento.

BIBLIOGRAFIA
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MASTOCITOMA SUBCUTÂNEO ISOLADO EM UM CÃO BRAQUICEFÁLICO:


RELATO DE CASO
SOLITARY SUBCUTANEOUS MASTOCYTOMA IN A BRACHYPHALIC DOG: CASE
REPORT
Mariana Fagundes Bento¹, Plínio Azevedo Coelho¹, Dalila Almeida Lima², Alberto
Correa Mendonça³

¹Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; marianafgbento@outlook.com


² Médica Veterinária Iniciante do Programa de Mestrado em Biociência Animal, UFG,
Jataí, GO. ³ Docente do curso de Medicina Veterinária, ICB, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: neoplasia, mastócitos, lesões isoladas


Keywords: neoplasia, mast cells, isolated lesions.

INTRODUÇÃO

O mastocitoma caracteriza-se por transformações neoplásicas e


proliferações anormais de mastócitos, podendo ser de origem cutânea ou visceral¹.
Nos cães, o mastocitoma é considerado maligno, com potencial para disseminação².
Raças braquicefálicas, como Boxer, Boston terrier e Bulldog inglês, e a faixa etária
de oito anos, são grupos que apresentam maior predisposição à esta neoplasia 3,4.
A pele é o órgão usualmente mais acometido. Na apresentação clínica pode
apresentar-se como nódulos únicos, de crescimento lento, alopécicos ou não,
macios, não aderidos, circunscritos, não ulcerados, com prurido variável, até
massas grandes, de crescimento rápido, ulceradas, eritematosas, aderidas e com
invasão do tecido subcutâneo5.
A citologia por aspirado de agulha fina (CAAF) é o método mais simples
para o diagnóstico do mastocitoma canino6. O diagnóstico é relativamente fácil e as
amostras citológicas são geralmente bastante celulares. E o tratamento inclui
excisão cirúrgica ampla, radioterapia e quimioterapia, individualmente ou em várias
combinações, além da criocirurgia7.
Hoje na medicina veterinária percebe-se um aumento no índice de
atendimentos dermatológicos e oncológicos relacionacionados com tal neoplasia,
visto que proprietários e clínicos veterinários começaram a encaminhar mais casos
aos especialistas. Nesse sentido, objetivou-se com o presente trabalho descrever
um Mastocitoma Subcutâneo Isolado em um cão Braquicefálico com ênfase para
aspectos citológicos e conduta cirúrgica como protocolo de tratamento.
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DESCRIÇÃO DO CASO

Foi atendido no Consultório Veterinário Dra Dalila Almeida Lima, no setor


Bela Vista, em Goiânia, Goiás, uma cadela, da raça Pug, com 6 anos de idade,
castrada, pesando 11 kg, que apresentava um nódulo único isolado, subcutâneo,
aderido, localizado na região da extremidade direita do cotovelo, medindo
aproximadamente 4 cm. Segundo relato da proprietária o animal começou a
apresentar este nódulo há 6 meses.
À avaliação física, foi feita a palpação de toda a pele e pelos que fora o local
onde estava o nódulo, apresentou espessura, untuosidade, elasticidade
relativamente normais, entretanto o animal não apresentava dor a palpação. Foi
observado um nódulo subcutâneo isolado, na região lateral direita do cotovelo, bem
aderido e de consistência friável, lembrando um lipoma. Os exames laboratoriais
realizados foram hemograma, ALT e Creatinina com leve Leucocitose e Neutrofilia
ao hemograma. Coletou-se material com agulha fina calibre 0,55x 20mm para
avaliação citológica.
As lâminas foram coradas com corante do tipo Panótipo e na avaliação
observou-se infiltrado inflamatório eosinófilo próximos a mastócitos teciduais em
processos de degranulação. Houve presença marcante de células redondas de
tamanhos diferentes, com elevada relação núcleo citoplasma e muitos grânulos em
quase todos os campos. Paciente foi então encaminhada para Oncologista que
solicitou biopsia do nódulo para estabelecer o grau de malignidade do Mastocitoma.
Na biopsia confirmou- se: Mastocitoma de Grau I, Baixo Grau. Paciente foi
então encaminhada para cirurgia oncológica com retirada de linfonodo subescapular
próximo a região do nódulo (com biomarcador). A extirpação cirúrgica do nódulo foi
feita com margem ampla e profunda de 3 cm para cada extremidade do nódulo por
cirurgião especialista em cirurgias reparadoras.
A paciente não foi submetida a quimioterapia ou radioterapia devido a
classificação tumoral, recomendação da oncologista e decisão da tutora, optando
pelo acompanhamento após retirada do nódulo e linfonodo adjacente. Houve
retardo na cicatrização devido à localização do tumor, porém obteve sucesso com
uso de aceleradores do processo cicatricial a base de Dimetil Sulfóxido.
DISCUSSÃO
Laufer-Amorim8 observou que as cadelas apresentavam mastocitomas menos
agressivos, e Kiupel et al.9 já haviam inferido que os cães machos apresentavam
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menos tempo de sobrevida. Já para White et al.10, sugeriu-se a existência de


influência hormonal no desenvolvimento do mastocitoma dos cães, já que as
fêmeas castradas apresentaram maior risco de ocorrência da doença, fato este que
se relaciona com o da paciente em estudo, sendo esta uma fêmea castrada com um
mastocitoma isolado e não tão agressivo, grau II, baixo grau.

A citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) é um método seguro que permite
o diagnóstico do mastocitoma canino. Porém, a histopatologia é imprescindível para
a determinação do grau histopatológico da neoplasia e, consequentemente, para o
delineamento adequado do tratamento, possibilitando o aumento da sobrevida 4.

Em casos de mastocitoma de grau II ou de diferenciação intermediária, é


recomendada a utilização de radioterapia quando não for possível a extirpação
completa¹¹, visto que neste relato confirmou-se um Mastocitoma Grau II, baixo grau
e apenas com extirpação cirúrgica completa de ampla margem resolveu-se o caso
devido a possibilidade de retirada completa do nódulo e linfonodo adjacente.

A cicatrização retardada, após a excisão de um mastocitoma, não é incomum


e tem sido atribuída aos efeitos locais de enzimas proteolíticas e aminas vasoativas
liberadas pelos mastócitos7.

Em cães, o prognóstico do tumor das células mastocitárias varia, uma vez que
há possibilidade de diversos comportamentos biológicos. Para definição do
prognóstico, tem-se como foco mais importante o grau histológico da neoplasia.
Assim, remoção cirúrgica total de tumor grau I, bem diferenciado geralmente
promove a cura, todavia cães com tumor grau III, pouco diferenciado, sofrem
recidivas ou metástase em poucos meses. Vale ressaltar que a localização da
neoplasia é de extrema importância na previsão do prognóstico9.

CONCLUSÃO

O mastocitoma é uma das desordens oncodermatológicas de maior relevância


clínica, tendo predisposição em raças braquicefálicas, incluindo a raça Pug. Deve-se
esforçar para a obtenção do diagnóstico precoce, baseando-se nos sinais clínicos e
achados de citologia aspirativa. Com a excisão cirúrgica, quimioterapia e
radioterapia, ou ainda a associação de todas essas medidas, o sucesso no
tratamento é alcançado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS

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Prevalências de neoplasias e modalidades de tratamentos em cães atendidos
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5. Roza RM. Dia a dia- Tópicos selecionados em especialidades


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CARCINOMA DE CÉLULAS BASAIS EM EQUINO


BASAL CELL CARCINOMA IN HORSE

Jéssica Sola Quirino da Silva1, Thais Poltronieri dos Santos², Estela Vieira de Souza
Silva³, Helena Tavares Dutra3, Luciana Ramos Gaston Brandstetter4, Ana Paula
Iglesias Santin4

1 Acadêmica em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; sola.medvet@gmail.com.


2 Residente em Clínica e Cirurgia de Equinos, FMVZ, USP, São Paulo, SP.
3 Mestranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4 Professor Associado, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: histopatologia, neoplasia, Paint horse


Keywords: histopathology, neoplasm, Paint horse

INTRODUÇÃO
Carcinoma de células basais (CCB) é uma neoplasia maligna de baixo grau
metastático que acomete a camada basal da epiderme, folículos pilosos e glândulas
sebáceas. Embora a ocorrência na espécie equina seja incomum, essa neoplasia
acomete principalmente a região distal dos membros, pescoço e a face, incluindo a
comissura labial e terceira pálpebra¹,². Macroscopicamente, apresenta-se como
crescimento de massas no tecido subcutâneo e intradérmico, e quando seccionadas,
indicam degeneração cística e acúmulo de material amorfo de coloração enegrecida³.
A exposição aos raios ultravioleta (UV) tem sido apontada como fator predisponente
ao CCB, sendo os indivíduos de pele clara os mais afetados pela neoplasia4. O
objetivo desse trabalho é relatar um caso de carcinoma de células basais em um
equino.

DESCRIÇÃO DO CASO

Foi encaminhado ao Setor de Patologia Animal (SPA), um fragmento de


massa neoplásica de um equino, que encontrava-se internado no Hospital Veterinário
da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás
(HV/EVZ/UFG), em março de 2017.O equino fêmea, da raça Paint, com seis anos de
idade e 440 quilos de peso corporal possuía histórico de aumento de volume na região
periocular.
O animal apresentava crescimento de uma massa com aspecto irregular,
alopécica, de coloração rósea, medindo aproximadamente oito centímetros de
diâmetro, sem crescimento exofítico, com pequenas áreas ulceradas em região
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infraorbitária direita. Foi realizado exame radiográfico do crânio e não foram


observadas alterações indicativas de comprometimento ósseo decorrente da
neoplasia.
Inicialmente foi colhido material para realização de cultura microbiana e
antibiograma, e em seguida optou-se por controlar o processo inflamatório e
infeccioso. Após alguns dias foi colhido material para exame histopatológico e este
indicou moderado infiltrado inflamatório linfoplasmocitário associado à presença de
neutrófilos, na derme superficial. Na derme profunda, infiltrando o tecido muscular, foi
observada proliferação neoplásica de células basaloides, dispostas em densos
cordões e por vezes formando ilhas, as células neoplásicas apresentavam citoplasma
escasso e levemente eosinofílico, núcleo predominantemente ovalado, possuindo
único ou duplo nucléolos evidentes e baixo índice mitótico.
Não foi realizado procedimento cirúrgico para extirpação da massa
neoplásica, uma vez que, devido à sua localização, não havia margem cirúrgica
suficiente.

DISCUSSÃO
O carcinoma de células basais é uma neoplasia cujos relatos literários, em
sua maioria, referem-se aos cães e gatos, sendo raro nas demais espécies animais. A
radiação UV tem sido apontada como fator carcinogênico, predispondo a esse tipo de
neoplasia, em casos de exposição excessiva3,5. Visto que o animal desse relato é um
equino da raça Paint, acredita-se que a coloração clara da pelagem associada à
exposição aos raios UV favoreceram o surgimento do tumor.
O diagnóstico é realizado por meio de exame histopatológico, sendo o
carcinoma de células escamosas a principal neoplasia para diagnóstico diferencial. O
CCB pode ser classificado como infiltrativo e do tipo célula clara. O infiltrativo
geralmente se estende das células basais da epiderme até a derme e tecido
subcutâneo, como cordões e placas de pequenas dimensões, as células apresentam-
se basofílicas com núcleos hipercromáticos e citoplasma escasso. Há discreto
pleomorfismo nuclear, mas as mitoses são, muitas vezes, numerosas.
Frequentemente há proliferação acentuada de fibroblastos dérmicos em resposta à
invasão neoplásica. A variação do tipo de célula clara também é invasiva, mas pode
não ter uma associação íntima com a epiderme. Ilhas sólidas de células neoplásicas
estão presentes na derme e normalmente se estendem ao panículo e subcutâneo. As
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células neoplásicas têm um citoplasma claro ou finamente granular. Os núcleos são


ovóides e relativamente uniformes com nucléolos discretos e o número de mitoses é
bastante variável²,3. O laudo histopatológico revelou alterações compatíveis com as
descritas na literatura, sugerindo tratar-se de carcinoma de células basais, embora
não tenha sido determinado o tipo, fato que não influenciaria no tratamento.
Essa neoplasia, mesmo quando infiltrativa, apresenta baixo índice
metastático³. Neste relato, também não foram observados indícios metastáticos,
mesmo após realização de exames complementares de imagem.
O principal tratamento indicado é o cirúrgico, sendo o prognóstico favorável
quando há remoção completa do carcinoma, havendo poucos casos de recidivas¹.
Entretanto este procedimento não pôde ser realizado no animal do presente relato,
devido à localização da neoplasia, observação igualmente relatada em outro estudo 6.
A literatura consultada menciona o tratamento quimioterápico, à base de cisplatina
para carcinoma de células escamosas7, mas não relata sua eficácia em CCB, além
disso, é considerado um tratamento bastante oneroso6. Estes fatores, associados à
indisponibilidade do medicamento no mercado, impossibilitaram a realização deste
tipo de protocolo terapêutico. Contudo foi realizado tratamento paliativo e explicado
ao proprietário que este era destinado a melhora da qualidade
de vida do animal.

CONCLUSÃO
No presente estudo foi fundamental a realização do exame histopatológico
para se alcançar o diagnóstico conclusivo. A literatura sobre o assunto, nesta espécie,
é muito escassa, provavelmente em função do subdiagnóstico. Sendo assim, apesar
do carcinoma de células basais ser considerado raro em equinos, não pode ser
descartado como hipótese diagnóstica.

REFERÊNCIAS

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SINAIS CLÍNICOS ASSOCIADOS A TOXICOSE POR BROMETO DE POTÁSSIO EM


CÃO

CLINICAL SIGNS ASSOCIATED WITH POTASSIUM BROMIDE IN DOG

Beatriz Santos de Almeida Felipe¹, Amanda Luísa Carvalho Vieira¹, Geovana Ribeiro
Rotta¹, Vitor Eduardo Arantes de Barros², Karolina Martins Ferreira³, Adilson Donizeti
Damasceno4

¹ Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; beatrizmonticelli2409@gmail.com


² Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.
³ Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.
⁴ Docente do Departamento de Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.

Palavras-chave: epilepsia, fármaco, intoxicação

Keywords: epilepsy, drug, intoxication

INTRODUÇÃO
A epilepsia canina possui várias modalidades terapêuticas e o fármaco de
primeira escolha é o fenobarbital, que quando não mostra-se eficiente, soma-se o
brometo de potássio (KBr) à terapia e/ou outros princípios ativos1-3. O KBr é um
antiepiléptico indicado como segunda opção principalmente quando não há uma
redução dos eventos epilépticos mesmo alcançando o nível ideal da concentração
sérica do fenobarbital. Quando associados, indica-se inicialmente uma dose de 30
mg/kg/dia, via oral (VO), de KBr e sua margem terapêutica sérica é de 1-2.5 mg/mL e,
em dosagens elevadas pode induzir bromismo, condição tóxica resultante da ingestão
de compostos contendo excessiva concentração de brometo. O bromismo pode se
desenvolver tanto em humanos quanto em animais tratados com o KBr 4.
Devido à escassez de relatos de bromismo em cães epilépticos tratados com
KBr, este trabalho objetiva relatar os sinais clínicos associados ao bromismo em um
cão.

DESCRIÇÃO DE CASO
Foi atendido pelo Serviço de Neurologia Veterinária do HV/EVZ/UFG, um cão,
fêmea, da raça Pastor Alemão, com peso de 39,0 kg e aproximadamente cinco anos
de idade. À anamnese, o tutor relatou que o animal apresentava crises desde os dois
anos de idade, e que já havia sido diagnosticado com epilepsia idiopática e estava sob
terapia antiepiléptica com fenobarbital (5,12 mg/kg/VO, a cada 12 horas). Entretanto,
após um
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período de sete meses sem crises começou a apresentar episódios, e nos
últimos seis meses ocorreram dez crises epilépticas, sendo que em um momento
evidenciou-se crises em cluster.
Ao exame físico geral e neurológico não foi verificado nenhum tipo de
alteração, estando dentro dos padrões de normalidade clínica. Diante das informações
fornecidas e dos resultados da resenha, anamnese e dos demais exames
diagnosticou-se presuntivamente epilepsia idiopática. Foram solicitadas análises
laboratoriais de hemograma, dosagem de alanino aminotransferase (ALT), creatinina,
albumina e fenobarbital. O único resultado alterado foi a concentração sérica do
fenobarbital, que era de 41 μg/mL (15-40 μg/mL), a partir disso, optou-se pela redução
da dose do fármaco para 3,85 mg/kg/VO a cada 12 horas. Após a diminuição da dose
de fenobarbital, a paciente apresentou duas crises isoladas e um cluster de crises em
um intervalo de 30 dias e, portanto, optou-se pela inclusão de KBr 20,5 mg/kg/VO a
cada 12 horas .
Após 40 dias da introdução de KBr no tratamento, a proprietária relatou que a
paciente estava com dificuldade de locomoção, fraqueza, diarreia, vômito, polidipsia,
mas com uma oligúria. Ao exame físico averiguou-se que a paciente apresentava
fezes diarreicas. Já no exame neurológico observou-se fraqueza de membros pélvicos,
ataxia proprioceptiva e dor à palpação da região lombossacra. Suspeitou-se de
intoxicação por KBr e, portanto, reduziu-se a dose KBr para 15 mg/kg/VO a cada 12
horas, com melhora significativa no quadro, com permanência apenas de discreta
ataxia proprioceptiva. Dessa forma, realizou-se o diagnóstico terapêutico de bromismo.

DISCUSSÃO
No caso relatado, foram verificadas duas crises sucessivas em menos de 24
horas e o animal foi refratário a terapia com apenas fenobarbital, o que condiz com a
literatura, que mostra maior probabilidade de refratariedade a antiepilépticos em
animais que apresentam crises em cluster².
A diarreia e o vômito são sinais gastrintestinais comumente atribuídos a
intoxicação por KBr em humanos e em cães, tais alterações podem estar relacionadas
a efeitos dose-dependente ou a ingestão do medicamento após jejum prolongado².Nos
cães os sinais neurológicos atribuídos ao bromismo estão relacionados com alterações
no estado mental, hiperexcitabilidade, ataxia e paresias5. Ainda, podem apresentar
dores em segmentos vertebrais e alterações da medula espinhal, com lesão tanto de
neurônio motor superior, como de neurônio motor inferior 4, assim como foi constatada
na paciente, que apresentava dor lombossacra e ataxia proprioceptiva.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

A paciente deste trabalho estava sendo tratada concomitantemente com


fenobarbital, e é descrito que os sinais da intoxicação por KBr acontecem com maior
frequência em animais com comorbidades neurológicas, insuficiência renal, redução
do sal ingerido, e tratamento concomitante com outros antiepilépticos2,5. A
fisiopatogenia dessa intoxicação ainda não é bem estabelecida, no entanto, em
humanos, acredita-se que os sinais neurais estejam relacionados a diminuição do fluxo
sanguíneo no sistema neural4.
Além do tratamento com redução na dose fornecida do KBr, como realizado
neste caso, também pode ser realizada a infusão intravenosa de solução salina em
taxa de manutenção, que usualmente resulta na resolução dos sinais clínicos em
menos de 24 horas, pela diurese e redução do brometo sérico. No entanto, a
fluidoterapia deve ser cuidadosamente avaliada, pois a redução na dose de KBr sérico
pode predispor a crises epilépticas4.
A paciente aqui descrita apresentou melhora nos sinais clínicos, contudo, não
houve resolução completa, permanecendo com discreta ataxia proprioceptiva. Tal
dado é compatível ao descrito na literatura, que pode ser explicado pela variabilidade
na tolerância individual em alguns cães, pelo tratamento concomitante com
fenobarbital que pode provocar efeitos sinérgicos ou aditivos, assim como a existência
de uma doença neurológica concomitante não diagnosticada presuntivamente e a
provável indução permanente de atrofia neuronal induzida pelo brometo ou
desregulação da neurotransmissão 6.

CONCLUSÃO
Cães epilépticos tratados com KBr e que apresentam sinais neurológicos não
associados às crises epilépticas, tais como ataxia, paresia e fraqueza principalmente
de membros pélvicos, devem ser fortemente suspeitos de estarem apresentando
bromismo e a dose do KBr deve ser reajustada de forma a livrar ou minimizar os
pacientes de tais alterações neurológicas.

REFERÊNCIAS
1.Dewey CW, Costa RC. Neurologia canina e felina: guia prático. 3a ed. Leistner FB.
São Paulo: Guará; 2017.

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Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
3.Torres BBJ, Martins BC, Martins GC, Melo EG, Volk HA. Atualização em epilepsia
canina - parte I: Classificação, etiologia e diagnóstico . Medvep. 2011: 9(31); 682- 690.

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Therap. 2002;25:425-432.

6. Kawakami T, Takiyama Y, Yanaka I, Taguchi T, Tanaka Y, Nishizawa M, Nakano I.


Chronic Bromvalerylurea Intoxication: Dystonic Posture and Cerebellar Ataxia due to
Nonsteroidal Anti-inflammatory Drug Abuse. Internal Medicine. 1998;37(2):788-791.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
AUXÍLIO DA ULTRASSONOGRAFIA E RADIOGRAFIA NA DETECÇÃO DE
COLELITÍASE E COLEDOCOLITÍASE EM UMA FELINA - RELATO DE CASO
AUXILIARY OF ULTRASONOGRAPHY AND RADIOGRAPHY IN THE DETECTION
OF COLLELITHIASIS AND COLEDOCOLITÍASE IN A FELINE - CASE REPORT

Wanessa Patrícia Rodrigues da Silva1, Ana Carolina Nunes Bento1, Fernanda de


Oliveira Silva1, Ana Luiza Alvarenga Torres2, Iago Martins Oliveira3, Naida Cristina
Borges4
1Residente em Diagnóstico por Imagem, EVZ, UFG, Goiânia, GO, wrodrigues.vet@gmail.com
2Graduanda em Medicina Veterinária, UFLA, Lavras, MG
3Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO
4Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: cálculos biliares, diagnóstico


Keywords: gallstones, diagnosis

INTRODUÇÃO

A incidência de cálculos biliares (CB) na clínica médica de pequenos animais


é rara. Representa 1% das doenças hepáticas, podendo ser apenas um achado

acidental em exames ultrassonográficos (US) e radiográficos (RX) 1. Nos gatos, os CB


são constituídos de bilirrubina, colesterol e derivados de sais de cálcio e, se forma da

precipitação do colesterol em pequenos cristais 2. Os CB apresentam tamanho e


forma variados, localizados no lúmen da vesícula biliar (VB) (colelitíase) e/ou no

interior dos ductos biliares (DB) (coledocolitíase)1,3-6.

Os sinais clínicos em decorrência da presença de CB são inespecíficos, como


vômito, anorexia, perda de peso, icterícia, febre e dor abdominal ou assintomáticos, o
que dificulta o diagnóstico. Os CB podem causar lesões e obstruções hepáticas e

extra-hepáticas, sendo a maior causa de processos inflamatórios da VB e DB3,7,8.


Doenças como a colecistite aguda calculosa (CAC) e síndrome de Mirizzi (SM) podem
ser causadas por CB. A CAC caracteriza-se pela inflamação da VB por CB, que

levam a espessamento e irregularidade de sua parede3, podendo se agravar e evoluir


para ruptura da parede da VB com peritonite e sepse. Acredita-se que a inflamação

da parede da VB pode predispor a carcinomas da VB9-11. A SM é rara e predispõe a


processos inflamatórios das vias biliares pela obstrução dos DB por CB, culminando

em dilatação, edema e fibrose dos DB 3.

O presente trabalho objetivou relatar um caso de colelitíase e coledocolitíase,


Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
evidenciando a importância dos exames imaginológicos no estabelecimento do
diagnóstico.
DESCRIÇÃO DO CASO

Foi atendida no Setor de Clínica Médica do Hospital Veterinário da


Universidade Federal de Goiás (HV/UFG) uma felina, SRD, castrada, de
aproximadamente 12 anos de idade. O paciente retornou ao atendimento médico para
a realização de check-up e acompanhamento clínico. O animal vinha apresentando
sinais clínicos de vômito crônico prodrômico, náusea, inquietação e esforço
abdominal. O conteúdo do vômito era de consistência espumosa, com restos
alimentares, esverdeado e, se manifestava após a alimentação. Ao exame físico
constatou-se normalidade os parâmetros. Foi solicitado exame ultrassonográfico (US)
para esclarecimento da possível causa do vômito.

Ao exame US foram constatadas ausência de diferenciação córtico-medular e


arquitetura interna alterada em rim esquerdo com presença de conteúdo
anecogênico. Vesícula biliar (VB) com contorno irregular, parede espessada e
presença de estrutura de superfície convexa hiperecoênica formadora de sombra
acústica posterior (Figura 1). O parênquima e ecotextura do fígado apresentava-se
dentro das normalidades, entretanto identificou-se nos ductos biliares presença de
múltiplas estruturas hiperecogênicas formadoras de sombra acústica posterior.

FIGURA 2 - Imagens de exame ultrassonográfico abdominal de felina, SRD, 12 anos, com


presença de cálculos (setas amarelas) em vesícula biliar (*), ductos biliares (ponta de
seta). FG – Fígado. Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem – HV/EVZ/UFG.
A critério da médica veterinária responsável pelo exame US foi realizado
exame radiográfico (RX) para complementação do diagnóstico. Ao exame RX
observou-se em topografia de VB aumento de radiopacidade mineral focal (Figura
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

2), e imagem linear de opacidade mineralizada se estendendo perifericamente por


todo o parênquima hepático. Após os exames imaginológicos, o diagnóstico instituído
foi de hidronefrose, colelitíase e coledocolitíase.

FIGURA 2 – Imagens radiográficas de felina, SRD, 12 anos, com aumento de


radiopacidade em parênquima hepático. A- Em projeção látero-
lateral direita presença de colelitíase e coledocolitíase por toda
árvore biliar (seta). B- Em projeção ventrodorsal, presença de
colelitíase e coledocolitíase por toda árvore biliar (seta). Fonte:
Setor de Diagnóstico por Imagem – HV/EVZ/UFG.
DISCUSSÃO

A visibilização de colelitíase e coledocolitíase, condizem com a literatura, as


quais são descritas como estruturas hiperecogênicas de alta densidade que formam
artefato ultrassonográfico de sombra acústica posterior, característica compatível com

cálculos6,7,11. Ao exame RX cálculos se apresentam como estruturas radiopacas

minerais5. Assim, as estruturas observadas na paciente em questão, em ambos os


exames e sua localização na VB e DB são compatíveis com CB.

A parede da VB apresentava-se irregular e espessada, ultrapassando o limite


estabelecido pela literatura de 0,77mm para felinos adultos, alterações ressonantes

com a etiologia de CB6. Outra causa que pode levar a espessamento difuso da
parede da VB são as doenças sistêmicas, como a insuficiência renal, que pode estar
ligada a alteração de hidronefrose do rim esquerdo, apesar de o rim contralateral do

animal estar dentro dos padrões normais para a idade12. A VB apresentava-se


dilatada com presença de estrutura condizente com CB, assim como os DB. Em
condições normais os DB intra-hepáticos não são visibilizados. A obstrução biliar

extra-hepática resulta da dilatação retrograda do sistema biliar5,6.

Através da ultrassonografia pode-se analisar a anatomia intra e extra-hepática


de maneira não invasiva, no início da patogenia. Alterações em níveis
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

séricos de enzimas são observados quando há 70% de lesão do parênquima hepático e


alterações de dimensão do órgão acometido são detectadas com no mínimo de 15% de

comprometimento5,6. O exame US apresenta alta sensibilidade na identificação de alterações


sutis, manifestadas anteriormente a alterações de exames laboratoriais. A radiografia é um
exame complementar de fácil acesso e, que acrescenta informações à avaliação
ultrassonográfica hepática. Permite avaliação ampla e geral do fígado na sua topográfica e

distribuição no abdômen4-6.
CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que a ultrassonografia em conjunto com a radiografia


são exames de extrema importância na detecção de alterações hepáticas. A avaliação
precoce a colelitíase e coledocolitíase, é importante para o prognóstico do animal. Dessa
forma, o tratamento clínico ou cirúrgico a ser instituído, tem maior sucesso pela precocidade e
fidedignidade do diagnóstico.
REFERÊNCIAS
1. Neer TM. A Review of Disorders of the Gallbladder and Extrahepatic Biliary Tract in the
Dog and Cat.J Vet Intern Med. 1992;186–92.
2. Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica, 11a ed. Rio de Janeiro: Elsevier
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no exame ultrassonográfico: como interpretar? Rad Bras. 2011;44(6):381–7.
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Animal Diagnostic Ultrasound. Missouri: Elsevier; 2015. p.160-80.
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thickening: differential diagnosis. AJR Am J Roentgenol. 2007;188:495–501.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISFUNÇÃO COGNITIVA EM CÃO DA RAÇA LHASA APSO – RELATO DE CASO


COGNITIVE DYSFUNCTION IN LHASA APSO BREED DOG - CASE REPORT

Geovana Ribeiro Rotta1, Beatriz Santos de Almeida Felipe1, Amanda Luisa Carvalho Vieira1,
Vitor Eduardo Arantes de Barros2, Karolina Martins Ferreira Menezes3, Adilson Donizeti
Damasceno4

1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO. geovanarotta@gmail.com
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, HV, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Anima, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Docente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: comportamento, doença de Alzheimer, envelhecimento cerebral

Keywords: behavior, Alzheimer´s disease, brain aging

INTRODUÇÃO
Disfunção cognitiva (DC) em cães é uma síndrome neurodegenerativa associada ao
envelhecimento das células do sistema nervoso. Aproximadamente 28% dos cães com 11 e
12 anos e 68% com 15 e 16 anos podem ser acometidos1,2.
A DC apresenta semelhanças neuropatológicas com o estágio inicial da doença de
Alzheimer (DA)3, como micro hemorragias, fibrose de vasos periventriculares, infartos,
hipotrofia cortical, dilatação ventricular e calcificação meníngea. Alterações patológicas e
bioquímicas, como produção exacerbada de radicais livres de oxigênio, aumento da atividade
da monoamina oxidase, degeneração neuronal e inflamação se desenvolvem provocando
perda cognitiva progressiva3,4. Na DC e na DA há deposição de proteínas neurotóxicas β-
amiloides nos neurônios e vasos sanguíneos formando placas neuríticas, que se
correlacionam ao comprometimento cognitivo4,5.
Cães acometidos podem apresentar comprometimento do estado sono/vigília,
diminuição da interação, confusão mental, ansiedade, inatividade ou hiperatividade, caminhar
sem rumo, perda de aprendizado, dificuldade de locomoção e vocalização 4,6. O diagnóstico é
realizado a partir do histórico e sinais clínicos associados ao diagnóstico diferencial. Quando
realizado precocemente, evita progressão e agravamento, melhorando a qualidade de vida.
Dietas específicas, com vitaminas E e B, antioxidantes, ácidos graxos ômega-3 e
arginina, podem auxiliar no tratamento7-10 quando associadas a fármacos, como o hidroclorato
de selegilina e a melatonina4.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de disfunção cognitiva em cão da raça
Lhasa Apso.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi encaminhado ao Serviço de Neurologia do HV/EVZ/UFG um cão, Lhasa Apso, de
quinze anos de idade, pesando 5,9 kg. A principal queixa da tutora foi dificuldade progressiva
de locomoção com piora notável nos últimos 15 dias.
Há cerca de um ano, o paciente exibiu claudicação no membro torácico, porém, nos
últimos meses começou a apresentar dificuldade de locomoção e os membros pélvicos
mostraram-se mais rígidos. A tutora utilizou colágeno tipo II e observou melhora da
locomoção. Relatou que o animal estava dormindo mais durante o dia e apresentava andar
obstinado no período noturno. Nos últimos 15 dias foram observados piora progressiva do
quadro, caracterizada por quedas ao tentar levantar, andar em círculos, vocalização, colisão
contra obstáculos e ao passar por locais estreitos apresentava head pressing e dificuldade de
sair do local sozinho. Ainda, apresentava dificuldade de apreender e mastigar alimentos e não
realizava micção e defecação no local habitual.
O paciente havia sido tratado recentemente com itraconazol e encontrava- se em
tratamento com prednisolona 20 mg, ½ comprimido, a cada 12 horas; Same (S-adenosil
metionina), na dose de 160 mg a cada 24 horas.
No exame geral não foram observadas alterações e no exame neurológico observou-
se nível de consciência reduzido e em alguns momentos vocalização. Durante a avaliação da
marcha notou-se ataxia proprioceptiva, andar a esmo, passos curtos, quedas com dificuldade
de se levantar e colisão em obstáculos. O paciente apresentava fraqueza muscular e cifose.
Evidenciou-se resposta a ameaça negativa em ambos os olhos e o reflexo fotopupilar não foi
visualizado devido à opacidade corneana. Os reflexos flexores estavam normais nos membros
torácicos e pélvicos e o reflexo patelar no membro pélvico direito estava aumentado. Não se
observou dor à palpação da coluna.
Foram realizados exames complementares para descartar a possibilidade de
comorbidades. No hemograma e na urinálise não foram observadas alterações dignas de
notas. Nas dosagens de enzimas, observou-se aumento na atividade sérica de fosfatase
alcalina (610,2*) acima do limite superior de referência para a espécie. Considerando tais
resultados foram descartadas as possibilidades de doenças infecciosas, inflamatórias ou
metabólicas que pudessem explicar os sinais clínicos neurológicos.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Foram prescritos selegilina 5 mg a cada 24 horas, uso contínuo; propentofilina, 50
mg, ½ comprimido a cada 12 horas durante 60 dias e melatonina,6 mg a cada 24 horas, com a
recomendação de ministrá-la uma hora antes do paciente ser colocado para dormir.
O paciente seria reavaliado em um intervalo de 15 dias, mas foi submetido à
eutanásia devido às complicações da doença.

DISCUSSÃO
Há uma série de sinais clínicos clássicos da DC descrita na literatura como acrônimo
DISHAAL, relacionado com desorientação/confusão mental, redução de interações (relações
sociais), alteração no ciclo sono-vigília, higienização alterada, alterações da atividade
(aumentada ou reduzida), ansiedade e alterações no nível de aprendizado e memória 1 que
podem ser encontradas no paciente avaliado. Esses sinais muitas vezes são percebidos pelos
tutores e interpretados como sinais de “velhice”. No entanto, o médico veterinário precisa
monitorar as alterações comportamentais apresentadas pelos pacientes idosos e conscientizar
os tutores da importância em se estabelecer diagnóstico diferencial para outras enfermidades,
para que a DC possa ser diagnosticada e tratada a fim de retardar sua progressão.
O diagnóstico definitivo precisa ser estabelecido por meio de exames
complementares, sendo igualmente importante a exclusão de doenças sistêmicas e
neurológicas. A ausência de alterações em exames de hemograma e bioquímicas de
avaliações enzimáticas permite excluir a possibilidade de doenças inflamatórias, infecciosas
ou metabólicas. Além dessas avaliações, a ressonância magnética possibilita a identificação
de alterações encefálicas presentes na DC, como atrofia cortical, e a ausência de outras
alterações patológicas, como neoplasias, proporcionando diferenciar a DC de outras doenças
intracranianas1. O histórico do paciente, associado aos sinais clínicos apresentados e a
ausência de alterações em exames sanguíneos sugerem o diagnóstico de DC, uma vez que
se optou pela não realização de tomografia computadorizada ou ressonância magnética
devido aos fatores de risco associados à anestesia de cães idosos.
Preconiza-se como opções terapêuticas o enriquecimento ambiental associado ao
tratamento medicamentoso para reduzir a ansiedade e melhorar a função cognitiva e o sono
durante a noite1,4. Ademais, recomenda-se o uso de selegilina com o intuito neuroproteção,
por reduzir a produção de radicais livres e/ou aumentar o catabolismo dessas substâncias. A
propentofilina foi prescrita com o intuito de aumentar o fluxo sanguíneo e a oxigenação, além
de apresentar também propriedades neuroprotetivas. A indicação da melatonina foi baseada
na sua atividade de auxiliar na regulação do sono e, por fim, o SAME, que em cães pode
aumentar a atividade e melhorar o nível de consciência.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

CONCLUSÃO
Os cães que apresentam sinais sugestivos de DC necessitam de uma avaliação
clínica detalhada para fins diagnósticos. É importante a realização do diagnóstico diferencial
para que o tratamento adequado seja instituído o quanto antes, visto ser uma doença
progressiva com prognóstico reservado a desfavorável. Ressalta-se que o tratamento tem
como finalidade evitar a progressão da doença e fornecer uma melhora na qualidade de vida.

REFERÊNCIAS
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cognitive dysfunction as a spontaneous model for early Alzheimer‟s disease: a translational
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10. Pan Y, Landsberg G, Mougeot I, Kelly S, Xu


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A Prospective Double Blinded Placebo Controlled Clinical Study. Front Nutr. 2018; 5:127.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

INTOXICAÇÃO POR DIPIRONA EM GATO – RELATO DE CASO

DIPYRONE INTOXICATION IN A CAT – CASE REPORT


Amanda Milhomem Donato Machado1, Rayanne Henrique Santana da Silva2, Carlos
Henrique Silva Luiz4, Sandro de Melo Braga3, Danieli Brolo Martins3, Ana Flávia
Machado Botelho3

1 Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; amanda.donato7@gmail.com


2 Pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO

4 Médico Veterinário, Goiânia, GO

Palavras-chave: AINEs, metamizol, felino.


Keywords: AINEs, metamizole, feline.

INTRODUÇÃO
Dipirona ou metamizol é um pró fármaco anti-inflamatório não esteroidal
(AINE)¹ com efeitos analgésicos, antipiréticos e espasmolíticos, indicado para o
tratamento da dor e febre² em humanos e animais³, devido a seu mecanismo inibidor
da síntese de prostaglandinas¹,²,³. É considerado um analgésico não opióide
popularmente conhecido e utilizado em muitos países, embora não haja informações
conclusivas na literatura acerca de sua segurança4. Foi sintetizada em 1920 e
permaneceu disponível mundialmente até a década de 70, quando foi banida em
alguns países da União Europeia, Japão, Estados Unidos e Austrália1.
Na Medicina Veterinária pode ser encontrado sob a forma de solução oral e
injetável para administração em equinos3,5, ruminantes3,5, suínos3 e cães3,5, para os
quais a dose recomendada5 é de 25mg/kg, a cada 12 ou 24 horas 5,6. Entretanto, este
uso desse medicamento em felinos é controverso1,7 e a sua utilização é
frequentemente responsável pelo desenvolvimento de graves sinais clínicos 6. Desta
forma, o presente relato tem como objetivo conscientizar os profissionais e a
população sobre os riscos da administração de dipirona em gatos, considerando a
farmacocinética deste medicamento e as peculiaridades fisiológicas da espécie
animal.

DESCRIÇÃO DO CASO

Um felino de sete anos de idade (3,5kg), macho, não castrado e sem raça
definida foi atendido no Hospital Veterinário da UFG em fevereiro de 2019.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Ao atendimento, o animal apresentava depressão, dispneia, bradicardia


(128bpm), palidez de mucosas, espasmos musculares, hipotermia (temperatura retal
34ºC) e alternava quadros de midríase e miose.
De acordo com o proprietário, o animal teve acesso à rua e ao retornar
apresentou lesões erosivas na derme dos membros e por este motivo foi encaminhado
ao primeiro atendimento médico veterinário, externo, para avaliação. Como
tratamento, a dipirona foi prescrita na dosagem de 250mg (71,4 mg/Kg), a cada 12
horas, via oral, por quatro dias, entretanto, ao administrar a terceira dose do
medicamento, o animal apresentou alteração no estado de consciência e demais
sinais clínicos descritos anteriormente. Após esse quadro, o animal foi atendido pela
equipe da Toxicologia Veterinária do HV-UFG. No primeiro momento foi solicitado
hemograma, bioquímicas séricas (Tabela1) e hemogasometria.
O hemograma revelou leucocitose por neutrofilia e desvio à esquerda
regenerativo, associado às características de toxicidade apresentadas pelos
neutrófilos. Na hemogasometria foram observados pH sanguíneo e concentração de
bicarbonato abaixo dos valores de normalidade para a espécie. Com isso destacamos
acidose de origem metabólica no primeiro atendimento.

TABELA 1 – Bioquímicas séricas realizadas no paciente felino atendido com suspeita de intoxicação
por dipirona
Data
Bioquímica Unidades Referências
11/02/2019 12/02/2019 14/02/2019 18/02/2019
Alanina
94* - - - UI/L 28 - 83
aminotransferase
Lactato 226,7* - - - mmol/L -
Desidrogenase láctica 2461* - 475 - UI/L 63 - 273
Fosfatase alcalina 95* - - - UI/L 25 - 93
Gama
0,28* 0* - - mg/dL 1,3 - 5,1
glutamiltransferase
Creatinina 5,9* 7,98* 7,62* 1,65 mg/dL 0,8 - 1,8
Ureia 145* 181* - - g/dL 42,8 - 64,2
Proteína sérica total 7,6* - - - g/dL 5,4 - 7,8
Albumina 3,5* 3,5* - - g/dL 2,1 - 3,3
Globulina 4,1* - - - g/dL 2,6 - 5,1
Bilirrubina total 0,03* 0,43 - - mg/dL 0,15 - 0,50
Bilirrubina direta 0,02* 0,11 - - mg/dL -
Bilirrubina indireta 0,01* 0,32 - - mg/dL -
*Exames revistos e confirmados.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Após a realização do acesso venoso, iniciou-se o tratamento sob internação


emergencial com solução de ringer com lactato 10 mL/Kg/h acrescido de solução
glicosada a 5%, omeprazol 4mg/dL, BID, IV (Blau farmacêutica©, São Paulo),
ondasetrona 2mg/ dL, BID, IV (Halex Istar© Indústria Farmacêutica, Goiânia); carvão
ativado,10 mL por via oral e 10 mL por via intraretal (Enterex, Vetnil©, São Paulo);
ceftriaxona dissódica 200mg/dL, BID, IV (BioChimico©, Rio de Janeiro); cloridrato de
tramadol 2mg/Kg, TID, SC (Halex Istar© Indústria Farmacêutica, Goiânia); s-adenosil-
metionina 90mg/felino, SID, VO (SAME, Drogavet©, Goiânia); suplemento vitamínico
0,5ml/Kg, BID, VO (Maltodex® pet, Duprat nutrição, Rio de Janeiro), além da
monitoração da glicemia a cada seis horas e suplemento nutricional (5 g) diluído em
10 mL de solução de Ringer com Lactato, via sonda nasogástrica a cada quatro horas
(Nutralife Intensiv® Vetnil©, São Paulo). Após oito dias de internação, o paciente teve
melhora clínica, recebeu alta médica e retornou para casa.

DISCUSSÃO
Felinos selvagens e gatos domésticos compartilham um traço genético de
deficiência na enzima N-acetil-transferase polimórfica (NAT2)8, e a falta desta enzima
corrobora com a redução na acetilação hepática dos principais metabólitos da
9
dipirona , o que é determinante para a susceptibilidade desses animais à intoxicação
como descrito no presente relato.
Os sinais clínicos apresentados pelo paciente ratificam o mecanismo de ação
tóxico do fármaco. Geralmente, a queixa inicial do proprietário está relacionada com a
mudança de comportamento correspondente a alterações no nível de consciência,
espasmos musculares, sialorreia e êmese6. Nesse âmbito, os exames laboratoriais
são fundamentais para monitoramento do perfil hematológico, da função hepática e
renal mediante a ingestão de altas doses do fármaco contraindicado10. Observa-se
que com a evolução do quadro, o hemograma começa a apresentar leucocitose por
neutrofilia e desvio à esquerda regenerativo associado à inflamação.
Na avaliação bioquímica, observou-se aumento nos valores das enzimas
hepáticas alanina aminotransferase (ALT), desidrogenase láctica (DHL), fosfatase
alcalina (FA) e gama glutamiltransferase (GGT), referentes à lesão de hepatócitos e
colestase intra-hepática, respectivamente; bem como o aumento expressivo da
creatinina e ureia. Todas as alterações respaldam o quadro de intoxicação 10. Como
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

tratamento indica-se a restrição ou diminuição da absorção adicional por


meio de lavagem gástrica ou administração de carvão ativado²,
respectivamente, tal qual foi realizado na abordagem do caso apresentado.

CONCLUSÃO
O caso relatado reitera a contraindicação da dipirona para gatos e
mostra a relevância da monitoração clínico-emergencial e dos exames de
patologia clínica no tratamento eficaz da intoxicação.

REFERÊNCIAS
1. Jasiecka A, Maślanka T, Jaroszewski JJ. Pharmacological characteristics
of metamizole. Polish Journal of Veterinary Sciences 2014.

2. Dipirona sódica [bula]. Paraná: PRATI, DONADUZZI & CIA LTDA.

3. European Medicines Agency (EU). The European Agency for the


Evaluation of Medicinal Produts Veterinary Medicine and Inspections
EMEA/MRL/878-03-FINAL. June 2003.

4. Kötter T, Costa BR, Fässler M, Blozik E, Linde K, Jüni P, et al.


Metamizole- Associated Adverse Events: A Systematic Review and Meta-
Analysis. PLoS One. 2015;10(4).

5. Gaynor JS, Muir WW. Handbook of Veterinary Pain Management, second


edition. Mosby Elsevier. 2002;446:604.

6. Teixeira LG, Mangini LT, Baccin PS, Schimites PI, Martins LR, Becerra
JRH, et al. Uso de dipirona em gatos na América do Sul: Pesquisa. PUBVET
2018;12 (12):1- 4

7. Hanson PD, Maddison, JE. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and


chondroprotective agents. Small Animal Clinical Pharmacology. 2008;287-
308.

8. Trepanier LA, Cribb AE, Spielberg SP, Ray K. Deficiency of cytosolic


arylamine N- acetylation in the domestic cat and wild felids caused by the
presence of a single NAT1-like gene. Pharmacogenetics Apr. 1998;8(2):169-
79.

9. Lebkowska-Wieruszewska B, Kim TW, Chea B, Owen H, Poapolathep A, Giorgi


M. Pharmacokinetic profiles of the two major active metabolites of
metamizole (dipyrone) in cats following three different routes of
administration. J Vet Pharmacol Therap. 2017;00:1-6.

10. Stockham SL, Scott MA. Função hepática. In: Stockham SL, Scott MA.
Fundamentos de Patologia Clínica Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2016; 45-89.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL CRÔNICA EM CÃO DA RAÇA


YORKSHIRE - RELATO DE CASO
INFLAMMATORY BOWEL DISEASE IN YORKSHIRE DOG - CASE REPORT
João Felipe Freire Oliveira 1, Beatriz Zanon Ignácio1, Aline Vanessa Estrela Dantas2,
Marco Augusto Machado Silva 3.

1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; joaofelipe.freire@gmail.com.
2
Residente em clínica e cirurgia de pequenos animais, HV, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: Enteropatia, trato gastrointestinal, tratamento.


Keywords: Enteropathy, gastrointestinal tract, treatment.

INTRODUÇÃO
A Doença Inflamatória Intestinal (DII) é usada para designar sinais
gastrointestinais recorrentes ou persistentes, no qual exista evidência histológica da
ocorrência de infiltrado inflamatório em mucosa, com possível extensão para
submucosa1. A suspeita diagnóstica ocorre em pacientes que apresentam sinais
clínicos crônicos como diarreia, vômito, perda de peso e apatia 2. A confirmação
ocorre através da presença de infiltrado inflamatório no exame histopatológico,
incluindo linfócitos, eosinófilos, neutrófilos, plasmócitos e macrófagos2,1. Para serem
considerados crônicos, os sinais clínicos devem persistir por mais de três semanas 3.
Outras causas de gastroenterite devem ser excluídas por uma detalhada avaliação
clínica e laboratorial. A forma mais comum de doença intestinal crônica em cães é a
Doença Inflamatória Intestinal idiopática2. A endoscopia digestiva alta com coleta de
material para exame histopatológico é uma importante ferramenta na clínica de
pequenos animais para avaliação gastrointestinal, permitindo a avaliação detalhada
do lúmen gastrointestinal realizando coleta de material para exame histopatológico de
forma minimamente invasiva4.
O presente trabalho objetiva relatar um caso de doença inflamatória intestinal
crônica em cadela da raça Yorkshire.
DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás uma
cadela fêmea, da raça Yorkshire, não castrada, nove anos de idade, pesando 4,8kg
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

com histórico de vômitos e perda de peso progressiva há um mês. Foi relatado que
no período precedente a manifestação clínica, a paciente teve acesso à quintal, com
possível ingestão de corpo estranho neste episódio. Passados 15 dias a paciente teve
aumento da frequência de vômitos, então a tutora procurou atendimento veterinário
no qual foi prescrito omeprazol (0,5mg/Kg/VO/SID), sucralfato (0,5g/VO/BID) e citrato
de maropitant (2mg/Kg/VO/SID). Mesmo com o tratamento instituído, a paciente
permaneceu manifestando vômito e perda de peso, as fezes se tornaram pastosas,
com ausência de sangue ou muco. Os protocolos de vacinação e desverminação
estavam atualizados.
Ao exame físico a paciente manifestou dor a palpação abdominal em região
epigástrica, perda de massa muscular generalizada e discreta. Foram solicitados
exames complementares (hemograma, alanina aminotransferase, creatinina,
ultrassonografia abdominal e eletrocardiograma). O laudo da ultrassonografia
abdominal apontou alterações estomacais com parede discretamente espessada,
com estratificação mantida e presença de focos hiperecogênicos, indicativo de fibrose
ou calcificação. Os achados foram sugestivos de gastrite. Não houveram alterações
nos demais exames solicitados.
Devido a suspeitas para presença de corpo estranho ou doença inflamatória
intestinal, foi solicitada a realização de endoscopia digestiva para avaliação do trato
gastrointestinal. Na avaliação macroscópica do exame, a mucosa de estômago e
segmentos de intestino (duodeno e jejuno) estava hiperêmica, edemaciada e
parcialmente coberta por fibrina. Nestes segmentos foram coletadas amostras
abrangendo mucosa e submucosa para exame histopatológico.
Ao exame histopatológico, foi constatada gastrite linfoplasmocitária crônica,
difusa e leve no estômago; no duodeno e jejuno havia duodenite/jejunite
linfoplasmocitária crônica, difusa e moderada. Nas amostras havia ausência de sinais
de malignidade ou agentes etiológicos específicos.
O diagnóstico definitivo apontou Doença Inflamatória Intestinal Crônica. Para
tratamento foi prescrito metronidazol 20mg/kg/VO/BID, durante 10 dias associado a
prednisolona 2mg/kg/VO/BID nas duas primeiras semanas, com redução da dose na
3° e 4° semana. Foi recomendada a mudança da dieta para deita comercial
gastrointestinal. Foi realizado retorno duas semanas após o início do tratamento, no
qual houve remissão dos sinais de vômito, normalizado o aspecto das fezes e houve
ganho de um quilograma de peso no período de tratamento.
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
DISCUSSÃO
Apesar de não ser descrita como a raça mais predisposta para a DII, houve
considerável incidência de Yorkshires em estudo realizado por Cascon5. Deve-se
levar em consideração que a maior proximidade destes animais com os proprietários
permite que ocorra a observação precoce dos sinais de desordem gastrointestinal.
Embora a ultrassonografia abdominal seja uma ferramenta barata, de fácil
acesso e menos invasiva, a alteração de espessura de parede encontrada neste
exame não é considerada específica ou sensível o suficiente para diagnóstico da
doença intestinal inflamatória6. A presença de ponteados hiperecogênicos é um
parâmetro sensível para a presença da DII, com sensibilidade de 69%, porém seu
significado é desconhecido6,1. No presente relato, a presença de parede estomacal
espessada foi importante para o direcionamento do diagnóstico da DII. Guímaro1
afirma que o uso da ultrassonografia abdominal com a avaliação de linfonodos
abdominais é importante na delimitação de qual segmento intestinal está afetado,
além de possibilitar a associação com exames complementares, como a citologia
guiada por ultrassonografia abdominal.
A endoscopia constitui a ferramenta mais valiosa e menos invasiva para o
diagnóstico de doença gástrica e intestinal, permitindo a visualização da mucosa e a
colheita de material do estômago, duodeno, cólon e ocasionalmente o íleo para
biopsia1. No presente relato, a utilização da endoscopia foi de fundamental
importância para a coleta de material, amostragem essa que foi suficiente para a
conclusão do caso e início de tratamento para DII.
Sabe-se que a ocorrência de uma doença inflamatória crônica representa a
perda do equilíbrio entre microbiota bacteriana e os órgãos do TGI, constatando-se
uma elevação local dos níveis de diversas citocinas. Três hipóteses vêm sendo
examinadas como possíveis origens deste desequilíbrio imunológico, incluindo
distúrbios da microbiota bacteriana, fatores imunológicos e defeitos na barreira
mucosa7.
O tratamento consiste em dieta, antibioticoterapia e fármacos
imunossupressores. O tutor deve ter ciência do caráter crônico da enfermidade e por
isso o objetivo do tratamento é controlar os sinais clínicos e evitar recorrências 1.

CONCLUSÃO
Apesar da DII ser comum em cães e possuir caráter crônico, sua etiologia
ainda não está totalmente elucidada. Esta enfermidade possui prognóstico variável e
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

o sucesso do tratamento depende de um diagnóstico precoce e preciso associado ao


comprometimento do tutor.

REFERÊNCIAS
1. Guímaro JOM. Doença inflamatória crónica do intestino: estudo comparativo
entre a imagem endoscópica e o resultado histopatológico em 73 canídeos.
[Monografia]. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de
Medicina Veterinária; 2010.

2. Willard MD, Mansell JM, Fosgate GT, Gualtieri M, Olivero D, Lecoindre P,


Twedt DC, Collett MG, Day MJ, Hall EJ, Jergens AE, Simpson JW, Else RW,
Washabau RJ. Effect of sample quality on the sensitivity of endoscopic biopsy
for detecting gastric and duodenal lesions in dogs and cats. J. Vet. Intern.
Med. 2008; 22(5):1084-1089.

3. Washabau RJ, Day MJ, Willard MD, Hall EJ, Jergens AE, Mansell J, Minami
T, Bilzer TW, W.I.G.S. Endoscopic, biopsy, and histopathologic guidelines for
the evaluation of gastrointestinal inflammation in companion animals. J. Vet.
Intern. Med. 2010; 24(1):10-26.

4. Tams TR. Gastroenterologia de Pequenos Animais. 2ª ed. São Paulo: Roca;


2005. 454p.

5. Cascon CM, Mello MF, Leite JS, Ferreira AM. Avaliação clínica, endoscópica
e histopatológica de cães com doença inflamatória intestinal. Pesqui. vet.
Bras. 2017; 37 (11): 1287-91.

6. Agut A. Ultrassonografia do intestino delgado em pequenos animais. Vet Foc.


2009; 19(1): 20-28.

7. Pinho MA. Biologia molecular das doenças inflamatórias intestinais. Rev bras
Coloproct. 2008; 28(1): 119-23.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

HIPOPLASIA DE ÍRIS EM EQUINO: RELATO DE UM CASO IRIS


HYPOPLASIA IN EQUINE: A CASE REPORT

Álvaro José de Oliveira Neto1, Thais Poltronieri dos Santos2, Carla Amorim Neves3,
Luciana Ramos Gaston Brandstetter4, Aline Maria Vasconcelos Lima4

1 Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; alvaronetoo@gmail.com.


2 Residente em Clínica e Cirurgia de Equinos, FMVZ, USP, São Paulo, SP.
3 Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: congênito, Quarto de Milha, úvea


Keywords: congenital, Quarter Horse, uvea

INTRODUÇÃO
A hipoplasia da íris, também conhecida como um coloboma incompleto, é uma
afecção relativamente incomum. Ela corresponde ao subdesenvolvimento ou
desenvolvimento inadequado da íris durante a fase embrionária, que resulta em
afinamento da região estromal. Cavalos acometidos podem apresentar áreas escuras
de diferentes tamanhos na íris, as quais podem apresentar superfície abaulada, devido
à pressão do humor aquoso que projeta a íris em direção à câmara anterior 1,2.
A hipoplasia iridal também pode ser considerada uma desordem congênita da
úvea anterior3 e sua importância está intimamente relacionada ao diagnóstico
diferencial para colobomas completos, cistos, neoplasias e atrofia da íris 3,4.
Corresponde a uma condição não-progressiva, que não está associada à dor ou
comprometimento da visão, por isso o tratamento não é necessário 1. Este resumo tem
como objetivo relatar um caso de hipoplasia de íris bilateral em um cavalo da raça
Quarto de Milha.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG) um equino, macho, raça Quarto de
Milha, com pelagem albinoide, de três anos de idade e 350 quilos de peso corporal,
com histórico de lacrimejamento e presença de uma massa localizada na íris. Ao
exame clínico geral não foram observadas alterações.
O animal foi sedado com cloridrato de detomidina a 1%, na dose de 0,01
mg/kg, via intravenosa. À inspeção oftalmológica, à distância, havia discreto
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

lacrimejamento bilateral, e não foram observadas alterações em pálpebras e


conjuntiva. A resposta à ameaça, reflexo palpebral e fotopupilar direto e consensual
estavam presentes em ambos os olhos. Observou-se sensibilidade discreta à luz. Para
promover acinesia palpebral e facilitar o exame ocular, procedeu-se o bloqueio
perineural do nervo auriculopalpebral, com 1,5 mL de lidocaína a 2%. Seguiu-se a
realização do teste de fluoresceína, o qual foi negativo em ambos os olhos. Foi
realizada tonometria por palpação e não foram identificadas alterações de pressão
intraocular. À biomicroscopia, não se observou alterações em córnea e câmara
anterior.
Em ambos os olhos, a íris apresentava coloração enegrecida em zona pupilar.
Na zona ciliar a coloração predominante era azul clara, à exceção da área localizada
entre 11 e uma horas, que apresentava estriações e pontos enegrecidos. Nesta
mesma área, foi possível observar um abaulamento do tecido iridiano em direção à
câmara anterior (Figura 1A). Após midríase farmacológica, utilizando colírio de
tropicamida 1%, notou-se que a área abaulada reduziu em tamanho e assumiu
aspecto pregueado. À avaliação da lente e fundo ocular, nenhuma alteração foi
encontrada em olho direito ou esquerdo.

A B
Figura 1. Hipoplasia de íris em equino. A) Imagem do olho direito evidenciando área
de hipoplasia de íris dentro da área pontilhada. B) Imagem ultrassonográfica
em corte axial horizontal do olho (12mHz), em que se observa a íris com
afinamento do estroma adjacente a conteúdo anecoico delineado por linha
hipercoica (seta).

Uma ultrassonografia ocular foi realizada com transdutor linear de 12 mHz pela
via transcorneana após instilação de colírio anestésico à base de proparacaína e
deposição de gel acústico sobre a superfície ocular. O exame revelou, em zona
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ciliar da íris, área de afinamento estromal, preenchida por conteúdo anecoico e


delimitada posteriormente por linha hiperecoica (Figura 1B). Não havia outras
alterações quanto à dimensão e topografia ocular e orbitária. Diante do quadro clínico
e oftalmológico diagnosticou-se hipoplasia de íris.
Como nenhum tratamento é necessário, orientou-se ao tutor que evitasse que
o animal fosse exposto à luminosidade intensa.

DISCUSSÃO
A hipoplasia iridal pode ser observada em olhos com uma grande variedade
de cores, mas, à semelhança do observado no equino do presente relato, apresenta
ocorrência predominante em animais com íris azul1. Embora não haja predisposição
de raça, idade ou sexo, a pelagem albinoide na raça Quarto de Milha pode apresentar
maior ocorrência da afecção, quando comparado a outras raças equinas, com
predominância de íris de colorações mais escuras1. Alguns autores têm apontado
uma notável associação entre a heterocromia com íris hipoplásica 3,4,5.

Sabe-se que esta desordem uveal pode apresentar-se como uma condição
unilateral ou bilateral e a localização e o tamanho das áreas podem variar, sendo a
região dorsal da íris a mais afetada1,2,5, o que condiz com a descrição do caso em
estudo. A hipoplasia de íris é melhor visibilizada sob inspeção em boa iluminação,
quando a pupila se encontra miótica e é possível observar a retroiluminação da
reflexão fúndica através da lesão3,5. No caso em relato, a alteração iridiana também foi
melhor observada antes da midríase farmacológica; contudo, não foi constatado
reflexo de fundo de olho através da área hipoplásica.
O lacrimejamento e a fotofobia observados no caso em tela são,
provavelmente, resultado do quadro de hipopigmentação e de hipoplasia de íris. Essa
última condição pode piorar a fotossensibilidade, porque a barreira à entrada de luz,
exercida pela íris, fica mais atenuada. Tal conjectura corrobora a afirmação de Gilger1,
de que alguns cavalos acometidos pela hipoplasia de íris têm aumento da
sensibilidade à luz. A avaliação oftálmica completa desses cavalos torna-se valiosa, a
fim de diferenciar a hipoplasia de íris isolada da síndrome da anomalia ocular
congênita múltipla, que corresponde a uma combinação de outras alterações
associadas à hipoplasia iridal2,4. No cavalo examinado não foram observadas outras
alterações oculares correspondentes à essa síndrome, quais sejam: córnea globosa,
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

megalobléfaro, displasia de retina ou catarata. Outros diagnósticos diferenciais


para a hipoplasia de íris incluem cistos, neoplasias e atrofia da íris3.
O exame ultrassonográfico pode ser vantajoso como método
complementar no auxílio à exclusão dos diagnósticos diferenciais, como cistos
uveais e neoplasias iridianas1,2,3. Ressalta-se que a hipoplasia de íris tem sido
historicamente diagnosticada erroneamente como cisto uveal 5. A ultrassonografia
ocular realizada no equino mostrou área de afinamento estromal, preenchida por
conteúdo anecoico e delimitada posteriormente por linha hiperecoica. Acredita-se
que o conteúdo anecoico refira-se ao humor aquoso, enquanto que a linha
hipercoica limítrofe seja o epitélio da íris. Na literatura consultada, a aparência
ultrassonográfica da hipoplasia de íris não está amplamente caracterizada, mas
foi descrita por Segard et al.6 como um afinamento e alongamento da estrutura
iridociliar.
Embora a hipoplasia da íris corresponda a um distúrbio congênito5, os
cavalos afetados podem ser diagnosticados em qualquer idade2. Como os olhos
não são dolorosos e não há efeito discernível na visão, o tratamento não foi
recomendado, apenas manejo em ambiente menos iluminado, corroborando com
as orientações encontradas na literatura1.

CONCLUSÃO
Devido à semelhança entre enfermidades oftalmológicas, considera-se a
importância em conhecer a ocorrência de hipoplasia de íris, a fim de auxiliar no
diagnóstico diferencial para afecções oftálmicas que acometem a úvea anterior.

REFERÊNCIAS
1. Gilger BC. Equine Ophthalmology. 3ª ed. Ames: John Wiley & Sons; 2017.
671p.
2. Gelatt KN, Gilger BC, Kern TJ. Veterinary Ophthalmology. 5ª ed. John Wiley
& Sons; 2013. 2170p.
3. Maggs DJ, Miller PE, Ofri R. Slatter‟s Fundamentals of Veterinary
Ophthalmology. 5ª ed. Elsevier Saunders; 2013. 506p.
4. Gelatt KN. Essentials of Veterinary Ophthalmology. 3ª ed. John Wiley &
Sons; 2014. 706p.
5. Sandmeyer LS, Bauer BS, Grahn BH. Diagnostic Ophthalmology. CVJ.
2013;54:514-5.
6. Segard M, Depecker MC, Lang J, Gemperli A, Cadore JL. Ultrasonografic
features of PMEL17 (Silver) mutante gene-associated multiple congenital ocular
anomalies (MCOA) in Comtois and Rocky Mountain horses. Veterinary
Ophthalmology. 2013;16(6):429-35.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TRANSPOSIÇÃO DO MUSCULO OBTURADOR INTERNO PARA CORREÇÃO


DE HÉRNIA PERINEAL BILATERAL EM CÃO - RELATO DE CASO

INTERNAL OBTURATOR MUSCLE TRANSPOSITION FOR CORRECTION OF


BILATERAL PERINEAL HERNIA IN DOG - CASE REPORT

Mariana Rodrigues Rocha1, Leydianne Candeiras da Silva1, Iago Martins


Oliveira2, Brunna Rodrigues Cordeiro2, Marcelo Figueiredo Santos Reis3,
Luiz Augusto de Souza4

1
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
marianarocha2525@hotmail.com
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Pós-Graduando, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ/UFG, Goiânia, GO.
4 Docente do Setor de Clínica e Cirurgia, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: diafragma pélvico, intumescência perineal, transposições


musculares

Keywords: pelvic diaphragm, perineal intumescence, muscular transpositions

INTRODUÇÃO
As hérnias perineais são resultantes do enfraquecimento da musculatura
do diafragma pélvico, que favorecem o deslocamento caudal de estruturas
anatômicas como intestino delgado, bexiga e próstata 1,2. São mais vistas em
cães machos, idosos, não castrados3. Os sinais clínicos compreendem o
tenesmo, aumento de volume perineal que pode ser redutível ou não, disquezia,
estrangúria, oligúria e anúria1,2,4.
No diagnóstico, a palpação retal é tida como um importante método no
exame clínico, além de exames complementares como a radiografia que pode
indicar a posição da bexiga urinária, próstata, bem como deslocamento e
dilatações retais e a ultrassonografia dispensando muitas vezes a realização do
exame radiográfico3.
O tratamento principal é o cirúrgico,4 podendo ser utilizadas técnicas
únicas ou associando-se técnicas como herniorrafia clássica, transposições
musculares (músculos obturador interno, glúteo superficial e o músculo
semitendinoso), implantes sintéticos, telas biológicas e pexias de órgãos
abdominais5,6. A técnica de transposição do músculo obturador se encontra
entre os tratamentos mais utilizados e se baseia na elevação do músculo
subperiostealmente do assoalho isquiático, com ou sem a secção de seu
tendão6 o que permite o reforço na porção ventral da hérnia.
Desta forma, o objetivo desse relato foi descrever o uso da técnica de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

transposição do músculo obturador interno para a correção de hérnia perineal


bilateral em um cão.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e
Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, um cão, macho, não castrado,
sem raça definida, com sete anos de idade e 11 kg. De acordo com a descrição
do tutor, durante a anamnese, há cinco meses o animal apresentou aumento de
volume lateral ao ânus e desde então estava com dificuldades para defecar e
urinar. Ao exame clínico, verificou-se aumento de volume bilateral em região
perineal, de consistência macia e conteúdo redutível. Ademais, próstata e
vesícula urinária foram percebidas à palpação retal.
Foram solicitados hemograma, ureia, creatinina, alanina
aminotransferase e eletrocardiograma e, nesses exames, os resultados estavam
dentro dos valores de referência para espécie. No exame ultrassonográfico foi
possível visualizar o cólon no períneo direito, já no lado esquerdo havia líquido
livre e a próstata aumentada com ecogenicidade heterogênea.
Face ao diagnóstico de hérnia perineal e perante os resultados dos
exames, o paciente foi encaminhado para tratamento cirúrgico. Após jejum
hídrico e alimentar foi obtido acesso venoso na veia cefálica com cateter
vascular 20G para fluidoterapia de manutenção com ringer lactato, seguido de
ampla tricotomia das regiões perineal e pré-escrotal.
Subsequentemente à medicação pré-anestésica o paciente foi levado ao
bloco cirúrgico onde realizou-se, inicialmente, após as antissepsias prévia e
definitiva, a técnica de orquiectomia pré-escrotal. Em seguida, foi efetuada
sutura em bolsa de tabaco com fio náilon nº 3-0 para oclusão temporária do
ânus. Posteriormente, o paciente foi posicionado em decúbito esternal com
elevação do períneo e promoveu-se novo ciclo de antissepsia e mudança dos
campos cirúrgicos.
Para correção das hérnias foram praticadas incisões cutâneas
curvilíneas paralelas ao ânus no sentido dorsoventral e divulsão dos tecidos
adjacentes em ambos os lados. Os sacos herniários foram identificados e
incisados com objetivo de reposicionar as estruturas para cavidade abdominal.
Após reposição manual, um conjunto de gazes estéreis embebidas com solução
fisiológica 0,9%, associada a um fio de náilon nº 2-0, foi colocado no anel
herniário para auxiliar na manutenção da redução do conteúdo. O músculo
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obturador interno foi liberado do ísquio com auxílio de um elevador de periósteo


e suturado aos músculos coccígeo, elevador do ânus e esfíncter anal externo
em padrão simples separado com fio náilon nº 2-0. Antes do encerramento total
da síntese dos músculos, as gazes foram removidas. Esse procedimento foi
realizado em ambos os lados da hérnia. Na síntese do subcutâneo foi utilizado
fio poliglecaprone nº 3-0 em padrão zigue-zague e a dermorrafia em padrão
simples separado com fio náilon nº 3-0. Por fim, a sutura em bolsa de tabaco foi
removida.
O pós-operatório consistiu no uso de antibióticos, anti-inflamatórios,
analgésicos, emolientes fecais, manejo de limpeza da ferida e uso obrigatório de
colar elisabetano. Após 10 dias os pontos foram removidos e o paciente recebeu
alta.

DISCUSSÃO
Levando em consideração o histórico, o exame físico e o diagnóstico por
imagem, o paciente em questão apresentou pontos característicos que
constataram o diagnóstico de hérnia perineal. Os cães predispostos, são em sua
maioria, machos inteiros1 e animais mais velhos2,3. De acordo com Fossum1, os
animais acometidos apresentam aumento de volume na região perineal, além da
disquezia e disúria, quadro este que se encontrou presente no caso relatado.
Segundo Leal et al.3, a palpação retal é um método de importância que
permite a determinação das estruturas que constituem o aumento de volume
como, por exemplo, a próstata e a bexiga, que foram encontradas no paciente
em questão.
No diagnóstico por imagem, a ultrassonografia é o método de eleição
descrito por Fossum1 e nesse caso permitiu a visualização do cólon no períneo
direito e da próstata no períneo esquerdo.
A herniorrafia é o principal método de tratamento5 e que pode ser
associada à castração, pois de acordo com Fossum1 há relatos de redução das
recidivas quando a herniorrafia está associada à orquiectomia.
Ribeiro2 relata as principais técnicas utilizadas para reparação de
hérnias perineais. Optou-se nesse relato pela técnica de transposição do
músculo obturador interno.
Diante da abordagem cirúrgica descrita por Fossum1, deve ser feita uma
incisão curvilínea lateralmente ao ânus no sentido dorsoventral. Logo após
realizar incisão no tecido subcutâneo e no saco hernial, deve-se identificar e
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reduzir o conteúdo herniário dissecando os anexos subcutâneo e fibrosos. A


redução da hérnia deve ser mantida preenchendo o defeito com uma esponja
úmida, no paciente em questão foi utilizada gaze embebida com solução
fisiológica 0,9%.
Em seguida, identificar os músculos envolvidos na hérnia, a artéria e
veia pudenda interna, o nervo pudendo, os vasos e nervos retais caudais e o
ligamento sacrotuberal e assim, promover a reparação da hérnia comum a das
técnicas citadas acima. Alguns autores1 sugerem a orquiectomia após a
herniorrafia, conduta que diverge da abordagem realizada no paciente.
No caso em questão a técnica de transposição do músculo obturador
interno seguiu a metodologia relatada por Fossum1 e Ribeiro2, onde houve a
aposição do músculo obturador interno entre os músculos coccígeos, elevador
do ânus e esfíncter anal externo. As suturas recomendadas para síntese dos
músculos são as de padrão simples interrompido com o fio monofilamentar
náilon 2-0. Por fim foi realizado a síntese de subcutâneo e a dermorrafia, de
acordo com Fossum1.

CONCLUSÃO
A técnica de transposição do músculo obturador interno é eficaz na
correção de hérnias bilaterais em cães. Apresentou como vantagens uma sutura
sem tensão e uma mínima distorção do músculo esfíncter externo do ânus.

REFERÊNCIAS
1. Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4a ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2014. 5008p.
2. Ribeiro JCS. Hérnia perineal em cães: avaliação e resolução cirúrgica –
artigo de revisão. Rev. Lus. Cien. Med. Vet. 2010. Lisboa;3:26-35.
3. Leal LM, Moraes PC, Souza IB, Machado MRF. Herniorrafia perineal com
tela de polipropileno em cão. Rev. Cient. Eletr. Med. Vet. 2018.18:1679-7353.
4. Hedlund CS, Fossum, TW. Cirurgia de pequenos animais. 3a ed. Rio de
Janeiro: Elsevier; 2008. p.487-498.
5. Bellenger CR, Canfield RB. Hérnia perineal. In: Slatter D editor. Manual de
cirurgia de pequenos animais. 3a. ed. Barueri: Elsevier: 2007.p.487-489.
6. Oliveira RVP, Filho EFM, Lima AES, Quessada AM, Neto JMC.
Transposição do músculo semitendinoso no tratamento da hérnia perineal em
cães. Enc. Bio. 2014;10(19):1769.
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TELA DE POLIPROPILENO PARA CORREÇÃO DE HÉRNIA PERINEAL EM


CÃO: RELATO DE CASO

POLYPROPYLENE MASH IN THE CORRECTION OF PERINEAL HERNIA IN


DOG: CASE REPORT

Leydianne Candeiras da Silva1, Mariana Rodrigues Rocha1, Iago Martins


Oliveira2, Marcelo Figueiredo dos Santos Reis3, Marco Augusto Machado da
Silva4, Luiz Augusto de Souza4
1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ/UFG, Goiânia, GO; leydiannecandeiras@yahoo.com.br.
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ/UFG, Goiânia, GO
3
Pós-Graduando, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ/UFG, Goiânia, GO
4
Docente do Setor de Clínica e Cirurgia, EVZ/UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: diafragma pélvico, herniorrafia, períneo

Keywords: pelvic diaphragm, herniorraphy, perineum

INTRODUÇÃO
O diafragma pélvico em cães acima de cinco anos encontra-se
enfraquecido, o que resulta na separação dos músculos e fáscias que o
compõem. Como consequência pode ocorrer o deslocamento caudal de órgãos
abdominais ou pélvicos em direção ao períneo o que favorece surgimento da
hérnia perineal1,2. Vários fatores podem contribuir para o surgimento das hérnias:
predisposição genética, alterações hormonais, afecções intestinais e
prostáticas2,3.
As hérnias perineais são comuns em cães e raras em gatos, ocorrem
com maior incidência em cães machos não castrados. Os sinais clínicos mais
observados são o tenesmo, a constipação e o aumento de volume perineal, que
pode ser redutível ou não1, associado à estrangúria se tiver envolvimento com a
bexiga4. O diagnóstico da hérnia perineal é realizado pelo histórico, exame físico,
sinais clínicos, exames radiográficos e ultrassonográficos5,6.
O tratamento de escolha é a herniorrafia que deve ser realizada nos
casos de retroflexão da vesícula urinária e aprisionamento visceral7. Dentre as
técnicas utilizadas na reconstrução do diafragma pélvico estão o método
tradicional de sutura, a transposição do músculo obturador interno, a
transposição do músculo glúteo superficial ou do músculo obturador interno
aliado à transposição do músculo glúteo superficial 1,2,7. A implantação de malhas
sintéticas ou naturais8, como a malha de polipropileno, associadas à herniorrafia
também podem ser utilizadas. Sua função é restabelecer o diafragma pélvico e
minimizar recidivas7.
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Deste modo, o objetivo deste trabalho foi relatar o uso tela de


polipropileno na correção de hérnia perineal unilateral em um cão.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário, da EVZ/UFG, um cão macho, nove
anos de idade, não castrado, com aumento de volume em região perineal no
antímero direito. O proprietário relatou que esse aumento aparecia e
desaparecia há seis meses, e que o animal apresentava disúria e tenesmo.
Durante realização do exame físico foi possível constatar por meio da palpação
em região perineal a presença do anel, saco e conteúdo herniário.
Foi solicitado o exame ultrassonográfico, assim como hemograma,
leucograma e bioquímica sérica. Pelas imagens ultrassonográficas foi constatada
a presença de uma hérnia perineal, onde seu conteúdo herniário era composto
pela vesícula urinária e uma porção do intestino delgado. Também foi observado
o aumento no tamanho da próstata. De posse das imagens ultrassonográficas e
com os valores dos exames solicitados dentro dos padrões de normalidade para
espécie, o paciente foi encaminhado para correção da hérnia por meio da
herniorrafia.
Após o preparo do animal, este foi posicionado em decúbito esternal,
realizou-se a aplicação de sutura em bolsa de tabaco ao redor do ânus. A incisão
de pele foi realizada sobre a região com aumento do volume perineal tendo início
lateralmente à base da cauda até o ângulo medial da tuberosidade isquiática.
Após a abertura do saco herniário, os órgãos identificados foram realocados em
sua posição de origem reduzindo a hérnia por compressão digital.
Foi utilizado o método tradicional de sutura, porém associado à uma tela
de polipropileno com 7,0x7,0cm de área e fixada com pontos em padrão Sultan,
com fio poliglactina 910 n° 0. Em seguida, procedeu-se a redução de espaço
subcutâneo com sutura em zigue–zague e fio poliglactina 910 n°2.0 e a
dermorrafia com pontos simples separado e fio náilon n°2.0.
Foi realizada também a orquiectomia seguindo a técnica preconizada
por Fossum (2008). No pós-operatório foram prescritas, por via oral, as
seguintes medicações: cefalexina 30mg/kg (BID por sete dias); meloxicam
0,1mg/kg (SID por cinco dias); tramadol 2,0mg/kg (TID por cinco dias); dipirona
25mg/kg (TID por três dias); e finasterida 0,1mg/kg (SID por sessenta dias).
Curativos diários foram recomendados com solução fisiológica e aplicação de
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rifamicina spray até completa cicatrização. Retornos semanais foram pré-


agendados para o acompanhamento cirúrgico até a alta médica.

DISCUSSÃO
Pacientes com hérnia perineal apresentam sinais e características
clássicas. Tais achados como aumento de volume em região perineal,
hiperplasia prostática e perda da força e massa muscular do diafragma pélvico
podem ser encontrados4. Acredita-se que os referidos achados contribuíram
para o aparecimento do processo herniário, no respectivo paciente.
Com relação ao conteúdo herniário, notou-se uma estrutura macia,
com mobilidade e facilmente redutível por pressão digital em direção cranial.
Outros autores4,9,10 também descreveram esses achados durante o
atendimento de cães portadores de hérnias perineais. Dor à palpação da
região perineal foi observada devido à presença da vesícula urinária e do
intestino delgado dentro do saco herniário. Ferraz et al. 9, também citaram a
presença desses órgãos na maioria dos pacientes portadores dessa afecção.
Os sinais clínicos observados e o relato de disúria e tenesmo
corroboram com a literatura consultada1. Assim como descrito por outros
pesquisadores5,9, o exame ultrassonográfico pode ser eficaz na identificação
das estruturas herniárias e auxiliar no diagnóstico definitivo. Apesar de não ter
estrangulamento de vísceras e de o conteúdo herniário ser redutível para a
cavidade abdominal, optou-se pelo tratamento cirúrgico. Assim, o tratamento
cirúrgico tem por objetivo evitar o encarceramento e estrangulamento de
órgãos10, o que tornaria o tratamento emergencial.
Várias são as técnicas que podem ser utilizadas, associadas ou não,
aos diversos tipos de implantes ou malhas, que são utilizados para auxiliar na
reparação do diafragma pélvico. Dentre os disponíveis, os de origem sintética
são os mais utilizados. Assim, devido à ampla área de enfraquecimento
muscular por atrofia dos músculos que compõem o diafragma pélvico no
paciente relatado, optou-se pela utilização de uma malha sintética de
polipropileno. Esta malha trata-se de um material inerte e, biocompatível10, que
mostrou fornecer boa sustentação da parede retal e das estruturas cavitárias,
sem a ocorrência de complicações e recidivas.
O manejo pré-operatório utilizado foi o mesmo relatado pela
literatura4,5,7, assim como a abordagem cirúrgica. Apesar de alguns autores4,6
afirmarem que o fio para reparo deve ser monofilamentar inabsorvível, por
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oferecer sustentação por um maior período, foi utilizado o fio poliglactina 910
que é absorvível e multifilamentar. Acredita-se que este último desenvolva uma
maior reação inflamatória local e com isso favoreça a cicatrização.
Após a herniorrafia, optou-se pela realização da orquiectomia, já que,
estudos5,7 comprovam que a hiperplasia prostática está correlacionada à
hérnia perineal em grande número dos cães.Desta forma a orquiectomia é
essencial para tornar o prognóstico mais favorável, uma vez que, a hiperplasia
prostática está incluída como possível causa primária e relacionada aos
hormônios masculinos.

CONCLUSÃO
O uso da tela de polipropileno associada a herniorrafia com fio sintético,
multifilamentar absorvível garante a reparação do diafragma pélvico de cães,
além de evitar possíveis recidivas que são frequentes nesse tipo de afecção.

REFERÊNCIAS
1. Anderson MA, Constantinescu GM, Mann FA. Perineal hernia repair in the
dog. In: BOJRAB, M.J. Current techniques in small animal surgery. 4 ed.
Baltimore: Williams & Wilkins; 1998. p.555-564.
2. Leal LM, Moraes PC, Souza IB, Machado MRF. Herniorrafia perineal com
tela de polipropileno em cão – Relato de caso. Revista Científica Eletrônica de
Medicina Veterinária, n. 18, 2012.
3. Ribeiro JCS. Hérnia perineal em cães: Avaliação e resolução cirúrgica –
artigo de revisão. Revista Lusófona de Ciência e Medicina Veterinária.
2010;3:26-35.
4. Raiser AG. Heriorrafia perineal em cães – análise de 35 casos. Brazilian
Journal of Veterinary Research and Animal Science.1994;31(3/4):252-260.
5. Bojrab MJ, Toomey AA. Hernias-hernia perineal. In: Bojrab MJ. Cirurgia dos
pequenos animais. São Paulo: Rocca; 1986. p.436-441.
6. Schmitz JA Paiva MGA, Henriques MO. Hérnia perineal em cadela: Relato
de caso. Saber Digital. 2010;9(2):107-116.
7. Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4° ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2014. 1640p.
8. Hedlund CS, Fossum TW. Cirurgia do sistema digestório: hérnia perineal. In:
Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 3° ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2008. p. 515-520.
9. Ferraz REO, Rodrigues IR, Macedo HJR, Albuquerque AH, Feitosa AS,
Freitas VML, Oliveira ALA. Hérnia perineal complicada com envolvimento de
intestino e bexiga em cão: Relato de caso. PUBVET. 2017;11(9):882-888.
10. Bellenger CR, Canfield RB. Hérnia perineal. In: SLATTER, D. Manual de
Cirurgia em Pequenos Animais. 3°ed. Barueri: Manole; 2007. p.487-497.
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O USO INCORRETO DE ANTIMICROBIANOS EM PROPRIEDADES RURAIS


GOIANAS PODE COMPROMETER A SAÚDE DO AMBIENTE, ANIMAIS E DO
HOMEM: RESULTADOS PARCIAIS

THE INCORRECT USE OF ANTIMICROBIALS RURAL FARMS OF GOIÁS


CAN COMMIT THE ENVIRONMENT, ANIMAL AND MAN HEALTH: PARTIAL
RESULTS

Ana Paula de Almeida Vinhal1, Beatriz Dias Gouveia de Moraes Sousa 2, Amanda
Ferreira Cruz3, Diego Ferreira de Araújo4, Damila Batista Caetano da Silva 5, Luiz
Antônio Franco da Silva6

1. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia – GO; almeidavinhal@gmail.com


2. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
3. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
4. Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
5. Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia – GO;
6. Docente, EVZ, UFG, Goiânia – GO;

Palavras – chave: Qualidade do leite, saúde pública, resistência Antimicrobiana


Keywords: Milk quality, public healthy, antimicrobial resistance

INTRODUÇÃO
O leite está entre um dos produtos que mais movimentam a
agroindústria brasileira. O consumo de leite por habitante no país é
estimado em cerca de 173 litros por ano e a demanda por produtos lácteos
aumentou cerca de 30% de 2008 até 20171. Mas, em concomitância à
expansão do consumo de leite está a preocupação com a segurança
alimentar. Sabe-se que além dos diversos microrganismos patogênicos que
podem ser veiculados por meio do leite, há ainda o risco da presença de
resíduos de antibióticos, que dentre outros danos, podem levar a seleção
de bactérias resistentes, que prejudicam tanto a saúde animal quanto a
humana, além do desencadeamento de processos alérgicos nos
2,3
consumidores . O uso indiscriminado de antimicrobianos, muitas vezes
sem respeitar a dose e o tempo mínimo de aplicação, a negligência quanto
ao período de carência e o descarte indevido do leite contaminado com
resíduos do medicamentos constituem um grave problema de saúde
pública4.
O presente estudo objetivou avaliar o conhecimento dos produtores
de leite do estado de Goiás quanto ao uso de antimicrobianos, bem como o
descarte correto do leite proveniente dos animais em tratamento.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi aprovada pelo CEP/ UFG (parecer n° 1.935. 348) e foi
realizada em propriedades rurais de 34 municípios do estado de Goiás,
totalizando 272 criatórios visitados. A avaliação foi feita por meio de questionários
aplicados aos produtores contendo informações como escolaridade do
proprietário ou funcionário da fazenda, produção de leite diária, se contava ou
não com assistência veterinária na propriedade, se utilizavam antibióticos e quem
os recomendavam, se era feito o descarte do leite dos animais em tratamento e
de que maneira o produto contaminado era desprezado. As informações obtidas
foram tabeladas e analisadas empregando estatística descritiva.

RESULTADOS
Em meio aos 272 proprietários ou funcionários que participaram do
estudo, oito (2,9%) alegaram ser analfabetos, 152 (55,8%) apresentavam
ensino fundamental incompleto, 23 (8,4%) ensino fundamental completo,
18 (6,6%) ensino médio incompleto, 41 (15%) ensino médio completo, 4
(1,4%) ensino superior incompleto e 26 (9,5%) ensino superior completo. A
produção média e diária de leite de todos os 272 criatórios visitados foi de
355,1 litros. Individualmente, a produção de leite diária alternava entre seis
e 5200 litros. Dentre as propriedades visitadas, 102 (37,5%) possuíam
assistência veterinária e 170 (62,5%) não eram assessoradas, mas todos
os entrevistados afirmaram utilizar antibióticos no rebanho.
Um total de 91 (33,4%) pessoas entrevistadas afirmaram medicar os
animais por iniciativa própria, 66 (24,2%) seguiam as recomendações de
lojistas ou balconistas das lojas agropecuárias e 115 (42,2%) recorriam a
orientação de um Médico Veterinário antes de aplicar algum medicamento
nos animais. Seis (2,2%) produtores afirmaram não descartar o leite dos
animais em tratamento e os 266 (97,7%) restantes realizavam o descarte.
Porém, dentre os que faziam o descarte, 21 (7,8%) o faziam juntamente
com a água utilizada para lavagem do local, 229 (86%) destinavam o
produto contaminado com resíduos de antibiótico para a alimentação
animal, incluindo bezerros, porcos, cachorros e gatos e 16 (6,0%)
utilizavam esse produto para a produção de derivados do leite para
consumo humano.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISCUSSÃO
Pondera-se inicialmente que, dentre os entrevistados, o número de
analfabetos foi considerado pequeno diante das informações veiculadas pelos
meios de divulgação, incluindo televisão e jornais. Portanto, o analfabetismo não
parece ser a principal causa do uso inadequado de antibióticos em propriedades
rurais. Existe ainda uma discrepância sobre os dados relacionados a produção
de leite diária. Porém, nas fazendas com maior produção diária os proprietários
eram alfabetizados. A assistência veterinária, ainda é tímida diante do o uso de
antibióticos sem a devida prescrição. Por meio do que foi observado pode-se
inferir que o descarte do leite dos animais em tratamento e a maneira que o
produto contaminado é desprezado ainda é motivo de grande preocupação.
Argumenta-se também que os achados obtidos evidenciaram uma carência
substancial de informações sobre o uso de antibióticos em propriedades leiteiras
goianas.
A maioria dos produtores entrevistados se prendeu a questões financeiras
para descartar o produto de maneira inadequada. Não obstante, a presença de
assistência veterinária não se constituiu em impedimento para que o descarte do
produto impróprio para consumo pudesse ser feito da maneira menos agressiva à
saúde única. Cenário semelhante foi relatado por Almeida5, quando constatou
que 1,89% das amostras de leite produzido em uma determinada região de Minas
Gerais eram positivas quanto a presença de antibióticos beta lactâmicos. Dentre
essas amostras, 15,8% eram provenientes de propriedades consideradas
grandes produtoras de leite, cujo produto era comercializado a granel. Em outro
estudo, Vieira6 detectou a presença de resíduos de antimicrobianos em leite
pasteurizado do tipo B de diferentes fornecedores em estabelecimento
comerciais do estado do Paraná. Logo, os resultados da presente pesquisa e de
outros autores5,6 sinalizam que existe um risco potencial de se consumir o leite
sem que haja monitoramento efetivo da qualidade do produto.
Ainda fazendo uma análise das informações obtidas no presente estudo e,
particularmente sobre o uso de leite contendo resíduos de antimicrobianos na
alimentação animal, pode-se afirmar que o tema merece ser discutido e
investigado. Assim, considerando que a colonização da microbiota ruminal
depende, sobretudo, da colostragem e do aleitamento no que se diz respeito à
qualidade do alimento fornecido ao animal 7, pode-se especular sobre os efeitos
negativos para os animais do uso inadequado de antimicrobianos. Foi com essa
preocupação que, a influência do uso precoce de antimicrobianos na colonização
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

bacteriana intestinal, imunidade inata e ocorrência de diarreia em bezerras da


raça Holandesa do nascimento aos 28 dias de vida8 ficou demonstrada. O uso
indiscriminado de antibióticos destacou-se como um dos responsáveis pelo
desequilíbrio entre microbiota ruminal e hospedeiro. Portanto, tendo em vista que
o uso inadequado de antimicrobianos pode selecionar cepas resistentes e
somado ao fato de que o desenvolvimento de novos antibióticos caminha
lentamente, não se pode ignorar as prováveis consequências diretas e indiretas
dessas condutas para a saúde pública9.

CONCLUSÃO
Uma parcela importante dos proprietários rurais de criatórios leiteiros do
estado de Goiás não faz o uso consciente de antimicrobianos e descartam o leite
proveniente dos animais em tratamento de forma inadequada, às vezes usando o
produto lácteo para o consumo humano e animal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Embrapa Gado de Leite. Anuário do Leite. São Paulo: Texto e Comunicação
Corporativa de Leite; 2018. 116p.
2. Novaes SF, Schreiner LL, Silva IP, Franco RM. Residues of veterinary drugs
in milk in Brazil. Cienc Rural. 2017; 47(8):1-7.
3. Silva DC, Cruz AF, Silva DBC, Alves IS. Impacto dos resíduos pecuários
sobre a qualidade do leite. In: Silva DCB, Neves LC, Barbosa VT, Silva WPR,
editores. Qualidade do leite porteira adentro. Goiânia: Editora Kelps; 2017.
p.122-127.
4. Mota RA, Silva KPC, Freitas MFL, Porto WJN, Silva LBG. Utilização
indiscriminada de antibióticos e sua contribuição à multirresistência
bacteriana. Braz J Vet Res Anim Sci. 2005; 42(6):465-470.
5. Almeida LP, Vieira RL, Rossi DA, Carneiro AL, Rocha ML. Resíduos de
antibióticos em leite de propriedades rurais da região de Uberlândia-MG.
Biosci. J. 2003; 19(3):83-87.
6. Vieira TSWJ, Ribeiro MR, Nunes MP, Júnior MM, Netto DP. Detecção de
resíduos de antibióticos em amostras de leite pasteurizado do estado do
Paraná, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, Londrina. 2012; 33(2):791-796.
7. Malmuthuge N, Chen Y, Liang G, Goonewardene LA, Guan LL. Heat-Treated
colostrum feeding promotes beneficial bactéria colonization in the small
intestine of neonatal calves. Journal of Dairy Science. 2015; 98(11).
8. Martin CC. Influência do uso precoce de antibiótico no desenvolvimento da
microbiota intestinal, resposta imune e incidência de diarreias em bezerras
recém-nascidas [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia; 2017. [acesso 21 mar 2019].
Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-
15012018-143627/pt-br.php.
9. WHO. Antibacterial agents in clinical development: an analysis of the
antibacterial clinical development pipeline, including tuberculosis. Geneva:
World Health Organization; 2017. 48p.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Trypanosoma vivax: DISPERSÃO ESPACIAL APÓS TRÊS ANOS DE SUA


INTRODUÇÃO NO ESTADO DE GOIÁS.

Trypanosoma vivax: SPACE DISPERSION AFTER THREE YEARS OF ITS


INTRODUCTION IN THE STATE OF GOIÁS.

Dayana de Cassia da Mota Cezário¹, Katheryn Merz², Mônica Chacon de


Vicente³, José Augusto Montes Cellos Junior⁴, Nathany Geraldino Nogueira⁵ e
Rubens Dias de Melo Júnior⁶.
¹ Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; day.mota@hotmail.com
² Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
³ Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
⁴ Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
⁵ Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
⁶ Doutorando em Medicina Veterinária, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO;

Palavras-chave: surtos, tripanosomíase, ocitocina.


Keywords: outbreaks,Trypanosomiasis, oxytocin.

INTRODUÇÃO
Trypanosoma vivax é um protozoário hemoparasito que se localiza no
plasma sanguíneo de bovinos. Esse agente causador da tripanosomose bovina
tem causado nos rebanhos brasileiros uma redução de aproximadamente 4% do
valor estimado dos animais¹. Além disso, em rebanhos leiteiros, a queda na
produção pode chegar a 41,6%².
Transmitido por vetor biológico, T. vivax é um parasito originário do
continente Africano. No Brasil os primeiros relatos em bovinos iniciaram no Pará,
em 1946³. Entretanto, no continente americano, T. vivax adaptou-se à
transmissão mecânica, que ocorre através da picada de mutucas (Tabanus) e
fômites infectados. Acredita-se, porém, que também possa ocorrer através da
picada de moscas-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans)³, Haematobia irritans⁴ .
Nos bovinos brasileiros, tripanosomose foi identificada acometendo rebanho de
corte e leite⁵.
Embora Goiás seja um estado que possui fronteiras com outros estados
onde T. vivax já foi diagnosticado (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas
Gerais e Tocantins), era considerado livre deste agente até 2015, ano em que
registrou o primeiro surto de tripanosomose bovina. Após a ocorrência deste
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

surto no município de Ipamerí, continuamente novos casos vêm sendo


diagnosticados em outras propriedades⁶. Objetiva-se com este trabalho
apresentar a dispersão dos casos de T. vivax em bovinos no estado de Goiás.

MATERIAL E MÉTODOS
Entre maio de 2015 e maio de 2018, foram realizadas visitas técnicas em
diferentes propriedades rurais que apresentaram mortalidade de bovinos sem
diagnostico confirmado. Nestas propriedades foram colhidos dados
epidemiológicos relevantes (atividade da propriedade, raça dos animais doentes,
presença de mutucas e/ou mosca dos estábulos, compra de animais nos últimos
30 dias e uso de ocitocina) e, também, colheu-se sangue venoso de animais com
sinais clínicos. A confirmação foi realizada por diagnóstico parasitológico direto
realizado pela técnica da centrifugação em tubo capilar⁷ (técnica de Woo),
confecção de esfregaço sanguíneo corado com Giemsa e por diagnóstico
molecular (PCR).

RESULTADOS
Após três anos de estudo, foram detectados 26 surtos de tripanosomose
bovina causada por T. vivax em Goiás, em 14 municípios (Alexânia, Bonfinópolis,
Caldas Novas, Campo Alegre, Cromínia, Goianápolis, Ipameri, Itauçu,
Mairipotaba, Morrinhos, Pontalina, Quirinópolis, Santa Bárbara de Goiás e
Urutaí). Quando distribuídos semestralmente, observa-se que ocorreram quatro,
três, nove, quatro, quatro e zero casos nos semestres I, II, III, IV, V e VI,
respectivamente. Após um registro inicial discreto, a maior parte dos casos foi
observada no semestre III, seguindo por um decréscimo do número de casos
desta enfermidade detectados em Goiás.
Todos os surtos foram registrados em propriedades rurais as quais a
atividade principal é a produção de leite com animais girolando. Houve compra de
animais nos últimos 30 dias e todas as propriedades fazem uso de ocitocina no
manejo pré-ordenha. Estes mesmos fatores de risco foram observados em surtos
registrados em Alagoas e Pernambuco⁸.

DISCUSSÃO
Possivelmente, a ausência de casos detectados no último semestre
tenha relação com a disponibilização de nova molécula tripanocida
(isometamidium) no mercado brasileiro. O município com o caso mais distante
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

confirmado (Quirinópolis) fica a 340 quilômetros de Ipameri. Em todas as


propriedades os animais acometidos eram girolando e não foi detectada
presença de vetores.
É importante mencionar que também foi observado no momento da
obtenção do histórico agrícola que, por mais de três anos, cinco unidades
internacionais de ocitocina exógena foram rotineiramente administradas a cada
vaca em lactação, por via intravenosa (veia epigástrica cranial superficial), antes
de cada ordenha. Foi realizado usando uma única agulha e seringa a cada dia
para todos os animais.
Levando em consideração que o caso índice ocorreu em Ipameri e todos os
demais foram registrados em municípios diferentes, pode-se observar que está
ocorrendo disseminação do patógeno pelo estado. Entretanto, todos estes casos
localizam-se em regiões com maior concentração de propriedades leiteiras.

CONCLUSÃO
Em Goiás, os casos foram registrados em regiões cuja produção de leite e
comércio de animal são atividades comuns. Acredita-se que estes fatores estão
contribuindo com a disseminação do patógeno no Estado. A partir da anamnese,
notou-se que, embora a prática da utilização da ocitocina tivesse sido usada por,
pelo menos, três anos, o surto coincidentemente começou depois que o
proprietário do gado adquiriu alguns animais em um leilão.

BIBLIOGRAFIA
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Trypanosoma vivax on the Brazilian Pantanal and Bolivian Lowlands. Memórias
do Instituto Oswaldo Cruz, 1999; 64 (2); 269-272.

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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Salmonella enterica EM OVOS DE GALINHAS CAIPIRA COMERCIALIZADOS


EM FEIRAS LIVRES DE GOIÂNIA, GOIAS.

Salmonella sp. IN RANGE CHICKENS EGGS MARKETED IN FREE FAIRS OF


GOIÂNIA, GOIAS.

Stanislau Parreira Cardozo1, Maria Auxiliadora Andrade2, Clara Morato Dias3, Valéria
de Sá Jayme2
1 – Doutorando em Ciência Animal – EVZ/UFG, 2 – Docentes, EVZ/UFG, 3 Acadêmica de Medicina
Veterinária EVZ/UFG

Palavras-chave: alimentos, aves de fundo de quintal, Enterobactérias.

Keyworks: Food, Enterobacteriaceae, Poultry Production Pasture.

INTRODUÇÃO
Galinhas caipiras podem atuar como portadoras e disseminadoras de
bactérias patogênicas em suas excretas, contaminando o ambiente, ovos e mesmo
suas carcaças1,2. Dentre estes patógenos, Salmonella sp. se destaca pela sua grande
capacidade de sobrevivência ambiental e de infectar o trato intestinal de animais de
sangue frio e quente, entre eles o homem4, sendo a salmonelose considerada uma
importante zoonose de distribuição mundial.
A ocorrência e disseminação da bactéria variam entre os sistemas de
produção extensivos e intensivos, pois no primeiro as aves estão mais expostas aos
fatores estressantes que podem levar ao aumento de Salmonella sp., contribuindo
para a transmissão horizontal e vertical3. Tal cenário aponta para a necessidade de se
implementar requisitos de biosseguridade na produção de aves, especialmente para a
produção caipira4.
Entre 2000 e 2017 foram notificados 16.619 surtos de Doenças Veiculadas
por Alimentos (DVA) no Brasil, com 238.909 casos e 183 óbitos, sendo as principais
fontes os alimentos mistos (11,77%), múltiplos alimentos (7,62%), ovos e produtos à
base de ovos (7,31%), água (6,27%) e as principais bactérias envolvidas Salmonella
sp, Escherichia coli, Staphylococcus aureus (78,5%)5.
Considerando a importância do ovo como alimento, a sua produção em
diferentes sistemas, sua ampla comercialização e consumo, objetivou-se
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

neste estudo avaliar a ocorrência de Salmonella sp. em ovos oriundos desistemas


caipiras comercializados em diferentes feiras livres de Goiânia, Goiás.

MATERIAIS E MÉTODOS
Foram analisadas, no Laboratório de Microbiologia da Escola de Veterinária e
Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG), 50 dúzias de ovos caipiras
comercializadas em 35 feiras de Goiânia, Goiás. De cada dúzia foram feitos pool de
casca, albúmen e gema, o que correspondeu a três amostras por dúzia, totalizando 150
amostras, distribuídas em 50 amostras de casca, 50 de albúmen e 50 de gema.
A pesquisa bacteriana convencional para Salmonella sp. foi realizada conforme
descrito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (2011), com
adaptações.

RESULTADOS
Salmonella enterica foi isolada somente em uma dúzia analisada (1/50, 2,0%),
nas três estruturas (casca, albúmen e gema).

DISCUSSÃO
Salmonella é considerada um dos mais importantes patógenos transmitidos
pelos alimentos e está comumente associada ao consumo de carne de aves e de ovos. A
ocorrência de 2,0% de Salmonella em ovos caipiras verificada neste estudo, está fora do
determinado pela ANVISA (2001), mesmo para o modo de produção caipira, que
propicia o acesso destas aves a áreas abertas, assim como seu contato com outros
animais sejam domésticos, sinantrópicos ou mesmo silvestres.
Em estudos já realizados no Brasil, foram descritos índices variados de
ocorrência. Gomes Filho et al (2014)6 e Rocha (2017)7, avaliando, respectivamente, ovos
comercializados em feiras do Ceará e da Paraíba, não isolaram Salmonella sp. Em
relação a propriedades, Melo et al. (2015)8 não isolaram Salmonella em 280 unidades de
ovos caipiras oriundas de cinco propriedades do Rio de Janeiro e consideraram que a
ausência de contaminação na gema também sugere a não contaminação pela via
transovariana por Salmonella sp., mesmo que as propriedades estudadas não possuam
normas sanitárias adequadas e não apliquem boas práticas de produção. Galvão et al.
(2018) 9 não detectaram Salmonella em amostras de casca de ovos provenientes do
sistema de produção convencional, mas identificaram 1,5% (3/194) de cascas de ovos
produzidos no sistema caipira.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Os resultados obtidos reforçaram a importância de implementação de medidas de


biosseguridade nos sistemas de avicultura alternativa, visando minimizar os riscos para
a saúde humana.

CONCLUSÃO
Ovos provenientes de produção tipo caipira e comercializados em feiras de
Goiânia, Goiás, podem ser considerados potencial fonte de infeccção de Salmonella
enterica para os consumidores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 .- Brasil. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Ofício Circular Nº 7, de
19 de maio de 1999.

2 . Ojo EO, Ogunyinka OG, Agbaje M, Okuboye JO, Kehinde OO, Oyekunle MA.
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http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/abril/02/Apresentacao- Surtos-DTA-
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6. Gomes Filho VJR; Teixeira RSC; Lopes ES; Albuqauerque AH; Lima SVG; Horn RV;
Rocha-e-Sivla RC; Cardoso WM. Pesquisa de Salmonella spp. em galinhas criadas em
fundo de quintal (Gallus gallus domesticus) e ovos comercializados nas feiras livres na
cidade de Fortaleza, Ceará. Semina: Ciências Agrárias, vol. 35, núm. 4, julho-agosto,
2014, pp. 1855-1864.

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caipiras oriundos de uma cooperativa do agreste paraibano. Trabalho de conclusão de
curso. Universidade Federal da Paraíba. Areia- PB 2017

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Diagnóstico e qualidade microbiológica de ovos caipiras produzidos por agricultores
familiares. R. bras. Ci. Vet. 2015; .22: n.1. p.48-53.

9 9. Galvão JA, Biondo AW, Possebon FS, Spina TL, Correia LBN, Zuim CV, Guerra
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produção no sistema convencional e de pastejo livre. Semina. 2018; .39, n.1, p.133-142.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MICOTOXICOSES EM POEDEIRAS COMERCIAIS - RELATO DE CASO


MYCOTOXICOSIS IN LAYING HENS - CASE REPORT

Thaís de Lima Felipe1, Janaína Tavares Mendonça1, Wilian Aires Gonçalves Júnior1,
Rilquia Horrana Miranda2, Marília Cristina Sola3
1
Médica(o) Veterinária(o), Goiânia, GO, email: thaislima.tlf@gmail.com
2
Discente em Medicina Veterinária, Instituto Unificado de Ensino Superior - Faculdades Objetivo,
Goiânia, GO
3 Docente, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri - UFVJM, Unaí, MG

Palavras-chave: Aflatoxicose, fusariotoxicose, lesão oral, toxina T-2.

Keywords: Aflatoxicosis, fusariotoxicosis, oral lesion, toxin T-2.

INTRODUÇÃO
O setor avícola está em constante expansão no mercado mundial, fato que se
deve à industrialização dos meios de produção e a logística integrada de todos os elos da
cadeia de carnes e ovos. O Brasil se destaca como um dos maiores competidores nesse
cenário, mostrando excelência na qualidade das proteínas produzidas e grande sucesso
comercial 1.
A criação eficiente de poedeiras comerciais está estruturada sob alguns pilares,
dentre eles, a biosseguridade, afim de evitar desafios sanitários e perdas econômicas, e
a nutrição. Para o processamento de rações, os grãos devem ser de extrema qualidade,
colaborando com a produtividade das aves. Dentre os possíveis contaminantes que
podem afetar as características das matérias-primas, estão as micotoxinas, metabólitos
fúngicos secundários que podem ser produzidos desde o campo até o armazenamento
dos alimentos2.
As micotoxinas de maior impacto na avicultura são a aflatoxina B1, fumonisina B1,
ocratoxina A, toxina T-2, desoxinivalenol e zearalenona. Esses compostos podem causar
queda na produção e no peso, menor consumo de ração, lesões orais e no trato
gastrointestinal, hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, distúrbios metabólicos, entre outros
efeitos deletérios3.
O presente trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência de micotoxicose
em uma granja de postura no município de Aparecida de Goiânia – GO.

DESCRIÇÃO DO CASO
Em uma das rondas pelo aviário, observou-se a existência de lesões orais em
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

algumas aves alojadas em um dos galpões. Ao inspecionar a cavidade oral, percebeu-se


a presença de aftas e placas de cáseo na(s) lateral(is) do palato duro (na maioria dos
casos), e, secundária a ela, a formação de abscesso. Esse abscesso possivelmente foi
resultado de contaminação bacteriana, já que a lesão no palato possibilitou a infecção.
Além disso, ele impedia que as poedeiras se alimentassem e se hidratassem
adequadamente. Diante dos sinais clínicos, suspeitou-se que as alterações eram
indicativas de intoxicação por micotoxinas.
A ração era preparada na própria empresa, quase que diariamente. Cada batida
levava em sua formulação: milho, farelo de soja, farinha de carne, farelo de trigo, sal,
calcário fino e grosso, óleo degomado, premix e adsorvente de micotoxinas. O
adsorvente usado era de amplo espectro e continha 1,3 e 1,6 β- glucanos fosforilados
ativos, bentonita policatiônica, carvão vegetal ativado, silimarina e selênio orgânico. Em
virtude do uso desse produto, era esperado que as aves não apresentassem os sinais
clínicos mencionados.
A partir da suspeita de micotoxicose, além da mensuração de umidade, passou-
se a fazer classificação de grãos de milho (porcentagem de ardidos, quebrados e
impurezas) em todo carregamento. Nesse sentido, buscou-se também analisar
laboratorialmente o milho para comprovar a existência e a quantidade de micotoxinas.
Para proceder com as análises, alíquotas de milho eram recolhidas antes da
moagem e separadas, compondo seis amostras por período de 2 horas. Após o
recolhimento total, as amostras eram homogeneizadas e retirava-se uma sub- amostra de
250g, sendo posteriormente acondicionada em saco plástico esterilizado e identificado.
Esse processo foi feito em quatro dias subsequentes, totalizando quatro sub-amostras
para análise, afim de avaliar o milho que estava armazenado em diferentes períodos e
locais no silo.
As sub-amostras de milho foram encaminhadas para o laboratório da Nutrial
Insumos Agropecuários sendo analisadas pelo método Near Infrared (NIR), obtendo- se a
identificação e quantificação de aflatoxinas, fumonisinas, DON, zearalenona, toxina T-2 e
ocratoxina.
Os resultados encontrados foram enviados para o banco de dados nacional da
empresa fabricante do adsorvente utilizado na granja, com o objetivo de fazer um
levantamento acerca das principais micotoxinas que ocorrem no país.

DISCUSSÃO
Na tabela 1, estão inseridos os valores médios encontrados de cada micotoxina
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

após análise do milho.

Tabela 1. Valores médios de micotoxinas (ppb) nas amostras de milho coletadas em


diferentes dias.
Dia AFLA FUMO DON T-2 ZEA OCRA
1 21,32 356,34 303,82 4,79 25,44 7,88
2 12,47 1956,54 545,92 4,52 27,12 11,70
3 14,53 1885,43 519,17 3,06 27,68 12,33
4 13,58 1910,15 503,69 2,00 27,50 12,19

Comparando os resultados obtidos com o limite máximo tolerado (LMT) da RDC


nº 1384, o milho analisado estava em conformidade com a legislação, visto que todos os
valores estavam abaixo dos níveis máximos. Porém, comparando com os valores do
Laboratório de Análises Micotoxicológicas –LAMIC/UFRGS, certificado pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, notou-se alterações significativas de
algumas micotoxinas5.
Os níveis de zearalenona e tricotecenos estavam dentro dos parâmetros
desejados. Porém, a presença de micotoxinas nas rações e matérias-primas, mesmo que
em baixas concentrações, não deve em hipótese alguma ser negligenciada. A ingestão
de pequenas quantidades não irá causar efeitos tóxicos rapidamente, entretanto, podem
se acumular e gerar um quadro de micotoxicose crônica6. Não se sabe a duração da
exposição das aves avaliadas às micotoxinas, contudo, a ocorrência de todos os sinais
clínicos já citados, era recorrente na empresa, sugerindo desta forma uma ingestão
frequente destes metabólitos, já que a empresa não fazia análises micotoxicológicas
periódicas.
Para aflatoxinas, o LMT é de 10ppb, e, em todas as sub-amostras analisadas os
resultados foram superiores. Para ocratoxina A, o LMT é de 5ppb, e foram encontrados
valores até duas vezes maiores. A contaminação mais exacerbada foi de fumonisinas,
sendo o LMT de 500ppb e os valores encontrados chegando a quase 2000ppb. Esse
resultado corrobora com os obtidos por Batista em 20167, pois em um estudo feito com
1049 amostras de milho da região sudeste de Goiás, os maiores níveis de
contaminação foram de fumonisinas, chegando a 1845ppb.
Diante dos níveis de contaminação encontrados, foi indicado que se
aumentasse a quantidade de adsorvente nas rações, passando de 1kg/ton para 2
kg/ton. Provavelmente, a quantidade utilizada não estava sendo capaz de adsorver a
alta taxa de micotoxinas.

CONCLUSÃO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Fundamentado em todas as informações da literatura e nos resultados obtidos a


partir da análise micotoxicológica do milho, sugere-se que as aves apresentaram sinais
de micotoxicose. Apesar dos níveis de toxina T-2 terem sido menores do que o esperado,
isso não descartou a possibilidade dela ter sido a causadora das lesões orais
encontradas nas poedeiras, indicando que elas possam ter sofrido uma exposição
crônica.

REFERÊNCIAS

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Atualização em Postura Comercial, 2018. Jaboticabal, UNESP, 2018.
2. Minafra CS, Rodrigues DR, Vaccari ICM, Duarte V, Santos FR, Silva WJ, Gouveia
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provocadas por micotoxinas do milho: Revisão. Pubvet, v. 12, n. 7, p. 1-11, jul. 2018.
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4. Brasil. Resolução – RDC nº 138, de 9 de fevereiro de 2017. Altera a RDC nº 7, de


18 de fevereiro de 2011, que dispões sobre limites máximos tolerados (LMT) para
micotoxinas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 fev.2017.
5. LAMIC. Laboratório de Análises Micotoxicológicas. Universidade Federal de Santa
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6. Bordini JG, Rossi CN, Hirooka EY, Ono EYS. Impacto das fumonisinas, aflatoxinas e
ocratoxina A na avicultura. Biochemistry and Biotechnology Reports. 2013; v. 2, n. 1,
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7. Batista LF. Avaliação nutricional da qualidade do milho para frangos de corte em
Goiás. Dissertação – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

INVESTIGAÇÃO DE BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MASTITE ISOLADAS EM


AMOSTRAS DE LEITE ENTRE OS ANOS DE 2017 E 2019

INVESTIGATION OF MASTITIS CAUSING BACTERIA ISOLATED IN MILK SAMPLES


BETWEEN THE YEARS 2017 AND 2019

Clara Morato Dias1; Mariana Dall‟ Agnol2; Julya Campos Barbosa2; Pedro Henrique
Pereira de Queiroz3; Amanda Ferreira Cruz4; Maria Auxiliadora Andrade5

1 Acadêmica em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO, clara.mvet@gmail.com.


2 Residente em Sanidade Animal - Programa de Residência Profissional em Área da Saúde –
EVZ/UFG.
3 Assistente de Laboratório – Laboratório de Bacteriologia; Setor de Medicina Veterinária Preventiva –
EVZ/UFG.
4 Acadêmica em Medicina Veterinária, Bolsista de Iniciação Tecnológica (PIBITI/UFG), EVZ, UFG,
Goiânia, GO.
5 Docente, EVZ, UFG.

Palavras-chave: etiologia, ambiental, higiene.

Keywords : etiology, environmental, hygiene.

INTRODUÇÃO
Mastite é a inflamação da glândula mamária que se caracteriza por apresentar
alterações patológicas no tecido glandular e uma série de modificações físico-químicas
no leite. Essas alterações são responsáveis por grandes impactos econômicos na
cadeia produtiva do leite, uma vez que se tem redução funcional dos quartos mamários,
descarte precoce de animais doentes ou morte dos mesmos, descarte do leite por
alterações e/ou pela presença de resíduos após medicações, despesas com

tratamentos e honorários de veterinários1,2.


Ocasionada por etiologia infecciosa e/ou não infecciosa, a mastite pode
manifestar-se nas formas clínica ou subcllínica e ainda classificar-se em ambiental ou
contagiosa. A Mastite contagiosa está frequentemente relacionada a bactérias parasitas
obrigatórios da glândula mamaria, tais como Staphylococcus aureus, Staphylococcus
coagulase negativo, Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae e
Corynebacterium bovis. A transmissão ocorre de um animal para o outro.
Na mastite ambiental, os agentes são oportunistas, dentre esses Escherichia coli,
Klebsiella sp, Enterobacter sp, Streptococcus uberis, Pseudomonas aeruginosa e
Prototheca zopfi (microalga). Tratam-se de microrganismos que vivem no ambientede
ordenha ou de curral, na água de bebida ou de limpeza. A transmissão dos
microrganismos pode ocorrer no período entre as ordenhas, principalmente, quando as

vacas se deitam em ambientes contaminados1.


Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Baseado no exposto o presente levantamento foi realizado com objetivo de


investigar a etiologia envolvida em mastites a partir de amostras de leite recebidas no
Laboratório de Bacteriologia da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) entre os anos
de 2017 a 2019.

MATERIAIS E MÉTODOS
As amostras foram trazidas por médicos veterinários ou produtores rurais de
diversas propriedades de Goiás. No laboratório, 1mL da amostra foi transferida para
caldo tioglicolato e estriada em ágar-sangue e MacConkey, seguida de incubação em
aerobiose por 18-24h a 37°C +/- 1°C.
Na presença de crescimento de unidades formadoras de colônias, prosseguiu-
se com as etapas para identificação da bactéria. Primeiramente, realizou-se a
determinação do Gram, feita por bacterioscopia e teste de hidróxido de potássio (KOH)
a 3%. A partir da determinação do Gram, se procedeu provas bioquímicas específicas
para cada grupo de bactérias.
Bactérias Gram positivas foram submetidas aos testes de catalase e OF
(oxidação-fermentação) para diferenciação entre os gêneros de Staphylococcus e
Streptococcus, enquanto bactérias Gram negativas aos testes de fermentação de
glicose, sacarose, lactose, a produção de gás glicose e a produção de sulfeto de
hidrogênio (H2S), urease, teste de indol, motilidade, vermelho de metila, citrato de
Simmons e malonato para sua identificação.

RESULTADOS
Entre os anos de 2017 e 2019 foram analisadas 583 amostras de leite, sendo
que em 36 (6,1%) não houve crescimento de microrganismo algum e em 39 (6,6%)
contaminação com Bacillus spp., portanto, considerou-se 508 amostras válidas que
seguiram o protocolo de identificação dos agentes, detalhados na tabela 1. Em 310
(53,17%) amostras isolou-se apenas um gênero de bactéria, enquanto em 183 (31%) e
15 (2,5%) amostras foram identificadas dois ou mais gêneros, respectivamente.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TABELA 01 - Frequência das bactérias identificadas em amostras de leite no


período de 2017 a 2019 no Laboratório de Bacteriologia EVZ/UFG.
Microrganismo isolado Número de Porcentagem (%)
amostras
Staphylococcus spp. 306 60%
Streptococcus spp. 36 7%
Enterobacter spp. 113 22%
Escherichia coli 112 22%
Pseudomonas spp. 109 21%
Outras* 26 5%
Total de amostras 508
Legenda: Outras*: Citrobacter spp., Nocardia spp., Corynebacterium spp., Proteus
spp., Serratia sp.,
Alcaligenes Fecalis e Hafnia Aivei.

DISCUSSÃO
A identificação de Staphylococcus spp. (60%) como o microrganismo de maior
frequência nas amostras de leite deste estudo corroboram com os achados da
literatura, os quais apontaram o mesmo agente etiológico como principal causador de

mastite nos rebanhos avaliados 4,3. As infecções intramamárias por Staphylococcus


spp. estão relacionadas com falhas higiênicas durante a ordenha, visto que a principal
via de veiculação dessa bactéria são as mãos dos ordenhadores, utensílios e

equipamentos utilizados na ordenha5.


No presente estudo, E. coli foi identificada em 22% das amostras. Achado esse

em consonância com a literatura6. As presenças de agentes causadores de mastite


ambiental nos exames microbiológicos envolvem a limpeza deficiente das instalações e

falta de hábitos higiênicos pelos funcionários2,3.


Assim como E. coli, algumas espécies de Streptococcus spp., Nocardia spp e
outros bacilos Gram negativos, identificados neste estudo, estão envolvidos no
acometimento de mastite ambiental. Condições higiênicas deficitárias durante a
ordenha favorecem a proliferação destes agentes no ambiente e contribuem para a

ocorrência de infecção da glândula mamária4. O contato da glândula mamária do


animal com os microrganismos causadores de mastite ambiental pode ser controlado a
partir da higienização das instalações e áreas de pastagens; desinfecção dos tetos
durante a ordenha; hábitos higiênicos dos funcionários; controle da qualidade da água
fornecida ao rebanho e empregada na limpeza; fornecimento de alimento no cocho
após as ordenhas para manterem os animais em
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

pé, por um determinado período, permitindo o fechamento do esfíncter do teto sem entrar

em contato com a matéria orgânica e evitando possíveis contaminações 6.

CONCLUSÃO
Dentre os agentes mais frequentes relacionados a quadros de mastite,
Staphylococcus spp., bactérias da família Enterobacteriaceae (Enterobacter spp.,
Escherichia coli) e Pseudomonas spp revelaram-se maior preponderância. Considerável
frequência de agentes causadores de mastite ambiental foram identificados no presente
trabalho, salientando a importância de se adotar medidas de higienização das instalações,
ambientes de pastagens e manejo adequado com os animais.

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vetindex/periodicos/semina-ciencias-agrarias/35-(2014)-4/manejo-de-ordenha-como-
fator-de-risco-na-ocorrencia-de-microorganismos/

6.Monteiro AA, Tamanin IR, Silva CC, Mattos MR, Magnani DF, D‟Ovidio L, Nero LA &
Barros MAF. Características da produção leiteira da região do agreste do estado de
Pernambuco, Brasil. Semina: Ciências Agrárias [revista em internet] 2007 [acesso em:
19/abril/2019]. 28. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/ article/view/2901
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

SOROVARES DE Salmonella IDENTIFICADOS EM AMOSTRAS DE RAÇÃO

Salmonella SEROVARS IDENTIFICATION IN FEED SAMPLES

Amanda Vargas Teles1, Pedro Henrique Pereira de Queiroz2, Julya Campos Barbosa3,
Mariana Dall‟Agnol3 e Maria Auxiliadora Andrade4

1
Doutoranda em Ciência Animal, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO; amandavteles@gmail.com
2
Técnico responsável, Laboratório de Bacteriologia, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Residentes de Sanidade Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Responsável pelo Laboratório de Bacteriologia, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: alimentos, aves, produção avícola


Keywords: feed, poultry, poultry production

INTRODUÇÃO
A avicultura brasileira destaca-se no mercado internacional. Atualmente, o Brasil é
o segundo maior produtor e o maior exportador de carne de frango, produzindo um total de
13.056 milhões de toneladas e exportando 4.320 milhões de toneladas de carnes de frango 1.
Por esta grande produção avícola, faz-se necessário um maior controle na
qualidade destes alimentos, tais como carnes in natura, carnes processadas e seus miúdos,
os quais estão entre os alimentos mais incriminados em surtos de doenças veiculadas por
alimentos (DVAs) no Brasil entre os anos de 2000 e 2015. Dentre os patógenos envolvidos
nas DVAs, destaca-se a o gênero Salmonella2.
Globalmente, a incidência anual de salmoneloses é estimada em 80,3 milhões de
casos, mas outras estimativas variam entre 200 milhões e 1,3 bilhão de casos. Desta
maneira, para melhorar a segurança alimentar, é necessário realizar a vigilância do
patógeno desde a ração fornecida para os animais de produção, durante o processamento
nas indústrias, além de garantir que as aves e ovos sejam adequadamente cozidos antes do
consumo3.
A presença de Salmonella em indústria de alimentos é cíclico e a alimentação
animal pode servir como fonte de infecções que contribui para a propagação das bactérias
ao longo da cadeia alimentar. Por isso, é fundamental que seja feito o monitoramento da
entrada destes patógenos nas granjas. Sorotipos de Salmonella enterica são relatadas na
alimentação de aves desde 1948 e regularmente, vem sendo isolada a partir de cereais 4-6.
Para se obter um melhor controle das rações fornecidas à aves é fundamental
avaliar a qualidade microbiológica das mesmas. Com este intuito, produtores de aves
encaminham amostras dos alimentos ao Laboratório de Bacteriologia de Escola de
Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás para pesquisa de Salmonella.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar a ocorrência de sorovares de Salmonella,
em rações, no atendimento de rotina do laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no Laboratório de Bacteriologia, do Departamento
de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás. Durante cinco anos foram analisadas 1182 amostras de ração.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Inicialmente, cada amostra recebida no laboratório, foi pesada (25 gramas) e


adicionadas em 225 mL de água peptonada tamponada 1% e estéril. Após homogeneização,
foram incubadas a 37°C por 18-24 horas. O enriquecimento seletivo foi efetuado em Caldo
Selenito e Rappaport preparado conforme as instruções do fabricante, inoculando alíquotas
de 1 mL das amostras homogeneizadas em 9 mL do Caldo Selenito e 0,1mL das amostras
em 10 mL de Rappaport com incubação a 37°C durante 24 horas. Posteriormente, alíquotas
do meio de enriquecimento foram estriadas em placas contendo ágar verde brilhante (VB) e
ágar XLT4 preparados conforme as instruções do fabricante. Ambas foram incubadas a 37°C
por 24 horas em estufa bacteriológica.
Do ágar VB e XLT4 foram selecionadas colônias características e repicadas nos
meios ágar tríplice açúcar ferro (TSI) e incubadas em estufa a 37°C, por 24 horas. Os TSIs
com base ácida e superfície alcalina com formação de gás e H2S foram selecionados e
submetidos a testes bioquímicos. Após o isolamento, procedeu-se ao encaminhamento das
amostras em ágar nutriente para identificação das cepas no Laboratório de Enterobactérias
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz - RJ). Os dados do experimento foram submetidos à
análise descritiva.

RESULTADOS
Os resultados encontrados estão apresentados na Tabela 1. De acordo com os
dados, das 1182 amostras de rações recebidas no laboratório no período de cinco anos, 11
foram confirmadas com a presença de Salmonella.
Tabela 1 – Sorovares de Salmonella isolados e identificados provenientes de amostras de
ração destinadas para o consumo de frangos
Ano Amostras analisadas Amostras positivas Sorovares

2014 47 2 Cerro, Infantis


2015 45 0
2016 46 1 Agona
2017 264 3 Saintpaul (2),
Mbandaka
2018 780 5 Heidelberg (3),
Agona (2)
TOTAL 1182 11

DISCUSSÃO
Alimentos para animais contaminados com Salmonella representam um risco de
infecção para as aves e, portanto, para a cadeia alimentar humana. Segundo Chai et al., a
avicultura é a categoria de produtos mais frequentemente relatada em surtos alimentares em
humanos, sendo causa de 25% destes, representando o maior número de surtos, doenças e
hospitalizações, e o segundo maior número de mortes. Vale ressaltar que, 64,43% destes
surtos são causados por Salmonella, nos quais o cozimento inadequado e a infecção de
aves foram os fatores contribuintes mais comumente relatados, seguidos pelos erros de
manipulação de alimentos7.
Unidades formadoras de colônias com características sugestivas de Salmonella
sp. foram isoladas em 0,93% (11/1182) das rações destinadas ao consumo de aves.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

A relação dos sorovares encontrados em ordem decrescente de frequência foi:


Salmonella Heidelberg, Salmonella Agona (27,27%, cada), Salmonella Saintpaul (18,18%),
Salmonella Cerro, Salmonella Infantis e Salmonella Mbandaka (9, 09%).
A frequência de Salmonella em rações para aves também foi relatada em outro
estudo realizado no Equador, no qual obtiveram que 4% das matérias-primas para ração de
aves foram positivas para Salmonella. Um dos fatores que pode limitar a detecção de
Salmonella em rações para aves pode ser a baixa atividade de água de grãos, a qual reduz
as possibilidades de crescimento do patógeno quando presente. Além disso, pode ocorrer
falta de distribuição e homogeneidade da em grandes volumes de alimentação levando à
subestimação de sua presença em tais produtos8.
Hofer et al. caracterizaram antigenicamente amostras de Salmonella isoladas de
matérias-primas e de ração para aves durante os anos de 1979 a 1991 de amostras
provenientes do estado de Goiás, as quais continham os sorovares Mbandaka e Cerro.
Sorovares também identificados nos anos de 2014 a 2018, demonstrando que estes
sorovares são recorrentes em amostras de ração do estado9.
O número predominante de isolados de Salmonella Saintpaul assemelha-se a um
estudo desenvolvido na Etiópia Central, o qual demonstrou ser este o sorovar o mais
frequente em alimentos para frangos. Shah et al. relataram que entre os anos de 2002 a
2012 dos 12 sorotipos de Salmonella associados a aves mais prevalentes isolados de
produtos avícolas nos Estados Unidos incluem os Heidelberg, Infantis e Mbandaka. Desta
maneira, estes sorovares destacam-se como uma grande preocupação para saúde pública
mundial10.
Estima-se que 24% das partes cruas de frango destinadas ao consumo humano
são contaminadas por Salmonella, cujos sorovares de maior importância são Heidelberg,
Infantis, Mbandaka e Agona, os quais foram isolados nas amostras de ração deste estudo,
enfatizando a relação da alimentação de frangos e os surtos de salmonelose em humanos 11.

CONCLUSÃO
Rações destinadas ao consumo de aves podem ser consideradas potencial
fonte de infecção de Salmonella sp. Por isso, possuem uma grande importância na cadeia
avícola brasileira e na disseminação de salmonelose para humanos, de forma indireta.

REFERÊNCIAS
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[acesso 16 abril 2016]. Disponíbel em: http://abpa-
br.com.br/storage/files/versao_final_para_envio_digital_1925ª _final_abpa_relatorio_
anual_2017_portugues_web1.pdf

2. Ministério da Saúde. Situação epidemiológica das doenças transmitidas por alimentos.


São Paulo: Portal da Saúde online, 2015. [acesso 28 abr 2016]. Disponível em:
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/653-
secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/doencas-transmitidas-por-alimentos-dta/11220-situacao-
epidemiologica-dados

3. Coburn B, Grassl GA, Finlay BB. Salmonella, the host and disease: a brief review.
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4. Rostagno MH, Callaway TR. Pre-harvest risk factors for Salmonella enterica in pork
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United States Ky Agric Exp Sta. 1948;46:227–9.

6. The European Union summary report on trends and sources of zoonoses, zoonotic agents
and food-borne outbreaks in 2010. Euro Surveill. 2012;17(10).

7. Chai SJ, Cole D, Nisler A, Mahon BE. Poultry: the most common food in outbreaks with
known pathogens, United States, 1998-2012. Epidemiol Infect. 2017;145(2):316-25.

8. Vinueza-Burgos C, Baquero M, Medina J, De Zutter L. Occurrence, genotypes and


antimicrobial susceptibility of Salmonella collected from the broiler production chain within an
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9. Hofer E, Silva Filho SJ, dos Reis EMF. Sorovares de Salmonella isolados de matérias-
primas e de ração para aves no Brasil. Pesq. Vet. Bras.; 1998.

10. Shah DH, Paul NC, Sischo WC, Crespo R, Guard J. Population dynamics and
antimicrobial resistance of the most prevalent poultry-associated Salmonella serotypes. Poult
Sci. 2017;96(3):687-702.

11. Buhr RJ, Bourassa DV, Hinton A, Jr., Fairchild BD, Ritz CW. Impact of litter Salmonella
status during feed withdrawal on Salmonella recovery from the broiler crop and ceca. Poult
Sci. 2017;96(12):4361-9.

12. Messens WG, K. Herman, L. Eggshell penetration by Salmonella: A review. World's Poult
Sci J. 2005;61(1):71–84.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO DE INFECÇÕES URINÁRIAS DE CÃES E GATOS

BACTERIOLOGICAL DIAGNOSIS OF URINARY INFECTIONS OF DOGS AND CATS

Amanda Vargas Teles1, Pedro Henrique Pereira de Queiroz2, Julya Campos Barbosa3,
Mariana Dall‟Agnol3 e Maria Auxiliadora Andrade4

1
Doutoranda em Ciência Animal, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO; amandavteles@gmail.com
2
Técnico responsável, Laboratório de Bacteriologia, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Residentes de Sanidade Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Responsável pelo Laboratório de Bacteriologia, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: animais de pequeno porte, ITUs, trato urinário


Keyworks: small animals, urinary tract, UTIs

INTRODUÇÃO
Infecções do trato urinário (ITUs) são frequentes e, por vezes, podem induzir
ameaça grave à saúde principalmente para cães e gatos. As ITUs podem estar localizadas
no trato superior (rim e ureter adjacente), no trato inferior (bexiga e uretra adjacente) ou ter
mais de um órgão envolvido. Estas infecções são geralmente causadas por bactérias,
principalmente as da microbiota intestinal.
Embora infecções por via hematogênica sejam possíveis, as bactérias
geralmente colonizam o trato gênito-urinário pela via ascendente. A criação de um
ambiente favorável para tal fenômeno ocorre devido às alterações dos mecanismos de
defesa do hospedeiro e à presença de fatores de virulência bacterianos.
A cultura microbiológica é essencial para diagnosticar adequadamente os
microrganismos causadores das ITUs e ajudar nas orientações das decisões de tratamento
em animais de estimação de forma individualizada.
Com intuito de identificar os patógenos causadores das ITUs em cães e gatos,
amostras de urina foram enviadas ao Laboratório de Bacteriologia as quais foram
submetidas a procedimentos bacteriológicos com o objetivo de identificar os agentes
envolvidos.

MATERIAL E MÉTODOS
O estudo de levantamento foi realizado no Laboratório de Bacteriologia, do
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás. No período de março de 2017 a março de 2019 foram
analisadas 131 amostras de urina de gatos e cães enviadas por médicos veterinários,
oriundas do Hospital Veterinário da mesma instituição e/ou de clínicas particulares.
No laboratório, as amostras foram estriadas em ágar MacConkey e ágar sangue
e 1mL das mesmas foram inoculadas em caldo tioglicolato. Na presença de crescimento de
unidades formadoras de colônias, prosseguiu com as etapas para identificação da bactéria.
Primeiramente, realizou a determinação de Gram, feita por bacterioscopia. A partir desta
etapa, cada grupo de bactérias foi submetido a provas bioquímicas específicas para sua
categoria. Com os resultados dos testes bioquímicos, o gênero das bactérias foi
identificado.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

RESULTADOS
Foram registrados no período de março de 2017 a março de 2019, 131 amostras
de urina, sendo nove de felinos e 122 de caninos, dos quais, 84 amostras apresentaram
crescimento bacteriano.
Tabela 1 – Número e percentual de bactérias isoladas de 84 amostras de cães e gatos com
infecção do trato urinário
Animais
Microrganismo Felinos Caninos Total
N=5 N=79 N=84
no/% no/% no/%
Staphylococcus coagulse - 4 (80%) 46 (58,2%) 50 (59,7%)
Staphylococcus coagulase + 10 (12,7%) 10 (12%)
Escherichia coli 1 (20%) 19 (24%) 20 (24%)
Associação com Escherichia coli 2 (2,5%) 2 (2,3%)
Proteus spp. 9 (11,4%) 9 (10,7%)
Pseudomonas spp. 2 (40%) 5 (6,4) 7 (8,4%)
Associação com Pseudomonas spp. 3 (3,8%) 3 (3,5%)
Enterobacter spp. 5 (6,4%) 5 (6%)
Streptococcus spp. 5 (6,4%) 5 (6%)
Citrobacter spp. 2 (2,5%) 2 (2,3%)
Corynebacterium spp. 1 (1,2%) 1 (1,1%)

DISCUSSÃO
Houve a confirmação de ITUs em um maior número de cães do que de gatos
considerando-se números absolutos e percentuais. Das 122 amostras de urina canina, 79
(64,7%) apresentaram crescimento bacteriano, enquanto das nove amostras de urina de
felinos, cinco (55,5%) apresentaram crescimento na cultura microbiológica. Estes resultados
vão de encontro a outros estudos, os quais reportam uma maior incidência de ITUs em cães
do que em gatos (14% e 3%, respectivamente) 1,2. Desta maneira, estas infecções são
menos frequentes e geralmente associadas a comorbidades em gatos.
A maioria das ITUs em cães e gatos envolvem um único agente etiológico. Essa
ocorrência pode ser explicada pelo fato de que provavelmente os animais já haviam recebido
uma ou mais terapias antibióticas antes do material ser enviado ao laboratório,
eventualmente selecionando uma única espécie bacteriana3. Neste estudo, cinco amostras
apresentaram associação de bactérias, duas com Escherichia coli, associada com
Pseudomonas spp. e outra com Staphylococcus coagulase+, e três com Pseudomonas spp.
(associada com Proteus spp.; Staphylococcus spp. e Streptococcus spp.; e Enterobacter
spp.)
No total, as bactérias com maior prevalência foram Staphylococcus spp. e
Escherichia coli, com 71,7% e 24%, respectivamente. Escherichia coli uropatogênica é
considerada a bactéria mais comum que causa infecções do trato urinário, de fato,
frequências superiores a 30% foram relatadas em vários estudos com animais de
companhia4,5. Carvalho et al., isolaram este patógeno em 43,2% de amostras de urina de
cães e gatos no Brasil, sendo 60% em gatos e 40,6% em cães 6.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

No entanto, neste estudo, a bactéria mais frequentemente isolada foi


Staphylococcus spp., a qual está entre as bactérias gram-positivas mais incriminadas em
ITUs dos animais, seguida por Streptococcus spp. e Enterococcus spp. Marques et al.
obtiveram menores prevalências de Staphlococcus spp. (13,2%), sendo Staphylococcus
epidermidis (0,6%) e Staphylococcus coagulase+ (0,5%) provenientes de urinas de animais
na Europa7. De acordo com Rampacci et al., a localização e variabilidade associada ao
tempo podem influenciar a prevalência destes patógenos, o que explica esta diferença
observada entre os estudos3.
Dentre os patógenos de maior importância para a saúde humana e animal,
encontra-se Proteus spp., o qual possui uma natureza zoonótica, uma vez que cepas
intimamente relacionadas foram isoladas dos animais de companhia e seus tutores,
demonstrando o papel dos animais como reservatórios e na disseminação de Proteus sp.
uropatogênico para humanos e vice-versa8. Além disso, Ball et al. relataram que de 2002 a
2007, houve um aumento de cepas de Proteus spp. multirresistentes a antibióticos que
variaram de 0,20% para 1,25%9.
Das bactérias gram-positivas importantes nas ITUs, destacam-se Streptococcus
spp. e Coryneacterium spp. Para estes patógenos, Marques te al. relataram prevalências
semelhantes as nossas, 3,6% e 2,2%. Dentre as gram-negativas as mais comumente
mencionadas, depois da Escherichia coli e Proteus spp., são Pseudomonas spp.,
Enterobacter spp. e Citrobacter spp7.
Em gatos, em vários estudos, o patógeno mais comumente isolado na urina foi
Escherichia coli, com taxas de 40% a 67% das bactérias em culturas positivas. Outros
microrganismos frequentemente documentados são espécies de Streptococcus,
Enterococcus e Staphylococcus4,10,11. Neste estudo, foram relatadas apenas cepas de
Staphylococcus epidermidis, Pseudomonas spp. e Escherichia coli. Vale ressaltar que, estes
dados não podem ser comparados visto a pequena quantidade de amostras de urinas de
gatos que foram enviadas ao laboratório.
As ITUs em felinos apresentam uma maior preocupação. Em um estudo recente,
entre 194 gatos com cultura positiva de urina, 78% apresentavam comorbidade, como
hipertireoidismo ou doença renal crônica. Este mesmo estudo também descobriu que gatos
com comorbidades foram mais propensos a ter bacteriúria subclínica e aqueles saudáveis, a
demonstrar sinais clínicos de infecção. O tipo de bactéria foi influenciado pela presença de
comorbidades, gatos saudáveis apresentaram crescimento de Staphylococcus e
Streptococcus spp., enquanto os animais com outras doenças sistêmicas obtiveram um
crescimento mais frequente de Escherichia coli12.

CONCLUSÃO
Diagnóstico bacteriológico de infecções urinárias de cães e gatos é um método
eficiente e de extrema importância na rotina da clínica veterinária, uma vez que direciona e
auxilia no tratamento das infecções do trato urinário de animais.

REFERÊNCIAS
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tract. J Am Vet Med Assoc. 1984;185(10):1162-4.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

2. White JD, Stevenson M, Malik R, Snow D, Norris JM. Urinary tract infections in cats with
chronic kidney disease. J Feline Med Surg. 2013;15(6):459-65.
3. Rampacci E, Bottinelli M, Stefanetti V, Hyatt DR, Sgariglia E, Coletti M, et al. Antimicrobial
susceptibility survey on bacterial agents of canine and feline urinary tract infections: Weight
of the empirical treatment. J Glob Antimicrob Resist. 2018;13:192-6.
4. Dorsch R, von Vopelius-Feldt C, Wolf G, Straubinger RK, Hartmann K. Feline urinary tract
pathogens: prevalence of bacterial species and antimicrobial resistance over a 10-year
period. Vet Rec. 2015;176(8):201.
5. Hall JL, Holmes MA, Baines SJ. Prevalence and antimicrobial resistance of canine urinary
tract pathogens. Vet Rec. 2013;173(22):549.
6. Carvalho VM, Spinola T, Tavolari F, Irino K, Oliveira RM, Ramos MCC. Infecções do trato
urinário (ITU) de cães e gatos: etiologia e resistência aos antimicrobianos. Pesq. Vet. Bras.
2014; 34(1): 62-70.
7. Marques C, Belas A, Franco A, Aboim C, Gama LT, Pomba C. Increase in antimicrobial
resistance and emergence of major international high-risk clonal lineages in dogs and cats
with urinary tract infection: 16 year retrospective study. J Antimicrob Chemother.
2018;73(2):377-84.
8. Marques C, Belas A, Aboim C, Trigueiro G, Cavaco-Silva P, Gama LT, et al. Clonal
relatedness of Proteus mirabilis strains causing urinary tract infections in companion animals
and humans. Vet Microbiol. 2019;228:77-82.
9. Ball KR, Rubin JE, Chirino-Trejo M, Dowling PM. Antimicrobial resistance and prevalence
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Hospital, 2002-2007. Can Vet J. 2008;49(10):985-90.
10. Martinez-Ruzafa I, Kruger JM, Miller R, Swenson CL, Bolin CA, Kaneene JB. Clinical
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11. Marques C, Gama LT, Belas A, Bergstrom K, Beurlet S, Briend-Marchal A, et al.
European multicenter study on antimicrobial resistance in bacteria isolated from companion
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12. Dorsch R, von Vopelius-Feldt C, Wolf G, Mueller RS, Straubinger RK, Hartmann K.
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Prax Ausg K Kleintiere Heimtiere. 2016;44(4):227-36.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

PERSISTÊNCIA DE PICOS FEBRIS EM BEZERROS PRIMOINFECTADOS


EXPERIMENTALMENTE COM Trypanosoma vivax DURANTE A FASE AGUDA

PERSISTENCE OF FEVER PEAKS ON EXPERIMENTALLY PRIMO-INFECTED CALVES


WITH Trypanosoma vivax DURING THE ACUTE PHASE

José Augusto Montes Cellos Junior¹, Monica Chacon de Vicente², Dayana de Cassia da
Mota Cezário3, Nathany Geraldino Nogueira4, Luccas Lourenzzo Lima Lins Leal5, Rubens
Dias de Melo Junior6.
¹ Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; augusto.cellos@gmail.com
² Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5
Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
6
Doutorando em Ciencia Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: tripanossomose; hipertermia; bovino Keywords:

trypanosomiasis; hyperthermia; bovine


INTRODUÇÃO

A tripanossomose bovina tem importância na medicina veterinária, tendo como


agente etiológico o protozoário Trypanosoma vivax, que, no hospedeiro definitivo,
apresenta suas formas infectantes, denominadas tripomastigotas, sendo encontradas na
corrente sanguínea. É uma doença debilitante, que ocorre, principalmente, na África e na
América do Sul, podendo levar à morte em até sete dias durante a fase aguda,
especialmente em bovinos e pequenos ruminantes. 1,2,3,4

No Brasil, a propagação dessa afecção está vinculada, principalmente, ao uso de


utensílios contaminados com tripomastigostas viáveis de T. vivax, como a reutilização de
agulhas, como a aplicação do hormônio ocitocina utilizando o mesmo fômite nos diversos
animais no manejo pré-ordenha.4 Porém, a transmissão pode se dar também por dípteros
hematófagos, como tabanídeos, S. calcitrans e H. irritans.5

Os principais sinais clínicos dessa doença são anemia, caquexia, lacrimejamento,


diarreia sanguinolenta, perda de apetite, febre, letargia, fraqueza, conjuntivite, palidez das
mucosas, perda de peso progressiva, inapetência, redução/interrupção na produção de
leite, linfadenomegalia e desordens reprodutivas. Assim, nota-se que a sintomatologia é
generalizada e inespecífica, dificultando o diagnóstico correto. 2,6,7
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Esse estudo avaliou a persistência dos picos febris desencadeados por este
protozoário nos bezerros experimentalmente infectados por via endovenosa.
MATERIAL E MÉTODOS

O experimento, aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais (CEUA) com
protocolo nº 113/17, foi desenvolvido pelo Laboratório de Especialidades Parasitológicas no
Centro de Parasitologia Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás (CPV/EVZ/UFG).
Utilizaram-se dez bezerros machos nesse experimento, saudáveis, da raça
girolando, com quatro meses de idade e peso médio de 85kg. Foram formados dois grupos
com cinco animais cada. O grupo 1 corresponde aos cinco animais infectados
experimentalmente através da inoculação de 1x106 tripomastigotas de T. vivax por via
endovenosa. Para que fosse feita essa inoculação, foi utilizada uma cepa do protozoário
proveniente de um isolado de campo da cidade de Ipameri, GO, (17º 43' 19" S, 48º 09' 35"
W), que, hoje, é criopreservada em nitrogênio líquido a -196ºC (92% de sangue e 8% de
glicerina), na UFG. O grupo 2 corresponde aos outros cinco bezerros que receberam
solução salina (grupo controle). Para isso, foram utilizadas agulhas e seringas estéreis para
cada animal.
Durante todo o período, os bezerros ficaram instalados no Galpão de
Experimentação para Animais de Produção da EVZ/UFG. Houve um período de adaptação
no local durante dez dias. Permaneceram alojados em baias de 12,5m² de alvenaria,
providas de telas de malha 3,5mm, com o intuito de evitar contato com vetores, com, no
máximo, três animais por recinto. Receberam água e feno de capim Tifton ad libitum, assim
como ração na quantidade de 1,5% de peso do animal por dia.
Diariamente, foi mensurada a temperatura retal de todos os bovinos do estudo,
durante os trinta dias, sempre no período da manhã, por volta das sete horas.

RESULTADOS
Os animais inoculados com T. vivax apresentaram quatro picos febris. O primeiro
desses picos aconteceu entre o 4º e 6º dia pós-inoculação, com os animais apresentando
temperatura média de 39,8ºC. O segundo, entre o 13º - 15º, com 39,36ºC. O terceiro, entre
o 17º e o 21º, com 39,41ºC. O quarto, entre o 23º - 29º, com 39,45ºC. Enquanto isso, os
valores da média de temperatura para o grupo controle, nos intervalos de dias
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

respectivos aos dos picos febris, tem-se 38,44ºC, 38,3ºC, 38,28ºC e 38,27ºC. Assim, tem-
se como variação de temperatura do grupo infectado com T. vivax em relação ao grupo
controle os seguintes valores por pico febril respectivamente 1,36ºC, 1,06ºC, 1,13ºC e
1,18ºC.

Nota-se, assim, que permaneceram com febre de maneira persistente durante dezoito
dos trinta dias de avaliação que caracteriza a fase aguda dessa afecção.

DISCUSSÃO

O período de incubação do Trypanosoma vivax é de sete a onze dias em bovinos4,


assim, o primeiro pico febril da fase aguda detectado por esse estudo ocorreu durante esse
período. Com isso, entende-se a importância de detectar a variação de temperatura nos
animais para ter diagnóstico precoce, visto que ainda não havia tido o primeiro pico de
parasitemia, o qual ocorre entre seis e doze dias pós-infecção4.
Com isso, tem-se que é importante o monitoramento da temperatura dos animais,
principalmente de bovinos leiteiros, porque a maioria dos produtores leiteiros utilizam a
mesma agulha para todos os animais durante a aplicação de ocitocina na ordenha,
podendo transmitir não apenas o T. vivax, mas também outros patógenos.
O aumento de temperatura é acompanhado por outros sinais clínicos importantes,
como trombocitopenia, anemia aguda severa, apatia, anorexia, diminuição do apetite,
desencadeando redução da produção de carne e redução ou anulação da produção de
leite, podendo levar a óbito, devido ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca
congestiva em caso de anemia persistente4, havendo prejuízos econômicos para o
produtor.
Assim, necessita-se observar esses sinais para diagnóstico e tratamento precoce,
tendo em vista que, na fase crônica da doença, que se inicia a partir de trinta a sessenta
dias pós-infecção, é comum não ser apresentado sinal clínico evidente, embora ainda haja
queda na produção, além de a parasitemia da fase crônica não ser detectável por métodos
microscópicos8.

CONCLUSÃO

Quadros clínicos com picos de febre recorrentes podem caracterizar infecção por
T. vivax.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

REFERÊNCIAS

1. Giordani F, Morrison LJ, Rowan T.G, Koning De HP, Barrett MP. The animal
trypanosomiases and their chemotherapy: a review. Parasitolol. 2016;143(14): 1862-
1889.

2. Cadioli FA. Trypanosoma vivax em rebanhos bovinos. [Tese]. Araçatuba:


Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária; 2015.

3. Cadioli FA, Barnabé PdA, Machado RZ, Teixeira MCA, André MR, Sampaio PH,
Junior OLF, Teixeira MMG, Marques LC. First report of Trypanosoma vivax outbreak
in dairy cattle in São Paulo state, Brazil. Rev Bras Parasitol Vet 2012; 21(2): 118-124.

4. Hoare CA. The trypanosomes of mamals. A Zoological Monograph. Oxford:


Blackwell Scientific Publications; 1972. 749p.

5. Bastos TSA, Faria AN, Madrid DMC, Bessa LC, Linhares GFC, Junior OLF,
Sampaio PH, Cruz BC, Cruvinel LB, Nicaretta JE, Machado RZ, Costa AJ, Lopes
WDZ. First outbreak and subsequente cases of Trypanosoma vivax in the state of
Goiás, Brazil. Rev Bras Parasitol Vet. 2017.

6. Cadioli, F.A., Barnabé, P.d.A., Machado, R.Z., Teixeira, M.C.A., André, M.R.,
Sampaio, P.H., Fidélis Junior, O.L., Teixeira, M.M.G., Marques, L.C., 2012. First
report of Trypanosoma vivax outbreak in dairy cattle in São Paulo state, Brazil.
Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária 21, 118-124.

7. Batista JS. Tripanossomíase por Trypanosoma vivax (Ziemann 1905) na Paraíba:


descrição de um surto em bovinos e reprodução experimental da doença em ovinos.
[Tese].São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia; 2004.

8. Silva, T.M.F., Olinda, R.G., Rodrigues, C.M.F., Câmara, A.C.L., Lopes, F.C.,
Coelho, W.A.C., Ribeiro, M.F.B., Freitas, C.I.A., Teixeira, M.M.G., Batista, J.S., 2013.
Pathogenesis of reproductive failure induced by Trypanosoma vivax in
experimentally infected pregnant ewes. Veterinary research 44, 1.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

VIABILIDADE DE Trypanosoma vivax EM DIFERENTES FORMULAÇÕES


COMERCIAIS DE OCITOCINA

VIABILITY OF Trypanosoma vivax IN DIFFERENT COMMERCIAL FORMULATIONS


OF OCITOCIN
José Augusto Montes Cellos Junior¹, Monica Chacon de Vicente², Dayana de Cassia
da Mota Cezário3, Nathany Geraldino Nogueira4, Luccas Lourenzzo Lima Lins Leal5,
Rubens Dias de Melo Junior6.
¹ Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; augusto.cellos@gmail.com
² Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5
Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
6
Doutorando em Ciencia Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: sobrevida, tripanosomose, transmissão

Keywords: survival, trypanossomosis, transmission

INTRODUÇÃO
A tripanossomose é uma doença causada pela infecção por
protozoários do gênero Trypanosoma. Os de maior importância veterinária são
o Trypanosoma evanzi conhecido por causar nos equinos o chamado “mal das
cadeiras” e o Trypanosoma vivax que infectam bovinos e outros ruminantes na
África, Caribe e Américas do Sul e Central1.
A família Tripanosomatidae engloba o gênero Trypanosoma,
compreendendo
protozoários flagelados pertencentes à classe Kinetoplastea. De acordo com o modo
de transmissão, o gênero Trypanosoma foi dividido em duas seções, a
Salivaria e a Stercoraria. Os pertencentes à seção Salivaria são transmitidos
através da glândula salivar (T. vivax) e o Stercoraria são transmitidos por meio das
fezes dos insetos vetores (T. cruzi)2.

As perdas econômicas ainda precisam ser mensuradas, mas estão


relacionadas aos sinais clínicos que incluem febre, apatia, anemia, perda de peso,
queda na fertilidade e produção de leite, aborto e morte3,4. Na África o T. vivax está
presente em toda a região onde se encontra a mosca tsé-tsé (Glossina spp),
vetor biológico responsável pela disseminação da doença naquele continente.
Na América do Sul o primeiro registro ocorreu em 1919 na Guiana
Francesa. No Brasil, em 1972 em búfalos no Estado do Pará, disseminando-se a
partir de então para outros estados5, 8,4.
Em bovinos leiteiros a propagação da doença está vinculada
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

principalmente ao uso de seringas e agulhas para medicação e vacina


contaminadas com as formas tripomastigotas viáveis de T. vivax. A aplicação do
hormônio ocitocina no manejo de pré ordenha destaca-se como o meio de
transmissão mais importante4. O presente estudo teve como objetivo, avaliar o
tempo de sobrevivência de T. vivax em cinco diferentes formulações comercias
de ocitocinas disponíveis para o uso em bovinos, além de soro fisiológico,
utilizado como controle.

MATERIAL E MÉTODOS

O procedimento experimental foi realizado no Laboratório de


Especialidades Parasitológicas da Universidade Federal de Goiás. Foram
coletados aproximadamente 30mL de sangue, da veia jugular, em tudo contendo
EDTA, contendo aproximadamente 3.000.000 tripomastigotas viáveis de T. vivax por
mL de sangue, quantificado pela técnica de Brener, (1962), de um bovino
experimentalmente infectado com T. vivax (Isolado Ipameri - código de acesso
Genbank MK392089, Bastos et al., 2017), mantido no galpão de Experimentação
Animal em baias teladas com malhas de abertura de 3,5mm. Imediatamente
após a colheita, a amostra foi transportada para o laboratório para ser
submetida ao teste. Para tal, 300 microlitros de sangue, contendo
aproximadamente 1.000.000 de tripomastigotas viáveis de T. vivax, foi adicionado em
microtubos plásticos de 1,5mL. Na sequência, dentro de cada microtubo contendo
tripomastigotas, completou- se com as soluções comerciais de ocitocina, até
completar a quantidade de 1mL. Cada solução teste foi homogeneizada
manualmente, sendo uma fração de cinco microlitros preparada para a pesquisa
dos possíveis parasitos viáveis (que apresentavam motilidade) presentes na solução
contendo 1.000.000 tripomastigotas + ocitocina, após os períodos de tempo de
exposição. Esta contagem foi feita em sete tempos diferentes: 15 e 30
segundos, um, cinco, dez, 30 e 60 minutos.

RESULTADOS
Foi possível observar que em quatro das cinco formulações comerciais
de ocitocina o T. vivax apresentou sobrevida de até um minuto, entretanto, em
uma das formulações foi possível observar que o parasito permaneceu viável
pelos 60 minutos avaliados, assim como solução contendo soro fisiológico.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISCUSSÃO

Apesar de os resultados aqui apresentados indicarem que a ocitocina


reduz significativamente a viabilidade de T. vivax, ela permitiu a sobrevivência
de parasitos, durante períodos que favorecem a dispersão do protozoário na
linha de ordenha. A transmissão iatrogênica ocorre no Brasil, principalmente
pela utilização de fômites contaminados com o T. vivax4.
Foi comprovado, por meio de investigações epidemiológicas, que o aumento
dos casos está relacionado a esse modo de transmissão, principalmente em vacas
leiteiras4. A transmissão da tripanosomose bovina já foi relatada pela utilização de
uma única agulha para administração de medicamentos, como ocitocina, vacinas
e também reutilização instrumentos cirúrgicos em vários animais em vários surtos
Brasileiros, nestes casos, a agulha ou instrumento são utilizados em intervalos
8, 9, 11
suficientemente curtos, em que o sangue neles presente não coagule .
Utilizado com frequência, principalmente em rebanhos da raça
Girolando, o hormônio na corrente sanguínea estimula a ejeção de todo o leite
do úbere da vaca. Assim, produtores optam pela administração da ocitocina antes
8, 9, 10
de cada ordenha, o que auxilia na redução do tempo desta . Foi verificado
nestes casos que o líquido da ocitocina, originalmente transparente, se torna
vermelho após a aplicação nos animais devido à mistura constante do sangue
infectado em contato ao produto 8,
11
. A utilização de ocitocina exógena, compartilhando a mesma agulha e seringa em
vários
animais é um problema sanitário, e não é defendido pelos autores deste estudo.

CONCLUSÃO
Estes resultados indicam que formulações comerciais de ocitocina
possuem a capacidade de atuar como agente de dispersão do parasito durante o
procedimento de ordenha em propriedades que fazem o uso deste procedimento.

REFERÊNCIAS
1. Batista JS, Bezerra FSB, Lira RA, Carvalho JRG, Neto AMR, Petri AA,
Teixeira MMG. Aspectos clínicos, epidemiológicos e patológicos da infecção
natural em bovinos por Trypanosoma vivax na Paraíba. Pesq. Vet. Bras. Rio de
Janeiro. 2008;28(1)

2. Silva RAMS, Seidl A, Ramirez L, Dávila AMR. Trypanosoma evansi e


Trypanosoma vivax: biologia, diagnóstico e controle. Embrapa Pantanal, 2002.
Carvalho AU, Abrão DC, Facury Filho EJ, Paes PRO, Ribeiro MFB. Ocorrência de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Trypanosoma vivax no estado de Minas Gerais. Arq. Bras. Med. Vet.


Zootec.2008;60(3):76971.

4. Bastos TSA, Faria AM, Madrid DMC, Bessa LC, Linhares GFC, Júnior
OLF, Sampaio PH, Cruz BC, Cruvinel LB, Nicaretta JE, Machado RZ, Costa AJ,
Lopes WDZ. First outbreak and subsequent cases of Trypanosoma vivax in the state
of Goiás, Brazil. Rev. Bras. Parasitol. Vet. 2017. 26(3):366-371.

5. Leger M. & Vienne M.. Epizootie a trypanosomes chez lês bovides de la Guayane
Francais. Bulln Société Pathol. Exotique. 1919.12:216-
258.

6. Losos G.J. & Ikede B.O.. Review of pathology of diseases in domestic and
laboratory animals caused by T. congolense, T. vivax, T. bruceii, T. rhodediense and
T. congolense. Vet. Pathol. 1972.9:267-274.

7. Silva RAMS., Silva JA., Schneider RC., Freitas J., Mesquita D., Mesquita
T., Ramirez L., Dávila AMR. & Pereira MEB. Outbreak of trypanosomiasis
due to Trypanosoma vivax (Ziemann, 1905) in bovines of the Pantanal, Brazil.
Memórias Inst. Oswaldo Cruz. 1996.91(5):561-562.

8. Batista JS., Riet-Correa F., Teixeira MMG., Madruga CR., Simões SVD. & Maia
F. Trypanosomiasis by Trypanosoma vivax in cattle in the Brazilian semiarid:
Description of an outbreak and lesions in the nervous system. Vet. Parasitol.
2007.143:174-181.

9. CIEP: COORDENAÇÃO DE INFORMAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA. Analise


dos Informes Epidemiológicos mensais. [acesso em 17 jan 2017]. Disponível
em: http:// www.adab.ba.gov.br/arquivos/File/Informes_2016/07.pdf.

10. Professores da escola investigam surto de Trypanossomose bovina em


Minas Gerais. [acesso 08 nov 2018]. Disponível
em: http://www.vet.ufmg.br/noticias/exibir/1943/

11. Araújo WAG, Carvalho CGV, Marcondes MI, Sacramento AJR, Paulino
PVR. Ocitocina exógena e a presença do bezerro sobre a produção e qualidade
do leite de vacas mestiças. Braz J Vet Res Anim Sci. 2012;49(6):465-470.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

PRESENÇA DE Trypanosoma vivax EM FÊMEAS INGURGITADAS


Rhipicephalus microplus COLHIDAS DE BOVINOS

PRESENCE OF Trypanosoma vivax IN INGURGED FEMALES Rhipicephalus


microplus REMOVED OF BOVINE

Dayana de Cassia da Mota Cezário¹, Monica Chacon de Vicente², José


Augusto Montes Cellos Junior3, Nathany Geraldino Nogueira4, Katheryn Merz5,
Rubens Dias de Melo Júnior6

¹Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; day.mota@hotmail.com

²Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

³Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.


4Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
6Doutorando em Medicina Veterinária, PPGCA, EVZ, UFG,

Goiânia, GO.

Palavras-chave: tripanossomose; carrapato; vetor

Keywords: trypanosomiasis, tick, vector

INTRODUÇÃO

O Trypanosoma vivax ocorre, principalmente, na África e na América


do Sul. Causa uma afecção debilitante, podendo ser fatal para bovinos e
pequenos ruminantes. Os principais sinais clínicos apresentados são anemia,
febre, perda de apetite e fraqueza; assemelha-se a diversas enfermidades,
dificultado o diagnóstico.1,2,3 Na fase aguda, morte pode ocorrer em até sete
dias após o início dos sinais clínicos.4

No Brasil, o protozoário em questão está disseminado nos rebanhos,


inclusive em regiões consideradas não endêmicas, gerando perdas
econômicas. Verificou-se que, em bovinos diagnosticados e não tratados, na
região do Pantanal, o prejuízo era de 17% do valor total do rebanho para o
ano de 1996, enquanto que, em animais tratados, o custo proporcional do
tratamento foi de 4% deste valor. 4 Em Goiás, rebanhos leiteiros acometidos
pela doença apresentaram queda de 28,5% em sua produção. 5
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

A transmissão do T. vivax ocorre, comprovadamente, por via


iatrogênica, principalmente em vacas leiteiras, devido à aplicação de ocitocina
utilizando a mesma agulha em mais de um animal, por vetor mecânico, a
Stomoxys calcitrans, a Haematobia irritans, e biológico, a mosca tsé-tsé.2,3,6
Contudo, com base nos altos índices de morbidade e mortalidade em animais
destinados à produção, é de interesse econômico a comprovação de que
outras vias sejam ou não transmissoras. Este estudo avalia a presença do
protozoário em Rhipicephalus microplus que tiveram contato com o sangue de
animais infectados.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento, aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais


(CEUA) com protocolo nº 113/17, foi desenvolvido no Laboratório de
Especialidades Parasitológicas no Centro de Parasitologia Veterinária da
Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás
(CPV/EVZ/UFG). O experimento teve duração de quarenta dias.

A cepa de T. vivax utilizada neste estudo é um isolado de campo


proveniente da cidade de Ipameri, que atualmente é mantida criopreservada
em nitrogênio líquido a -196ºC (92% de sangue e 8% de glicerina) na UFG.
Para a obtenção do inóculo utilizado no estudo, uma porção da amostra de
sangue congelada com alta parasitemia foi descongelada em “Banho Maria” a
37º� por cinco minutos. Após atestada a sua viabilidade, em microscópio
óptico (40x100), foi, então, inoculado em um bovino utilizado como doador,
que foi mantido no galpão de experimentação animal da UFG, em baia telada.
Cerca de aproximadamente quatro dias após a inoculação, o animal
reservatório demonstrou elevada parasitemia (3.000.000 tripomastigotas/mL)
na corrente sanguínea, cujas amostras foram colhidas para inocular nos
outros animais.

Durante todo o período, os bezerros, os quais tinham seis a oito meses


de idade, ficaram instalados no Galpão de Experimentação para Animais de
Produção da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de
Goiás. Houve um período de adaptação dos bezerros no local durante dez
dias. Eles permaneceram alojados em baias de 12,5m² de alvenaria, providas
de telas de malha 3,5mm, com,
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

no máximo, três animais por recinto. Receberam água e feno de capim Tifton
ad libitum, assim como ração na quantidade de 1,5% de peso do animal por
dia.

Nos dias -21, -14, -7, -3 e -1, cada bovino foi infestado com seringas
contendo aproximadamente 5.000 larvas viáveis e não alimentadas de R.
microplus, carrapatos oriundos de colônia negativa quanto à presença de T.
vivax mantida no Laboratório de Especialidades Parasitológicas da UFG.

No dia zero, cinco bezerros foram experimentalmente infectados com


1x106 tripomastigotas viáveis de T. vivax pela via endovenosa. Após 21 dias
da infecção dos animais por T. vivax, foram coletadas 15 teleógenas, três de
cada bezerro, das quais foram realizadas extensões sanguíneas (esfregaços),
coradas por Giemsa e analisadas por microscopia óptica, sob aumento de
100 vezes, com o objetivo de avaliar a presença de T. vivax em teleóginas de
Rhipicephalus microplus colhidas de bovinos que foram experimentalmente
infectados pelo protozoário em questão.

RESULTADOS

Após a realização das extensões sanguíneas (esfregaços) foi possível


identificar a presença de formas tripomastigotas em três fêmeas de
carrapato.

DISCUSSÃO

A avaliação da capacidade vetorial dos carrapatos quanto aos


tripanossomatídeos foi investigada por Lopez et al. 7 e Rodríguez-Vivax et al.8
Estes autores encontraram formas tripomastigotas do parasito em questão
nas peças bucais, ovários, hemolinfa e glândulas salivares do artrópode,
porém, não foi atestada a capacidade do carrapato atuar como vetor do
protozoário em questão. Carrapatos como Hyalomma anatolicum e Hyalomma
aegyptium também já foram apontados como vetores mecânicos e biológicos
de Trypanosoma theileri.

Com os resultados do estudo realizado na EVZ da UFG, verifica-se


que 20% das amostras colhidas continham material genético do protozoário
no parasito. Esse percentual é significativo quando analisado pelo fator
econômico envolvido na produção de bovinos, tanto os destinados para corte
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

quanto para os de leite, devido à queda na produção, por apresentarem febre,


anemia, leucopenia, hipoglicemia, alta atividade sérica de AST, perda
progressiva de peso, inapetência, diarreia e aborto durante o terceiro trimestre
de gestação, podendo ter sintomatologia nervosa,

apresentando meningoencefalite e malácia, resultantes de lesões


inflamatórias e degenerativas no cérebro, causadas pelo parasito.²

Contudo, o fato de o carrapato apresentar material genético do


protozoário em questão indica uma possível transmissão pela picada do
parasito, considerando que tripomastigotas foram encontradas nas
glândulas salivares e peças bucais do artrópode, além de que, para outras
espécies de Trypanosoma, carrapatos podem ser vetores mecânicos.

CONCLUSÃO

São necessários futuros estudos para comprovar o verdadeiro papel


vetorial de R. microplus na possível transmissão de T. vivax e, assim, sua
importância no ciclo epidemiológico.

REFERÊNCIAS
1. Giordani F, Morrison LJ, Rowan T.G, Koning De HP, Barrett MP.
The animal trypanosomiases and their chemotherapy: a review. Parasitolol.
2016;143(14): 1862-1889.
2. Cadioli FA. Trypanosoma vivax em rebanhos bovinos. [Tese].
Araçatuba: Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina
Veterinária; 2015.
3. Cadioli FA, Barnabé PdA, Machado RZ, Teixeira MCA, André
MR, Sampaio PH, Junior OLF, Teixeira MMG, Marques LC. First report of
Trypanosoma vivax outbreak in dairy cattle in São Paulo state, Brazil. Rev
Bras Parasitol Vet 2012; 21(2): 118-124.
4. Silva RAMS, Silva JAd, Schneider RC, Freitas Jd, Mesquita D,
Mesquita T, Ramirez L, Dávila AMR, Pereira MEB. Outbreak of
trypanosomiasis due to Trypanosoma vivax (Ziemann, 1905) in bovines of
the Pantanal, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 1996; 91 (5): 561-
562.
5. Bastos TSA, Faria AN, Madrid DMC, Bessa LC, Linhares GFC,
Junior OLF, Sampaio PH, Cruz BC, Cruvinel LB, Nicaretta JE, Machado RZ,
Costa AJ, Lopes WDZ. First outbreak and subsequente cases of
Trypanosoma vivax in the state of Goiás, Brazil. Rev Bras Parasitol Vet.
2017.
6. Rodrigues CMF. Tripanossomas de ungulados no Brasil e na
África: novas abordagens em estudos epidemiológicos de genótipos,
vetores e reservatórios, e patologia de isolados Brasileiros. [Tese]. São
Paulo: Universidade de São Paulo; 2016.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

7. Lopez G, Thompson K, Bazalar H. Transmisión experimental de


Trypanosoma vivax por la garrapata Boophilus microplus. Rev ICA.
1979;14:93-6.
8. Rodríguez-Vivas RI, Quiñones-Avila F, Ramírez-Cruz GT, Ruiz-
Piña H. Presencia del género Trypanosoma en la garrapata Boophilus
microplus en el trópico mexicano. Revista Biomedica. 2003;14(1): 29-33.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS E GRAM NEGATIVAS EM


CÃES COM SUSPEITA DE OTITE CANINA

IDENTIFICATION OF POSITIVE GRAM AND NEGATIVE GRAM BACTERIA IN


DOGS WITH SUSPICIOUS CANINE OTITIS

Amanda Ferreira Cruz1, Mariana Dall‟Agnol2, Julya Campos Barbosa2, Clara Morato
Dias3, Pedro Henrique Pereira de Queiroz4, Maria Auxiliadora Andrade5

1. Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista de Iniciação Tecnológica (PIBITI/UFG), EVZ, UFG,


Goiânia, GO; amndfc@outlook.com
2. Residente em Sanidade Animal - Programa de Residência Profissional em Área da Saúde, EVZ,
UFG, Goiânia, GO.
3. Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4. Assistente de Laboratório - Laboratório de Bacteriologia; Setor de Medicina Veterinária Preventiva,
EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5. Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: bacteriologia, cultivo, detecção

Keywords: bacteriology, detection, growth

INTRODUÇÃO
A otite é uma enfermidade que consiste na inflamação do canal auditivo. De
acordo com o segmento anatômico que é acometido, pode ser classificada em otite
externa, otite média e otite interna1. Em cães, a otite externa é a mais prevalente,
representa cerca de 20% nos atendimentos clínicos de rotina clínica. Trata-se de uma
doença multifatorial, ou seja, o acometimento ocorre mediante um conjunto de fatores
causadores, divididos em predisponentes, primários, secundários e perpetuantes2.
Os fatores predisponentes estão relacionados à anatomia e fisiologia do canal
auditivo. Já os fatores primários correspondem às causas que podem diretamente
desencadear uma inflamação como alergias, dermatopatias, presença de corpos
estranhos e ectoparasitos. Uma vez instalada a inflamação, a suscetibilidade a
infecções bacterianas e fúngicas secundárias aumentam2.
Os micro-organismos envolvidos nas infecções secundárias são geralmente
habitantes da própria microbiota da orelha, causando infecção na presença de um
distúrbio imunológico. Dentre esses micro-organismos, estão Staphylococcus spp.,
Bacillus spp. e Malassezia spp., que atuam como oportunistas e complicadores das
alterações primárias do conduto auditivo1,3.
Portanto, este estudo teve por objetivo identificar as bactérias mais frequentes
em
suabes de orelha de cães com suspeita de otite, atendidos no Hospital Veterinário da
Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se um levantamento do número de amostras de suabes de orelha
processados no Laboratório de Bacteriologia da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG) como parte constituinte do projeto de
extensão intitulado Hospital Veterinário, código PJ250-2017, durante o período de
Março de 2017 a Março de 2019, oriundas do Hospital Veterinário da mesma
instituição.
No laboratório, as amostras foram estriadas em ágar MacConkey e ágar
sangue e inoculadas em caldo tioglicolato. A inoculação em caldo tioglicolato foi feita
com a finalidade de enriquecer a amostra, caso não houvesse crescimento no primeiro
repique em ágar MacConkey e em ágar sangue. Na presença de crescimento de
unidades formadoras de colônias, prosseguiu-se com as etapas para identificação da
bactéria. Primeiramente, realizou-se a determinação do Gram, feita por bacterioscopia.
A partir da determinação do Gram, cada grupo de bactérias seguiu o conjunto de
provas bioquímicas específicas para sua categoria.
Para os micro-organismos Gram positivos, realizou-se o teste da catalase,
diferenciando-se Staphylococcus spp. (catalase positiva) de Streptococcus spp.
(catalase negativa). Dentro do gênero Staphylococcus, diferenciou-se a espécie S.
aureus de outras espécies por meio do teste de coagulase realizado em tubos ou
lâminas contendo plasma de coelho e em ágar manitol salgado. A reação positiva em
ambos os testes indica Staphyloccocus coagulase positivo, e se houver uma reação
negativa, indica-se Staphylococcus coagulase negativo ou o gênero Micrococcus.
Para os Gram negativos, realizou-se um conjunto de provas bioquímicas tais,
como, utilização da glicose, lactose e sacarose, teste de Simmons e teste da urease. A
partir das reações dessa bateria de provas bioquímicas, identificou-se o gênero da
bactéria Gram negativa.

RESULTADOS
No levantamento, obteve-se um total de 44 amostras de suabe de ouvido
oriundas do HV/EVZ/UFG processadas no Laboratório de Bacteriologia da EVZ/UFG.
Os micro-organismos mais frequentes em relação ao total de amostras podem ser
visualizados na TABELA 1.

TABELA 1 - Frequência de bactérias isoladas de amostras de suabes de orelha de cães com


suspeita de otite provenientes do Hospital Veterinário
Bactéria Número de Porcentagem
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

amostras (%)
Staphylococcus coagulase negativo 15 34,1
Staphylococcus coagulase positivo 12 27,3
Proteus spp. 5 11,3
Pseudomonas spp. 3 6,8
Streptococcus spp. 1 2,3
Enterobacter spp. 1 2,3
Sem crescimento 7 15,9
Total 44 100,0

DISCUSSÃO
Verificou-se que as bactérias mais prevalentes dentre as amostras
processadas foram do gênero Staphylococcus, compondo mais de 60% do total de
amostras. Pôde-se observar ainda que Staphylococcus coagulase positivo
correspondeu a mais da metade das bactérias deste gênero isoladas das amostras. As
outras espécies deste gênero corresponderam a S. intermedius, S. epidermidis, dentre
outras espécies também relatadas por Neves et al. 3. A maior ocorrência de
Staphylococcus coagulase positivo justificou-se pela composição da microbiota natural
da pele e da mucosa dos animais que contém bactérias deste gênero, que se
comportam como oportunistas na presença de comprometimento imune 4.
A ocorrência de Proteus spp., Pseudomonas spp., Enterobacter spp. e
Streptococcus spp. em exames microbiológicos de suspeita de otite em cães também
é relatada na literatura1,2. Estas bactérias geralmente estão associadas às condições
perpetuantes da otite, ou seja, seu isolamento é observado em cães com quadro
crônico da enfermidade.
Também foram identificadas em duas amostras a presença de leveduras em
associação a bactérias do gênero Staphylococcus, que provavelmente se tratavam de
fungos do gênero Malassezia, que assim como as bactérias causam infecção mediante
situações oportunistas1,2, como uso prolongado de antibióticos.
Ainda, observou-se que 15% das amostras não apresentaram crescimento de
nenhum micro-organismo. Possivelmente, estes suabes foram coletados de animais
cuja classificação da otite era de caráter predisponente ou primário, em estágio inicial,
não cursando com instalação de infecção por micro-organismos oportunistas.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

CONCLUSÃO(ÕES)
As bactérias mais frequentes nos suabes de orelha de cães com suspeita de
otite foram do gênero Staphylococcus coagulase positivo e Staphylococcus coagulase
negativo.

REFERÊNCIAS

1. Neves RCSM, Makino H, Cruz TPPS, Silveira MM, Sousa VRF, Dutra V, Lima
MEKM, Belli CB. In vitro and in vivo efficacy of tea tree essential oil for bacterial and
yeast ear infections in dog. Pesq. Vet. Bras. 2018;38(8):1597-607.

2. Souza CP, Souza MMS, Scott FB. Perfil clínico e microbiológico de cães com e sem
otoacaríase. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 2015;67(6):1563-71.

3. Neves RCSM, Matheus LAF, Lima SR, Crus FACS, Rosa JG, Ferraz RH, Mendonça
AJ, Barros LA. Avaliação dos métodos de otoscopia e exame do swab parasitológico
no diagnóstico da otocariose canina: uma abordagem bayesiana. Pesq. Vet. Bras.
2015;35(7):659-63.

4. Ziech RE, Farias LD, Balzan C, Ziech MF, Heinzmann BM, Lameira OA, Vargas AC.
Atividade antimicrobiana do oleorresina de copaíba (Copaifera reticulata) frente a
Staphylococcus coagulase positiva isolados de casos de otite em cães. Pesq. Vet.
Bras. 2013;33(7):909-13.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ESTABILIZAÇÃO DE FRATURA EM CARAPAÇA DE JABUTI PIRANGA


(Chelonoidis carbonaria) (Spix, 1824) UTILIZANDO BRAQUETE ORTODÔNTICO
SHELL STABILIZATION FRACTURE IN RED-FOOTED TORTOISE (Chelonoidis
carbonaria) (Spix, 1824) USING DENTAL BRACE

Luana Rodrigues Borboleta1, Bárbara Adriene Galdino Bonfim2, Anderson Mateus


Ramalho de Souza2, Daniella de Jesus Mendes2, Marianna Mendonça Vasques da
Silva3, Marco Augusto Machado Silva4

1 - Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO;


luanaborboleta@hotmail.com.
2 - Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3 - Discente em Medicina Veterinária, UFJ, Jataí, GO.
4 - Professor Adjunto I, DMV, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: medicina de animais selvagens; casco; quelônios.


Keywords: wildlife medicine; shell; chelonians.

INTRODUÇÃO
Os jabutis são quelônios que se apresentam confinados dentro de uma
carapaça dorsolateral, em formato de cúpula, e plastrão ventral1,2. A derme é
ossificada e há um tecido córneo epidérmico1, conhecido como placas córneas,
queratinizadas mais externamente3. Essa estrutura tem importantes funções, como a
camuflagem, proteção mecânica, defesa contra microrganismos, prevenção contra
desidratação, além de minimizar os efeitos da radiação solar e auxiliar
natermorregulação4,5.
As fraturas de carapaça e plastrão são afecções traumáticas mais comuns na
clínica de quelônios. Podem ocorrer como consequência de mordida de animais como
cães e gatos, atropelamento por automóveis, quedas ou acidentes com cortadores de
grama e frequentemente ocasiona óbito quando não prontamente tratadas 6,7,8. Vários
materiais podem ser empregados no reparo do casco: fibra de vidro, resina de epóxi,
resinas coloridas de poliéster, acrílicos dentais, fita de acetato de celulose associado
ao adesivo tecidual cianoacrilato, cintas plásticas e fios de sutura associados a furos
no casco ou parafusos7. Diante destes fatos, esse trabalho relata a estabilização de
fratura de carapaça em jabuti com a técnica de braquetes ortodônticos, uma técnica
simples, não invasiva e de baixo custo quando comparada às outras técnicas
utilizadas.
DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia,
Universidade Federal de Goiás (HVET/EVZ/UFG) um jabuti, impúbere, sem definição
de sexo, aproximadamente 18 meses de idade e 350g. O tutor informou que atropelou
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

o animal com veículo. Ao exame clínico de triagem emergencial, este apresentava-se


estável. Solicitou-se radiografia nas projeções latero-lateral e dorsoventral. Nenhuma
lesão interna foi identificada, exceto as linhas de fratura da carapaça no antímero
direito.
Diagnosticou-se fratura de carapaça nas placas M3 a M7, em transição
margino-costal do antímero direito, sobressaindo para o plastrão entre as marginais
M3 e M4. Ainda havia fratura nas placas nucais centro-marginais ipsilaterais.
Posteriormente à identificação das fraturas, procedeu-se a avaliação neurológica,
constatando-se a preservação de reflexo de dor superficial e profunda nos membros,
além de reflexo postural, revelando estado de consciência preservado.
Foi realizada analgesia com meloxicam 0,1mg/kg IM. Após 20 minutos, foi
realizada a limpeza do ferimento com digliconato de clorexidine a 10mg/mL e soro
fisiológico estéril, secando-a com gaze estéril. As fraturas tinham alguns milímetros,
sendo a nas placas nucais a maior, com cerca de cinco milímetros.
Cinco braquetes ortodônticos metálicos pré-molares e molares com gancho
0,022” (Morelli®) foram fixados na porção dorsal e ventral com resina acrílica
autopolimerizável (JET ®), após desengorduramento com éter. Elásticos intraorais de
silicone médio 1/8” (Morelli®) foram utilizados para a redução do espaço, fazendo
pontes de estresse segundo orientação da fratura e anatomia do casco. A linha de
fratura foi preservada quanto à presença do polímero.
O tratamento incluiu enrofloxacina (10mg/kg, SID, VO) por 15 dias e
meloxicam (0,1mg, SID, VO) por cinco dias, além de limpeza diária da ferida com
digliconato de clorexidine a 10mg/mL (SID), mantendo o ferimento sem cobertura e
banho de sol durante 15 minutos (09:00 e 17:00h), durante 60 dias, também sendo
suplementado com polivitamínico e carbonato de cálcio (SID) até novas
recomendações. Aos 14 dias constatou-se que a ferida estava em estado avançado de
cicatrização. Com 30 dias a fratura estava estável, porém preconizou-se a retirada dos
braquetes com 60 dias, garantindo uma estabilidade ainda maior do foco da fratura.
DISCUSSÃO
Vários materiais podem ser empregados no reparo do casco4,7. O uso de
resinas, apesar de ser uma técnica não invasiva, tem diminuído, pois mesmo
estabilizando a lesão, pode recobrir fragmentos celulares e sujidades e, portanto,
atrapalhar a reabilitação. Quando utilizada, deve ser removida para maximizar a
recuperação, promovendo a calcificação e reparação normal da carapaça lesionada.
Caso a estabilização seja fundamental, a mesma deve permitir acesso à lesão para
debridamento e limpeza10.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

No entanto, o procedimento de reparo do casco com uso de braquetes


ortodônticos foi escolhido após a avaliação do tipo de fratura, considerando fatores
como idade, extensão da lesão e condição física do paciente7. Animais jovens
possuem reparação de lesões mais rápidas do que adultos e idosos, associados a um
organismo hígido. O uso de braquete não está indicado para fraturas com perda de
fragmentos, sendo exclusiva para lesões lineares. A vantagem da técnica é que ela
mantém a lesão exposta, permitindo o acesso para limpeza, acompanhamento do
processo de cicatrização, evitando a aposição de larvas de moscas e descartando o
uso de telas ou proteção4. Por ter adesão superficial ao casco, a remoção do aparato
é bem simples e não causa lesão ou dor ao animal.
Durante o crescimento, o novo casco surge sobre a antiga placa córnea, que
é disposta em ordem específica1. Assim, a margem que se forma dá origem a anéis
de crescimento6. Em um animal adulto, a cicatriz não traz maiores problemas.
Contudo, em quelônio em crescimento, as marcas podem ocasionar irregularidades 11.
O uso de braquetes ortodônticos não inviabiliza a aposição destas camadas porque
não interferem na linha de cicatrização e na união da fratura e não compromete o
desenvolvimento do casco conforme o crescimento do animal.
A ossificação e cicatrização completa de fraturas nos répteis são processos
demorados que podem durar de quatro a 18 meses12. No entanto, observa-se que o
tempo de reparação do casco deste animal, utilizando o braquete ortodôntico, foi
menor e promoveu a estabilização e remoção do aparato em 60 dias.
CONCLUSÃO
O uso de braquetes ortodônticos se mostrou adequado para estabilização de
fratura de casco em jabuti-piranga, permitindo a exposição da ferida e,
consequentemente, facilitando os procedimentos pós-cirúrgicos. Sugere-se mais
estudos, comparando o tempo de estabilização da fratura frente as demais técnicas,
avaliando também a sua influência no crescimento do animal e na estrutura do casco.
REFERÊNCIAS
1. Divers S. The structure and diseases of the chelonian shell. Certain aspects of the
veterinary care of chelonian. British Chelonia Group Symposium. Sevenoaks,
1996. p.10-8.
2. Pessoa A. Alterações de carapaça e plastrão em quelônios: Animal Exótico(R);
2013. Acesso em 14 de abril de 2019. Disponível em:
http://animalexotico.com.br/site/blog/2013/05/16/alteracoes-de-carapaca-e-
plastrao-em-quelonios/#more-239.
3. Dutra GHP. Doenças em tartarugas – Doenças do casco: WebAnimal(R); 2019
Acesso em 14 de abril de 2019. Disponível em:
http://www.webanimal.com.br/reptil/index2.asp?menu=doencas_tart3.htm.
4. Kaplan's M. Turtle and tortoise shell. Herpetological Care Collection. Los Angeles,
2002. p. 78-84.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

5. Souza RAM. Comparação de diferentes protocolos terapêuticos na cicatrização


de carapaça de tigres d‟água (Trachemys sp). Londrina: Universidade Federal do
Paraná; 2006.
6. Barten SL. Shell damage. In: Mader DR, editor. Reptile medicine and surgery. 2
ed. Florida: Marathon; 2006. p. 893-9.
7. Santos ALQ, Silva LS, Moura LR. Reparação de fraturas de casco em quelônios.
Biosci J. 2009; 25(5):108-11.
8. Ferreira SR. O grande queimado: uma abordagem fisioterapêutica. Universidade
Católica de Goiás-GO: Universidade Católica de Goiás;2003.
9. Bernardi ED, Reolon M, Finkler F, Diaz JS, Cardona ROC, Martins DB. Fratura de
casco em quelônio - Relato de caso. Cruz Alta - RS: XVI Seminário Institucional
de Ensino, Pesquisa e Extensão; 2011 Acesso em 14 de abril de 2019.
Disponível em: https://home.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-
2011/saude/FRATURA%20DE%20CASCO%20EM%20QUEL%C3%83%E2%80
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10. Walsh M. Rehabilitation of sea turtles. In: Eckert KL, Bjornal KA, Abreu-Grobois
FA, Donnely M, editors. Research and Management Techniques for the
Conservation of Sea Turtles: IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group
Publication; 1999. p.202-7.
11. Mader DR. Reptile medicine and surgery. 2 ed. Philadelphia: W. B. Saunders
Company; 2006. 1242p.
12. Cubas PH, Baptistotte C. Chelonia (Tartaruga, cágado, jabuti). Tratado de
Animais Silvestres – Medicina Veterinária. 1a ed. São Paulo: Roca; 2007. p. 86-
119.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ERLICHIOSE MONOCÍTICA EM EQUINO


EQUINE MONOCYTIC EHRLICHIOSIS

Cíntia Yin Ann Lin1, Thais Poltronieri dos Santos2, Josyanne Rodrigues de Freitas3,
Helena Tavares Dutra4, Luciana Ramos Gaston Branstetter5

¹Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO, cintialin1999@gmail.com.


²Residente em Clínica e Cirurgia de Equinos, FMVZ, USP, São Paulo, SP.
3
Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Mestranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: anemia, oxitetraciclina, Neorickettsia risticci


Keywords: anemia, oxitetracycline, Neorickettsia risticci

INTRODUÇÃO

A erlichiose monocítica é uma doença causada pela bactéria Neorickettsia


risticci¹ que possui capacidade em invadir células mononucleares, monócitos e
macrófagos2. É relatada frequentemente nos Estados Unidos3, e, apesar de rara, já
foram reportados casos no Brasil3, especialmente na região Sul4.
É uma doença que acomete equinos de todas as raças, sejam eles machos ou
fêmeas³. Porém, geralmente ocorre em animais com mais de um ano de idade 5. Os
sinais clínicos incluem, embora não se limitem a diarreia, febre, desidratação,
anorexia, edema em região distal dos membros, abdome agudo e laminite¹.
Antibióticos pertencentes à classe das tetraciclinas são eficazes contra o patógeno 6 e
a taxa de sobrevivência pode chegar a 73%7.
A transmissão é realizada a partir de contato oral direto com os trematódeos
infectados pela N. risticci2, ou por ingestão dos hospedeiros intermediários 2. No Brasil,
corresponde ao molusco do gênero Heleobia e insetos aquáticos2.
O objetivo deste trabalho é descrever um caso de erlichiose monocítica equina,
diagnosticada por meio de exame parasitológico direto.

DESCRIÇÃO DO CASO

Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia


da Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG) no dia 20 de fevereiro de 2018, um
equino, macho, Quarto de Milha, com seis anos de idade e 430 quilos de peso
corporal, que apresentava sinais clínicos de abdome agudo.
Ao exame clínico observou-se frequência cardíaca de 80 batimentos por minuto,
frequência respiratória de 40 movimentos por minuto, mucosas normocoradas, tempo
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

de preenchimento capilar inferior a dois segundos, hidratação adequada, motilidade


reduzida em todos os quadrantes e temperatura retal 38,4°C.
Um hemograma revelou anemia normocítica normocrômica (hemácias
5,89x106/µL; hematócrito 30%) e leucopenia por linfopenia (leucócitostotais 4.500
ABS/µL e linfócitos 540 ABS/µL). À bioquímica sérica, observou-se hiperbilirrubinemia
total de 3,76 mg/dL (050-2,10 mg/dL), direta de 1,58 mg/dL (0,50-2,10 mg/dL) e
indireta de 2,18 mg/dL (0,20-1,70 mg/dL).
Houve piora do quadro clínico e o equino foi encaminhado à cirurgia de
laparotomia exploratória, que evidenciou deslocamento dorsal à direita do cólon, além
de torção parcial de 180 graus deste órgão. Durante o procedimento, observou-se que
o baço encontrava-se bastante aumentado. O animal se recuperou da cirurgia sem
intercorrências. Entretanto, cinco dias após o procedimento, o eqüino desenvolveu
apatia, diarreia, ataxia leve em membros pélvicos e decúbito prolongado. Além disso,
apresentava quadros de febre, variando de 38,6°C a 39,3°C e que aconteciam,
geralmente, ao final da tarde. Um exame ultrassonográfico evidenciou aumento
expressivo do baço, que apresentava-se invadindo o abdome ventral esquerdo.
Um novo hemograma foi realizado após 11 dias de internação, onde foram
observados hemácias 7,28x106/µL (6,50-12,00x106/µL), hematócrito 36% (30-48%) e
leucocitose por neutrofilia (leucócitos totais 18.700 ABS/µL, neutrófilos 15.521
ABS/µL). À análise bioquímica constatou-se bilirrubina total 2,52 mg/dL (0,50-2,10
mg/dL) e bilirrubinaindireta 2,31 mg/dL (0,20-1,70 mg/dL).
Uma abdominocentese foi realizada e, provavelmente devido ao aumento
significativo do baço, ocorreu uma punção acidental do órgão, aproximadamente dez
centímetros caudal à cartilagem xifoide. O material colhido foi submetido à citologia
que identificou a presença de Neorickettsia spp. em células mononucleares, o que
levou ao diagnóstico de erlichiose monocítica. Realizou-se, em seguida, o tratamento
clínico com oxitetraciclina, 6,6 mg/kg, via intravenosa, a cada 24 horas, durante cinco
dias. O animal apresentou melhora considerável aproximadamente 18 horas após
administração inicial do medicamento. Sete dias após o término do tratamento, o
paciente recebeu alta hospitalar em bom estado de saúde.
Em contato recente com o proprietário, soube-se que o animal apresentou três
quadros de cólica, sendo que a última ocorreu em janeiro de 2019. Apesar disso,
encontra-se saudável, com apetite e bom escore de condição corporal.

DISCUSSÃO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

No presente relato o animal encontrava-se dentro da faixa etária que geralmente


é acometida pela doença5. Além disso, a época do ano em que houve
desenvolvimento dos sinais clínicos se correlaciona com a descrição da literatura, uma
vez que esta enfermidade acontece com maior freqüência em climas mais quentes,
como o verão5. Porém, é também encontrada, principalmente, em locais alagadiços,
de baixa altitude, como no Sul do Brasil4. Apesar de algumas propriedades do estado
de Goiás possuírem áreas alagadas, não é algo frequentemente encontrado nesta
região. Ademais, o animal permanecia em baia e não era geralmente solto em piquete.
Entre animais acometidos pela doença, 39% têm como sinal clínico o abdome
agudo6. Apesar do quadro cirúrgico apresentado pelo equino, não se sabe se a
enfermidade pode ter predisposto às mudanças no peristaltismo e, consequentemente,
levado ao deslocamento de cólon.
Neste caso, a hiperbilirrubinemia indireta pode ser justificada devido à
capacidade da bactéria em agir nos eritrócitos, configurando a doença como de
potencial hemolítico. Os eritrócitos são responsáveis pela produção de bilirrubinas
livres, por isso as bilirrubinas indiretas tornam-se presente em excesso, ocasionando
um quadro de hiperbilirrubinemia pré-hepática1.
Os novos episódios de cólica apresentados pelo animal não parecem estar
relacionados com a recorrência da doença, já que não há outros sinais clínicos
concomitantes. A intervenção cirúrgica pode predispor ao desenvolvimento de
aderências, que causam frequentemente cólica recorrente em equinos. Além disso,
não se tem informações sobre o manejo alimentar do cavalo atualmente.
O diagnóstico da erlichiose monocítica pode ser confirmado por meio da reação
em cadeia da polimerase (PCR) em amostras de fezes e sangue7. Outros meios de
diagnóstico também são utilizados, como o teste de imunofluorescência indireta (IFA)7.
A literatura menciona que em 79% dos casos o patógeno pode ser encontrado em
exame parasitológico tipo IFA em animais que apresentam sinais clínicos compatíveis
com a doença. Neste caso, embora a especificidade do esfregaço sanguíneo seja
baixa, o aumento considerável do volume do baço o predispôs à sua punção
inadvertida, permitindo o achado laboratorial de N. risticci e, levando assim, ao
diagnóstico definitivo da enfermidade.

CONCLUSÃO

O baço aumentado provavelmente ocorreu em resposta à erlichiose. Neste


caso, sua punção acidental e o exame parasitológico direto tiveram papel determinante
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

em detectar a presença do agente. Com isso, o tratamento pôde ser estabelecido e o


animal se recuperou rapidamente.
REFERÊNCIAS

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Saunders; 2018.1488p.
2. Costa RL, Vitari GLV, Silva CV, Peckle MP, Pires MS, Brandolini SVPB, et.al.
Molecular investigation of Neorickettsia risticii in trematodes and snails in a region with
serological evidence of this agent in horses, state of Rio de Janeiro. Arq. Bras. Med.
Vet. Zootec. 2016; 68(6):1470-1478.
3. Xiong Q, Bekebrede H, Sharma P, Arroyo LG, Baird JD, Rikihisa Y. An Ecotype
of Neorickettsia risticii Causing Potomac Horse Fever in Canada. Applied and
Environmental Microbiology. 2016; 82(19):6030-6036.
4. Coimbra HS, Fernandes CG, Soares MP, Meireles MCA, Radamés R, Schuch
LFD. [Equine Monocytic Ehrlichiosis in Rio Grande do Sul: clinical, pathological and
epidemiological aspects.]. Pesq. Vet. Bras. 2006; 26(2):97-101. Portuguese.
5. Roier ECR, Costa RL, Pires MS, Vilela JAR, dos Santos TM, Santos HA, et.al.
Epidemiological survey of Neorickettsia risticii in equids from the State of Rio de
Janeiro, Brazil. Pesq. Vet. Bras. 2016;36(10):939-946.
6. Bertin FR, Reising A, Slovis NM, Constable PD, Taylor SD. Clinical and
Clinicopathological Factor Associated with Survival in 44 Horses with Equine
Neorickettsiosis (Potomac Horse Fever). J Vet Intern Med. 2013; 27: 1528- 1534.
7. Taylor SD. Neorickettsia risticii. In: Pusterla N, Higgins J, editors. Interpretation
of Equine Laboratory Diagnosis. Hoboken (NJ): John Wiley & Sons, Inc. 2018. P.177-
180.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

BEM-ESTAR ANIMAL PROMOVIDO PELO TRATAMENTO DE OTITE EXTERNA


COM USO DE TERBINAFINA, FLORFENICOL E ACETATO DE BETAMETASONA –
RELATO DE CASO

ANIMAL WELFARE PROMOTED FOR EXTERNAL OTITE TREATMENT WITH


USE OF TERBINAFINE, FLORPHENICOL AND BETAMETHASONE ACETATE -
CASE REPORT

Ennya Rafaella Neves Cardoso¹, Rosane Rodrigues da Costa Almeida², Laura


Pereira da Silva², Brenda Torchia³

1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; ennyaneves@gmail.com.
2
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
³ Médica Veterinária, Especializada em Nefrologia e Urologia pela Anclivepa-SP, Goiânia, GO.

Palavras-chave: bem estar, otite, resistência bacteriana


Keywords: welfare, otitis, bacterial resistance

INTRODUÇÃO
A otite representa até 15% dos casos de atendimento e é caracterizada pela
inflamação do conduto auditivo, podendo ser externa, média ou interna quanto à
localização; aguda, crônica ou recidivante quanto à evolução ou ainda unilateral ou
bilateral quanto à lateralidade1,2. É uma doença que acomete predominante os
animais jovens e algumas raças, como poodle e cocker spaniel, são mais
predispostas1,2,3.
Os pacientes acometidos pela otite podem apresentar posicionamento
anormal da cabeça, presença de prurido, lesão no pavilhão auricular em decorrência
de escoriações, mau cheiro e secreção no conduto auditivo1,2.
O diagnóstico da otite é feito após anamnese e exame clínico geral 1,2. Em
casos de otite é indicada colheita de material para citologia e acompanhamento de
evolução1,3. Na rotina clínica, o tratamento é feito com uso de antibiótico local na otite
externa e também sistêmico em otites média e interna, além da limpeza do conduto 2.
Para otites externas, o Osurnia® é mais uma opção de tratamento, sendo sua
aplicação em ambiente hospitalar4. Esse tipo de terapia beneficia o tratamento
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

melhorando variantes que poderiam contribuir para resistência bacteriana e recidiva


da doença, como a frequência, tempo e modo de aplicação do produto diário de forma
correta por parte do tutor4,5. Também, o fator bem estar do tutor e do paciente é
amenizado já que, a manipulação de uma área dolorosa causaria desconforto ao tutor
e, se não manejado corretamente, também ao paciente. Pacientes de difícil
contenção também seriam outro fator predisponente para a descontinuidade do
tratamento5.
DESCRIÇÃO DO CASO
Uma cadela da raça poodle, branca, com 12 anos e 4,2 kg, foi atendida
relatando dor à manipulação do ouvido e apresentando odor fétido nessa região há
aproximadamente seis dias. Possuía histórico de doença hepática crônica já em
tratamento e exames sanguíneos e de imagem recentes, sendo o enfoque da
consulta de fato para alteração de conduto auditivo.
Durante o exame físico, paciente mostrou-se normalidade dos parâmetros
clínicos e, nos condutos auditivos, foi observada presença de secreção ceruminolítica
pegajosa em ambos os ouvidos externos com incômodo doloroso a manipulação,
conforme figura 1.

FIGURA 1 - Presença de secreção ceruminolítica pegajosa em pavilhão


auricular direito com inflamação local. Fonte: Arquivo pessoal.
.
Pela dificuldade da tutora em realizar um tratamento domiciliar devido a
contenção da paciente, que de fato se mostrava bastante agressiva, foi optado o
tratamento a base de terbinafina, florfenicol e acetato de betametasona, o Osurnia®.
Não foi realizado o exame de citologia otológica por questões financeiras da tutora,
sendo feito uma tentativa de diagnóstico clínico.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Antes de sua primeira aplicação, foi feita a limpeza dos dois condutos
auditivos utilizando solução de ácido salicílico, cloroxilenol, docusato de sódio, EDTA
dissódico e trometamina (Sorusolve®). Então, aplicou-se o produto conforme bula e,
após sete dias, a paciente retornou para a segunda aplicação, já apresentando
melhora clínica com ausência de dor a manipulação e pouca presença de secreção,
como mostra a figura 2.

FIGURA 2 - Imagem antes da segunda aplicação, com melhora de secreção


ceruminolítica em pavilhão auricular direito e menor reação inflamatória local. Fonte: Arquivo
Pessoal.

Ao final do tratamento, foi solicitado que tutora retornasse com paciente para
reavaliação e possível alta médica, mas entrou em contato por telefone relatando
melhora clínica geral, não retornando fisicamente.

DISCUSSÃO
O animal apresentou uma otite externa², sendo doença comumente
diagnosticada em cães¹. Todavia, a idade do paciente contrapõe as informações
descritas nos estudos2,3, pois o paciente tinha mais de 10 anos, enquanto é mais
comum em cães mais jovens. Já a raça do paciente corrobora com os relatos, onde é
apresentada como uma das que têm predisposição à doença³.
O diagnóstico do caso baseou-se na anamnese detalhada, quando o tutor
descreveu o comportamento de sensibilidade da área do ouvido causada pela dor
gerada após inflamação local e o mau cheiro causado pelo excesso de cerúmen,
sendo estes sinais condizentes com os relatados em estudos 1,2,4.
O tratamento escolhido foi o uso de um produto local, conforme sugerem os
estudos², sem a indicação do uso de antibiótico sistêmico. Previamente à aplicação
do produto foi realizada a limpeza do ouvido, indicada pelos seus benefícios
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

imediatos no tratamento ao possibilitar a visualização do conduto auditivo, da


membrana timpânica, corpos estranhos e demais estruturas, além de possibilitar
melhor ação do medicamento escolhido pela maior superfície de contato e redução da
inflamação4.
A paciente apresentava comportamento agressivo, sendo de difícil manejo e
contenção, tornando esse um fator estressante também para o tutor em um possível
tratamento feito por ele em casa. O medicamento com base de terbinafina, florfenicol
e acetato de betametasona foi escolhido pela sua posologia que permite maior
comodidade ao tutor e bem estar ao animal, uma vez que é aplicado apenas 2 vezes
com intervalo de 7 dias, fazendo desnecessário o manejo diário da área acometida
pela inflamação, que provocaria dor e incômodo ao animal, e menor chances de
descontinuidade do tratamento por dificuldade e possibilitando um tratamento eficaz
até a recuperação clínica do animal4,5.
CONCLUSÃO
A associação de terbinafina, florfenicol e acetato de betametasona é uma
alternativa no tratamento das otites e possui uma vantagem na posologia de forma
que pode facilitar o tratamento e evitar abandono de tratamento pelo tutor,diminuindo
também chances de resistências bacterianas serem causadas por posologias que não
as recomendadas pelo médico veterinário.
REFERÊNCIAS
1. Oliveira LC. Otite média e externa bilateral em cães. Estudo comparativo do
perfil microbiológico e susceptibilidade a antimicrobianos das espécies
prevalentes. [Tese]. Ceará: Universidade Federal do Ceará; 2004.
2. Oliveira VB, Ribeiro MG, Almeida ACS, Paes AC, Condas LAZ, Lara GHB,
Listoni FJP. Etiologia, perfil de sensibilidade aos antimicrobianos e aspectos
epidemiológicos na otite canina: estudo retrospectivo de 616 casos. Seminário
Ciências Agrárias. 2012; 33(6).
3. Megid J, Freitas JC, Müller EE, Costa LLS. Otite canina: etiologia,
sensibilidade antibiótica e suscetibilidade animal. Seminário Ciências
Agrárias. 1990; 11(1): 45-48.
4. Breia MIMS. Utilização de um composto à base de florfenicol, betametasona e
terbinafina no tratamento de otite externa diagnosticada por citologia. [Tese].
Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária; 2017.
5. Noli C, Sartori R, Cena T. Impact of a terbinafine–florfenicol–betamethasone
acetate otic gel on the quality of life of dogs with acute otitis externa and their
owners. Veterinary dermatology. 2017; 28(4): 386-390.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESEQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE EM UM CÃO COM INTUSSUSCEPÇÃO –


RELATO DE CASO
ACID-BASE IMBALANCE IN A DOG WITH INTUSSUSCEPTION - CASE REPORT

Anderson Mateus Ramalho de Sousa1, Daianny Pires de Freitas1, Caroline Thomaz


Araújo2, Amanda Carvalho Faria2, Leandro Guimarães Franco3, Sandro de Melo
Braga3

1Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; a.mateus.vet@gmail.com


2Residente em Anestesiologia e Emergência, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: Acidose, Alcalose, Distúrbio misto

Keywords: Acidosis, Alkalosis, Mixed disorders

INTRODUÇÃO
O equilíbrio ácido-base pode ser entendido como a homeostasia entre ácidos
e bases produzidos e eliminados a fim de manter um pH ótimo no organismo. Por
convenção, a concentração de íons H+ determina o pH1. Esse equilíbrio é feito por
tamponamento químico, incluindo reações com hemoglobina, proteínas plasmáticas,
fosfato e bicarbonato, bem como por respostas ativas dos pulmões e rins.1,2.
Alterações na concentração de íon H+ podem implicar em importantes
consequências fisiológicas por mudança na estrutura e função de proteínas e ácidos
nucleicos, modificar afinidades de sítios de ligação hormonal e de fármacos, prejudicar
atividades enzimáticas1,3, além de destruir membranas de organelas citoplasmáticas,
como lisossomas e mitocôndrias2.
Os desequilíbrios ácido-base podem ser classificados em respiratórios,
metabólicos ou mistos2. A alcalose ou acidose de origem respiratória correlacionam
com alterações na produção de ácido carbônico, alterando o valor da pressão parcial
de CO2. Os distúrbios de origem metabólica ocorrem por perda de bases ou excesso
de produção de ácidos orgânicos, evidenciado pela redução de bicarbonato no sangue
periférico. Já os distúrbios mistos são caracterizados por dois distúrbios não
compensatórios, como exemplo uma acidose metabólica e uma acidose respiratória
ou uma alcalose metabólica e uma alcalose respiratória, desenvolvendo grandes
alterações no valor do pH1,2,3,4,5.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

O objetivo do trabalho é relatar um caso de distúrbio no equilíbrio ácido-base


em cão em decorrência de intussuscepção intestinal.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido pelo setor de clínica médica do Hospital Veterinário da EVZ/UFG,
um cão da raça Shih-Tzu, macho inteiro, 3 anos de idade e 7 kg. A queixa principal
dos tutores era de que o animal apresentava diarreia e vômito há 3 dias. Durante a
anamnese foi relatado ainda que o animal apresentava disquesia, melena e anorexia.
Ao exame físico notou-se mucosas congestas, dor à palpação abdominal, 8% de
desidratação, frequência respiratória de 80 mpm e temperatura retal de 39,5 °C.
Diante do quadro, o paciente foi encaminhado para a internação do hospital para
proceder exames laboratoriais e de imagem para precisar o diagnóstico.
Durante a internação o paciente apresentou taquipneia, taquicardia, ausência
de pulso podal, estupor e crise epiléptica, sendo encaminhado, então, para o setor de
emergência. Na avaliação primária do setor de emergência, protocolo de ABCDE,
foram observadas alterações em “B” (breathing), com a presença de taquipneia, em
“C” (circulation) com ausência de pulso podal, mucosas congestas e taquicardia e em
“D” (desability) devido a consciência reduzida e crise epiléptica. Na avaliação de score
qSOFA, para a sepse, o animal apresentava estupor e pressão arterial sistólica (PAS)
< 90 mmHg, indicando alerta de sepse.
Diante disso, na conduta inicial para a correção da hipotensão, foi realizado
desafio volêmico com ringer lactato na dose de 30ml/kg e infusão contínua de
noradrenalina na dose de 0,4µg/kg/min. Para o tratamento das crises epiléticas foi
administrado pela via intravenosa diazepam 0,2mg/kg e fenobarbital 4mg/kg. Devido o
alerta de sepse foi aplicado ceftriaxona na dose de 30mg/kg e realizada a analgesia
com metadona 0,2mg/kg. Para maior esclarecimento do caso clínico e
acompanhamento do paciente realizou colheita de sangue periférico para os exames
de hemograma, creatinina, lactato, hemogasometria, eletrólitos e ultrassonografia
abdominal.
De acordo com os resultados de hemogasometria o paciente apresentou
alcalose metabólica devido ao aumento de bicarbonato (HCO 3-) e Base Excess (BE)
associado à acidose respiratória com elevação da PCO2. Foram também observadas
hiponatremia, hipocloremia e hipocalemia, na avaliação eletrolítica. No hemograma foi
observado policitemia (hematócrito 58%) e discreta trombocitopenia (151.000
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

plaquetas/µL), com neutrofilia (14.006/ µL segmentados) associado a linfopenia (298


µL). Na bioquímica foi observado aumento de creatinina (3,3 mg/dL) e lactato normal.
Na ultrassonografia foi observado alterações intestinais, com suspeita de obstrução
gastrointestinal e intussuscepção. Devido à gravidade do paciente, após quatro horas
foi solicitado um novo exame de hemogasometria (Tabela 1).

TABELA 1 - Resultados do exame de gasometria e eletrólitos de um cão com suspeita de


obstrução gastrointestinal por intussuscepção atendido no HV/UFG
12:28 16:32 REFERÊNCIA
pH 7,46 7,59 7,33 – 7,37
pCO2 58,7 34,4 37 – 47 mmHg
+
HCO3 41,2 32,2 20 – 24 mmol/L
BE 14,4 10,3 -4 – 0 mmol/L
Na +
117,1 118 140 – 150 mmol/L
K+ 3,35 3,88 3,5 – 5,5 mmol/L
Cl-
77,1 80,6 109 – 120 mmol/L
AG 2,2 9,8 8 – 21 mmol/L
Fonte: Laboratório Multiusuário de patologia clínica do PPGCA EVZ/UFG

No segundo exame foi observado a presença de um distúrbio misto, sendo a


alcalose respiratória pela redução no valor da PCO2, associado a alcalose metabólica
com aumento nos valores de HCO3- e BE. O paciente ainda permaneceu com
hiponatremia e hipocloremia, apresentando apenas correção nos valores de potássio.
Para a correção dos eletrólitos foi aplicado 4ml/kg de solução hipertônica 3,0% NaCl.
O paciente ficou sob cuidados intensivos, porém apresentou hipotensão grave
e veio a óbito durante o tratamento no setor de emergência. O animal foi submetido à
exame anatomopatológico onde confirmou a intussuscepção.

DISCUSSÃO
A intussuscepção pode ter várias etiologias associadas à vírus, parasitos,
massas neoplásicas, entre outros. O quadro clínico pode variar de acordo com sua
localização2. De modo geral, quando a intussuscepção acomete o duodeno ou jejuno,
causando obstrução parcial ou total, um dos sinais clínicos apresentados é o vômito.
Diante disso, devido à perda excessiva de íons cloreto e íons H + pelo vômito, o animal
pode desenvolver alcalose metabólica hipoclorêmica com aumento do bicarbonato e
BE1,4. Esses achados também foram observados no presente caso, sendo observado
a presença de alcalose associada à redução nos valores de cloro.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

No primeiro exame de hemogasometria também foi observado a presença de


acidose respiratória, provavelmente compensando o distúrbio primário, ou seja, a
alcalose metabólica. Contudo, no segundo exame de hemogasometria, apesar de ter
ocorrido uma queda nos valores de HCO3- e BE, o pH se tornou mais alcalino. Isso
ocorre devido a presença de um distúrbio misto, uma alcalose metabólica e uma
alcalose respiratória, aumentando ainda mais o pH do plasma e piorando a situação
do paciente, contribuindo para o óbito. Os distúrbios mistos não são comuns e
normalmente se correlacionam com enfermidades graves, que normalmente evoluem
para o óbito se não corrigidas2,4.
Para o tratamento da causa primária, a intussuscepção, recomenda-se a
correção cirúrgica da área intestinal afetada6. Devido à gravidade da apresentação
clínica optou-se inicialmente pela a estabilização do animal. No entanto, o paciente
não apresentou resposta terapêutica, evoluindo para o óbito. No exame macroscópico
durante a necropsia no setor de patologia foi evidenciado a presença da obstrução
intestinal, com áreas hiperêmicas e necrose intestinal.

CONCLUSÃO
Diante do relato apresentado, conclui-se que é de suma importância a
realização da hemogasometria para o acompanhamento do equilíbrio ácido-base do
paciente em estado crítico, já que variações mínimas podem trazer graves prejuízos
às funções fisiológicas do animal. Deve-se enfatizar que a abordagem terapêutica da
causa primária é fundamental para a correção do distúrbio ácido-base.

REFERÊNCIAS
1. Rabelo R. Emergências de Pequenos Animais: consultas clínicas e cirúrgicas no
paciente grave. Rio de Janeiro: Elsevier. 2012.
2. Drobatz KJ, Hopper K, Rozanski E, Silverstein DC. Textbook of Small Animal
Emergency Medicine. River Street. Wiley Blackwell; 2019. p.1339
3. Klein BG. Cunningham Tratado de Fisiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier;
2014.
4. Norkus CL. Veterinary Technicin‟s Manual for Small Animal Emergency and Critical
Care. 2th ed. River Street. Wiley Blackwell; 2019. p.385-416.
5. Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de pequenas animais. 5 ed. Rio de
Janeiro: Elsevier; 2015.
6. Oliveria-Barros LM, Matera JM. Intussuscepção em cães: revisão de literatura. Rev
Acad Ciênc Agrár Ambient. 2009;7(3):265-272
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISSEMINAÇÃO DE MASTOCITOMA CANINO DE ALTO GRAU – RELATO DE


CASO

DISSEMINATION OF HIGH GRADE CANINE MASTOCYTOMA – CASE REPORT

Camila Nunes Figas1; Fernanda Martins da Paixão1; Felipe Noleto de Paiva2; Vanessa
de Sousa Cruz3; Ana Paula Iglesias Santin4; Vilma Ferreira de Oliveira5
1
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; camila_figas@hotmail.com.
2
Residente em Oncologia de Pequenos Animais, UFRJ, Seropédica, RJ.
3
Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5
Vice-Diretora do Hospital Veterinário, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: neoplasia, metástase, recorrência

Keywords: neoplasm, metastasis, recurrence

INTRODUÇÃO
O mastocitoma é uma neoplasia maligna classificada como tumor de célula
redonda proveniente da proliferação anormal de mastócitos1. É a neoplasia cutânea
mais frequente do cão, compreendendo 7 a 21% dos tumores cutâneos caninos 2.
Sua classificação se dá de acordo com o órgão acometido. Quando envolve
órgãos ele será classificado como extracutâneo e quando envolve a pele será
classificado como cutâneo3. Sua apresentação clínica pode mimetizar qualquer outro
tumor cutâneo podendo se manifestar com aspecto firme, macio, discreto, difuso,
dérmico e subcutâneo4. As metástases dos mastocitomas ocorrem por disseminação
linfática ou hematógena e pode atingir linfonodos regionais, vísceras e medula óssea,
sendo incomum a metástase pulmonar5. São descritos três graus histológicos para os
mastocitomas: grau I ou bem diferenciado, grau II ou moderadamente diferenciado e
grau III ou pobremente diferenciado6.
A escolha da modalidade terapêutica depende do estadio, grau, número de
nódulos, localização, tamanho tumoral e presença ou não de metástase4. A ocorrência
de recidiva após a excisão cirúrgica é frequente nos tumores de grau II e III, visto que
são tipos neoplásicos mais profundos e menos circunscritos7.
DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, um cão de raça boxer, macho, seis anos de idade, pesando
32,7kg, apresentando massa no prepúcio com suspeita de recidiva de mastocitoma. A massa
prepucial apresentava pequena área de ulceração, consistência macia, superfície regular,
coloração avermelhada e diâmetro de 3 cm.
Na anamnese foi relatado que o animal já havia sido diagnosticado dois anos
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

antes com o referido tumor, apresentando nódulos múltiplos em tronco e membro,


tendo feito tratamento que consistiu em quimioterapia pré-operatória com Sulfato de
Vimblastina 2mg/m² IV e nodulectomia. Desde então o animal não apresentou
nenhuma outra alteração relacionada à neoplasia. Foi realizado o exame físico e a
única alteração encontrada foi a presença dos nódulos, dos quais foi colhido material
para exame citológico. Na citologia observou-se células mesenquimais apresentando
anisocitose, basofilia citoplasmática moderada, núcleo alongado a oval, cromatina
grosseira e frouxa, nucléolo indistinto e discreta mitose aberrante. Os achados
citológicos foram sugestivos de fibrossarcoma, porém o resultado do exame
histopatológico do nódulo removido foi indicativo de mastocitoma grau III. Na análise
microscópica constatou-se proliferação de mastócitos, apresentando acentuado
pleomorfismo, anisocitose e anisocariose, presença de nucléolo evidente, elevada
relação núcleo: citoplasma (2:3), moderado índice mitótico e mitoses atípicas. Devido à
controvérsia dos resultados, foi solicitado um novo exame histopatológico, que
confirmou o mastocitoma.
O animal retornou ao hospital veterinário dois meses depois, apresentando
novo nódulo, com suspeita de nova recidiva de mastocitoma. Ao exame físico foi
notado que o nódulo possuía 4,0 cm de diâmetro, se encontrava ulcerado e
encapsulado, localizado na região do pênis. Foi recomendada a realização de
penectomia para rescisão do nódulo e quimioterapia antineoplásica com Sulfato de
Vimblastina 2mg/m² IV e Prednisona 1mg/m² IV. Ao retornar para realização dos
exames pré-cirúrgicos, observou-se o aparecimento de quatro novos nódulos em
região perianal, membro anterior esquerdo, pavilhão auricular esquerdo e direito, todos
não aderidos e não ulcerados. Foi colhido material para citologia dos quatro nódulos e,
por escolha do tutor, não se realizou a penectomia. O exame citológico dos novos
nódulos também foi laudado como mastocitoma e os proprietários não retornaram para
realizar o protocolo terapêutico recomendado.
DISCUSSÃO
O animal apresentado neste relato tratava-se de um cão da raça Boxer,
categoria comumente descrita na literatura, que menciona uma maior predisposição ao
desenvolvimento de mastocitoma em cães descendentes do Bulldog, como Boxer,
Boston Terrier e English Bulldog2. O exame citológico da neoplasia prepucial
contrariou o diagnóstico presuntivo de recidiva de mastocitoma, sendo sugestivo de
fibrossarcoma. No entanto, as análises histopatógicas da massa confirmaram a
suspeita inicial. Essa controvérsia provavelmente se deve ao amplo comportamento
biológico designado ao mastocitoma8 e também devido ao baixo grau de diferenciação
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

e intenso pleomorfismo do mastocitoma grau III6. Além disso, segundo Braz9 a


citologia tem boa confiabilidade na diferenciação de crescimentos neoplásicos de não
neoplásicos, no entanto somente com o exame histopatológico pode ser feito a
graduação de malignidade e determinação do diagnóstico definitivo.
Quando o animal apresentou nódulos múltiplos em tronco e membro laudados
como mastocitoma, o tratamento realizado consistiu em quimioterapia pré-operatória
com Sulfato de Vimblastina 2mg/m² IV e nodulectomia. De acordo com Warland el
al.10, a ressecção cirúrgica é o tratamento de escolha para todos os mastocitomas.
Porém, quando o tumor já se metastatizou, utiliza-se a quimioterapia antineoplásica
como tratamento adjuvante para promover a cura das metástases. Stanclift e Gilson11
recomendam o uso da vimblastina e lumustina na quimioterapia neoadjuvante. No
aparecimento da massa prepucial sugestiva de fibrossarcoma, foi feita a ressecção
cirúrgica do nódulo e segundo Ettinger e Feldman12 o tratamento primário indicado de
fibrossarcoma consiste na exérese da massa tumoral com ampla margem de
segurança. No entanto, com a realização do exame histopatológico, constatou-se que
a neoplasia se tratava de um mastocitoma grau III e de acordo com Lavalle et al.13 a
ocorrência de recidiva tumoral é ainda mais frequente quando a excisão cirúrgica é
adotada como único método terapêutico. Já na ocasião de surgimento da massa em
região peniana, tanto a penectomia como a quimioterapia antineoplásica
recomendadas não foram executadas. O não cumprimento do protocolo terapêutico
recomendado se repetiu no surgimento dos quatro novos nódulos também laudados
como mastocitoma. Segundo Beserra et al.4, nos tumores de grau III ou graduações
inferiores que possuem metástase confirmada, é indicada a excisão cirúrgica seguida
pela quimioterapia adjuvante. Os guidelines cirúrgicos sugerem que esses tumores
sejam removidos com margem cirúrgica de 2,0 a 3,0 cm em todas as dimensões para
minimizar risco de recidiva local1. O protocolo antineoplásico de mastocitoma inclui
Sulfato de Vimblastina 2mg/m² IV e Prednisona 1mg/m² IV7.
CONCLUSÃO
No presente relato nota-se a importância da histopatologia para o diagnóstico
definitivo do mastocitoma. A graduação do tumor baseado no laudo histopatológico
também é imprescindível para o estabelecimento da conduta terapêutica e
prognóstico. Além disso, torna-se fundamental a obtenção de margens cirúrgicas livres
de células neoplásicas e realização de quimioterapia antineoplásica associada a fim de
diminuir o risco de recidiva e metástases dos mastocitomas.
REFERÊNCIAS
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

1. Daleck CR, Rocha NS, Ferreira MGPA. Mastocitoma. In: Daleck CR, De Nardi
AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. Roca
Ltda; 2016. p.955-971.
2. Withrow SJ, Macewen EG. Small Animal Clinical Oncology. 4 ed. Philadelphia:
Saunders; 2001. 864p.
3. Dobson J, Morris J. Oncologia em pequenos animais. São Paulo: Ed. Roca
Ltda; 2007. 312p.
4. Beserra HEO, Grandi F, Da Costa LD. Citopatologia Veterinária Diagnóstica.
São Paulo: Medvet; 2014. 164p.
5. Medleau L. Dermatologia de pequenos animais: atlas colorido e guia
terapêutico. São Paulo: Ed. Roca Ltda; 2003. 354p.
6. Patnaik AK, Ehler WJ, MacEwen EG. Canine cutaneous mast cell tumor:
morphologic grading and survival time in 83 dogs. Vet. Pathol. 1984; 21(5): 469-
74.
7. Lenore D, Delprat C. Quimioterapia anticancerígena. São Paulo: Roca; 2004.
191p.
8. Bostock DE, Crocker J, Harris K, Smith P. Nucleolar organiser regions as
indicators of post-surgical prognosis in canine spontaneous mast cell tumors.
British Journal of Cancer. 1989; 59: 915-918.
9. Braz PH, Brum KB, , Abdo MAGS. Comparação entre a citopatologia por
biopsia com agulha fina e a histopatologia no diagnóstico das neoplasias
cutâneas e subcutâneas de cães. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2016; 36:
197-203.
10. Warland J, Brioschi V, Owen l, Dobson JM. Canine mast cell tumors: decision-
making and treatment. In Practice. 2015; 37 (7): 315-332.
11. Stanclift RM, Gilson SD. Evaluation of Neoadjuvant Prednisone Administration
and Surgical Excision in Treatment of Cutaneous MastCell Tumors in Dogs.
Journal of American Veterinary Medicine Association. 2008; 232: 53-62.
12. Ettinger SJ, Feldman EC. Tratado de medicina interna veterinária. 3 ed. São
Paulo: Editora Manole; 1992. 2156p.
13. Lavalle GE, Araújo RB, Carneiro RA. Tratamento clínico e cirúrgico de
mastocitoma em cães. A Hora Veterinária. 2004; 23 (138): 21-28.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

PERSISTÊNCIA DO QUARTO ARCO AÓRTICO DIREITO EM CÃO DA RAÇA


HUSKY SIBERIANO
PERSISTENCE OF THE FOURTH RIGHT AORTIC ARCH IN SIBERIAN HUSKY
BREED DOG
Gabriel de Freitas Salvador1, Isabella de Sousa Alves1, Aline Vanessa Estrela
Dantas2, Luiz Augusto de Souza3

1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; gfreitas@gmail.com.
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: ligamento arterioso, megaesôfago, regurgitação


Keywords: arterial ligament, megaesophagus, regurgitation

INTRODUÇÃO

A persistência do arco aórtico direito é umas das anormalidades dos anéis


dos grandes vasos mais diagnosticadas, 95% das alterações, que podem fazer com
que a traquéia ou esôfago fiquem circundados parcial ou totalmente1. Tais
alterações provocam uma compressão esofágica extralumial, ao nível da base
cardíaca, gerando um megaesôfago secundário2.
A presença de megaesôfago gera distúrbios sistêmicos importantes como
emagrecimento progressivo, associado a uma má condição corporal e pneumonia
aspirativa por falsa via, através dos alimentos regurgitados, sendo essa a maior
complicação relatada1.
Para auxiliar no diagnóstico, a radiografia contrastada do esôfago irá
apresentar além do megaesôfago, uma constrição esofágica na base cardíaca2. O
referente trabalho tem como objetivo mostrar a importância da intervenção cirúrgica
precoce, aumentando as chances de se evitar megaesôfago irreversível e perda da
motilidade esofágica, dando ao paciente melhores chances de recuperação 3.
DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás um canino, macho, raça Husky Siberiano, três meses
de idade, com 6,4kg de peso. O paciente apresentava histórico de regurgitação
progressiva, após a ingestão de alimentação semissólida. Ao exame clínico geral,
foram observados estertores crepitantes em campos pulmonares cranioventrais. Os
exames complementares detectaram as seguintes alterações: anemia moderada;
hipoproteinemia com hipoalbuminemia e leucocitose por neutrofilia. O esofagograma,
realizado com sulfato de bário na dose de 4,0 mL/kg por via oral, obteve achados
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

compatíveis com a existência de obstrução parcial de lúmen esofágico, sugestivo de


persistência de arco aórtico direito (PAAD). Observou-se também padrão pulmonar
alveolar, indicativo de pneumonia aspirativa por falsa via. A ecografia descartou
malformações concomitantes à PAAD e a tomografia computadorizada permitiu a
confirmação da suspeita clínica.
Optou-se pela intervenção cirúrgica para a correção da anormalidade. O
protocolo anestésico constou de indução com 4,0mg/kg de propofol, por via
intravenosa, e 2,0μg/kg de citrato de fentanila, por via intravenosa. A manutenção foi
estabelecida com isofluorano, que variou entre 1,5 a 2,5V%, em circuito anestésico
pediátrico. Com o paciente em decúbito lateral direito, foi realizada antissepsia
prévia com clorexidina degermante a 2% e clorexidina alcoólica a 0,5%. Seguindo
com o bloqueio local no quarto espaço intercostal a ser incisado com 0,12 mL/kg de
cloridrato de bupivacaína a 0,5%.
Para detecção da anomalia vascular, realizou-se dissecação das estruturas
envolvidas e isolamento dos nervos vago e frênico abdominal. Quando detectado o
ligamento arterioso, o mesmo foi isolado com suturas de arrimo e ligadura dupla,
com fio de poliglactina 910 2-0. Em seguida, este foi resseccionado. Para a
toracorrafia utilizou-se fio de náilon nº 0. Em seguida, foi restabelecida a pressão
negativa do tórax por toracocentese. Para a reaproximação da musculatura e
redução do espaço subcutâneo, foram realizados três planos de sutura, com fio de
ácido poliglicólico nº 2-0, em padrão “zigue- zague” e dermorrafia, com fio de náilon
nº 3-0, em padrão simples contínuo. Para a esofagostomia, procedeu-se por acesso
cervical a sondagem esofágica e implantação de sonda de Foley n° 20. Esta foi
fixada para garantir a adequada via de alimentação enteral e compor o tratamento
de suporte pós-operatório.
O animal permaneceu internado, durante quatro dias, sendo medicado com
amoxicilina e clavulanato, na dose de 20mg/kg/BID, por via oral; enrofloxacina na
dose de 10mg/kg/SID, por via IV; meloxicam na dose de 0,1mg/kg/SID, por via IV;
ranitidina, na dose de 1,0mg/kg/BID, por via SC; omeprazol, na dose de
1,0mg/kg/SID de por via IV; metoclopramida, na dose de 0,2mg/kg/TID, por via IV;
dipirona, na dose de 25mg/kg/TID, por via IV e cloridrato de metadona na dose de
1,0mg/kg/QID, por via IM.
O manejo alimentar foi instituído com o paciente em posição bipedal,
permanecendo assim por 15 minutos. Essa medida foi adotada para reduzir a
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

possibilidade de aspiração do conteúdo ingerido. Após quatro dias, o paciente


recebeu alta médica, porém, continuou o manejo alimentar via sonda esofágica por
38 dias até a sua retirada.
DISCUSSÃO

Falhas na embriogênese dos arcos aórticos podem levar a alterações


congênitas nos anéis vasculares. A raça Husky Siberiano está dentre as raças mais
acometidas por essa condição4, como no presente caso.
A fisiopatogenia da PAAD inclui a constrição parcial da parede esofágica, o
que gera o megaesôfago, caracterizado pela dilatação esofágica em região cranial à
área constrita, em decorrência do acúmulo de alimentos4-6. O sinal clínico mais
relatado é a regurgitação pós-prandial, especialmente, ao início da dieta sólida1,5,7,
fato que foi relato pelo proprietário após a fase de lactente.
Também foi relatado o crescimento retardado em relação aos demais
animais da mesma ninhada, e alguns autores descreveram este sinal em pacientes
com PAAD e a presença de pneumonia aspirativa devido à regurgitação crônica2,3,5.
O diagnóstico da ocorrência de alterações dos anéis vasculares foi obtido
pela associação do histórico do paciente, exame físico, radiografia torácica simples,
esofagograma pela administração de compostos radiopacos no lúmen esofágico e o
exame tomográfico, que permitiu o diagnóstico preciso e o planejamento cirúrgico.
O prognóstico para portadores de PAAD é reservado e influenciado por
diversos fatores, o grau de constrição e dilatação esofágica, estado geral do
paciente e o tratamento cirúrgico precoce para evitar a dilatação irreversível 1,4. No
presente relato, o paciente apresentou evolução favorável, visto que a colocação da
sonda e o manejo alimentar pós-operatório rigoroso refletiram em evidente redução
do lúmen esofágico e da regurgitação após a alimentação.
CONCLUSÃO

O prognóstico de PAAD é sempre reservado, devido ao risco de se adquirir


megaesôfago irreversível e instalação de uma pneumonia aspirativa por falsa via,
com evolução para óbito. O caso em estudo exemplificou que a utilização da técnica
cirúrgica adequada e um pós-operatório com cuidados
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

minuciosos aumentam as chances de sucesso no tratamento e recuperação do


paciente.
REFERÊNCIAS

1. Kyles AE. Esôfago. In: Slatter D. Cirurgia de pequenos animais. 3a ed. Barueri:
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abr 2019]. Disponível
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15

3. Stopiglia AJ, Freitas RR, IrinoET, Larsson MHMA, Janete FB. Persistência do
ducto arterioso em cães: revisão. Rev Educ Contin. 2004; 7(1):23-33.

4. Pinto VS, Cunha O, Guirró ECB, Pagliosa GM. Persistência de arco aórtico
direito com ducto arterioso patente em um cão-relato de
caso.MEDVEP.2009;7(23):511- 514.

5. Assumção RF, Mothé GB, Ferreira NN, Silva PHS, Soares AMB. Megaesôfago
adquirido secundário à persistência do quarto arco aórtico direito em cães das
raças Pastor Alemão e Pastor Canadense: relato de casos. Centro Científico
Conhecer. 2016; 13(24):693-703.

6. Quessada AM, Fonteles ZC, Cruz NEA, Rodrigues MC, Freitas MVM, Bezerra
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333- 336.

7. Oliveira EC, Gaiga LH, Colomé LM, Stedile R, Mello FPS, Martins JM, Freire
CD. Persistência do arco aórtico direito em um cão-Relato de caso. Revista da
FZVA.2004;11(1):174-180.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TRATAMENTO CONSERVATIVO DE PIOMETRA EM COELHA (Oryctolagus


cuniculus)
CONSERVATIVE TREATMENT OF PYOMETRA IN RABBIT (Oryctolagus
cuniculus)

Luana Rodrigues Borboleta1, Maisa Araújo Pereira2, Bárbara Adriene


Galdino Bonfim2, Anderson Mateus Ramalho de Souza2, Daniella de Jesus
Mendes2, Marianna Mendonça Vasques da Silva3,

1 - Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO;


luanaborboleta@hotmail.com.
2 - Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG,
Goiânia, GO. 3 - Discente em Medicina Veterinária, UFJ,
Jataí, GO.

Palavras-chave: medicina de pets não-convencionais; pets exóticos;


lagomorfos,
Keywords: non-conventional pet medicine; exotic pets; lagomorphs.

INTRODUÇÃO
O coelho, Oryctolagus cuniculus, é um lagomorfo da família Leporidade.
Esta espécie vem sendo instituída como animal de estimação nas últimas
décadas por seu comportamento dócil e facilidade de manejo. Sua vida sexual se
inicia aproximadamente aos quatro meses e meio e se prolonga até os quatro
anos, com uma longevidade média de seis anos1.
A ovulação na espécie é induzida, ocorrendo entre nove e 13 horas após
a cópula1,2, estando perfeitamente adaptadas a inúmeras gestações. No entanto,
se não fecundadas, há uma grande disfunção hormonal, com elevados níveis de
estrógeno2. Em curto prazo, estes elevados níveis podem provocar uma
hiperplasia uterina, seguida de hemorragias vulvares2. Os estrógenos aumentam
o número de receptores de progesterona no útero que, por sua vez, estimulam o
crescimento e atividade secretória das glândulas endometriais 3. Observa-se a
redução na contratilidade uterina, favorecendo a retenção de líquido e/ou sangue
na luz uterina. Este ambiente é favorável para o desenvolvimento e crescimento
bacteriano, geralmente evoluindo para a piometra4.
A piometra é frequente na clínica de pequenos animais e sua
fisiopatogenia e tratamento são semelhantes para a clínica de pets exóticos5. Em
coelhos, a prevalência da doença é rara, porém no atendimento veterinário
especializado observa-se prevalência moderada, em decorrência da maior
longevidade dos animais mantidos em cativeiro domiciliar1. Neste trabalho,
relata-se piometra em uma coelha jovem, recorrendo ao tratamento terapêutico
em relação ao cirúrgico, opção pouco explorada em animais de companhia e que
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

visa a manutenção da função reprodutiva do animal.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendida em clínica veterinária particular uma coelha, raça Nova
Zelândia, três anos de idade, não castrada, 3,100kg de massa corporal. A tutora
queixava-se de urina com coloração vermelha, semelhante a sangue, hiporexia e
animal mais apático há quatro dias. Ao exame físico observou-se hipertermia de
39,7º C, dor, desconforto à palpação abdominal e secreção vulvar de coloração
vermelho opaco. Foram solicitados hemograma e ultrassonografia abdominal.
O exame hematológico indicou apenas heterofilia6 como alteração,
sendo 11.000 leucócitos/uL e 57% de heterófilos. No exame ultrassonográfico, o
útero apresentava paredes espessadas, presença de volume anecóico no seu
interior, distendendo o seu lúmen. Os ovários se encontravam hipoecogênicos
com formações císticas em parênquima.
A conduta inicial, sugerida à tutora, foi a realização de cirurgia de
ovariosalpigohisterectomia (OSH), que consiste na remoção de ovários e útero.
Diante da não aceitação da tutora ao tratamento cirúrgico, colocou-se como
opção o uso de medicamento a base de antiprogestágenos. Na mesma ocasião,
foi informado sobre todos os cuidados durante o tratamento e a possibilidade de
recidiva do quadro.
No dia seguinte, a coelha recebeu 15mg de aglepristone/kg/dia por via
subcutânea, na região da escápula, a cada 24 horas, durante dois dias
consecutivos. Seguiram-se as recomendações de aplicação, realizando
massagem logo após para facilitar a diluição do produto7. Associada a
medicação antiprogestágena, receitou-se enrofloxacina 10mg/kg uma vez ao dia
(SID), via oral (VO), por dez dias consecutivos e meloxicam 0,1mg/kg SID VO,
por cinco dias consecutivos6. No terceiro dia, após o inicio do tratamento, a
coelha demonstrava-se bem disposta, com apetite normalizado e comportamento
habitual da espécie. Foi observada redução gradual da secreção vulvar, com
completa remissão ao quinto dia de tratamento, sendo que a urina também
retornou a sua coloração normal. Foi solicitado exame ultrassonográfico, dez dias
após a administração do medicamento antiprogestágeno, para certificar-se da
normalidade dos padrões uterinos.
Manteve-se contato com a tutora do animal por cerca de cinco meses,
para verificar sobre a possibilidade de recidiva da afecção. O período não se
estendeu devido o óbito da coelha que fora encontrada morta no interior da
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

residência da tutora com sinais dilaceração.

DISCUSSÃO
A coelha atendida nunca havia copulado. Devido à ovulação ser induzida
nesta espécie, a não fecundação do animal leva a uma grande produção
hormonal, causando um desequilíbrio que pode ocasionar a hiperplasia
endometrial cística, piometra e neoplasias reprodutivas2,8,9.
Apatia e anorexia foram os sinais clínicos mais facilmente observados no
animal, presentes também em hiperplasia endometrial cística (HEC) e
adenocarcinoma2,8,9. Em outros animais exóticos como os ferrets, a infecção
uterina provoca anorexia, emagrecimento, descarga vulvar, letargia ou
depressão. Poliúria e polidipsia não foram relatados9.
A queixa da tutora também consistia na coloração da urina da coelha,
que apresentava-se vermelha. Cuidados devem ser tomados durante a avaliação
do aspecto da urina nestes animais. A urina normal do coelho possui porfirinas e
pode variar a coloração, de amarelo opaco ao vermelho alaranjado ou marrom,
assemelhando-se a pus ou sangue1, levando a uma interpretação errônea. De
forma contrária, uma coelha com piometra terá de sangue em sua urina
proveniente do útero10,8, podendo passar como normal quando não avaliada
juntamente com outras alterações clínicas.
A temperatura retal estava levemente aumentada, dando indícios de
início de quadro febril. Os sinais gerais de doença infecciosa incluem hipertermia,
letargia e anorexia11. Na palpação, facilitada pela musculatura fina e flácida5,
evidenciou-se desconforto na região mesogástrica.
O exame hematológico apresentou como anormalidade a heterofilia6,9. As
alterações hematológicas e bioquímicas observadas em coelhos, relacionadas à
infecção bacteriana, não são similares às encontradas em outros mamíferos. Os
coelhos com infecções bacterianas podem não mostrar um aumento na
contagem total de leucócitos. Ao invés disso, a contagem relativa de heterófilos
pode aumentar e ser responsável por mais de 90% da contagem total de
leucócitos11. Os eritrócitos nucleados também podem ser vistos em coelhos com
infecções bacterianas agudas11, porém não foram relatados neste caso.
O diagnóstico por imagem é importante na avaliação e confirmação do
aumento dos cornos uterinos, assim como a presença de massas e estruturas
percebidas no exame clínico5. Neste caso, excluiu-se a presença de urólitos
vesicais, cistos endometriais ou massas uterinas, confirmando o diagnóstico de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

piometra.

A cirurgia de OSH é o tratamento de eleição para a piometra. Apesar do


tratamento adequado, relata-se uma morbidade de 5% a 8% e mortalidade de
4% a 20% em cães, não tendo estatísticas para a espécie descrita5. Não se
encontrou em literatura descrição do uso de aglepristone para piometra em
coelhos, apenas como abortiva12. O medicamento é indicado para piometra
aberta em cães e gatos7. Não foram observados efeitos colaterais ou adversos à
medicação12.
CONCLUSÃO
O uso do anti-progestágeno aglepristone é eficaz para o tratamento
conservativo de piometra aberta em coelhas.
REFERÊNCIAS
1. Harkness J, Wagner J. Biologia e Clínica de Coelhos e Roedores. 3a ed.
São Paulo: Roca;1993.
2. Aguilar R, Hernández SM, Hernández SJ. Atlas de medicina, terapêutica e
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2004.
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9. Quesenberry KE, Carpenter JW. Ferrets, rabbits and rodents – clinical
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10. Anmedin(R). Infecções uterinas em coelhos [cited 2019 20 de abril].
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11. Hess L. Practical Emergency/Critical Care of the Pet Rabbit. Proceedings of
the Atlantic Coast Veterinary Conference; 2002; AtlanticCity.
12. Gogny A, Fiéni F. Aglepristone: A review on its clinical use in animals.
Theriogenology.2016;85(4):555-66.
PIROPLASMOSE EM EQUINO
PIROPLASMOSIS IN A HORSE

Julia Broers1, Thais Poltronieri dos Santos2, Histefânia Costa Alves3,


Josyanne Rodrigues de Freitas 3, Luciana Ramos Gaston Brandstetter4

¹ Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO, juliabroers@hotmail.com


² Residente em Clínica e Cirurgia de Equinos, FMVZ, USP, São Paulo, SP.
3
Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

4
Docente de Clínica de Equinos, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: theileria equi, carrapato, parasita eritrocitário


Keywords: theileria equi, tick, erythrocytic parasite

INTRODUÇÃO
A piroplasmose equina é uma doença causada pelos protozoários
intraeritrocitários Babesia caballi e Theileria equi. Os vetores são os carrapatos
1,2
dos gêneros Dermacentor, Hyalomma e Rhipicephalus . Tanto os parasitas
quanto os vetores são endêmicos em regiões de clima tropical e subtropical,
3
como o Brasil; a ocorrência da doença é descrita em todo o país .
Os sinais clínicos são variáveis, os animais podem se apresentar de forma
assintomática, ou apresentar febre, anemia, icterícia, edema, hemoglobinúria e,
2
em alguns casos, a doença pode causar a morte . A Babesia caballi ocorre com
a inoculação, por meio do repasto do carrapato, dos esporozoítos, que por sua
vez penetram nos eritrócitos, para assim formar os merozoítos. Estes se
multiplicam nas células infectadas, caracterizando a doença. Já a Theileria equi
apresenta uma forma de infecção aos linfócitos do hospedeiro, através dos
4
esporozoítos, para depois infectar as hemácias na forma de merozoítos .
O diagnóstico presuntivo pode ser realizado por meio do histórico do
animal, sinais clínicos e exames laboratoriais. Testes sorológicos, reação em
cadeia da polimerase (PCR) e ensaio de imunoabsorção enzimática competitiva
por inibição (cELISA) tem o objetivo de confirmar o diagnóstico da
2,5,6
enfermidade . Este trabalho tem como objetivo descrever um caso de
Theileriose em um equino.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG) um equino, fêmea, Quarto de
Milha, com sete anos e 415 quilogramas de peso corporal. O equino foi
encaminhado por um médico veterinário, que informou que o animal encontrava-
se anêmico, com pigmentúria e icterícia. Na propriedade havia recebido
tratamento para piroplasmose com imidocarb (2,0 mg/kg IM cada 24 horas por
três dias), e para leptospirose com estreptomax (30 mL dose única). Entretanto,
o equino permanecia com os mesmos sinais. A égua vivia ao pasto e não havia
infestação evidente por carrapatos.
Ao exame clínico geral, o animal apresentava-se alerta, com frequência
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

cardíaca de 50 batimentos por minuto, frequência respiratória de 20 movimentos


respiratórios por minuto, mucosas ictéricas, tempo de preenchimento capilar
maior que dois segundos, leve desidratação, motilidade intestinal adequada nos
quatro quadrantes e temperatura retal de 37,8ºC.

Um hemograma revelou alterações em hemácias, 1,79 x106/µL (6,80-

12,90 x106/µL), hemoglobina 4,0 g/dL (11-19 g/dL), hematócrito 11% (32-53%) e
volume corpuscular médio (VCM) 61,5 fL (37-58 fL). Observou-se, também,
anisocitose e macrocitose discretas, além da presença de acantócitos. A análise
bioquímica revelou índices elevados de aspartato amino transferase (AST) 542
UI/L (152-294 UI/L), bilirrubinas totais de 4,77 mg/dL (0,50 – 2,10 mg/dL),
bilirrubina direta de 1,15 mg/dL (0,0-0,40 mg/dL), bilirrubina indireta 3,62 mg/dL
(0,30-1,70 mg/dL) e creatinoquinase (CK) 6490 UI/L (113-333 UI/L); a creatinina
sérica apresentava-se dentro dos valores de referência para a espécie (1,09
mg/dL).
Diante do histórico, sinais clínicos e achados laboratoriais, realizou-se o
diagnóstico presuntivo de piroplasmose, apesar de não ter sido observada a
presença do parasita no exame direto de esfregaço sanguíneo. No dia seguinte,
o animal recebeu 4,0 mg/kg de dipropionato de imidocarb (divididos em duas
doses, com intervalo de 12 horas), via intramuscular, a cada 72 horas,
totalizando quatro aplicações. Previamente a todas as aplicações de imidocarb
foram aplicados 0,3 mg/kg de hioscina, via intravenosa, para prevenir possíveis
sinais de cólica. Nos dias subsequentes o equino apresentou pigmentúria e
recebeu fluidoterapia de suporte com Ringer com Lactato.
Após três dias de internação, os exames laboratoriais evidenciaram
6 6
hemácias 2,36 x10 /µL (6,80-12,90 x10 /µL), hemoglobina 5,4 g/dL (11-19
g/dL), hematócrito 15% (32-53%) e VCM 63,6 fL (37-58 fL); observou-se
também anisocitose intensa, macrocitose discreta e plasma bastante ictérico. À
análise bioquímica observou-se valores de AST de 527 UI/L (152-294 UI/L),
bilirrubinas totais de 3,08 mg/dL (0,50-2,10 mg/dL), bilirrubina direta de 1,15
mg/dL (0,0-0,40 mg/dL), CK de 4987 UI/L (113-333 UI/L), creatinina de 1,56
mg/dl (0,50-1,70 mg/dl) e bilirrubina indireta de 2,62 mg/dL (0,30-1,70 mg/dL). A
urina colhida na micção natural do animal apresentava uma coloração amarelo
citrino, de aspecto límpido e com o odor característico. Entretanto, não foi
possível realizar a urinálise.
Houve melhora progressiva na coloração das mucosas e, após doze dias
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

de internação, esta se apresentava pálida. Um novo hemograma evidenciou

hemácias 3,02 x106/µL (6,80-12,90 x106/µL), hemoglobina 7,2 g/dL (11-19 g/dL),
hematócrito 21% (32-53%) e VCM 69,5 fL (37-58 fL). Os achados das análises
bioquímicas mostraram que todos os valores que encontravam-se elevados
previamente, estavam retornando gradativamente aos valores de referência.
O equino apresentou melhora clínica e laboratorial satisfatória após o
tratamento indicado para Theileriose equina. Então, doze dias após a internação,
o animal recebeu alta hospitalar, com a recomendação de realização de exames
hematológicos semanais.

DISCUSSÃO
A piroplasmose é uma afecção de grande importância em medicina
equina, já que é considerada uma doença parasitária de alta ocorrência no
2,6,7
país , devido ao clima tropical e subtropical, o qual beneficiam o
desenvolvimento dos vetores e dos parasitas. A enfermidade ocasiona hemólise,
por isso o animal pode apresentar como sinais clínicos anemia, icterícia (de
5
origem pré-hepática) e hemoglobinúria , o que corrobora com os sinais descritos
no paciente equino do presente relato.
O animal apresentava coloração ictérica das mucosas e
hiperbilirrubinemia à avaliação bioquímica; as alterações correlacionam-se à
anemia hemolítica, uma vez que há aumento de bilirrubina não conjugada no
sangue, evidenciando uma icterícia de origem pré-hepática. Observou-se
também anisocitose e macrocitose, o que demonstra indícios hematológicos de
resposta medular; além de presença de acantócitos, que por sua vez
correspondem a hemácias com projeções em forma de espinho, comumente
8,9
observados em animais com anemia e hepatopatia , como o paciente do caso
supracitado.
O diagnóstico presuntivo da enfermidade foi realizado com base no
histórico, sinais clínicos e exames laboratoriais; entretanto, o diagnóstico
definitivo poderia ter sido realizado por meio de reação em cadeia da polimerase
2
(PCR) e ensaio de imunoabsorção enzimática competitiva por inibição
3
(cELISA) .
8
O tratamento realizado na propriedade com dipropionato de imidocarb de
2,0 mg/kg, IM, a cada 24 horas por três dias, trata-se da posologia recomendada
para o tratamento da Babesia caballi. No hospital veterinário o animal recebeu a
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

dosagem de 4,0 mg/kg de dipropionato de imidocarb, a cada 72 horas, que é o


tratamento adequado para a Theileria equi.

CONCLUSÃO
A piroplasmose ainda é uma doença que acomete muitos animais,
principalmente em locais de clima tropical e subtropical, como é o caso do Brasil.
Este relato reforça a importância dos cuidados preventivos, como o controle de
ectoparasitas, e especialmente a necessidade do tratamento adequado para o
sucesso terapêutico e prognóstico favorável para a enfermidade.

REFERÊNCIAS
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equi and Babesia caballi using microscopic and molecular methods in horses
in suburb of Urmia, Iran. Veterinary Research Forum. 2014; 5 (2) 129-133.
2. Nogueira RMS, Silva AB, Sato TP, de Sá JC, Santos ACG, Amorim Filho EF,
Vale TL, Gazêta GS. Molecular and serological detection of Theileria equi,
Babesia caballi and Anaplasma phagocytophilum in horses and ticks in
Maranhão, Brazil. Pesq. Vet. Bras. 2017. 37(12):1416-1422.
3. Wise LN, Kappmeyer LS, Mealey RH, Knowles DP. Review of Equine
Piroplasmosis. J Vet Intern Med. 2013. 27:1334–1346.
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equinos alojados no Jóquei Clube de São Paulo por meio da técnica de C-
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Zootecnia; 2009.
5. Baldani CD, Nakaghi ACH, Machado RZ. Occurrence of Theileria equi in
horses raised in the Jaboticabal microregion, São Paulo State, Brazil. Rev.
Bras. Parasitol. Vet. 2010; v. 19, n. 4, p. 228-232.
6. NV. Ocorrência de Theileria equi congênita em potros Puro Sangue Lusitano
no Brasil, diagnosticada através da técnica de RT-PCR. [tese]. São Paulo:
Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia;
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http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/factsheets.php.
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Missouri: Elsevier; 2018. 1488p.
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Clinical Chemistry, 2nd ed; Wiley-Blackwell; 2012. 776p.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ENCEFALOPATIA POR PRIVAÇÃO HÍDRICA E ALIMENTAR PROLONGADAS


– RELATO DE CASO
ENCEPHALOPATHY DUE TO PROLONGED WATER AND FOOD
PRIVATION – CASE REPORT

Amanda Luísa Carvalho Vieira¹, Vitor Eduardo Arantes de Barros2, Karolina


Martins Ferreira3, Adilson Donizeti Damasceno4

¹2 Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás; carvalhoamandavet@gmail.com.


Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.
3
Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.
4
Docente do Departamento de Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.

Palavras chaves: hipoglicemia, isquemia,


choque Keywords: hypoglycemia, ischemia,
shock

INTRODUÇÃO
O metabolismo aeróbico neural necessita de alta quantidade de ATP e,
por isso, requer grandes quantidades de glicose e oxigênio,cujo o aporte é
garantido pelo fluxo sanguíneo constante face à capacidade limitada de
armazenamento do tecido neural de tais nutrientes1,2,3.Assim, a privação hídrica e
alimentar prolongada que gera hipovolemia e hipoglicemia pode comprometer o
suprimento energético do sistema neural1,4.
Dessa forma, em casos de privação orgânica de glicose e oxigênio,
desencadeia-se dano celular geral grave e as primeiras células afetadas são os
neurônios1, que se mostram demasiadamente sensíveis à hipóxia e, em
consequência, desenvolvem lesões irreversíveis em poucos minutos de escassez
de energia1,2.
O objetivo deste trabalho é relatar um caso de encefalopatia em um
cão, causada por privação hídrica e alimentar prolongado, a fim de melhor
compreensão da fisiopatogenia envolvida no processo, dado que
encefalopatias por essas causas são raras.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e
Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, um cão, macho, sem raça
definida (SRD), não castrado, de aproximadamente 8 anos, pesando 7,35 kg,
cuja queixa era de que o animal apresentava andar em círculos. O paciente
tinha sido resgatado de uma casa abandonada há mais de 30 dias e tinha
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

permanecido sem cuidados básicos por 40 dias no local onde foi abandonado
pelo antigo proprietário.
À anamnese, o atual proprietário relatou que quando resgatado, o
animal estava caquético, severamente desidratado e inconsciente. Havia sido
levado a uma clínica veterinária, onde permaneceu sob cuidados intensivos
por 3 dias. Ademais, o proprietário afirmou que o paciente não apresentava
resposta quando era chamado, colidia em obstáculos ao caminhar, andava a
maior parte do tempo em círculos com poucos trajetos em linhas retas e não
conseguia se alimentar ou ingerir água por conta própria.
Não se sabia o histórico de vacinação do paciente e não havia sido
realizada qualquer desverminação pelo novo tutor. Após perceber a presença
de ectoparasitas, foi realizada a aquisição de Fluralaner comprimido, contudo,
até o dia da consulta não havia sido feito a administração do referido
medicamento.
Ao realizar o exame físico, o paciente estava em depressão, com
mucosas pálidas e secas e escore corporal caquético (1/9). À avaliação
neurológica,observou- se andar em círculos compulsivamente e tremores de
cabeça e pescoço. O paciente ainda mostrava ausência de resposta à
ameaça em ambos os olhos, nistagmo horizontal leve em ambos os olhos,
enoftalmia,déficit proprioceptivo, diminuição leve do reflexo de retirada em
todos os membros, fraqueza muscular e atrofia generalizada.
Foi solicitado os seguintes exames laboratoriais: hemograma,
dosagem de creatinina, alanina aminotransferase, bilirrubinas e proteínas
plasmáticas totais. Não foram constatadas alterações marcantes nos
resultados dos exames laboratoriais do paciente, à exceção de anemia pois o
resultado da contagem de hemácias foi 5,10 x 106/uL (ref.: 5,50-8,50 x
106/uL).
De acordo com os achados de anamnese, avaliação clínica, exames
laboratoriais foi diagnosticado de forma presuntiva, lesão encefálica
decorrente de hipoglicemia e desidratação prolongadas.

DISCUSSÃO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Como pode se depreender, o paciente é um cão cujo histórico é


marcado por um completo desamparo por cerca de 40 dias. O cão descrito
permaneceu sob privação hídrica e alimentar prolongados, que resultou
provavelmente em grave dano neural por hipoglicemia e desidratação, cuja
descrição quanto à recuperação são pouco relatadas na literatura.
As lesões hipoglicêmicas no Sistema Nervoso Central (SNC) são
dependentes da taxa de declínio da glicose sanguínea e o grau e duração da
hipoglicemia5. A hipoglicemia, neste caso, foi de declínio lento e,
provavelmente, de longa duração, suficientes para desencadear o quadro
neurológico apresentado.
Apesar da escassez de informação literária em casos de hipoglicemia
prolongada por maus tratos, adota-se que a fisiopatogenia seja semelhante
àquelas causadas por outras enfermidades de declínio lento, as quais geram
principalmente sinais clínicos de alterações comportamentais, alteração do
estado mental, convulsões, disfunção visual e fraqueza generalizada5, que
confluem com parte dos sinais apresentados pelo paciente aqui descrito, que
foram andar em círculos, andar compulsivo, resposta ameaça ausente em
ambos os olhos, nistagmo horizontal leve e discretos déficits proprioceptivos e
do reflexo de retirada em todos membros.
O animal aqui descrito, foi creditado como tendo sofrido de choque
hipovolêmico, pelo tempo prolongado de jejum hídrico e, tal alteração induziu
isquemia global do SNC, acarretando em necrose neuronal, tumefação de
astrócitos e alterações na bainha de mielina 1,2. Da mesma forma, em
pacientes hemodinamicamente comprometidos, há menor retirada de
metabólitos tóxicos do sistema neural, o que favorece também a lesão
neuronal1.
O paciente aqui descrito, previamente foi submetido a fluidoterapia por
um profissional e, sabe-se que há uma segunda onda de lesão neuronal por
reperfusão em pacientes que sofrerão de isquemia, o que ainda agrava mais
o caso. No entanto, o tratamento é recomendado mesmo com tais
consequências1.
Os sinais que o animal apresentava eram andar em círculos e
demência, que são condizentes com lesão telencefálica, já os sinais de
tremores de cabeça e pescoço, são condizentes com alterações cerebelares.
Acerca disso, a literatura aborda que o córtex cerebral é o mais sensível,
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

seguido de córtex cerebelar, núcleos da base e núcleos talâmicos1.


Os sinais de nistagmo horizontal são condizentes com lesão em
tronco encefálico e os déficits de reflexo de retirada refletem em lesão em
medula espinhal.
Essas alterações foram discretas, e podem ser explicadas pelo fato de
que neurônios localizados no tronco encefálico e medula espinhal são os
mais resistentes à alterações circulatórios e de hipoglicemia 6.

CONCLUSÃO
Animais submetidos a privação alimentar e hídrica por longos
períodos desenvolvem sinais clínicos encefálicos e podem permanecer com
sequelas que abrangem todas as grandes áreas do SNC, isto é,
prosencéfalo, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal.

REFERÊNCIAS
1. Vandelve M, Higgins RJ, Oevermann A. Veterinary neuropathology essentials of
theory and practice. Oxford: Wiley-Blackwell; 2012. 38p.
2. Cheville NF. Introdução à patologia veterinária, 3a ed. Buassaly F, tradutora. São
Paulo: Manole;2009.
3. Valente DP, Cardoso LP, Lamounier AR, Ferreira LFL. Acidente vascular cerebral
em cão – relato de caso. Pubvet. 2012; 6(25).
4. Gouveia PB. Adordagem das síndromes hiper e hipoglicemiantes em cães –
revisão de literatura. Brasília – DF: Universidade de Brasília faculdade de agronomia
e medicina veterinária; 2018 [acesso 03 mar 2019]. Disponível em:
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/21304/1/2018_PaolaBlanckGouveia_tcc.pdf
5. Dewey CW, Da Costa RC. Practical Guide to Canine and Feline Neurology. 3rd
edition. Wiley-Blackwel; 2015. p. 189-190.
6. Carlton WW, McGavin MD. Patologia Veterinária Especial de Thomson. 2ª edição.
Barros CSL, tradutor. Porto Alegre: Artmed; 1998. p. 369-373.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

REDUÇÃO DE PROLAPSO RETAL COM AMPUTAÇÃO DE SEGUIMENTO DO


RETO EM OVINO- RELATO DE CASO

REDUCTION OF RETAL PROLAPSE WITH CHEST SEGMENT AMPUTATION IN


SHEEP- CASE REPORT
Leydianne Candeiras da Silva1; Mariana Rodrigues Rocha1; Histefânia Costa Alves2;
Ana Kellen Lima de Queiroz3; Antônio Dionísio Feitosa Noronha Filho3, Luiz Augusto de
Souza3

1
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; leydiannecandeiras@yahoo.com.br
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3
Professor no Departamento de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: cirurgia, dorper, caudectomia


Keywords: surgery, dorper, caudectomy

INTRODUÇÃO
Prolapso retal é definido como uma saliência ou eversão da mucosa retal pelo
ânus. O tecido evertido torna-se edematoso, o que evita a retração espontânea ao canal
pélvico, e sua exposição continuada causa escoriação, sangramento, dessecação e
1
necrose . Pode ser classificado como incompleto, quando somente a mucosa estiver
envolvida, ou completo, quando toda a circunferência do órgão e suas camadas estão
2
prolapsadas .
Muitos fatores são predisponentes: sexo, idade, condição física, dieta,
3
comprimento da cauda, tosse e diarréia crônica . Sabe-se que a cauda curta resulta
numa maior incidência de prolapso de reto em ovinos, porém muitos criadores de
2,4
ovelhas realizam a caudectomia completa para melhorar a estética do animal . Além
disso, a caudectomia interfere na musculatura do esfíncter anal, pois as primeiras quatro
vértebras coccígeas estão inseridas nessa região, e quando elas são removidas os
2,3
músculos não têm onde seancorar .
O diagnóstico é feito a partir do histórico, sinais clínicos e exame físico. O
tratamento e o prognóstico dependem da causa, do grau de prolapso, da cronicidade e
se é um prolapso recidivante. Se for agudo e estiver com o mínimo de dano tecidual e
1,6.
edema a redução pode ser manual com auxílio da anestesia Quando o tecido retal
estiver traumatizado ou desvitalizado, recomenda-se a ressecção e anastomose, e caso
6,7
volte a se repetir pode-se realizar a técnica de colopexia .
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Assim, esse relato teve como objetivo descrever a técnica cirúrgica de


amputaçãode reto em ovino com prolapso recidivante.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, um paciente ovino, fêmea, da raça Dorper, 41 kg, um
ano de idade, cuja queixa principal do proprietário foi a eversão da mucosa retal do
animal.
Ao exame físico foi observado que uma porção do reto havia prolapsado de
maneira completa. Devido a exposição da mucosa o prolapso apresentava-se
edemaciado e com lacerações. Não foram observadas outras alterações dignas de nota
durante a realização do exame físico. Exames laboratoriais foram realizados e os
resultados encontrados apresentavam-se dentro dos valores de referência para a
espécie. Para correção do prolapso, optou-se pelo tratamento cirúrgico. Após cuidados
pré-operatórios e anestésicos, o paciente foi encaminhado para o bloco cirúrgico e
submetido a anestesia geral.
Foi realizado tricotomia e assepsia da região perianal e lavagem do tecido
evertido. O animal foi posicionado em decúbito ventral com a pelve elevada por
almofadas. Durante o procedimento foi colocado na porção prolapsada do reto duas
agulhas peridurais em formato de xis (X) que atravessava todas as camadas e a luz do
intestino prolapsado. Tal manobra foi realizada a fim de promover a ancoragem do
segmento exposto. O prolapso foi seccionado logo caudal a esses pontos. A secção foi
feita por camadas e a hemostasia realizada com pinças hemostáticas e ligadura dos
vasos calibrosos. Após a completa secção foi realizada sutura em padrão Wolf para
anastomose de toda a circunferência com fio poliglactina 910 nº 2.0, com posterior
sutura simples contínua para unir mucosa interna com a externa. As agulhas de
ancoragem foram retiradas e a região de anastomose foi introduzida para dentro do
ânus.
No pós-operatório foi prescrito anti-inflamatório por três dias. No dia posterior
voltou a prolapsar e foi realizado redução digital. No terceiro dia de pós-operatório houve
a necessidade de realizar uma sutura em bolsa de tabaco devido a recidiva do prolapso.
Após o procedimento foi realizada antibioticoterapia e analgesia. Foi observado que o
animal estava apresentando disquesia, e após dois dias foi retirada a bolsa de tabaco,
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

fazendo com que novamente voltasse a prolapsar. Evidenciou-se uma região muito
edemaciada e com áreas de necrose, sendo necessária uma nova intervenção cirúrgica.
Um novo procedimento cirúrgico foi realizado, com o mesmo preparo e técnica da
anterior, e após secção da porção afetada, ao invés da sutura em Wolf, foi utilizado
sutura simples separada com fio poliglactina 910 n° 2.0, para anastomose das mucosas.
Também foi colocado uma seringa no lúmen retal que auxiliou na sutura em bolsa de
tabaco realizada com fio de náilon nº 2.0. No pós-operatório, foram administrados três
dias de anti-inflamatório, além da realização de enemas diários. Administrou-se óleo
mineral por via oral, e com a alteração do manejo nutricional retirando-se o feno e
passando a oferecer grama e concentrado permitiu-se a produção de fezes mais
pastosas. Após 10 dias do procedimento foi retirado a sutura em bolsa de tabaco e não
mais foi observado o prolapso.

DISCUSSÃO
4
Animais caudectomizados são predispostos ao prolapso retal . Informações
sobre histórico, assim como o exame clínico são importantes para o diagnóstico, pois a
causa primária dos casos de prolapsos deve ser identificada a fim de estabelecer o
1 1,2
tratamento e prognóstico . Segundo alguns autores as anastomoses intestinais devem
ser realizadas com pontos simples isolados a fim de não promover áreas isquêmicas e
necróticas. Acredita-se que o uso da sutura em padrão Wolf no primeiro procedimento
cirúrgico associado às recidivas do prolapso por não utilizar a sutura em bolsa de tabaco
interferiu no processo cicatricial.
O manejo da alimentação e o uso de emolientes fecais devem ser utilizados
1,2,6
entre duas e três semanas após a ressecção retal . O objetivo do referido manejo é
deixar as fezes mais pastosas e facilitar a defecação, sem que haja esforço pelo animal.
Tais condutas minimizam as complicações pós-cirúrgicas como hemorragias e
deiscência de pontos. Cabe ressaltar que foram executadas somente após a segunda
intervenção.
6,7
Alguns autores citam ainda possibilidade de utilizar a técnica de colopexia em
casos de recidiva e nesse caso poderia ter sido empregada essa técnica já que foram
realizadas várias tentativas com manobras de redução não cirúrgica. Porém optou-se
por uma nova intervenção cirúrgica utilizando padrões de suturas não isquemiantes e
sutura em bolsa de tabaco imediatamente após a ressecção da porção prolapsada do
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

reto.

CONCLUSÃO
A técnica cirúrgica de ressecção do prolapso utilizando sutura não isquemiante,
associado à sutura em bolsa de tabaco e concomitantemente com o pós-operatório
adequado foram eficiente no tratamento do prolapso retal recidivante em um ovino da
raça Dorper.

REFERÊNCIAS
1. Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2014.1640p.
2. Oliveira GK, Oliveira CK, Raiser AG, Silva SV, Mônaco F. Colopexia em ovinos da
raça Dorper com prolapso retal. Cienc. Rural. 2009;39(2):479-483.
3. Schoenian S. Rectal prolapse: a complex problem with many contributing factors.
Maryland: [editora desconhecida], 2006. Apresenta informação para produtores de
ovinos e caprinos. [acesso 23 abr 2019]. Disponível em:
https://www.sheepandgoat.com/rectalpro.
4. Thomas DL, Waldron GD, Lowe GD, Morrical GD, Meyer HH, High RA, Berger YM,
Clevenger DD, Fogle GE, Gottfredson RG, Loerch SC, McClure KE, Willingham TD,
Zartman DL, Zelinsky RD. Length of docked tail and the incidence of rectal prolapse in
lambs. J Anim Sci. 2003;81:2725-2732.
5. Bulgin, MS. Taildocks. United Suffolk Sheep Association. Caldwell, Idaho, 2006.
[acesso 23 abr 2019]. Disponível em: http://u-s-s-a.org/Dec05Jan06Health.htm.
6. Slatter DH. Manual de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole; 2007.
2806p.
Silva TRO, Heck CF, Veloso CS, Nascimento FP, Vier LT, Serafini GMC. Prolapsos em
pequenos animais. PubVet. 2017;11(3):285-289.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

PROSTATITE ABSCEDANTE EM CÃO - RELATO DE CASO


PROSTATIC ABSCESSATION IN DOG - CASE REPORT

Iago Martins Oliveira1; Danieli Brolo Martins2, Naida Cristina Borges2; Luiz Augusto de
Souza2; Marco Augusto Machado Silva2; Bruno Benetti Junta Torres2
1
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
iago.vetufg@gmail.com
2
Docente no Departamento de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: Inflamação, próstata, omentalização


Keywords: Inflammation, prostate, omentalization

INTRODUÇÃO
A próstata é uma glândula acessória do trato reprodutor masculino e nos cães
está em desenvolvimento contínuo sob estimulação androgênica 1. As doenças prostáticas
são comuns na clínica médica de cães e cursam com sinais variados que podem causar
alteração na qualidade seminal, desconforto abdominal discreto, disquezia, tenesmo,
disúria e, em situação mais graves, abdômen agudo 2.
Abscessos prostáticos podem ocorrer por ascendência de infecção bacteriana
resultante da redução dos mecanismos de defesa da uretra ou de forma secundária à
prostatite supurativa3. O diagnóstico é importante para triagem da modalidade terapêutica
adequada e, dessa forma, anamnese detalhada, exame físico geral, palpação retal e
exames de imagem são utilizados. O tratamento consiste na eliminação do estímulo
androgênico por orquiectomia, terapia antibiótica baseada em cultura e testes de
sensibilidade antimicrobiana e, caso o abscesso seja maior que um centímetro, indica-se
a drenagem4,5.
O objetivo deste trabalho é relatar um caso de prostatite abscedante em cão, as
complicações associadas a condição clínica e o tratamento cirúrgico por meio da
omentalização prostática.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, um cão, Shih Tzu, macho, castrado, com quatro anos de
idade e 2,5 quilogramas. De acordo com o relato do tutor durante a anamnese, havia
cerca de dois dias que o animal apresentava inapetência e urina avermelhada. Ao exame
clínico inicial verificaram-se prostração e discreta sensibilidade à palpação abdominal em
região hipogástrica.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Foram solicitados hemograma, perfil bioquímico hepático e renal, urinálise e


ultrassonografia abdominal. Nesses exames, constataram-se anemia normocítica
normocrômica, leucocitose neutrofílica com desvio à esquerda regenerativo, hematúria e
leucocitúria discretas. Ao exame ultrassonográfico verificaram-se aumento do volume
prostático, ecogenicidade elevada, ecotextura heterogênea com estrutura anecoica de 0,5
centímetros x 0,5 centímetros, compatível com abscesso.
Dessa forma, foi recomendado tratamento cirúrgico para afecção prostática.
Entretanto, mediante a condição clínica do paciente foi recomendado transfusão pré-
operatória e em um novo hemograma realizado, os sinais de hemólise, esferocitose,
aglutinação e toxicidade celular foram evidenciados. Após avaliação cuidadosa e diante
do quadro de anemia hemolítica imunomediada, foi instaurada terapêutica
imunossupressora com prednisolona 2 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas associado ao
uso de enrofloxacino 5mg/kg, por via oral, a cada 12 horas.
Decorrido 15 dias de tratamento com redução gradual da dose do corticosteroide,
percebeu-se melhora clínica e laboratorial e, diante disso, o paciente foi encaminhado
para cirurgia. Após preparo cirúrgico e anestésico realizaram-se celiotomia mediana
retroumbilical, divulsão dos tecidos, localização e isolamento da próstata. Não foi
necessária a ostectomia do púbis. Posteriormente, realizou-se perfuração ventrolateral na
cápsula do abscesso com a lâmina de bisturi nº15 e aspiração do conteúdo. Em seguida,
fez-se biópsia incisional e omentopexia com a extremidade livre do omento. Essa fixação
foi feita com fio poliglecaprone nº 3-0 em quatro pontos simples separados. A cavidade
abdominal foi lavada com solução fisiológica 0,9% aquecida na dose 100mL/kg. Para
síntese dos tecidos, utilizou-se fio polidioxanona nº 2-0 em padrão simples contínuo na
celiorrafia, fio poliglecaprone nº 3-0 em padrão intradérmico na redução do espaço
subcutâneo e fio náilon nº 3-0 em padrão simples separado na dermorrafia.
No pós-operatório foram prescritos, enrofloxacino (Zelotril®, Agener União,
Guaçu, SP), 5 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas durante 5 dias; cloridrato de tramadol
(Tramal®, Pfizer, São Paulo, SP), 2 mg/kg por via oral, a cada 8 horas, durante 3 dias;
meloxicam (Flamavet®, Agener União, Guaçu, SP), 0,1 mg/kg, por via oral, a cada 24
horas, durante 3 dias e dipirona (Dipirona®, Neo Química, Anápolis, GO), 25 mg/kg, por
via oral, a cada 8 horas. Os pontos foram removidos após 10 dias.
O exame histopatológico foi compatível com lesão necro-hemorrágica, edema e
infiltrado linfocitário. A reavaliação clínica foi feita após 10 dias e foi dada alta médica.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISCUSSÃO
O paciente do caso aqui relatado tinha quatro anos de idade no momento em que
o diagnóstico foi realizado, diferente da faixa etária de animais idosos descrita como mais
comumente acometida por abscedação prostática5. Clinicamente, foram observados
sinais que corroboram com aqueles relacionados à infecção de origem bacteriana e
formação de conteúdo supurativo sem ruptura5.
Aos exames laboratoriais foi determinado que o paciente possuía alterações
compatíveis com processo inflamatório, provavelmente associado a infecção com
resposta medular efetiva, inflamação do trato urinário inferior e anemia hemolítica
imunomediada. Algumas dessas alterações são descritas na literatura e subsidiam o
diagnóstico, tais como leucocitose por neutrofilia, hemólise levando a anemia e alterações
na urinálise5,6. Porém, ao contrário das informações dadas por Christensen6 as
mensurações séricas de enzimas de perfil bioquímico estavam no valor de referência para
espécie. Os achados ultrassonográficos foram compatíveis com a explanação6 de lesões
delimitadas com conteúdo anecogênico ou hipoecogênico e cápsula hiperecoica.
Foi optado por drenagem do conteúdo por meio de celiotomia seguido de
omentopexia. Além disso, também são recomendados para tratamento de prostatite
abscedante6 drenagem percutânea guiada por ultrassom, utilização de dreno de Penrose,
marsupialização prostática e, em casos mais graves, prostatectomia total ou subtotal.
Uma porção livre do omento foi fixada com suturas simples separadas após drenagem e
excisão capsular. O que corrobora a indicação de tal procedimento como primeira escolha
visto que o omento fornece suprimento vascular, linfático, favorece a penetração de
antibióticos, além de ter menores possibilidades de complicações trans e pós-
operatórias6.

CONCLUSÃO
As prostatopatias podem determinar importantes alterações sistêmicas que
interferem no prognóstico dos pacientes. A utilização da técnica de omentalização
prostática é uma excelente alternativa curativa para o tratamento de prostatite abscedante
em cão, devendo esta opção ser considerada para a espécie.

REFERÊNCIAS
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

1. Teske E, Naan EC, Vandijk EM. Canine prostate carcinoma: epidemiological


evidence of an increased risk in castrated dogs. Mol Cell Endocrinol.
2002;197(12):251-255.
2. Smith J. Canine prostatic disease: a review of anatomy, pathology, diagnosis, and
treatment. Theriogenology. 2008;70(3):375-83.
3. Freitag T, Jerram RM, Walker AM. Surgical management of common canine
prostatic conditions. Compend Contin Educ Vet. 2007;29(11):656-662.
4. Apparício M, Vicente WRR, Pirez EA, Mostachio GQ, Ribeiro APC, Covizzi GJ,
Gadelha CRF, Carvalho MB. Omentalização prostática em cães. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science. 2006;43(6):754-761.
5. Bray JP, White RAS, Williams JM. Partial Ressection and Omentalization: A New
Technique for Management of Prostatic Retention Cysts in Dogs. Veterinary Surgery.
1997; 26(4):202-209.
6. Christensen BW. Canine Prostate Disease. Vet Clin Small Anim. 2018;48(7):701-
719.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

SARCOMA HISTIOCÍSTICO DISSEMINADO EM CÃO- RELATO DE CASO


DISSEMINATED HISTYOCITC SARCOMA IN DOG- CASE REPORT

Liana Késia Costa Araújo1, Laís diPaulie Taborda Prado2, Brunna Rocha Adorno3, Eric
Saymom Andrade Brito4, Moema Pacheco ChediakMatos5

1
Discente em Medicina veterinária, EVZ,UFG, Goiânia, GO; lianakesiasz@gmail.com
2
Discente em Medicina veterinária, EVZ,UFG, Goiânia, GO
3
Residente do Setor de Patologia Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO
4
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO
5
Professora Doutora em Patologia Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: neoplasia, histiócito, canino


Keywords: neoplasm,histiocyte, canine

INTRODUÇÃO
O sarcoma histiocítico é uma doença neoplásica que acomete os histiócitos. Nos
cães essa doença foi classificada em três categorias principais: o histiocitoma cutâneo;
as histiocitoses reativas(cística e cutânea); e o complexo do sarcoma histiocítico,
podendo este ser localizado oudisseminado1.
O sarcoma histiocístico disseminado é uma doença proliferativa maligna
caracterizada por infiltração de histiócitos neoplásicos2, de caráter agressivo e que atinge
múltiplos sistemas corpóreos, tendo como característica, a presença de processos
neoplásicos nos mais diversos órgãos. Sendo que o baço,pulmão e medula óssea são
considerados locais primários. Já nos gânglios linfáticos, fígado dentre outros órgãos são
observadas lesões secundárias2,3.
O objetivo do presente trabalho é descrever os achados anatomo-
histopatológicos de um caso de sarcoma histiocítico disseminado em cão.

DESCRIÇÃO DO CASO
Um cão da raça Schnauzer, fêmea de 10 anos de idade, foi submetida a exame
necroscópico após eutanásia. O animal tinha histórico de tosse intensa, progressiva
perda de peso e anorexia, no exame radiográfico foramconstatados: massa pulmonar,
pneumonia, hepatopatia,colestase e esplenomegalia. O hemograma revelou anemia. A
partir dos órgãos colhidos foram confeccionadas lâminas histopatológicas coradas
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

rotineiramente com Hematoxilina-Eosina.


Ao exame macroscópico externo as mucosas oculares encontravam-se pálidas e
a mucosa oral cianótica. Durante abertura do tórax havia uma massa pálida amarelada
de 12 cm ocupando o lobo cranial e médio do pulmão, local comum como sítio primário
para o aparecimento de histiosarcoma em cães4. O coração apresentava discreta
irregularidade e espessamento valvar emtricúspide.
Na abertura da cavidade abdominal, a vesícula biliar encontrava-se repleta. O pâncreas
encontrava-se envolvido por neoformação de coloração amarelada e de aspecto
multilobular. O baço apresentava áreas multifocais de neoformações pálidas em seu
parênquima. A adrenal apresentava-se aumentada esua superfície com aspecto
irregular. O fígado possuía coloração variando de vermelho pálido a escuro. Nos demais
órgãos não foram observadasalteraçõesimportantes.
Ao exame microscópico do pulmão observou-seproliferação neoplásica de
caráter maligno e na porção remanescente desse tecido, acentuada fibrose e atelectasia.
No coração havia edema, além de discreta congestão, já o fígado observou-se
acentuada congestão, assim como necrose de hepatócitos. Esse órgão apresentou
também acentuada colestase e presença de hemossiderina. Nas adrenais observou-se
múltiplas áreas de infiltração neoplásica semelhante àquelas observadas no tecido
pulmonar. No baço notou-se edema subcapsular difuso, acentuada hipoplasia de polpa
branca e presença de infiltração neoplásica semelhante à descrita anteriormente.
Observou-seacentuada proliferação neoplásicano pâncreas e no linfonodo mediastínico
semelhantes as observadas no pulmão.

DISCUSSÃO

A frequência do sarcoma histiocítico em cães é baixa quandocomparado com


neoplasias malignas de pele ou esplênicas 6. Quanto a raça descrita no presente caso,
não foram encontrados relatos que indiquem sua frequência, porém existem relatos a
predisposição genética em cães da raça BerneseMontain e em maior frequência em
pastor alemão, Golden retriever, Flat-coated Retriever7. Não encontrou-se na literatura
descrição de pré-disposição da doença quanto ao sexo, contudo, a idade relatada está
na faixa etária proposta, que é de 0 a 13 anos3.Os sinais clínicos comuns da doença são
anorexia, letargia e perda de peso, podendo ser observada também dispneia pelo
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

acometimento pulmonar, sendo estes observados no presente caso7.


O envolvimento de baço, pulmão, fígado, e linfonodo são característicos da
doença3. Salientando que os órgãos do sistema digestivo são bastante propensos a
serem locais de metástase de histiossarcomas 4. Achados microscópicos no pulmão,
como grande quantidade de células gigantes uni ou multinucleadas; a acentuada
anisocitose, anisocariose e pleomorfismo;o citoplasma volátil, de escasso a amplo de
coloração basofílica; o núcleo variando de redondo a ovalado, apresentando lobulações
e chanfraduras com cromatina ligeiramente rendilhada, além de,nucléolos múltiplos e
evidentes são coerentes com a literatura de características que tipificam tal neoplasia.
Infiltrações neoplásicas semelhantesforam encontradas no baço e linfonodo com
múltiplas áreas de necrose associadas a infiltrado inflamatório neutrofílico,
características histopatológicas que condizem com sarcoma histiocístico disseminado 3.
O sarcoma histiocístico tem como primeira característica clínica nódulos cutâneos, o que
pressupõe uma evolução do sarcoma histiocístico cutâneo para o sarcoma
histiocíticodisseminado2.No presente caso não houve tal evolução, apresentando a
paciente diretamente sinais clínicos compatíveis com o tipo disseminado, também os
resultados anato histopatológicos confirmam este diagnóstico. A literatura relataque tal
lesãotem prognóstico desfavorável, no presente caso,a média de sobrevidada paciente
foi de 30 dias apósdiagnóstico5.
A origem da proliferação histiocítica em cães, ainda não está totalmente
elucidada, contudo, estudos feitos com marcadores imunohistoquímicos tem mostrado

uma relação dessas células com a linhagem de células apresentadoras de antígeno


(dentrítica) e macrófagos.

CONCLUSÃO
Diante dos achados anatomo-histopatológicos patológicos em associação com
os exames complementares e histórico do animal sugere-se quadro de sarcoma
histiocítico disseminado. Neoplasia extremamente agressiva e deprognóstico
desfavorável e que deve ser levado em conta em atendimentos na rotina do médico
veterinário na clínica.

REFERÊNCIAS
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

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7. DOBSON, J. M. Breed-Predispositions to Cancer in Pedigree Dogs. ISRN

Veterinary Science,2013.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

SIALOADENECTOMIA EM CÃO COM SIALOCELE MANDIBULAR - RELATO


DE CASO
MANDIBULAR SIALOADENECTOMY IN DOG WITH SIALOCELE - CASE
REPORT
Iago Martins Oliveira1; Marcelo Figueiredo dos Santos e Reis2; Mariana Oliveira
Justo3; Felipe de Lima Simeoni4; Naida Cristina Borges5; Bruno Benetti Junta
Torres5
1
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO; iago.vetufg@
2
Médico Veterinário Mestrando em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3
Médica Veterinária Autônoma, Brasília, DF
4
Médico Veterinário Autônomo, Clínica Veterinária Hope, Goiânia, GO
5
Docente no Departamento de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: Ducto salivar, cisto, cirurgia


Keywords: Salivary duct, cyst, surgery

INTRODUÇÃO
A sialocele ou mucocele salivar consiste em acúmulo de secreção
mucinosa decorrente do extravasamento de saliva para o espaço intersticial
adjacente às glândulas e aos ductos salivares1. É caracterizada por aumento de
volume, com superfície regular lisa, bem delimita, uni ou bilateral, indolor e
flácida. Além disso, apresenta localização anatômica diversa que depende da
glândula afetada2,3.
A etiologia das mucoceles salivares pode estar relacionada a infecções,
traumas, obstruções ou ruptura de ductos, sialólitos, neoplasias, além da forma
idiopática4. Na maioria das vezes é assintomática, embora alguns animais
possam apresentar disfagia, movimentos anormais da língua e inapetência4,5.
O diagnóstico é baseado na anamnese, exame físico, citologia aspirativa
do líquido, radiografia e ultrassonografia. O tratamento pode ser feito de forma
conservadora por meio de drenagens periódicas ou por excisão glandular 3,5. Face
ao exposto, o objetivo do presente trabalho é relatar o uso da técnica de
sialoadenectomia para tratamento de sialocele de glândula mandibular em cão.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás, um cão, macho, castrado, da raça Shih Tzu,
com 7 kg e cinco anos de idade. A queixa principal do tutor foi o aparecimento de
aumento de volume não progressivo na região cervical esquerda.
Durante o exame clínico, os parâmetros fisiológicos estavam inalterados
e foi observada tumefação subcutânea flutuante e não dolorosa em região
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

cervical ventral esquerda. Face ao quadro clínico, suspeitou-se de sialocele


mandibular. Foram solicitados como exames complementares radiografia e
ultrassonografia cervicais, hemograma e perfil bioquímico hepático e renal por
meio da mensuração sérica de alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina
(FA), ureia e creatinina.
O exame ultrassonográfico evidenciou conteúdo anecogênico com
dilatação de ducto salivar, heterogeneidade e aumento da glândula mandibular
esquerda. O exame radiográfico descartou possibilidade de sialolitíase e as
demais análises estavam dentro do intervalo de referência para a espécie.
Posteriormente, foi feita análise citológica do líquido coletado da região afetada, o
qual possuía aspecto hipocelular, mucinoso de coloração amarelada e viscosa.
Com base nas informações obtidas, foi estabelecido o diagnóstico de sialocele
mandibular esquerda e o paciente foi encaminhado para realização de tratamento
cirúrgico.
Foi realizada incisão cutânea ventral ao canal auditivo no sentido dorso
caudal ao ângulo da mandíbula. Promoveu-se divulsão cuidadosa dos tecidos e a
hemostasia foi executada por meio de eletrocoagulação e em vasos mais
calibrosos, sutura em padrão colchoeiro cruzado com fio poliglecaprone nº 3-0. A
fáscia muscular foi incisada o que promoveu exposição glandular.
Posteriormente, realizou-se dissecação das glândulas mandibular e sublingual
até o ramo lingual do nervo trigêmeo, ligadura ductal com fio poliglecaprone nº 3-
0 e transecção do complexo ducto-glândula. Por fim, a região foi lavada com
solução fisiológica 0,9% aquecida. Para síntese, o subcutâneo foi reduzido com
fio poliglecaprone nº 3-0 em padrão intradérmico e a dermorrafia feita com fio
náilon nº 3-0 em padrão simples seprado. Foi implantado sistema de drenagem
passiva com dreno de Penrose no aspecto ventral de ferida cirúrgica.
No quarto dia pós-operatório o dreno foi removido e após 10 dias do
procedimento os pontos de pele foram removidos. A reavaliação foi feita após 60
dias e o paciente não apresentou recidiva.

DISCUSSÃO
O paciente do presente relato apresentou mucocele da glândula
mandibular esquerda, tal como a descrição5 de maior prevalência de sialoceles
cervicais em pacientes caninos. Não foi possível determinar a causa,
principalmente porque o paciente aqui descrito não possuía histórico de
traumatismos prévios e a radiografia cervical descartou litíases, em contrapartida
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

à afirmação de maior associação dessa doença com obstruções ou rupturas


secundárias a sialólitos4,6.
A sialodenocentese realizada foi compatível com material pobre em
celularidade, de aspecto mucinoso e turvo. Todavia, normalmente a análise
citológica demonstra infiltrado macrofágico vacuolizado, células coalescentes e
polimorfonucleares7. Os achados ultrassonográficos nesse caso se assemelham
com o descrito por Kealy et al.8 para sialoceles caracterizadas por área com
conteúdo anecoico e ausência de floculação.
O tratamento realizado nesse caso foi a sialoadenectomia das glândulas
mandibular e lingual, o que corrobora com a indicação de eleição dessa
modalidade cirúrgica3,5,7. Não houve intercorrências no pré e transoperatório e a
divulsão tecidual foi executada de forma meticulosa com cuidado especial para
não haver incisão acidental da cápsula glandular e extravasamento de conteúdo
no sítio cirúrgico. Sabe-se que a exérese das glândulas salivares é um
procedimento simples, rápido, efetivo e, quando não há contaminação por saliva,
as infecções são raras2. A técnica utilizada foi associada a um sistema de
drenagem passiva no pós-operatório com remoção após quatro dias, bem como
indica-se drenos de Penrose ou com pressão negativa5. Não foi observada
deiscência de sutura ou seroma, diferente de alguns casos reportados em que foi
observado xerostomia, interferência na deglutição e grande quantidade de
seroma5.

CONCLUSÃO
A técnica de sialoadenectomia é eficaz na correção de sialocele de
glândula mandibular e possibilita remoção efetiva do complexo ducto-glândula.

REFERÊNCIAS

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persistent parotid sialocele. British Journal of Oral and Maxillofacial
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5. Fossum TW. Cirurgias do Sistema digestório. In: Radlinsky MG. Cirurgia de


pequenos animais: 4. ed. São Paulo: Roca; 2014. p.222-405.
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mucocele in a Shi Tzu dog. BMC Veterinary Research. 2012;8(13):2-5.
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de glândulas salivares no tratamento da sialocele cervical em cão - relato
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Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. p.447-453
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TERAPIA ANTITROMBÓTICA EM CADELA COM MASTOCITOMA E


ADENOCARCINOMA MAMÁRIO

ANTI-THROMBOTIC THERAPY IN DOG WITH MAST CELL TUMOR AND


MAMARY ADENOCARCINOMA
Vitor Eduardo Arantes de Barros1, Guilherme Pinheiro Santos1, Aline
Vanessa estrela Dantas1, Cibelle Cunha dos Santos1, Vilma Ferreira de
Oliveira2, Adilson Donizeti Damasceno3
1
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG,
Goiânia, GO; vbarros.vet@gmail.com
2
Médica Veterinária responsável pelo setor de Oncologia Clínica do Hospital Veterinário, EVZ,
UFG, Goiânia, GO;
3
Docente do Departamento de Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, Goiás.

Palavras-Chave: Câncer, Clopidogrel,


Heparina Key-Words: Cancer, Clopidogrel,
Heparin

INTRODUÇÃO
Várias condições podem induzir a formação trombos venosos e artérias, e
consequente tromboembolia, dentre elas estão a Anemia Hemolítica Imuno-
Mediada, Pancreatite, administração de glicocorticoides, Hiperadrenocorticismo,
Cânceres, Sepse, Doenças Cardíacas, entre outros 1. As neoplasias que
comumente levam a quadros de hipercoagulabilidade e consequente trombose e
tromboembolias, são os adenocarcinomas, no entanto, o uso de anticoagulantes
de forma rotineira não é recomendado, a menos que existam fatores
predisponentes à formação de trombos identificados1. Os principais fármacos
presentes no Brasil utilizados para a prevenção da formação de trombos são a
Aspirina, Clopidogrel, Warfarina e Heparina2.

O objetivo deste trabalho é descrever o caso de uma cadela que foi


submetida à terapia antitrombótica no pré-operatório imediato e no pós-
operatório de cirurgia de mastectomia unilateral total e nodulectomia simples.

DESCRIÇÃO DO CASO

Foi encaminhado para o setor de cirurgia do Hospital Veterinário da


Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, um cão,
fêmea, de 9 anos de idade, para ser submetida a cirurgia de mastectomia
unilateral total e nodulectomia simples. A paciente possuía neoformação
mamária em mama abdominal caudal esquerda, de aproximadamente
5,0x4,0x3,0cm, não alopécico, não ulcerado, de superfície irregular,
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

firme à palpação e que à citologia era sugestivo de adenocarcinoma mamário, com


infiltrado de mastócitos, sendo classificado como de estágio III. Além disso, a
paciente possuía neoformação entre mama torácica e mama abdominal cranial
direitas, de aproximadamente 1,0x1,5cm, em placa, alopécico, hiperêmico, cujo
diagnóstico citológico foi de mastocitoma de baixo grau, e graduado como
mastocitoma em estágio I.

O animal estava sendo tratado para mastocitoma com prednisona na dose de


2mg/Kg, por via Oral (VO), a cada 24 horas(SID), por 30 dias, e nos 10 dias
anteriores da cirurgia, a dose de prednisona era de 1 mg/Kg, VO, SID. gavia
trombocitose que variava de intensa a moderada nos exames precedentes à cirurgia,
sendo o valor de plaquetas mais próximo à cirurgia, de 629.000/µL. Devido à
corticoterapia e trombocitose, optou-se pela realização de terapia antitrombótica.
Cerca de 30 minutos antes do início do procedimento cirúrgico, foi aplicado no
animal Cefazolina na dose de 25mg/kg, por via intravenosa (IV), Heparina 150 UI/Kg
por via subcutânea (SC), Difenidramina 2mg/Kg IV e Dexametasona 0,3 mg/Kg IV.
Fez- se primeiro a mastectomia unilateral total, e em seguida realizou-se a
nodulectomia simples do tumor compatível com mastocima de baixo grau.
A mastectomia foi realizada da seguinte forma, fez-se a incisão adjacentes às
mamas inguinais esquerdas, em seguida, localizou-se e fez-se a ligadura de artérias e
veias epigástricas caudais com fio poliglicólico 2-0, seguida de sua secção. Fez-se
ligadura de artérias e veias perivulvares com o mesmo fio, e continuou a incisão
paramamária em pele até as mamas torácicas. Em seguida, retirou-se as mamas e a
fáscia muscular do músculo reto abdominal dorsal à mama abdominal caudal, onde
estava localizado a neoformação. Subsequentemente, foi feita a ligadura das artérias
e veias epigástricas craniais. Para redução de tecido subcutâneo foram realizadas
suturas em padrão Walking e em padrão Cushing com fio poliglicólico 0. A dermorrafia
foi feita em padrão de ponto separado simples com fio Nylon 3-0.

A exérese do tumor entre M1 e M2, foi feito com incisão circular, com margem
cirúrgica de 3 centímetros, seguida de ressecção de musculatura dorsal à
neoformação. Após isso, realizou-se a redução de tecido subcutâneo em padrão
simples contínuo com fio poliglicólico 3-0, e dermorrafia com fio nylon 3-0 em padrão
simples separado. A dose de Cefazolina (25mg/kg) foi repetida após um hora e meia
de cirurgia. Foram colhidas amostras das duas neoformações citadas e submetidas à
análise histopatológica. A paciente foi enfaixada para compressão e evitar
sangramentos exagerados no pós- operatório imediato.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Para as primeiras 24 horas do pós-operatório, prescreveu-se heparina na dose


de 150 UI/Kg, SC, a cada 12 horas (BID), Cefazolina na dose de 25 mg/kg, IV, BID,
Tramadol na dose de 3 mg/Kg, por via intramuscular (IM), a cada 8 horas (TID) e
Dipirona na dose de 25 mg/kg, IV, TID. Para casa, foram prescritos Clopidogrel para
manipular na dose de 1mg/Kg, VO, SID, Cefalexina na dose de 25 mg/Kg, VO, BID,
Prednisona na dosagem de 0,5 mg/Kg, VO, SID, por 5 dias, após isso, dar a cada 48
horas, e após 8 dias cessar, Dipirona na dose de 25mg/Kg, VO, TID, Tramadol na
dose de 3 mg/Kg, VO, TID, e, recomendada a utilização de Clorexidine Spray para
realizar a limpeza da ferida.

A paciente retornou em 15 dias após o procedimento cirúrgico para retirada de


pontos, e tutora relatou que não houveram complicações pós-operatórias. Ao exame
físico da ferida cirúrgica notou-se que estava completamente cicatrizado e não se
detectou nenhuma anormalidade na paciente. Até o momento da confecção deste
trabalho as análises histopatológicas não haviam sido realizadas.
DISCUSSÃO

A terapia antitrombótica nesse caso foi feita pelo fato de a paciente estar sendo
submetida à corticoterapia, para tratamento do mastocitoma 3, e possuir trombocitose
moderada, que são dois fatores de risco à formação de trombos e tromboembolia 1.

No pré-operatório imediato e nas primeiras 24 horas do pós-operatório, foi


prescrito heparina como agente antitrombótico, que é uma medicação facilmente
administrada pelas vias intravenosas e subcutâneas2, o que é propício para o
ambiente da internação. A dose prescrita foi de 150 UI/Kg por via subcutânea a cada
12 horas, a qual pode variar de 150-300 UI/Kg e ter o intervalo reduzido até de seis
em seis horas2, no entanto, devido ao procedimento cirúrgico ser de grande extensão,
optou-se por um intervalo maior e colocação de faixa abdominal para compressão
vascular, a fim de evitar sangramentos.

O Clopidogrel tem sido utilizado como um bom agente antitrombótico administrado


por VO em cães e gatos2, no entanto, suas apresentações comerciais não permitem a
sua administração em animais de pequeno porte, para tanto, faz-se necessário a
utilização da manipulação medicamentosa, como recomendado neste caso.

Apesar da corticoterapia ser um fator importante no retardamento da


cicatrização de feridas4, no paciente aqui descrito houve completa cicatrização em 15
dias recebendo corticoterapia, o que pode ser explicado pelo fato de que foi realizada
a manobra de desmame da prednisona, o que não gerou efeitos adversos e
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

possibilitou a redução sérica de glicocorticoides.

CONCLUSÃO

Pacientes com adenocarcinomas são mais predispostos à quadros de


hipercoagulabilidade. A utilização de Heparina no ambiente do hospital veterinário, e
o clopidogrel para ser utilizado em casa, configuram bons fármacos para a terapia
antitrombótica em cães em estado de hipercoagulabilidade submetidos à cirurgia.
REFERÊNCIAS
1. Laforcade A, Bacek L, Blais MC, Goggs R, Lynch A, Rozanski E. Consensus
on the Rational Use of Antithrombotics in Veterinary Critical Care (CURATIVE):
Domain 1 – Defining populations at risk. J Vet Emerg Crit Care. 2019; 29: 37-48
2. Blais MC, Bianco D, Goggs R, Lynch AM, Palmer L, Ralph A, Sharp CR.
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(CURATIVE): Domain 3 – Defining antithrombotics protocols. J Vet Emerg Crit Care.
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Prognosis of Cutaneous Mast Cell Tumors In Dogs. Investigação. 2018; 17 (1): 01-15
4. Surgery Of The Intertegumentary System. In: Fossum TW. Small Animal Surgery.
5ªed. Elsevier: Philadelphia. 2019. 182.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ALTERAÇÕES LABORATORIAIS EM UM CÃO COM ANEMIA HEMOLÍTICA


IMUNOMEDIADA - RELATO DE CASO

LABORATORY CHANGES IN A DOG WITH IMMUNE-MEDIATED HEMOLYTIC


ANEMIA- CASE REPORT

Thaís Salci1, Nadjanaira Barbosa Abrão2, Iago Martins Oliveira3, Pedro Henrique
Passos Nascimento4, Danieli Brolo Martins5

1Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; thaissalci1@gmail.com


2Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO. 2
3Residente COREMU, EVZ, UFG, Goiânia, GO 2

4Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: esferócitos, aglutinação, imunoglobulinas

Keywords: spherocytes, agglutination, immunoglobulins

INTRODUÇÃO
A anemia hemolítica imuno-mediada (AHIM) é uma causa comum de anemia
em cães. Esta se caracteriza pela destruição direta ou fagocitose das hemácias
opsonisadas por anticorpos e/ou complemento1. A primária ocorre quando os
anticorpos são direcionados às hemácias normais e neste caso o termo correto a ser
empregado é Anemia Hemolítica Autoimune (AHAI). Já a anemia secundária, ou
AHIM, ocorre pela ação de fatores que predispõem a deposição de imunoglobulinas
na superfície das hemácias tais como neoplasias, agentes infecciosos ou
medicamentos2,3.
Os sinais clínicos frequentes na AHIM incluem fraqueza, intolerância ao
exercício, apatia, anorexia, taquipneia, dispneia, vômito, diarreia, icterícia e
ocasionalmente poliúria e polidipsia4. O diagnóstico é baseado em exames
laboratoriais que disponibilizam ao clínico veterinário indícios de uma AHIM como
esferocitose, aglutinação e sinais de regeneração5. Outro teste como o de
antiglobulina direta (Coombs) também é utilizado na rotina veterinária6.
Assim, esse relato de caso tem como objetivo abordar a importância dos
exames laboratoriais na detecção e monitoramento da AHIM com enfoque em um
paciente canino que desenvolveu essa alteração a partir da erlichiose.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESCRIÇÃO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás (EVZ-UFG), uma fêmea canina, castrada, da raça Pit
Bull Terrier, com 10 anos e 32 kg. De acordo com tutor, há cerca de 5 dias, o animal
apresentou fraqueza muscular e dificuldade respiratória.
Durante o exame clínico verificou-se prostração, mucosas discretamente
ictéricas, tempo de preenchimento capilar de 3 segundos, temperatura retal 39,7°C,
frequência cardíaca de 120 bpm, frequência respiratória de 68 mpm, aumento de
volume no quadrante abdominal cranial esquerdo e ausência de abdominoalgia. Não
foram verificadas outras alterações dignas de nota. Diante disso, suspeitou-se de
hemoparasitose e/ou neoplasia esplênica e, então, foram solicitados hemograma,
pesquisa de anticorpos para Ehrlichia sp. por SNAP 4Dx Plus Test® e avaliação
parasitológica direta em lâmina, perfil bioquímico hepático e renal e ultrassonografia
abdominal.
Dentre os exames solicitados, observou-se, no eritrograma, anemia
macrocítica hipocrômica e um hematócrito de 17%, abaixo dos valores de referência
para a espécie. Ademais, no primeiro hemograma realizado o animal exibiu
anisocitose, macrocitose, policromasia, corpúsculo de Howell-Jolly, macroplaquetas,
linfócitos reativos, presença de neutrófilos hipersegmentados e tóxicos. No
leucograma foi relatado leucocitose por neutrofilia com desvio à esquerda
regenerativo e monocitose. Já no plaquetograma foi constatada trombocitopenia. Não
foi possível a obtenção do resultado do perfil bioquímico, haja vista o soro ter se
mostrado intensamente ictérico. O teste rápido se apresentou positivo para erlichiose.
Após dois dias, foi realizado um novo hemograma o qual demonstrou intensa
esferocitose e rouleaux. Diante disso, realizou-se aglutinação em solução salina que
resultou positiva.
Depois de 20 dias após a terapia imunossupressora, o animal foi reavaliado e
não foram verificadas alterações clínico-laboratoriais significativas, o que ressaltou a
importância dos exames laboratoriais para o acompanhamento clínico do animal.

DISCUSSÃO
Os sinais clínicos que o paciente apresentou, tais como febre, prostração,
4,7.
mucosas ictéricas e desidratação são recorrentes no desenvolvimento da AHIM A
icterícia é derivada da anemia hemolítica visto que cada molécula de heme liberada
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

das hemácias por hemólise é metabolizada em uma molécula de bilirrubina, a qual em


altas concentrações leva a este sinal clínico 8.
A anemia caracterizada no presente trabalho como macrocítica hipocrômica
indica a liberação na circulação sanguínea de hemácias jovens. Outros fatores que
dão indícios dessa regeneração e, consequentemente da integridade da função da
medula óssea, foram o aparecimento de anisocitose policromasia, corpúsculo de
Howell-Jolly e metarrubrícitos6. Apesar desses achados, é necessário que seja
realizada a contagem de reticulócitos para confirmar a regeneração, visto que a AHIM
geralmente exibe alto grau reticulocitose. Contudo, em alguns casos, a anemia é
arregenerativa devido à formação de anticorpos contra precursores das hemácias1,9.
Outrossim, notou-se a presença de esferócitos. Estas são alterações muito comuns
da AHIM, pois nesta condição há perda da membrana eritrocitária sem que haja
redução no seu volume. Desta maneira, estas células apresentam-se com formato
esférico e diâmetro reduzido, o que faz com que pareçam microcíticas e não
apresentem o halo de palidez central comum à espécie canina6.
Além dessa deformidade eritrocitária, o teste de aglutinação em solução salina
positiva é altamente sugestivo de AHIM e está relacionado à presença de IgM ou
grandes quantidades de IgG. Entretanto, ressalta-se que uma aglutinação negativa
somente é capaz de afirmar que o animal não possui anticorpos aglutinantes, não
excluindo a suspeita de AHIM1.
Acredita-se que o leucograma inflamatório com desvio à esquerda descrito
neste caso se deva ao processo infeccioso gerado pela Ehrlichia sp. Quando ocorre
uma infecção, um grande número de neutrófilos é necessário para eliminar os
microrganismos. Para compensar seu consumo, a medula óssea aumenta a produção
e libera neutrófilos jovens na circulação10. Outra alteração pertinente é o reduzido
número das plaquetas, a qual é comum de ser observada nesta doença em todos os
estágios, ou seja, na forma aguda, subclínica ou crônica11.
As alterações no hemograma acompanhadas pelo teste de aglutinação em
solução salina e os sinais clínicos sugerem fortemente o diagnóstico. Ainda, a
presença de um resultado positivo para Erlichia sp. a partir do SNAP 4Dx Plus Test
indicou a provável causa da AHIM, já que é muito comum o desenvolvimento desta
anemia nessas situações12.

CONCLUSÃO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

A AHIM deve ser diagnosticada de forma precoce e precisa. Portanto, os exames


complementares, tais como hemograma e o teste de aglutinação em solução salina são
muito importantes para seu diagnóstico. Nesse contexto, achados característicos como
esferócitos, aglutinação, baixo hematócrito e uma anemia macrocítica hipocrômica são
imprescindíveis no direcionamento do clínico veterinário. Ressalta-se, ainda, que esses
testes são de suma importância na rotina clínica visto que são rápidos e economicamente
viáveis para o tutor.

REFERÊNCIAS
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cães e gatos com AHIM. Acta Scientiae Veterinariae, 2017, vol. 45, 1-12.
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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TRANSPOSIÇÃO CORNEOCONJUNTIVAL PARA TRATAMENTO DE SEQUESTRO


CORNEANO EM FELINO: RELATO DE UM CASO

CORNEOCONJUNCTIVAL TRANSPOSITION TO FELINE CORNEAL SEQUESTRUM


TREATAMENT: A CASE REPORT

Igor Henrique Vieira1, Amanda Ferreira de Jesus1, Lidiana Cândida Piveta2, Aline Maria
Vasconcelos Lima3

1
Graduando em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; igor_hv@hotmail.com
2
Doutoranda em Ciência Animal, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: necrose, córnea, gato


Keywords: necrosis, cornea, cat

INTRODUÇÃO
O sequestro de córnea representa uma área de necrose de coagulação no
estroma corneano1, caracterizado por uma placa circular de cor castanha a preta, na região
central ou paracentral da córnea2. Acomete principalmente felinos, mas já foi descrito em
cães e cavalos3,4. A patogênese exata não é esclarecida, mas acredita-se que o sequestro
corneano se desenvolva como uma resposta inespecífica à lesão corneana crônica2.
O tratamento da afecção geralmente requer a intervenção cirúrgica para cessar a
progressão da lesão e permitir a cicatrização corneana5. A técnica cirúrgica tipicamente
envolve uma ceratectomia primária para remover o tecido doente e um procedimento de
enxerto secundário para fornecer suporte à córnea afetada6.
As técnicas cirúrgicas relatadas incluem a ceratectomia superficial associada ou
não ao flap da membrana nictitante, transplante conjuntival, ceratoplastia lamelar ou
penetrante, transposição corneoconjuntival e transplante de membranas biológicas 7.
Dentre essas técnicas, a transposição corneoconjuntival, têm demonstrado ser um
tratamento eficaz para o sequestro de córnea felino com bons resultados no pós-
operatório a longo prazo8. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi relatar um caso
de sequestro corneano bilateral em um gato, tratado através da transposição
corneoconjuntival.

DESCRIÇÃO DO CASO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Uma gata da raça Persa, de sete anos, não castrada, pesando 5,5 Kg, foi atendida
no serviço de Oftalmologia do Hospital Veterinário – Universidade Federal Goiás, com
manifestação de lesão e lacrimejamento acentuado em olho direito nos dois meses
anteriores à consulta. A paciente já tinha histórico de ceratite ulcerativa com perfuração em
olho esquerdo havia um ano. O animal apresentava normorexia, normodipsia, normoúria e
normoquesia. A vacinação e desverminação estavam atualizadas. Foi reportado o teste
negativo para FIV e FELV quando filhote.
Na avaliação oftalmológica, os dois olhos demonstraram reação à ameaça
negativa, reflexos palpebral e fotopupilar positivos. A leitura do teste lacrimal de Schirmer
foi 15mm/min e 17mm/min em olho direito e esquerdo, respectivamente. Não houve
impregnação pela fluoresceína, enquanto que o teste de rosa bengala foi positivo
bilateralmente em ambos os olhos. A pressão intraocular (PIO) foi de 6mmHg em olho
direito e 7 mmHg em olho esquerdo. No olho direito, constatou-se hiperemia conjuntival e
opacidade corneana paracentral com aspecto de placa enegrecida. Em olho esquerdo
visibilizou-se em estroma corneano opacidade com centro denso e coloração amarronzada
em borda inferior e medial, assim como vascularização corneana. Não houve alterações no
exame físico geral. O diagnóstico foi sequestro corneano bilateral, com indicação de
tratamento cirúrgico para o olho direito.
O protocolo anestésico constou na utilização de acepromazina, meperidina e
prometazina como medicação pré-anestésica. Para indução da anestesia utilizou-se
propofol e a manutenção foi realizada com isoflurano. Após a antissepsia com solução de
iodo a 2%, aposição dos panos de campo cirúrgicos, as pálpebras foram abertas com
blefarostato. Sob o microscópio cirúrgico, com auxílio de bisturi nº 11, o tecido corneano
comprometido pelo sequestro foi removido, criando-se um defeito estromal na córnea. Em
seguida, ainda com bisturi, foram feitas duas incisões levemente divergentes partindo do
defeito estromal criado em direção ao limbo, estendendo-se até a conjuntiva bulbar.
Iniciou-se a dissecção do pedículo corneano separando cuidadosamente o epitélio/estroma
anterior do estroma profundo. Em nível de limbo e conjuntiva bulbar, prosseguiu-se a
dissecção utilizando tesoura de tenotomia, separando a conjuntiva bulbar a cápsula de
Tenon. A extensão do pedículo criado foi o suficiente para seu deslizamento e
acomodação no defeito estromal criado pela retirada do sequestro. Após a acomodação do
pedículo, foram feitas suturas com fio seda 8-0 em padrão simples interrompido. Ao final do
procedimento foi realizado um recobrimento de terceira pálpebra, utilizando-se fio nylon 2-
0, e aposição de dois pontos captonados na pálpebra superior temporal. Para o pós-
operatório, foram prescritos uma gota a cada quatro horas de moxifloxacino colírio e
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

de EDTA 0,35% colírio, uma gota a cada 72 horas de atropina 1% colírio, durante 15 dias.
Como medicação sistêmica, 8mg/Kg de cefovecina subcutânea em dose única, 0,1mg/Kg
de meloxicam via oral a cada 24 horas por três dias e 2mg/Kg de cloridrato de tramadol a
cada oito horas por cinco dias. Foi recomendando ainda o uso do colar elizabetano.
Foram realizados retornos nos dias 1, 10, 17, 35 e 42, após a cirurgia (dia 0). O
recobrimento de terceira pálpebra foi retirado no dia 10 pós-operatório, e os pontos
corneanos foram retirados no dia 42 pós-operatório. Ao final dos 42 dias, houve
cicatrização completa da lesão corneana, que apresentava aspecto transparente. O
paciente está sendo acompanhado há três anos, sem recidiva do sequestro corneano no
olho direito; e com quadro estável, sem inflamação, dor ou progressão do sequestro
corneano do olho esquerdo.
DISCUSSÃO
Os sinais clínicos e as alterações no exame oftalmológico observadas no caso
relatado são compatíveis com o descrito na literatura para o sequestro corneano felino 8,9. O
diagnóstico foi instituído mediante a observação da placa corneana enegrecida, tida como
sinal patognomônico para a enfermidade. Raças de gatos como o Persa possuem
conformação craniana que provoca maior exposição do bulbo ocular, lagoftalmia e entrópio
medial1, todas essas características corroboram para ocorrência do sequestro corneano, e
foram observadas na paciente do presente relato.
A lesão decorrente da ceratectomia profunda requer a utilização de uma técnica
cirúrgica complementar para sustentação da córnea afetada. A opção pela transposição
corneoconjuntival se deu mediante os benefícios apresentados pelo procedimento. A
técnica possibilita um suprimento contínuo de sangue para a área afetada e fornece uma
fonte imediata de tecido estromal da córnea para preencher o defeito, sem requerer
materiais doadores10. Além disso, a transparência do enxerto permite a inspeção direta e o
monitoramento da córnea afetada8. Ademais, o fato de a técnica não precisar ser
amparada em um segundo procedimento para melhorar a clareza e a cosmese da córnea8,
viabiliza sua realização.
O transplante corneoconjuntival resulta em opacificação corneana mínima em
comparação com outras técnicas cirúrgicas usadas para tratar sequestros de córnea 8,
como pode ser observada na paciente. Algumas técnicas, como a ceratoplastia e utilização
de materiais de xenoenxerto, também são relatadas com melhores resultados de
transparência corneana em comparação com enxertos conjuntivais11, entretanto
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

complicações como rejeição do enxerto e dificuldades na obtenção de materiais


doadores11 dificultam a sua utilização.
No caso descrito, após o período de três anos da cirurgia não houve recidiva
da lesão no olho operado, assim como não foi observado progressão do sequestro no
olho esquerdo. Esse resultado está de acordo com Andrew et al 2001, que relataram
17 sequestros corneanos felinos tratados com ceratectomia e transposição
corneoconjuntival sem sinais de recorrência, com um período de acompanhamento
entre 30 dias e 7 anos 8.
CONCLUSÃO
A transposição corneoconjuntival provê suporte físico e fluxo sanguíneo para a
córnea lesionada, contribuindo com o processo de regeneração corneana. Ademais,
por se amparar na utilização das estruturas oculares do próprio indivíduo e resultar
em menor opacidade na superfície corneana, a técnica se configura como um
procedimento de menor custo e com bons resultados na manutenção de um campo
visual adequado.
REFERÊNCIAS
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feline corneal sequestra. Vet Ophthalmol. 2005;8:295–303.
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dog. Vet Ophthalmol. 2008; 11: 211–214.
4. McLellan GL, Archer FJ. Corneal stromal sequestration and keratoconjunctivitis
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8. Andrew SE , Tou S , Brooks DE . Corneoconjunctival transposition for the
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Vet Oftalmol . 2001 ; 4 : 107 - 111 .
9. Sandmeyer LS, Bauer BS, Grahn BH. Diagnostic Ophthalmology. CVJ. 2015; 56:
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10. Graham KL, White JD, Billson FM. Feline corneal sequestra:
outcome of corneoconjunctival transposition in 97 cats (109 eyes). J Feline
Med Surg. 2017;19:710‐ 716.
11. Barachetti L , Giudice C , Mortellaro CM . Transplante de membrana amniótica
para o tratamento do seqüestro corneano felino: estudo piloto. Vet Oftalmol . 2010.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TUMOR DE CÉLULAS GRANULARES EM EQUINO - RELATO DE CASO

GRANULAR CELL TUMOR IN EQUINE - CASE REPORT

Mariana Fagundes Bento1, Plínio Azevedo Coelho1, Diego Pereira de Araújo1, Helder
Esteves Thomé2, Regiani Nascimento Gagno Porto1, Veridiana Maria Brianezi
Dignani de Moura1
1
Setor de Patologia Animal, Departamento de Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia
(EVZ), Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO, Brasil. marianafgbento@gmail.com
2
Assistente Agropecuário, Coordenadoria de Desenvolvimento Rural e Sustentável, Secretária da
Agricultura e Abastecimento, Tabapuã, SP, Brasil

Palavras-chave: neoplasia, pulmão, cavalo

Keywords: neoplasm, lung, horse

INTRODUÇÃO
O tumor de células granulares pulmonar em equinos é uma neoplasia
primária, comumente benigna, de origem mesenquimal, possivelmente originado das
células de Schwann ou de células com diferenciação neuroendócrina, tendo essa
nomenclatura devido ao citoplasma das células mostrar-se densamente granular1.
Os sinais clínicos são inespecíficos, como tosse crônica, intolerância ao
exercício, taquipneia, ruídos respiratórios e perda de peso. O diagnóstico definitivo
ocorre comumente após a morte, sendo que o quadro pode ser incompatível com a
vida a depender de fatores como a localização tumoral2,3. Este relato descreve o caso
de um equino acometido por tumor de células granulares pulmonar.

DESCRIÇÃO DO CASO
Um equino, fêmea, de 11 anos, quarto de milha, foi encaminhado para o
Centro de Diagnóstico Veterinário Especializado em São João da Boa Vista, SP,
apresentando alterações respiratórias crônicas. O animal foi submetido a toracotomia
exploratória lateral direita, havendo áreas de coloração esbranquiçada por toda
superfície pulmonar direita. Mediante o quadro clínico de agonia respiratória e da
análise da superfície pulmonar, optou-se pela eutanásia e exame anatomopatológico.
Ao exame necroscópico observou-se que o subcutâneo e a fáscia muscular
da região torácica exibiam áreas multifocais à coalescentes de petéquias e
equimoses, assim como nas pleuras parietal esquerda e direita. O pulmão esquerdo
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

apresentava formação tumoral em sua porção parenquimatosa. A massa pulmonar


encontrava-se no terço médio do lobo caudal esquerdo, sendo arredondada a
achatada, medindo 10x10x8 cm, de cor branca, consistência firme, superfície lisa e
regular, se elevando à superfície pulmonar.
Ao corte, a massa era composta por múltiplos lóbulos circulares firmes e
densos, esbranquiçados, separados por uma fina camada de tecido conjuntivo. O
tumor invadia a luz dos brônquios segmentares e subsegmentares próximos, os quais
ocluídos parcial ou totalmente. O pulmão direito apresentava múltiplos focos de
massa semelhante, porém menores, com até 4x4 cm, espalhados pelo parênquima
do lobo caudal direito, acompanhados de acentuada hemorragia peritumoral e
aprofundando o parênquima.
Na análise microscópica à coloração de HE, a massa do terço médio do lobo
caudal esquerdo referia-se a exuberante proliferação neoplásica, que se expandia
sobre o parênquima pulmonar, formando uma grande estrutura arredondada e
amplamente vascularizada. O estroma peritumoral era composto por densa camada
de tecido conjuntivo e múltiplas áreas hemorrágicas. As células neoplásicas
apresentavam-se pleomórficas, moderadamente coesas, sem bordos definidos, com
citoplasma abundante, densamente eosinofílico e finamente granular. O núcleo das
células era arredondado a oval, excêntrico, acentuadamente basofílico e com
cromatina densa. Havia anisocitose moderada e anisocariose discreta, com raras
figuras de mitose. O parênquima alveolar peritumoral apresentava atelectasia por
compressão, destruição dos septos alveolares e áreas de hemorragia e edema. Havia
ainda, acentuada congestão peritumoral e áreas aleatórias de proliferação de tecido
conjuntivo fibroso, principalmente ao redor de brônquios e bronquíolos peritumorais.
O mesmo padrão neoplásico e lesional foi observado nas demais amostras tumorais
colhidas. A coloração histoquímica ácido periódico-Schiff (PAS) marcou os grânulos
intracitoplasmáticos, assim como os testes imunoistoquímicos para S100 e vimentina
foram positivos.

DISCUSSÃO
O atendimento animais portadores de neoplasia na rotina clínica de equinos
pode variar de acordo com o tipo de estudo e realidade da região analisada. Ramos
et al.4, relataram a ocorrência de neoplasia em 8,39% dos casos atendidos e Carvalho
et al.5, encontraram 10,6%, sendo o sarcoide o principal tipo neoplásico. Já
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Baccarin et al.6, relataram 2%, sendo o carcinoma de células escamosas (CCE) o


principal tipo de tumor diagnosticado.
Anteriormente conhecido como mioblastoma de células granulares, o tumor
de células granulares foi descrito em seres humanos e, de acordo com Jiang et al. 7,
(2003), é raro, sendo relatados apenas 80 casos desde 1930. Na medicina
veterinária, Patnaik8 comparou diversos casos de animais (cães, gatos, cavalo e um
periquito) com diagnóstico de tumor de células granulares em diferentes regiões e
concluiu que, embora possam ser histologicamente semelhantes, esses podem ser de
origem distinta em cada espécie e região anatômica.
Em equinos, o tumor de células granulares pode ser considerado uma das
principais neoplasias pulmonares primárias. Contudo, possui casuística muito baixa
quando comparada àquela dos tumores pulmonares secundários como linfomas,
hemangiossarcomas, carcinoma de células escamosas, melanomas,
adenocarcinomas, sarcomas indiferenciados, entre outros9.
Essa neoplasia está associada às regiões peri e endobronquiais, podendo
formar massas salientes, uni ou multinodulares1, assim como ocorrera neste caso, as
quais se infiltram e expandem lentamente sobre s brônquios, podendo obstruir as vias
aéreas por compreensão do epitélio alveolar, oclusão da parede ou do lúmen
bronquial. Há relatos em que a neoplasia multinodular infiltrou até a bifurcação da
traqueia10. No caso aqui relatado a neoplasia exibia aparência expansiva e
circunscrita, crescendo adjacente a brônquios, causando compressão destes,
corroborando as descrições da literatura.
Microscopicamente as características dessa neoplasia referem-se ao grande
tamanho das células tumorais, que podem ser redondas a poligonais, de bordos
pouco definidos, citoplasma abundante e com inúmeros grânulos eosinofílicos, os
quais inspiram a designação da neoplasia. Outras características incluem anisocitose,
anisocariose e raras figuras de mitose1,2,10. Nesse sentido, os achados microscópicos
da neoplasia pulmonar do equino deste relato eram compatíveis com aqueles
descritas para o tumor de células granulares. Ainda, a coloração de PAS evidenciou
os grânulos citoplasmáticos característicos das células neoplásicas, bem como a
imunomarcação positiva para os anticorpos vimentina e S100, utilizados para
identificar células de origem mesenquimal e neuroectodérmica, respectivamente,
confirmaram a origem da neoplasia1,10.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

O tratamento comumente indicado para o tumor de células granulares é a


ressecção cirúrgica. Nesse contexto, Facemire et al.11, realizaram a ressecção
cirúrgica do lobo pulmonar de um equino com tumor granular e não observaram
recidiva. Entretanto, o equino desta descrição foi submetido à eutanásia, tendo em
vista o quadro clínico crítico e o extenso comprometimento do parênquima pulmonar.
CONCLUSÃO
O tumor de células granulares pulmonar equino é uma neoplasia primária
rara, cujo diagnóstico é essencialmente histopatológico, sendo necessária a análise
histoquímica e imunoistoquímica para sua confirmação. Considerando a sua baixa
ocorrência, a descrição deste caso contribui para aumentar o conhecimento acerca
desse tipo neoplásico entre os profissionais da área médico-veterinária.
REFERÊNCIAS
1. Wilson DW. Tumors of the Respiratory Tract. In: Meuten, D. J. Tumors in
Domestic Animals. 5º ed. Ames: John Wiley & Sons; 2017. 495-496 p.
2. Heesewijk NV, knowles EJ, Palgrave CJ, Mair TS. Treatment of a pulmonary
granular cell tumour by repeated transendoscopic diode laser photoablation. Eq
vet ed. 2015; 27(6):302-305.
3. Pusterla N, Norris AJ, Stacey BA, Smith P, Fielding CL, Moore RF, Watson JL.
Granular cell tumours in the lungs of three horses. Vet Rec. 2003; 153: 530-532.
4. Ramos AT, Souza AB, Norte DM, Ferreira JLM, Fernandes CG. Tumores em
animais de produção: aspectos comparativos. Ciên Rur; 2008; 38(1):148-154.
5. Carvalho FKL, Dantas AFM, Riet-Correa F, Andrade RLFS, Neto PIN, Neto
EGM, Simões SVD, Azevedo SS. Estudo retrospectivo das neoplasias em
ruminantes e equídeos no semiárido do Nordeste Brasileiro. Pesq vet bra. 2014;
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6. Baccarin RYA, Silva LCLC, Belli CB, Fernandes WR, Zoppa ALV. Ocorrência de
neoplasias em 15 anos de atendimento hospitalar de equídeos. Bra j of vet res
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7. Jiang M, Anderson T, Nwogu C, Tan D. Pulmonary malignant granular cell tumor.
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8. Patnaik AK. Histologic and immunohistochemical studies of granular cell tumors
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10. Caswell JL, Williams KJ. Respiratory System. Pathology of domestic animals, 6º
ed. Elsevier Saunders. 2015; 498.
11. Facemire PR, Chilcoat CD, Sojka JE, Adams SB, Irizarry AR, Weirich WE,
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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DEGENERAÇÃO MIXOMATOSA VALVAR EM CÃES - RELATO DE CASO

VALVAR MIXOMATOSA DEGENERATION IN DOGS - CASE REPORT

Ianka Barcelos Borges¹, Luiz Fernando Fernandes Dos Santos², Michelly Lorrayne
Costa Diniz2, Wilian Aires Gonçalves Junior³, Juliana Garcia Vieira Da Silva³

¹Discente em Medicina Veterinária, IUESO, Goiânia, GO; iankabarceloss@hotmail.com


² Discente em Medicina Veterinária, IUESO, Goiânia, GO
³ Médico Veterinário, INTENSIPET, Goiânia, GO

Palavras-chave: canino, cardiologia, endocardiose

Keywords: canine, cardiology, endocardiosis

INTRODUÇÃO
As cardiopatias são doenças crônicas bastante descritas em cães5. A maioria das
cardiopatias não possuem cura, mas são passíveis de controle, necessitando de
intervenções médicas e terapêuticas adequadas, principalmente quando há
processos crônicos e de envolvimento sistêmico. A degeneração mixomatosa valvar
(DMV), de etiologia desconhecida, é uma das patologias mais comuns entre os cães
de meia idade, sendo a causa de mais de 70% das insuficiências cardíacas6.

A endocardiose valvar acomete principalmente cães de raças pequenas com idade


igual ou superior a 10 anos, e mais de 30% desses animais demonstram sinais
clínicos de DMV3. As raças comumente envolvidas incluem o King Charles
CavalierSpaniel, Poodles Toy e Miniatura, Schnauzers Miniatura, Chihuahuas, Sptiz
Alemão, Fox Terrier, Cocker Spaniel, Pequinês, Dachshunds, Boston Terrier,
Pinscher Miniatura, e Whippets6,1.

É uma enfermidade com alta incidência na rotina do médico veterinário, este trabalho
tem o objetivo de relatar um caso de degeneração mixomatosa valvar em um cão.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido um canino, fêmea, castrada, sem raça definida, com 15 anos de idade,
pesando 7,6 kg. A queixa principal era de que há aproximadamente dois anos a
mesma apresentava tosse intensa e apresentava cansaço. O tutor relatou que o
animal apresentava episódios de cianose quando fica agitado, porém negou síncope,
dificuldade respiratória, convulsão e intolerância ao exercício. O tutor relata que o
animal vem apresentando diminuição do apetite e aumento na ingestão de água.
Vacinação e vermifugação atrasada.
Ao exame físico, o animal se apresentava bem, com atitude alerta, estado corporal
normal, pressão sistólica de 130mmHg, tempo de preenchimento capilar normal,
temperatura retal de 39ºC, mucosas normocoradas, pulso forte e padrão respiratório
ofegante. A auscultação revelou sopro sistólico em foco mitral (IV/VI) e tricúspide
(III/VI). Não foi observado frêmito, e ausculta pulmonar limpa.

Foram solicitados exames complementares: hemograma e bioquímicas séricas,


urinálise, ecodopplercardiografia e radiografia do tórax nas incidências laterolateral
esquerda e ventrodorsal. Os resultados de hemograma, bioquímicas séricas e
urinálise não apresentando alterações dignas de nota. Nos achados radiográficos
verificaram-se que a silhueta cardíaca apresentava configuração anatômica
aumentada e o valor obtido do VHS (Vertebral Heart Size) foi de aproximadamente
13,0. Adicionalmente, foi observado padrão pulmonar intersticial difuso, padrão
bronquial e padrão alveolar em áreas pulmonares hilar, perihilar e periférica de lobos
pulmonares.
No exame ecocardiográfico foi observado aumento do diâmetro do ventrículo
esquerdo (VE) em diástole (3,14cm), em sístole (1,19cm), e fração de encurtamento
aumentada. A válvula mitral degenerada e insuficiente. Sendo diagnosticada,
portanto, mixomatose valvar e insuficiência valvular mitral e tricúspide, sobrecarga
volumétrica de átrio e ventrículo esquerdo, hipertrofia excêntrica do ventrículo
esquerdo e disfunção diastólica grau I do ventrículo esquerdo.

O paciente foi classificado em estágio C1 de degeneração mixomatosa de valva mitral


e insuficiência da valva tricúspide2. Como tratamento foi prescrito Benazepril
0,3mg/kg SID, Pimobendan 0,25mg/kg BID e Furosemida 2,6mg/kg BID
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durante três dias, e após dar a cada 24 horas. Além disso, foi indicado o uso de ração
específico para animais cardiopatas.

Foi solicitado retorno dentro de 15 dias depois do início do tratamento. No retorno o


tutor relatou a melhora significativa na tosse e no cansaço. Foi recomendado manter
o tratamento prescrito e realização do acompanhamento clínico.

DISCUSSÃO
Mais de 30% dos cães de raças pequenas com idade igual ou superior a 10 anos
demonstram sinais clínicos de DMVM3, como foi descrito no presente relato. O
paciente em questão apresenta acometimento das duas valvas atrioventriculares, e
segundo a literatura, a chance de ocorrência em ambas as valvas é de 32,5% 4.
Dos sinais clínicos apresentados pelo paciente, a tosse é uma das principais queixas
dos tutores dos animais acometidos pela doença 1. A tosse pode ocorrer devido a
compressão do brônquio principal esquerdo pelo átrio esquerdo dilatado, havendo a
estimulação de receptores justapulmonares1, como foi observado no exame
radiográfico justificando a tosse do animal no presente relato. Ao exame físico a
ausculta foi imprescindível para confirmar a suspeita inicial de cardiopatia e orientar
os exames realizados.
O exame radiográfico do paciente mostrou alterações que comumente acometem
cães portadores da DMVM como aumento do VHS (13v) indicando cardiomegalia,
padrão pulmonar alveolar e intersticial com distribuição hilar e perihilar representando
edema pulmonar1.
O diagnóstico definitivo desta patologia é obtido por meio do exame
ecocardiográfico3,4. O ecodopplercardiograma revelou alterações que comumente
acometem cães com endocardiose. A fração de encurtamento (FS) revelou um valor
fora do intervalo de referência (33-45%)3, resultou em valores de FS>50%. Assim, um
aumento da FS não representa um aumento da contratilidade, e sim, que as
condições de enchimento do coração foram alteradas1.
Conforme o esperado, a relação AE/Ao foi maior do que os valores de referência
(AE/Ao 1,6). Quanto maior esse valor, mais grave é a DMVM, pois, quanto
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mais grave for a doença maior o volume de sangue regurgitado, maior a pré- carga, e
portanto, maior a dilatação atrial esquerda4.
O padrão que pode ser observado em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica é o
aumento do tempo de desaceleração e tempos de relaxamento isovolumétrico
aumentados (TRIV)1, sendo que, no animal do presente caso houve o
desenvolvimento de hipertrofia excêntrica por aumento de volume em virtude da
regurgitação mitral expressiva e, consequentemente, disfunção diastólica pelo
remodelamento cardíaco.

O uso da pimobendan aumenta a contratilidade ventricular e reduz a pré- carga e pós-


carga em pacientes com insuficiência cardíaca avançada 2. Os IECA‟s (Inibidores de
Enzima Conversora de Angiotensina) promovem a vasodilatação das artérias e veias
sistêmicas, diminuindo a retenção de água. Por ser uma doença de caráter
progressivo, o tratamento serve apenas para retardar a evolução da doença, melhorar
a condição clínica do paciente e aumentar a sua sobrevida2.
CONCLUSÃO
A suspeita de doença cardíaca do animal no presente relato foi afirmada como
degeneração mixomatosa de valva mitral e insuficiência de valva tricúspide de acordo
com o exame ecocardiográfico e com os sinais clínicos apresentados. Ocorreu
melhora do quadro clínico do paciente, sendo observado diminuição considerável da
tosse. Há ainda necessidade de acompanhamento do animal e se necessário, ajustes
de terapêutica.
REFERÊNCIAS
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canine and feline cardiology, 5ªed, Elsevier, p.111-140, 2016.
2. Atkins, c. et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic
valvular heart disease. Journal of veterinary internal medicine, v.23, n.6,
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3. Borgarelli, M & Haggstrom, J. Canine degenerative myxomatous mitral valve
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Small Animal Practice, v.40, n.4, p.651-663, 2010.
4. Haggstrom, J. Acquired valvular heart disease. Text book of Veterinary Internal
Medicine. Disease of the Dog and Cat, p.1022-1039, 2010.
5. Hoskins J.D. Geriatria e gerontologia do cão e do gato. Editora Roca, p. 448,
São Paulo, 2008.
6. Nelson, R. & Couto, C. G. Medicina interna de pequenos animais. Elsevier
Brasil, 2015.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ANGIOGRAFIA DOS DIGÍTOS PÉLVICOS DE BOVINOS MESTIÇOS (Bos indicus X


Bos taurus) – RESULTADOS PARCIAIS

ANGIOGRAPHY OF PELVIC DIGITIUS OF MIXED CATTLE (Bos indicus X Bos


taurus) - PARTIAL RESULTS

Wanessa Patrícia Rodrigues da Silva1, Ana Paula de Almeida Vinhal2, Eduardo de


Paula Nascente3, Sabrina Lucas de Freitas4, Naida Cristina Borges5, Luiz Antônio
Franco da Silva5

1 Residente em Diagnóstico por Imagem, HV-EVZ, UFG, Goiânia, GO; wrodrigues.vet@gmail.com


2 Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3 Mestrando, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4 Doutoranda, PPGCA, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5 Docentes, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: aparelho locomotor, laminite, radiologia


Keywords: locomotor system, laminitis, radiology

INTRODUÇÃO
A pecuária nacional passou por grandes mudanças, visando o aumento da
produtividade. Com isso, houve um aumento substancial na intensificação dos
sistemas de criação de bovinos e adoção de dietas com alto teor de concentrado,
acompanhado de melhorias na qualidade e quantidade da produção1. Na contramão
ocorreu um aumento de desordens metabólicas e digestivas em bovinos confinados,
como a acidose ruminal e a laminite. A laminite é considerada uma das mais
impactantes, de etiopatogenia complexa e com diversas enfermidades associadas,
gerando grandes prejuízos econômicos aos criatórios1,2, requerendo outros métodos
de diagnóstico.
Os métodos diagnósticos de doenças podais frequentemente utilizados,
baseiam-se em observações de escore de locomoção e sinais clínicos específicos do
sistema podal. A utilização de métodos complementares de diagnóstico, como a
radiografia, ainda não é rotina na bovinocultura3,4. Porém, diversos estudos realizados
nessa área mostraram que a avaliação radiográfica, como a venografia, fornece
informações importantes sobre o sistema ortopédico digital, associadas
principalmente à laminite3-5. Assim, a adoção do diagnóstico radiológico, possibilita a
detecção precoce da laminite, de alterações secundárias e de outras afecções,
favorecendo a melhora do prognóstico do animal, direcionando tratamentos
adequados e eficientes e, consequentemente, reduzindo a taxa de descarte.
O presente estudo objetivou identificar e demarcar a anatomia vascular hígida
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

dos dígitos pélvicos de bovinos mestiços (Bos indicus x Bos taurus), por meio de
venografia.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado nas dependências do Hospital de Veterinária da Escola
de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG), no
período de setembro de 2018, com autorização da CEUA/UFG protocolo nº 066/2018.
Foram utilizados quatro bovinos, machos, mestiços (Bos indicus X Bos taurus) com
idade aproximada de 15 meses e clinicamente saudáveis para qualquer doença
digital. Os mesmos passaram por período de adaptação, quando foram avaliados,
antes de serem submetidos à suplementação com dieta de alto grão. Para a realização
do exame venográfico, os animais foram sedados, utilizando a dose de 0,1mg/kg de
cloridrato de xilazina 2% (Calmiun®, Agener União - Saúde Animal, São Paulo, Brasil)
e contidos em decúbito lateral direito, com os membros imobilizados por cordas. Antes
de se iniciar o exame, todos os animais passaram por tricotomia da região de boleto e
quartela do membro a ser avaliado.
Posteriormente, foram realizadas as radiografias não contrastadas nas
projeções lateromedial e dorsoplantar dos dígitos, empregando um aparelho
radiográfico portátil (Orange 1060HF VET®, Ecoray, Seoul, Coreia do Sul,
programado para 125kVp e 25mAs) com a técnica 48kv e 2,5 mAs. Na projeção
lateromedial, foram utilizadas duas fitas de material emborrachado para tracionar os
dígitos e conseguir o afastamento entre o dígito contralateral, minimizando assim a
sobreposição das estruturas anatômicas. Realizou-se, então, a higienização da região
tricotomizada e, na sequência, aplicou-se um garrote de látex no terço final da região
metatársica. Prosseguiu-se, então, com o acesso à veia dorsal digital comum com
scalp nº 21. Antes da aplicação do contraste, aspirou-se a maior quantidade possível
de sangue, seguida da aplicação de 2mL de solução heparinizada 1% para evitar a
formação de coágulos. Foram injetados lentamente 20mL de contraste radiográfico
positivo (Omnipaque®, Ioiexol, Bayer, São Paulo, SP), como descrito por Freitas et
al5. Imediatamente após à injeção do contraste, foram realizadas as imagens
radiográficas nas projeções acima citadas.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Após a obtenção das imagens foi realizada análise dos achados radiográficos,
com base nos estudos realizados por Freitas et al.3 e Nurbakhsh et al.4 para se
identificar e delimitar a anatomia vascular hígida. Os achados foram catalogados e
apresentados descritivamente.
RESULTADOS
Na análise das imagens constatou-se a presença de todas as estruturas
vasculares hígidas (Figura 1), identificadas por Freitas et al. 3 e Nurbakhsh et al.4.
O volume de contraste positivo utilizado (20mL) foi suficiente para contrastar
os vasos dos dígitos e o procedimento ocorreu sem transtornos e de forma integral
nos quatro animais. Dessa forma, foi possível identificar anatomicamente os vasos
visibilizados nas radiografias nas projeções dorsoplantar e lateromedial.

FIGURA 1 – Imagens angiográficas em dígito pélvico de bovinos mestiços (Bos taurus x Bos indicus)
em fase de adaptação para fornecimento de dieta de alto grão. A- Projeção dorsoplantar.
B- Projeção lateromedial.
DISCUSSÃO
A realização do exame venográfico, sem maiores dificuldades, permitiu a
obtenção de imagens de alta qualidade e nitidez, possibilitando assim, a avaliação
fidedigna da vascularização dos dígitos pélvicos hígidos dos bovinos. Em bovinos, a
técnica de venografia dos dígitos ainda tem sido pouco empregada, apesar de alguns
estudos3-5 terem demonstrado a importância da técnica no diagnóstico das doenças
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

podais. Os resultados do estudo em questão reforçam que, caso o protocolo seja


seguido de forma correta, é possível que se realize o exame de venografia a campo,
corroborando o descrito por Freitas et al.³ e Nurbakhsh et al. 4.
A identificação e delimitação das estruturas vasculares dos dígitos pélvicos
hígidos dos bovinos em questão, pode auxiliar no diagnóstico precoce de doenças
podais, principalmente a laminite, uma das afecções que causam maior impacto
econômico na bovinocultura e que cursam com alterações vasculares1-4. Ressalte- se
que, através da identificação das estruturas hígidas, alterações podem ser facilmente
detectadas. Além de possibilitar que o diagnóstico seja estabelecido precocemente,
as informações obtidas através da venografia podem nortear as abordagens, sejam
terapêuticas ou cirúrgicas, reduzindo assim, os custos com tratamentos de baixa
eficácia e as taxas de descarte precoce. Logo, as informações do estudo em
questão, podem servir como base ou protocolo para futuros estudos, que objetivem
padronizar as estruturas vasculares dos dígitos pélvicos de bovinos de diferentes
raças.
CONCLUSÃO
O estudo venográfico possibilita a identificação e delimitação da anatomia
vascular hígida dos dígitos pélvicos de bovinos mestiços (Bos taurus x Bos indicus).
REFERÊNCIAS
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9402)/02.03.2017/002.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

X-PLASTIA PARA CORREÇÃO DE DEFEITO CUTÂNEO APÓS EXÉRESE DE


CISTOADENOMA DE GLÂNDULA APÓCRINA EM CÃO - RELATO DE CASO

X-PLASTIA FOR CORRECTION OF CUTANEOUS DEFECT AFTER EXCISION OF


APOCHINE GLAND CYSTOADENOMA IN DOG - CASE REPORT

Mariana Rodrigues Rocha1; Leydianne Candeiras da Silva1; Iago Martins Oliveira2;


Mariana Oliveira Justo3; Caroline Thomaz Araújo4, Luiz Augusto de Souza5

1
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; marianarocha2525@homail.com
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Médica Veterinária Autônoma, Brasília DF.
4
Residente em Anestesiologia e Medicina de Emergência, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5
Docente do Setor de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: hidrocistomaapócrino, cirurgia reconstrutiva, fechamento em padrão


geométrico

Keywords: apocrine hydrocytomas, reconstructive surgery, geometric pattern closure

INTRODUÇÃO
O cistoadenoma apócrino é uma neoplasia benigna das glândulas
sudoríparas. Em cães, ele se manifesta como nódulos únicos com cerca de 1 a 4 cm
de diâmetro. A coloração geralmente é escura e pode apresentar secreção clara ou
amarronzada de aspecto gelatinoso1. A derme sobrejacente se apresenta atrófica e
há alopecia, sendo que em alguns casos pode haver ulcerações. Acomete mais a
cabeça, pescoço e a região dorsal do tronco, podendo ser encontrado nas pálpebras
e condutos auditivos2. O diagnóstico definitivo é realizado por meio da biopsia1,2.
A utilização de técnica cirúrgica reconstrutiva tem grande importância na
Medicina Veterinária, podendo ser aplicada no fechamento de defeitos cutâneos
ocasionados principalmente por traumas, anomalias congênitas ou retirada de
tumores. Técnicas como enxertos, retalhos cutâneos, suturas de alívio de tensão e
incisões de relaxamento3,5 podem ser indicadas nesses casos.
As técnicas de fechamento em padrão de figura geométrica também são
utilizadas a fim de reparar defeitos em formato de triângulo, quadrado ou gravata
borboleta. Desse modo, para defeitos triangulares tem-se como resultado uma
linhade sutura em formato de ípsilon (Y) e para defeitos quadrados e retangulares
tem-se uma linha de sutura em formato de xis (X)6. Assim, esse relato teve por
objetivo descrever a técnica reconstrutiva por meio da X-plastia para correção de
defeito cutâneo após exérese de um cistoadenoma apócrino em um cão.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, um cão, macho, sem raça definida, com oito anos de
idade e 16kg. Foi relatado pelo tutor durante a anamnese que há cerca de dois meses
o animal apresentou crescimento progressivo de um nódulo na região do tórax. Ao
exame físico geral não foi detectada nenhuma alteração digna de nota e ao avaliar
especificamente a lesão, percebeu-se que o nódulo estava localizado na região
torácica lateral direita e possuía 1cm x1cm x 1cm (altura x largura x comprimento).
Dentre os exames solicitados para estadiamento tumoral não foram evidenciadas
alterações compatíveis com metástase, e a citologia aspirativa por agulha fina foi
inconclusiva. Diante dos resultados encontrados optou-se pela remoção cirúrgica. Na
sala de preparação foram feitos cuidados pré-operatórios e medicação pré-
anestésica.
Após indução e manutenção anestésica foi promovida antissepsia prévia com
clorexidine degermante 2% e álcool 70% e a definitiva com clorexidine alcoólica 0,5%.
Realizou-se incisão quadrangular com margens de 3,0 cm de diâmetro em todos os
eixos e um plano profundo, seguido de divulsão romba e excisão do tecido com a
neoformação. A hemostasia foi realizada com compressas, pinças hemostáticas e nos
vasos mais calibrosos aplicaram-se ligaduras com fio poliglecaprone nº 3-0. Após a
excisão, formou-se um defeito cirúrgico quadrado em que as bordas não puderam ser
coaptadas por meio de uma rafia simples. Devido a disponibilidade de pele em todos
lados do defeito foi realizado fechamento centrípeto partindo de cada extremidade
com sutura simples isolada e fio náilon nº 3-0, o que resultou em uma linha de sutura
em figura geométrica do tipo X (X-plastia). Além disso, foi colocado sistema de
drenagem passiva na região ventral daferida.
A amostra excisada foi encaminhada para análise histopatológica com
solicitação adicional de avaliação de margens cirúrgicas. No pós-operatório foram
prescritos 20mg/kg de cefalexina a cada 12 horas durante cinco dias; 2,0mg/kg de
cloridrato de tramadol a cada 8 horas durante três dias; 0,1mg/kg de meloxicam a
cada 24 horas durante três dias e 25mg/kg de dipirona a cada 8 horas, durante cinco
dias. Também foi recomendado curativos diários com solução fisiológica 0,9% a cada
12 horas durante 10 dias.

DISCUSSÃO
O cistoadenoma apócrino em cães se apresenta de maneira incomum e a
maioria acometida são cães adultos e idosos1, achados compatíveis com os
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

encontrados no referido caso. O tamanho, a consistência e os aspectos


macroscópicos são compatíveis com os achados descritos por outros autores 1,2,7.
Apesar da literatura afirmar que o seu aparecimento é frequente nas regiões da
cabeça, pescoço e a região dorsal do tronco1,6, também pode ser encontrado nas
pálpebras e nos condutos auditivos3. No entanto, a neoformação aqui descrita difere
da literatura consultada, pois encontrava-se na região torácica lateral direita.
Como método de diagnóstico pode ser utilizada a citologia por agulha fina 7
(CAF), método de diagnóstico utilizado no referido caso que não foi conclusivo. A
aspiração por agulha fina pode revelar a presença de fluido translúcido, marrom
escuro, com presença de neutrófilos e macrófagos em proporções variáveis. Também
é citado1 a presença de fibroplasia estromal associado ao processo inflamatório.
De acordo com alguns autores2,8, o tratamento conservador após a
confirmação do caráter benigno da neoplasia pode ser utilizado. Caso as lesões
causem desconforto, principalmente quando aparecem na região das pálpebras, é
feita uma excisão e/ou drenagem. Apesar do diagnóstico ter sido inconclusivo pela
CAF, optou-se pela exérese do nódulo uma vez que o aspecto macroscópico se
assemelhava com cistoadenoma apócrino. Há a possibilidade de terapia adjuvante
com a criocirurgia, no entanto foi descartada, uma vez que a taxa de recorrência é
comum2.
Em relação a técnica cirúrgica, embora seja recomendado a incisão elíptica
para remover as lesões da pele e facilitar o seu fechamento, algumas destas podem
causar defeitos de forma irregular por causa de seu tamanho ou localização. Dessa
forma antes de decidir a técnica que seria utilizada foi observada a elasticidade da
pele e linhas de tensão que poderiam estar envolvidas. Assim, optou-se pela
realização de uma incisão quadrangular de acordo com a técnica descrita por
Fossum6.
Esse tipo de incisão pode ser reconstituída usando retalhos de avanço
centrípeto, unilateral ou bilateral ou retalhos de rotação. No entanto, a técnica
reconstrutiva escolhida foi a de retalhos de avanço centrípeto que se inicia com uma
sutura em cada vértice do defeito e avança em direção ao centro para formar uma
linha de sutura em xis, também conhecida como X-plastia. Esta técnica deve ser
usada quando a pele está disponível em todos os quatro lados do defeito. A sutura
praticada foi em padrão simples separado e pode ser utilizados além do náilon fios
de polipropileno e polibutester6 entre as numerações 3-0 e2-0.

CONCLUSÃO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

O uso da técnica de incisão quadrangular e X-plastia pode ser utilizada na


exérese de cistoadenoma apócrino em região torácica de cão. É eficaz na reparação
de defeitos cutâneos extensos, tanto no tórax quanto no abdômen e apresenta bons
resultados cosméticos, já que a exérese de neoplasias necessita de amplas
margens cirúrgicas.

REFERÊNCIAS
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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

OSTEOPATIA HIPERTRÓFICA PULMONAR EM CÃO COM ADENOCARCINOMA


MAMÁRIO - RELATO DE CASO

PULMONARY HYPERTROPHIC OSTEOPATHY IN DOG WITH MAMMARY


ADENOCARCINOMA - CASE REPORT

Camila Nunes Figas1; Iago Martins Oliveira2; Ana Carolina Nunes Bento3; Danieli
Brolo Martins4; Naida Cristina Borges4; Bruno Benetti Junta Torres4
1
Graduanda em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; camila_figas@hotmail.com
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3
Residente em Diagnóstico por Imagem, EVZ, UFG, Goiânia, GO
4
Professor no Departamento de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: síndrome paraneoplásica, câncer, metástase


Keywords: paraneoplastic syndrome, cancer, metastasis

INTRODUÇÃO
As neoplasias mamárias são os tumores diagnosticados com maior frequência
em fêmeas da espécie canina1. Os neoplasmas mamários malignos possuem
crescimento invasivo, frequentemente evoluem rápido e se disseminam para outros
sítios. As metástases podem ocorrer por via hematógena ou linfática2.
Nesse contexto, a osteopatia hipertrófica pulmonar surge como uma síndrome
clinicopatológica incomum em cães, normalmente relacionada a processos
3
neoplásicos pulmonares primários ou metastáticos . Essa desordem, quando
secundária, é caracterizada por uma proliferação periosteal generalizada que afeta
especialmente ossos longos4. A fisiopatogenia da doença não está totalmente
elucidada, mas algumas teorias mencionam aumento no fluxo sanguíneo para as
extremidades em decorrência da estimulação de trajetos neurais aferentes5 e outras
citam crescimento ósseo devido à prováveis mediadores inflamatórios irritantes ao
periósteo que são liberadas pela lesão primária6. A idade de acometimento varia de 1 a
15 anos7 e os principais sinais clínicos incluem relutância ao mover-se, aumento de
volume na extremidade distal dos membros, dor à palpação e claudicação
progressiva8. O diagnóstico é feito por meio de exame radiográfico que apresenta
reações periosteais simétricas e uniformes9 e o tratamento é baseado na eliminação
da causa primária, o que leva à regressão dos sinais clínicos e resolução parcial ou
total das lesões periosteais10. Objetivou-se descrever o caso de osteopatia hipertrófica
pulmonar em cadela com adenocarcinoma mamário.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, um canino, fêmea, castrada, sem raça definida, com
11 kg e nove anos de idade. Na anamnese, o tutor relatou aumento de volume nos
membros e histórico de neoplasia mamária com metástase pulmonar. Relatou ainda,
que o paciente havia passado por procedimento de mastectomia unilateral completa
para remoção de ambas cadeias em dois momentos e que o resultado histopatológico
da amostra enviada foi compatível com adenocarcinoma de glândula mamária.
Ao exame físico notou-se apatia, mucosas róseas, tempo de preenchimento
capilar de dois segundos, aumento de volume de linfonodos mandibulares, frequência
cardíaca de 120 batimentos por minuto e frequência respiratória de 36 movimentos por
minuto. Ao exame ortopédico, foi detectado aumento de volume em membros, com
superfície irregular e dor à palpação, mais evidente em terço médio de diáfise dos
ossos longos. Ademais, havia anquilose das articulações úmero-rádio-ulnar, carpo-
metacárpica fêmoro-tíbio-patelar, tarso-metatársica e interfalangeanas de ambos os
membros.
Face ao quadro clínico, foram estabelecidas suspeitas de neoplasia óssea e
osteopatia hipertrófica. Foram solicitados hemograma, mensuração sérica de alanina
aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), ureia e creatinina, além de radiografia
torácica e de todos os membros. Dentre as alterações presentes, verificou-se no perfil
bioquímico elevação da FA 324 UI/L (20 – 156 UI/L). Na radiografia laterolateral direita,
esquerda e ventrodorsal do tórax, foi visualizado parênquima pulmonar com
opacificação do hemitórax esquerdo e padrão nodular multifocal com duas estruturas
bem delimitadas compatíveis com neoformação. Aos exames radiográficos
medioateral, dorsopalmar, dorsoplantar e craniocaudal dos membros perceberam-se
lesões ósseas proliferativas sem comprometimento da cortical em diáfise, metáfise e
epífise dos ossos metacarpianos, metatarsianos, falanges, rádio, ulna, tíbia, fíbula,
fêmur, úmero e pelve. Também foi visibilizada fratura simples, completa, oblíqua em
terço distal de diáfise femoral com desalinhamento do fragmento distal.
Por meio das orientações da equipe clínica, levando-se em consideração as
ponderações do tutor, foi optado por tratamento clínico com dipirona 25 mg/kg, por via
oral, a cada 8 horas, durante 5 dias, cloridrato de tramadol 2 mg/kg, por via oral, a
cada 8 horas, durante 5 dias, firocoxibe 5mg/kg, por via oral, a cada 24 horas, durante
30 dias e ciproeptadina 1 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, durante 20 dias para
manutenção da qualidade de vida. Após um mês, o paciente evoluiu para redução da
resposta aos analgésicos e insuficiência respiratória e, por decisão do tutor, foi
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

submetido à eutanásia.

DISCUSSÃO
O aumento de volume não edematoso dos membros e a dor à palpação
apresentada pelo animal do caso descrito coincidem com os sinais clínicos mais
citados por outros autores7,8,10. Também foi observada irregularidade na superfície
óssea à palpação e, de acordo com Thompson4, os ossos acometidos pela osteopatia
hipertrófica pulmonar podem, de fato, apresentar-se irregulares, porosos ou até
mesmo com aspecto de coral ao exame macroscópico.
Quanto aos exames complementares, as análises laboratoriais não são
conclusivas para o diagnóstico definitivo. No entanto, devido à intensa deposição de
tecido ósseo pelos osteoblastos, podem ser encontrados altos valores de fosfatase
alcalina na bioquímica sérica11, tal como observado no quadro em questão. Com
relação aos achados radiográficos do presente relato, o padrão nodular é o principal
modo de manifestação das metástases pulmonares e, geralmente, invadem o espaço
intersticial sem destruírem as vias respiratórias. Já na reação periosteal verificada, o
padrão rendado caracterizado por neoformação óssea com margens pontiagudas pode
estar presente12.
As lesões ósseas proliferativas, características da síndrome, normalmente
atingem a diáfise de rádio, ulna, tíbia, metacarpo, metatarso e dígitos, sem
comprometimento articular10,13. Porém, em casos avançados como o relatado,
eventualmente atinge metáfise e epífise de ossos longos e pélvis 6.
A regressão parcial ou total das lesões periosteais já foi relatada posterior à
realização de lobectomia pulmonar para remoção de adenocarcinoma14, entretanto,
devido à evolução do caso ora reportado, esse desfecho clínico não foi alcançado.

CONCLUSÃO
No presente relato nota-se a importância dos exames clínico e radiográfico
para o diagnóstico da osteopatia hipertrófica associada à metástase pulmonar de
adenocarcinoma mamário. Apesar do prognóstico desfavorável, o tratamento suporte
deve ser oferecido e, uma vez que o paciente perca a qualidade de vida, fica indicada
a eutanásia.

REFERÊNCIAS
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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

LUXAÇÃO DE PATELA LATERAL, BILATERAL E CONGÊNITA EM CÃO – RELATO


DE CASO

LATERAL, BILATERAL AND CONGENITAL PATELLAR LUXATION IN DOG –


CASE REPORT

Gustavo Lemes Batista1, Thaynara Gimenes1, Iago Martins Oliveira2, Marco Augusto
Machado Silva3

1
Médicos Veterinários Autônomos, Goiânia, GO; gustavo-l-b-@hotmail.com.
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, HV, UFG, Goiânia, GO.
3
Docente no Departamento de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: canino, claudicação, joellho


Keywords: canine, lameness, stifle

INTRODUÇÃO
A luxação patelar constitui uma das afecções ortopédicas mais comuns que
acometem o joelho dos cães1. A etiologia é congênita ou traumática, com
apresentação uni ou bilateral e com desvio medial ou lateral em relação à incisura
troclear2. A grande maioria das luxações é medial e diagnosticada em cães de raças
pequenas, enquanto a lateral ocorre com menos frequência e é mais comum em cães
de raças grandes ou gigantes2,3. A doença também é descrita em felinos 3.
O deslocamento patelar pode ser classificado em quatro graus, sendo o grau I
apenas um achado durante o exame ortopédico. No grau II, pode-se realizar a
luxação manual, mas a mesma é reduzida durante a flexão e extensão do joelho. No
grau III, a patela permanece luxada continuamente, podendo ser reduzida
manualmente, mas retorna à posição luxada e, no grau IV, a mesma encontra
deslocada permanentemente, não podendo ser reposicionada2,4.
Os sinais clínicos variam de acordo com o grau de luxação e incluem
claudicação, defeitos conformacionais, dor e relutância em se mover. O diagnóstico é
realizado pelo exame ortopédico, contudo, a avaliação radiográfica é imprescindível
para avaliar o grau de deformidade do membro e descartar outras enfermidades
ortopédicas4,5. Face ao exposto, o presente trabalho tem como objetivo descrever um
caso de luxação de patela lateral, bilateral e congênita de grau III em cão, bem como
seu tratamento cirúrgico.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia,
um canino, fêmea, sem raça definida, não castrada, quatro meses de idade, peso
corporal de 7,85 quilogramas e pelagem preta. À anamnese, a tutora relatou que o
animal apresentava marcha instável com pouco apoio sobre os membros pélvicos,
relutância em saltar, postura moderadamente encurvada, dificuldade para subir e
descer degraus.
Ao exame físico geral, o animal apresentava-se alerta, com mucosas
normocoradas, tempo de preenchimento capilar igual a dois segundos, linfonodos
palpáveis não reativos e escore de condição corporal 5/9. Frequência cardíaca
correspondeu a 152 batimentos por minuto com bulhas normofonéticas e
normorrítmicas, frequência respiratória de 65 movimentos por minuto com campos
pulmonares limpos, temperatura retal equivalente a 39,9ºC e pressão arterial sistólica
mensurada pelo doppler vascular 110 mmHg. Ao exame ortopédico, observou-se dor e
rotação interna dos joelhos que permaneciam constantemente flexionados, “saltos”
durante o trote, região lombar moderadamente encurvada e hipotrofia leve da
musculatura dos membros pélvicos com claudicação bilateral. À palpação bilateral
das articulações femurotíbiopatelares, foram notadas que as patelas estavam
deslocadas lateralmente em relação ao sulco troclear, podendo ser reposicionadas
manualmente quando em extensão, mas tornando a luxar de forma espontânea à
flexão do membro.
De acordo com os dados do histórico e exame físico do animal, concluiu-se
que o diagnóstico era luxação de patela lateral, bilateral e congênita de grau III.
Foram solicitados exames pré-operatórios como hemograma, bioquímica sérica, os
quais se apresentaram dentro dos valores de referência, e radiografias das
articulações femurotíbiopatelares nas projeções médio-lateral e crânio-caudal que
evidenciaram a lateralização das patelas esquerda, direita e a ausência de outras
alterações articulares ou ósseas. O animal foi encaminhado para o setor de cirurgia,
onde foi pré-medicado com sulfato de morfina (0,5 mg/kg) e midazolan (0,4 mg/kg),
após 15 minutos, a indução anestésica foi realizada com propofol (5 mg/kg) e a
manutenção anestésica com isoflurano vaporizado em oxigênio a 100%, em sistema
semi-fechado.
O tratamento cirúrgico instituído para os dois joelhos foi a trocleoplastia por
ressecção em cunha, associada à imbricação da cápsula articular. Optou-se pela
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

terapêutica cirúrgica estadiada, com duas abordagens em tempos distintos. Dessa


maneira, a primeira intervenção cirúrgica foi realizada no membro pélvico direito,
tendo o esquerdo sido operado quatro semanas após a primeira abordagem.
Após 15 dias do primeiro procedimento, a paciente retornou para a retirada
dos pontos apresentando-se clinicamente estável e com apoio regular sobre o
membro operado. Transcorridos sete dias da segunda abordagem cirúrgica, a cadela
foi avaliada e constatou-se deambulação normal, sem claudicação, o animal
conseguia realizar movimentos e saltos, além de subir e descer obstáculos sem
alterações de marcha.

DISCUSSÃO
A luxação congênita medial da patela é comum tanto em raças grandes
quanto pequenas, entretanto, na forma lateral é mais diagnosticada nas raças
grandes ou gigantes2,3, diferente do encontrado neste caso, em que a luxação lateral
da patela ocorreu em uma cadela de médio porte.
A tutora relatava sinais clínicos no animal em questão, tais como caminhar
em saltos, claudicação locomotora, postura anormal, relutância em saltar, subir e
descer obstáculos, dor e rotação interna dos joelhos com as extremidades distais
abduzidas (genu valgum), quadro compatível com luxação de grau III2,3,6.
Para diagnosticar a luxação de patela e sua graduação, o exame ortopédico é
eficaz. Contudo, para documentar e descartar outras enfermidades ósseas, o exame
radiográfico constitui importante ferramenta propedêutica1,2,5. Neste caso relatado,
realizaram-se as posições radiográficas médio-lateral e crânio-caudal de ambos os
joelhos, que foram suficientes para diagnosticar o animal com luxação patelar lateral e
planejar o melhor procedimento cirúrgico.
Há várias técnicas cirúrgicas para restringir a patela no sulco troclear como
trocleoplastia, desmotomia, imbricação da cápsula articular, sutura antirrotacional e as
osteotomias tibiais e femorais2. Para determinar a mais adequada, deve-se considerar
o grau de luxação patelar e o comprometimento de tecidos moles3. Recomenda-se a
combinação de técnicas sendo que, a partir do grau III, deve-se ponderar as
osteotomias5. Na paciente deste estudo não optou-se por técnicas de osteotomia
embora consistia em apresentação de grau III. Foi realizada a associação das
técnicas de trocleoplastia em cunha e imbricação da cápsula articular medial,
obtendo-se sucesso conforme relatado em outro estudo3.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

CONCLUSÕES
A luxação da patela é extremamente prevalente em cães de raças pequenas e
é uma das principais causas de claudicação de membros pélvicos e desenvolvimento
precoce de osteoartrite no joelho canino. Um diagnóstico precoce é essencial para
evitar o desenvolvimento da doença e alterações secundárias severas.
Neste relato, as técnicas de trocleoplastia em cunha e imbricação da cápsula
articular medial apresentaram sucesso, pois poucos dias após a cirurgia, o animal
conseguia deambular adequadamente sem qualquer instabilidade nas patelas,
melhorando assim sua qualidade de vida.

REFERÊNCIAS
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Transposition Tool) com a técnica tradicional de transposição e fixação da
tuberosidade tibial em cães com luxação patelar: revisão bibliográfica. Ars Veterinaria.
2018;33(2):75-81.
2. Dona FD, Valle GD, Fatone G. Patellar luxation in dogs. Vet Med (Auckl).
2018;9(1):23-32.
3. Dal Bó ÍDS, Ferreira MP, Silva LMD, Nóbrega FS, González PCS, Beck CADC.
Luxação lateral de patela em um Poodle toy. Acta Sci Vet. 2010;38(2):217-20.
4. Carvalho AEN, Barbosa AEC, Bezerra DKO, Pires CRS, João CF, Moreira LFM.
Luxação de patela lateral, congênita e bilateral em cão. PUBVET. 2018;12(1):139.
5. Lara JS, Oliveira HP, Alves EGL, Silva RF, Rezende CMF. Aspectos clínicos,
cirúrgicos e epidemiológicos da luxação de patela em cães atendidos no Hospital
Veterinário, no período de janeiro de 2000 a julho de 2010: estudo retrospectivo. Arq
Bras Med Vet Zootec. 2013;65(5):1274-80.
6. Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.
1298-1300p.

LACERAÇÃO TRAUMÁTICA DE ESCLERA EM EQUINO: RELATO DE CASO

TRAUMATIC LACERATION OF ESCLERA IN EQUINE: CASE REPORT


Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Jéssyca Ataíde Ferreira1, Isabella de Souza Alves1, Thais Poltronieri dos Santos2, Ana
Kellen Lima de Queiroz3, Aline Maria Vasconcelos Lima3, Luciana Ramos Gaston
Brandstetter3

1 Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; jeeh_ataide@hotmail.com.


2 Residente em Clínica e Cirurgia de Equinos, FMVZ, USP, São Paulo, SP.
3 Professora, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: ruptura, escleral, cavalo


Keywords: rupture, scleral, horse

INTRODUÇÃO
Traumas em equinos são comuns, a maioria provocada por acidentes,
resultando em contusões ou escoriações. Embora muitas lesões traumáticas envolvam
a região craniofacial e as extremidades, os traumas oculares também são relatados 1.
Em equinos, os traumas podem causar ruptura do bulbo ocular na região de
córnea ou esclera. A ruptura corneana pode ser facilmente identificada ao exame
clínico, enquanto a ruptura da esclera implica em maior dificuldade de identificação, a
depender da localização2. As rupturas esclerais geralmente ocorrem próximo ao limbo e
podem estar completamente recorbertas pela conjuntiva bulbar, o que dificulta o
diagnóstico à inspeção direta, durante o exame ocular. Deve-se suspeitar de ruptura
escleral quando o bulbo ocular estiver muito macio, com hifema difuso, sem a evidência
de perfuração corneana3,4.
As lacerações esclerais são preocupantes, pois podem atingir grandes
dimensões ou ocasionar complicações ameaçadoras à visão5. Em muitos casos, o
reparo cirúrgico da ruptura de esclera não é possível, principalmente devido à
localização e extensão da lesão e, por isso, a enucleação pode ser indicada 3,4,5.
O objetivo desse resumo é relatar um caso de laceração traumática de esclera
em equino.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG), um equino, fêmea, sem raça definida,
com aproximadamente 12 anos de idade e 430 quilos de peso corporal, com histórico
de trauma ocular no olho esquerdo, ocorrido aproximadamente quatro horas antes.
Ao exame clínico geral observou-se frequência cardíaca de 48 batimentos por
minuto, frequência respiratória de 24 movimentos respiratórios por minuto, mucosas
normocoradas, tempo de preenchimento capilar menor que dois segundos, hidratação
adequada, motilidade intestinal normal em todos os quadrantes, e temperatura retal de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

37,9 ºC.
Antes de iniciar a avaliação oftalmológica, realizou-se sedação do animal com
cloridrato de detomidina a 1%, na dose de 0,01 mg/kg, via intravenosa. À inspeção
oftalmológica do olho esquerdo havia blefaroespasmo e lacrimejamento. A resposta à
ameaça era negativa. À palpação, o equino apresentou aumento de sensibilidade
ocular. Para promover acinesia palpebral e facilitar o exame, procedeu-se o bloqueio
perineural dos nervos aurículo-palpebral e supraorbitário, com 2 mL de lidocaína a 2%
em cada. À biomicroscopia observou-se hifema difuso na câmara anterior, laceração da
esclera na região perilímbica, entre uma e cinco horas, e prolapso de coroide e vítreo
(Figura 1A e 1B).

Figura 1. Ruptura escleral em equino. A) Olho esquerdo: hifema difuso na câmara


anterior e laceração da esclera na região perilímbica, entre uma e cinco
horas, com exposição de coroide. B) Visão lateral do olho esquerdo
evidenciando a extrusão vítrea (seta verde).

Diante da gravidade do caso, o equino foi encaminhado à cirurgia de


enucleação transpalpebral. O animal foi anestesiado e posicionada em decúbito lateral
direito, realizou-se tricotomia da região peripalpebral e antissepsia da região periocular
com iodopovidona em solução degermante, seguidas da finalização com álcool. As
pálpebras foram suturadas com fio nylon n° 2-0, em padrão de sutura simples contínuo.
Uma incisão cutânea elíptica foi criada ao redor e cinco milímetros posterior às margens
palpebrais, utilizando uma lâmina de bisturi n° 22 e, com uma tesoura de Metzenbaum,
realizou-se dissecção subcutânea envolvendo o globo ocular, margens palpebrais,
glândula lacrimal, saco conjuntival e membranas nictitantes. Uma tesoura de Mayo
curva foi utilizada para expor os músculos oculares reto e oblíquo e o retrator ocular.
Estes músculos e o nervo óptico foram transeccionados com a tesoura mantida próximo
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ao contorno profundo do globo ocular, deixando considerável quantidade de tecido na


órbita. A pele foi suturada com fio nylon n° 2-0, em padrão de sutura separado simples.
O animal se recuperou da anestesia sem intercorrências.
Durante o pós-operatório o equino recebeu enrofloxacina 7,5 mg/kg, via oral,
uma vez ao dia, durante sete dias, e flunixin meglumine 1,1 mg/kg, via intravenosa, uma
vez ao dia, durante quatro dias. Após dez dias, os pontos de pele foram removidos e o
animal recebeu alta hospitalar.

DISCUSSÃO
Os traumas oculares estão relacionados à localização orbital proeminente dos
olhos, o que aumenta o risco de contusão, podendo ocorrer lesões que geram danos
oculares e podem comprometer a visão2,6, como no presente relato.
Em alguns casos, a ruptura da esclera pode estar localizada no limbo ou em
região perilímbica1,2, semelhante à lesão ocorrida no equino deste relato. O hifema na
câmera anterior, como observado nesta égua, indica laceração por trauma de contusão
grave. A contusão pode levar a um rápido aumento na pressão intraocular, ocasionando
ruptura corneoescleral circunferencial no limbo e evisceração parcial ou total dos
conteúdos intraoculares7,8,9,10.
As lacerações de córnea e esclera estão associadas a lacrimejamento e dor8,
sinais observados no animal atendido. O tratamento para as lacerações depende da
severidade e da perspectiva de manutenção da visão. Pode-se proceder o fechamento
da lesão com sutura direta ou o recobrimento com enxertos 3,4,5.
Lesões de esclera na região perilímbica apresentam grande risco de extrusão
dos conteúdos intraoculares, indicando um prognóstico desfavorável para a visão.
Potencialmente, o prolapso do vítreo indica que a perfuração é de difícil reparação,
sendo necessário considerar a retirada do bulbo ocular, a fim de evitar a ocorrência de
endoftalmite séptica e prolongamento da dor no animal2,8, como foi realizado no
presente relato.
Para o procedimento cirúrgico de enucleação optou-se pela técnica
transpalpebral fechada, a qual apresenta menor incidência de complicações trans e pós-
operatórias3.

CONCLUSÃO
Embora as lacerações de esclera sejam menos comuns que as de córnea, essas
também podem ocorrer, e apresentam pior prognóstico à visão, devido à maior
possibilidade de extrusão de conteúdos intraoculares, limitando as possibilidades de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

correção cirúrgica.

REFERÊNCIAS
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IndianJournalofRadiologyandImaging 2001; 11:75–79.
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Ophthalmology. (ed. Gilger BC) Elsevier/Saunders, St. Louis, 2005; 79–80/183-187.
3. Spiess BM, Wallin-Hakanson N. Disease of the canine orbit. In: Veterinary
Ophthalmology, 3rd edn. (ed. Gelatt KN) Lippincott/ Williams & Wilkins, Philadelphia,
1999;520.
4. Martin CL. Cornea and sclera. In: Ophthalmic Disease in Veterinary Medicine.
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5. Loder RT. The demographics of equestrian-related injuries in the United States:
injury patterns, orthopedic specific injuries, and avenues for injury prevention. J Trauma
2008;65(2):447–60. [PubMed:18695484]
6. Margo JA, Feldman S, Addis H, Bodanapally UK, Ellish N, Saeedi O. Open
Globe Injuries Presenting With Normal or High Intraocular Pressure. EyeContactLens.
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Am J Ophthalmol 2009 4;147(4):595–600.e1. 10.1016/j.ajo.2008.10.017. Epub 2009
Feb 1. [PubMed:19181305].
8. Cutler TJ. Diseases of the uvea, uveitis, and recurrent uveitis. In: Equine
Ophthalmology. (ed. Gilger BC) Elsevier/Saunders, St. Louis, 2005;267-268.
9. Cutler TJ. Diseases and surgery of the lens. In: Equine Ophthalmology. (ed.
Gilger BC) Elsevier/Saunders, St. Louis, 2005;509.
Cutler TJ. Equine vision. In: Equine Ophthalmology. (ed. Gilger BC) Elsevier/Saunders,
St. Louis, 2005;646.

RETALHO DE PADRÃO AXIAL ROTACIONADO DA ARTÉRIA EPIGÁSTRICA


SUPERFICIAL CAUDAL PARA REPARAÇÃO DE DEFEITO APÓS EXÉRESE DE
MASTOCITOMA EM BOLSA ESCROTAL DE CÃO - RELATO DE CASO

SKIN FLAP AXIAL PATTERN RETAINING OF SURFACE EPIGASTRIC ARTERY


CAUDAL FOR DEFECTIVE REPAIR AFTER EXERCISE OF MASTOCYTOMA IN DOG
ESCROTAL POCKET - CASE REPORT

Fernanda Martins da Paixão1, Camila Nunes Figas1, Luísa Ferreira de Castro David
Duarte1, Ennya Rafaella Neves Cardoso1, Iago Martins Oliveira2, Aroldo Medina Neto2.
1
Discente em Medicina Veterinária, EVZ, UFG, Goiânia, GO; fernanda.martins.paixao@hotmail.com
2
Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da EVZ, UFG, Goiânia,
GO.
Palavras-chave: cirurgia oncológica, reconstrutiva, mastocitoma;
Key-words: oncologic surgery, reconstructive, mastocytoma;

INTRODUÇÃO
O mastocitoma é uma neoplasia de células redondas, caracterizada como sólida,
de intensa infiltração tumoral e proliferação exacerbada de mastócitos 1,2. É a terceira
neoplasia mais recorrente na espécie canina, estando dentre as principais neoplasias em
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

pênis e prepúcio de origem mesenquimal em cães1.


Pelo aspecto diagnóstico, a escolha do tratamento e estabelecimento do
prognóstico são feitos por classificação histológica2,3. A graduação patológica mais
utilizada, classifica os tumores em graus, sendo o grau I bem diferenciado e com baixo
potencial metastático e os graus II e III pouco diferenciados e alto potencial metastático 2.
A classificação em baixo e alto graus de malignidade também são utilizados
rotineiramente3.
Para exérese do tumor, recomenda-se a retirada de margens amplas, evitando
recidivas por células neoplásicas residuais4. Por incluírem um plexo arteriovenoso
cutâneo direto em sua base, os retalhos de padrão axial melhoram a perfusão tecidual, o
que permite a correção de defeitos extensos. Para o planejamento prévio é impreterível a
marcação superficial, evitando erros incisionais, além do posicionamento adequado do
paciente para que as referências anatômicas sejam respeitadas5.
Este relato de caso objetiva descrever o uso de retalho de padrão axial
rotacionado da artéria epigástrica caudal para reparar defeito após a ressecção cirúrgica
de mastocitoma em região escrotal de um canino.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido em uma clínica particular na cidade Goiânia um cão, macho, sem
raça definida, com 19 kg e 9 anos de idade. A tutora relatou durante a anamnese que o
animal possuía um nódulo em bolsa escrotal, que apresentou discreto crescimento no
período de 20 dias. Foram descritas alterações compatíveis com crescimento lento, não
doloroso, pruriginoso e não ulcerativo. Durante o exame físico não foram encontradas
alterações significativas. Ao exame específico, constatou-se que o nódulo possuía
formato circular, consistência firme, não aderida, coloração rosada e media 17mm. Além
disso, observou-se também a presença de um outro nódulo na facial medial da coxa
esquerda com as mesmas características descritivas medindo aproximadamente 10 mm.
Havia uma distância de aproximadamente 30mm entre as duas massas.
Dentre os exames complementares solicitados, não houveram alterações
significativas tanto no perfil hematológico quanto no perfil bioquímico. A radiografia
torácica e ultrassonografia abdominal não evidenciaram alterações compatíveis com
metástase. A citologia aspirativa por agulha fina foi compatível com mastocitoma para o
nódulo da bolsa escrotal e inconclusiva para o nódulo da face medial da coxa esquerda.
Assim, o paciente foi encaminhado à intervenção cirúrgica para retirada dos dois
nódulos. Os cuidados pré-operatórios e a medicação pré-anestésica foram realizados na
sala de preparo. Foi feito o acesso venoso pela veia cefálica com cateter n°22 e a
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

medicação pré-anestésica foi feita com a metadona (Mytedon®, Cristália, Cotia, SP), 0,3
mg/kg e acepromazina (Acepran®, Vetnil, Louveira, SP) 0,05 mg/kg, via intramuscular.
Em seguida foi feita ampla tricotomia do membro pélvico esquerdo e abdômen e indução
anestésica com propofol (Propovan®, Cristália, Cotia, SP) 4,0 mg/kg e maleato de
midazolam (Dormire®, Cristália, Cotia, SP) 0,4 mg/kg, via intravenosa. O paciente foi
intubado com sonda orotraqueal anexa ao circuito anestésico fechado com a inalação de
isoflurano (Isoforine®, Cristália, Cotia, SP), reponsável pela manutenção durante todo
procedimento cirúrgico.
No ambiente cirúrgico, o paciente foi posicionado em decúbito ventro dorsal e
realizou-se a antissepsia prévia e definitiva. Posteriormente, realizou-se incisão circular
com margem de 3 cm de diâmetro em redor dos nódulos, subsequente à divulsão dos
tecidos, incluindo o plano muscular. A hemostasia foi feita por meio de eletrocoagulação
em vasos de menor calibre e ligadura em padrão colchoeiro cruzado com fio ácido
poliglicólico n° 2-0 nos vasos mais calibrosos. A área do retalho foi delineada respeitando
as margens amplas em torno dos tumores. A dissecção romba do tecido cutâneo com
preservação do ramo ventral da artéria ilíaca circunflexa profunda foi precedida da
linfadenectomia dos linfonodos inguinais (?). O pedículo cutâneo livre foi direcionado de
forma que cobrisse a falha da exérese tumoral. A divulsão das bordas do leito receptor
foi feita de forma delicada a fim de facilitar a aproximação do retalho com auxílio das
pinças de backaus. Um sistema de drenagem passivo foi implantado e foi feita a sutura
de pele com fio naylon n° 3-0, em padrão simples separado. Imediatamente no pós-
operatório foi realizada crioterapia com compressa fria durante aproximadamente 10
minutos, além de bandagem compressiva do tipo Robert Jones. As amostras tumorais
foram encaminhadas ao estudo histopatológico em laboratório particular, com solicitação
de avaliação das margens cirúrgicas e comprometimento linfático.
Na terapia subsequente, foi recomendado um tratamento à base de antibióticos,
anti-inflamatórios e analgésicos, além da troca e limpeza das bandagens e curativos,
respectivamente. Foi recomendado o uso de colar elisabetano e retirada dos pontos após
15 dias do procedimento cirúrgico. Por fim, o paciente foi encaminhado para a
quimioterapia antineoplásica.
DISCUSSÃO
Baseado no resultado da citologia, optou-se pela excisão do tumor com margens
amplas de 3 cm em todos os lados e no plano profundo, reforçando o que é preconizado
no tratamento cirúrgico para mastocitomas em cães6. Apesar de eficaz na ressecção
tumoral do caso mencionado, tal técnica gerou grande defeito, tendo sido necessário o
uso de técnica reconstrutiva de retalho de padrão axial rotacionado da artéria epigástrica
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

superficial caudal, descrito por Gambardella7.


Durante o pós-operatório, o paciente apresentou edema local e seroma como
consequência da cirurgia extensa e dissecção do leito doador e receptor8. A fim de
reduzir espaço subcutâneo e evitar acúmulo de líquidos, foi implantado um sistema de
drenagem, como sugerido por Castro et al.8 Em seguida, o sistema foi protegido com
bandagens Robert Jones para evitar contaminações ascendentes, além da imobilização
temporária do local que, ao contrário das bandagens compressivas, não comprometem a
vascularização5.
Não foi observada deiscência de sutura ou necroses, contrapondo as
complicações em cirurgias reconstrutivas5, 6 e 7
. Como resultados dos exames
complementares, não foram observados sinais de metástase, o linfonodo regional não
estava comprometido e as margens cirúrgicas estavam livres, o que é compatível com a
suspeita clínica de um mastocitoma grau I, com baixa malignidade e baixo potencial
metastático.
CONCLUSÃO
O resultado da técnica aplicada foi funcional e favorável, por ser eficaz na
reparação do defeito cutâneo após exérese do tumor e permitindo a retirada de amplas
margens cirúrgicas.
REFERÊNCIAS
1. Daleck, CR; De Nardi, AB. Oncologia em cães e gatos. 2. ed. São Paulo. Grupo
Gen-Editora Roca Ltda., 2016.
2. Patnaik AK., Ehler WJ., MacEwen EG. (1984). Canine cutaneous mast cell tumor:
morphologic, grading and survival time in 83 dogs. Veterinary Pathology, 21: 469-
474.
3. Rogers KS. (1996). Mast cell tumors: dilemmas of diagnosis and treatment.
Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 26: 87-102.
4. Kiupel M. et al. (2011). Proposal of a 2-Tier histologic grading system for canine
cutaneous mast cell tumors to more accurately predict biological behavior.
Veterinary Pathology, 48: 147-155.
5. Pavletic MM. (2000). Use of an external skin-stretching device for wound closure in
dogs and cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, 217: 350-
354.
6. Pargana AM. (2009). Técnicas Reconstrutivas em Cirurgia Oncológica de
Canídeos e Felídeos. Tese de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária.
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa,
155p.
7. Gambardella, ss, et al. "retalho de padrão axial da artéria epigástrica superficial
caudal para reconstrução de defeito após exérese de neoplasia em membro
pélvico: relato de caso." volum 3, número 1, suplemento 3.1 supl 1 (2017): 62.
8. Castro JLC. et al. (2015). Principios e Técnicas de Cirurgia Reconstrutiva da Pele
de Cães e Gatos (Atlas Colorido). Curitiba: Ed; Medvep., 286 p.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

EFEITO DA MASTITE SUBCLÍNICA CRÔNICA ANTES DA SECAGEM NA PRIMEIRA


CCS NO PÓS-PARTO DE VACAS LEITEIRAS

EFFECT OF CHRONICAL SUBCLINICAL MASTITIS BEFORE DRYING OFF ON THE


FIRST POST-PARTUM SCC OF DAIRY COWS

William Marota Barbosa1, Morgana Pontes Abreu1, Ana Paula Nunes de Paiva2,
Emmanuel Arhnold3, Marcos Veiga dos Santos4, Ozana de Fátima Zacaroni3

1 Mestrando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; w_marota@hotmail.com


2 Médico Veterinário autônoma, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO
4 Docente, EVZ, USP, Pirassununga, SP

Palavras-chave: período de transição, taxa de cura

Keywords: transition period, cure rate

INTRODUÇÃO
O período seco da vaca é o momento fisiológico onde a interrupção da produção
permite a involução do tecido mamário, a regeneração do tecido secretor de leite, o início
da produção de colostro e interfere positivamente na produção de leite na próxima
lactação. Além disto, este momento representa também uma grande oportunidade para
otimizar a saúde da glândula mamária pois permite melhorar as taxas de cura de
infecções existentes e de prevenir a ocorrência de novas infecções4,5,6.
Estudos anteriores relataram que as taxas de cura de mastite subclínica na
secagem variaram de acordo com o tipo de patógeno envolvido na infecção existente, a
duração do período seco, número de lactações, antibiótico usado para terapia com vacas
secas e contagem de células somáticas (CCS) antes da secagem. Geralmente, esses
estudos são complexos e caros, devido à natureza multifatorial da doença1-6.
Existem poucos estudos sobre esse tema no Brasil, principalmente utilizando
registros de CCS de vacas em larga escala e considerando a cronicidade que as vacas
apresentam no momento da secagem e o nível de CCS, independentemente do
patógeno envolvido na mastite e os protocolos de tratamento utilizados durante a
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

secagem. O objetivo deste estudo foi determinar a associação entre a ocorrência de


mastite subclínica crônica em vacas leiteiras antes da secagem, os valores de CCS
observados neste período e o risco de mastite subclínica no primeiro teste de lactação
subsequente.

MATERIAL E MÉTODOS
Quatro fazendas de leite localizadas no estado de Goiás foram selecionadas para
participar deste estudo. Foram incluídas apenas propriedades com ordenha mecânica,
que já realizavam CCS mensal e possuíam informações de parto e secagem das vacas
com terapia de vaca seca. As propriedades possuíam em média 338 vacas e foram
acompanhadas mensalmente durante todo o ano de 2017 para avaliação do manejo de
ordenha e da coleta de CCS, bem como as coletas de dados de parto e secagem. Todas
as fazendas disponibilizaram os resultados de CCS individual que realizaram no
Laboratório de Qualidade do Leite do Centro de Pesquisas em Alimentos da UFG a partir
de 2015.
As vacas e as lactações foram selecionadas para o atenderem aos seguintes
critérios: possuir no mínimo 3 resultados de CCS nos meses que antecederam a
secagem e o primeiro exame no inicio da lactação seguinte. As lactações foram
agrupadas em 4 categorias com base no status de mastite subclínica antes da secagem
usando um limiar de ≥ 200.000 células / ml para cada um dos três meses antes da
secagem: Sadia nos 3 meses, novo caso no último mês, crônica nos 2 últimos meses e
crônica nos 3 últimos meses. As lactações também foram agrupadas em 5 categorias
pela média geométrica da CCS dos últimos três meses: CCSg1 (<200.000 células/ml),
CCSg2 (200.000-399.000), CCSg3 (400.000-799.000), CCSg4 (800.000-1.599.000) e
CCSg5 (≥ 1.600.000 células/ml). A primeira CCS após o parto determinou a resposta:
“Saudável” ou “Mastite Subclínica” que foi avaliada segundo as variáveis: cronicidade,
média geométrica da CCS e número de lactações em um modelo de regressão logística.
Para auxílio das análises estatísticas utilizou-se a função glmer do pacote lme4 do
software R (R Core Team, 2018).
RESULTADOS
O banco de dados completo inicialmente continha dados de 1.353 vacas em
lactação e mais de 32.000 registros de CCS individuais. Foram selecionadas 1.091
lactações de 887 vacas com 4.364 registros individuais de CCS que atenderam aos
critérios estabelecidos para o estudo. Os resultados sumarizados na tabela 1 mostram os
parâmetros utilizados no modelo de regressão. O efeito isolado da mastite subclínica
crônica nos últimos três meses antes da secagem, utilizando o limiar de 200.000
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

células/ml, não foi significativo e foi retirado do modelo. Vacas que pariram a partir da
quarta lactação tiveram quase duas vezes mais chance de apresentar mastite subclínica
no início da lactação do que vacas que foram para segunda lactação.
Do total das lactações avaliadas, 395 (36,2%) retornaram com mastite subclínica
na próxima lactação. No grupo de lactações encerradas com média geométrica abaixo
de 200 mil (CCSg1) apenas 22,2% delas retornaram com mastite subclínica. Os grupos
CCSg4 e CCSg5 apresentaram Odds ratio 5,45 (3,37-8,94) e 13,03 (4,14-57,52) vezes
maior que o grupo CCSg1, de retornar na próxima lactação com mastite subclínica,
respectivamente. A média aritmética da CCS no primeiro teste pós-parto dos grupos
CCSg4 e CCSg5 foi de 1.121.000 células/ml (escore linear médio 5,1). Já a média no
grupo que secou com CCS abaixo de 200 mil foi de 218.000 células/ml (escore linear
médio 2,7).

TABELA 1 - Regressão logística mista para mastite subclínica no primeiro exame


pós-parto
Odds IC 95%
Variáveis Subcl./Total(%) P* ratio 2,5% 97,5%
Lactações Lactação 2 132/481 (27,4%) 1 - -
Lactação 3 136/385 (35,3%) 0,0006 1,06NS 0,77 1,45
Lactação 4 ou + 127/225 (56,4%) 1,98* 1,37 2,86
CCS CCSg1 (<200) 104/468 (22,2%) 1 - -
(média CCSg2(200-399) 96/266 (36,1%) 1,86* 1,32 2,62
geométrica)
CCSg3(400-799) 113/238 (47,5%) <0,0001 2,70* 1,89 3,87
CCSg4(800-1599) 66/100 (66,0%) 5,45* 3,37 8,94
CCSg5(≥ 1600) 16/19 (84,2%) 13,03* 4,14 57,62

DISCUSSÃO
Independente dos vários fatores que podem determinar a cura de vacas com
mastite subclínica no final de lactação: Espécie do agente envolvido e duração da
infecção, imunidade da vaca, nível de produção antes da secagem, tipo de terapia de
vaca seca utilizada (todos difíceis de serem avaliados em estudos científicos1-6); os
fatores idade e nível de CCS observada ao final da lactação são fáceis de serem
controlados e foram muito significativos para se determinar a chance da vaca apresentar
mastite subclínica na próxima lactação.
O efeito isolado da cronicidade antes da secagem usando apenas o limite de
200.000 células / ml não foi significativo para determinar o percentual de vacas com
mastite subclínica no primeiro mês da lactação seguinte, provavelmente devido ao fato
de que as terapias de vacas secas utilizadas nas propriedades tenham contribuído para
curar as infecções crônicas de baixa intensidade. Por outro lado, a análise dos dados das
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

vacas cujas lactações encerraram com média geométrica da CCS acima de 800.000
células/ml (grupos CCSg4 e CCSg5) mostrou que 95,8% destas lactações foram
classificadas como crônicas por pelo menos 3 meses antes da secagem e tiveram muito
mais chance de retornar com mastite subclínica e com valores muito altos de CCS na
lactação seguinte. Baixas chances de cura também foram observadas em diferentes
estudos4,5,6, com diferentes níveis de CCS observados por ocasião da secagem.
Apenas 10,9% (119/1.091) das lactações avaliadas encerrarem com média
superior a 800.000 células/ml, mas estes poucos animais crônicos e com altas contagens
de células somáticas, têm alto potencial de exercer uma grande influência na média das
contagens de tanque das propriedades e o descarte deste tipo de animal deve ser
considerado7.
CONCLUSÃO
Vacas com mastite subclínica crônicas com altas contagens de CCS no final de
lactação têm muito mais chance de retornar com mastite subclínica na próxima lactação.
A avaliação sistemática da CCS de vacas no final da lactação pode ajudar produtores e
consultores nas tomadas de decisões para evitar que as vacas se tornem crônicas e para
definir sobre o manejo das vacas crônicas que têm uma chance muito baixa de cura
durante o período seco.
REFERÊNCIAS
1. Cardozo LL, Thaler Neto A., Souza G N, Picinin LCA., Felipus NC, Reche NLM.,
Schmidt FA. Risk factors for the occurrence of new and chronic cases of subclinical
mastitis in dairy herds in southern Brazil, J. Dairy Sci. 2015;98:1–11.
2. Oliveira CSF, Hogeveenc H, Botelhod AM, Maia PV, Coelho SG, Haddad JPA. Cow-
specific risk factors for clinical mastitis in Brazilian dairy cattle. Prev. Vet. Med.
2015;121(3–4):297–305.
3. Schukken YH, Wilson DJ, Welcome F, Garrison-Tikofsky L, Gonzalez RN.
Monitoring udder health and milk quality using somatic cell counts. Vet. Res.
2003;34:579–96.
4. Henderson AC, Hudson CD, Bradley AJ, Sherwin VE, Green MJ. Prediction of
intramammary infection status across the dry period from lifetime cow records. J.
Dairy Sci. 2016;99(7):5586-95.
5. Green MJ, Bradley AJ, Medley GF, Browne WJ. Cow, Farm, and Management
Factors During the Dry Period that Determine the Rate of Clinical Mastitis After
Calving. J. Dairy Sci. 2007;90:3764–76.
6. Dufour S, and Dohoo IR. Monitoring dry period intramammary infection incidence
and elimination rates using somatic cell count measurements. J. Dairy Sci.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

2012;95:7173–85
7. Rodrigues LG, de Aquino MHC, Silva MR, Mendonça LC, de Mendonça JFM, de
Souza GN. A time series analysis of bulk tank somatic cell counts of dairy herds
located in Brazil and the United States. Cienc. Rural 2017;47(4):1-6.

DESEMPENHO E BIOMETRIA DOS ORGÃOS DE PINTOS ALIMENTADOS COM


DIETAS PROCESSADAS TERMICAMENTE, CONTENDO MILHO OU SORGO, NA
FASE PÓS-ECLOSÃO

GROWTH PERFORMANCE AND ORGAN WEIGHT OF CHICKS FED THERMALLY


PROCESSED DIETS, CONTAINING MAIZE OR SORGHUM, IN THE POST-HATCHING
PHASE

Amanda Rabelo Ribeiro¹, Regina Fialho de Sousa², Fabyola Barros


Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Carvalho³, Roberto de Moraes Jardim Filho4, Nadja Susana Mogyca


Leandro³, José Henrique StringhinI³
1
Discente em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO; amandinha_rabelo@hotmail.com
2
Doutoranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4
São Salvador Alimentos - SSA

Palavras-chaves: extrusão, peletização, ração de caixa

Key-words: extrusion, pelleting, feed in box

INTRODUÇÃO
A nutrição pós-eclosão baseia-se no oferecimento de rações tradicionais,
suplementos nutricionais e/ou hidratantes nas caixas de transporte dos pintinhos.
Segundo Noy e Sklan1, o peso do intestino aumenta em 60% nos que permaneceram
em jejum e 200% naqueles que receberam alimentação pós-eclosão. Bhanja et al.2
relataram que, pintos sem acesso à alimentação e água por 48 horas após a eclosão,
apresentaram redução no peso corporal em 7,8% em relação aos pintos alimentados
imediatamente após a eclosão.
O enfoque das pesquisas tem sido a busca por alimentos e tecnologias que,
atuem aumentando a digestibilidade das rações pós-eclosão. Dentre essas
tecnologias, estão a peletização e a extrusão como as mais utilizadas na avicultura,
que visam elevar a biodisponibilidade de nutrientes, e melhor desempenho do animal.
Diante disso, objetivou-se avaliar o desempenho e a biometria dos órgãos de pintos
pós-eclosão, alimentados com rações processadas termicamente, contendo milho ou
sorgo.

MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no aviário experimental da Escola de Veterinária e
Zootecnia da UFG, após ser aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais-
CEUA sob o parecer Nº. 039/16. Foram utilizados 720 pintos (macho) da linhagem
Cobb com peso médio de 38±0,81g. Utilizou-se o delineamento experimental
inteiramente casualizado, com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 2x2,
(milho e sorgo; extrusão e peletização) e seis repetições por tratamento. Os peletes
das rações após o processamento térmico foram desintegrados para que obtivessem
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

o tamanho compatível com o bico dos pintainhos. Nas primeiras 24 horas, grupos de
30 pintainhos foram mantidos dentro das caixas de transporte (repetições)
consumindo as rações experimentais (3g/ave). Os pintos tiveram acesso apenas à
ração. Ao fim das 24 horas, avaliou-se o desempenho (peso médio final, consumo de
ração e perda de peso). Para a análise de biometria, dois pintos por repetição foram
pesados e eutanasiados por meio de deslocamento cervical, pesados em balança de
precisão e os dados foram expressos em percentagem de peso vivo. A análise dos
dados foi realizada utilizando-se o procedimento de análise de variância (ANOVA) do
software estatístico R, e as médias foram comparadas pelo Teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS
O processamento térmico das rações influenciou (p=0,030) a perda de peso
dos pintinhos. A menor perda de peso foi observada nos animais que consumiram
ração peletizada (7,81%), em relação à ração extrusada (8,65%), (dados não
apresentados).
Houve interação para peso do saco vitelino, pâncreas e fígado (p<0,05).
Rações a base de sorgo, quando extrusadas ou peletizadas, proporcionaram maior
utilização do saco vitelino. Os pintos que consumiram dieta peletizada com sorgo
obtiveram maiores pesos de pâncreas comparado aos que consumiram dieta
peletizada com milho. Considerando o processamento térmico, a peletização
favoreceu o desenvolvimento do pâncreas nas dietas com sorgo. A ração peletizada a
base de milho proporcionou menor peso de fígado. Observou-se aumento no peso do
proventrículo e intestino delgado dos pintos que consumiram dieta com sorgo. As
dietas peletizadas proporcionaram aumento no peso do intestino grosso.
Tabela 1- Valores relativos de biometria (%) do saco vitelino, moela, pâncreas, fígado,
proventrículo, intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) e intestino grosso de pintos de corte
com 24 horas de vida, alimentados com ração pós-eclosão, com milho ou sorgo, processadas
termicamente
Processamento
Variável Ing térmico Média CV P>F
EXT PEL (%) Ing Proc Ing*proc
Milho 6,01Aa 5,02Ab 5,52 11,27 <0,001 0,164 0,046
Saco vitelino Sorgo 3,77B 3,96B 3,86
Média 4,90 4,50
Milho 6,58 6,79 6,69 5,77 0,371 0,340 0,740
Moela Sorgo 6,49 6,59 6,54
Média 6,54 6,69
Milho 0,30B 0,29B 0,292 10,38 <0,001 0,079 0,032
Pâncreas
Sorgo 0,43Ab 0,51Aa 0,469
Média 0,36 0,40
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Milho 3,72a 3,13Bb 3,42 10,34 0,358 0,162 0,032


Fígado Sorgo 3,51 3,64A 3,57
Média 3,61 3,38
Milho 1,21 1,26 1,23B 9,64 0,001 0,347 0,995
Proventrículo Sorgo 1,40 1,45 1,43A
Média 1,30 1,36
Milho 6,62 7,18 6,90B 6,35 0,005 0,072 0,323
Intestino delgado Sorgo 7,42 7,59 7,50A
Média 7,02 7,40
Milho 1,61 2,18 1,89 14,58 0,654 <0,001 0,846
Intestino grosso Sorgo 1,69 2,22 1,95
Média 1,65b 2,20a
EXT- Extrusada; CV=Coeficiente de variação; Ing-Ingrediente; Médias com letras distintas
minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas diferem estatisticamente pelo teste de Tukey
(p<0,05);

DISCUSSÃO
Embora os pintos tenham consumido ração na caixa de transporte, houve
perda de peso 24 horas após a eclosão, sugerindo que essa perda está relacionada à
desidratação. Para Pedroso et al 3, a perda de peso pode ser devido a absorção do
saco vitelino e perda da proteína muscular, que pode ser utilizada para
gliconeogênese. A maior utilização do saco vitelino nas dietas com sorgo pode ter
influenciado no maior desenvolvimento dos órgãos, como o pâncreas, fígado,
proventrículo e intestino delgado, dos animais que consumiram as mesmas dietas.
Um desenvolvimento precoce do trato gastrointestinal traz como benefícios a
produção quantitativa e qualitativa das secreções digestivas4 .
A dieta com sorgo estimulou o desenvolvimento do proventrículo e intestino
delgado. Esses resultados estão de acordo com Abdollahi el al. 5 que observaram

peso relativo do intestino delgado maior em pintos alimentados com dietas à base de
sorgo em comparação ao milho. Acredita-se que esteja relacionado com a
composição do amido presente no sorgo, que possui digestão mais lenta,
disponibilizando glicose de forma mais constante e por mais tempo no organismo 6,
beneficiando o desenvolvimento intestinal.

CONCLUSÕES
O consumo de dietas peletizadas reduz a perda de peso de pintos de corte
pós-eclosão. Ração pós-eclosão, com sorgo, estimula o desenvolvimento intestinal de
pintos de corte.

REFERÊNCIAS

1. Noy Y, Sklan D. Hydrolysis and Absorption in the Small Intestines of Posthatch


Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Chicks. Poult Sci.2000; 79:1306-1310.

2. Bhanja SK, Anjali Devi C, Panda AK, Shyam Sunder G. Effect of Post Hatch Feed
Deprivation on Yolk-sac Utilization and Performance of Young Broiler Chickens.
Asian-Aust. J. Anim. Sci. 2009; 22 (8): 1174 – 1179.

3. Pedroso AA, Stringhini JH, mogyca LNS, Barcellos CM, Barbosa CE, Gontijo DE
LF. Suplementos utilizados como hidratantes nas fases pré-alojamento e pós-
alojamento para pintos recém eclodidos. Pesq. Agrop. Bras. 2005;40:627- 632.

4. Vieira SL, Pophal S. Nutrição pós-eclosão de frangos de corte. Rev Bras de Ciên
Avíc. 2000;2:189-199.

5. Abdollahi MR, Ravindran V, Wester TJ, Ravindran G, Thomas DV. (). Influence of
conditioning temperature on the performance, nutrient utilisation and digestive tract
development of broilers fed on maize-and wheat-based diets. Brit. Poult. Sci.,
2010;51(5): 648-657.

6. D‟auria E. Substituição de milho por sorgo triturado e extrusado em dietas para


equinos. Pirassununga: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2005.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – São Paulo, Pirassununga,
2005.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

PARÂMETROS SANGUINEOS DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM


DIFERENTES FONTES PROTEICAS

BLOOD PARAMETERS IN DIETS FOR BROILER WITH DIFFERENT PROTEIN


SOURCES

Jiovanna Gonçalves de Sousa1, Julia Marixara Sousa da Silva2, Cibele Silva


Minafra3, Fabiana Ramos dos Santos 3, Lorrayne Moraes de Paula4

1Graduanda em Zootecnia, IFGOIANO, Rio Verde, GO. jiovannaji@gmail.com


2 Doutoranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ.
3 Docente, Zootecnia, IFGOAINO, Rio Verde, GO.

4 Mestranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ.

Palavras-chave: Ácido úrico, Dieta, Síntese proteica.

Keywords: Diet, Protein synthesis, Uric acid

INTRODUÇÃO

Para reduzir os custos na produção avícola, vários estudos são realizados com
ingredientes alternativos que possam substituir o farelo de soja de na dieta. As farinha
de origem animal (FOA) são uma ótima alternativas, rica em proteína, aminoácidos,
lipídios e minerais (1).
Embora o foco da nutrição tenha sido o fornecimento de energia, as aves
necessitam de um perfil nutricional mais equilibrado, principalmente de proteína e
aminoácidos. As proteínas têm efeitos na construção de tecidos do corpo,
funcionamento intestinal e no sistema imunológico (2). O desequilíbrio de proteína nas
dietas, gera o estresse fisiológico nos animais que poderá ser demonstrado pelo
aumento da concentração de proteína total no plasma sanguíneo. Sua determinação
pode ajudar no monitoramento da saúde dos animais (3). O ácido úrico é o principal
resíduo de nitrogênio do aviário, sabe-se que tem relação direta entre a quantidade
de proteína ingerida e a concentração de ácido úrico no plasma sanguíneo (4).
O objetivou-se avaliar a influência três FOA sobre as concentrações de proteína
total e do ácido úrico no plasma sanguíneo de frangos de corte.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um ensaio biológico no Setor de Avicultura do Instituto Federal


Goiano – Campus Rio Verde, Goiás, com a finalidade de determinar a bioquímica do
soro em animais alimentados com três FOA (farinha de vísceras de aves- FVA; farinha
de vísceras suínas- FVS; farinha de carne e osso bovina- FCOB). Coletou-se
amostras de plasma de duas aves por repetição de cada tratamento (48 animais), por
punção cardíaca, centrifugados a 6.000 rpm por 10 minutos, para obtenção do soro,
segundo metodologia (5), no qual fez-se análises proteína total (PT) e ácido úrico (AU)
através de kits comerciais DOLES. Os resultados obtidos foram submetidos a análise
de variância através de procedimento de modelos lineares gerais utilizando o
programa estatístico SISVAR (6) e as médias comparadas pelo teste Tukey, a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS

Na Tabela 1, encontra-se os valores bramatológicos das FOA.

Tabela 1 - Composição proximal química e aminoacídicas das farinhas de carne e


ossos bovinos (FCOB), víscera de aves (FVA) e vísceras suínas (FVS)
1DP 2CV% 1DP 2CV% FVS 1DP 2CV%
Composição (%) FCOB FVA
Umidade 6,43 0,10 1,55 7,53 0,27 3,64 3,40 0,22 6,42
Matéria mineral 26,59 0,02 0,06 18,46 0,22 1,22 18,61 0,29 1,56
Extrato etéreo 11,54 0,14 1,23 17,48 0,24 1,35 16,51 0,25 1,50
Proteína bruta 54,48 0,22 0,40 55,42 0,21 0,38 49,45 0,22 0,44
1Desvio padrão; 2Coeficiente de variação.

A FVA apresentou a maior concentração de proteína, gordura e de aminoácidos


totais. A FCOB obteve a maior composição em cinza.
Na tabela 2, encontram-se os resultados dos níveis bioquímicos de proteína
total (PT) e ácido úrico (AU) obtidos do plasma sanguíneo das aves alimentadas com
as três FOA. De acordo com resultados, houve diferenças significativas (P<0,05) nas
concentrações da proteína total e do ácido úrico dos animais que receberam dietas
com diferentes fontes proteicas. Os níveis de proteína total foram maiores (17,27%)
nos animais que se alimentaram com dietas que continham FOA comparado com os
animais da dieta controle. Para os níveis de ácido úrico, os animais que se
alimentaram com FCOB e dieta basal (milho e soja), tiveram índices menores
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

(26,68%) comparada com as dietas FVS e FVA. Os animais que se alimentaram


com FVA, apresentaram maiores níveis de ácido úrico (28,71%) comparado com os
demais tratamentos.

Tabela 2. Teores bioquímicos de proteínas totais e ácido úrico de frangos de corte


alimentados com diferentes farinhas de origem animal.
Tratamentos Proteínas Totais (mg/dL) Ácido Úrico (mg/dL)
Dieta Basal 4,4980A 5,6666A
FVA 6,4278B 7,8300C
FVS 5,9483B 8,0646C
FCOB 5,7095B 7,2815B
p-valor 0,0005 0,0000
1EPM 0,2728 0,0884
2CV (%) 11,84 3,01
Médias seguidas de letras maiúsculas coluna diferem significativamente entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
padrão da média; 2CV – Coeficiente de variação
1Erro

DISCUSSÃO

A composição nutricional FOA analisadas este experimento estão de acordo com


os encontrados na literatura (7). A FVA possui maior índice de proteína, gordura a e
aminoácidos comparada com as demais.
Os níveis mais elevados de proteína total no sangue nas aves alimentadas FOA,
é justificada por serem ingredientes com maiores teores de proteína na sua
composição centesimal (8).
Estudos mostram que ingredientes com maiores teores proteicos elevam os
níveis de ácido úrico no plasma sanguíneo (9), o que explicaria o aumento da
concentração de ácido úrico no plasma sanguíneo dos animais alimentados com as
FVA e FVS. Outra possível explicação seria, que os animais que se alimentaram com
ingredientes de maiores teores de proteína (FVA e FVS) tentaram remover o excesso
de nitrogênio via ácido úrico (10).

CONCLUSÃO

Conclui-se que dietas para frangos de corte com FOA, alteraram os níveis de
proteína total e ácido úrico no plasma sanguíneo, sendo que FOA aumentou os níveis
de proteína total, e a FVA reduziu os níveis de ácido úrico.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

REFERÊNCIAS

1 -Whitacre, ME. & Tanner H. Methods of determining the bioavailability of amino


acids for poultry. In Absorption and Utilization of amino acids (2018). (pp. 129-141).
CRC Press.

2- Ullah R, Khan S, Khan N, Mobashar M, Sultan A, Ahmad N, & Lohakare J.


Replacement of soybean meal with silkworm meal in the diets of white leghorn
layers and effects on performance, apparent total tract digestibility, blood profile and
egg quality. Int J Vet Health Sci Res. 2017; 5(7), 200-207.

3- Beski, SS, Swick RA, & Iji PA. Specialized protein products in broiler chicken
nutrition: A review. Animal Nutrition. 2015; 1(2), 47-53.

4- Zhang S, Saremi B, Gilbert ER, & Wong EA. Physiological and biochemical
aspects of methionine isomers and a methionine analogue in broilers. Poultry
science. 2016; 96(2), 425-439.

5- Minafra CS, Marques SFF, Strinhini JH, Ulhoa CJ, Rezende CSM, Santos JS,
Moraes GHK. Perfil bioquímico do soro de frangos de corte alimentados com dieta
suplementada com alfa-amilase de Cryptococcus flavus e Aspergillus niger
HM2003. Revista Brasileira de Zootecnia. 2010;.39(2): 2691-2696.

6- Ferreira DF. Sistema Sisvar para análises estatísticas. 2003. Versão online, 5

7- Rostagno HS, Albino LFT, Hannas MI, Donzele JL, Sakomura NK, Perazzo FG,
Saraiva A, Abreu MLT, Rodrigues PB, Oliveira RF, Barreto SLT, and Brito CO.
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Poultry and Swine: Feedstuff Composition and Nutritional Requirements. 2017. 4rd
ed. UFV, Vicosa, Minas Grais, Brazil

8- Franco, SM, Tavernari FC, Maia RC, Barros VRSM, Albino LFT, Rostagno HS,
Lelis GR, Calderano AA, and Dilger RN. Estimation of optimal ratios of digestible
phenylalanine + tyrosine, histidine, and leucine to digestible lysine for performance
and breast yield in broilers. Poult. Sci. 2017; 96:829–837.

9- Kriseldi R, Tillman PB, Jiang Z, & Dozier IIIWA. Effects of feeding reduced crude
protein diets on growth performance, nitrogen excretion, and plasma uric acid
concentration of broiler chicks during the starter period. Poultry Science. 2018;
97(5), 1614-1626.

10- Rezende MS, Mundim AV, Fonseca BB, Miranda RL, Oliveira JrW, & Lellis CG.
Profile of Serum Metabolites and Proteins of Broiler Breeders in Rearing Age.
Brazilian Journal of Poultry Science. 2017;19(4), 583-586.

EFEITO DE DIFERENTES FONTES PROTEICAS EM DIETAS PARA FRANGOS DE


CORTE SOBRE NIVEIS SERICOS DE COLESTEROL E TRIGLICERIDEOS
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

EFFECT OF DIFFERENT SOURCES OF PROTEINS IN DIETS FOR BROILER ON


THE SERUM LEVELS OF CHOLESTEROL AND TRIGLYCERIDES

Jiovanna Gonçalves de Sousa1, Julia Marixara Sousa da Silva2, Cibele Silva


Minafra3, Fabiana Ramos dos Santos3, Alison Batista Vieira Silva Gouveia2

1Graduanda em Zootecnia, IFGOIANO, Rio Verde, GO. jiovannaji@gmail.com


2Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ.
3Docente, Zootecnia, IFGOIANO, Rio Verde, GO.

Palavras-chave: Ácido úrico, Dieta, Síntese proteica.

Keywords: Diet, Protein synthesis, Uric acid.

INTRODUÇÃO
Com a grande variação e o aumento nos preços de ingredientes convencionais
utilizados na nutrição avícola, se faz necessário a busca por ingredientes que possam
substituí-los. Os coprodutos das agroindústrias têm sido levados em consideração,
principalmente os resíduos providos dos frigoríficos de abate animais, dentre esses, as
farinhas de origem animal (FOA)(1,2). As principais vantagens no uso FOA estão
relacionadas aos nutrientes, com alta disponibilidade de minerais, aminoácidos e
energia para animais monogástricos, otimizando os custos e contribuindo com aspectos
ambientais(2,3,4).
Ao definir as fontes proteicas de uma dieta, deve-se considerar os efeitos de
tais ingredientes no metabolismo de frangos de corte. Estudos mostram que a fonte
proteica e os níveis inclusão nas dietas podem alterar alguns parâmetros metabólicos,
como as concentrações de colesterol e triglicerídeos. Parâmetros bioquímicos são
indicadores significativos do estado de saúde em todos os animais (5).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a os níveis séricos de colesterol e
triglicerídeos em com três FOA.

MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um ensaio biológico no Setor de Avicultura do Instituto Federal
Goiano, Campus Rio Verde, Goiás, com a finalidade de determinar a bioquímica
sanguínea em animais alimentados com três farinhas de origem animal. Farinha de
vísceras de aves (FVA); farinha de vísceras suínas (FVS); farinha de carne e osso
bovina (FCOB). Coletou-se amostras de plasma de duas aves por repetição de cada
tratamento (48 animais), por punção cardíaca, posteriormente centrifugados a 6.000
rpm por 10 minutos, para obtenção do soro, segundo metodologia(6), no qual fez-se
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

análises triglicerídeos (T) e colesterol (Col) através de kits comerciais DOLES. Os


resultados obtidos foram submetidos à análise de variância através de procedimento de
modelos lineares gerais utilizando o programa estatístico SISVAR(7) e as médias
comparadas pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS
Na Tabela 1, encontra-se os valores bromatológicas das FOA.

Tabela 1 - Composição proximal química e aminoacídicas das farinhas de carne e


ossos bovinos (FCOB), víscera de aves (FVA) e vísceras suínas (FVS).
Composição (%) FCOB 1DP 2CV% FVA 1DP 2CV% FVS 1DP 2CV%

Umidade 6.43 0.10 1.55 7.53 0.27 3.64 3.40 0.22 6.42
Matéria mineral 26.59 0.02 0.06 18.46 0.22 1.22 18.61 0.29 1.56
Extrato etéreo 11.54 0.14 1.23 17.48 0.24 1.35 16.51 0.25 1.50
Proteína bruta 54.48 0.22 0.40 55.42 0.21 0.38 49.45 0.22 0.44
1Desvio padrão; 2Coeficiente de variação.

A FVA apresentou a maior concentração de proteína, gordura e aminoácidos


totais. Conforme esperado, a FCOB obteve a maior composição em cinza.
Na Tabela 2, encontram-se os resultados dos níveis bioquímicos de colesterol e
triglicerídeos obtidos do plasma sanguíneo das aves alimentadas com as três FOA. De
acordo com resultados apresentando, houve diferenças significativas (P<0,05) nos níveis
de colesterol e triglicerídeos dos animais que receberam dietas com FOA em
comparação com uma dieta controle (milho e farelo de soja). Os animais que se
alimentaram com dietas que continham FVA e FVS, tiveram os níveis de colesterol
maiores (16%) que os animais da dieta controle. Já, os animais que se alimentaram de
rações com FCOB, tiveram índices menores (28%) de colesterol quando comparada
com as demais dietas. Os animais que se alimentaram com FVA, apresentaram
maiores níveis de triglicerídeos (17%) quando comparado com os demais tratamentos.

Tabela 2. Teores bioquímicos de colesterol e triglicerídeos de frangos de corte


alimentados com diferentes farinhas de origem animal.
Tratamentos Colesterol (mg/dL) Triglicerídeos (mg/dL)
Dieta Basal 208,9336B 260,5743A
FVA 232,5261C 312,9901B
FVS 245,3353C 257,4230A
FCOB 149,3645A 272,3038A
p-valor 0,0000 0,0000
1EPM 5,2565 4,9727
2CV(%) 6,16 4,42
Médias seguidas de letras maiúsculas coluna diferem significativamente entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
1Erro padrão da média; 2 CV – Coeficiente de variação.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISCUSSÃO
A composição nutricional FOA analisadas este experimento corroboram com
resultados encontrados na literatura. A FVA possui maior índice de proteína, gordura e
aminoácidos comparada com as demais. Animais alimentados com FOA, tiveram o
maior índice de triglicerídeos, isso pode ser explicado pela quantidade de aminoácidos
encontrado nestes ingredientes, estudos demonstram que dietas ricas em aminoácidos,
elevam os níveis de triglicerídeos no sangue(8).
Animais alimentados com FVA e FVS apresentaram índices de colesterol mais
elevados que os alimentados com as outras dietas. Ingredientes proteicos com maiores
teores de lipídios, no caso as FVA e FVS, aumentam as concentrações de LDL e
colesterol, e fontes proteicas que possuem teores de fibra, como é o caso do farelo de
soja utilizado na dieta controle, diminuem as concentrações de colesterol no plasma
sanguíneo(9). Na dieta com FCOB, onde animais tiveram redução nos níveis de
colesterol. Este ingrediente apresentou maior composição de minerais comparada com
as demais FOA. Estudos demonstram que a maioria dos minerais participam do
metabolismo de lipídeos e exercem um efeito redutor do colesterol(10).

CONCLUSÃO
Dietas para frangos de corte com FOA alteraram os níveis de colesterol e
triglicerídeos no plasma sanguíneo, sendo que FVA aumentou os níveis de colesterol e
triglicerídeos, porem a FCOB reduziu os níveis de colesterol.

REFERÊNCIAS
1 - Erol HS, Imik H, Gumus R, & Halici M. The effects of different amount of protein
and vitamin E supplementation in rations on lipid and antioxidant metabolism of
broilers exposed to heat stress. Brazilian Journal of Poultry Science. 2017; 19 (2):
289-296.

2 - Beski SS, Swick RA & Iji PA. Produtos proteicos especializados em nutrientes
para frangos de frango: uma revisão. Nutrição Animal. 2015; 1 (2): 47-53.

3- Cowieson AJ, Lu H, Ajuwon KM, Knap I, & Adeola O. Interactive effects of dietary
protein source and exogenous protease on growth performance, immune
competence and jejunal health of broiler chickens. Animal Production Science. 2017;
57 (2): 252– 261.

4- Awad EA, Zulkifli I, Soleimani AF, & Aljuobori A. Effects of feeding male and
female broiler chickens on low-protein diets fortified with different dietary glycine
levels under the hot and humid tropical climate. Italian Journal of Animal Science.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

2017; 6(3): 453-461.

5- Tomaszewska E, Dobrowolski P, Klebaniuk R, Kwiecień M, Tomczyk-Warunek


A, Szymańczyk S, & Muszyński S. Resposta do eixo do intestino-osso à
substituição dietética do farelo de soja por sementes cruas de baixo teor de tanino e
fava de feijão em frangos de corte. PloS On. 2018; 13 (3):49-69.

6- Minafra CS, Marques SFF, Stringhini JH, Ulhoa CJ, Rezende CSM, Santos JS,
Moraes GHK. Perfil bioquímico do soro de frangos de corte alimentados com dieta
suplementada com alfa-amilase de Cryptococcus flavus e Aspergillus niger
HM2003. Revista Brasileira de Zootecnia. 2010; 39(12): 2691-2696.

7- Ferreira DF. Sistema Sisvar para análises estatísticas. 2003. Versão online, 5.

8- Karimzadeh S, Rezaei M & Yansari AT. Effects of different levels of canola meal
peptides on growth performance and blood metabolites in broiler chickens.
Livestock Science. 2017. v.203, 37-40.

9- Xu YQ, Guo YW, Shi BL, Yan SM & Guo XY. Dietary arginine supplementation
enhances the growth performance and immune status of broiler chickens. Livestock
Science. 2018; 209: 8-13.

10- Akdemir F, Sahin N, Orhan C, Tuzcu M, Sahin K, & Hayirli A. Chromium-


histidinate ameliorates productivity in heat-stressed Japanese quails through
reducing oxidative stress and inhibiting heat-shock protein expression. British
Poultry Science. 2015; 56(2): 247-254.

DESEMPENHO DE NOVILHAS E VACAS NELORE TERMINADAS EM DIFERENTES


PERÍODOS DE CONFINAMENTO

PERFORMANCE OF NELLORE HEIFERS AND COWS FINISHED DURING


DIFFERENT FEEDLOT PERIODS

Saimon de Souza e Souza1, Luis Eduardo Costa do Nascimento1,


Ubirajara Oliveira bilego2, Amoracyr José Costa Nuñez3, Wagnner
Machado Santos4, João Restle5

Palavras-chave: bovinos de corte, dias de confinamento, vacas de descarte

Keywords: beef cattle, days on feed, cull cows

INTRODUÇÃO
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Vacas e novilhas de descarte apresentam-se como interessantes fontes de


renda para o pecuarista, sendo duas categorias que podem ser vendidas após o
diagnóstico de ausência de gestação. Para tanto, uma estratégia bastante utilizada
pelos produtores seria a de mantê-las a pasto até atingirem o peso mínimo de
abate exigido para comercialização aos frigoríficos. Entretanto, essa alternativa
implica em tempo relativamente longo até que essas fêmeas atinjam condições de
abate, consequência do seu baixo ganho de peso. Nesse cenário, a terminação
dessas fêmeas de descarte em confinamento se apresenta como uma alternativa
viável, pois reduz o tempo de permanência dessas categorias na fazenda, bem
como melhora o rendimento de carcaça, principalmente pelo melhor grau de
acabamento1. Assim, o presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar o
desempenho de vacas ou novilhas Nelore de descarte durante 40 ou 60 dias de
confinamento.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de Pecuária do Instituto de Ciência e
Tecnologia da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste
Goiano - COMIGO, localizado na microrregião Sudeste do estado de Goiás, no
município de Rio Verde (latitude Sul 17° 47‟ 53”, longitude Oeste 51° 55‟ 53” e
altitude média de 815 m).
Foram utilizadas 44 fêmeas Nelore, sendo 22 vacas com idade média de 74,3
± 6,3 meses e 379,6 ± 44,9 kg de peso corporal médio e 22 novilhas com idade
média de 20,4 ± 1,1 meses e peso corporal médio de 306,8 ± 17,9 kg. O
delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em um arranjo
fatorial 2 x 2 de tratamentos, com duas categorias de fêmeas (vaca e novilha) e
dois períodos de terminação (40 e 60 dias).
O período de terminação, no qual realizou-se a coleta de dados, foi precedido
por um período de adaptação dos animais às instalações (baias de 12 x 6 m,
parcialmente cobertas, com dois animais por baia), manejo e dieta experimental. O
ganho médio diário (GMD) foi calculado pela diferença entre as pesagens final e
inicial, realizadas mediante jejum de sólidos e líquidos de 16 horas, dividida pelo
número de dias em que os animais permaneceram confinados. Pesagens
intermediárias foram realizadas a cada 20 dias para monitorar o ganho de peso dos
animais.
A dieta experimental, que foi constituída de silagem de milho e ração
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

concentrada, continha 12% de proteína bruta e 75% de nutrientes digestíveis totais,


sendo fornecida duas vezes ao dia, com a silagem e o concentrado misturados
manualmente no cocho. A relação volumoso:concentrado foi de 56:44 com base na
matéria seca (MS) da dieta. A quantidade de ração oferecida foi ajustada
diariamente para que as sobras, que eram retiradas e pesadas diariamente,
representassem de 5 a 10% do total oferecido. O consumo de MS foi obtido pela
diferença entre a quantidade oferecida e as sobras, enquanto a eficiência alimentar
foi calculada pela razão entre o GMD e o consumo de MS. Os escores de condição
corporal (ECC) foram avaliados visualmente sempre por um mesmo avaliador
treinado, utilizando-se escala de 1 a 5, com nota 1 sendo atribuída para animais
muito magros e nota 5 atribuída para animais muito gordos.
As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa estatístico
computacional SAS. A normalidade dos resíduos foi verificada pelo Teste de Shapiro-
Wilk (procedimento UNIVARIATE). Os resultados foram analisados pelo procedimento
MIXED e as médias dos tratamentos foram ajustadas pelo método dos quadrados
mínimos (LSMEANS). Quando observada diferença significativa pelo teste F (P 0,05),
as médias foram separadas pelo teste t de Student (PDIFF). Tendências foram
discutidas quando 0,05 < P 0,10.

RESULTADOS
Não foram observadas interações entre categoria animal e dias de confinamento
para nenhuma das variáveis avaliadas (Tabela 1). Os pesos inicial e final das vacas
foram maiores (P < 0,01) que os observados para as novilhas, de forma semelhante
ao que foi observado para as variáveis GMD e consumo de MS, cujas médias foram
superiores (P < 0,01) para as vacas em relação às novilhas. Além disso, houve uma
tendência de aumento no peso vivo final, tanto para vacas como para novilhas, em
função do aumento no número de dias de confinamento (P = 0,10). A eficiência
alimentar não diferiu entre as diferentes categorias animais ou diferentes períodos
de confinamento. Por outro lado, o ECC inicial foi maior para as novilhas (P < 0,01)
em relação as vacas, mas o ECC final não diferiu entre as fêmeas das diferentes
categorias. No entanto, o ECC final foi influenciado pelo número de dias em
confinamento, com maiores médias observadas para fêmeas confinadas durante
períodos mais longos (P < 0,01).

Tabela 1 – Desempenho de novilhas e vacas da raça Nelore terminadas em


confinamento por 40 ou 60 dias
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

40 dias 60 dias Valor de P3


Item1 EPM2
Novilha Vaca Novilha Vaca C D CxD
PI, kg 323,3 381,4 327,2 372,6 9,6 <0,01 0,89 0,71
PF, kg 378,0 443,9 408,4 473,2 11,2 <0,01 0,10 0,97
GMD, kg/d 1,37 1,56 1,35 1,67 0,05 <0,01 0,57 0,48
CMS, kg/d 8,58 11,15 8,99 10,89 0,32 <0,01 0,87 0,48
EA, kg ganho/kg MS 0,15 0,13 0,15 0,15 0,01 0,32 0,61 0,14
ECCI, pontos 3,44 3,01 3,28 2,98 0,07 <0,01 0,43 0,61
ECCF, pontos 3,99 3,75 4,21 4,04 0,06 0,12 <0,01 0,61
1
PI = peso inicial; PF = peso final; GMD = ganho médio diário; CMS = consumo de matéria seca; EA =
eficiência alimentar; ECCI = escore de condição corporal inicial; ECCF = escore de condição corporal
final
2
EPM = erro padrão da média
3
C = efeito de categoria animal; D = efeito de dias de confinamento; C x D = efeito da interação entre
categoria animal e dias de confinamento

DISCUSSÃO
As vacas de descarte apresentaram maiores pesos inicial e final em relação
às novilhas, o que era esperado em se tratando de animais adultos (vacas)
comparados com animais em crescimento (novilhas) de um mesmo grupo genético.
Animais que apresentaram maior GMD também apresentaram maior consumo de
MS, o que justifica a ausência de diferença na eficiência alimentar entre os
tratamentos. Além disso, a tendência de aumento no peso vivo final em função do
aumento no período de confinamento também era esperada, uma vez que as
fêmeas confinadas por mais tempo foram alimentadas por 20 dias a mais em
relação àquelas confinadas por menos tempo.
O período de confinamento apresentou efeito sobre o ECC final dos animais,
com maiores valores observados para animais confinados por 60 dias em
comparação com aqueles confinados por 40 dias. De acordo com Costa2, conforme
o animal avança no período de terminação, a composição do ganho de peso é
alterada de um crescimento predominantemente muscular para uma maior
deposição de gordura nos tecidos. Uma vez que o ECC está relacionado com as
reservas energéticas dos animais, fica claro que as fêmeas abatidas aos 60 dias de
confinamento apresentaram maior proporção de gordura no ganho de peso em
relação àquelas que foram abatidas com 40 dias.
Diferentemente do que foi observado no presente estudo, Pazdiora 3
observaram maior consumo de MS para vacas confinadas em relação a novilhas,
mas não relataram diferenças no GMD, de forma que a conversão alimentar foi
melhor para as novilhas em relação às vacas. De forma semelhante, Restle1
reportaram maiores consumos de MS para vacas em comparação com novilhas
durante o período de terminação em confinamento, enquanto o GMD não diferiu
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

entre as duas categorias de fêmeas, o que resultou em melhora na conversão


alimentar para as novilhas.

CONCLUSÃO
Durante o período experimental, tanto as vacas quanto as novilhas
apresentaram características de desempenho satisfatórias, o que justifica o uso do
confinamento como estratégia para terminar fêmeas de descarte em períodos mais
curtos, liberando os pastos para outras categorias animais. Dentre as variáveis
avaliadas, poucas foram as diferenças observadas em função do número de dias
de confinamento, o que sugere que o período de 40 dias é suficiente para que as
fêmeas de descarte atinjam condições adequadas de abate e possam ser
comercializadas aos frigoríficos.

REFÊRENCIAS

1. RESTLE, J.; NEUMANN, M.; ALVES FILHO, D. C.; PASCOAL, L. L.; ROSA, J. R. P.;
MENEZES, L. F. G. D.; PELLEGRINI, L. G. D. Terminação em confinamento de vacas e
novilhas sob dietas com ou sem monensina sódica. Revista Brasileira de Zootecnia. 2001;
30(6):1801-1812.

2. COSTA, E. C. D.; RESTLE, J.; BRONDANI, I. L.; PEROTTONI, J.; FATURI, C.;
MENEZES, L. F. G. D. Composição física da carcaça, qualidade da carne e conteúdo de
colesterol no músculo Longissimus dorsi de novilhos Red Angus superprecoces,
terminados em confinamento e abatidos com diferentes pesos. Revista Brasileira de
Zootecnia. 2002; 31: 417-428.

3. PAZDIORA, R. D.; PACHECO, R. F.; BRONDANI, I. B.; ALVES FILHO, D. C.;


MENEZES, L. F. G.; CALLEGARO, A. M.; PIZZUTI, L. A. D.; WEISE, M. S.; MAYER, A.;
BORCHATE, D. Frequências do fornecimento do alimento no desempenho de vacas e
novilhas em confinamento. Archivos de Zootecnia. 2014; 63: 3-12.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

HISTOMORFOMETRIA INTESTINAL DE PINTOS ORIUNDOS DE MATRIZES DE


CRESCIMENTO LENTO DE DIFERENTES IDADES

INTESTINAL HISTOMORPHOMETRY OF CHICKS OF SLOW GROWTH BREEDERS


OF DIFFERENT AGES

Raphael Rodrigues dos Santos1, Juliana Pinto Machado2, Saulo Veríssimo3, Nadja
Susana Mogyca Leandro4, Saullo Diogo de Assis5, Mariana Alves Mesquita6
1 Graduando em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO; rafarrds@gmail.com
2 Mestre em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3 Mestrando em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO
4 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO
5 Doutor em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO
6 Doutora em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: frango caipira, incubação, idade da matriz

Keywords: slow-growing chicken, incubation, breeder age

INTRODUÇÃO
A avicultura possui além da produção convencional de frangos, modelos
alternativos de criação. A demanda por carne de frango com características
peculiares (sabor, cor e consistência da carne) vem atendendo e agradando um
nicho de mercado, contribuindo assim, para a expansão da criação de frango tipo
caipira no Brasil1.
A mucosa intestinal é imprescindível para a digestão e absorção dos
nutrientes via enterócito2. Diversos fatores influenciam o desenvolvimento da
mucosa intestinal de embriões de frangos de corte durante a incubação, dentre eles,
a idade da matriz. Objetivou-se avaliar o efeito da idade da matriz de frangos de
crescimento lento sobre a histomorfometria intestinal dos pintos.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram incubados 630 ovos, obtidos de um matrizeiro comercial de aves de
crescimento lento da linhagem Isa Label Pescoço Pelado, distribuídos em nove
bandejas de incubação. Os tratamentos foram duas idades de matrizes, 38 e 51
semanas em delineamento em blocos casualizados, sendo os blocos constituídos
pelas máquinas de incubação. No momento da expedição, foram selecionados
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

aleatoriamente 12 pintos por tratamento e eutanasiados por deslocamento cervical.


Coletou-se segmentos do duodeno e jejuno para confecção de lâminas histológicas.
Foi estudada a histomorfometria intestinal dos pintos à eclosão (peso relativo
e comprimento de duodeno e jejuno, altura de vilo, profundidade de cripta e relação
vilo:cripta). Para análise estatística, foi realizada a análise de variância (ANOVA), e
as médias comparadas pelo teste F (5%) utilizando o software R (3.4.1)3.
RESULTADOS
A idade da matriz de crescimento lento não influenciou no peso relativo e no
comprimento do trato intestinal dos pintos à eclosão (P>0,05) (Tabela 1).
TABELA 01 - Peso relativo (%) e comprimento do trato intestinal (cm) de pintos oriundos de
matrizes de crescimento lento de diferentes idades, na expedição
Idade da matriz (semanas)
38 51
Peso relativo (%) Valor de P CV (%)
Duodeno 0,89 0,96 0,360 17,2
Jejuno 1,06 1,15 0,222 14,68
Íleo 0,96 0,91 0,360 14,25
Intestino grosso 1,59 1,91 0,178 30,22
Comprimento (cm)
Duodeno 8,82 8,63 0,627 10,26
Jejuno 15,92 16,70 0,324 10,67
Íleo 14,59 14,89 0,650 10,35
Intestino grosso 6,57 6,93 0,447 15,95
CV(%) = Coeficiente de variação

TABELA 02 - Altura de vilo, profundidade de cripta e relação vilo:cripta de pintos oriundos


de matrizes de crescimento lento de diferentes idades, na expedição
Duodeno Jejuno
Idade da Vilo (μm) Cripta Vilo:Cripta Vilo (μm) Cripta Vilo:Cripta
matriz (μm) (μm)
(semanas)
38 401,52b 61,13a 6,88b 283,06 43,00 7,85
51 498,00a 53,12b 10,72a 297,49 42,90 7,87
Valor de P <0,001 0,007 <0,001 0,420 0,751 0,797
CV (%) 21,00 25,90 40,40 23,49 25,90 35,81
Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste F (5%)
CV(%) = Coeficiente de variação

Pintos oriundos de matrizes de 51 semanas de idade tiveram maior altura de


vilo e relação vilo:cripta no duodeno (P<0,05). Pintos provenientes de matrizes de 38
semanas de idade tiveram maior profundidade de cripta no duodeno (P<0,05). Não
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

houve efeito da idade da matriz de crescimento lento sobre as variáveis estudadas


no jejuno (P>0,05) (Tabela 2).
DISCUSSÃO
As características histológicas do intestino delgado dos pintos neonatos
oriundos de matrizes de crescimento lento de diferentes idades mostraram que a
idade da matriz influenciou (P<0,05) na altura de vilo e na relação vilo:cripta do
duodeno, sendo os maiores valores encontrados em pintos oriundos de matrizes de
51 semanas de idade. De acordo com Maiorka et al.2 maior altura de vilo indica
maior área de digestão e absorção de nutrientes via enterócito. Sendo assim, os
resultados do presente estudo indicam que o fato da mucosa intestinal dos pintos
de crescimento lento provenientes de matrizes mais velhas (51 semanas)
apresentarem maior maturação à eclosão, o que poderia contribuir para um melhor
desempenho e para uma melhor adaptação à alimentação exógena na fase de
criação. Do mesmo modo, Cardeal et al.4 afirmaram que o uso de uma dieta pré
alojamento é indicado para pintos oriundos de matrizes jovens submetidos a longo
período de jejum, pois estimula o crescimento do intestino delgado até os 14 dias
de idade.
CONCLUSÃO
A idade da matriz de crescimento lento, da linhagem Isa Label Pescoço
Pelado, influencia na histomorfometria intestinal, sendo os pintos com melhor
desenvolvimento intestinal oriundos de matrizes mais velhas (51 semanas).
REFERÊNCIAS
1. Dourado LRB, Sakomura NK, Nascimento DCN, Dorigam JC, Marcato SM,
Fernandes JBK. Crescimento e desempenho de linhagens de aves pescoço
pelado criadas em sistema semi-confinado. Ciênc. Agrotec. 2009; 33:875-
881.

2. Maiorka A, Silva AVF, Santin E, Bruno LDG, Boleli IC, Macari M. Effect of
broiler breeder age on the intestinal mucosa development of the embryos at
20 days of incubation. Brazilian Journal of Poultry Science. 2016; 2: 83-86.

3. R Development Core Team. A language and environment for statistical


computing. R Foundation for Statistical Computing; 2017.

4. Cardeal PC, Saldanha MM, Vaz DP, Baião NC, Lara LJC. Effects of the use
of pre-placement diet for broiler chicks upon intestine development. In: Anais
do 2nd Latin American Scientific Conference Abstracts; 2018 nov 6-8;
Campinas, São Paulo. Campinas: Poultry Science Association;2018. p.66.
PADRÕES DE DESLOCAMENTO E CAPTURA DE FORRAGEM POR
NOVILHOS ALIMENTADOS COM SUPLEMENTOS MÚLTIPLOS DE BAIXO
CONSUMO EM PASTAGEM DE CAPIM ARUANA

DISPLACEMENT PATTERNS AND HERBAGE CAPTURE FOR FEEDED


Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

FOSTERS WITH MULTIPLE SUPPLEMENTS OF LOW INTAKE IN PASTURE


ARUANA GRASS

Saimon de Souza e Souza1, Jean Carlo Tavares de Brito2, Robério Gomes


de Souza2, Lauro Ricardo Walker Gomes2, Gabriella Driessen3, Regis Luis
Missio4
1
Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; saimonssouza@hotmail.com
2
Mestando em Zootecnia, PPGZ, IFGoiano, Rio Verde, GO.
3
Discente, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Dois Vizinhos, PR.
4
Docente, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Pato Branco, PR.

Palavras-chave: bocado, bovino, estação alimentar

Keywords: bite, cattle, feeding station

INTRODUÇÃO
As bases para o estabelecimento do manejo de pastagens devem ser
alicerçadas não apenas em conhecimentos isolados sobre as plantas-
animal, mas também nas relações planta-animal-nutrição1. Para isso, deve
haver direcionamento no sentido de investigar os processos e a opção do
animal na busca pelo seu alimento, considerando as características
quantitativas, qualitativas da pastagem e do suplemento fornecido.
A disponibilidade de suplemento e as características das plantas
variam durante o período de pastejo em virtude de sua evolução fenológica
e do impacto do próprio pastejo2, assim essas mudanças na estrutura
especialmente em pastos que o manejo é pouco conhecido podem afetar o
comportamento ingestivo dos animais consequentemente alterando o
consumo do suplemento e o desempenho. A mistura múltipla de baixo
consumo maximiza a deficiência de nutrientes de uma forragem, podendo
afetar diretamente no deslocamento e procura por alimento.
Dentre o exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o padrão de
deslocamento, procura por forragem e o tempo de permanência dos
novilhos alimentados com suplemento múltiplos de baixo consumo em
pastagem de capim Aruana.

MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Setor de Bovinocultura de corte na
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, município de Dois Vizinhos,
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Paraná, Brasil, durante os meses de dezembro de 2016 e 18 de abril de


2017. Foram utilizados 4,5 ha de capim Aruana (Panicum maximum Jacq cv.
Aruana), subdivididos em nove piquetes de aproximadamente 0,5 ha.

Avaliaram-se três suplementos de baixo consumo para recria de


novilhos: controle (sal mineral - SM); suplemento proteico-energético
formulado para ingestão de 0,15 % do peso corporal e suplemento
protéico-energético formulado para ingestão de 0,40 % do PC. Foram
utilizados 18 novilhos Aberdeen Angus testes, com idade média inicial de 15 meses e
364,80 kg de peso corporal médio inicial, sendo dos animais teste por piquete.
As avaliações do comportamento ingestivo foram realizadas através
de duas avaliações durante 13 horas ininterruptas (06:00 – 19:00 h), em
dezembro de 2016 e março de 2017. As atividades de tempo de pastejo,
ruminação, outras atividades (ócio, bebendo água), frequência ao
comedouro foram registradas visualmente em intervalos de 10 minutos4.
O número de mastigadas/bolo ruminal e o tempo de ruminação por
bolo ruminal foram determinados por quatro avaliações distribuídas nos
seguintes períodos do dia: 06:00 – 09:00 h, 09:00 – 12:00 h, 12:00 – 15:00
h e 15:00 – 19:00 h, com tempo de 20 bocados, conforme descrito por
Hodgson5. A partir desta variável determinou-se a taxa de bocado (número
de bocados/segundo). O número de passos para percorrer dez estações
alimentares foi determinado conforme metodologia proposta por Laca e
Demment6. A partir disso, determinou-se o tempo/estação alimentar e o
número de passos por minutos.
Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se a
metodologia de modelos mistos descrito por Littell et al.3. Os parâmetros
foram submetidos à análise de variância e quando significativo para nível
de suplementação às médias foram compradas pelo teste Tukey com α =
0,05. O programa estatístico utilizado foi o SAS (Statistical Analysis
System, versão 9.2).

RESULTADOS
O padrão de deslocamento e ingestão de forragem diurno,
excetuando- se o número de bocados dia-1, tempo de mastigação por bolo,
número de mastigadas e frequência ao comedouro, não foram alterado
(P>0,05) pelo fornecimento dos suplementos (Tabela 1). O número de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

bocados dia-1 foi superior (P<0,05) para os animais alimentados com 1,5 g
kg1 de PC de suplemento em relação aos animais suplementados com 4 g
kg-1 de PC de suplemento. O padrão de ruminação foi alterado pelo
fornecimento dos suplementos, sendo o tempo de mastigação/bolo, número
de mastigadas/bolo e frequência ao comedouro, superiores (P<0,05) para
os animais suplementados com 4 g kg-1 de PC de suplemento em relação
aos animais do suplemento controle.

Tabela 1 - Padrões deslocamento e captura de forragem dos novilhos


alimentados com suplementos múltiplos de baixo consumo em
pastagem de capim Aruana
Tratamentos
Variáveis P SM
0,15% 0,40%
Tempo de pastejo, min 400,00 443,33 387,50 0,30
Tempo de ruminação, min 95,83 102,50 132,50 0,67
Tempo de outras atividades, min 327,50 279,17 292,50 0,50
Passos/minuto, número 8,40 8,62 7,63 0,63
Taxa de bocados, bocados/min 32,65 35,84 30,45 0,35
ab a b
Bocados/dia, número 12966,00 15832,00 11780,00 0,02
b ab
Tempo mastigação/bolo, seg 34,83 40,00 46,17a 0,04
Mastigadas/bolo, número 34,83b 40,94ab 45,02a 0,04
Frequência ao comedouro 1,08b 1,25b 2,33ª 0,01
-1
SM = sal mineral; 0,15% do peso corporal (PC) = 1,5 g kg de PC de suplemento; 0,40% do PC = 4 g
-1
kg de PC de suplemento. CV = coeficiente de variação; P = probabilidade estatística; médias
seguidas de letras distintas, na linha, diferem (P<0,05) pelo teste Tukey.

DISCUSSÃO

Estes resultados foram possivelmente associados a similar qualidade


e disponibilidade de forragem, que neste trabalho não apresentou
diferenças entre os tratamentos. Além disso, é provável que o baixo
consumo de suplemento tenha contribuído para os resultados obtidos, pois
caso houvesse efeito de substituição do pasto pelo suplemento o padrão de
deslocamento e ingestão de forragem possivelmente seria alterado, tal como
verificado por Casagrande7.
A explicação para estes resultados talvez esteja nos valores obtidos
da f r e quência ao comedouro, em que os animais suplementados
somente com sal mineral e 1,5 g kg-1 de PC minimizaram o tempo de
pastejo, pelo consumo de suplemento, e apresentavam menor
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ímpeto/voracidade para imprimirem as atividades relacionadas com a


apreensão de forragem, o que exigiu menor quantidade de bocados dia -1.
Os animais alteraram seu padrão de ruminação, como resultado do
aumento do consumo de matéria seca, para não comprometer o período de
descanso. Segundo Carvalho et al. 2 a redução do período de descanso
pode resultar em elevação das exigências nutricionais de mantença.

CONCLUSÃO
Novilhos alimentados com suplementos múltiplos formulados para
imprimirem ingestão de 0,4 % PC, alteram o padrão de ruminação,
minimizando o número de bocados/dia.

REFERÊNCIAS

1. ROCHA, CH. et al. Padrões de deslocamento de bovinos em pastos de capim-


quicuiu sob lotação intermitente. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 2016; 68(6):
1647-1654.

2. CARVALHO, PCF. et al. Importância da estrutura da pastagem na ingestão e


seleção de dietas pelo animal em pastejo. In: reunião anual da sociedade
brasileira de zootecnia, Anais... Piracicaba. 2001; p.853-871.

3. LITTELL, RC. et al. SAS® for Mixed Models. 2th ed. Cary: SAS Institute Inc.,
2006.

4. JAMIESON, WS.; HODGSON, J. The effect of daily herbage allowance and


sward characteristics upon the ingestive behavior of calves under strip- grazing
management. Grass and Forage Science. 1979; 34: 261-271.

5. HODGSON, J. Ingestive behavior. In: LEAVER, J.D. (Ed.) Herbage intake


handbook. Hurley. British Grassland Society. 1982; 1: 113.

6. LACA, EA.; DEMMENT, MW. Modelling intake of a grazing ruminant in a


heterogeneous environment. In: International Symposium on Vegetation-
Herbivore Relationships. Proceedings… Academic Press. 1992; p. 57-76, 1992.

7. CASAGRANDE, DR. Suplementação de novilhas de corte em pastagem de


capim-marandu submetidas à intensidades de pastejo sob lotação contínua.
[Tese]. Jaboticabal-SP. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária – Unesp;
2010.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

QUALIDADE E DESEMPENHO DE PINTOS NA FASE INICIAL ORIUNDOS DE


MATRIZES DE CRESCIMENTO LENTO DE DIFERENTES IDADES E TEMPO DE
ECLOSÃO

QUALITY AND GROWTH PERFORMANCE OF CHICKS IN THE INITIAL PHASE


ORIGINATED FROM SLOW-GROWING LAYING HENS WITH DIFFERENT AGES
AND HATCHING TIME

Raphael Rodrigues dos Santos1, Juliana Pinto Machado2, Saulo Veríssimo3, Nadja Susana
Mogyca Leandro4, Saullo Diogo de Assis5, Mariana Alves Mesquita6
1 Graduando em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO; rafarrds@gmail.com
2 Mestre em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3 Mestrando em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO
4 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO
5 Doutor em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO
6 Doutora em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO

Palavras-chave: frango caipira, incubação, janela de nascimento

Keywords: slow-growing chicken, incubation, hatch window

INTRODUÇÃO

A avicultura, possui além da produção convencional de frangos, modelos alternativos de


criação. A demanda por carne de frango com características peculiares (sabor, cor e
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

consistência da carne) vem atendendo e agradando um nicho de mercado, contribuindo assim,


para a expansão da criação de frango caipira no Brasil1.
A idade da matriz pesada industrial é considerada um fator que influencia o período
total de incubação, sendo que o tempo para eclosão dos ovos é diferente entre a idade das
matrizes jovens e velhas2. Assim, pintos que eclodem precocemente permanecem por várias
horas na máquina de eclosão sem acesso à água e ração, expostos a temperaturas acima da
adequada, podendo levar a redução da proliferação de enterócitos e o tamanho de vilo,
processos de desidratação e perdas no desempenho dos pintos na fase de criação 3. O
conhecimento da existência de diferenças no tempo de eclosão em função da idade da matriz
permite auxiliar em novas práticas de manejo no incubatório visando melhores resultados no
período de criação. Objetivou-se avaliar os efeitos da idade da matriz de frango de corte de
crescimento lento e do tempo de eclosão sobre a qualidade do pinto e desempenho na fase
inicial de criação.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram incubados 630 ovos obtidos de um matrizeiro comercial de aves de crescimento
lento da linhagem Isa Label Pescoço Pelado. Os 384 pintos de corte, oriundos do ensaio de
incubação foram alojados em baterias dotadas de comedouros, bebedouros e sistema de
aquecimento. Os tratamentos foram duas idades de matrizes de crescimento lento (38 e 51
semanas) e dois tempos de eclosão (precoce, as aves que nasceram dentro do intervalo de
479 a 485 horas; e tardia, 491 a 497 horas. O delineamento adotado foi em blocos
casualizados (sexo) sendo os tratamentos arranjados em esquema fatorial 2x2, com oito
repetições por tratamento e a parcela composta por 12 aves. Durante todo o período
experimental, as aves receberam ração e água à vontade, e foram criadas, seguindo as
recomendações do guia de manejo da linhagem. As rações foram formuladas à base de milho
e farelo de soja, seguindo as recomendações de Rostagno et al.4 para a fase inicial de criação
(1 a 28 dias de idade). Foi estudado o desempenho dos pintos na fase inicial (ganho diário de
peso, consumo diário de ração, conversão alimentar, peso final e viabilidade). Os dados foram
submetidos à análise de variância com auxílio do programa estatístico R 5, versão 3.4.1 e as
médias quando necessário foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS
Não houve interação (P>0,05) entre os fatores idade das matrizes de crescimento lento
e tempo de eclosão para as variáveis peso do pinto, peso do resíduo vitelino e peso do pinto
sem resíduo aos sete dias de idade. Não houve efeito da idade da matriz e do tempo de
eclosão (P>0,05) sobre o peso do pinto e peso do pinto sem resíduo aos sete dias de vida
(Tabela 1).
Não houve interação (P>0,05) entre os fatores idade das matrizes de crescimento lento
e tempo de eclosão para as variáveis de desempenho aos 28 dias de idade. O consumo de
ração, a conversão alimentar e a viabilidade não foram influenciados pelo tempo de eclosão e
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

idade das matrizes (P>0,05). Entretanto, aves com nascimento tardio apresentaram
crescimento mais rápido (P=0,016) e, consequentemente, maior peso aos 28 dias de idade
(P=0,009), em comparação àquelas com nascimento precoce. (Tabela 2).

TABELA 1 - Peso do pinto (g), peso do resíduo vitelino (%) e peso do pinto sem resíduo
vitelino (g) oriundos de matrizes de crescimento lento de diferentes idades e
tempo de eclosão, aos sete dias de idade
Idade da matriz Peso do pinto Peso do resíduo Peso do pinto sem
(semanas) (g) vitelino (%) resíduo (g)
38 99,52 0,37 99,16
51 104,80 0,40 104,36
Tempo de eclosão
479-485 h 101,23 0,61 100,61
491-497 h 103,08 0,16 102,90
Valor de P
Idade da matriz 0,114 0,889 0,114
Tempo de eclosão 0,571 0,060 0,477
Idade x T. eclosão 0,454 0,969 0,452
CV (%) 8,62 162,28 8,53
*Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. CV(%) = Coeficiente de variação

TABELA 2 - Desempenho de frangos de crescimento lento oriundos de matrizes de


diferentes idades e tempo de eclosão, aos 28 dias de idade
1-28 dias de criação
Idade da Consumo Conversão Ganho diário Peso Final (g) Viabilidade (%)
matriz diário de alimentar de peso (g)
(semanas) ração (g) (g/g)
38 1.366,1 1,963 696,0 734,5 94,8
51 1.372,3 1,926 712,1 751,6 97,4
Tempo de eclosão
479-485 h 1.350,5 1,954 691,1b 728,8b 96,5
491-497 h 1.387,8 1,934 716,9a 757,1a 95,7
Valor de P
Idade da 0,819 1,134 0,123 0,103 0,129
matriz
Tempo de 0,182 0,411 0,016 0,009 0,577
eclosão
Idade x T. 0,753 0,974 0,683 0,630 0,454
eclosão
CV (%) 5,42 3,39 3,91 3,71 4,94
*Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. CV(%) = Coeficiente de variação

DISCUSSÃO
Observou-se que o efeito da interação entre os fatores idade das matrizes e tempo de
eclosão para as variáveis de desempenho não ocorreu aos 28 dias de idade dos pintos de
crescimento lento, ainda, o efeito da idade das matrizes se perdeu. Resultados que discordam
com a literatura com matrizes de crescimento rápido. El Sabry et al. 6 observaram que aos 28
dias de idade os fatores idade da matriz e tempo de eclosão não interagiam mais, porém,
ainda permanecia o efeito dos dois fatores estudados, sendo que pintos de maior peso vivo
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

foram aqueles oriundos de matrizes mais velhas ou pintos que nasceram em tempo de eclosão
tardio. Esse fato pode estar relacionado com o baixo desafio em ambientes experimentais, no
qual ocorre um bom manejo e baixa densidade de criação.
Pintos eclodidos no período entre 479 e 485 horas tiveram piores resultados de ganho
de peso e o peso final. Esses resultados mostraram que o efeito do tempo de eclosão pode ser
mais prejudicial do que o efeito da idade da matriz de crescimento lento.

CONCLUSÃO
A idade da matriz de crescimento lento e o tempo de eclosão não influenciam na
qualidade dos pintos aos sete dias de idade. O fator tempo de eclosão afeta o desempenho
dos pintos, sendo os pintos eclodidos no período entre 479 e 485 horas com piores resultados.

REFERÊNCIAS
1. Dourado LRB, Sakomura NK, Nascimento DCN, Dorigam JC, Marcato SM, Fernandes
JBK. Crescimento e desempenho de linhagens de aves pescoço pelado criadas em
sistema semi-confinado. Ciênc. Agrotec. 2009; 33:875-881.

2. Hudson BP, Fairchild BD, Wilson JL, Dozier WA, Buhr RJ. Breeder age and zinco
source in broiler breeder hen diets on progeny characteristics and hatching. Journal of
Applied Poultry Research. 2004; 13:55-64.

3. Calil TAC. Princípios básicos de incubação. In: Conferência APINCO, Simpósio sobre
Incubação. Anais (CD-ROM) Santos, São Paulo, Brasil, 2007.

4. Rostagno HS, Albino LF, Donzele JL, Gomes PC, Oliveira RF, Lopes DC, Ferreira AS,
Barreto SL, Euclides PF. Tabelas brasileiras para aves e suınos. Composiçao de
alimentos e exigências nutricionais. 3ª ed. UFV, Viçosa, MG, Brazil. 2011.

5. R Development Core Team. A language and environment for statistical computing. R


Foundation for Statistical Computing; 2017.

6. El Sabry MI, Yalçin S, Izzetoglu G. Interaction between breeder age and hatching time
affects intestine development and broiler performance. Livestock Science. 2013;
157:612-617.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

CARACTERÍSTICAS MÉTRICAS DA CARCAÇA DE TOURINHOS NELORE


RECRIADOS A PASTO COM DIFERENTES TIPOS DE SUPLEMENTAÇÃO E
INCLUSÃO DE NARASINA E TERMINADOS EM CONFINAMENTO

METRIC CHARACTERISTICS OF THE CARCASS OF YOUNG NELLORE BULLS


RAISED ON PASTURE WITH DIFFERENT TYPES OF SUPPLEMENTATION AND
NARASIN INCLUSION AND FINISHED IN THE FEEDLOT

Luiz Eduardo Costa do Nascimento1, João Restle2, Ubirajara Oliveira Bilego3,


Larissa de Oliveira Ferreira4, Tiago Pereira Guimarães5, Amoracyr José Costa
Nuñez6
1
Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; eduardoluiz_srv@hotmail.com
2
PhD, Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
3
DSc. Pesquisador Veterinário II – Cooperativa A. P. R. S Goiano;
4
Mestranda em Zootecnia, PPGZ, IF Goiano Campus Rio Verde, Rio Verde, GO;
5
DSc. Docente, IF Goiano Campus Rio Verde, GO;
6
PhD, Pós Doutorando, PPGZ, EVZ, Goiânia, GO.

Palavras-chave: ionóforo, corte primário, zebu.


Keywords: ionophore, primary cut, zebu.

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a cadeia produtiva da carne bovina passou a incorporar
tecnologias que visam a melhoria da eficiência e o aumento da produção, impostas
pela globalização e competitividade, frente a outras cadeias de proteína animal. A
pecuária extensiva a pasto contribui para o saldo positivo do comércio de bovinos no
Brasil, mas seu maior tempo de ciclo produtivo ocasiona perdas econômicas, o que
minimiza seu resultado financeiro final 1.
Assim, estratégias como a suplementação múltipla, especialmente a proteica
ao longo do ano, bem como a terminação em confinamento, surgem como opção para
aumentar a eficiência do sistema e reduzir o ciclo de produção. Em muitas regiões,
tais práticas são difundidas na produção de bovinos de corte, contribuindo para
aumentar a produção de arrobas por hectare2.
A avaliação das características das carcaças tem como finalidade avaliar
parâmetros subjetivos e objetivos, os quais estão relacionados com aspectos
qualitativos e quantitativos das mesmas. De tal forma, medidas da carcaça, quando
combinadas com o peso vivo dos animais, são preditores satisfatórios de sua
composição em gordura, músculo e ossos3.
Sendo assim, o presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar os
efeitos da suplementação mineral ou proteico-energética, com ou sem inclusão de
narasina, durante a recria de tourinhos Nelore posteriormente terminados em
confinamento sobre as características métricas da carcaça.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de Pecuária do Centro Tecnológico da
Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano - COMIGO,
localizado na microrregião Sudeste do estado de Goiás, no município de Rio Verde.
Foram utilizados 96 tourinhos Nelore, com idade média de 24 meses e peso
corporal médio inicial de 301 ± 29 kg. Após a pesagem inicial, os animais foram
distribuídos aleatoriamente entre quatro tratamentos empregados na fase de recria:
suplementação mineral (SM); suplementação mineral com narasina (SMN);
suplementação proteico-energética (SPE) e suplementação proteico-energética com
narasina (SPEN). O consumo dos suplementos foi estimado em 0,03 e 0,1% do peso
corporal para os suplementos mineral e proteico-energético respectivamente. A
dosagem de narasina foi ajustada para 13 mg do aditivo para cada kg de matéria
seca (MS) consumida.
O período de recria, que teve duração de 63 dias, ocorreu na fase de transição
águas- seca, com início em 08 de março de 2018, após 10 dias de adaptação dos
animais aos suplementos. Com o intuito de fornecer os suplementos e avaliar a
quantidade consumida, os animais eram separados e alojados em baias coletivas
com seis ou sete animais por baia, totalizando quatro baias por tratamento. Os
animais permaneciam nas baias das 10:00 às 14:00. As sobras de suplemento foram
pesadas diariamente e o consumo ajustado sempre que necessário, de acordo com a
dosagem recomendada do aditivo. No restante do dia, os animais foram mantidos em
sistema de pastejo com lotação rotacionada, em piquetes de capim Tifton- 85, em
uma área de 6,99 hectares. O manejo do pastejo obedeceu às alturas de entrada (25
a 30 cm) e saída (5 a 8 cm) da pastagem.
Após a recria, deu-se início ao período de terminação em confinamento, com
os animais sendo alocados em 16 baias coletivas de acordo com os tratamentos
previamente utilizados. No início do confinamento, os animais apresentaram 334 ± 33
kg de peso vivo. O período de confinamento foi de 90 dias, sendo 70 dias de
avaliações e 20 dias de adaptação dos animais às dietas e ao manejo do
confinamento. A dieta, comum a todos os animais, foi composta de silagem de milho
e ração concentrada contendo 18% de PB e 76% de NDT com base na MS, com
relação volumoso concentrado de 25:75. As dietas foram fornecidas duas vezes ao
dia, às 8:30h e às 15:30h, com a mistura manual do volumoso com o concentrado no
cocho. Ao final do período de confinamento, os animais foram abatidos em frigorífico
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

comercial com inspeção federal, de acordo com métodos humanitários. Para a


avaliação das carcaças, foram selecionados três animais por baia, cujos pesos
apresentavam maior proximidade com o peso médio da baia. Após 24 horas de
resfriamento pós abate, foram avaliadas as seguintes características métricas na
meia-carcaça direita: comprimento de braço (CB), comprimento de carcaça (CC),
espessura de coxão (ECX) e comprimento de perna (CP). As avaliações foram
realizadas de acordo com metodologia proposta por Müller (1987)4. Os dados foram
submetidos à análise de crítica e consistência e, quando atendidas as premissas
básicas da análise paramétrica, as variáveis foram submetidas à análise de variância,
sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Quando
houve presença de variáveis que não se enquadravam na análise paramétrica, as
mesmas foram submetidas ao teste de Kruskal-Wallis, à 5% de probabilidade. Para a
análise estatística dos dados utilizou-se o pacote estatístico easynova, do programa
computacional R, versão 3.3.1 (2016).
RESULTADOS

Com exceção do CP, que foi menor para os animais tratados com suplemento
mineral e narasina em relação aos demais tratamentos (P < 0.05), as demais
características métricas da carcaça não diferiram em função da inclusão de narasina
no suplemento fornecido aos tourinhos ofertatos durante a recria e posteriormente
terminados em confinamento (Tabela 1).

Tabela 1- Características métricas da carcaça de tourinhos Nelore recriados a


pasto com diferentes tipos de suplementação e inclusão de narasina e
terminados em confinamento.
Tratamentos C.V. Valor
Variáveis
SM SMN SPE SPEN (%) de P
PB 35,38 35,63 36,48 35,83 2,98 0,09
CB 42,75 42,17 43,38 42,92 2,67 0,09
CC 131,67 131,29 133,29 133,13 2,84 0,46
ECX 28,21 26,92 25,04 28,33 14,39 0,15
CP 79,5a 77,57b
80,00a 80,08a 1,97 <0.01
1PB= perímetro de braço; CB = comprimento de braço; CC = comprimento de
carcaça; ECX= espessura de coxão; CP = comprimento de perna.
2 SM = suplemento mineral; SMN = suplemento mineral com adição de narasina;
SPE = suplemento proteico-energético; SPEN = suplemento proteico-energético com
adição de narasina.
a,b,c Médias seguidas por letras distintas em uma mesma linha diferem entre si pelo
teste de Tukey (p < 0,05).

DISCUSSÃO
Segundo Climaco5, as características métricas das carcaças, como
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comprimento de braço, de perna e da própria carcaça podem ser afetadas pelo plano
nutritivo, características raciais e sexuais. No presente estudo, no entanto, os
diferentes planos nutricionais aplicados no curto período de recria não foram
suficientes para promover alterações significativas nas características métricas das
carcaças após um período mais longo de terminação em sistema de confinamento
com uma dieta comum a todos os animais. De forma semelhante, Euclides Filho6 não
observaram diferenças no comprimento de carcaça de bovinos Nelore suplementados
ou não durante o período seco.
CONCLUSÃO
A suplementação mineral ou proteico-energética com ou sem narasina
fornecida durante a recria apresentou poucos efeitos sobre as características métricas
de carcaça de tourinhos Nelore avaliados após período de terminação em
confinamento nos quais os animais receberam uma mesma dieta.
REFERÊNCIAS
1- Moreira FS, Oliveira, MMNF, Villela SDJ, Barbosa FA, Mourthe MHF, Diniz
FB. Desempenho produtivo e econômico de três grupos genéticos de bovinos
recriados a pasto com suplementação e terminados em confinamento. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2015; 67(1): 140-148.

2- Oaige NRP, Barcellos JOJ, Christofari LF et al. Melhoria organizacional na


produção de bezerros de corte a partir dos centros de custos. Revista
Brasileira de Zootecnia. 2008; 37: 580-587.

3- EL Karin AIA, Owen JB, Whitaker CJ. Measurement on slaughter weight, side
weight, carcass joints and their association with carcass composition of two
types of Sudan Desert sheep. Journal of Agricultural Science.1988; 110(1):65-
69.

4- Muller, L. Normas para avaliação de carcaças e concurso de carcaças de


novilhos. 2. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1987.

5- Climaco SM, Ribeiro ELDA, Rocha MAD, Mizubuti IY, Silva LDDFD, Noro LY,
TURINI T. Características de carcaça e qualidade de carne de bovinos inteiros
ou castrados da raça Nelore, suplementados ou não durante o primeiro
inverno. Ciência Rural. 2006; 36: 1867-1872.

6- Euclides Filho K, Euclides VPB; Figueiredo GR, Oliveira, MP Efeito da


suplementação com concentrado sobre idade de abate e características de
carcaça de bovinos Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia. 1997.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO EM FRANGOS


DE CORTE DE CRESCIMENTO LENTO DE DIFERENTES LINHAGENS

EVALUATION OF THE DEVELOPMENT OF THE DIGESTIVE SYSTEM OF SLOW-


GROWING BROILERS IN DIFFERENT LINEAGES

Maria Luiza Rocha Medrado1, Saullo Diogo de Assis2, Juliana Pinto


Machado3, Saulo Veríssimo4, Raphael Rodrigues dos Santos5, Nadja Susana
Mogyca Leandro6

1 Discente em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO; malurmedrado@gmail.com


2 Doutor em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO;
3 Mestre em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO;

4 Mestrando Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO;

5 Discente em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO

6 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: avicultura, frango caipira, histomorfometria

Keywords: poultry, chicken, histomorphometry

INTRODUÇÃO
O trato digestório das aves está anatomicamente completo no período final do
processo de incubação, mas sua capacidade funcional, de digestão e absorção ainda
está imatura comparada a aves mais velhas1. Após a eclosão, o trato digestório sofre
grandes mudanças nas características fisiológicas e físicas, ocorrendo maior
desenvolvimento das vilosidades e criptas da mucosa intestinal e aumento
morfológico dos órgãos do trato digestório2.
Devido aos cruzamentos e seleções as aves podem sofrer variações
anatômicas, principalmente no trato digestório3. A genética influencia diretamente não
só o desempenho produtivo, mas também o desenvolvimento do trato digestório 4,
linhagens de frangos de corte de crescimento lento apresentam características
genéticas próprias, tais características influenciam o desenvolvimento fisiológico e são
proporcionadas pelo melhoramento genético.
Diante o exposto um experimento foi realizado para avaliar o desenvolvimento
do sistema digestório em frangos de corte de crescimento lento de diferentes
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

linhagens (Label Rouge Pesadão, Label Rouge Pescoço Pelado, Carijó e Carijó
Pescoço Pelado), nas idades de um e 28 dias.

MATERIAIS E MÉTODOS

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com


animais sob o protocolo de número 068/16. Foram utilizados 544 pintos com um dia
de idade em um delineamento inteiramente casualisado (DIC), com quatro
tratamentos (linhagens) e oito repetições de 17 aves. As linhagens utilizadas foram
Label Rouge Pesadão, Label Rouge Pescoço Pelado, Carijó e Carijó Pescoço Pelado.
As variáveis estudadas foram altura das vilosidades intestinais (VI),
profundidade das criptas (CR) medidas em micrometros (μm) e a relação altura do
vilo/cripta (VI/CR). Com um dia e 28 dias de idades, uma ave (por repetição) com o
peso médio obtido pela parcela, foi sacrificada por deslocamento da articulação
crânio-cervical para a realização da necropsia e coleta de órgãos do sistema
digestório para avaliação do desenvolvimento intestinal.
Os dados foram submetidos à análise de variância. Para as comparações de
médias utilizou-se teste de Tukey com nível de significância de 5%. Para às analises
foi utilizado o programa R.

RESULTADOS

Na Tabela 1 está apresentado os resultados da histomorfometria intestinal de


pintos de frango de corte de crescimento lento, com um dia idade.
Tabela 1 - Medidas histomorfométricas do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo)
de diferentes linhagens, com um dia de idade
Linhagens
Variáveis
Carijó Carijó P Label P Label P valor CV %
Duodeno (µm)
Altura de Vilo 492,0 a 514,6 a 568,6 a 281,6 b 0,001 20,12
Profund. de Cripta 57,4 ab 65,0 a 48,4 b 57,9 ab 0,008 14,63
Relação V:C 8,2 ab 8,1 b 11,8 a 4,8 c 0,001 28,61
Jejuno (µm)
Altura de Vilo 270,6 b 365,0 a 280,5 b 313,5 ab 0,001 11,13
Profund. de Cripta 40,8 b 52,6 a 47,6 ab 45,8 ab 0,039 16,03
Relação V:C 6,3 7,1 5,7 6,9 0,157 18,51
Íleo (µm)
Altura de Vilo 251,8 b 290,4 a 257,8 ab 228,9 b 0,001 10,08
Profund. de Cripta 60,0 a 65,5 a 57,7 ab 51,7 b 0,001 9,40
Relação V:C 4,2 4,4 4,0 4,7 0,282 15,22
Médias na mesma linha, seguidas por letras minúsculas distintas diferem (P<0,05) pelo teste Tukey. CV=
Coeficiente de Variação. P valor= Probabilidade de significância.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Houve diferença (P<0,05) para Medidas histomorfométricas do intestino


delgado com um dia de idade. A linhagem Label Rouge Pescoço Pelado apresentou
maior comprimento de vilo (μm) e relação vilo:cripta do duodeno com um dia de idade.
A linhagem Carijó Pescoço Pelado apresentou maior altura de vilos no jejuno e íleo.
Não houve diferença (P>0,05) da relação vilo/cripta no jejuno e íleo, entre linhagens
estudadas.
Na Tabela 2 está apresentado os resultados da histomorfometria intestinal de
pintos de frango de corte de crescimento lento, com 28 dias idade. Houve diferença
(P<0,05) para altura de vilo, profundidade de cripta e relação vilo/cripta do duodeno e
íleo entre as linhagens Carijó, Carijó Pescoço Pelado, Isa Label Pescoço Pelado, e
Isa Label Pesadão. A linhagem Carijó Pescoço Pelado obteve a maior altura de vilo e
relação vilo:cripta do duodeno.
Tabela 2 – Medidas histomorfométricas dos órgãos digestivos (duodeno, jejuno e íleo)
de diferentes linhagens com 28 dias de idade

Linhagens
Variáveis P
Carijó Carijó P Label P Label CV %
valor
Duodeno (µm)
Altura de vilo 1385,5 b 1553,2 a 1283,8 bc 1271,1 c 0,001 5,86
Profun. de Cripta 543,7 a 269,1 b 277,4 b 288,3 b 0,001 9,03
Relação V:C 2,5 c 5,5 a 4,6 ab 4,4 b 0,001 14,54
Jejuno (µm)
Altura de vilo 1106,5 a 885,5 b 888,4 b 967,8 ab 0,001 10,18
Profun. de Cripta 393,4 a 358,5 ab 355,4 ab 345,1 b 0,030 7,92
Relação V:C 2,7 2,4 2,6 2,8 0,456 15,79
Íleo (µm)
Altura de vilo 700,3 bc 772,4 b 929,0 a 665,6 c 0,001 7,83
Profun. de Cripta 194,1 ab 170,6 b 211,8 a 195,7 a 0,001 8,96
Relação V:C 3,7 ab 4,3 a 4,3 a 3,2 b 0,001 12,39
Médias na mesma linha, seguidas por letras minúsculas distintas diferem (P<0,05) pelo teste Tukey. CV=
Coeficiente de Variação. P valor= Probabilidade de significância.

DISCUSSÃO
Em frangos de corte o tamanho dos vilos não é determinado apenas pela taxa
de proliferação celular, mas, sim, pela relação entre as taxas de proliferação (na cripta)
e a morte celular seguida de extrusão celular (no ápice dos vilos). Para que haja
crescimento real dos vilos é necessário que a taxa de proliferação seja maior do que
a extrusão5, em condições normais a relação vilo/cripta deve ser maior, indicativo de
adequada renovação celular e melhor absorção de nutrientes.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

A linhagem Label Rouge Pescoço Pelado apresentou desde o primeiro dia de


vida uma maior relação vilo/cripta poderá apresentar um desempenho superior as
demais linhagens, por obter uma melhor absorção de nutrientes desde o primeiro dia
de vida. A linhagem Carijó Pescoço Pelado apresentou em todos os períodos
estudados os piores valores de desempenho e peso relativo e comprimento de órgão
digestórios. Aves com compartimentos gástricos e enzimas digestivas ineficientes
possuem maior altura de vilosidades e maior relação vilo cripta apenas como tentativa
de compensar essa baixa funcionalidade, melhorando os processos absortivos.
Porém, neste estudo esse processo fisiológico não foi suficiente para melhorar o
desempenho e aproveitamento de nutrientes pela linhagem Carijó Pescoço Pelado
CONCLUSÃO
As linhagens apresentadosm diferenças no desenvolvimento intestinal na fase
inicial de criação.

REFERÊNCIAS
1. Uni Z, Gal-Garber O, Geyra A, Sklan D, Yahav S. Change in the growth and
function of chick small intestine epithelium due to early thermal conditioning.
Poultry Science. 2001; 80: 438- 450.

2. Geyra A, Uni Z, Sklan D. Enterocyte dynamics and mucosal development in the


posthatch chick. Poultry Science 2001; 80: 776-82.

3. Didio LJA. Variação anatômica, p.14-18. In: Getty R. (Ed.), Sisson/ Grossman
Anatomia dos Animais Domésticos. 1986.Vol.1. 5ª ed. Guanabara Koogan, Rio
de Janeiro.

4. Mendonça MO, Sakomura NK, Santos FR, Freitas ER, Fernades JBK, Barbosa
NAA. Níveis de energia metabolizável para machos de corte de crescimento
lento criados em semiconfinamento. Revista Brasileira de Zootecnia. 2008;
37(8):1433-1440.

5. Macari M, Maiorka A. Fisiologia das aves comerciais. Jaboticabal: FUNEP,


2017. 806p.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

SUPLEMENTAÇÃO DE FITASE COM DIFERENTES RELAÇÕES CÁLCIO FÓSFORO


E FEITOS SOBRE PARÂMETROS ÓSSEOS

SUPPLEMENTATION OF PHYTASE WITH DIFFERENT RELATIONSHIPS CALCIUM


PHOSPHORUS AND MADE ON BONE PARAMETERS

Itallo da Silva Faria1, Laís de Melo Montel2, Déborah Zacarias Guedes3,


Miliane Alves Costa4, José Henrique Sthinghini4
1Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO; itallusilva@gmail.com
2 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
3 Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
4 Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO.
5 Prof. Dr, DZO, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: ácido fítico, enzima, superdosagem

Keywords: phytic acid, enzyme, super dosing

INTRODUÇÃO

O ácido fítico é forma na qual os vegetais armazenam o fósforo, e em


consequência o fósforo contido nos grãos apresenta-se em grande parte
indisponível para os animais monogástricos1.
O fósforo e o cálcio são os principais minerais constituintes dos ossos. A
deficiência desses minerais ocasiona má formação óssea e fraturas durante o
processamento o que provoca condenação de parte das carcaças levando ao seu
descarte total ou parcial da carcaça das aves.
Objetivou-se avaliar a suplementação de níveis da enzima fitase com
diferentes relações cálcio/fósforo sobre o efeito nas características ósseas de
frangos de corte aos 42 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no aviário da Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás. Foram utilizados 400 pintos machos da linhagem
Cobb500, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado e em esquema
fatorial com oito tratamentos e cinco repetições com 10 aves cada. No período de
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

um a 21 dias de idade, as aves receberam rações à base de milho, farelo de soja e


glúten de milho de acordo com as recomendações preconizados por Rostagno et al.
2 para atenderem as exigências nutricionais das aves, com exceção do cálcio (Ca)
que foi incluso nas dietas compondo os diferentes tratamentos para cada fase de
produção. Foram formuladas oito dietas para cada fase, para fase pré-inicial (1-7
dias) e inicial (8-21 dias). As dietas experimentais foram constituídas por quatro
relações de cálcio e fósforo (2.3; 2.0; 1.7 e 1.4/1), considerando a relação de 2/1 de
0,964% de cálcio e 0,482% de P disponível (1 a 7 dias) e 0,864% de cálcio e 0,432%
P disponível (8 a 21 dias), dos níveis recomendados por Rostagno et al. 2 e inclusão
de 750 e 1500 FTU de fitase, considerando a matriz da enzima apenas para fósforo.
Aos 21 dias de idade, duas aves por tratamento (total de 80 aves), foram abatidas
para obtenção das tíbias e realização das análises ósseas. Os dados foram
tabulados, as médias obtidas foram submetidas à ANOVA e comparadas pelo teste
de Scott-Knott a 5% de probabilidade pelo programa estatístico R.

RESULTADOS
Verificou-se interação (p<0,05) para os níveis de cálcio e fitase para todas
as variáveis analisadas no experimento (Tabela 1).

TABELA 1. Qualidade óssea de frangos alimentados com diferentes relações cálcio/fósforo


e suplementados com doses de fitase aos 42 de idade
Comprimento Diâmetro
Peso (g) Índice Seedor
(mm) (mm)
2.3 Ca/ 1P 66.09 a 5,60 4,91 a 0,075
2.0 Ca/ 1P 66.16 a 5,77 4,94 a 0,077
1.7 Ca/ 1P 63.87 b 5,62 4,59 b 0,074
1.4 Ca/ 1P 65.73 a 5,55 5,0 a 0,076
750 FTU 64.70 b 5.23 b 4,75 0.075
1500 FTU 66,22 a 6.18 a 4,97 0.075
Ca/P 0.041 0.553 0,081 0.353
Fitase 0,017 <0.001 0,075 0,999
Ca/P x fitase 0.029 0.014 0.008 <0.001
CV (%) 3,98 15,72 10,33 7,50
a.b
Na coluna as médias diferem entre si (P<0.05) pelo teste scott_knott.

O menor comprimento da tíbia foi obtido com a relação de 1.7/1 e com


1500FTU de fitase (Tabela 2). Frangos alimentados com relações 2.3 e 1.4 Ca/P
com suplementação de 1500 FTU de fitase tiveram maiores diâmetro de tíbias
(p<0,05) (Tabela 2). O maior peso de tíbia foi atribuído para os animais que
receberam relações 2.3 e 1.4 Ca/P com a suplementação de 1500FTU (p<0,05)
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

(Tabela 2). A relação 2.0/1 com 7500FTU foi a que proporcionou maior Índice
Seedor (Tabela 2).

TABELA 2. Desdobramento da Interação de variáveis ósseas de frangos 42 dias de idade


alimentados com diferentes relações cálcio/fósforo e suplementados com
doses de fitase
Comprimento da tíbia
2.3 Ca/ 1P 2.0 Ca/ 1P 1.7 Ca/ 1P 1.4 Ca/ 1P
750 FTU 65,25 Aa 64,91 Aa 64,68 Aa 63,95 Ab
1500 FTU 66,93 Aa 67,40 Aa 63,07 Ba 67,50 Aa
Diâmetro da tíbia
2.3 Ca/ 1P 2.0 Ca/ 1P 1.7 Ca/ 1P 1.4 Ca/ 1P
750 FTU 5,00 Bb 5,82 Aa 5,61 Aa 4,51 Bb
1500 FTU 6,21 Aa 6,05 Aa 5,92 Aa 6,55 Aa
Peso da tíbia
2.3 Ca/ 1P 2.0 Ca/ 1P 1.7 Ca/ 1P 1.4 Ca/ 1P
750 FTU 4,57 Ab 5,10 Aa 4,65 Aa 4,69 Ab
1500 FTU 5,25 Aa 4,78 Ba 4,53 Ba 5,32 Aa
Índice Seedor
2.3 Ca/ 1P 2.0 Ca/ 1P 1.7 Ca/ 1P 1.4 Ca/ 1P
750 FTU 0,072 Bb 0,08 Aa 0,07 Ba 0,07 Bb
1500 FTU 0,78 Aa 0,07 Bb 0,07 Ba 0,08 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na mesma linha diferem entre si (p<0,05).
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem entre si (p<0,05).

DISCUSSÃO
De acordo com as relações de cálcio e fosforo utilizadas e mediante as
avaliações ósseas realizadas, constate-se que mesmo reduzindo a inclusão de
cálcio na dieta houve maior deposição mineral nas tíbias desses animais, mantendo
assim as características ósseas semelhantes dos animais que recebem a relação
cálcio e fósforo padrão que é de 2/1.

Segundo Santos et. al.3 a fitase é eficiente em liberar fósforo fítico presente
nas rações, ou seja, rações com baixos níveis de fósforo disponível quando utiliza-
se fitase proporciona desenvolvimento ósseo igual aquelas que contem níveis
adequados de fósforo disponível.

Ao aumentar a relação de cálcio e fósforo na dieta de frangos observou-se


efeito linear para redução do peso das tíbias3. De acordo com os mesmos autores,
ao aumentar a concentração de cálcio e fósforo nas dietas, obteve-se menor teor de
cinzas ósseas e ainda reitera que esse fato pode ser explicado pelo fato que a
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

deposição máxima de minerais nas tíbias de frangos de corte aos 21 dias é de


51,5% para rações que apresentam 0,55% de cálcio.

CONCLUSÃO
A utilização de 1500FTU de fitase melhora o comprimento, diâmetro, peso e
índice Seedor das tíbias de frangos com 42 dias de idade. A redução da relação de
Ca/P para 1.4/1 permitiu manter as características ósseas semelhantes aos ossos de
frangos que receberam a relação de Ca/ P padrão (2.0/1) em suas rações durante os
21 dias de idade.

REFERÊNCIAS

1. Durau JF. Fitase, granulometria da fonte de cálcio e relação cálcio e fósforo


em dietas para frangos de corte. [Dissertação]. Curitiba: Universidade Federal
do Paraná, Setor de Ciências Agrárias; 2015.

2. Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL, Gomes PC, Oliveira RF, Lopes DC,
Ferreira AS, Barreto SLT, Euclides RF. Tabelas Brasileiras para aves e suínos.
Composição de alimentos e exigências nutricionais. 4ª Ed. Viçosa: Editora
UFV; 2017. p. 469,

3. Santos LM, Rodrigues PB, Freitas RTF, Bertechini AG, Fialho ET, Gomide EM,
Naves LP. Níveis de cálcio e fosforo disponível em rações com fitase para
frangos de conte nas fases pré-inicial e inicial. R. Bras. Zootec. 2011; 40(11):
2476-2485.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ÁCIDO GUANIDINOACÉTICO EM DIETA PRÉ-INICIAL PARA FRANGOS

USE OF GUANIDINOACETIC ACID IN THE PRE-STARTER DIETS FOR BROILERS

Patrícia Barbosa Araújo1, Itallo da Silva Faria2, Kamilla Martins Borges3,


Alessandra Gimenez Mascarenhas4, Heloisa Helena de Carvalho Mello5
1
Discente, EVZ, UFG, Goiânia, GO bpatricia.araujo@gmail.com
2
Discente, EVZ, UFG, Goiânia, GO. itallusilva@gmail.com
3
Mestranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO. kamillazoo@hotmail.com
4
Prof. Dra, DZO, EVZ, UFG, Goiânia, GO. alegimenez@ufg.br
5
Prof. Dra, DZO, EVZ, UFG, Goiânia, GO. heloisamello@gmail.com

Palavras-chave: aditivo, alimento, aves, creatina

Keywords: additive, food, poultry, creatine

INTRODUÇÃO
A fase pré-inicial é considerada o período de transição da vida embrionária
para a vida independente1. A alimentação nas primeiras horas de vida, pode
antecipar o desenvolvimento intestinal e evitar que proteínas corporais sejam
mobilizadas para produção de energia. Nesse período e o desenvolvimento inicial do
pinto são essenciais para melhor desempenho do animal durante o ciclo produtivo2.
Para minimizar os problemas ocorridos no pós-eclosão, alguns estudos estão sendo
conduzidos com a utilização de aditivos que possam fornecer energia aos animais
através da dieta.
Dentre os aditivos, encontra-se a creatina (Cr) sendo responsável pelo
fornecimento de energia temporária, além de realizar o transporte de energia entre o
sítio de produção e o local de seu consumo e fazer a manutenção da taxa de
ressintese de ATP/ADP, sendo importante no processo de contração muscular 3.
A Cr é considerada uma substância quimicamente instável e sua inclusão é
dispendiosa, por essa razão pode-se utilizar AGA, um aditivo alimentar mais
adequado em comparação com a Cr, por ser menos dispendioso e mais
quimicamente estável4. Objetivou-se avaliar o uso de ácido guanidinoacético em
dietas pré-iniciais de frangos de corte.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no aviário experimental do Departamento de
Zootecnia (DZO), na Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade
Federal de Goiás, na cidade de Goiânia – Goiás, de janeiro a fevereiro de 2018. O
projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) PRPI-UFG
sob o número de protocolo 011/16.
Foram utilizados 252 pintos machos, da linhagem Cobb com um dia de vida,
proveniente de incubatório comercial. Distribuídos em delineamento inteiramente
casualizado (DIC), com três tratamentos, sete repetições e 12 aves por repetição,
totalizando 21 unidades experimentais. As aves foram alojadas em baterias de aço
galvanizado com cinco andares cada e dimensões de 0,77 x 0,74 x 0,23 m,
equipadas com bebedouros e comedouros tipo calha e bandejas metálicas para a
coleta de excretas. As baterias estavam instaladas em um galpão de alvenaria em
orientação Leste-Oeste com 2m de pé direito e cobertura de telhas de barro. O
galpão possui as laterais com muretas de concreto e cortinas de ráfia sendo o piso
de cimento.
O controle ambiental foi realizado a partir do manejo das cortinas laterais do
galpão e a temperatura foi aferida duas vezes ao dia, às 8:00 da manhã e às 16:00
da tarde, por meio de dois termômetros que foram distribuídos pelo galpão e
mantidos na altura das aves. Lâmpadas incandescentes de 42 W foram utilizadas
para promover luminosidade e auxiliar no aquecimento dos animais. No recebimento
e durante os primeiros dias de vida dos animais o aquecimento do galpão foi
realizado pelo uso de campânulas a gás.
A ração e a água foram fornecidas à vontade durante todo o período
experimental. Os comedouros eram abastecidos duas vezes ao dia, para que não
houvesse excesso nem falta de ração, e para evitar desperdícios. Os bebedouros
eram lavados diariamente.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

RESULTADOS
Os parâmetros de desempenho, ganho de peso, consumo de ração e
conversão alimentar dos períodos de 1 aos 7 dias estão apresentados na Tabela 1.

TABELA 1. Efeito da inclusão do ácido guanidinoacético (AGA) sobre o desempenho de


frangos de corte de 1 a 7 dias.
AGA (%)
Variáveis Valor P CV (%) Erro padrão
0,00 0,10 0,20
1 a 7 dias
GP (kg) 0,165 0,168 0,172 0,3586 5,9 ±0,003
CR (kg) 0,131 0,137 0,131 0,4524 7,6 ±0,003
CA 0,798 0,820 0,761 0,0718 5,6 ±0,017
GP= ganho de peso; CR= consumo de ração; CA= conversão alimentar; CV= coeficiente de variação.
a,b
= médias com letras diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

DISCUSSÃO
A inclusão do AGA na ração dos frangos de corte no período pré-inicial, de 1
a 7 dias não influenciou o ganho de peso e o consumo de ração (P>0,05).
Entretanto, foi observada uma tendência de melhora para a conversão alimentar
(P=0,0718) dos animais que foram alimentados com a ração contendo 0,20% de
AGA em relação aos demais tratamentos, quando considerado α= 0,10.
Da mesma forma, EFSA JOURNAL5, realizaram um estudo utilizando dieta
vegetal suplementada com AGA para frangos de corte de 1 a 42 dias de idade, e
concluíram que houve melhora no ganho de peso e a conversão alimentar dos
animais.
BRYANT-ANGELONI6, ao adicionar AGA em dietas deficientes em arginina,
nenhuma resposta de melhora foi obtida sobre ganho de peso, porém, observou
melhora na conversão alimentar. Quando adicionou AGA em dietas que continham
quantidades de arginina adequadas obteve melhora no ganho de peso e na
conversão alimentar. Esses resultados confirmam que o AGA na dieta pode poupar
a arginina, melhorando o desempenho dos animais.
A inclusão do AGA nas dietas pré-iniciais de frangos de corte teve como
intuito melhorar o desempenho nos primeiros dias de vida, o AGA produz a Cr sem
precisar utilizar aminoácidos essenciais, que poderiam ser utilizados pelo organismo
para outras funções, como a produção proteica e aumento da massa muscular.
Desta forma, a inclusão do AGA no nível de 0,20% mostrou uma tendência de
melhora no desempenho dos animais no período de 1 a 7 dias.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

CONCLUSÃO
O uso de AGA em níveis de 0,10 a 0,20% em dieta pré-inicial de frangos
melhora conversão alimentar do 1 aos 7 dias de idade.

REFERÊNCIAS
1. Vieira SL,Pophal S. Nutrição pós-eclosão de frangos de corte. Rev. Bras. Cienc.
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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

ÁREA DE CRIA OPERCULADA EM COLMEIAS DE APIS MELLIFERA


SUPLEMENTADAS COM XAROPE CONTENDO VITAMINAS E AMINOÁCIDOS

CAPPED BROOD AREA IN APIS MELLIFERA HIVES SUPPLEMENTED WITH


SYRUP CONTAINING VITAMINS AND AMINO ACIDS

Gustav de Oliveira1, Nadja Susana Mogyca Leandro2 Carla Afonso da Silva


Bitencourt Braga3, Kynsey Mayume Moreira da Silva4,

1
Mestrando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; gustavzootecnia@gmail.com
2
Docente EVZ, UFG, Goiânia, GO
3
Docente IPTSP, UFG, Goiânia, GO.
4
Discente ECAB, PUC, Goiânia, GO.

Palavras-chave: apicultura, proteína, suplementação

Keywords: beekeeping, protein, supplementation

INTRODUÇÃO
Um dos critérios mais importantes para avaliação da força de uma colmeia de
A. mellifera é o desenvolvimento de sua população, que é estimado através da
mensuração da área destinada a cria nos favos1.A quantidade de cria em uma colmeia
dependerá da capacidade de ovoposição da rainha e da disponibilidade de alimento
armazenado nos favos. Um enxame populoso, tende a ser mais produtivo.
Abelhas melíferas coletam néctar e pólen para satisfazer suas exigências
nutricionais, entretanto, a disponibilidade desses alimentos na natureza, está
condicionada a fatores sazonais de floração das espécies vegetais2. No cerrado
brasileiro as florações de maior interesse apícola concentram-se no período de
setembro a novembro, e nos demais meses do ano os enxames são mantidos por
pastagens menos expressivas que podem não oferecer capacidade de suporte
adequada ao crescimento da colônia3.
No Brasil, apicultores têm utilizado diversos alimentos alternativos ao mel e
pólen para alimentação de abelhas na entressafra de flores, incluindo suplementos
comerciais como o Promotor L®. O uso de suplementos contendo carboidratos,
aminoácidos e vitaminas podem manter ou até aumentar a área de cria de um
enxame. Assim sendo, objetivou-se verificar o efeito de suplemento à base de
xarope de sacarose contento Promotor L® e suplementos à base de xarope
contendo aminoácidos essenciais sobre a área de cria operculada de colmeias de A.
mellifera ao longo de quatro meses de entressafra.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no apiário experimental do setor de apicultura da
Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, Goiânia/GO. Foram utilizadas 16 colmeias
de abelhas europeias africanizadas (hibridas), acondicionadas em caixas apícolas de
padrão Langstroth. Os enxames foram divididos em quatro tratamentos, sendo:
suplemento 1: xarope com 50% de sacarose; suplemento 2: xarope com 50% de
sacarose e 0,5% de Promotor L®; suplemento 3: xarope com 50% de sacarose e 0,5%
de solução de aminoácidos essenciais nas proporções das exigências de A. mellifera;
suplemento 4: xarope com 50% de sacarose e 0,5% de solução de aminoácidos
essenciais nas proporções encontradas na geleia real de A. mellifera. Os suplementos
com aminoácidos essenciais foram isoproteicos em relação ao Promotor L®, que
possui 15% de proteína bruta.
Os suplementos foram fornecidos semanalmente de abril a julho de 2018, na
quantidade de quatro litros por enxame. A área de cria operculada das colmeias foi
mensurada uma vez por mês, de abril a agosto, com auxílio do software ImageJ. O
delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, sendo quatro repetições por
tratamento, sendo cada enxame a unidade experimental.

TABELA 1: Composição dos suplementos contendo Promotor L®, aminoácidos


essenciais nas proporções das exigências de A. mellifera e nas
proporções da geleia real de A. mellifera
Concentração (mg/kg de xarope)
Nutriente Promotor L® Aminoácidos Aminoácidos
essenciais exigência* essenciais geleia
real**
Leucina 53,2 132,83 132,00
Isoleucina 34,2 117,98 89,93
Valina 15,3 117,98 107,25
Treonina 0,01 88,28 79,20
Lisina 46,4 88,28 130,35
Arginina 52,5 88,28 100,65
Fenilalanina 35,4 73,43 84,98
Histidina 9,2 44,55 52,80
Metionina 11,0 44,55 27,23
Triptofano - 29,70 20,63
Ácido Aspártico 61,1 - -
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

TABELA 1: Composição dos suplementos contendo Promotor L®, aminoácidos


essenciais nas proporções das exigências de A. mellifera e aminoácidos
essenciais nas proporções da geleia real de A. mellifera (continuação).
Concentração (mg/kg de xarope)
Nutriente Promotor L® Aminoácidos Aminoácidos
essenciais exigência* essenciais geleia
real**
Ácido Glutâmico 108,8 - -
Alanina 45,2 - -
Cistina 28,1 - -
Glicina 62,9 - -
Tirosina 18,9 - -
Prolina 6,9 - -
Serina 73,3 - -
Ác. Pantotênico 45,8 - -
Biotina 0,01 - -
Inositol 15,3 - -
Nicotinamida 99,3 - -
Vitamina B1 10,7 - -
Vitamina B2 15,3 - -
Vitamina B6 6,9 - -
*De acordo com De Groot (1953) 4
**De acordo com Howe e Dimick (1985) 5
Foi realizada análise de variância (ANOVA) por meio do programa estatístico
SAS, e as médias, quando estatisticamente diferentes a 5% de significância, foram
comparadas pelo teste de Tukey.
RESULTADOS
A área de cria dos enxames (Tabela 2) suplementados com Promotor L® e o
com aminoácidos essências na proporção de suas exigências foram maiores em
relação a dos enxames suplementados apenas com xarope de sacarose, e não
diferiram entre si. O suplemento contendo aminoácidos essenciais na proporção da
geleia real não diferiu estatisticamente dos outros tratamentos.

TABELA 2: Área de cria operculada (cm2) em colmeias submetidas a diferentes


suplementos no período de entressafra apícola
Suplementos Área de cria operculada (cm 2)
Sacarose 792,56 b
Sacarose + Promotor L® 1.852,29 a
Sacarose + aminoácidos na proporção das exigências 2.090,56 a
Sacarose + aminoácidos na proporção da geleia real 1.361,01 ab
Valor de ρ 0,0036
CV (%) 17,5
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

DISCUSSÃO
A menor área de cria operculada dos enxames alimentados apenas com
sacarose pode estar relacionada ao fato desse suplemento fornecer energia suficiente
apenas para a atividade de forrageio das abelhas, mas não supre necessidades
nutricionais para crescimento das larvas ou outras atividades na colmeia6.
O suplemento com aminoácidos nas proporções das exigências, e o
suplemento com Promotor L®, provavelmente atenderam as exigências de
aminoácidos necessários para a produção de geleia real e alimentação das larvas, o
que estimulou a postura da rainha ao longo da entressafra. Considerando-se que o
suplemento com aminoácidos essenciais nas proporções das exigências e o
suplemento com aminoácidos essenciais nas proporções da geleia real não possuíam
vitaminas do complexo B em suas composições, diferentemente do Promotor L®, os
resultados sugerem que as necessidades dessas vitaminas foram supridas pela oferta
de alimento natural da área de suporte do apiário.
CONCLUSÃO
A adição de 0,5% de aminoácidos essenciais nas proporções das exigências
nutricionais de A. mellifera ou 0,5% de Promotor L® no xarope de sacarose aumenta
a área de cria operculada durante a entressafra de flores.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brazil. Braz. J. Biol., 2015; 75(04): 821-829.

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L.). Physiologia comp. Oecol. 1953; 3:197-285.

5. Howe SR, Dimick PS, Benton. AW. Composition of Freshly Harvested and
Commercial Royal Jelly. Journal of Apicultural Research. 1985.

6. Black J. Honeybee Nutrition: Review of research and practices. Rural Industries


Research and Development Corporation. 2006; 06(052): 1-79.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MEDIDAS SUBJETIVAS DA CARCAÇA DE TOURINHOS NELORE RECRIADOS A


PASTO, COM DIFERENTES TIPOS DE SUPLEMENTAÇÃO E INCLUSÃO DE
NARASINA E TERMINADOS EM CONFINAMENTO

SUBJECTIVE MEASURES OF THE CARCASS OF YOUNG NELLORE BULLS


RAISED ON PASTURE WITH DIFFERENT TYPES OF SUPPLEMENTATION AND
NARASIN INCLUSION AND FINISHED IN THE FEEDLOT

Luiz Eduardo Costa do Nascimento1, João Restle2, Ubirajara Oliveira Bilego3, Larissa
de Oliveira Ferreira4, Tiago Pereira Guimarães5, Amoracyr José Costa Nuñez6
1
Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; eduardoluiz_srv@hotmail.com
2
PhD, Docente, EVZ, UFG, Goiânia, GO
3
DSc. Pesquisador Veterinário II – Cooperativa A. P. R. S Goiano
4
Mestranda em Zootecnia, PPGZ, IF Goiano Campus Rio Verde, Rio Verde, GO
5
DSc. Docente, IF Goiano Campus Rio Verde, GO
6
DSc., Pós Doutorando, PPGZ, EVZ, Goiânia, GO

Palavras-chave: ionóforo, qualidade de carne, zebu

Keywords: ionophore, beef quality, zebu

INTRODUÇÃO
A crescente preocupação com o meio ambiente, bem como a necessidade de
aumentar a produção de alimentos devido ao crescimento populacional nas próximas
décadas trazem à discussão os impactos ambientais provocados pela produção
animal1. Intensificação sustentável será a forma de atender às demandas futuras de
alimentos sem afetar o meio ambiente. Sendo assim, os ionóforos exercem função de
destaque na intensificação dos sistemas de produção de bovinos de corte, uma vez
que apresentam potencial para manipular o ambiente ruminal e, consequentemente,
aumentar a eficiência de utilização de energia da dieta, o que permite a produção de
carne com a utilização de menor quantidade de insumos, além de gerar menor
emissão de gases indesejáveis, como o metano2.
As características de qualidade da carne são afetadas por diversos fatores,
dentre os quais destaca-se a nutrição. De acordo com Silva Sobrinho (2001)3, a
qualidade da carne é uma combinação de vários atributos, como sabor, suculência,
textura, maciez e aparência, sendo que essas características são influenciadas pela
raça, idade ao abate, alimentação e sistema de produção em que o animal é criado.
Nesse sentido, o presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar os
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

efeitos da suplementação mineral ou proteico-energética, com ou sem inclusão de


narasina, durante a recria de tourinhos Nelore posteriormente terminados em
confinamento sobre as características conformação, cor, textura e marmoreio da
carcaça avaliadas de maneiras subjetiva.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de Pecuária do Centro Tecnológico da
Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano - COMIGO,
localizado na microrregião Sudeste do estado de Goiás, no município de Rio Verde.
Foram utilizados 96 tourinhos Nelore, com idade média de 24 meses e peso
corporal médio inicial de 301 ± 29 kg. Após a pesagem inicial, os animais foram
distribuídos aleatoriamente entre quatro tratamentos empregados na fase de recria:
suplementação mineral (SM); suplementação mineral com narasina (SMN);
suplementação proteico-energética (SPE) e suplementação proteico-energética com
narasina (SPEN). O consumo dos suplementos foi estimado em 0,03 e 0,1% do peso
corporal para os suplementos mineral e proteico-energético respectivamente. A
dosagem de narasina foi ajustada para 13 mg do aditivo para cada kg de matéria seca
(MS) consumida.
O período de recria, que teve duração de 63 dias, ocorreu na fase de transição
águas-seca. Os animais foram mantidos em sistema de pastejo com lotação
rotacionada, em piquetes de capim Tifton-85, em uma área de 6,99 hectares. Após a
recria, deu-se início ao período de terminação em confinamento, com os animais
sendo alocados em 16 baias coletivas de acordo com os tratamentos previamente
utilizados. O período de confinamento foi de 90 dias, sendo 70 dias de avaliações e 20
dias de adaptação dos animais às dietas e ao manejo do confinamento. A dieta,
comum a todos os animais, continha 75% de concentrado na MS.
Ao final do período de confinamento, os animais foram abatidos em frigorífico
comercial com inspeção federal, de acordo com métodos humanitários. Para a
avaliação das carcaças, foram selecionados três animais por baia, cujos pesos
apresentavam maior proximidade com o peso médio da baia. Após 24 horas de
resfriamento pós abate, foram avaliadas as características conformação, cor, textura e
marmoreio na meia-carcaça direita. As avaliações subjetivas foram realizadas 30
minutos após o corte e exposição ao ar do músculo Longissimus dorsi, segundo
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

metodologia descrita por Muller (1987)4. Os dados foram submetidos à análise de


crítica e consistência e, quando atendidas as premissas básicas da análise
paramétrica, as variáveis foram submetidas à análise de variância, sendo as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Quando houve presença de
variáveis que não se enquadravam na análise paramétrica, as mesmas foram
submetidas ao teste de Kruskal-Wallis a 5% de probabilidade. Para a análise
estatística dos dados utilizou-se o pacote estatístico easynova, do programa
computacional R, versão 3.3.1 (2016).

RESULTADOS
A suplementação mineral ou proteico-energética, com ou sem inclusão de
narasina, durante a recria de tourinhos Nelore posteriormente terminados em
confinamento não apresentou efeitos sobre a conformação, cor, textura ou marmoreio
das carcaças desses animais (Tabela 1).

Tabela 1 – Média das variáveis subjetivas da carcaça de tourinhos Nelore recriados a


pasto, com diferentes tipos de suplementação e inclusão de narasina e
terminados em confinamento
Tratamento2
Variável1 C.V. (%) Valor de P
SM SMN SPE SPEN
CF3 10,67 11,00 11,50 11,08 9,69 0,31
4
COR 3,75 3,67 3,50 3,67 26,34 0,93
TEX5 3,67 3,08 3,58 2,92 31,34 0,22
6
MAR 6,33 5,58 6,17 5,08 42,78 0,59
1
CF = conformação; COR = cor; TEX = textura; MAR = Marmoreio. 2SM = suplemento mineral; SMN =
suplemento mineral com adição de narasina; SPE = suplemento proteico-energético; SPEN =
suplemento proteico-energético com adição de narasina. 31-3: inferior; 4-6: má; 7-9: regular; 10-12: boa;
13-15: muito boa; 16-18: superior. 41 = escura; 2 = vermelho escura; 3 = vermelho levemente escura; 4
= vermelha; 5 = vermelho vivo. 51 = muito grosseira; 2 = grosseira; 3 = levemente grosseira; 4 = fina; 5 =
muito fina. 61 a 3 = traços; 4 a 6 = leve; 7 a 9 = pequeno; 10 a 12 = médio; 13 a 15 = moderado; 16 a 18
= abundante. a,bMédias seguidas por letras distintas em uma mesma linha diferem entre si pelo teste de
Kruskal-Wallis (P < 0,05).

DISCUSSÃO
Os resultados encontrados no presente estudo estão de acordo com outros reportados na
literatura, já que diversos autores sugeriram que a inclusão de ionóforos em dietas de bovinos
de corte em terminação geralmente não está associada com alterações nas características de
carcaça dos animais5,6. Ademais, seria pouco provável que a suplementação com narasina
durante a curta fase de recria apresentasse efeitos sobre as variáveis estudadas após todo o
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

período de terminação sem inclusão do aditivo. De forma semelhante, ao avaliarem a


qualidade da carne de novilhos terminados em confinamento com diferentes níveis de
monensina na dieta, Menezes et al. (2006)7 não observaram efeitos da inclusão do ionóforo
sobre as características estudadas, com exceção da textura que foi mais fina para os níveis
intermediários de inclusão.

CONCLUSÃO
A suplementação mineral ou proteico-energética com ou sem narasina fornecida durante a
recria não apresentou efeitos sobre as características subjetivas da carcaça de tourinhos
Nelore avaliados após período de terminação em confinamento com uma dieta sem ionóforo.

REFERÊNCIAS
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qualidade da carne de novilhos terminados em confinamento com diferentes
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PERFIS DE PEQUENOS RNAs NO TRATO REPRODUTIVO DE FÊMEAS E SEUS


Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

MECANISMOS EPIGENÉTICOS

PROFILES OF SMALL RNAs IN THE REPRODUCTIVE TRACT OF FEMALES AND


THEIR EPIGENETIC MECHANISMS

Amanda Martins Apolinário1, Bruna Rios Coelho Alves2, Arthur dos Santos
Mascioli3, Adriana Santana do Carmo3

1Mestranda em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; amandaapollinario@gmail.com


2ProfessoraAssistente, Department of Agriculture, Nutrition & Veterinary Science, University of
Nevada, Reno, EUA.
3Docente, Departamento de Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: RNA não codificante, reprodução, nutrição.

Keywords: non-coding RNA, reproduction, nutrition.

INTRODUÇÃO
As condições ambientais nas quais um indivíduo está exposto vêm sendo
associadas com a predisposição a doenças e distúrbios metabólicos na sua
progênie. A transmissão transgeracional das condições metabólicas envolve
principalmente mecanismos epigenéticos, que podem ser definidos como mudanças
na expressão gênica que não estão diretamente relacionadas à sequência primária
do DNA, e que são herdáveis1. Fatores como estresse ou condições nutricionais
promovem modificações epigenéticas, através da alteração nos perfis de pequenos
RNAs não codificantes (sncRNAs), como os microRNAs, encontrados em vesículas
extracelulares (VEs) presentes em diversos fluidos biológicos como fluido uterino e
folicular. Adicionalmente podemos citar os pequenos RNAs transportadores
(tsRNAs) e os grandes RNAs não codificantes como moléculas igualmente
relevantes para a transmissão das características epigenéticas, pois as mesmas
controlam a expressão de genes e a abundância de RNA mensageiro (mRNA) nas
células2,3.

DESENVOLVIMENTO

Estudos sobre a herança epigenética mediada por linha germinativa em


animais têm aumentado cada vez mais nos últimos anos. O ambiente em que o
indivíduo vive e suas condições podem causar efeitos fenotípicos nas gerações
futuras4 através de processos complexos de múltiplas etapas que envolvem a
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

exposição ambiental do indivíduo e a indução de alterações nos sncRNAs nas


células germinativas que serão transmitidas para a progênie5,6.
Estímulos ambientais podem gerar "marcas" epigenéticas que podem levar
uma ou mais gerações para serem "reparadas"7. A exposição materna a fatores
como estresse ou má nutrição durante a prenhez, podem causar efeitos diretos em
três gerações simultaneamente, a fêmea prenhe, o embrião em desenvolvimento e,
com sua linha germinativa exposta, a futura progênie do embrião 4.
Microvesículas e exossomos são vesículas extracelulares (VEs)
consideradas funcionalmente semelhantes e que carreiam moléculas como
proteínas, peptídeos, DNA e RNA3,8. O RNA carreado pelas VEs inclui mRNA,
pequenos RNAs transportadores (tsRNAs), grandes RNAs não codificantes e
sncRNAs como microRNA (miRNA)3. Estes últimos sendo os mais importantes para
a transmissão das características epigenéticas3. Exossomos foram detectados em
diversos fluidos biológicos, como sangue, urina, sêmen e fluido uterino9,10.
Evidências sustentam a participação das VEs nos principais processos
reprodutivos, incluindo a maturação dos gametas, a fertilização e a implantação de
embriões11. Adicionalmente, as VEs apresentam potencial de interagir seletivamente
com células-alvo específicas e podem conter e fornecer material genético na forma
de mRNA e miRNA para células receptoras, desempenhando papel importante na
comunicação celular12,13. As VEs se ligam as células da granulosa, que absorvem e
captam os miRNAs no fluido folicular via endocitose, aumentando os níveis de
miRNAs e alterando a expressão do mRNA no genes-alvo em células da granulosa
conhecidas por estarem envolvidas no desenvolvimento folicular14.
Os miRNAs tem ação através do seu emparelhamento com bases
complementares das moléculas de mRNA, silenciando-o através da clivagem da sua
cadeia em duas partes, o que ocasiona sua desestabilização pelo encurtamento da
cauda poli-A e pela repressão da tradução15.
Os tsRNAs como resposta a alguns tipos de estresse oxidativo e nutricional,
promove a clivagem na alça do anticódon (região mais acessível), que ganha acesso
a tRNAs citosólicos durante o estresse, podendo inibir o início da tradução e
sugerem que eles também poderiam direcionar a degradação específica e promover
a clivagem de mRNAs específicos em conjunto com o processamento de tRNA ou
complexos Argonauta2,16.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Sabe-se que a dieta afeta muitas características fenotípicas em ruminantes,


como a taxa de crescimento, a produção de carne, o teor de gordura e a composição
de gordura do leite e da carne17. A desnutrição materna ou supernutrição, afetam o
metabolismo da progênie via fatores epigenéticos transmitidos durante o período
gestacional18. Além do relacionamento materno-fetal, o metabolismo da progênie, as
dietas perigestacionais (período pré-gestacional até os primeiros anos pós-parto) e a
dieta paterna foram relacionadas ao desenvolvimento da progênie 10. Vários estudos
mostraram a presença de pequenos RNAs no fluido folicular, mas informações sobre
a sua relação com fatores nutricionais ainda são escassas na literatura. Estudos com
camundongos demonstraram que a desnutrição materna durante a prenhez reduziu
o peso da progênie ao nascer e acarretaram alteração no metabolismo da glicose.
Assim como quando alimentados com dieta rica em gordura, a progênie apresentou
alterações em alguns genes envolvidos na regulação de insulina e distúrbios
metabólicos18,19.
O estresse causado pela má nutrição e que gera distúrbios metabólicos,
além de problemas envolvendo a produtividade animal irá acarretar mudança nos
perfis de sncRNAs no trato reprodutivo de fêmeas, que, carreadas pelas VEs,
estarão presentes no fluido folicular e serão transcritas pelo embrião.

CONCLUSÕES
No contexto de melhoramento genético animal pouco ainda se sabe sobre
as aplicações dos mecanismos epigenéticos no desenvolvimento de biotecnologias.
A compreensão e o potencial uso dos padrões epigenéticos gerados por fatores
ambientais (nutrição e condições de estresse), pode ser utilizado para selecionar
reprodutores cujo perfil epigenético possa propiciar melhor desempenho na sua
progênie e futuras gerações, além de possibilitar o estabelecimento de protocolos de
manejo e/ou dietas mais eficientes.
Mudanças induzidas por efeitos ambientais podem afetar diretamente a
viabilidade e o desenvolvimento de perfis de sncRNAs, mas também podem ter
efeitos indesejáveis e persistentes na progênie, como a redução do desempenho
reprodutivo de gerações sucessivas. O manejo nutricional eficiente, de maneira que
atenda as exigências produtivas dos animais e não ocasione estresse, pode ser um
modo aceitável e eficaz de melhorar os resultados reprodutivos.
Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

REFER ÊNCIAS
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Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE SILÍCIO NA PRODUÇÃO DE GRAMÍNEAS


FORRAGEIRAS EM SOLOS DO CERRADO

BENEFITS OF THE USE OF SILICE IN THE FORAGE PRODUCTION IN


CERRADO SOILS
Frederico Simões Raimundo de Lima1, Aldi Fernandes de Souza França2,
Rilner Alves Flores3, Aline Andrade Franciel4, Amanda Bueno5
1
Doutorando em Zootecnia, PPGZ, EVZ, UFG, Goiânia, GO; fredlimaufg@yahoo.com.br
2
Docente, PPGZ, UFG, Goiânia, GO.
3
Docente, EA, PPAG, Goiânia, GO.
4
Doutoranda, PPAG, UFG, Goiânia, GO.
5
Doutoranda, PPAG, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: sílica, brachiaria, diatomita alimentícia

Keywords: silica, brachiaria, food diatomite

INTRODUÇÃO
Uma das razões para maior adaptabilidade e resistência em forrageiras
das gramíneas Braquiárias e Panicuns, em solos ácidos e com baixa fertilidade
natural, pode estar associado à sua capacidade de absorver e acumular Si na
parte aérea, na epiderme das folhas19.
As ações do Si nestas plantas podem estar associadas a uma redução
nos efeitos tóxicos do alumínio, manganês e ferro, e aumento da disponibilidade
de fósforo, como ocorre em outras poáceas5,13.
A regulação da transpiração promovida pelo Si faz com que o consumo
de água pelas plantas seja menor, fato que pode ser de extrema importância
para as gramíneas que desenvolvem em solos submetidos por períodos longos
de estiagem, como os solos do Cerrado19. Ademais o Si acumulado na folha
permite que as plantas fiquem mais eretas, arqueadas, com maior área foliar sob
incidência de luz solar8,10.
Outros efeitos benéficos do Si têm sido observados em várias gramíneas
que o acumulam, especialmente quando estas plantas estão submetidas a
estresses bióticos e/ou abióticos14,23. A exemplo no aumento da produtividade,
na redução da queda de folhas e na resistência a pragas e doenças.11
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Gramíneas forrageiras, a exemplo, das Braquiárias e Panicuns são


gramíneas classificadas como acumuladoras de Si, portanto, todos os benefícios
atribuídos ao silício podem ser verificados nessas espécies.14

DESENVOLVIMENTO
A crosta terrestre contém silício em grandes quantidades, sendo inferiores
apenas as quantidades de oxigênio,9 sendo o óxido de silício (SiO2) o mineral
mais abundante nos solos, constituinte básico da estrutura da maioria dos
argilominerais.16 Porém, em função alto grau de intemperismo dos solos
tropicais, há remoção de bases, como cálcio, magnésio e potássio além da
remoção de sílica, o que lhes atribuem baixos teores de Si. 2
Estudos tem demostrado que 95 a 99% do Si disponível às plantas,
encontra-se em forma fracamente adsorvida ao solo, e somente 1 a 5% está
presente na solução do solo.17 Em solos com baixo valor de pH, a principal forma
de Si encontrado é o ácido monossilícico (H4SiO4), que é a principal forma
absorvida pelas plantas.13 A concentração de SiO2 na solução do solo varia de
< 0,1 a 1g Kg-1.3
Para as culturas de gramíneas forrageiras, assim como para a maioria
das plantas acumuladoras de Si, a disponibilidade do elemento no solo e sua
absorção pelas plantas estão intimamente relacionadas ao pH do solo: quanto
maior o pH, maior a disponibilidade do elemento no solo, consequentemente
maior é a absorção pela planta. Os teores de Si em solos de baixo pH, como os
solos do Cerrado, podem ser 5 a 10 vezes menores que os obtidos em solos de
regiões temperadas.18
De acordo com Jones e Handreck12, as principais fontes de Si, presentes
na solução do solo, são resultado da decomposição de resíduos vegetais,
dissociação do ácido silícico polimérico, liberação de Si dos óxidos e hidróxidos
de Fe e Al.
Considerando-se a utilização intensiva dos solos, principalmente com
culturas acumuladoras de silício, pode torná-los paulatinamente deficientes no
elemento, pois a exportação do silício não é compensada normalmente com
fertilizações silicatadas.15
Os silicatos de Ca e Mg, por possuírem composição semelhantes aos
carbonatos, podem substituir o calcário na calagem, e com vantagens, podendo
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sua aplicação de recomendação ser baseada em qualquer um dos métodos


utilizados para recomendação de calagem. Uma das vantagens é que o silicato
de cálcio é 6,78 vezes mais solúvel que o carbonato de cálcio (CaCO3 = 0,014 g
dm-3; CaSiO3 = 0,095 g dm-3).1 Além disso, os silicatos de Ca e Mg promovem
a elevação do pH, dos teores de cálcio e de magnésio trocáveis, da CTC e da
saturação por bases dos solos, aumentam a disponibilidade de fósforo e silício e
reduzem a toxidez de ferro, manganês e alumínio.4,6

CONCLUSÕES
Os benefícios proporcionados pela aplicação de fontes de silício,
destacadamente o uso de silicatos de cálcio e magnésio, proporcionam
respostas positivas das culturas, em razão não somente da absorção do Si, mas
também de suas reações no solo, que possibilitam o aumento dos teores de P e
redução de alguns metais pesados, o que pode resultar numa maior estabilidade
produtiva por parte da cadeia do agronegócio.

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MÍDIAS SOCIAIS COMO ESTRATÉGIA DE MARKETING DIGITAL NA


OVINOCULTURA DE CORTE NO ESTADO DE GOIÁS

SOCIAL MEDIA AS A DIGITAL MARKETING STRATEGY IN THE CUT


OVINOCULTURE IN THE STATE OF GOIÁS

Luís Antônio de Paiva Raposo1, Cleonice Borges de Souza2

1
Discente em Zootecnia, EVZ, UFG, Goiânia, GO; luisraposozoot@gmail.com
2
Docente, EA, UFG, Goiânia, GO.

Palavras-chave: Cadeia produtiva, ovinos, coordenação

Keywords: Production chain, sheep, coordination

INTRODUÇÃO
O marketing visa identificar as necessidades e desejos não realizados de um
mercado. É pertinente sua utilização na ovinocultura visando a união entre os elos da
cadeia produtiva e uma melhor divulgação de seus benefícios a fim de influenciar os
hábitos dos consumidores, com o intuito de ampliar o mercado da carne ovina1.
O marketing digital gera uma atividade eficiente na internet com foco e
objetividade no cliente. As mídias sociais propiciam compreender e expandir
determinadas temáticas, bem como as novas formas de agrupamentos sociais como
WhatsApp; Instagram; Facebook, Linkedin etc. Em razão da importância crescente
que elas desempenham na sociedade e nos segmentos produtivos de modo geral, as
mídias sociais tornam-se veículos importantes para conectar os diversos elos da
cadeia produtiva de ovinos2.
O presente estudo ressalta a importância das mídias sociais como estratégia
de marketing digital, para potencializar a cadeia produtiva da ovinocultura no estado
de Goiás.

DESENVOLVIMENTO
A ovinocultura de corte no estado de Goiás está inserida numa cadeia
produtiva, que se principia nos fornecedores de insumos e vai até o consumidor final.
Ressalta-se que, devido à baixa produção de carne ovina, a cadeia produtiva
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goiana tem encontrado dificuldades para unir todos os elos, com prejuízos às etapas
subsequentes até chegar ao consumidor final. Para que a ovinocultura de corte se
transforme em uma atividade rentável, lucrativa e de resposta competitiva ao
mercado, precisará prover uma melhor coordenação de toda a cadeia e, propiciar
uma melhor eficiência operacional para o alcance da eficácia em todos os elos 3.
A ovinocultura no estado de Goiás quando comparada à atividade
desenvolvida em outros estados, e até mesmo quando comparada a outras cadeias
produtivas já estabelecidas, a exemplo da avicultura de corte, encontra-se
desorganizada e desprovida de estratégias voltadas à coordenação e foco produtivo3.
O marketing digital fundamenta-se num rol de atividades que uma
organização pode executar no universo online para alcançar a excelência no
desenvolvimento de sua marca, mas também criar, aprimorar e otimizar os
relacionamentos com os clientes. Visa atrair cada vez mais negócios, transformar o
rumo da organização e aumentar sua atuação no mercado4.
As mídias sociais são ferramentas com estruturas organizadas para envolver
pessoas e instituições de forma dinâmica, explorando a participação dos envolvidos
para interesses em comum. Mostram-se ótimas ferramentas de estratégia de
marketing digital nas cadeias produtivas, não só para uma melhor relação entre os
elos da cadeia, mas também otimizam o compartilhamento e divulgação das
potencialidades dos mesmos2.
Dentre as empresas que utilizam ferramentas digitais com o intuito de
entregar valor à cadeia produtiva da ovinocultura, tem-se a Alpago (Pelotas–RS), uma
plataforma online que trabalha ativamente com mídias sociais conectando todos os
elos: produtores, frigoríficos e corretores; em uma rede segura, organizada e simples,
fazem uma comunicação eficiente para compra e venda de seus produtos.
O Parque e Casa da Ovelha (@casadaovelha_oficial) (Bento Gonçalves– RS)
atuam na exposição de animais e na produção e processamento de leite, com um
laticínio de ovinos, e usam as mídias sociais para estruturar suas atividades e fidelizar
os clientes.
E, a Cordeiro Biz (Botucatu–SP), uma startup, de base tecnológica, que
acelera a transformação do conhecimento científico e prático em ações diretas junto
ao campo, por meio de eventos, produtos e serviços. Objetiva aumentar a
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competitividade da ovinocultura no Brasil e maximizar a rentabilidade do produtor.

CONCLUSÃO
O estudo mostra-se relevante pela capacidade de apresentar tanto as
potencialidades (demanda pelo produto) e oportunidades (oferta de assistência
técnica para o produtor) quanto as fragilidades (falta de união entre os elos da
cadeia) e ameaças (entrada de carne importada) à cadeia produtiva da
ovinocultura de corte no estado de Goiás. Ressalta-se, ainda, a relevância do
marketing e do marketing digital com as mídias sociais que se apresentam como
diferenciais para auxiliar na alavancagem dessa cadeia produtiva.
É imprescindível estruturar a cadeia produtiva de ovinos no estado de
Goiás para que ela se torne mais organizada, integrada e sustentável e,
consequentemente, seja capaz de oferecer produtos de alta qualidade ao
consumidor.

REFERÊNCIAS
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valor na cadeia produtiva da ovinocultura: O elo produtor. Dissertação
(Mestrado Profissional em Administração) – Universidade de Santa Cruz
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de Pós-Graduação em Agronegócio. Universidade Federal de Goiás,
Escola de Agronomia, 2014.
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Acesso em: 20 set 2018.

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