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1. INTRODUÇÃO
O artigo discute sobre a disciplina de gênero, diversidade sexual e
relações étnico-raciais nos cursos de graduação em Serviço Social e a
qualidade da docência para o desenvolvimento da temática em sala de aula. A
ideia surgiu da participação de alguns/mas dos/as autores/as no EPESS/2018
(Encontro Paranaense dos Estudantes de Serviço Social) em que se
evidenciou, nos debates, o fato de que nem todas as IES (Instituições de
Ensino Superior) ofertam a disciplina de gênero, diversidade sexual e relações
étnico-raciais e/ou, quando o fazem nem sempre é com a qualidade docente
requerida.
Utiliza-se neste artigo a pesquisa bibliográfica para dialogar brevemente
acerca dos conceitos de gênero,ética e direitos humanos e a questão da oferta
qualificada desta temática enquanto disciplina integrante da formação em
1
Amanda Ferreira Marcelino - Estudante de Graduação - Faculdade de Tecnologia de Curitiba - FATEC –PR - E-mail:
amandafmar@hotmail.com
2
Daraci Rosa dos Santos - Professor com formação em Serviço Social - Faculdade de Tecnologia de Curitiba - FATEC -
PR
3
Larissa Eduarda dos Santos - Estudante de Graduação - Faculdade de Tecnologia de Curitiba - FATEC -PR
4
Luiz Fernando Nunes Ferreira dos Santos - Estudante de Graduação - Faculdade de Tecnologia de Curitiba - FATEC -
PR
5
Tamíres Caroline de Oliveira - Professor com formação em Serviço Social - Faculdade de Tecnologia de Curitiba -
FATEC -PR
6
Murilo Braga Pinheiro - Estudante de Graduação - Faculdade de Tecnologia de Curitiba - FATEC -PR
Serviço Social, a partir dos preceitos normativos, legais e políticos que
fundamentam a profissão.
Pretende-se, portanto, incidir no debate sobre sua relevância na grade
curricular como disciplina obrigatória e específica, bem como sobre o
compromisso com o constante aprimoramento intelectual para ministrar a
disciplina.
6
Não se pretende, neste artigo, travar debate teórico sobre a conceituação das relações sociais de sexo
ou de gênero, por isso utilizaremos a categoria Gênero, por compreender que ela se mostra mais
palpável para o debate acerca da formação profissional. Contudo, convém destacar que teorias
feministas materialistas da França, tem utilizado a categoria relações sociais de sexo, com a qual
compactuamos, uma vez que permite analisar a desigualdade entre homens e mulheres na relação da
divisão sexual do trabalho, das relações sociais e seus antagonismos, da compreensão que sexo também
é um construto social: “a categoria relações sociais de sexo acentua o fato de que as relações entre
homens e mulheres constituem uma relação social permeada por conflitos, hierarquias e antagonismos
correspondentes às relações de exploração e opressão, o que nos possibilita compreender que as
relações sociais de sexo não são questões isoladas ou meramente individualizadas entre homens e
mulheres, mas relações sociais estruturantes, consubstanciadas e coextensivas aos conflitos de classe e
‘raça’”. (CISNE, 2015, p. 19).
instituições sociais; identidade subjetiva, divisões e atribuições
assimétricas de características e potencialidades; uma gramática
sexual, regulando não só as relações homem/mulher, mas também
homem/homem e mulher/mulher; construção social do masculino e do
feminino. (SAFIOTTI, 2004, p. 45).
3 Considerações Finais
A prática profissional encontra-se imersa num cotidiano em processo
contínuo de mudanças e alterações políticas, econômicas e culturais, o que
exige um olhar atento e um posicionamento frente à intensa e cada dia mais
desumana reprodução da desigualdade social, de gênero e étnico-racial. Neste
sentido, a formação profissional precisa voltar-se para o que a sociedade
requisita no momento e investir na visão de totalidade, trazendo à cena os
temas que permeiam a questão social e que, por conseguinte, são
estruturantes do modo de produção capitalista, que é a relação indissociável
classe/raça/gênero e, ao mesmo tempo, auxiliares no processo de produção e
reprodução da sua sociabilidade desigual, violenta e preconceituosa.
Portanto, verifica-se a necessidade de transformar a disciplina de gênero
e diversidade em matéria obrigatória, devendo seu conteúdo ser ministrado por
profissional de Serviço Social. Embora o processo de precarização da
formação superior nos atinja por diversos caminhos, faz-se necessário adotar
estratégias de fortalecimento da profissão nos espaços formativos, para atuar
na docência com a profundidade e a qualidade requerida. Tal disciplina deve
orientar-se pela concepção ética de liberdade e autonomia dos indivíduos que
interessa à classe trabalhadora, na perspectiva da emancipação humana,
colaborando para a materialidade do projeto ético-político e dos princípios do
código de ética da profissão, vislumbrando transpor a ordem do capital.
Frente às dificuldades formativas, às ameaças conservadoras,
reacionárias e fascistas do tempo presente avalia-se a importância das
instâncias representativas da categoria atuar em conjunto para construir uma
proposta e ofertar formação continuada com foco na docência para a temática
de gênero, diversidade e relações étnico-raciais, conforme preconiza o código
de ética profissional no compromisso com o aprimoramento intelectual, para a
construção de uma outra sociabilidade sem opressão e exploração por questão
de classe, gênero e raça/etnia.
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