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O Rio de Janeiro ficou marcado por alguns traços culturais do período colonial no qual se configurava uma sociedade em

constante evolução, com forte poder organizacional e atuação política, e com a presença de elementos de culturas
exógenos.
A cidade foi elo de ligação com vários continentes conectando o mercado interno e externo, e palco das relações entre
povos indígenas (originários), europeus (piratas, aventureiros, imigrantes e comerciantes), e negros sequestrados e
escravizados (de diversos territórios africanos), fazendo circular nela mercadorias, bens simbólicos, e ideias.
Tais eventos eram processados e relacionados com a realidade local proporcionando ao carioca vivência de novas
experiências e culturas provocando nele características de um povo receptivo e acolhedor do diferente sem
estranhamento, constituindo assim uma tradição de assimilação da diferença.

Ao tornar-se lugar de abrigo da corte, a cidade cresceu, aumentando, consequentemente, o número de habitantes livres e
mais favorecidos, provocando a necessidade de mão-de-obra em diversos serviços urbanos. Tais serviços foram
executados por negros escravos e homens livres pobres, os quais ocuparam aos poucos e de forma expontânea o espaço
público da cidade resultando em lugares marginalizados: fenômeno que se estendeu na cultura dos bairros do Rio de
Janeiro nos momentos posteriores ao período da escravidão, chegando até os dias atuais - o que mostra o quadro de
injustiça social.

Com objetivo de transformar circunstâncias de vida de crianças, adolescentes e mulheres da Gamboa e arredores e expor
a eles a grande importância histórica e cultural local, Thelma Vilas Boas construiu um movimento coletivo no qual diversas
atividades são exercidas em um ambiente rico nas diferenças e diversidades tendo como instrumentos a interação, a arte e
o meio ambiente.
Percebendo a desigualdade social presente provocada pela realidade de uma formação de diversidade cultural intensa
pensou-se no multiculturalismo - a inter-relação de várias culturas em um mesmo espaço afirmando a ideia de que elas
são diversas e devem ser respeitadas na sua essência.
Propõe-se a subtração da ideia de uma cultura dominante, que subordina e marginaliza outros grupos minoritários e apaga
diferenças, valorizando a existência das múltiplas culturas integrando-as mutuamente.
Portanto, as ideias do conceito giram em torno do reconhecimento da identidade particular promovendo o pertencimento
e reconhecimento do outro dentro de suas especificidades promovendo a alteridade.

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