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C AMPUS G ARANHUNS
C URSO DE L ICENCIATURA EM M ATEMÁTICA
G ARANHUNS -PE
?? de Dezembro de 2021
2
Garanhuns-PE
?? de Dezembro de 2021
3
F OLHA DE APROVAÇÃO
Aprovada em ___/___/___
Nota: ______,______
BANCA E XAMINADORA
____________________________________________________
Prof. MSc. José Elizângelo Lopes Luna-Presidente
____________________________________________________
Prof. Dr. Dâmocles Aurélio Nascimento da Silva Alves-Avaliador interno
UPE
____________________________________________________
Prof. MSc. Rafael Dantas Sobrinho-Avaliador externo
Às minhas queridas avós, Graça e Gelva (in memoriam).
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, por ser meu apoio e por me escutar e ajudar em todos os momentos que
me trouxeram até aqui.
Ao meu primeiro professor de matemática, meu pai, Marcelo Araújo, por ter se alegrado
com a minha escolha, por nunca me deixar desistir, por sempre cuidar de mim e, principal-
mente, por ser minha maior inspiração profissional.
À minha mãe, Simone Gonçalves, por me dar a vida, por acompanhar todos meus estudos
até aqui, lutar comigo nos momentos necessários e sempre me ensinar que o futuro é feito a
partir da constante dedicação no presente.
Às minhas avós, Gelva Gonçalves e Maria das Graças Araújo (in memoriam), por me ama-
rem incondicionalmente, por vibrarem com cada conquista minha e terem esperado por esse
momento tanto quanto eu.
Ao meu irmão e amigo, Matheus Felipe, e à minha amiga e irmã de coração, Jennyfer
Stephanye, por sempre estarem ao meu lado e me lembrarem que nossos momentos comparti-
lhados com a família e com os amigos são tão importantes quanto nossas outras dedicações.
Aos demais parentes e amigos que participaram dessa jornada com apoio e alegria.
Agradeço aos amigos que a universidade me deu, em especial, à Paula, Thayná, Gilmara,
Erivelton e Tallison. Obrigada por compartilharem comigo todas as felicidades e dificuldades
da vida acadêmica e por todos os outros momentos extraordinários que vivemos.
Ao meu orientador, Prof. MSc. José Elizângelo, por cada disciplina ministrada ter me
mostrado que eu fiz a melhor escolha para a minha vida profissional e por todo tempo e interesse
dedicados para a realização deste trabalho. Sou eternamente grata por todo seu apoio.
Aos professores que me orientaram nas monitorias acadêmicas durante minha graduação:
Janaina, José Elizângelo, Iramí e Dâmocles. Sou grata também à todos os outros professores
que compõem o colegiado do curso, em especial, à Prof. Luciana, por cada ensinamento.
Por fim, agradeço à banca examinadora, Prof. Dr. Dâmocles Aurélio e Prof. MSc. Rafael
Dantas, pelo tempo dedicado à minha pesquisa e pelas contribuições feitas.
5
Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.
—J. R. R. TOLKIEN (1892-1973)
RESUMO
?
Comumente, desde sob o domínio escolar na educação básica, o determinante é facilmente
associado à matrizes de ordens 1, 2 e 3, partindo-se de definições particulares para os mes-
mos ou da solução de sistemas lineares, derivado da história de seu surgimento, além disso,
a abordagem leva também ao estudo de suas propriedades, ambas as coisas sem qualquer res-
ponsabilidade com o objeto matemático mencionado. No presente trabalho, formalizamos a
construção da definição geral de determinante através da utilização do grupo de permutações
e sinal de permutação, que oferece recursos suficientes para a obtenção de determinantes de
qualquer que seja a ordem. Ocorre que, a partir da ordem 4, o alcance torna-se exaustivo,
dessa forma, aplicamos, de forma adicional à proposta deste trabalho, a definição geral de de-
terminantes para a obtenção do resultado conhecido por "Teorema de Laplace", que otimiza
o encontro de determinantes de ordem n para operações com determinantes de, no máximo,
ordem n − 1.
7
SUMÁRIO
1 Grupo de Permutações 3
1.1 Permutações 3
1.1.1 Sinal da Permutação 6
1.2 Grupo 7
1.3 Grupo de Permutações 8
1.3.1 Ciclos 11
1.3.2 Uma reinterpretação da definição de sinal de uma permutação. 15
2 Determinante 18
2.1 Determinante de ordem n 18
2.2 Demonstração de algumas propriedades clássicas 21
3 Teorema de Laplace 26
3.1 Generalidades 27
3.2 Cofator 27
3.3 Condensação de Laplace 29
8
LISTA DE FIGURAS
9
INTRODUÇÃO
Em contrapartida ao avanço que tanto a teoria quanto as aplicações dos determinantes tive-
ram com os anos seguintes a esses acontecimentos, se encontra o desconhecimento da definição
formal deste conceito, em especial na escola básica, em que não é raro ser ignorado totalmente
pelos professores e livros didáticos, ou substituído por ’definições’ errôneas ou, quando muito,
restritas aos casos particulares de ordens 1, 2, e 3.
É comum encontrar, em livros didáticos do 2º ano do Ensino Médio, as definições de de-
terminante de ordem 2 e 3 no formato presente na Figura 1. Isso ocorre apesar do que aponta
os Parâmetros para a Educação Básica do Estado de Pernambuco ([10], 2012, p. 128) quando
afirma, em suas expectativas para o ensino e aprendizagem de matemática no Ensino Médio,
1
2
que é necessário evitar a utilização de coletâneas de cálculos que simplesmente propõem uso
de fórmulas.
Figura 1 Determinante de uma matriz de ordem 3 em um livro didático para o 2º ano de Ensino Médio.
Figura 2 Determinante de uma matriz de ordem 3 através do método de Sarrus em um livro didático
para o 2º ano de Ensino Médio.
Apesar disso, os Parâmetros para a Educação Básica do Estado de Pernambuco ([10], 2012,
p. 121) salientam que:
[· · · ] não se pode esquecer que a Matemática do Ensino Médio, como disciplina es-
tabelecida, também deve ser vista como uma ciência que apresenta características
estruturais específicas. É importante que o estudante perceba o papel de: definições,
simbologia, demonstrações e encadeamentos conceituais em sua composição interna.
GRUPO DE PERMUTAÇÕES
Neste capítulo, faremos uma introdução aos elementos que darão sustento à definição de de-
terminante e contribuirão na construção de argumentos para demonstrar algumas propriedades
desse objeto matemático. Daremos ênfase aos conceitos de permutação e grupo de permuta-
ções, abordando também as ideias de sinal de uma permutação e dos k − ciclos e transposições.
1.1 Permutações
S(In ) = {σ : In → In ; σ é bijeção}
Proposição 1. #S(In ) = n!
3
1.1. PERMUTAÇÕES 4
Exemplo 1.1.6. (Sinal das permutações de I1 = {1}) Há apenas uma permutação em S(I1 ), do
exemplo 1.1.1:
1
σ1 = id = .
1
vazio?
Mas perceba que não existem i, j ∈ I1 ; tais que i < j e σ1 (i) > σ1 ( j) e, portanto, Aσ1 = 0/ ⇒
#Aσ1 = 0. Como 0 é par, sgn(σ1 ) = 1.
Exemplo 1.1.7. (Sinal das permutações de I2 = {1, 2}) Há duas permutações em S(I2 ), do
exemplo 1.1.2:
1 2 1 2
σ1 = e σ2 = .
1 2 2 1
Cujas assinaturas e sinais respectivos são:
1) Par, se sgn(σ ) = 1
2) Ímpar, se sgn(σ ) = −1
1.2 Grupo
i) Associatividade
1.3. GRUPO DE PERMUTAÇÕES 8
Embora seja, pelos itens (i) e (ii) da definição anterior, a comutatividade assegurada para
operações com o elemento neutro de G e para operação com simétricos em G, nem sempre essa
propriedade será válida também para a operação com quaisquer dois elementos do conjunto.
Dessa forma, para tais conjuntos em que a comutatividade é válida, definimos:
Definição 1.2.2. (Grupo abeliano ou comutativo) Dizemos que um grupo G com a opera-
ção * sobre G é um Grupo Abeliano caso se cumpra o seguinte axioma:
iv) Comutatividade
a ∗ b = b ∗ a, quaisquer que sejam a, b ∈ G.
E daí:
ii) Existência do elemento neutro: Queremos que exista um e ∈ S(In ); para todo σ ∈ S(In ),
e◦σ = σ ◦e = σ
Logo, mostraremos que, existe um e ∈ S(In ); de forma que para todo σ ∈ S(In ) e para
todo x ∈ In :
Mas, por hipótese, σ ∈ S(In ), daí e(x) = x. Portanto, e = id, pois para todo y ∈
In , id(y) = y.
De (I) e (II), existe um e ∈ S(In ); para todo σ ∈ S(In ), (e ◦ σ )(x) = (σ ◦ e)(x) = σ (x). O
que estabelece a igualdade desejada.
iii) Existência de simétricos: Queremos que para todo σ ∈ S(In ), exista um σ ′ ∈ (In )S; tal
que
σ ′ ◦ σ = σ ◦ σ ′ = e, com e = id.
Em que o elemento simétrico da composição de permutações (σ ′ ) é a permutação inversa
(σ −1 ), estabelecido na igualdade (1.2). Logo, mostraremos que, para todo σ ∈ S(In ) e
para todos x, y ∈ In , existe um σ −1 ∈ S(In );
(•) σ −1 ◦ σ (x) = id(x). Segue que, por definição, σ −1 (y) = x ⇔ σ (x) = y, portanto:
σ −1 ◦ σ (x) = σ −1 (σ (x))
= σ −1 (y)
= x
= id(x)
Dessa forma, σ −1 ◦ σ (x) = id(x)
(••) σ ◦ σ −1 (y) = id(y). Segue que, por definição, σ −1 (y) = x ⇔ σ (x) = y, portanto:
σ ◦ σ −1 (y) = σ (σ −1 (y))
= σ (x)
= y
= id(y)
Dessa maneira, σ ◦ σ −1 (y) = id(y)
1.3. GRUPO DE PERMUTAÇÕES 10
De (•) e de (••), para todo σ ∈ S(In ), existe um σ ′ ∈ (In )S; tal que σ ′ ◦ σ = σ ◦ σ ′ = e,
com e = id e σ ′ = σ −1 .
Como se verificam todos os três axiomas da definição de grupo, o conjunto S(In ) munido
da operação de composição de permutações é um grupo. ■
(i) n = 1;
(ii) n = 2;
(iii) n > 2.
Cuja única opção de composição será σ1 ◦ σ1 , que é comutativa, por se tratar de compo-
sição de duas permutações iguais. Além disso, para todo n ∈ N a composição de duas
permutações iguais de In será sempre comutativa.
(ii) Em I2 , segundo o exemplo 1.1.2, há 2 permutações e são elas:
1 2 1 2
σ1 = e σ2 = .
1 2 2 1
σ1 ◦ σ2 e σ2 ◦ σ1 .
Tais que:
σ1 ◦ σ2 (1) = σ1 (σ2 (1)) = σ2 (1) = σ2 (σ1 (1)) = σ2 ◦ σ1 (1)
,
σ1 ◦ σ2 (2) = σ1 (σ2 (2)) = σ2 (σ1 (2)) = σ2 ◦ σ1 (2)
Ou seja:
1 2 1 2
σ1 ◦ σ2 = = = σ2 ◦ σ1
σ1 ◦ σ2 (1) σ1 ◦ σ2 (2) σ2 ◦ σ1 (1) σ2 ◦ σ1 (2)
E, portanto, quando n = 2, a comutatividade é válida.
1.3. GRUPO DE PERMUTAÇÕES 11
(iii) n > 2:
Seja x ∈ In , com In = {1, 2, 3, · · · , n}. Nesse caso, consideremos duas permutações de In ,
α e β , tais que:
2, se x = 1
3, se x = 1
1, se x = 2
2, se x = 2
α(x) = e β (x) =
3, se x = 3
1, se x = 3
x, se x ≥ 4 x, se x ≥ 4
Ocorre que:
E daí, α ◦ β ̸= β ◦ α
Concluímos então que, para qualquer n > 2, o grupo S(In ) é não abeliano. ■
1.3.1 Ciclos
(ii) π(nk ) = n1 ;
Exemplo 1.3.4. Sejam π e τ dos exemplos 1.3.1 e 1.3.3, respectivamente. Temos que:
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
π= eτ=
1 2 5 4 6 7 3 1 4 3 2 5 6 7
Em que π é um 4 − ciclo e τ é uma transposição, tais que π = (3 5 6 7) e τ = (2 4). Logo,
{3, 5, 6, 7} ∩ {2, 4} = 0/ e, daí, π e τ são ciclos disjuntos.
Demonstração. (Idem, 2013) Seja i ∈ In , o elemento que π1 deixa fixo. Então π1 também
deixa fixo π2 (1), assim, π1 ◦ π2 (i) = π2 (i) = π2 ◦ π1 (i). Analogamente, seja j ∈ In , o elemento
que π2 deixa fixo. Então π2 também deixa fixo π1 ( j), de onde vem, π2 ◦ π1 ( j) = π1 ( j) =
π1 ◦ π2 ( j). Agora seja k ∈ In , o elemento em que π1 e π2 deixam fixo. Nesse caso, é evidente
que π2 ◦ π1 (k) = π1 ◦ π2 (k) = k. ■
(1) σ (1) = 3;
1.3. GRUPO DE PERMUTAÇÕES 14
E, portanto, σ 1 = {1, 3, 5} = σ 3 = σ 5 .
(II) Agora escolheremos um s2 = min (I5 − σ 1 ) = min ({2, 4}) = 2. A órbita de 2 em relação
à permutação σ será composta pelos números:
(i) σ (2) = 4;
(ii) σ (σ (2)) = σ (4) = 2.
E daí, σ 2 = {2, 4} = σ 4 .
Perceba que I5 − (σ 1 ∪ σ 2 ) = 0,
/ por isso, o processo termina e já foram obtidas todas as
órbitas dos elementos de I5 em relação à permutação σ .
Diferente do exemplo 1.3.5, a permutação do exemplo 1.3.6 não é um k − ciclo, por causa
disso, a mesma apresenta mais de uma órbita. Porém, à vista do que representa a órbita de
3 no primeiro exemplo, é possível observar que as órbitas do segundo exemplo definem um
2 − ciclo, πσ 1 , e uma transposição, τσ 2 , tais que πσ 1 = (1 3 5) e τσ 2 = (2 4).
Teorema 1. Toda permutação de S(In ) se escreve como uma composição de ciclos disjun-
tos de comprimento n ≥ 2.
Demonstração. Iremos decompor o conjunto In como uma união disjunta de suas t órbitas em
relação à uma permutação σ ∈ S(In ), formando os ciclos π1 , π2 , · · · , πt ; tais que
σ = π1 ◦ π2 ◦ · · · ◦ πt .
Para todo s ∈ In , existe apenas um πi , com1 ≤ i ≤ t; tal que πi (x) ̸= x, isto é, que x ∈ πi . Pois
os ciclos são disjuntos. E, por isso e pela Proposição 6, temos que:
π1 ◦ π2 ◦ · · · ◦ πt (s) = π1 ◦ π2 ◦ · · · ◦ πi ◦ · · · ◦ πt (s) =
= π1 ◦ π2 ◦ · · · ◦ πi−1 ◦ πi+1 ◦ · · · ◦ πt ◦ πi (s) =
= π1 ◦ π2 ◦ · · · ◦ πi−1 ◦ πi+1 ◦ · · · ◦ πt (πi (s)) =
= πi (s) =
= σ (s).
Assim,
1 2 ··· s ··· n
σ = =
σ (1) σ (2) · · · σ (s) · · · σ (n)
1 2 ··· s ··· n
= =
π1 ◦ · · · ◦ πt (1) π1 ◦ · · · ◦ πt (2) · · · π1 ◦ · · · ◦ πt (s) · · · π1 ◦ · · · ◦ πt (n)
= π1 ◦ · · · ◦ πt
Portanto, toda permutação de S(In ) se escreve como uma composição de ciclos disjuntos.
■
1.3. GRUPO DE PERMUTAÇÕES 15
Teorema 2. (Moraes, 2013) Toda permutação de S(In ), com n ≥ 2, pode ser escrita como
uma composição de transposições.
Demonstração. (Idem, 2013) Utilizando-se do resultado do Teorema 1, basta mostrar que todo
k − ciclo é uma composição de k − 1 transposições.
De fato,(n1 n2 · · · nk ) = (n1 nk ) ◦ (n1 nk−1 ) ◦ · · · ◦ (n1 n2 ). ■
1 2 3 4 5 6
Exemplo 1.3.7. Seja σ = ∈ S(I6 ).
2 3 1 5 6 4
São órbitas de I6 em relação à σ : σ 1 = σ 2 = σ 3 = {1, 2, 3} e σ 4 = σ 5 = σ 6 = {4, 5, 6}.
Então, pelo Teorema 1, σ pode ser escrito como a composição de dois 3 − ciclos distintos:
σ = (1 2 3) ◦ (4 5 6)
σ = (1 2) ◦ (1 3) ◦ (4 5) ◦ (4 6) (1.3)
Além disso, por S(In ) ser o grupo de permutações sabemos que dado β ∈ S(In ):
β ◦ id = β e β ◦ β −1 = id
σ = (1 2) ◦ (1 3) ◦ (4 5) ◦ (4 6) ◦ id =
= (1 2) ◦ (1 3) ◦ (4 5) ◦ (4 6) ◦ (3 4) ◦ (4 3) =
= (1 2) ◦ (1 3) ◦ (4 5) ◦ (4 6) ◦ (3 4) ◦ (4 3) ◦ id =
= (1 2) ◦ (1 3) ◦ (4 5) ◦ (4 6) ◦ (3 4) ◦ (4 3) ◦ (1 6) ◦ (6 1) =
= ···
Sucede do exemplo 1.3.7 que uma permutação pode ser decomposta em infinitas transpo-
sições, contanto que a quantidade de transposições nessa decomposição tenha mesma paridade
das anteriores, tendo em vista que adicionar uma transposição na composição implica em adi-
cionar também a sua inversa, evitando alterações na permutação.
Demonstração. (Idem, 2013) Sendo τ uma transposição, então move dois números e fixa cada
um dos outros n − 2 números. Assim, k = (n − 2) + 1 = n − 1. Assim, sgn(τ) = (−1)n−(n−1) =
(−1)1 = −1. ■
■
Exemplo 1.3.9. Da mesma permutação dos exemplos 1.3.7 e 1.3.8:
1 2 3 4 5 6
σ= = (1 2 3) ◦ (4 5 6)
2 3 1 5 6 4
Pela igualdade 1.3 do exemplo 1.3.7:
σ = (1 2) ◦ (1 3) ◦ (4 5) ◦ (4 6)
E, portanto, sgn(σ ) = 1
1.3. GRUPO DE PERMUTAÇÕES 17
DETERMINANTE
det : Mn (K) → K
A 7→ det A
definida por
18
2.1. DETERMINANTE DE ORDEM N 19
n
det A = ∑ sgn σ · ∏ aiσ (i) (2.1)
σ ∈S(In ) i=1
n
Sobre tal definição, convém notar que os fatores do produto ∏ aiσ (i) são os termos da ma-
i=1
triz A escolhidos de modo a que se tenha um elemento de cada linha e coluna, sem repetição.
A não-repetição das linhas é verificável de imediato já que o primeiro índice de cada fator em
n
∏ aiσ (i) = a1σ (1) · a2σ (2) · · · anσ (n) é distinto dos anteriores. Por outro lado, a impossibilidade
i=1
de repetição de colunas é garantida pela bijetividade de σ ∈ S(In ).
Assim, o somatório, que considera todas as permutações de In , assegura que todas as pos-
sibilidades que atendam ao critério da não repetição de linhas e colunas virão a ser utilizados e
seu sinal dependerá diretamente da permutação utilizada, pois:
n n n n
∑ sgn σ · ∏ aiσ (i) = sgn σ1 · ∏ aiσ1 (i) + sgn σ2 · ∏ aiσ2 (i) + · · · + sgn σn! · ∏ aiσn! (i)
σ ∈S(In ) i=1 i=1 i=1 i=1
A depender da ordem da matriz a ter seu determinante calculado, o processo torna-se bas-
tante exaustivo, tendo em vista que, por exemplo, o determinante de uma matriz de ordem 6
apresenta 6! permutações e, portanto, 6! parcelas no seu somatório, de acordo com a defini-
ção 2.1.1. Em vista disso, nos deteremos aqui em dar especial atenção para os casos em que
n ∈ {1, 2, 3}, que surgem, ainda no ensino básico, como definições aparentemente desconexas
umas das outras.
No resultado a seguir, as estabeleceremos como meros casos particulares da definição geral
que enunciamos:
Se n = 1, então
det A = a11 ;
Se n = 2, então
det A = a11 · a22 − a12 · a21 ;
Se n = 3, então
det A = a11 ·a22 ·a33 +a12 ·a23 ·a31 +a13 ·a21 ·a32 −a11 ·a23 ·a32 −a12 ·a21 ·a33 −a13 ·a22 ·a31
1
det A = ∑ sgn σ · ∏ aiσ (i)
σ ∈S(I2 ) i=2
1 2 1 2
det A = sgn · a11 · a22 + sgn · a12 · a21
1 2 2 1
= 1 · a11 · a22 + (−1) · a12 · a21
= a11 · a22 − a12 · a21
E daí,
1
det A = ∑ sgn σ · ∏ aiσ (i)
σ ∈S(I3 ) i=3
Segue que:
1 2 3 1 2 3
det A = sgn · a11 · a22 · a33 + sgn · a11 · a23 · a32 +
1 2 3 1 3 2
1 2 3 1 2 3
+ sgn · a12 · a21 · a33 + sgn · a12 · a23 · a31 +
2 1 3 2 3 1
1 2 3 1 2 3
+ sgn · a13 · a21 · a32 + sgn · a13 · a22 · a31
3 1 2 3 2 1
Essa propriedade é muito útil quando atrelada a outras propriedades. Pois, para proprie-
dades relacionadas às linhas da matriz A, basta aplicar a Proposição 10 e estará mostrada a
veracidade da propriedade em relação às colunas da mesma matriz. Como no caso a seguir.
n
Suponha por absurdo que existe σ ∈ S(In ) − {id}; ∑ sgn σ · ∏ aiσ (i) ̸= 0.
S(In )−{id} i=1
Ocorre que,
(iii) Repetindo o processo, para todo i ∈ In , para que aiσ (i) ̸= 0, com σ (i) ∈ In − { j}1⩽ j⩽i−1 ,
significa que aiσ (i) = i. O que é um absurdo, pois σ ̸= id.
Dessa forma,
n
∑ sgn σ · ∏ aiσ (i) = 0
S(In )−{id} i=1
E daí,
n
det A = sgn(id) · ∏ aii + 0 =
i=1
n
= sgn(id) · ∏ aii =
i=1
= 1 · a11 · a22 · · · ann
Portanto, Se A = [ai j ]n é uma matriz triangular inferior, então det A = a11 · a22 · · · ann . ■
2.2. DEMONSTRAÇÃO DE ALGUMAS PROPRIEDADES CLÁSSICAS 23
Demonstração. É imediata. ■
Exemplo 2.2.1. (Determinante da matriz identidade) Seja Id = [di j ]n a matriz identidade;
(
1, i = j
di j =
0, i ̸= j
Por definição, a matriz identidade é, então, uma matriz diagonal cujo todos os elementos da
sua diagonal principal são iguais a 1. Portanto,
n n
det Id = ∏ aii = ∏ 1 = 1
i=1 i=1
det A = − det B
Demonstração. Seja B, a matriz obtida da matriz A pela permutação das linhas k e w e seja
π = (k w) a transposição correspondente a essa permutação de linhas. Assim,
n
det B = ∑ sgn σ · ∏ biσ (i) =
σ ∈S(In ) i=1
Proposição 13. (Propriedade das linhas iguais) Se A = [ai j ]n é tal que existem k, w ∈ In ;
para todo j ∈ In , ak j = aw j , então det A = 0
Demonstração. Nesse caso, A é obtida de si mesma pela permutação de duas linhas iguais.
Dessa forma, como consequência imediata da Proposição 12, det A = − det A e, portanto,
det A = 0. ■
Então,
det B = w · det A
Demonstração. Começaremos aplicando a definição 2.1.1 para o determinante da matriz B.
n
det B = ∑ sgn σ · ∏ biσ (i) =
σ ∈S(In ) i=1
Mas, para todo σ ∈ S(In ), bkσ (k) pertence a k-ésima linha de B e daí, por definição dos elemen-
tos de B em relação aos de A e com akσ (k) pertencendo a k-ésima linha de A:
Dessa forma, sendo B a matriz obtida de A pela multiplicação de sua k-ésima linha por um
escalar w ∈ R, det B = w · det A. ■
2.2. DEMONSTRAÇÃO DE ALGUMAS PROPRIEDADES CLÁSSICAS 25
Proposição 15. (Propriedade da linha nula) Se A = [ai j ]n é tal que existe um k ∈ In ; para
todo j ∈ In , ak j = 0, então det A = 0
Demonstração. Mais uma vez começaremos aplicando a definição 2.1.1 para o determinante
da matriz A.
n
det A = ∑ sgn σ · ∏ aiσ (i) =
σ ∈S(In ) i=1
Mas, para todo σ ∈ S(In ), akσ (k) pertence a k-ésima linha de A e, portanto, akσ (k) = 0, logo:
det A = ∑ sgn σ · a1σ (1) · · · a(k−1)σ (k−1) · 0 · a(k+1)σ (k+1) · · · anσ (n) = ∑ 0=0
σ ∈S(In ) σ ∈S(In )
Diante disso, se A é a matriz de ordem n cuja k-ésima linha é nula, então det A = 0. ■
CAPÍTULO
TEOREMA DE LAPLACE
26
3.1. GENERALIDADES 27
3.1 Generalidades
c11 · c22 · c33 + c12 · c23 · c31 + c13 · c21 · c32 − c11 · c23 · c32 − c12 · c21 · c33 − c13 · c22 · c31
Mas perceba que, todos os elementos de B estão presentes em duas parcelas do det C, pode-
mos então escolher uma linha (ou coluna) da matriz para colocar seus elementos em evidência.
Seja então, sem perda de generalidade, a linha 1 a escolhida para esse processo.
det C = c11 · (c22 · c33 − c23 · c32 ) + c12 · (c23 · c31 − c21 · c33 ) + c13 · (c21 · c32 − c22 · c31 ) =
= c11 · (c22 · c33 − c23 · c32 ) + c12 · (−1) · (c21 · c33 − c23 · c31 ) + c13 · (c21 · c32 − c22 · c31 )
Dessa forma, sob posse de conhecimento da equação 3.1, é possível calcular o determi-
nante de ordem 3 por operações com determinantes de ordem 2. Além disso, é dito que a
igualdade 3.1 é o desenvolvimento do det C pela linha 1 e os termos que multiplicam cada um
dos elementos dessa linha, na igualdade citada, são denominados cofator do elemento.
3.2 Cofator
Definição 3.2.1. (Kososki, 2009) Seja A uma matriz quadrada de ordem n ≥ 2. Chama-se
menor, de um elemento ai j , o determinante da matriz obtida eliminando-se a linha i e a
coluna j da matriz A. O menor será denotado por Mi j .
Exemplo 3.2.1. Vamos encontrar o menor de cada elemento da coluna 2 de B = [bi j ]4 , tal que
b11 b12 b13 b14
b21 b22 b23 b24
B= b31 b32 b33 b34
Os elementos da segunda coluna de A são: b12 , b22 , b32 e b42 . Daí, seus respectivos meno-
res, utilizando a definição 3.2.1, serão:
b21 b23 b24 b11 b13 b14
M12 = det b31 b33 b34 ; M22 = det b31 b33 b34 ;
b41 b43 b44 b41 b43 b44
b11 b13 b14 b11 b13 b14
M32 = det b21 b23 b24 e M42 = det b21 b23 b24 .
b41 b43 b44 b31 b33 b34
Ai j = (−1)i+ j · Mi j . (3.2)
Exemplo 3.2.2. Vamos encontrar o cofator de cada elemento da coluna 2 de B = [bi j ]4 , tal que
b11 b12 b13 a14
b21 b22 b23 b24
B= b31 b32 b33 b34
E, portanto, B12 = −M12 , B22 = M22 , B32 = −M32 e B42 = M42 . Ou ainda:
b21 b23 b24 b11 b13 b14
B12 = −det b31 b33 b34 ; B22 = det b31 b33 b34 ;
b41 b43 b44 b41 b43 b44
b11 b13 b14 b11 b13 b14
B32 = −det b21 b23 b24 e B42 = det b21 b23 b24 .
b41 b43 b44 b31 b33 b34
Queremos desenvolver esse determinante pela coluna k, assim, cabe colocar em evidência
o elemento aik , pois para todo σ ∈ S(In ), existe i ∈ In , tal que σ (i) = k. Daí
det A = ∑ sgn σ · aik · a1σ (1) · a2σ (2) · · · a(i−1)σ (i−1) · a(i+1)σ (i+1) · · · anσ (n) (3.5)
σ ∈S(In )
Perceba que os fatores da igualdade 3.5, exceto o sgn σ e o aik , são elementos do menor
complementar de aik . Seja Mik = [bst ]n−1 esse menor complementar. Dessa forma, existe uma
3.3. CONDENSAÇÃO DE LAPLACE 30
permutação única β ∈ S(In−1 ) que relaciona as mesmas entradas que σ . Daí, cada termo da
expansão do det A que apresenta o fator aik é da forma:
1 ··· i ··· n−1
β = =
β (1) · · · β (i) · · · β (n − 1)
1 ··· i ··· n−1
=
π1 ◦ σ (1) · · · π1 ◦ σ (i + 1) · · · π1 ◦ σ (n)
Em que o ciclo π1 diminui todos os índices maiores que k para adaptar a In−1 .
Para escrever a permutação σ em função de β é preciso primeiro definir a permutação
β ′ ∈ S(In ), em que para todo v ∈ In−1 , temos que β ′ (v) = β (v) e para n, temos que β ′ (n) = n.
Ou seja,
′ 1 ··· i ··· n−1 n
β = =
β ′ (1) · · · β ′ (i) · · · β ′ (n − 1) β ′ (n)
1 ··· i ··· n−1 n
=
π1 ◦ σ (1) · · · π1 ◦ σ (i + 1) · · · π1 ◦ σ (n) n
′ 1 ··· i+1 ··· n i
β ◦ π2 = =
π1 ◦ σ (1) · · · π1 ◦ σ (i + 1) · · · π1 ◦ σ (n) n
1 ··· i i+1 ··· n
=
π1 ◦ σ (1) · · · n π1 ◦ σ (i + 1) · · · π1 ◦ σ (n)
1 ··· i ··· n−1 n
π1 ◦ σ =
π1 ◦ σ (1) · · · n · · · π1 ◦ σ (n − 1) π1 ◦ σ (n)
Ou seja,
3.3. CONDENSAÇÃO DE LAPLACE 31
π1 ◦ σ = β ′ ◦ π2
π1−1 ◦ π1 ◦ σ = π1−1 ◦ β ′ ◦ π2
id ◦ σ = π1−1 ◦ β ′ ◦ π2
σ = π1−1 ◦ β ′ ◦ π2
O que implica em
Dessa forma,
n
det A = ∑ ∑ sgn β · (−1)i+k · aik · a1σ (1) · · · a(i−1)σ (i−1) · a(i+1)σ (i+1) · · · anσ (n)
i=1 β ∈S(In−1 )
n
i+k
= ∑ (−1) · aik · ∑ sgn β · a1σ (1) · · · a(i−1)σ (i−1) · a(i+1)σ (i+1) · · · anσ (n)
i=1 β ∈S(In−1 )
n
= ∑ aik · (−1)i+k · Mik
i=1
n
= ∑ aik · Aik
i=1
Diante disso, há dois possíveis caminhos a serem tomados, em que o primeiro deles é aplicar
diretamente o Teorema 3 para obter os determinantes de ordem 3. Já o segundo caminho
é a reutilização do Teorema de Laplace para transformar os determinantes de ordem 3 em
somatório com determinantes de ordem 2, nesse caminho ainda é possível fazer redução, pelo
Teorema de Laplace, para operação de soma com determinantes de ordem 1.
CONCLUSÃO
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[2] B OYER, C. B. História da matemática. São Paulo: Edgar Blücher, Ed. da Universidade de
São Paulo, 1974.
[3] C ALLIOLI, C. A. et al. Álgebra Linear e aplicações. 6.ª edição. São Paulo: Atual, 1990.
[4] DANTE, L. R. Matemática: contextos e aplicações: Ensino Médio. v. 2, 3.ª edição. São
Paulo: Atual, 2016.
[5] D OMINGUES, H. H.; I EZZI, G. Álgebra Moderna. 4.ª edição. São Paulo: Atual, 1003.
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3.3. CONDENSAÇÃO DE LAPLACE 35