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810 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 13, NO.

3, MARCH 2015

Experimental Evaluation of Open Source


Business Intelligence Suites using OpenBRR
A. Marinheiro and J. Bernardino

Abstract— In recent time, technology applications in different tomada de decisões de negócios melhorando assim a
fields, especially Business Intelligence (BI) have been developed competitividade das empresas [2].
rapidly and considered to be one of the most significant uses of O foco deste trabalho é a selecção e avaliação de suites
information technology. BI is a broad category of applications and Open Source BI utilizando a metodologia Open Business
technologies for gathering, storing, analyzing, and providing access
data to help enterprise users make better business decisions. Readiness Rating (OpenBRR). OpenBRR é uma metodologia
Whereas in the past the Business Intelligence market was strictly de avaliação de software open source que usa um processo de
dominated by closed source and commercial tools, the last few avaliação aberto e standard. Esta metodologia procura integrar
years were characterized by the birth of open source BI solutions. as restrições das empresas (nomeadamente para testes e
This represents a tremendous competitive advantage, however the confiabilidade), e centra-se na partilha e redução do TCO
choice of a suitable open source BI suite is a challenge. The present (Custo Total de Propriedade) do software Open Source. Com
study evaluated and compared the last versions of the five main
Open Source Business Intelligence suites: JasperSoft, Palo, este trabalho pretendemos ajudar na escolha da melhor suite
Pentaho, SpagoBI and Vanilla using OpenBRR methodology. open source de Business Intelligence, pensando numa
implementação numa empresa de média e pequena dimensão,
Keywords— Business Intelligence (BI); Open Source Business tentando demonstrar que estas soluções são viáveis neste tipo
Intelligence Suites; OpenBRR Methodology. de empresas, pois não existem custos de aquisição, embora
necessitem de algum esforço e investimento na sua
I. INTRODUÇÃO implementação.

N O ambiente empresarial actual, em virtude das grandes


alterações que se têm verificado, as organizações
necessitam ser suficientemente ágeis para antecipar as
O restante deste trabalho é organizado como segue. Na
Seção 2 é apresentado o estudo sobre as principais suites open
source Business Intelligence existentes no mercado, ilustrando
mudanças, encontrando novas soluções e adaptando-se, ou as principais características de cada uma. Na Seção 3 são
criando condições para serem mais competitivas relativamente descrito os critérios para avaliação das diversas suites. A
à concorrência. Neste contexto, há cada vez mais a comparação das suites é realizada na Seção 4, de acordo com
necessidade de informações rápidas para auxiliar no processo os critérios e funcionalidades definidos anteriormente. A
de tomada de decisão e da disponibilidade de sistemas para Secão 5 descreve como foi realizada a análise prática das
armazenar e buscar rapidamente as informações do negócio. suites e apresenta a metodologia OpenBRR para avaliação de
As pequenas e médias empresas (PME), representam mais software open source. E, finalmente, na Secão 6 são
de 98% das empresas de todo o mundo [1]. No entanto a sua apresentadas as principais conclusões deste trabalho e é
capacidade financeira é normalmente reduzida, o que limita descrito algum trabalho futuro.
muitas vezes o acesso a sistemas que ajudem na tomada de
decisão, bem como o próprio acompanhamento do seu II. SUITES OPEN SOURCE BI
negócio, o que se não for feito adequadamente conduz a uma Suite é o termo usualmente utilizado para descrever
perda da competitividade da empesa, ou até à sua falência. ferramentas que agregam um conjunto de funcionalidades.
Nos últimos anos, as aplicações open source em diferentes Nesta secção serão analisadas as suites que agregam as várias
áreas, especialmente na de Business Intelligence (BI) funcionalidades do BI, e que cumprem as necessidades para a
desenvolveram-se rapidamente e são consideradas como sendo implementação numa empresa. Apresentaremos a análise
das de emprego mais significativo nas tecnologias da relativamente a cinco suites open source BI: JasperSoft [3],
informação. O Business Intelligence é um termo de Palo [4], Pentaho [5], SpagoBI [6] e Vanilla [7]. Estas
gerenciamento de negócios que se refere a aplicações e ferramentas foram escolhidas por serem as que, de acordo com
tecnologias empregadas para coletar, fornecer acesso e a nossa investigação, estão atualmente ativas no mercado com
analisar dados e informações sobre as operações das empresas. o conceito de suite open source.
Os sistemas de BI permitem que as empresas obtenham um
conhecimento mais abrangente sobre os fatores que afetam os A. Jaspersoft
seus negócios, tais como métricas de vendas, produção, A Jaspersoft assegura fornecer uma modalidade de self-
operações internas e eles podem contribuir para uma melhor service à medida das necessidades individuais das empresas
[3]. A sua suite Jaspersoft BI foi criada em 2006, depois de
A. Marinheiro, Instituto Politécnico de Coimbra, CentralGest – Produção vários anos a empresa ter criado as diversas ferramentas
de Software, S.A., Mealhada, Portugal, antonio.marinheiro@gmail.com individualmente. A Jaspersoft afirma que disponibiliza o
J. Bernardino, Instituto Politécnico de Coimbra, Instituto Superior de
conjunto de BI mais flexível, económico e amplamente
Engenharia de Coimbra (ISEC), Coimbra, Portugal, jorge@isec.pt
implementado no mundo. No seu site, pode ler-se que já foi
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realizado o download de mais de 14 milhões de cópias do


software open source em todo o mundo, 175.000
implementações de produção e que têm mais de 14.000
clientes em 100 países. Afirmam ainda que a suite é
regularmente actualizada por uma comunidade de
desenvolvimento de mais de 225.000 membros registados. A
Fig. 1 mostra a imagem de um gráfico 3D do iReport
Designer, da suite Jaspersoft.

Figura 2. Interface da suite Palo.

As características da suite Palo, agrupam-se em três grupos:


Excel Integration (Excel Add-in; OLAP); Web-Client (Web
Spreadsheet; Web Pivot; File Manager; User Manager; ETL
Manager); ETL (ETL Server). É ainda composta pelos
produtos Palo OLAP, Palo for Excel, Palo Web e Palo ETL.
A atualização mais recente da Palo é a versão 3.2, de Julho
de 2011.
Figura 1. Gráfico 3D do iReport Designer, da suite Jaspersoft.
C. Pentaho
A Pentaho foi fundada em 2004 por um grupo de
Esta suite possui a versão Community, open source,
programadores com grande experiência em BI oriundos de
gratuita, e a versão Comercial distribuída por três edições
empresas como a Business Objects, Cognos, Hiperion, JBoss,
(Express, Professional e Enterprise). A versão Community é
Oracle, Rad Hat e SAS [5]. A suite Pentaho é actualmente das
bastante limitada relativamente às versões comerciais e é
mais usadas e das que maior reputação tem no mercado [9]. A
distribuída segundo uma licença GNU GPL. É composta pelos
Fig. 3 mostra um exemplo de um relatório com vários gráficos
módulos JasperReports Server, JasperReports Library,
da suite Pentaho.
JasperSoft ETL, JasperSoft Studio e iReport Designer.
Actualmente, a versão mais recente do JasperSoft Studio é
a 5.5.1, tendo a última atualização sido efetuada em Fevereiro
de 2014.

B. Palo
Palo é como é designada a suite open source desenvolvida
desde 2007 pela empresa alemã Jedox AG [4]. Esta empresa
desenvolve ainda uma versão comercial, com o nome Jedox,
que tem normalmente um avanço no código desenvolvido
entre 12 a 15 meses, relativamente à suite Palo. A plataforma
é completamente baseada em código open source, totalmente
gratuita e distribuída sob uma licença GNU GPL (v2). A Fig.
2, mostra o interface da suite Palo.

Figura 3. Um relatório da suite Pentaho.

Esta suite é composta pelas versões Enterprise e


Community. A versão Enterprise é uma distribuição paga que
contém todos os recursos, com interfaces amigáveis e de fácil
compreensão para os utilizadores finais. A versão Community
é open source, gratuita, e fornece praticamente os mesmos
módulos da anterior, no entanto alguns não têm a interface tão
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amigável, e têm maior dificuldade de compreensão e E. Vanilla


implementação. O seu desenvolvimento é feito em Java, e Vanilla é uma suite BI open source suportada pelo
pode ser executada a partir duma Java Virtual Machine. A consórcio francês BPM-Conseil, tendo a primeira versão sido
versão Community é composta pelos módulos Pentaho Data disponbilizada em Junho de 2008 [7]. Fundada em 2004, a
Integration, Pentaho Reporting, Pentaho Dashboards, Pentaho BPM-Conseil possui vasta experiência em consultadoria, e
Analysis Services e Pentaho Data Mining. com a sua equipa de programadores iniciou o
A versão Community é distribuída sob as licenças GNU desenvolvimento do Vanilla em 2007. Mais que uma
General Public License versão 2.0 (GPLv2), GNU Lesser agregação de ferramentas, o Vanilla é uma plataforma que
General Public License versão 2.0 (LGPLv2), e Mozilla permite definir a sequência completa do negócio graças à
Public License 1.1 (MPL 1.1) [12]. A versão mais recente grande diversidade de componentes que possui. Sendo uma
desta suite é a 5.0.1, disponibilizada em Novembro de 2013. suite disponibilizada integralmente em open source, é
distribuída sob uma licença MPL (Mozilla Public Licence), e
D. SpagoBI desenvolvida em linguagem Java. A Fig. 5 mostra um
exemplo de gráficos desta suite.
O SpagoBI é um software para desenvolvimento de
projectos de BI em ambientes integrados [6]. É suportado pela
empresa Engineering [8] que, de acordo com o seu site, não
tem interesse na sua exploração comercial, pois é uma
empresa de consultadoria. Para desenvolver a ferramenta a
empresa criou a SpagoWorld Initiative em 2006, que mantém
a ferramenta com uma comunidade open source, actualmente
sob uma licença GNU Lesser General Public Licence (LGPL).
Só há uma versão do SpagoBI, gratuita e completa, ao
contrário de outras suites que têm versões “community”, com
funcionalidades reduzidas, e versões “enterprise”, com as
funcionalidades necessárias a uma total integração numa
organização. Toda a escalabilidade necessária numa
organização é suportada pelo SpagoBI, a nível de arquitectura,
funcionalidades e segurança. A Fig. 4 mostra o exemplo de
Figura 5. Gráficos da suite Vanilla.
um dashboard da suite SpagoBI.
A atualização mais recente do Vanilla é a versão 4.4.2, que foi
disponibilizada em Dezembro de 2013.

III. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO


A avaliação das ferramentas foi baseada nos critérios que a
Gartner definiu no seu Magic Quadrant de 2013 [9]. Estes
critérios foram por nós adaptados para a realidade das suites
open source, e traduzem-se em 11 capacidades divididas por 3
categorias de funcionalidades: i) Integração, ii) Entrega
(disponibilidade) da informação e iii) Análise. Os critérios de
classificação para cada uma das funcionalidades, são descritos
nas secções seguintes.
Figura 4. Dashboard de vendas por país retirado da suite SpagoBI.
A. Integração
A ferramenta permite uma visão de integração e não de • ETL – As ferramentas de ETL permitem efectuar a
produto, isto é, possibilita que, por exemplo, a funcionalidade extracção de dados de diversos sistemas, transformar
OLAP seja usado pelo Mondrian ou o JPalo, ou que para gerar esses dados segundo as regras de negócio, e efectuar o
relatório se use o BIRT (Business Intelligence and Reporting seu carregamento para data marts ou data warehouses.
Tools), Jasper ou Business Objects. Relativamente a • Colaboração – Esta capacidade permite que os
segurança, o SpagoBI autoriza a criação de regras por grupos utilizadores de BI partilhem e discutam a informação
de utilizadores para a visualização de dados, e tem total disponibilizada, com chat e notas, e que a possam
integração LDAP e Active Directory. integrar noutras ferramentas colaborativas ou sociais.
A sua versão mais recente é a 4.1, disponibilizada em B. Entrega da informação
Dezembro de 2013. • Reporting – Disponibiliza a capacidade de criar reports
interactivos formatados, com ou sem parâmetros, com
distribuição altamente escalável e capacidades de
agendamento. Adicionalmente deve disponibilizar um
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vasto conjunto de estilos de reports pré-definidos (por • Scorecards - Torna as métricas exibidas em painéis de
exemplo, financeiros, dashbords operacionais e de análise em algo mais avançado, aplicando-as num mapa
desempenho), e deve permitir aos utilizadores o acesso e estratégico que alinha os indicadores de desempenho
interacção com os conteúdos disponibilizados em (KPIs) com objectivos estratégicos. As métricas dos
diversas plataformas incluindo Web, dispositivos “scorecards” podem ser inseridas em reports e
móveis, e ambientes comuns de portal. informações relacionadas, a fim de realizar análises mais
• Dashboards – Este subconjunto de reporting inclui a aprofundadas. Implica o uso de metodologias de gestão
capacidade de publicar formalmente, baseado em Web de desempenho.
ou para dispositivos móveis, reports com mostradores
interactivos de informação. Estes mostradores indicam o IV. COMPARAÇÃO DAS SUITES
estado das métricas de desempenho comparadas com um Após o estudo das suites open source BI que identificámos
objectivo. São ainda usados para disseminar dados em
como tendo capacidades nas três categorias de funcionalidades
tempo real de aplicações operacionais ou em conjunção
estudadas, foi efectuada uma comparação relativamente às
com eventos de processamento complexos.
funcionalidades descritas na secção anterior. A Tabela I
• Pesquisas ad-hoc – Esta capacidade permite que os
apresenta a comparação das suites tendo em conta as
utilizadores façam as suas perguntas de dados, sem
solicitar a criação de um report. As ferramentas devem capacidades suportadas.
TABELA I. COMPARAÇÃO DAS SUITES OPEN SOURCE BI.
possuir uma camada semântica para permitir que os SUITES
utilizadores naveguem pelas origens de dados.
• Integração com Office – Em muitos casos as plataformas

JASPERSOFT

PENTAHO

SPAGOBI

VANILLA
FUNCIONALIDADES

PALO
de BI são usadas como uma camada intermédia para gerir,
proteger e executar tarefas de BI, sendo o Office
(particularmente o Excel) a agir como cliente de BI.
Nestes casos, é vital que as ferramentas permitam ETL     
integração com as aplicações do Office, incluindo suporte COLABORAÇÃO   
para formatos de documentos e apresentações, fórmulas, REPORTING     
refrescamento de dados e tabelas dinâmicas. As DASHBOARDS     
características “cell locking” e “write-back” serão
PESQUISAS AD-HOC    
benefícios adicionais e tidas como integração avançada.
INTEGRAÇÃO COM OFFICE    
• BI Móvel – Esta capacidade permite que as organizações
apresentem reports e dashboards nas plataformas móveis, BI MÓVEL    
numa publicação e/ou modo interactivo, aproveitando o OLAP     
modo de interacção dos dispositivos e outras capacidades VISUALIZAÇÃO INTERACTIVA     
não disponíveis normalmente nos monitores. DATA MINING   
C. Análise SCORECARDS   
• OLAP – Permite que os utilizadores finais analisem
dados com pesquisas bastante rápidas, com um bom Desta análise, podemos destacar como a melhor ferramenta
desempenho, navegando facilmente em pesquisas do estudo a SpagoBI, que suporta todas as capacidades por
multidimensionais. Nalguns casos permite o write-back nós seleccionadas, sendo que das suites estudadas, é, a par
de valores para bases de dados proprietárias para com a Vanilla, a que possui uma única versão, totalmente
planeamento e modelação. Pode abranger uma variedade open source e gratuita. A SpagoBI disponibiliza ainda outras
de arquitectura de dados (relacional, multidimensional) e capacidades além das avaliadas neste estudo, como por
de armazenamento (disco ou memória). exemplo Localização Inteligente (GEO-GIS) ou Master Data
• Visualização interactiva – Oferece ao utilizador a Management (para usufruto das capacidades write-back na
possibilidade de visualizar numerosas vistas dos dados base de dados) e rivaliza mesmo com a maior parte das
mais eficientemente, usando imagens e gráficos, em vez versões comerciais das outras suites em estudo.
de linhas e colunas. Ao longo do tempo, a visualização A Pentaho surge como a segunda ferramenta na nossa
avançada permitirá fatiar os dados para os incluir mais análise, visto que suportando basicamente as mesmas
nos processos orientados a projectos de BI, permitindo
capacidades da SpagoBI, possui uma versão comercial, o que
que todos os intervenientes compreendam melhor o fluxo
consideramos uma desvantagem. É no entanto, das estudadas,
de trabalho através da representação visual.
a suite eventualmente mais usada, como referido em [9].
• Modelo preditivo e data mining – Permite explorar
Oferece, junto com a SpagoBI uma solução completa que
grandes quantidades de dados à procura de padrões
consistentes, como regras de associação ou sequências permite atingir os objectivos duma implementação BI numa
temporais, para detectar relacionamentos entre variáveis, empresa, em busca dum maior conhecimento do negócio e
detectando assim novos subconjuntos de dados, usando duma vantagem competitiva. Contudo do estudo efectuado,
técnicas matemáticas avançadas. Os programadores de concluimos que a suite não permite que os utilizadores
projectos BI podem integrar os modelos facilmente em partilhem e discutam a informação disponibilizada, com chat e
reports, painéis de análise e processos de negócio.
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notas, e que a possam integrar noutras ferramentas critérios. Assim, este estudo levou-nos a optar pela adoção da
colaborativas. metodologia OpenBRR para avaliar as suites open source BI.
A suite Vanilla não suporta uma integração com Office
A. OpenBRR
(Microsoft, OpenOffice, LibreOffice ou outros) o que se
traduz numa enorme desvantagem para esta suite. Embora seja A metodologia OpenBRR baseia-se em 12 categorias que
das suites menos conhecidas, contudo rivaliza tanto com a estão descritas na Tabela II.
SpagoBI como com a Pentaho nas restantes funcionalidades. É
TABELA II. CATEGORIAS DA METODOLOGIA OPENBRR.
juntamente com SpagoBI e Pentaho uma boa solução para
implementação de BI nas empresas. CATEGORIA DESCRIÇÃO
Já a Palo e a JasperSoft, podemos considerar que estão num FUNCIONALIDADE O SOFTWARE ATENDE ÀS EXIGÊNCIAS DO
nível inferior às suites já referidas. O facto de não suportarem UTILIZADOR MÉDIO?

data mining nem scorecards deixa-as em grande desvantagem USABILIDADE O INTERFACE É AGRADÁVEL? É DE FÁCIL
UTILIZAÇÃO PARA O UTILIZADOR FINAL? É FÁCIL
relativamente à concorrência. Neste caso negligenciam nas DE INSTALAR, CONFIGURAR, IMPLEMENTAR E
versões open source capacidades fundamentais nas MANTER?
implementações de BI, apostando essencialmente nas versões QUALIDADE QUAL A QUALIDADE DO DESENHO DE SOFTWARE,
CÓDIGO E TESTES? QUÃO COMPLETA E LIVRE DE
comerciais, nas quais disponibilizam outro tipo de
ERROS É?
capacidades. O facto da Palo não disponibilizar uma versão SEGURANÇA COMO LIDA O SOFTWARE COM QUESTÕES DE
desde Julho de 2011 coloca-a, no nosso entender, para a SEGURANÇA? É SEGURO?
última posição deste estudo, pois não disponibiliza soluções DESEMPENHO COMO É O DESEMPENHO DO SOFTWARE?
de mobilidade, tão usadas actualmente, e que são uma ESCALABILIDADE COMO RESPONDE NUM AMBIENTE DE GRANDE
ESCALA?
tendência do mercado a par com a análise de Big Data (não ARQUITETURA COMO É A ARQUITETURA DO SOFTWARE? É
levada em consideração neste trabalho). A JasperSoft peca MODULAR, PORTÁVEL, FLEXÍVEL, EXTENSÍVEL,
essencialmente pela discrepância de oferta da versão open ABERTO E FÁCIL DE INTEGRAR?

source relativamente às suas versões comerciais, que são três, APOIO COMO É A COMPONENTE DE APOIO DO
SOFTWARE?
apostando visivelmente mais nessa vertente. No entanto, DOCUMENTAÇÃO QUAL A QUALIDADE DA DOCUMENTAÇÃO DO
relativamente às capacidades disponibilizadas na versão SOFTWARE?
Community, estas são robustas e competitivas com as ADOÇÃO COMO É A ADOÇÃO DO SOFTWARE PELA
COMUNIDADE, MERCADO E INDÚSTRIA?
restantes.
COMUNIDADE A COMUNIDADE DE SUPORTE DO SOFTWARE ESTÁ
ACTIVA E ANIMADA?
V. AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL PROFISSIONALISMO QUAL O NÍVEL DE PROFISSIONALISMO DO
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E DA
Após realizar a análise das ferramentas baseado na ORGANIZAÇÃO DO PROJECTO COMO UM TODO?
informação disponibilizada por relatórios e no site de cada
fornecedor, nesta secção irá ser feita a avaliação experimental
das duas ferramentas que mais se destacaram nesse estudo: a Neste modelo, a classificação das categorias pode ter
SpagoBI e a Pentaho. diferentes níveis de importância dependendo dos requisitos
A avaliação será efetuada segundo duas perspetivas, a da para utilização do software. A implementação do método
avaliação do software open source de acordo com uma divide-se em quatro fases.
metodologia standard e a outra das funcionalidades do BI, que 1. Numa primeira fase deste método, deve-se identificar a
são as já referidas na secção anterior e baseadas nos critérios lista de componentes do software a ser analisada,
da Gartner. medir cada componente em relação aos critérios de
Com vista a garantir a qualidade, surgiram diversas avaliação, removendo da análise qualquer componente
metodologias de avaliação de software open source nos do software que não satisfaça os requisitos de uso.
últimos anos, que devem ser levadas em consideração antes de 2. Na segunda fase, deve-se atribuir ponderações às
se tomar a decisão de adopção de um destes tipos de software categorias e às métricas do seguinte modo:
por parte das organizações. As duas metodologias que se • Classificar as 12 categorias de acordo com a
destacam são a Qualification and Selection Open Source [10] importância (1 – a mais alta, 12 – a menor).
apoiado pela Atos Origin [11] e a Business Readiness Rating • Seleccionar as 7 categorias mais altas (ou menos), e
[12] criada pelo Carnegie Mellon Silicon Valley Center for atribuir uma percentagem de importância para
Open Source Investigation [13] e Intel [14]. Ambas as cada uma, totalizando 100%.
metodologias de avaliação ajudam os utilizadores a alcançar • Para cada métrica dentro de uma categoria,
um objectivo semelhante, que é seleccionar entre uma lista de classificar a métrica de acordo com a importância.
projectos open source semelhantes qual o mais adequado ao
• Para cada métrica dentro de uma categoria, atribuir
seu contexto.
a importância percentual, totalizando todas as
Deprez [15] descreve as vantagens e desvantagens de cada
métricas 100% da categoria.
uma das metodologias, sendo referido que a OpenBRR
3. Na terceira fase, deve-se recolher a informação para
permite seleccionar os critérios para os adaptar a um contexto,
cada métrica utilizada em cada categoria, e atribuir
e que a QSOS é ambígua em mais de metade dos seus
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uma ponderação, num nível de 1 (inaceitável) a 5 candidatos para métricas para medir a prontidão de negócio
(excelente). em cada categoria. Para algumas métricas a informação é
4. Por fim, na quarta fase, deve-se utilizar a qualificação difícil de recolher, ou está simplesmente indisponível.
da categoria e os factores de ponderação para calcular
B. Avaliação
a pontuação final.
A Fig. 6, abaixo, mostra de uma forma simplificada o A metodologia OpenBRR, estabelece que se devem
esquema de funcionamento do modelo. escolher, no máximo, as 7 categorias mais relevantes para a
análise, de forma a evitar que as mais importantes tenham a
sua importância diluída pelas menos relevantes. Após esta
escolha, deve então atribuir-se-lhes o peso para a avaliação
final.
A Tabela III mostra a escolha feita para esta avaliação,
tendo em apreciação os interesses da implementação.

TABELA III. PESO DAS DIVERSAS CATEGORIAS ESCOLHIDAS.

CATEGORIA PESO
FUNCIONALIDADE 40%
USABILIDADE 15%
QUALIDADE 15%
DOCUMENTAÇÃO 10%
Figura 6. Esquema de funcionamento do modelo OpenBRR. COMUNIDADE 10%
SEGURANÇA 5%
A própria metodologia disponibiliza uma tabela com as ARQUITECTURA 5%
métricas para cada uma das categorias, e com os critérios para
a sua classificação [16]. A justificação para esta escolha é que as características
A categoria “Funcionalidade” é avaliada de forma diferente desempenho, escalabilidade, apoio, adopção e
das outras, e segue um método próprio. Nesta categoria profissionalismo são pouco relevantes relativamente às
pretende-se analisar e avaliar as características que as escolhidas tendo em vista o tipo de implementação idealizado,
ferramentas têm ou deveriam ter (aquilo que se considere ser a dimensão da empresa, a dimensão do seu departamento
expectável), mais extras. No caso das suites open source BI o informático, e a dimensão das próprias ferramentas em
ETL, colaboração, reporting, etc. O método para avaliação análise.
desta categoria é o seguinte: Sendo uma implementação prática numa empresa
1. Definir os recursos (características) a analisar, industrial, com o propósito de lhe trazer uma clara vantagem
atribuindo-lhes uma importância de 1 a 3 (menos competitiva, a categoria funcionalidade foi aquela que teve um
importante a muito importante, respetivamente); peso maior na distribuição. A usabilidade e a qualidade têm a
2. Classificá-las numa soma cumulativa (de 1 a 3), ordem de importâncias seguintes pois tratam-se daquelas que
podendo atribuir-se nota negativa (retirar pontos à vão causar impacto no utilizador final. A documentação e a
soma cumulativa) se não cumprirem uma comunidade seguem-se pelo facto de serem importantes para o
característica; departamento de TI da empresa poder realizar a manutenção,
3. Fazer o mesmo para recursos extra; continuidade e evolução após a implementação. Sendo
4. Dividir a soma cumulativa (incluindo extras) pela importantes, mas devido às métricas sugeridas pelo método
pontuação máxima possível de obter pelas para a sua avaliação, a segurança e a arquitectura foram
características base (sem extras). Isto intensionalmente consideradas mas coube-lhes o menor peso na análise.
pode dar inferior ou igual a 0 ou superior a 100, A categoria desempenho não foi considerada pelo facto de
valorizando os extras, e desvalorizando (punindo) as não haver benchmarks publicados sobre estas ferramentas, e
características básicas não contempladas; por estas não disponibilizarem praticamente nenhuma
5. Normalizar o resultado anterior para uma escala de 1 a informação sobre a melhor forma de o optimizar. Sendo o
5 para a categoria Funcionalidade, de acordo com a software em análise suites que têm muitas implementações e
seguinte escala: estão em constante evolução, a escalabilidade também não foi
• Menos de 65%, nota = 1 (inaceitável) considerada. Como o apoio se refere em parte a apoio
• 65% - 80%, nota = 2 (fraco) profissional, e pelo facto de já ser prática comum o uso de
• 80% - 90%, nota = 3 (aceitável) software open source, com interacção com comunidades de
• 90% - 96%, nota = 4 (bom) programadores, e ainda por ter sido considerada para análise a
• Superior a 96%, nota = 5 (excelente) categoria comunidade, esta categoria também foi considerada
Esta escala final enquadra-se então nas mesmas medições como sendo das menos relevantes. A adopção também foi
do resto das características. considerada pouco relevante, pois ambas as suites têm forte
Estas métricas são um conjunto representativo do modelo implementação no mercado, como já referido. Por fim, e como
Open BRR, entendendo-se que poderá haver melhores estas suites têm comunidades bastante relevantes, e pelo facto
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de serem ambas suportadas num estilo corporativo, com VI. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
grandes empresas a suportá-las, também o profissionalismo foi Neste estudo efetuámos a análise das últimas versões das
uma categoria considerada das menos relevantes. principais suites open source BI existentes no mercado. Estas
Para avaliar a categoria da funcionalidade, foram suites tinham que satisfazer um conjunto de capacidades que
consideradas todas as capacidades já utilizadas para a escolha definimos como fundamentais para uma implementação BI
das duas ferramentas. Para cada uma foi atribuída um peso na numa empresa e também sem que os custos aumentassem. O
escala de 1 (pouco importante) a 3 (muito importante), de estudo foi realizado tendo por base a informação
acordo com a sua relevância, como mostra a Tabela IV. disponibilizada pelas próprias suites nos seus sites e em
documentação técnica sobre as mesmas.
TABELA IV. PESO DAS CAPACIDADES DA CATEGORIA FUNCIONALIDADES.
Como avaliação experimental seguimos a metodologia
CAPACIDADES PESO
ETL 3 OpenBRR. A aplicação deste método mostrou-se útil nesta
COLABORAÇÃO 2 avaliação, pois oferece um critério de avaliação objectivo,
REPORTING 3 reproduzível e auditável, atribuindo um valor numérico que
DASHBOARDS 3 permite uma comparação com outras avaliações de outros
PESQUISAS AD-HOC 2
INTEGRAÇÃO COM OFFICE 2 produtos.
BI MÓVEL 2 Desta avaliação a SpagoBI obteve a melhor classificação,
OLAP 3 com Muito Bom, na escala do método, sendo por isso a que
VISUALIZAÇÃO INTERACTIVA 1 mais se adequa à futura implementação.
DATA MINING 1
SCORECARDS 2 Como trabalho futuro, é premente continuar a acompanhar
a evolução das suites open source BI. A portabilidade e o
Pela importância para a empresa, na utilização final, foi acesso à informação através de tablets e smartphones, o
atribuído o maior peso (3) ao ETL, Reporting, Dashboards e tratamento de enormes quantidades de dados, e a
OLAP, importância intermédia (2) à Colaboração, Pesquisas disponibilização da informação em tempo real são paradigmas
ad-hoc, Integração com Office, BI Móvel e Scorecards, e e apostas que estão a surgir nas suites comerciais, e que seria
menor importância (1) à Visualização interactiva e ao Data importante analisar no mundo do open source. No mesmo
Mining. sentido, a Cloud BI é uma solução que começa a ser adoptada
Seguindo a metodologia na avaliação de cada uma das e que desperta todo o interesse por parte das empresas,
categorias definidas, e ponderando as notas de cada categoria, nomeadamente quanto ao custo de armazenamento e
obtivemos o resultado apresentado na Tabela V. disponibilidade da informação, e que é premente acompanhar
e evoluir.
TABELA V. NOTA PONDERADA DAS SUITES EM AVALIAÇÃO.
REFERÊNCIAS
CAPACIDADES PESO NOTA PONDERADA
[1] Global Alliance of SMEs, (2010). Global SME Expo 2010,
PENTAHO SPAGOBI
http://www.globalsmes.org/html/index.php?func=expo2010&lan=en.
FUNCIONALIDADE 40% 1.2 2 [2] S. Negash, P. Gray, “Business Intelligence”, , Ninth Americas
USABILIDADE 15% 0.75 0.75 Conference on Information System, Tampa, Florida, USA, 2003.
QUALIDADE 15% 0.285 0.51 [3] Jaspersoft, http://community.jaspersoft.com/ [acedido em Abril, 2014].
DOCUMENTAÇÃO 10% 0.5 0.5 [4] Palo, http://www.palo.net/ [acedido em Abril, 2014].
COMUNIDADE 10% 0.38 0.38 [5] Pentaho, http://www.pentaho.com/ [acedido em Abril, 2014].
SEGURANÇA 5% 0.25 0.25 [6] SpagoBI, http://www.spagoworld.org/xwiki/bin/view/SpagoBI/Vision
ARQUITECTURA 5% 0.25 0.15 [acedido em Abril, 2014].
3.615 4.54 [7] Vanilla, http://www.bpm-conseil.com/ [acedido em Abril, 2014].
[8] Engineering,
http://www.spagoworld.org/xwiki/bin/view/SpagoWorld/Company
Aplicando a metodologia OpenBRR, com a escolha das [acedido em Abril, 2014].
categorias mais relevantes tendo em apreciação a [9] K. Schlegel, R. L. Sallam, D. Yuen, J. Tapadinhas, “Magic Quadrant for
implementação real e as necessidades da empresa, e Business Intelligence and Analytics Platforms”, Gartner, February
2013.
distribuídos os pesos tendo em consideração o mesmo [10] QSOS, http://www.qsos.org/?page_id=3 [acedido em Abril, 2014].
interesse, a SpagoBI atinge a nota mais alta entre as duas [11] Atos, http://atos.net/en-us/home.html [acedido em Abril, 2014].
suites. [12] OpenBRR, http://www.openbrr.org/ [acedido em Abril, 2014].
[13] CMU, http://www.cmu.edu/silicon-valley/ [acedido em Abril, 2014].
No critério do método OpenBRR, a nota de 4.54 é “Muito [14] Intel, http://www.intel.com [acedido em Abril, 2014].
Bom”, o que oferece toda a confiança para ser esta a suite [15] J. Deprez, S. Alexandre, "Comparing Assessment Methodologies for
escolhida para prosseguir o trabalho. Free/Open Source Software: OpenBRR & QSOS", CETIC, Charleroi,
Belgium, 2008
A aplicação deste método mostrou-se útil nesta avaliação, [16] OpenBRRWhitePaper,
pois oferece um critério de avaliação objectivo, reproduzível e http://master.libresoft.es/sites/default/files/Materiales_MSWL_2010_20
auditável, atribuindo um valor numérico que permite uma 11/Project%20Evaluation/materiales/OpenBRR_Whitepaper.pdf
comparação com outras avaliações de outros produtos.
Assim, será a SpagoBI que será utilizada na implementação
em ambiente real na empresa.
MARINHEIRO AND BERNARDINO : EXPERIMENTAL EVALUATION OF OPEN 817

António José Bento Marinheiro recebeu o título de Mestre


em Informática e Sistemas, ramo de Desenvolvimento de
Software, no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
(ISEC), Coimbra, Portugal, onde também obteve o título de
Bacharel em 2001. Trabalha desde 2001 na empresa
CentralGest SA, em Mealhada, Portugal, onde desempenha
funções de Gestor de Projecto e Programador. A sua principal área de trabalho
são os sistemas ERP, produto à qual a empresa onde trabalha desenvolve e
comercializa como principal actividade.

Jorge Bernardino é Professor Coordenador no


Departamento de Engenharia Informática e de Sistemas no
Instituto Superior de Engenharia (ISEC) do Instituto
Politécnico de Coimbra e pesquisador no Centro de
Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra,
Portugal. Recebeu o título de Doutor em Engenharia Informática em 2002;
Mestre em Sistemas e Tecnologias da Informação em 1994 e licenciatura em
Engenharia Eletrotécnica, em 1987, todos pela Universidade de Coimbra. De
2005 a 2010 foi presidente do Conselho Directivo do Instituto Superior de
Engenharia de Coimbra (ISEC) e presidente do Conselho Científico do ISEC
de 2003 a 2005. Atualmente suas pesquisas concentram-se na área de data
warehousing, business intelligence e ferramentas open source.

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