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CONSTITUCIONAL
Poder constituinte
1. Conceito e origem
A origem do Poder Constituinte remonta ao sistema antigo da França, que era uma
monarquia absolutista. A sociedade francesa era composta por três grupos sociais, que
posteriormente passaram a ser chamados de “estados”. Assim, na França absolutista,
rotulavam-se os grupos sociais em 1º, 2º e 3º estados.
2ª) O que tem sido ele, até agora, na ordem política? – Nada.
Em suma, Sieyès traz a ideia de que “a nação não é escrava da Constituição, e por isso
a nação pode alterar a Constituição por meio de representantes”.
Além disso, Sieyès faz a distinção entre poder constituinte e poder constituído,
sendo este o ponto central da teoria do Poder Constituinte.
Observa-se que para Sieyès a titularidade do poder constituinte era da “Nação”, que
corresponde à organização pessoal e social de um povo.
Muito importante!
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É preciso destacar que o titular do poder constituinte é o povo, pois
só este tem legitimidade. No entanto, o exercício do poder
constituinte em um regime democrático ocorre pela assembleia
nacional constituinte, ou seja, o povo escolhe seus representantes que
são então incumbidos de elaborar a Constituição.
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O poder constituinte pode ser originário ou derivado. Por sua vez, o poder constituinte
derivado pode ainda se subdividir em reformador e decorrente. Há ainda o poder
constituinte difuso, que consiste na alteração informal da Constituição e, atualmente, o
poder constituinte supranacional. Vejamos cada um deles.
Cada vez que o poder constituinte originário se manifestar, ele mesmo preverá os meios
e termos do seu exercício. São as forças políticas daquele momento que dirão a maneira
como a nova Constituição será elaborada. Assim, não há como ter um detalhamento
prévio de como se dará uma Assembleia Nacional Constituinte, ou sequer se o poder
constituinte será exercido por meio de uma Assembleia.
Há quem diga, sobre a natureza jurídica do poder constituinte originário, que ele é um
poder de direito (corrente jusnaturalista) e há quem diga que se trata de um poder de
fato (corrente positivista), entendimento este que predomina.
Muito importante!
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É importante destacar que, atualmente, critica-se a ideia de que o poder
constituinte originário é ilimitado, defendendo-se que o direito
internacional e os direitos humanos serviriam como limites jurídicos para
esse poder (TEIXEIRA, 1991). No entanto, esse não é o entendimento
que prevalece no Brasil, mas, sim, ainda predomina a perspectiva
ilimitada. Deve-se adotar, portanto, em provas, a ideia de que o poder é,
sim, ilimitado juridicamente.
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b) Formas de manifestação
Revolução vitoriosa
Os referidos autores agrupam a formação de um novo Estado por agregação como uma
das formas de manifestação do poder constituinte originário.
Um exemplo foi a Constituição dos Estados Unidos de 1787 que teve como principal
objetivo unir as 13 colônias em uma federação.
Emancipação política
Colapso
Grave crise
Golpe de estado
Transição pacífica
II – do Presidente da República;
Quanto aos limites formais objetivos, temos, na Constituição, a previsão, no art. 60, §
2º, de que “a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos
dos respectivos membros”.
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Vale ressaltar que as cláusulas pétreas são protegidas apenas de serem abolidas ou de
terem seu núcleo essencial violado. Isso não significa que sejam imutáveis ou
intocáveis. É possível sua modificação para o seu aperfeiçoamento ou ampliação.
Exemplo disso é que o inciso LXXVIII, do art. 5º, CF/1988, foi inserido pela EC nº
45/2004. Se as cláusulas pétreas fossem intocáveis, nem sequer se poderia ter a
ampliação do rol dos direitos previstos nesse artigo.
Por fim, temos limites implícitos ao poder constituinte derivado, que seriam os
decorrentes do próprio sistema, ou seja, essenciais à manutenção das regras básicas.
São, portanto, regras que não constam no § 4º do art. 60 da CF/1988, mas que gozam
de proteção implícita.
O poder constituinte derivado decorrente está relacionado com o pacto federativo, pois
é aquele conferido aos Estados-membros para a edição de suas Constituições
Estaduais, conforme previsto no art. 25, caput, da CF/1988.
A capacidade dos estados de criar suas Constituições está prevista em dois dispositivos:
art. 25 da CF/1988 e art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT).
CF/1988, art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição.
ADCT, art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a
Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição
Federal, obedecidos os princípios desta. (Grifos nossos.)
Muito importante!
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O poder constituinte derivado decorrente está sujeito aos mesmos limites
descritos anteriormente.
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c) Emenda à Constituição
A CF/1988 prevê que a aprovação de emenda se dá por 3/5 dos membros em dois
turnos de cada casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
Ocorre que o modelo legislativo estadual é unicameral, ou seja, apenas a Assembleia
Muito importante!
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Nos municípios, não há manifestação do poder constituinte derivado
decorrente. Os Municípios se organizam com a edição de suas leis
orgânicas e não com Constituições Municipais.
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Contudo, o Distrito Federal é um ente sui generis, pois sustenta o status de “Estado” da
Federação, mas se organiza por meio de lei orgânica e não de Constituição.
Apesar disso, o STF entende que, a Lei orgânica do Distrito Federal é fruto do poder
constituinte derivado decorrente e que ostenta status de uma verdadeira Constituição
Estadual (STF, ADI nº 3.756/DF).
Quando ocorre uma nova manifestação do poder constituinte originário, surgindo uma
nova Constituição, existem alguns fenômenos que podem ser observados em relação ao
ordenamento jurídico anterior.
Passaremos a compreendê-los.
a) Revogação
Nesse ponto, cabe destacar que o ordenamento jurídico brasileiro não admite a tese da
inconstitucionalidade superveniente, assim, o Direito pré-constitucional existente
Muito importante!
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Vale lembrar que não se admite ação direta de inconstitucionalidade
(ADI) contra normas anteriores à Constituição, uma vez que o parâmetro
para a constitucionalidade daquelas seria a Constituição vigente à época
em que foram editadas, e não a atual. O que é admitido no STF (ADPF nº
33/PA) é a propositura de uma ADPF contra a norma, sendo discutida sua
recepção ou não recepção, e não sua constitucionalidade.
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b) Desconstitucionalização
Para que esse fenômeno ocorra, são necessários dois requisitos: somente pode se dar
com relação a normas formalmente constitucionais e só ocorre se houver previsão
expressa.
c) Recepção
d) Repristinação
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue. (...)
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.
Muito importante!
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É preciso saber que repristinação não é a mesma coisa que efeito
repristinatório. Efeito repristinatório, segundo o STF (ADI nº 2.215/PE),
seria a retomada da vigência de uma norma, em razão da declaração de
inconstitucionalidade da norma que a havia revogado. Esse efeito seria
inerente à declaração de inconstitucionalidade, pois a lei inconstitucional
é nula e nunca teve eficácia, de forma que nunca revogou nenhuma
norma.
e) Constitucionalidade superveniente
Uma nova Constituição não pode, portanto, tirar o vício de uma norma que é
inconstitucional segundo o parâmetro constitucional de quando foi editada. Para o STF,
diz-se, ainda, que “a lei ou é constitucional ou não é lei” (STF, ADI nº 2/DF, rel. Min.
Paulo Brossard, Tribunal Pleno, julgado em 06.02.1992, DJe em 21.11.1997).
Na doutrina (LENZA, 2019, p. 236) são definidos três níveis de retroatividade: máxima,
média e mínima. A retroatividade máxima, também chamada restitutória, ocorre
quando a norma prejudica coisa julgada ou fatos jurídicos já consumados. A
retroatividade média ocorre quando a norma nova atinge efeitos pendentes de atos
que ocorreram antes dela. Já a retroatividade mínima, também chamada temperada
ou mitigada, se dá quando a nova norma atinge apenas efeitos de fatos anteriores que
ocorreram após sua vigência. O STF tem adotado o entendimento de que as normas
constitucionais têm, via de regra, retroatividade mínima (AI nº 258.337-AgR/MG, rel.
Min. Moreira Alves, 1ª Turma, julgado em 06.06.2000, DJe 04.08.2000).
Desse modo, seriam aplicáveis apenas a fatos ocorridos após sua promulgação, ainda
que referentes a negócios passados.