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Projeto Mário Travassos

Resenha Crítica

Seja líder de si mesmo

Al MATHEUS SOUZA DE ARAÚJO

2021
INTRODUÇÃO

Na obra intitulada “Seja líder de si mesmo”, o psiquiatra e professor Augusto


Cury aborda o controle sobre nossa mente, dando focos principais em domínio de
emoções e razões, e o fato de, talvez, não conhecermos a nós mesmos. Cury tenta
ao máximo fazer analogias com elementos rotineiros para que fique claro para o
leitor o que realmente ele quer passar, exemplificando e argumentando de forma
detalhada o processo de cada assunto que ele trata.
O autor inicia seu pensamento comparando a mente humana com um teatro.
O escritor faz um questionamento que conduz o leitor a inúmeras reflexões do
cotidiano, pois após citar que a mente se compara com o mais belo teatro, o mesmo
pergunta “onde nos encontramos”; onde os jovens, adultos estão nesse teatro, de
maneira individual. Estão no palco dirigindo a peça, ou na plateia sendo espectador
passivo dos seus conflitos, perdas e culpas? Onde você se encontra? Cury tenta ao
máximo entregar a definição, o conceito, de seus pensamentos, de suas opiniões e
palavras. Ele afirma:
Ser ator principal no palco da vida não significa não falhar ou não
chorar. Significa refazer caminhos, reconhecer erros e aprender a
deixar de ser aprisionado pelos pensamentos e emoções (...).
(CURY, 2004. p. 20).
Para chegar nesta conclusão requer uma observação profunda do
comportamento humano, mesmo não possuindo contato com todos, sabe-se que,
geralmente falando, possuímos conflitos internos e que não são fáceis de se
resolver. Não é nada trivial a mudança de “comportamento mental”, ainda mais
quando se trata de mudanças individuais e internas. E de fato, fomos bloqueados
desde o nosso nascimento até o atual momento em que respiramos para que não
pudéssemos ser os diretores/ atores principais desse teatro, e esse bloqueio tem
participação especial do nosso eu. Com ajuda do sistema social, do convívio com
outros, no ambiente educacional ou familiar, isso se intensifica ainda mais, até
mesmo na própria rotina pode conter pequenas ações, cenas específicas do teatro,
que causam conflitos que a mente pode absorver de forma rápida, que são: medo,
insegurança, depressão, inferioridade etc. E Augusto Cury aponta essa questão, de
maneira coerente, que não fomos treinados para sermos líderes, que todo o
ambiente em que vivemos e que influenciam no desenvolvimento do eu não
possuem fragmentos que nos forjam líderes.
É de se esperar de um escritor como Cury possuir ideias e argumentos tão
bem estruturados quando o assunto é o comportamento e mentalidade humana,
ainda mais quando ele cita termos como “ansiedade”, e possuir um livro inteiro
abordando esse título que é o “Ansiedade: Como enfrentar o mal do século”,
“inferioridade”, e também ter obras que elevam a autoestima com textos completos
sobre esse conflito como o livro “Você é insubstituível", dentre outros que já ajudou
inúmeras pessoas do mundo todo. Mas mesmo possuindo obras específicas para
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cada termo que ele usa no livro em que esta crítica se refere, houve a necessidade
de ele usar as “mesmas ideias” de outros livros em um assunto diferente, pois
mesmo ele escrevendo um livro inteiro sobre autoestima, vivacidade e
desenvolvimento, ele precisa usar isso para dizer que com esses aspectos podemos
nos tornar líderes de nós mesmos.

DISCUSSÃO E ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O ASSUNTO

É curioso quando o autor destaca a ideia de que estamos em um teatro, todo


esse argumento de que há probabilidades de estarmos sentados na plateia e não
dirigindo a peça e/ou atuando como principais, muitas vezes atuando, mas como
coadjuvantes, isso leva a um pensamento de que nos preocupamos mais com a
visão do público, a visão do externo, do que com a nossa direção, a nossa atuação,
com o nosso desenvolvimento em cena. Essa preocupação do externo interfere na
forma de enxergar as coisas, como ele mesmo cita no segundo capítulo, que fomos
treinados para atuar no mundo exterior e não no interior. Essa frase resume
completamente boa parte da ideia de Cury e da forma que é empregada no mundo,
mesmo o exemplo do autor nesse capítulo sobre “o ladrão” não ter sido uma perfeita
analogia para a frase, sabemos que nos preocupamos mais com a vida aqui fora,
que tudo isso formam pensamentos negativos que são produzidos
inconscientemente, e como muitos não tem o domínio de confrontar esses
pensamentos, acabam se tornando submissos a eles.
Cury traz argumentos ousados em cada parágrafo, mesmo sendo coerentes
e fundamentais, ele está o tempo todo afrontando o leitor para que esqueça tudo
naquele momento de leitura e comece a questionar sua forma de viver, de pensar e
agir. Ele quer ratificar que se não reagirmos aos momentos de fraqueza, de
fragilidade não podemos ser protagonistas da peça. Em seu exemplo, de que
estamos em uma poltrona vendo uma peça de teatro, em que o protagonista somos
nós mesmos, que está fazendo papel da pessoa mais incrível do mundo e de uma
hora para outra o ator principal muda sua personalidade de forma negativa, a plateia
inicia vaias contra o ator, e nós ficamos parados, sentados, sem reagir, é bem nítido
o bom uso dessa comparação da mente com o teatro que ele tanto cita na obra.
Com uma chuva de questionamentos, se escolheríamos estar na plateia ou no
palco.
No momento em que ele desenvolve ainda mais essas ideias, que as
reflexões intensificam, ainda mais se for um leitor que viveu a vida toda com uma
mente fechada para o mundo. Esse momento é quando ele usa figuras de liderança
para apontar suas fragilidades, aí que a importância de sua obra se concretiza.
Augusto Cury questiona do porquê que líderes de empresas conseguem coordenar
seus subordinados, mas não conseguem manter sua vida organizada, que pais
exigem educação de seus filhos, mas não conseguem dar um bom exemplo

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efetuando aquilo que limitam, que psicólogos também precisam de psicólogos, e
com essa abordagem ele ganha ainda mais a atenção do leitor, que passa a buscar
ainda mais respostas para o entendimento dessas questões.
E é nesse ponto em que se inicia o ápice do livro, quando Cury ameaça
responder aos questionamentos, quando ele tem a coragem e ousadia de afirmar
que tem a “cura” para aqueles que não conseguem liderar seus pensamentos.
Introduzindo a teoria da Inteligência Multifocal. Trata-se, basicamente, de uma teoria
que nos permite saber um pouco mais sobre como o Eu atua de forma ativa em
nossa mente, sendo o verdadeiro gestor dela, nos ajudando a exercitar a nossa
consciência crítica, ou seja, a nossa capacidade de observar e analisar criticamente
os acontecimentos ao nosso redor, entre outros comportamentos importantes para a
nossa sobrevivência. E com essa tese, ele mesmo afirma que há outros fenômenos
que produzem nossos pensamentos inconscientes: o Gatilho da Memória, a Janela
da Memória e o Autofluxo. E não é o nosso eu o responsável pelos pensamentos
negativos e involuntários.
É uma análise interessante, saber que há três componentes que criam
pensamentos imprevisíveis é curioso, e isso torna o entendimento da mente
humana mais complexo, pois teremos que entender outros conceitos. Mas mesmo
ele mencionando novos termos que são difíceis de entender do porque existe e
influencia, o autor ainda permanece com seu exemplo do teatro, confirmando a ideia
de que atores coadjuvantes (que são os novos elementos citados) ajudam o ator
principal (o eu) a evoluir e se desenvolver. Para entender mais desses atores, ele
menciona que aborda de forma mais profunda em outros livros, no livro em questão
ele traz de forma resumida, mas que impacta no desenvolvimento. É importante que
essa parte da obra seja lida com atenção, pois quando ele trata desses três
fenômenos, tudo fica mais claro para entender como a mente humana trabalha e
age durante a rotina.
É interessante, e de fundamental importância, quando ele dispara técnicas
para a evolução da personalidade, combinando a ideia anterior de que precisamos
reagir quando temos os momentos de fragilidade com o fato de que é necessário
duvidar de nossos pensamentos, criticar e determinar uma finalidade para eles,
essas três artes citadas, de fato, são essenciais para o convívio com si mesmo,
você questionar mais o seu eu e ter o autoconhecimento, isso responde a situação
em que algo negativo ocorre, em vez de duvidarmos dele, nós o aceitamos
passivamente.

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CONCLUSÃO

E com palavras de incentivo, o autor vai finalizando sua tese, mostrando que
há formas de resolver o problema da insuficiência, da falta de liderança nas nossas
vidas internas. Porém, é incontestável que mesmo Augusto Cury criando livros
técnicos, com teorias e metodologias para uma evolução da psiquiatria, isso não
muda diretamente o fato de que esses problemas citados no livro “Seja líder de si
mesmo” só vão se resolver com a iniciativa do próprio leitor. Com certeza a leitura
de um livro como esse, com palavras de incentivo e questionamentos que causam
uma reflexão positiva pode se tornar um estopim de uma série de mudanças
satisfatórias, mas a eficácia desse “tratamento” só virá com a vontade de mudança
daquele que ler, daquele que enfrenta esses problemas.
Eu, Matheus Souza de Araújo, aluno do Núcleo de Preparação de Oficiais da
Reserva (NPOR), que estou em uma formação que exige liderança da minha
pessoa, posso até extrair muita coisa dessa obra, mas a solução dos
questionamentos, mesmo que ele tenha tido a audácia de querer resolver, isso só
se soluciona se partir de mim comigo mesmo.
Enquanto a estrutura do texto, favorece a compreensão, pois os argumentos
do autor são claros e as informações são pouco a pouco apresentadas de maneira
coerente e consistente., mesmo que, como expus, alguns exemplos foram um
pouco fracos e distantes do assunto. Exige uma leitura atenciosa para aproveitar as
importantes informações que a obra apresenta. Recomendo para qualquer pessoa,
ainda mais aquelas que não só tem problemas com lideranças de si, mas que
possuem conflitos citados pelo autor durante a escrita. Cury mantém suas boas
ideias como sempre fez nos livros em que escreveu, e consegue prender o leitor
com seus títulos e parágrafos reflexivos.

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REFERÊNCIAS
CURY, Augusto. Seja líder de si mesmo. Sextante, 2004.

MARQUES, José Roberto. A Teoria da Inteligência Multifocal. 26 de novembro de


2018. Disponível em:
https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/teoria-inteligencia-multif
ocal/. Acesso em: 27 de janeiro de 2021.

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