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Análise I (04)

Adendo a aula 03 – Forma Dominante – A repetição complementar


Salatiel Ferreira
25.03.2019

Em muitos exemplos clássicos, existe uma afinidade entre a primeira e a segunda


frase, similar àquela existente entre o “sujeito” (forma tônica) e o “contra-sujeito” (forma
dominante) na fuga. Esta espécie de repetição, através de sua formulação ligeiramente
contrastante, gera variedade na unidade.
Na repetição, o ritmo e o perfil melódico são conservados: um elemento de contraste é
produzido com a variação da harmonia e com a necessária adaptação da melodia.
Exercitando-se este tipo de continuação, podemos basear a forma tônica sobre as
seguintes sucessões: I, l-V, I-V-I, l-IV ou eventualmente I-lI. Nestes casos simples, a forma
dominante contrastará com a forma tônica da seguinte maneira:

Figura 1.

Nos dois últimos casos não é impossível inverter a harmonia, mas a progressão V-I
é preferível por exprimir a tonalidade de maneira mais clara. O final em I precedido por V
é muito usual e é sempre aplicado, quando, por exemplo, a forma tônica se constitui em
1-11, l-IV ou mesmo I-III.
Nos Exemplos abaixo (figura 2), a primeira frase emprega apenas o I e a segunda
apenas o V.

Figura 2.

Os esquemas l-V (forma tônica) e V-I (forma dominante) podem ser observados na
figura 3.

Figura 3.
A forma tônica na figura 4 está baseada sobre I-V-I e a forma dominante em V-I-V.

Figura 4.

Na figura 5, a forma dominante inclui alguns acordes de passagem. Em contraste,


os acordes de passagem da forma tônica da figura 6 não são mecanicamente
conservados na forma dominante, mas na figura 7, enquanto a forma tônica consiste de I-
IV, a forma dominante é formada basicamente de V-I, embora a escrita polifônica mais
elaborada dissimule este fato.

Figura 5.

Figura 6.

Figura 7. Mozart, Quarteto de Cordas, (K V. 465)-1, comp. 23-26.

Referências:
SCHOENBERG, A. Fundamentos da Composição Musical. São Paulo: Edusp, 1991.

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