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Diário do Pará
QUARTA-FEIRA, Belém-PA, 30/11/2022

Na sala de espera
A estilista Ludimila Heringer tem bagagem com peças autorais extraviada às vésperas do Brasil Eco Fashion

MODA “A Latam olhou em todo “Uma peça leva uns dois “Assim como o São Pau- melhor possível do Pará
lugar em suas bases, e não dias só para costurar. E pra lo Fashion Week é o evento para centro da moda sus-
Da Redação está lá a mala. Ontem [dia fazer com todo o tingimen- consolidado já da moda em tentável, ela conta que cri-
28], quando eu estava na to e estamparia, nem sei te geral, o Brasil Eco Fashion ou um press kit sensori-

O
Brasil Eco Fashi-
on Week é o even-
to de referência
para a moda sus-
tentável no país e certa-
mente a mais prestigiosa
porta de entrada e de sal-
to para novos nomes nes-
se mercado. Este ano, um
dos destaque entre as 20
marcas a desfilar, de 1º a 3
de dezembro em São Pau-
lo, era a paraense Ludimi-
la Heringer. Mas o que seria
um sonho realizado, tem
se transformado em uma
grande angustia desde que
a mala em que ela trans-
portava as peças foi extravi-
ada pela companhia aérea,
na ida de Belém para o ae-
roporto de Congonhas, na
capital paulista.
“Preciso da minha mala. Lá
estão as roupas pro desfile
do @brasilecofashionweek
que levei meses pra produ-
zir…são peças únicas, feitas
à mão, tingidas e estampa-
das naturalmente, com tra-
balho de crochê e macramê
ainda… não tem como repor,
são únicas mesmo…confiei a
essa empresa o seu transpor-
te e ninguém sabe me dizer
o paradeiro dela…eu preciso
dela aqui…”, legendou Ludi-
mila em um vídeo no Insta-
gram, que chora a perda dos
itens. Ela contou ainda, em
entrevista ao DIÁRIO, que
acabou ficando em um ho-
tel próximo ao aeroporto
e que tem ido ao local até
três vezes por dia em bus-
ca de informações sobre o
paradeiro da mala.
área para retirar bagagem
ficou uma mala só, fiquei
esperando de 11h até quase
14h. Eu vi a mala com mes-
mo protec bag [capa de pro-
teção], um plástico verme-
lho, só que a mala era azul
e a minha era preta. Essa
mala que ficou, era de uma
pessoa que era da Gol. Acre-
ditam que ela pegou minha
mala e está indo pro Exteri-
or, para a África”, desespe-
ra-se Ludimila, cujo desfile
está marcado para sábado,
3, no Senac Lapa Faustolo.
Como a outra passagei-
ra viajava por uma com-
panhia diferente, Ludimi-
la foi informada que não
era possível acessar os da-
dos dela, apenas o contato
informado na hora do em-
barque. Ou seja, a compa-
nhia aérea pela qual a esti-
lista viajava ainda aguarda
que a outra passageira che-
gue no destino, na África,
para ligar e confirmar a tro-
ca. A paraense espera que
a bagagem seja encontrada,
mesmo que não chegue a
tempo do desfile. “A gente
está aqui, nessa espera an-
gustiante”, diz ela.
As peças eram desenvol-
vidas por Ludimila desde
abril, em parceria com uma
amiga, a estilista acreana
Dhey, criadora de um em-
borrachado com látex. “É
um tecido diferenciado”. A
paraense detalha como seu
trabalho faz de cada peça
algo único e insubstituí-
vel, desde o processo, que
pode levar meses.
dizer [o tempo], porque eu
mando para ela [Dhey] o te-
cido, ela faz a aplicação do
látex e me devolve, e só de-
pois que a gente vai cos-
turar”, explica Ludimila. Se
for um tingimento simples,
ela leva cerca de dois dias
apenas para preparar o teci-
do. Depois, para tingir, leva
um dia inteiro e precisa es-
perar mais dois a três dias
para ficar completamente
pigmentado. “Depois, tenho
que abrir, lavar de novo, es-
perar secar mais três dias
e passar, para só depois ir
para a costura”.
Mas no caso das roupas
que Ludimila desenvolvia
para esta coleção, marcada
para estrear na Eco Fashi-
on, ao invés de ir direto
para a costura, ela mandava
para Dhey, que atualmen-
te mora em Florianópo-
lis, para ser aplicado
o látex das seringuei-
ras acreanas. “De-
pois disso, ela leva
uns quatro a cin-
co dias para
secar,
e n-
tão ela
m a n-
da de avião,
de volta pra mim,
para eu cortar e costurar.
Eu me canso só de pen-
sar o tanto que eu demo-
rei para fazer isso e agora
não tenho nada aqui. Difícil
isso…”, desabafa Ludimila,
ao telefone, já com a voz
claramente cansada diante
de toda a situação.
é o grande evento na área
da moda sustentável, com
pessoas preocupadas com
a mudança, que usam re-
cursos e tecidos mais natu-
rais, com essa pegada que é
a minha”, destaca Ludimi-
la, que não passou nas se-
letivas para o evento, mas
acabou sendo contactada
em outubro para parti-
cipar como marca con-
vidada. “Era a mi-
nha entrada em São
Paulo!”, diz ela.
Preparada
para levar o
Capa
Amazona, da
coleção anterior de
Ludmila. A estilista (no
detalhe) usou as redes
para pedir providencias.
FOTOS: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
al, todo baseado em Belém,
e elaborou uma playlist só
de músicas paraenses para
o desfile, “fiz tudo com
todo cuidado e carinho”,
pontua. E todo o materi-
al, botões, bolsas, brincos
e braceletes, também era
feito de reaproveitamento
de madeira, encomenda-
dos ainda em maio.
“Ficou uma riqueza. Gra-
ças a Deus, fiz um ensaio
fotográfico antes de em-
barcar, pelo estúdio Tere-
za & Aryanne, que foi um
dos patrocinadores. Era
uma coisa muito especi-
al, tudo com tingimen-
to natural, tecido sus-
tentável. Eu fico mui-
to, muito, muito tris-
te. Mas eu vou fa-
zer alguma coisa, vou
passar para o plano
B, para apresentar
algo, porque eu
não posso acei-
tar isso”, finaliza
Ludimila.

Organização avalia temporada

como positiva para entrar 2023
CAPA

O diretor de teatro e
figurinista Marcelo Mar-
ques assina a direção de
cena, figurino e cenogra-
fia da versão paraense de
“Armide”. As criações vêm
sendo mantidas em sigi-
lo por ele a equipe, ge-
rando muita expectativa.
“Essa ópera fala de amor
e o amor é sempre po-
sitivo, a experiência mais
transformadora da vida, a
mais fundamental, porém,
a história já provou que
pode ser terrível também.
‘Armide’ não é diferente
disso. Foi escrita no século
17 e o nosso trabalho aqui
é fazer ‘Armide’ respeitan-
do seu tempo, mas olhan-
do para os dias de hoje, nos
debruçando sobre o mun-
do em que vivemos. Então,
a visão que se tinha da mu-
lher no século 17 era mui-
to diferente do que temos
hoje e ainda mais do que
se pretende para a mulher
em curto e médio prazo”,
explica o diretor.
Além de João Rival e de
Marcelo Marques, a mon-
tagem paraense de “Armi-
de” conta com assistência
de direção de Lucas Speck
e assistência de figurino de
João Victor D’Alcantara. A
maestrina Maria Antonia
Jimenez conduz o coro. A
iluminação é de Rubens Al-
meida e o visagismo, de
Omar Junior.
Carolina Faria interpreta
o papel-título, enquanto Lu-
cas Gabriel faz Renaud. Ain-
da estão no elenco da ópera
os cantores Fellipe Oliveira
(Hidraot), Idaias Souto (La
Haine, o ódio), Tássia Tava-
res (Phènice), Thaina Sou-
za (Sidônia), Dhuly Con-
Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz será vista com
afinação diferente em “Armide”, mais próxima da sonoridade dos
instrumentos do século 17, quando ela foi escrita FOTO: DIVULGAÇÃO
tente (Lucinda), Dulcianne
Ribeiro (Melisse), Elizabe-
th Moura (Bergére e Ninfa),
Tiago Costa (Le Chavalier e
Artémidone), Hugo Harley
(Aronte), Ytanaã Figueiredo
(Ubalde) e Alexsandro Brito
(Um amante). A direção ar-
tística é de Jena Vieira.
Bruno Chagas, secretá-
rio de Estado de Cultu-
ra do Pará, entende que
em 144 anos o Theatro da
Paz vem ajudando a es-
crever diversas páginas da
rica arte amazônida, reu-
nindo artistas de diver-
sas áreas, cujos ofícios se
complementam, resultan-
do no árduo trabalho de
profissionais do canto lí-
rico, dança, orquestra, ce-
nografia, visagismo, figu-
rino e cenotécnica.
“A ópera ‘Armide’ finaliza
uma temporada muito im-
portante para o Theatro da
Paz, que em 2022, viu sur-
gir sua Academia de Ópe-
ra, que contribuiu para a for-
mação de diversos profissio-
nais; a continuidade do pro-
jeto ‘Sons de Liberdade’, que
visa a reinserção de egressos
do Sistema Prisional no mer-
cado de trabalho da econo-
mia criativa; e uma parceria
com a Embaixada da Áustria
no Brasil, que acenou com
o patrocínio de parte do or-
çamento do Projeto. Todas
essas conquistas ressoam a
esperança em um novo ano
ainda mais promissor para a
economia criativa do Estado,
para a cadeia produtiva da
ópera e para os amantes da
arte em todas as suas dimen-
sões”, festejou o secretário.
ASSISTA
Festival de Ópera do
Theatro da Paz – “Armide”
Quando: Quarta, 30, e dias 2 e
4, às 20h.
Onde: Theatro da Paz (Praça
da República – Campina)
Quanto: R$ 10 a R$ 30, com
meia de R$ 5 a 15, à venda na
bilheteria do teatro ou no site:
www.ticketfacil.com.br