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Autor

Beto Siqueira

Ilustração
Paulo Victor Magno
Autor
Beto Siqueira

I Ilustração
Paulo Victor Magno
Autor
Beto Siqueira

Ilustração
Paulo Victor Magno
DEDICATÓRIA
À todos que tornaram esse livro possível.
Sumário Apresentação
Apresentação pág. 9 Chuvas do meu Pará reúne dois textos, que na
verdade são letras de dois carimbós compostos
Chuva da Manhã pág. 10 por Beto Siqueira. O autor é professor de
arte do município de Belém e da Secretaria de
Educação do Pará. Na rede municipal trabalha
Chuva da Tarde pág. 16
na escola Theodor Badotti, atendendo alunos
do ensino fundamental, nos ciclos I e II. “Chuvas
Glossário pág. 22 do meu Pará” surgiu a partir da bem sucedida
prática de levar músicas para o trabalho
Sobre o Autor pág. 24 interdisciplinar em sala de aula, como estímulo
aos alunos, falando de coisas referentes à sua
realidade social, cultural e econômica.
Chuva da Manhã Ai que vontade
De não fazer nada!
Hoje eu vou ficar na baladeira.
Chove lá fora Que amarrei na cumieira.
Nessa manhã preguiçosa. Eu não saio daqui!

Acordei como uma murrinha manhosa.


Hoje eu não saio daqui.
Até o relógio hoje está com preguiça. Lá fora a água que cai da biqueira.
Mamãe já falou que não tem brincadeira. Eu não saio daqui!
Também com esse clima,
Quem faz a festa é o cupim.
Mamãe já chamou:
Vem tomar café, meu curumim.

Que toró que chegou tão de repente.


Mas que coisa, né parente?
Hoje eu não saio daqui!
Céu apretou, chuva chegou!
Chuva da Tarde Urubu desceu, a rua alagou!

Corre, sumano, que lá vem ela!


Recolhe a roupa, fecha a janela!
Pega o papel faz a bonequinha.
Pra variar estou sem sombrinha.
Chuva chegou, canal transbordou.
Estou ilhado, sem meu amor.
Se hoje eu deixar furo,
Não sei como fica a situação.
Eu morando no Barreiro
E ela que mora lá na Cremação.

Como estou agoniado.


Que horas que passa esse temporal?
Estou na maior pindaíba.
O sapato furado forrei com jornal.
Glossário Glossário
Agoniado: que sente agonia, aflição. Deixar furo: faltar a um compromisso.

Apretou: ficou preto, escureceu. Lá vem ela: frase usada para avisar que vai chover.

Baladeira: rede de dormir. Murrinha: preguiça, moleza.

Barreiro: bairro da periferia de Belém. Parente: forma de tratamento que o paraense usa
para uma pessoa conhecida, próxima.
Biqueira: nesse contexto seria a beira do telhado
da casa.
Pindaíba: penúria, falta de dinheiro.

Cremação: bairro da periferia de Belém. Sumano: termo regional usado pelo paraense para

Cumieira: parte mais alta de um telhado. se referir a um amigo, companheiro.

Curumim: menino, garoto, rapaz. Toró: Chuva muito forte


Sobre o autor
Márcio Roberto Siqueira é professor de escolas
públicas, em sua maioria, com uma correnteza
de crianças, as quais exigem o que temos de
melhor em termos de linguagem, humor,
além de um físico que não há de se esgotar e
raciocínio rápido. Delas brota a criatividade, a
imaginação; do professor: a arte séria para um
universo infantil. Um docente artista, artífice
da música que espalha o cheiro gostoso de terra
molhada, a lenda banhada pelo rio, as letras
molhadas pela chuva, som e sol escaldantes e
uma enxurrada de notas para os pequenos lerem
balançando-se na clave do seu melhor tom.

Keila Monteiro

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