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PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES


RASAS
(Sapata associada com pilares afastados da divisa)

PROFESSOR

Urbano Rodriguez Alonso


MÊS DE 2016

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FUNDAÇÕES RASAS (SAPATA ASSOCIADA COM PILARES AFASTADOs DA DIVISA)

Urbano Rodriguez Alonso

1) Informações relevantes

Conforme já exposto anteriormente um projeto em fundação rasa para ser econômico deve
conter o maior número de sapatas isoladas e estas com a relação (a – ao) = (b – bo) a fim de que
os momentos e, consequentemente a armadura, sejam iguais nos dois sentidos, uma vez que nas
sapatas a fôrma só se localiza no rodapé e por isso pode ser reaproveitada muitas vezes. Portanto
a economia de uma sapata passa apenas pelo consumo de aço.

É claro que nem sempre é possível executar as sapatas isoladas atendendo à condição
acima, como já mostramos no 3o Exercício no capítulo “Dimensionamento estrutural”, abaixo
transcrito. Mas ainda assim, devemos usar sapatas isoladas.

Exemplo onde não se consegue executar as sapatas com a – ao = b - bo em função de


existência de uma divisa, uma outra sapata próxima, etc.

Neste caso a armadura As,a será diferente de As,b conforme se mostra abaixo, admitindo que
as cargas indicadas junto aos pilares já incluam o peso próprio das sapatas e que a tensão
admissível do solo seja 0,3 MPa.

Solução:
Verifica-se que ao se tentar projetar uma sapata quadrada para o pilar P1 e uma sapata
retangular com (a - ao) = (b – bo) para o pilar P2, haveria necessidade de se ultrapassar
a linha limite da divisa.
Por esta razão um dos lados das sapatas já é pré-fixado, ou seja, seu valor é igual a
duas vezes a distância do centro do pilar à divisa diminuído de 2,5 cm, necessários para
colocar a forma. Assim:

1.200 40.000
Pilar P1: A = = 4 m2 b =2(85 - 2,5) = 165 cm a= ≈ 245 cm.
300 165

2.000 66.700
Pilar P2: A = = 6,67 m2 a =2(135 - 2,5) = 265 cm b= ≈ 255 cm.
300 265

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Mantendo-se o critério de não se adotar sapatas isoladas com relação a/b ≤ 2,5 pode ocorrer
que ao se tentar projetar sapatas isoladas mesmo com (a - ao) diferente de (b – bo) as sapatas
sempre se superpõem. Neste caso deve-se lançar mão de uma sapata associada que englobe os
dois pilares, conforme se mostra na Figura 1.

Figura 1: Detalhes de uma sapata associada

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A viga que une os dois pilares, de modo a permitir que a sapata trabalhe com tensão σs
constante no solo, denomina-se viga de rigidez (V.R.). O cálculo das dimensões da sapata será
feito de acordo com o seguinte roteiro:

Inicialmente calculam-se as coordenadas x e y do centro de carga:

P2
x= .d
P1 + P2 1
P2
y= .d 2
P1 + P2

A interseção das coordenadas x e y sempre estará localizada sobre o eixo da viga de rigidez.

Lembrete! É importante lembrar que, para obter o centro de carga, não é preciso calcular a
distância P1-P2, sendo suficiente trabalhar com as diferenças de coordenadas
(direções x e y). É a regra de linhas cortando linhas paralelas).

x na viga [(P1-P2) - x na viga]

x d1

Teoricamente, uma só dessas direções é suficiente para o cálculo do centro de carga, visto
que, calculando-se x (ou y) e prolongando-se a linha dessa cota até o eixo da V.R, ter-se-á o
centro de carga

A área da sapata será:

P1 + P2
A = a.b = sendo P1 e P2 as cargas dos pilares acrescidas de 5%
σs
para levar em conta o peso próprio da sapata

A escolha dos lados a e b, que conduza a uma solução mais econômica, consiste na
resolução de duas lajes em balanço (vão igual a b/2) sujeitas a uma carga uniformemente
distribuída σs e a uma viga simplesmente apoiada nos pilares P1 e P2 sujeita também a uma carga
uniformemente distribuída igual a q = σs.b.

Via de regra, a condicionante econômica da sapata associada está diretamente ligada à


obtenção de uma viga de rigidez econômica. Para tanto, os momentos negativos desta viga
deveriam ser aproximadamente iguais, em módulo, ao momento positivo. Esta condição só é
plenamente alcançada quando as cargas P1 e P2 forem iguais e, neste caso, os balanços terão
um valor igual a a/5, obtido conforme se mostra abaixo (é o mesmo critério que se usa para
dimensionar estruturalmente uma estaca que será levantado por dois pontos).

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Para se obter [X] = [M] pode-se escrever:

q.x 2  (a − 2.x )2 x 2  x a
= q −  ≅ 0207 ou x ≅
2  8 2 a 5

No caso das cargas P1 e P2 serem diferentes, como é o caso mais comum, procura-se jogar
com valores dos balanços, de modo que a ordem de grandeza dos módulos dos momentos
negativo e positivo sejam o mais próximo possível.

Outra observação importante é que sempre que houver disponibilidade de espaço, a forma
da sapata deverá ser a mostrada na Figura 1, isto é, um retângulo cujo lado a seja paralelo ao
eixo da viga de rigidez e o lado b, perpendicular ao mesmo. Quando esta forma não for possível,
pode-se lançar mão de um paralelogramo (Figura 2), sendo que, neste caso, a viga de rigidez
deverá ser também dimensionada para absorver a torção decorrente do fato de que o momento
da força resultante dos dois paralelogramos quaisquer, ABCD e CDEF, paralelos ao lado b, não
mais se situam em um mesmo plano perpendicular ao eixo da viga (Planos 1-1 e 2-2).

Figura 2: Geometria da sapata associada que impõe torção na V.R.

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1º Exemplo: Projetar uma sapata associada para a fundação dos pilares P1 e P2 indicados abaixo
sabendo-se que:
nas cargas indicadas junto ao pilares já se inclui o peso próprio da
fundação (5% da carga atuante no pilar).

a tensão admissível do solo σs = 0,3 MPa.

1º caso a estudar: P1 = P2 = 1.600 kN

2º caso a estudar: P1 = 1.500 kN e P2 = 1.700 kN

Solução:
1º caso: se P1 = P2 o centro de carga estará equidistante de P1 e P2

2x1.600
A= = 10,67 m2 ou 106.700 cm2
300
Neste caso a sapata mais econômica é obtida fazendo-se com que os
balanços sejam a/5
3.a
Logo, = 180 2 + 65 2 a = 318 cm adotado a = 320 cm
5

Como axb =106.700 cm2 b ≈ 335 cm.

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2º caso: Cálculo do centro de carga

1.500.y = 1.700 (180 – y) y ≈ 95 cm

1.700 + 1.500
A= = 10,67 m2 ou 106.700 cm2
300

Neste caso, a obtenção da sapata mais econômica torna-se difícil pois as cargas nos pilares
são diferentes. Normalmente temos usado em nossos projetos o seguinte roteiro:

Adota-se para a/2 a distância do centro de carga à face externa do pilar mais afastado,
medida sobre o eixo da viga de rigidez, acrescida de um valor arbitrário. É claro que é prudente
adotar vários valores arbitrários e ver como convergem os momentos.

Neste exemplo adotou-se a/2 = 2,25 m a = 450 cm e b = 106.700/450 ≈ 240 cm

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