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PNFQ

PLANO NACIONAL DE
FORMAÇÃO DE QUADROS
2013-2020

Versão Final
(República de Angola, Setembro 2012)

PNFQ
2020
Entre Outubro de 2010 e Março de 2012 a equipa técnica da CESO CI Internacional elaborou a Estratégia Nacional de
Formação de Quadros da República de Angola, um documento orientador da capacidade técnico-científica a criar com o
objectivo de corresponder, de forma sustentável, às necessidades que decorrem das prioridades definidas pela estratégia
de desenvolvimento do País. A sua operacionalização requer que seja estabilizado um plano de implementação detalhado
que contemple a estratégia de operacionalização, acções, calendários e investimentos.
A estas preocupações deverá responder o Plano Nacional de Formação de Quadros para o período de 2013-2020 e o
primeiro Programa de Acção (biénio 2013-2014).

PNFQ
2020
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Índice
Lista de Quadros e Caixas ...........................................................................................................................................................................................4
Lista de Siglas ...................................................................................................................................................................................................................6
Nota Prévia ........................................................................................................................................................................................................................7
1. Introdução .............................................................................................................................................................................................................8
2. Enquadramento ...................................................................................................................................................................................................9
3. Quadro Geral dos Recursos Humanos de Angola em 2020......................................................................................................... 13
4. Evolução do Stock Nacional de Quadros (2010-2020) ................................................................................................................. 15
5. Politica Nacional de Formação de Quadros ........................................................................................................................................ 17
5.1. Objectivos ............................................................................................................................................................................................................ 17
5.2. Indicadores de Objectivos ............................................................................................................................................................................ 18
5.3. Prioridades e Programas de Acção Fundamentais ........................................................................................................................... 20
5.4. Resultados Esperados .................................................................................................................................................................................... 22
6. Programas de Acção Fundamentais ....................................................................................................................................................... 25
6.1. Programa de Acção 1: Formação de Quadros Superiores ............................................................................................................ 25
6.2. Programa de Acção 2: Formação de Quadros Médios ................................................................................................................... 39
6.3. Programa de Acção 3: Formação e Capacitação de Professores e de Investigadores para o Ensino
Superior e Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação .............................................................................................. 62
6.4. Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e Investigadores em
Educação ............................................................................................................................................................................................................. 76
6.5. Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública ..................................................................... 99
6.6. Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo e Desenvolvimento
Empresarial .......................................................................................................................................................................................................122
6.7. Programa de Acção 7: Apoio à Procura de Formação Superior: Política Pública de Bolsas de Estudos...............132
7. Programação Financeira.............................................................................................................................................................................150
7.1. Estimativa de Custos por Programa de Acção .................................................................................................................................150
7.2. Financiamento ................................................................................................................................................................................................157
8. Implementação e Governação do PNFQ .............................................................................................................................................160
8.1. Arquitectura Geral ........................................................................................................................................................................................160
8.2. Monitorização e Avaliação do Plano Nacional de Formação de Quadros ..........................................................................163
9. Síntese ................................................................................................................................................................................................................164
9.1. Programas de Acção ....................................................................................................................................................................................164
9.2. Programação Financeira ............................................................................................................................................................................176
Anexos ............................................................................................................................................................................................................................177
Anexo 1 I Guião Metodológico ...........................................................................................................................................................................178
Anexo 2 I Metodologia de Identificação das Necessidades de Formação Pós-Graduada .......................................................179
Anexo 3 I Proposta de Documento Orientador sobre a Política de Formação Profissional na Administração
Pública ................................................................................................................................................................................................................182
Anexo 4 I Fichas de Programação da Oferta Formativa Administração Pública ..........................................................................186

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Lista de Quadros e Caixas

Lista de Quadros

Capítulo 3
Quadro 3.1 Quadro Geral dos Recursos Humanos de Angola – 2010-2025 .......................................................................................................... 13

Capítulo 4
Quadro 4.1 Plano Nacional de Formação de Quadros – Evolução do Stock Nacional de Quadros 2010-2025 ....................................... 16

Capítulo 5
Quadro 5.1 Plano Nacional de Formação de Quadros – Indicadores de Objectivos 2020 ................................................................................ 18
Quadro 5.2. Contributo dos Programas de Acção para a Concretização dos Objectivos do Plano Nacional de Formação de
Quadros .............................................................................................................................................................................................................................................. 21

Capítulo 6
Quadro 6.1 Balanço Necessidades - Oferta Educativa Interna nos Domínios Estratégicos de Formação Superior................................ 28
Quadro 6.2 Domínios de Formação por Natureza do Saldo Procura-Oferta .......................................................................................................... 29
Quadro 6.3 Distribuição da Rede de Escolas, Públicas e Privadas .............................................................................................................................. 40
Quadro 6.4 Balanço Necessidades - Oferta Interna Nos Domínios Estratégicos de Formação Média......................................................... 44
Quadro 6.5 Domínios de Formação Sem Oferta Actual .................................................................................................................................................. 46
Quadro 6.6. Necessidades de Mestres e Doutores para 2020....................................................................................................................................... 65
Quadro 6.7 Oferta de formação para educação pré-escolar em 2012, no ensino médio normal e no ensino superior....................... 78
Quadro 6.8 Oferta de cursos de formação para professores do ensino primário em 2012 no ensino médio normal e no
ensino superior pedagógico....................................................................................................................................................................................................... 80
Quadro 6.9 Evolução do número de alunos e dos docentes da classe de iniciação e do ensino primário, entre 2008 e
2012..................................................................................................................................................................................................................................................... 81
Quadro 6.10 Oferta de Formação de Professores do I Ciclo do Ensino Secundário (Geral e Formação Profissional Básica)
em 2012 no Ensino Médio Normal ......................................................................................................................................................................................... 82
Quadro 6.11 Evolução do número de alunos da classe e dos docentes do I ciclo do ensino secundário, entre 2008 e ...................... 83
Quadro 6.12 Disciplinas do 1º ciclo do ensino secundário e da formação profissional básica para as quais não há oferta
de cursos de formação integrada no ensino médio normal ......................................................................................................................................... 84
Quadro 6.13 Oferta de Formação de Professores do 2º ciclo do Ensino Secundário (Geral, Médio Técnica e Médio
Normal) em 2012 ........................................................................................................................................................................................................................... 85
Quadro 6.14 Disciplinas do II ciclo do ensino secundário (geral, médio técnico e médio normal) para as quais não existe
oferta de formação no ensino superior pedagógico em 2012..................................................................................................................................... 86
Quadro 6.15 Evolução do número de alunos da classe e dos docentes do II ciclo do ensino secundário, entre 2008 e
2012..................................................................................................................................................................................................................................................... 87
Quadro 6.16 Projectos e Acções ............................................................................................................................................................................................... 89
Quadro 6.17 Oferta de Formação de Professores a Nível Superior para a Educação Pré-Escolar e para o Ensino Primário .............. 92
Quadro 6.18 Funcionários públicos abrangidos pelo PNFQ/AP, por categoria e nível territorial de administração em 2012..........100
Quadro 6.19 Evolução de Efectivos.......................................................................................................................................................................................101
Quadro 6.20 Capacidade instalada na ENAD e no IFAL.................................................................................................................................................103

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Quadro 6.21. Formações Oferecidas pelo ENAD e IFAL (2012) ...................................................................................................................................104


Quadro 6.22. Competências a desenvolver na formação de dirigentes actuais e potenciais ........................................................................110
Quadro 6.23. Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014 ...........................................................................111
Quadro 6.24 Competências a desenvolver na formação de quadros superiores................................................................................................112
Quadro 6.25 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014 ............................................................................113
Quadro 6.26 Competências a desenvolver na formação de quadros médios ......................................................................................................114
Quadro 6.27 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014 ............................................................................115
Quadro 6.28 Competências a desenvolver na formação contínua de dirigentes, quadros superiores e quadros médios .................116
Quadro 6.29 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014 ............................................................................117
Quadro 6.30 Competências a desenvolver na formação de formadores ...............................................................................................................118
Quadro 6.31 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014 ............................................................................118
Quadro 6. 32 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014 ...........................................................................119
Quadro 6.33 Formação e Capacitação em Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial. Metas 2013-2020..........................124
Quadro 6.34 Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial. Domínios Estratégicos Formação ......................................................125
Quadro 6.35 Tipos de bolsas de estudo internas e encargos suportados ..............................................................................................................134
Quadro 6.36 Valor anual de cada tipo de bolsa (em Kwanzas) ..................................................................................................................................135
Quadro 6.37 Novas bolsas internas atribuídas entre 2008 e 2012 ..........................................................................................................................135
Quadro 6.38 Orçamento de Estado para as bolsas de estudo internas entre 2008 e 2012 ...........................................................................136
Quadro 6.39 Bolsas internas atribuídas em 2012, por tipo de bolsa.......................................................................................................................136
Quadro 6.40 Bolsas internas por área de conhecimento entre 2008 e 2011 e em 2012 ................................................................................136
Quadro 6.41 Alunos que terminaram o ensino secundário em 2011 e bolsas internas atribuídas entre 2008 e 2011 e em
2012 (previstas, candidaturas e atribuídas), por província..........................................................................................................................................137
Quadro 6.42 Estudantes com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-graduação em 2011 e em 2012............................140
Quadro 6.43 Estudantes com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-graduação em 2012, por género ..........................141
Quadro 6.44 Estudantes em junho de 2012 com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-graduação, por área
de conhecimento..........................................................................................................................................................................................................................141
Quadro 6.45 Estudantes no exterior em junho de 2012 com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-
graduação, por países.................................................................................................................................................................................................................142
Quadro 6.46 Financiamento (em Kwanzas) das bolsas externas pelo Orçamento de Estado e proporção das bolsas de
pós-graduação entre 2008 e 2012........................................................................................................................................................................................142
Quadro 6.47 Domínios de formação em que a oferta actual é inexistente, deficitária, suficiente ou excedentária face à
previsão de quadros superiores necessários para o desenvolvimento do País em áreas socioeconómicas estratégicas, no
horizonte de 2020........................................................................................................................................................................................................................145

Lista de Caixas

Capítulo 6
Caixa 6.1 Nível Médio ou Superior de Formação de Docentes? .................................................................................................................................. 92
Caixa 6.2 A profissionalização pedagógica: política enunciada e implementada ................................................................................................ 94

Capítulo 8
Caixa 8.1 Comissão Ministerial de Coordenação do PNFQ: Funções .......................................................................................................................161
Caixa 8.2 Unidade de Gestão do PNFQ: Competências .................................................................................................................................................162
Caixa 8.3 Comissão de Acompanhamento: Competências..........................................................................................................................................162

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Lista de Siglas

ADPP Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo


AN Assembleia Nacional
APC Administração Pública Central
APM Administração Pública Municipal
APP Administração Pública Provincial
BUE Balcão Único do Empreendedor
CM Conselho de Ministros
EFP Escola de Formação de Professores
EMP Escola de Magistério Primário
ENAD Escola Nacional de Administração
ENCTI Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
ENFQ Estratégia Nacional de Formação de Quadros
EPF Escola de Professores de Futuro
ESP Escola Superior Pedagógica
ESPO Escola Superior Politécnica
GEPE Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatísticas (MED e MESCT)
IDI Investigação, Desenvolvimento e Inovação
IFAL Instituto de Formação da Administração Local
INABE Instituto Nacional de Bolsas de Estudo (MESCT)
INAPEM Instituto Nacional de Apoio às Pequenas Empresas
INFQ Instituto Nacional de Formação de Quadros (MED)
INIDE Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento em Educação (MED)
ISCED Instituto Superior de Ciências da Educação
ISPO Instituto Superior Politécnico
ISSS Instituto Superior de Serviço Social
MAPESS Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social
MAT Ministério da Administração do Território
MED Ministério da Educação
MESCT Ministério do Ensino Superior e Ciência e Tecnologia
PdG Programa do Governo
PDMPME Programa de Desenvolvimento de Micro, Pequenas e Médias Empresas
PNCTI Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
PNFQ Plano Nacional de Formação de Quadros
PNFQ/AP Plano Nacional de Formação de Quadros da Administração Pública
PROAPEN Programa de Apoio ao Pequeno Negócio
SIFAP Sistema Integrado de Formação da Administração Pública
SNCTI Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

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Nota Prévia

A elaboração do Plano Nacional de Formação de Quadros (2013-2020) apenas foi possível, no curto espaço
de tempo disponível, porque contou com o apoio e empenho de diferentes entidades, às quais muito
agradecemos. Destacamos, em primeiro lugar, o apoio decisivo da Casa Civil da Presidência da República de
Angola, em particular, do Senhor Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Doutor Carlos Maria Feijó, e do
respectivo Gabinete de Quadros, na pessoa do seu Director, Sr. Dr. Aldemiro Vaz da Conceição e do Sr. Dr. Edson
Barreto.

De igual forma, se deve evidenciar o apoio recebido dos Ministérios mais directamente participantes nos trabalhos
de elaboração do PNFQ (MINED,MESCT E MAPESS),através dos correspondentes pontos focais.

Finalmente, às diferentes equipas técnicas, nacionais e expatriadas, quer como peritos quer como quadros da
Administração Pública e das empresas, que participaram na execução deste trabalho, que com a sua elevada
dedicação e disponibilidade tornaram possível a elaboração do Plano Nacional de Formação de Quadros, o nosso
obrigado.

Participaram na elaboração do PNFQ os seguintes técnicos:

Prof. Doutor Américo Ramos dos Santos;


Dr. Aonig D’Alva
Prof. Dr. Azancot de Menezes
Prof. Doutor Bártolo Paiva Campos;
Dr.ª Belmira Sardinha;
Dr.ª Célia Pires
Dr.ª Filomena Fonseca;
Dr.ª Isabel Corte Real
Dr. José Amaro Hossi;
Dr. Lopo do Nascimento;
Prof. Doutor Pedro Lourtie
Dr.ª Rita Araújo;
Prof. Dr. Rui Moura;
Dr.ª Teresa Oleiro.

Os Pontos Focais das entidades públicas foram os seguintes:

Dr. António Paulo – Administração Pública;


Dr. Edson Barreto – Casa Civil da Presidência;
Dr. Justino Jerónimo – Ministério da Educação;
Dr.ª Maria Helena Miguel – Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia.

A todos o nosso reconhecido agradecimento

CESO CI Angola
CESO CI Internacional

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1. Introdução

1. A Estratégia Nacional de Formação de Quadros (ENFQ) tem de ser concretizada através de instrumentos
adequados, o principal dos quais é o Plano Nacional de Formação de Quadros (PNFQ). Este Plano abrange o
período 2013-2020 e integra um instrumento de intervenção de curto prazo, que é o Programa de Acção
para o Biénio 2013-2014, que é apresentado em documento separado. Este Programa de Acção tem uma
estrutura própria e uma natureza mais pragmática.

2. De acordo com a Lei Nº 1/11, de 14 de Janeiro, que aprovou a “Lei de Bases do Regime Geral do Sistema
Nacional de Planeamento”, o PNFQ poderá ser considerado um Plano Integrado de Acção Pluri-Anual (artº 15º).

3. Por seu lado, o Programa de Governo integra como medidas de política a aprovação da Estratégia e do Plano
Nacional de Formação de Quadros. A Formação de Quadros encontra-se englobada pela Politica Nacional de
Promoção do Emprego e Valorização dos Recursos Nacionais.

4. A partir da Estratégia Nacional de Formação de Quadros, formula-se a Politica Nacional de Formação de


Quadros, que se concretizará através do presente Plano Nacional de Formação de Quadros, que formula
Respostas aos Desafios e Metas formulados pela ENFQ.

5. Para a elaboração do PNFQ foi elaborado um Guião Metodológico (Anexo 1), onde foram fixados os
Objectivos do trabalho a realizar, resultados esperados, actividades a desenvolver, orientações e tarefas gerais
e o percurso metodológico.

6. A preparação do PNFQ foi realizada por uma Equipa Técnica composta por 14 Peritos, organizada nas
seguintes equipas: Supervisão e Direcção; Quadros Médios e Ensino Técnico-Profissional; Quadros
Superiores, Ensino Superior e Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia; Formação de Docentes do Ensino não
Universitário; Administração Pública; e Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial.

Para assegurar a articulação com os Ministérios mais envolvidos na preparação do PNFQ e recolha da
informação, foram designados, por iniciativa da Casa Civil da Presidência da República, pontos focais na
Casa Civil, MAPESS,MINED e MESCT.

7. O Plano Nacional de Formação de Quadros está organizado em 4 blocos:


 No primeiro, após um capítulo de Enquadramento -Capitulo 2-, em que se estabelece a articulação com a
Estratégia Nacional de Formação de Quadros e a Politica Nacional de Formação de Quadros, procede-se à
revisão e actualização do Quadro Geral de Recursos Humanos de Angola para o Horizonte 2010-2020 -
Capitulo 3 - (a rever logo que se disponha dos resultados do Recenseamento da População, a realizar em
2013) e da Evolução do Stock Nacional de Quadros (2010-2020) - Capitulo 4.
 No segundo, apresenta-se, na decorrência da ENFQ, a Politica Nacional de Formação de Quadros -
Capitulo 5 -, explicitando: Objectivos e Metas; Indicadores de Objectivos; Prioridades; Programas de
Acção Fundamentais; e Resultados Esperados.
 No terceiro, são caracterizados os 7 Programas de Acção - Capitulo 6 - em que desdobra o PNFQ,
identificando, para cada um, sempre que justificado: Enquadramento; Objectivos; Projectos; Resultados
Esperados e Medidas de Politica.
 No quarto bloco, finalmente, são apresentados aspectos gerais e de síntese: Programação Financeira
(Capitulo 7); Implementação e Governação do PNFQ (Capitulo 8); e uma Síntese Geral (Capitulo 9).

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2. Enquadramento

8. A Formação e Capacitação de Quadros tem de estar articulada com a Estratégia de Desenvolvimento de


Longo Prazo (“Angola 2025”) e com os instrumentos de planeamento de médio prazo. Por outro lado, tem
de estar intimamente conectada com uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento de Recursos Humanos
(ainda não globalmente formulada) e com os instrumentos de planeamento de médio prazo que a
concretizem, que deve abranger todos os níveis de qualificação, do pessoal não qualificado ao pessoal
dirigente e quadros superiores. O PNFQ ocupa-se somente dos segmentos médio e superior da pirâmide de
recursos humanos de Angola. Mas a redução significativa do desemprego e o combate à pobreza, bem como
a sustentabilidade do processo de desenvolvimento e angolanização dos Quadros, dependem em muito, do
que se passar nas zonas, intermédia e inferior do triângulo.

9. A Estratégia “Angola 2025” tem um capítulo específico (“Promover o Emprego e Valorizar


os Recursos Humanos”) que estabelece o principal enquadramento do PNFQ.

O seu objectivo global é:

Promover o acesso de todos os angolanos a um emprego produtivo, qualificado, remunerador e


socialmente útil e assegurar a valorização sustentada dos recursos humanos nacionais.

Entre os seus objectivos específicos, encontram-se dois que importa realçar, como orientação para o
PNFQ:
 Desenvolver o capital humano com formação avançada adequada às necessidades do País;
 Apoiar a formação tecnológica, seja a nível médio seja superior, em consonância com as necessidades de
desenvolvimento de Angola, a médio e longo prazo.

10. Por sua vez, o Programa de Governo para 2012-2017, no capitulo “Promover Uma Politica Activa de
Emprego e Valorização dos Recursos Humanos Nacionais”, define, entre os seus objectivos:
 Promover e intensificar a formação de quadros altamente qualificados que satisfaça as necessidades
nacionais;
 Adoptar uma política coordenada de formação da mão-de-obra e de Quadros Nacionais entre os
diferentes subsistemas de ensino (superior, ensino técnico-profissional e de formação profissional) que
corresponda aos objectivos e prioridades do crescimento e desenvolvimento do País.

11. Para alcançar estes objectivos, o Programa de Governo elenca um conjunto de medidas, de que se destacam,
pela sua importância para o PNFQ as seguintes:
 Aprovar a Estratégia e o Plano Nacional de Formação de Quadros, envolvendo os seguintes domínios:
Administração Pública, Central e Local; Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial;
Desenvolvimento Tecnológico e Científico; Desenvolvimento Económico; Desenvolvimento Social, Cultural
e Institucional;
 Criar o Sistema Integrado de Formação para a Administração Pública Central e Local;
 Criar o Sistema Nacional de Incentivos à Utilização e Capacitação dos Recursos Humanos Nacionais;
 Estabelecer o Sistema de Registo Nacional de Quadros;
 Estabelecer o Sistema Integrado de Capacitação e Apoio ao Empreendedorismo e Empresários;
 Incrementar as acções de formação no âmbito do Sistema Nacional de Formação Profissional, adequadas
às necessidades do mercado de trabalho nos distintos sectores da economia e nas áreas peri-urbana e
rural;
 Aperfeiçoar os mecanismos de Registo da Força de Trabalho Estrangeira;

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 Tornar obrigatória a realização de concursos no País, antes de se optar pelo mercado externo, para o
preenchimento, com cidadãos nacionais, de vagas em posições de Alta Direcção em empresas de grande
dimensão com capital estrangeiro;
 Elaborar legislação, ou aperfeiçoar a existente, de modo a regular as Normas Gerais de Contratação de
Mão-de-Obra Estrangeira, definindo o seu grau de qualificação, o âmbito e os prazos de vigência dos
contratos, bem como a obrigatoriedade de treinamento on job da mão-de-obra nacional que a deverá
substituir findo o prazo do contrato.

Daqui decorre, que o PNFQ para ser verdadeiramente efectivo, necessita que sejam assumidas,
nomeadamente, as seguintes Prioridades:
 Incentivar a criação de emprego produtivo, qualificado e remunerador para todos os Angolanos em idade
activa;
 Elaborar e Implementar a Estratégia Nacional de Desenvolvimento de Recursos Humanos, abrangendo
todos os Níveis de Qualificação;
 Incrementar as acções de formação no âmbito do Sistema Nacional de Formação Profissional, adequadas
as necessidades do mercado de trabalho nos distintos sectores da economia e nas áreas peri-urbana e
rural;
 Apoiar a aprendizagem e a formação ao longo da vida, actuando na aprendizagem, formação inicial,
formação qualificante e na educação-formação;
 Criar sistemas de informação permanente, através dos centros de emprego e “on-line”, via “Internet”,
sobre evolução de competências profissionais nas áreas consideradas prioritárias;
 Construir modalidades de incentivo às empresas e instituições da sociedade civil que estimulem os seus
trabalhadores à formação contínua, em particular nas áreas das tecnologias de informação e
comunicação, privilegiando o estabelecimento de redes de “e-learning”.

12. A Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo (“Angola 2025”) e o Programa de Governo fixam um
conjunto de orientações para o desenvolvimento dos diferentes sectores de actividade, sendo atribuída
prioridade ao desenvolvimento dos clusters: alimentação e agro-indústria; energia e água; habitat;
transportes e logística:

 Mega Cluster Geologia, Minas e Indústria:


Indústria Transformadora
− Existe uma clara tendência de crescimento da indústria transformadora - em 2008 representava 4,9%
do PIB e em 2010 6,5% - para a qual se prevê uma meta de crescimento médio anual de 10%;
− O desenvolvimento do sector da indústria da transformação em bases sustentáveis contribui para a
geração de emprego;
− Encontram-se identificados alguns instrumentos, tais como, a definição de uma política de inovação
industrial, estabelecimento de um sistema nacional de qualidade e segurança industrial e reforço dos
órgãos de suporte da actividade industrial, designadamente o Instituto de Desenvolvimento Industrial
de Angola, o Instituto Angolano de Normalização e Qualidade e o Instituto Angolano de Propriedade
Industrial.
Indústria Extractiva
− A indústria extractiva não petrolífera é igualmente um Sector de aposta para os próximos anos. A
aprovação e implementação do Plano Nacional de Geologia e Minas permitiu desenvolver um
conjunto de acções favoráveis à diversificação da produção mineira. Entre as medidas identificadas
destacam-se, em particular, a elaboração de cartografia temática de cunho geológico, geotécnico e
metalogénico. Os instrumentos para a sua dinamização são também de natureza diversa, destacando-
se os seguintes: Plano Nacional de Geologia, Programa de Diversificação da Indústria Mineira e

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Programa de Produção Artesanal de Diamantes. O Governo fixou, ainda, metas para a produção de
diamantes, granito, mármore e quartzo.

 Mega Cluster Petróleo e Gás Natural


− Petróleo e Gás Natural são as principais fontes de receitas de exportação e orçamentais, assumindo
uma importância estratégica no processo de desenvolvimento económico e social;
− Entre um conjunto alargado de objectivos destacam-se os seguintes: intensificar as actividades de
prospecção de pesquisa de petróleo bruto e gás natural, desenvolver a indústria do gás natural e da
petroquímica, fomentar a cadeia de fornecimento de bens e serviços no sector petrolífero e fomentar
o viveiro de quadros do sector dos petróleos, através da formação no Instituto Nacional de Petróleos e
na Universidade de Tecnologias e Ciências.

 Mega Cluster Alimentação e Agro-Indústria


− É um dos clusters considerados relevantes, a par da água, habitação e transportes e logística, que
criarão dinâmicas capazes de sustentar o posicionamento de Angola nos segmentos das cadeias
produtivas de maior valor acrescentado;
− As medidas de política consignam vários aspectos, entre os quais a articulação entre empresas e
sistema de educação-formação, os centros de saber e as infra-estruturas tecnológicas e as instituições
financeiras, identificação de áreas geográficas de confluência, desenvolvimento da pesquisa aplicada e
desenvolvimento da formação de recursos humanos para perfis-chave.

 Mega Cluster Habitat


− O habitat é um dos clusters que deve ser alvo de um processo de estruturação;
− Prevê-se, para o período 2012-2017, a institucionalização dos sistemas nacionais de Ordenamento do
Território e do Urbanismo e da Habitação;
− Conclusão do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação (2014), desenvolvimento de novas
centralidades, requalificação das cidades e repovoamento das localidades com o desenvolvimento de
aldeias rurais.

 Mega Cluster Transportes e Logística


− O sector dos transportes desempenha um papel fundamental na reconstrução e desenvolvimento do
País, principalmente como motor para a expansão da actividade produtiva;
− São medidas de política pública o desenvolvimento do sector de transporte público de passageiros,
transportes ferroviários, construção do novo aeroporto de Luanda, expansão da rede de táxis e
implantação de centros de inspecção de viaturas.

 Mega Cluster Saúde e Bem-Estar Social


− A componente governativa da “melhoria da qualidade de vida dos angolanos” consagra grande
atenção à saúde, através da ampliação e melhoria da qualidade dos serviços de saúde; consolidação
da reforma do sector; promoção de serviços hospitalares provinciais e centros regionais; da redução
da mortalidade materna, infantil e infanto-juvenil, bem como da morbi-mortalidade por doenças do
quadro nosológico nacional; capacitação dos quadros da saúde, dos indivíduos e das comunidades
para a promoção e protecção da saúde;
− São objectivos e metas a atingir: (i) acelerar a implementação dos programas de formação técnico-
profissional e de especialização, de modo a responder às necessidades crescentes do sector; (ii)
actualizar o Plano Nacional de Desenvolvimento e Gestão de Recursos Humanos de Saúde; (iii) formar
7.000 enfermeiros e técnicos de saúde; (iv) melhorar as condições de ensino e qualidade dos
programas de formação das Escolas Técnico-Profissionais, institutos médios e escolas técnicas e
profissionais de saúde; (v) formar agentes comunitários capazes de realizar a ligação entre as

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unidades sanitárias e as famílias, dando prioridade às acções de prevenção da saúde e de promoção


da saúde.

 Mega Cluster Educação, I&D e Cultura


− No âmbito, ainda, da “melhoria da qualidade de vida dos angolanos”, destacam-se os seguintes
domínios de intervenção:
(i) continuar a expandir e melhorar significativamente a qualidade do sistema educativo;
(ii) ampliar e melhorar os serviços de cultura, dos quais se destacam a promoção do acesso ao ensino
e uso das línguas nacionais de Angola em todos os domínios, assim como as principais línguas de
comunicação internacional e a implantação do sistema nacional de museus, de arquivos
históricos, de centros culturais, de bibliotecas e de programas culturais municipais e, ainda,
investigação etnográfica.

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3. Quadro Geral dos Recursos Humanos de Angola em


2020

13. O Plano Nacional de Formação de Quadros (2013-2020), adopta, mas actualiza, o Quadro Geral de Recursos
Humanos para o Horizonte 2020, definido na Estratégia Nacional de Formação de Quadros (ENFQ). Por outro
lado, estabelece 2015 como ponto intermédio da trajectória até 2020, mas também como horizonte-meta
para o Programa de Acção 2013-2014 (ver Quadro 3.1).

A revisão e actualização das projecções constantes da ENFQ, tornou-se necessária, adicionalmente,


pelas seguintes razões: i) alteração nas projecções da população residente; ii) introdução nas estatísticas
demográficas internacionais (Nações Unidas) de diferentes grupos etários; iii) necessidade de,
consequentemente, ajustar as projecções de população economicamente activa e do emprego total; iv)
substituição do indicador “Taxa de Escolaridade Bruta Conjunta” por um indicador mais adequado “Taxa
Líquida de Escolarização”; v) substituição, como meta, do indicador “Estudantes no Ensino Superior por 100
Mil Habitantes” por um indicador directo mais representactivo “Taxa Bruta de Escolarização do Ensino
Superior”; vi) necessidade de calcular metas e stocks para 2015; vii) necessidade de ajustamento da taxa
geral de quadros e das taxas de “Dirigentes, Gestores e Quadros” e de “Quadros Médios”; viii) necessidade de
rever e ajustar o número de alunos matriculados e diplomados e de docentes do ensino superior e técnico-
profissional, em consequência da disponibilidade de dados mais recentes.

Quadro 3.1 Quadro Geral dos Recursos Humanos de Angola – 2010-2025

2010 2015 2020 2025


1. População Residente (1) (milhares) 19.082 21.842 24.779 27.767
2. População Por Grupos Etários (2)
6-11 anos
- Número (milhares) 3.433 3.751 4.000 4.270
- % em relação à população total 18,0 17,2 16,1 15,4
12-14 anos
- Número (milhares) 1.436 1.729 1.850 1.990
- % em relação à população total 7,5 7,9 7,5 7,2
15-17 anos
- Número (milhares) 1.280 1.535 1.791 1.910
- % em relação à população total 6,7 7,0 7,2 6,9
18-23 anos
- Número (milhares) 2.175 2.569 3.089 3.480
- % em relação à população total 11,4 11,8 12,5 12,5
Total 6-23 anos
- Número (milhares) 8.324 9.584 10.730 11.650
- % em relação à população total 43,6 43,9 43,3 42,0
3. População Economicamente Activa (1) (milhares) 9.290 10.680 12.220 13.800
4. Taxa de Actividade Global 48,7 48,9 49,3 49,7
5. Emprego Total (c/ agricultura familia) (1) (milhares) 6.970 7.850 9.240 11.040
6. Emprego Total (s/ agricultura familia) (1) (milhares) 4.270 5.130 7.000 9.370
7. Taxa Líquida de Escolarização do Ensino Primário (%) 72,2 82,0 87,0 90,0
8. Taxa Bruta de Escolarização do Ensino Superior (3) 5,0 7,7 9,0 10,3
9. % de Escolaridade Superior e Média no Emprego Formal 10,0 14,0 20,0 25,0
Notas: (1) Estimativa e Projecções Revistas ; (2) Grupos Etários Definidos de Acordo com os Grupos Etários Definidos nas Projecções
Demográficas Mundiais Realizadas; (3) Calculada em Relação ao Grupo Etário 18-23 Anos

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14. A análise do “Quadro Geral de Recursos Humanos” para 2020, permite evidenciar o seguinte:

i) A população residente em 2020 deverá ser da ordem de 24.779 milhares de habitantes, passando em
2015 por 21.842 milhares de habitantes, o que significará que a taxa de crescimento anual no
período 2010-2020 será de 2,65 %.

ii) A população de 6 a 23 anos deverá aproximar-se em 2020 de 10,7 milhões, representando 43.3% da
população total, e de 9,6 milhões em 2015.

iii) A evolução da população por grupos etários evidencia que, após a celebração da Paz em 2002, terá
havido um ”baby boom ” que está reflectido no crescimento acentuado dos grupos etários que estão a
chegar ao ensino primário e secundário, e que se tem repercutido de forma sensível na rápida expansão
da população escolar e que será mais acentuada, no que respeita ao 2º ciclo do ensino secundário, a
partir de 2015. No que concerne ao grupo etário (18-23 anos), que procura formação média e
principalmente superior, é previsível uma aceleração da procura de ensino, superior, a que importará
encontrar, de forma antecipada, alternativas ao nível da formação técnico-profissional e
profissional que permita uma mais rápida e eficaz inserção no mercado de trabalho.

Em 2010, a população de 6-11 anos terá sido 3,4 milhões (representando18% da população). Em
2015 projecta-se para o conjunto dos grupos etários 12-14 e 15-17 anos, um total de 3,3 milhões
(15.1% da população total), ou seja, mais 600 mil jovens do que se verificava em 2010 para este
total. Em 2020, os jovens “baby boom” estarão no grupo etário 18-23 anos, que deverá vir a ter 3,1
milhões de jovens, mais cerca de 1 milhão do total verificado em 2010. Em 2020, passado o efeito
“baby-boom”, e observando-se já uma desaceleração do crescimento demográfico, o grupo etário 6-11
anos descerá a sua participação na população total para 16.1% e o conjunto dos grupos 12-14 e 15-
17 anos recuará para 14.7% da população total. O mesmo é dizer que, a partir de 2015, o Índice de
Juventude da população angolana intensificará a sua queda.

iv) Em 2020, a População Economicamente Activa deverá aproximar-se dos 12,2 milhões,
correspondendo a uma taxa de actividade global de 49.3%, superior à de 2015 (48.9%). Será a partir de
2015 que se prevê uma subida mais significativa da taxa de actividade, com intensificação da saída de
activos agrícolas para outros sectores. No periodo2010-2020, a taxa média de crescimento anual será
de 2,78%, superior à taxa de crescimento da população residente, exprimindo uma aceleração da
chegada de activos ao mercado de trabalho.

v) O Emprego Total Formal em 2020 (sem agricultura familiar de auto-consumo) deverá atingir os 7
milhões (5,1% em 2015) e 9,4 milhões se incluirmos os 2,4 milhões de activos da agricultura
familiar. As taxas médias de crescimento anual serão, respectivamente, de 5.1% e de 2.9%.

vi) A Taxa Líquida de Escolarização no Ensino Primário deverá chegar a 87% (82% em 2015),
representando uma subida muito forte de 12 pontos percentuais em relação a 2010.

vii) A Taxa Bruta de Escolarização do Ensino Superior intensificará a sua trajectória devendo chegar a
9% (7,7% em 2015) contra os 5% em 2010.

viii) A progressão da escolaridade superior e média estará bem expressa no crescimento dos activos com
Escolaridade Média e Superior no Emprego Formal: 20% em 2020 (14% em 2015 e 10% em 2010).

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4. Evolução do Stock Nacional de Quadros


(2010-2020)

15. A evolução do stock nacional de quadros no período 2010-2020 não poderá deixar de reflectir as orientações
definidas pela ENFQ e que o PNFQ deverá implementar. Dessa evolução destaca-se o seguinte:

i) O Universo de Pessoal Dirigente, Gestores e Quadros Superiores e Médios, a Nível Nacional


situava-se em 2010 em torno de 1.230 milhares representando cerca de 28,8% do emprego total
(“Taxa de Quadros”) em Angola (sem agricultura familiar e de auto-consumo). Esta proporção, em
termos estritamente quantitativos, está significativamente aquém de países africanos, como a África do
Sul (45%), Botswana (50%) e Egipto (60%). Acresce que, segundo diversas fontes, a qualidade dos
Quadros também será inferior, sendo sublinhado que a qualidade dos diplomados do Ensino Superior
em determinados domínios, estará abaixo do desejável e necessário.

ii) As Projecções para 2020 fazem elevar a “Taxa de Quadros” para 33%, correspondendo a um aumento
de 1,1 milhões de Dirigentes, Gestores e Quadros, passando o stock nacional de Quadros para 2.320
milhares. Ou seja, o Stock Nacional de Quadros (em termos líquidos) deverá crescer a uma taxa de
crescimento anual na ordem dos 6,6%, acima da taxa de crescimento do emprego (5.1%), sendo de
5.5% para Dirigentes e Quadros Superiores e de 6.9% para Quadros Médios. Anualmente, em média,
será necessário adicionar ao stock cerca de 109 mil Quadros, sendo 25 mil Dirigentes, Gestores e
Quadros Superiores e 84 mil Quadros Médios.

iii) Em 2020, a grande maioria (83,5%) dos “Dirigentes e Quadros” pertencerá ao Sector Empresarial,
público e privado, estando 16,5% na Administração Pública Total, correspondendo a um forte
crescimento do número de Quadros no sector empresarial (7,1%) e a uma evolução, desejavelmente
mais lenta, na Administração Pública (4,1%).

iv) Se considerarmos somente o grupo de qualificação mais elevada, “Dirigentes, Gestores e Quadros
Superiores”, a estimativa aponta apenas para cerca de 600 milhares, dos quais 81% estará no sector
empresarial.

v) A grande maioria serão Quadros Médios (Técnicos, Técnicos Médios), devendo atingir 1.720 milhares,
representando um acréscimo, na década, de 841 milhares, correspondendo a 74% do total de Quadros,
dos quais 84% estarão nas empresas.

vi) Prevê-se que a participação de Quadros Estrangeiros, ainda que aumentando em termos absolutos,
passando de uma estimativa de 55 mil para 81 mil (aumento anual médio de 2,6 milhares), reduza a
sua participação no total de 4,5% para 3,5%.

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Quadro 4.1 Plano Nacional de Formação de Quadros – Evolução do Stock Nacional de Quadros 2010-2025

2010 2015 2020 2025

Ad. Pública Empresas Total Ad. Pública Empresas Total Ad. Pública Empresas Total Ad. Pública Empresas Total
Dirigentes, Gestores e Quadros Superiores
58,4 292,5 350,9 76,0 349,0 425,0 114,8 485,0 599,8 132,0 721,3 853,3
(Milhares)
Quadros Médios
196,6 682,5 879,1 220,0 995,0 1.175,0 267,7 1.452,5 1.720,2 308,0 2.163,7 2.471,7
(Milhares)
Total
255,0 975,0 1.230,0 296,0 1.304,0 1.600,0 382,5 1.937,5 2.320,0 440,0 2.885,0 3.325,0
(Milhares)
Taxa Global de Participação de Quadros
1,5 5,3 4,5 1,5 5,0 4,3 1,0 4,0 3,5 0,5 2,8 2,5
Estrangeiros (%)

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5. Politica Nacional de Formação de Quadros

5.1. Objectivos
16. Os objectivos da Politica Nacional de Formação de Quadros são determinados pela Estratégia Nacional
de Formação de Quadros:

Objectivos Gerais:

a) Apoiar o desenvolvimento, quantitativo e qualitativo, do potencial humano de Angola, condição


essencial para a sustentabilidade do desenvolvimento económico, social e institucional e a inserção
internacional competitiva da economia angolana;
b) Assegurar a formação e qualificação de recursos humanos qualificados e altamente qualificados que
correspondam às necessidades de desenvolvimento do País;
c) Promover o ajustamento, quantitativo e qualitativo, entre as necessidades e a oferta formativa.

Objectivos Específicos:

i) Melhorar as condições de competitividade e internacionalização da economia angolana;


ii) Garantir a criação de uma eficiente e eficaz “Capacidade Nacional de Formação e Capacitação
de Quadros”, que articule o ensino técnico-profissional e o ensino superior;
iii) Promover a constituição de uma fileira efectiva de educação-formação para o ensino técnico e
tecnológico, incentivando a formação de técnicos, engenheiros e tecnólogos;
iv) Promover o desenvolvimento e consolidação do ensino superior, de acordo com as
necessidades efectivas do País;
v) Estruturar e desenvolver um Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, que corresponda, de
forma sustentável, às necessidades e prioridades de Angola;
vi) Assegurar a formação e qualificação das Profissões Estratégicas, Nucleares e Complementares,
definidas na ENFQ, de acordo com as Metas estabelecidas;
vii) Promover a criação de uma Capacidade Nacional de Prestação de Serviços Técnicos, que
valorize e mobilize os Quadros Nacionais;
viii) Melhorar as condições de funcionamento e de prestação de serviços da Administração Pública,
através da valorização e capacitação dos seus recursos humanos, com particular incidência nos
dirigentes e quadros superiores e técnicos, nomeadamente, em áreas prioritárias como sejam:
administração e gestão local e autárquica, carreiras técnicas, incluindo estudos, planeamento e
estatística, carreiras docentes em todos os níveis, carreira diplomática, carreira tributária,
magistraturas, carreiras de auditoria e inspecção ou carreiras médicas e afins;
ix) Assegurar uma formação profissional de excelência na Administração Pública, através de
intervenções articuladas e programadas de natureza diversa (dirigentes e gestores, formação
de vocação sectorial ou transversal);
x) Melhorar as condições de produtividade e rendibilidade do tecido empresarial angolano,
dotando-o, de forma progressiva, de empresários, gestores e quadros nacionais, qualificados e
motivados.

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5.2. Indicadores de Objectivos


17. A implementação, monitoria e avaliação do PNFQ será feita com base na seguinte Matriz de Indicadores de
Objectivos, que representam as Metas do PNFQ para 2020:

Quadro 5.1 Plano Nacional de Formação de Quadros – Indicadores de Objectivos 2020

Indicadores Unidade 2010 2015 2020 2025

Stock Nacional de Quadros Milhares 1.230 1.600 2.320 3.325

Taxa Geral de Quadros % 28,8 31,2 33,0 35,0

Milhares 350,9 425 599,8 853,2


Dirigentes, Gestores e Quadros Superiores
% do Emprego Total 8,2 8,3 8,5 9,0

Milhares 879,1 1.175 1.720,2 2.471,8


Quadros Médios
% do Emprego Total 20,6 22,9 24,5 26,0
Taxa de Participação de Quadros Estrangeiros
% 5,3 5,0 3,5 2,5
nas Empresas
Alunos Matriculados no Ensino Superior Milhares 117 200 275 360
Alunos Matriculados no Ensino Superior por
Unidade 610 910 1.100 1.300
100 Mil Habitantes
Alunos Diplomados no Ensino Superior a Nível
Milhares 5,7 14,0 22 36
Nacional
Relação Alunos Diplomados/Alunos
% 4,9 1,5 2,0 10,0
Matriculados no Ensino Superior
Número de Professores no Ensino Superior Milhares 2,4 4,4 6,9 9,0

Relação Alunos/Professor no Ensino Superior Unidade 49 45 40 40


Alunos Matriculados no Ensino Técnico
Milhares 106,2 250 440 690
Profissional
Alunos Matriculados no Ensino Técnico
Unidade 557 1.145 1.776 2.485
Profissional por 100 Mil Habitantes
Alunos Diplomados no Ensino Técnico
Milhares 20,1 47,5 88,0 155,3
Profissional
Relação Alunos Diplomados/Alunos
% 18,9 19,0 20,0 22,5
Matriculados no Ensino Técnico Profissional
Número de Professores no Ensino Técnico
Milhares 3,7 7,1 11,0 15,3
Profissional
Relação Alunos/Professor no Ensino Técnico
Unidade 29 35 40 45
profissional
Número de Médicos Unidade 3.000 4.500 8.500 13.850

Médicos por 100 Mil Habitantes Unidade 16 21 35 50

Número de Cientistas e Engenheiros em I&D Unidade n.d. 3.000 6.100 11.100


Cientistas e Engenheiros em I&D por 1 Milhão
Unidade n.d. 100 250 400
de Habitantes
(1)
Stock Nacional de Quadros/Emprego Total (sem agricultura familiar e de auto-consumo)

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i) Aumentar, em 10 anos, o stock nacional de Quadros em cerca de 90% (acréscimo de 1,1 milhões), o
que corresponde a uma taxa média anual de crescimento relativamente moderada de 6,6%, atingindo
um total de 2.320 milhares. A “Taxa Geral de Quadros” deverá subir de 28,8% para 33%;

ii) A Participação Relativa de “Dirigentes, Gestores e Quadros Superiores” deverá atingir 8,5% do
emprego total, o que dará um acréscimo total de cerca de 250 mil quadros, correspondente a uma taxa
de crescimento médio anual de 5,5%;

iii) A Participação Relativa de “Quadros Médios”, elevar-se-á a 24,5% do emprego total (20,6% em 2010),
quase duplicando o stock de 2010 e exprimindo uma taxa de crescimento anual de 6,9%, bem acima da
projectada para os quadros superiores;
Isto implicará que os Quadros Médios passarão a representar cerca de 75% do total de Quadros
(contra 71.5%, em 2010) dando expressão às prioridades da ENFQ.
A relação Quadros Médios/Quadros Superiores convergirá para uma relação mais normal (4 a 5 para 1),
subindo de 2,5 para 2,9;

iv) Os quadros estrangeiros nas empresas, ainda que aumentando 25 milhares, deverão ver a sua
participação no total de Quadros nas empresas descer de 5,3% para 3,5% em 2020 e 2,5% em 2025;

v) O número de alunos matriculados no ensino superior deverá ser multiplicado por 2,4 vezes, devendo
atingir os 275 milhares, passando o número de alunos matriculados por 100 mil habitantes de 360
para 1.100. Grande desafio para o ensino superior angolano, que deverá quase triplicar o seu número
de docentes para quase 7 mil. O número de alunos por professor permanecerá elevado, reflectindo a
rápida expansão da procura, ao mesmo tempo que a oferta de professores evoluirá mais lentamente,
conduzindo a múltiplas acumulações. O número de alunos por professor deverá baixar de 49 em 2010
para 45 em 2015 e 40 em 2020;

vi) O número de diplomados/ano irá registar um crescimento bastante acentuado, mas ainda insuficiente,
passando dos 5,7 mil para 22 mil em 2020, passando por 14 mil em 2015.
A expansão e reorientação do ensino superior, deverá ser ainda mais visível em 2025, em que se prevê a
graduação de 36 mil diplomados;

vii) O número de alunos matriculados no ensino técnico-profissional terá de registar um crescimento


muito acentuado, para reflectir as prioridades que o PNFQ atribui a este nível de formação, essencial à
formação de quadros técnicos médios. O número de alunos matriculados em 2020 deverá atingir os 440
milhares, mais do que quadruplicando o nível de 2010, o que corresponderá a uma taxa média anual
de crescimento de 15,3%. Se assim for, o número de alunos matriculados por 100 mil habitantes mais
do que triplicará, passando de 557 para 1.776 em 2020. A relação número de alunos por professor terá
de registar um aumento significativo por forma a melhorar a eficácia do sistema, passando de 29 em
2010 para 40 em 2020 e 45 em 2025, o que corresponderá a uma progressão substancial do número de
professores, elevando-se de 3,7 milhares em 2010 para 11 mil em 2020 e 15,3 milhares em 2025.

viii) Consequentemente, o número de alunos diplomados do ensino técnico-profissional terá de subir dos
actuais 20 mil para 88 mil em 2020 e 155 mil em 2025, ano em que a ENFQ estará a produzir o seu
maior impacto, conforme já referido;

ix) A implementação da PNFQ deverá igualmente permitir que o número de médicos se eleve dos actuais
16 para 35 por 100 mil habitantes, o que pressupõe a quase triplicação do número de médicos: de 3 mil
para 8,5 milhares em 2020 e 13,9 milhares em 2025.

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Versão Final (Setembro 2012)

Estas metas só serão possíveis com uma rápida expansão do ensino médico a nível nacional e uma
intensiva utilização organizada e programada da cooperação e contratualização externas;

x) Finalmente, refira-se que, embora não havendo dados seguros, para estimar, o actual stock de
cientistas e engenheiros em I&D, se aponta, ainda que com naturais reservas, para 250 por 1 milhão
de habitantes em 2020 e para 400 em 2025. Meta esta ainda aquém do nível verificado em 2007 em
países de nível médio de desenvolvimento, como são os casos do Brasil (660), Egipto (640) ou África do
Sul (400).
A estas Metas corresponderão cerca de 6 mil cientistas e engenheiros em I&D em 2020 e de 11 mil em
2025. É outro grande desafio para o desenvolvimento de Angola.

5.3. Prioridades e Programas de Acção Fundamentais


18. A prossecução dos objectivos e a concretização das metas do PNFQ deverão ser realizadas através da
concentração de esforços em prioridades. Estas prioridades estão expressas em dois tipos de resposta aos
problemas e necessidades identificadas: respostas Integradas para Domínios Transversais e respostas
para Domínios Específicos.

No primeiro grupo, as prioridades são concentradas na Formação e Capacitação Geral de Quadros Superiores
e de Quadros Médios e nas Medidas de Apoio à Procura. No segundo grupo, as prioridades estão orientadas
para: Formação de Professores e Investigadores para o Ensino Superior; Formação de Investigadores para o
Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; Formação de Docentes e Especialistas em Educação (Não
Universitária); Formação de Quadros para a Administração Pública; Formação de Quadros para o
Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial.

19. A cada uma destas Prioridades corresponde um Programa de Acção, que têm a seguinte estrutura
comum: enquadramento, objectivos, projectos, resultados esperados e medidas de política.

Os Programação de Acção são os seguintes:


 Programa de Acção 1: Formação de Quadros Superiores
 Programa de Acção 2: Formação de Quadros Médios
 Programa de Acção 3: Formação e Capacitação de Professores e de Investigadores para o Ensino Superior
e Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
 Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e Investigadores em Educação
 Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública
 Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial
 Programa de Acção 7: Apoio à Procura de Formação Superior: Política Pública de Bolsas de Estudos

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

20. A matriz seguinte, sintetiza o contributo dos Programas de Acção para os tipos de objectivos do PNFQ.

Quadro 5.2. Contributo dos Programas de Acção para a Concretização dos Objectivos do Plano Nacional de
Formação de Quadros

Docentes do
Quadros Quadros Ensino Superior,
Médios Superiores Investigadores e
Especialistas
Formação e Capacitação Geral de Quadros Médios  - -
Formação e Capacitação Geral de Quadros Superiores e
Programas de Acção

de Professores e Investigadores para o Ensino Superior -  


e Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
Formação e Capacitação de Docentes e Especialistas e
  
Investigadores em Educação
Formação e Capacitação de Quadros da Administração
  -
Pública
Formação de Quadros para o Empreendedorismo e
  -
Desenvolvimento Empresarial

21. Na concretização dos programas de formação o Plano Nacional de Formação de Quadros contempla diversos
tipos de resposta, assim tipificados:

 Oferta Interna. Incluem-se neste tipo de resposta, as medidas que pretendem dinamizar cada um dos
programas com base na criação de estruturas nacionais de educação-formação. Inclui as desenvolvidas
com o apoio de instituições estrangeiras.

 Oferta Externa. O recurso à Oferta Externa, por seu turno, tipifica uma resposta alicerçada em estruturas
de educação-formação estrangeiras que possam simultaneamente constituir uma alternativa para a
formação de quadros nacionais fora do País ou internamente através da criação própria de estruturas de
educação-formação.

 Política de Bolsas. A política de bolsas, incluindo bolsas internas e externas, referencia genericamente
uma resposta de incentivo à educação/formação de natureza financeira, que serve de apoio a políticas de
orientação na formação de quadros nacionais.

 Captação na Diáspora. O recurso à captação de quadros na diáspora inclui medidas que visam reforçar
a dotação nacional de quadros nacionais com base em quadros Angolanos com formação adquirida em
áreas necessárias ao projecto de desenvolvimento de Angola.

 Contratação de Quadros Estrangeiros. A contratação de quadros estrangeiros pretende responder


exclusivamente à criação de capacidade interna em áreas estratégicas e urgentes para o processo de
desenvolvimento de Angola.

21I207
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

22. Os Programas de Acção devem atingir as seguintes Metas:

Programas de Acção Metas

 285 Mil Diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional em 47 DEF;


 67 Mil Diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional nos 22 DEF sem oferta interna;
Formação de Quadros Médios
 72,7 Mil Diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional nos 14 DEF que, presentemente, têm
oferta interna potencialmente deficitária.

 121 Mil Diplomados pelo Ensino Superior nos Domínios Estratégicos de Formação (DEF);
 7,4 Mil Diplomados pelo Ensino Superior nos 5 DEF sem oferta interna;
Formação de Quadros Superiores
 53,4 Mil Diplomados pelo Ensino Superior nos 28 DEF que, presentemente, têm oferta interna
potencialmente deficitária.

Formação e Capacitação de
 4,8 Mil Mestres e 1,5 Mil Doutores;
Professores e Investigadores para
 140 Doutores nas 7 Áreas de Incidência da “ENCTI”.
o Ensino Superior

Formação de Quadros para a


 174 Mil Quadros da Administração Pública Formados/Capacitados.
Administração Pública

 80 Mil Potenciais Empreendedores Formados;


 32,5 Mil Empresários Capacitados;
 2,5 Mil Empresários com Formação a Nível Avançado;
Formação de Quadros para o  12,5 Mil jovens graduados a nível superior em “Gestão de Empresas” e “Gestão Financeira e
Empreendedorismo e Contabilidade”;
Desenvolvimento Empresarial  7,5 Mil licenciados e executivos, pós-graduados a nível profissional e académico, em “Gestão
de Empresas” e “Gestão Financeira e Contabilidade”;
 40 Mil jovens graduados a nível médio, em “Gestão Financeira e Contabilidade” e “Gestão
Comercial e Marketing”.

5.4. Resultados Esperados


23. A implementação destes Programas de Acção deverá permitir obter os seguintes resultados, no horizonte 2020:

A. Fileira de Educação para o Ensino Superior Reformulada e Melhorada, verificável, nomeadamente,


através de:
i) Aumentado, em cerca de 1,1 milhão, o número de dirigentes, gestores e quadros nacionais, elevando
a taxa geral de quadros de 28,8% para 33%, sendo 250 milhares de Quadros Superiores e 850
milhares de Quadros Médios;
ii) Cerca de 275 mil alunos matriculados e 22 mil diplomados pelo ensino superior, com um nível de
conhecimento e competências científicas, técnicas e profissionais substancialmente mais elevado do
que presentemente;
iii) Existência de 6,9 milhares de professores do ensino superior, com maior qualificação cientifica,
técnica e pedagógica, e maior nível de formação avançada, por forma a que, em 2020, 40% dos
docentes tenham o grau de Mestre e 20% o grau de Doutor;
iv) Reorientado o Ensino Superior, de acordo com as necessidades do Pais e com o PNFQ, assegurando
novos Cursos ou Instituições nos Domínios inexistentes e oferta acrescida nos deficitários,
controlando a oferta nos Domínios excedentários e operacionalizando o sistema de avaliação e
certificação do ensino superior, público e privado;

22I207
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

v) Definido e implementado o Estatuto do Pessoal Docente do Ensino Superior, que promova a sua
qualificação nas instituições;
vi) Estabelecido e operacionalizado o Sistema de Informação para o Ensino Superior;
vii) Definido e implementado o Sistema de Financiamento do Ensino Superior;
viii) Limitada a concessão de vistos de trabalho nas áreas potencialmente excedentárias;
ix) Elaborado o “Programa Nacional de Doutoramento”.

B. Fileira de Educação-Formação para o Ensino Técnico e Tecnológico organizada e implementada,


observável, designadamente, através de:
i) Cerca de 440 mil alunos matriculados e 88 mil diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional, com
prioridade absoluta para os Domínios inexistentes e deficitários;
ii) Existência de 11 mil professores do ensino técnico-profissional, com habilitação e qualificação
adequadas;
iii) Reestruturado o ensino técnico-profissional, de acordo com as necessidades do País e com o PNFQ,
com prioridade absoluta para novos Cursos ou Instituições nos Domínios inexistentes ou deficitários;
iv) Realizado o estudo sobre empregabilidade dos cursos do ensino técnico-profissional;
v) Melhoradas as aprendizagens e os processos pedagógicos;
vi) Aumentada e melhorada a rede de infraestruturas do ETP;
vii) Competências acrescidas dos professores e formadores do ETP.

C. Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, estruturado, organizado e implementado,


avaliável, em particular, através de:
i) Existência de 6.100 Cientistas e Engenheiros em Investigação e Desenvolvimento, correspondente a
250 por 1 milhão de habitantes;
ii) Formados 4,8 mil investigadores com o Grau de Mestre e 1,5 mil com o Grau de Doutor;
iii) Formados 140 investigadores com o Grau de Doutor nas 7 áreas de incidência da ENCTI;
iv) Definido e implementado o Estatuto do Investigador;
v) Organizado e implementado o Sistema de Estatística e Informação do SNCT;
vi) Elaborado o “Programa Nacional de Formação e Capacitação de Investigadores”.

D. Sistema de Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e Investigadores em Educação,


estruturado, desenvolvido e implementado, evidenciável, nomeadamente, através de:
i) Conhecimento produzido sobre Oferta e Procura Actual e Identificadas Necessidades Futuras de
Quadros Docentes;
ii) Estabelecida e implementada a Rede de Oferta de Formação Integrada adequada às necessidades de
quadros médios e superiores docentes;
iii) Organizada e operacionalizada a Rede de Oferta de Profissionalização Pedagógica de Docentes
segundo o modelo sequencial;
iv) Oferta, substancialmente acrescida, de cursos de qualificação de formadores de quadros docentes,
de investigadores e de especialistas em educação;
v) Dispositivos desenvolvidos e instalados de promoção e garantia de qualidade da oferta de formação
de quadros docentes médios e superiores;
vi) Acreditados profissionalmente cursos de ensino superior pedagógico;
vii) Avaliados para efeitos de reconhecimento, cursos médios como habilitação para docência;
viii) Reconhecidos cursos não direccionados para o ensino, como habilitação própria para a docência.

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E. Sistema Integrado de Formação da Administração Pública, organizado e instalado, verificável,


designadamente, através de:
i) Estabelecido o quadro legal e regulamentar do Sistema Integrado de Formação da Administração
Pública (SIFAP), com explicitação dos seus objectivos, princípios, instituições de formação,
modalidades de formação e sistema de financiamento;
ii) Formados e/ou capacitados com, pelo menos, uma acção de formação, cerca de 174 mil Quadros da
Administração Pública;
iii) Formados e Capacitados Formadores em Administração Pública, assegurando um Bolsa estável de
100 formadores;
iv) Constituída a Rede Angolana de Instituições de Formação em Administração Pública, envolvendo
também instituições estrangeiras;
v) Revisto o Regime de Carreiras e Chefias, com prioridade para os regimes de recrutamento, selecção
e progressão na carreira, formação associada à carreira e valorização de dirigentes e quadros da
Administração Local;
vi) Estruturadas e enquadradas as modalidades de formação para carreiras de regime especial.

F. Sistema de Educação-Formação para Empreendedores, Empresários e Gestores de Empresas,


estruturado e implementado, avaliável, em particular, através de:
i) Estabelecido o quadro legal e regulamentar do Sistema de Educação-Formação para
Empreendedores, Empresários e Gestores de Empresas;
ii) Formados, através de formação inicial, 80 mil potenciais empreendedores;
iii) Formados, através de formação continua, 30 mil empresários angolanos;
iv) Formados, através de Formação Avançada, 2.500 empresários angolanos;
v) Graduados e Pós-Graduados, com formação superior em Gestão de Empresas, 20 mil jovens e executivos;
vi) Criada uma Capacidade Nacional Integrada de Formação de Empreendedores, Empresários e
Gestores, com uma estrutura organizacional especifica;
vii) Estabelecidos incentivos especiais à formação de empresários angolanos, no âmbito do PDMPE e das
Linhas de Crédito ao Empresariado Angolano;
viii) Incentivada e desenvolvida a pesquisa e investigação em “Empreendedorismo e Desenvolvimento
Empresarial”.

G. Medidas de Apoio à Procura implementadas, designadamente, através de:


i) Reformulada a Politica Nacional de Bolsas, concedendo prioridade à concessão de bolsas internas e
externas de pós-graduação para docentes do ensino superior, investigadores e especialistas e a
alunos com elevado aproveitamento escolar, além da população carenciada ou de regime especial;
ii) Definida a política social escolar para o ensino superior e ensino técnico-profissional.

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6. Programas de Acção Fundamentais

6.1. Programa de Acção 1: Formação de Quadros Superiores


6.1.1. Enquadramento
6.1.1.1. Quadro Estratégico
24. A ENFQ identificou, no âmbito da formação dos quadros superiores graduados, um conjunto de domínios
estratégicos, agora revistos. Em cada um destes domínios verifica-se uma de três situações, no tocante à
relação entre o potencial de formação actual e as necessidades de quadros previstas para o desenvolvimento
socioeconómico de Angola, a ter em conta nas respostas a dar:
 Défice;
 Equilíbrio;
 Excesso.

Na primeira situação incluem-se igualmente os casos de domínios em que ainda não há oferta em Angola.

25. Os tipos de resposta, em particular nos casos de défice, foram identificados na ENFQ, actuando sobre as
seguintes áreas:
 Oferta interna;
 Oferta externa;
 Orientação da política de bolsas;
 Captação de quadros na diáspora;
 Contratação de quadros estrangeiros.

De par com o objectivo de dotar Angola com o número de quadros necessários, é essencial assegurar que a
qualidade dos quadros formados é adequada às funções que se pretende que desempenhem e que seja
comparável com padrões internacionais. Um dos factores que contribui para a qualidade da formação é a
formação avançada do corpo docente, a par da sua competência pedagógica.

26. O corpo docente das instituições de ensino superior apresenta um nível médio de qualificação baixo,
requerendo o desenvolvimento de formação avançada dos docentes. Mas, se a formação avançada é um pilar
da consolidação do ensino superior e da sua qualidade, a sua eficácia depende da capacidade de fixar os
docentes, de assegurar que, em número significativo, se dedicam à investigação, desenvolvimento e inovação,
e de evitar que leccionem em múltiplas instituições. As medidas a adoptar deverão favorecer a dedicação
plena à instituição onde lecciona e o envolvimento em actividades de investigação e de prestação de
serviços no quadro da instituição.

O Decreto nº 90/09 estabelece que o docente apenas pode leccionar numa outra instituição, desde que
autorizado, embora se constate que esta norma ainda não é generalizadamente cumprida. A dedicação plena
dos docentes, como forma de promover a investigação, desenvolvimento e inovação no seio das instituições
de ensino superior, por si ou em colaboração com unidades de investigação, designadamente laboratórios de
Estado ou centros de investigação de empresas, exige que os sistemas de carreira e de remuneração sejam
desenhados de forma a criar condições para o efeito.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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27. Sendo estas condições essenciais para a consolidação do ensino superior, a sua passagem à prática requer a
existência de mecanismos de verificação, designadamente através de um serviço de inspecção e de um
sistema de avaliação da qualidade.

A legislação actual – designadamente o mesmo Decreto nº 90/09, que regula o ensino superior, incluindo a
criação e funcionamento das instituições de ensino superior, a criação e acreditação dos cursos, bem como a
actividade e qualificação do corpo docente – só será eficaz se for cumprida, o que requer a existência de um
serviço de inspecção que verifique a sua aplicação.

A qualidade da oferta formativa requer, para além de inspecção, um sistema de avaliação, tal como o previsto
no Decreto nº 90/09, que assegure um mínimo de qualidade e, para além desse mínimo, promova a sua
melhoria progressiva.

6.1.1.2. Quadro Institucional


28. Do Decreto nº 90/09 constam três tipos de instituições quanto à sua natureza: pública, público-privada e
privada, enunciadas no artigo 28º e caracterizadas nos capítulos IV, V e VI, respectivamente.

Sendo a menos comum, é importante ressaltar a definição das instituições público-privadas, formulada no
art.º 56: As instituições de ensino superior público-privadas são aquelas em que o Estado pode participar na
iniciativa da sua criação e na sua gestão, podendo assegurar integral ou parcialmente o financiamento das
despesas com o pessoal docente ou com projectos de desenvolvimento da instituição de ensino, em parceria
com entidades promotoras privadas, sempre no interesse do Estado.

De um ponto de vista da sua organização interna, estas instituições seguem o figurino das instituições
públicas, obedecendo a sua criação aos critérios previstos para as instituições privadas.

Assim, nas respostas da oferta interna poderão ser consideradas as seguintes alternativas institucionais, nos
casos em que é necessário um aumento significativo de capacidade para a formação de quadros:
 Reforço da formação:
− Em instituições públicas;
− Contratualizado com instituições privadas;
 Criação de novas instituições:
− Públicas;
− Contratualização com privados para a criação de instituições público-privadas.

6.1.1.3. Quadro Geral de Necessidades de Quadros Superiores


29. A Estratégia Nacional de Formação de Quadros (ENFQ) seleccionou 98 Profissões estratégicas de
Quadros Superiores. Estas profissões foram inseridas em Domínios de Formação. Destes foi constituído um
grupo de Domínios Estratégicos de Formação onde se devem concentrar as intervenções prioritárias. O Plano
Nacional de Formação de Quadros (PNFQ) procede a uma revisão dos Domínios da ENFQ (41), tendo chegado
a um conjunto de 43 Domínios Estratégicos de Formação (Quadro 6.1).

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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1
30. A Análise destes Domínios revela, em síntese, o seguinte (Quadro 6.2):
 5 Domínios sem Oferta Interna Actual;
 21 Domínios com Deficit Muito Forte, com um saldo deficitário total de 46.440;
 7 Domínios com Deficit Forte, com um saldo deficitário total de 7.005;
 7 Domínios com Excedente Potencialmente Forte, com um saldo excedentário de 22.820;
 3 Domínios Tendencialmente em Equilíbrio, com um saldo conjunto de -440.

31. O “Balanço” revela algumas situações potenciais que importa evidenciar:

i) A necessidade imperiosa de lançar em 2013-2014 oferta interna nos Domínios sem Oferta Interna em
particular nas áreas da Engenharia (Transportes, Pescas e Agricultura e Alimentar).

ii) Deficites muito acentuados, em termos absolutos, em Domínios críticos, como sejam: Enfermagem,
Engenharia Mecânica, Medicina, Matemática, Biologia, Engenharia Electrotécnica e Engenharia Química;

iii) Adicionalmente, oferta interna muito baixa, em termos relactivos, com elevadas taxas de deficit
noutros domínios, como sejam: Enfermagem, Línguas, Literaturas e Culturas Angolanas e Africanas,
Gestão Hoteleira e do Turismo, Ciências Veterinárias e Geologia;

iv) O Deficit ou Excedente potencial em formações superiores deve ser analisado de forma articulada
com excedente ou deficit ao nível da formação média. É o caso de contabilidade, excedentária ao
nível da formação média e deficitária a nível superior ou, o contrário, em gestão de recursos humanos. O
que recomenda a adopção de medidas de reorientação da procura;

v) Existem domínios com situações excedentárias, quer na formação superior quer na formação
média e que devem ser objecto de análise e de intervenções articuladas de regulação, como são os casos
de: informática, economia e gestão;

vi) Devem ser objecto de intervenção integrada, domínios em que a oferta é deficitária, quer a nível
superior quer médio, como são os casos de Domínios fortemente responsáveis pela formação de
Quadros para os Mega-Clusters Económicos Prioritários e para o Sector da Saúde:
− Domínios relacionados com Alimentação e Agro-Alimentar;
− Domínios das Engenharias e Tecnologias;
− Domínios das Ciências Médicas e da Saúde;
− Domínios relacionados com a Química e a Biologia.

vii) Estão identificados domínios em que os défices são muito elevados, designadamente quando
comparados com a capacidade actual. Nestes casos, haverá que avaliar se a criação da capacidade
necessária para colmatar os défices não vai induzir um excesso de oferta a prazo. Esta questão é
especialmente relevante quando a opção for pela criação de novas instituições. De notar, no entanto,
que a acuidade desta questão é atenuada pelo facto do sistema de ensino superior angolano ainda estar
em forte expansão.
No sentido de evitar que se crie capacidade formativa excedentária, por efeito dos programas
desenhados para colmatar os actuais défices de formação, resultando em instituições com dimensão
física e de corpo docente excessiva, a criação de novas instituições deverá ser precedida de uma

1
Saldo Fortemente Deficitário: Deficite / Oferta Interna Superior a100%
Saldo Deficitário: Deficite / Oferta Interna Superior a 25% e Inferior a 100%
Saldo Fortemente Excedentário: Excedente / Oferta Interna Superior a 100%

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

avaliação detalhada das necessidades de formação em regime permanente e, em consequência, a sua


sustentabilidade.

viii) Os saldos de diplomados, apresentado no Quadro 6.2 em valores absolutos, representam proporções
diversas da capacidade actualmente existente no sistema de ensino superior, público e privado. O tipo de
resposta a dar depende desta proporção, considerando-se que, quando o acréscimo de capacidade
requerido não é muito forte, é possível dar resposta através do aumento da oferta nas instituições
existentes.

Quadro 6.1 Balanço Necessidades - Oferta Educativa Interna nos Domínios Estratégicos de Formação Superior

Previsão de Previsão de Oferta


Saldo Final Saldo/Oferta
Áreas Científicas, Ciências e Domínios Necessidades Totais Interna Total
2010 - 2020 Interna (%)
2010 - 2020 2010 - 2020
Ciências Exactas
Matemática 3.350 850 -2.500 -294,1
Física 1.125 550 -575 -104,5
Química 1.375 530 -845 -159,4
Ciências Naturais e do Ambiente
Geologia 1.875 490 -1.385 -282,7
Biologia 2.500 270 -2.230 -825,9
Ciências Médicas e da Saúde
Medicina 5.750 2.060 -3.690 -179,1
Medicina Dentária 1.375 1.080 -295 -27,3
Enfermagem 18.750 4.450 -14.300 -321,3
Ciências Veterinárias 1.750 420 -1.330 -316,7
Ciências Farmacêuticas 1.875 550 -1.325 -240,9
Ciências da Engenharia e Tecnologias
Engenharia Civil 3.750 2.110 -1.640 -77,7
Arquitectura 1.125 1.170 45 3,8
Engenharia Electrotécnica e Electrónica 3.250 1.100 -2.150 -195,5
Engenharia Informática 4.500 6.510 2.010 30,9
Engenharia Mecânica 6.750 1.960 -4.790 -244,4
Engenharia Transportes 2.750 0 -2.750 -
Engenharia Telecomunicações 3.500 2.220 -1.280 -57.7
Engenharia Química 2.250 150 -2.100 -1.400,0
Engenharia Petróleos 1.750 520 -1.230 -236,5
Engenharia Ambiente 2.250 1.130 -1.120 -99,1
Engenharia Geográfica 1.125 480 -645 -134,3
Engenharia Minas 1.125 490 -635 -129,6
Ciências Agrárias e da Pesca
Engenharia Agronómica 2.750 875 -1.875 -214,3
Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais 1.125 710 -415 -58,5
Engenharia Pesca e Aquicultura 1.750 0 -1.750 -
Engenharia Alimentar 1.125 0 -1.125 -
Ciências Sociais, Políticas e da Comunicação
Direito 3.250 12.940 9.690 74,9
Ciências Políticas 1.125 890 -235 -26,4

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Previsão de Previsão de Oferta


Saldo Final Saldo/Oferta
Áreas Científicas, Ciências e Domínios Necessidades Totais Interna Total
2010 - 2020 Interna (%)
2010 - 2020 2010 - 2020
Economia 3.250 7.600 4.350 57,2
Sociologia 1.375 1.330 -45 -3,3
Gestão de Recursos Humanos 2.750 4.310 1.560 36,2
Psicologia 5.750 5.310 -440 -8,2
Ciências da Comunicação 875 1.500 625 41,7
Ciências da Gestão e Administração
Gestão e Administração de Empresas 6.500 9.260 2.760 29,8
Gestão Pública 1.375 3.200 1.825 57,0
Contabilidade 8.250 6.230 -2.020 -32,4
Gestão Hoteleira e do Turismo 1.125 225 -900 -400,0
Artes e Humanidades
Artes 1.125 0 -1.125 -
Design e Moda 625 0 -625 -
Filosofia e Religião 1.125 90 -1.035 -1.150,0
Línguas, Literatura e Cultura Angolana (a) 1.750 320 -1.430 -446,9
Língua e Literatura Portuguesa (a) 1.375 610 -765 -125,4
Língua e Literatura Inglesa (a) 1.125 490 -635 -129,6
TOTAL 121.350 84.980
(a) Não está incluída a formação de professores do respectivo domínio

Quadro 6.2 Domínios de Formação por Natureza do Saldo Procura-Oferta

Saldo Saldo/Oferta
Domínios de Formação
Procura-Oferta Interna (%)
1. Domínios Sem Oferta Interna Actual
Engenharia de Transportes -2.750 -
Engenharia de Pescas e Agricultura -1.750 -
Engenharia Alimentar -1.125 -
Artes -1.125 -
Design e Moda -625 -
Total -7.375 -
2. Domínios Com Deficit Muito Forte
Matemática -2.590 -294
Física -575 -105
Química -845 -159
Geologia -1.385 -283
Biologia -2.230 -826
Medicina -3.690 -179
Enfermagem -14.300 -321
Ciências Veterinárias -1.330 -317
Ciências Farmacêuticas -1.325 -241
Engenharia Electrotécnica e Electrónica -2.150 -196
Engenharia Mecânica -4.790 -244
Engenharia Química -2.100 -1.400

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Versão Final (Setembro 2012)

Saldo Saldo/Oferta
Domínios de Formação
Procura-Oferta Interna (%)
Engenharia de Petróleos -1.230 -237
Engenharia Geográfica -645 -134
Engenharia de Minas -635 -130
Engenharia Agronómica -1.875 -214
Gestão Hoteleira e do Turismo -900 -400
Filosofia e Religião -1.035 -1.150
Línguas, Literatura e Cultura Angolanas e Africanas -1.430 -447
Língua e Literatura Portuguesa -765 -125
Língua e Literatura Inglesa -635 -130
Total -46.440
3. Domínios Com Deficit Forte
Medicina Dentária -295 -27
Engenharia Civil -1.640 -78
Engenharia de Telecomunicações -1.280 -58
Engenharia do Ambiente -1.120 -99
Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais -415 -59
Ciências Políticas -235 -26
Contabilidade -2.020 -32
Total -7.005
4. Domínios Com Excedente Potencial Muito Forte
- - -
5. Domínios Com Excedente Potencial Forte
Engenharia Informática 2.010 31
Direito 9.690 75
Economia 4.350 57
Gestão de Recursos Humanos 1.560 36
Ciências da Comunicação 625 42
Gestão e Administração de Empresas 2.760 30
Gestão Política 1.825 57
Total 22.820
6. Domínios Tendencialmente Em Equilíbrio
Arquitectura 45 3,8
Sociologia -45 -3,3
Psicologia -440 -8,2
Total -440

6.1.1.4. Tipos de Resposta aos Desequilíbrios


6.1.1.4.1. Prioridades na Abordagem dos Défices

32. Do ponto de vista das respostas equacionadas para colmatar os défices, a primeira prioridade será para o
reforço da oferta interna, com base no investimento no reforço da capacidade, o que implicará o aumento do
número de docentes e a sua qualificação, de preferência com base em recursos humanos nacionais. No
entanto, sendo ainda limitada a formação avançada a nível nacional, haverá que recorrer a parcerias e

30I207
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

acordos de cooperação com instituições estrangeiras para colmatar essa limitação, designadamente no apoio
ao reforço da oferta interna.

Em segundo lugar, coloca-se o recrutamento de quadros na diáspora, embora não seja expectável que o
volume de contratação possa ser significativo face aos défices. Em terceiro lugar, a contratação de
estrangeiros, por período limitado, até que seja possível formar nacionais, ou em domínios muito específicos,
é uma alternativa a considerar.

33. No que se refere aos domínios deficitários, a prioridade será o reforço da capacidade de formação no País,
considerando que o recrutamento na diáspora não permitirá uma resposta quantitativamente significativa e
que as bolsas se justificam apenas nos casos em que o número de quadros necessários num dado domínio de
graduação, por ser muito específico, é diminuto e não justifica criar capacidade de formação no País.

No que segue tratam-se as abordagens para o reforço da capacidade nacional de formação de quadros a
nível de graduação. Considera-se que existem, no essencial, três tipos de soluções:

 Reforço de cursos existentes em instituições existentes;


 Criação de novas formações em instituições existentes;
 Criação de novas instituições.

A primeira alternativa é sobretudo adequada nos casos em que se determinaram défices fortes, mas não
muito fortes. É tratada seguidamente como contratualização do reforço de formação, seja com instituições
públicas ou privadas.

A terceira alternativa é tratada sob o título de criação de novas instituições e dirige-se essencialmente às
situações de défice muito forte.

Finalmente, a segunda alternativa é um misto das outras duas. Em alguns casos, as necessidades a que se
pretende responder não têm dimensão adequada à criação de uma instituição autónoma e será preferível
contratualizar a formação com instituições existentes. Por exemplo, a Gestão Hoteleira e do Turismo, cujo
défice foi identificado como muito forte, pertence à área de conhecimento em que existem excedentes, como
em Gestão e Administração de Empresas e em Gestão de Recursos Humanos. Embora seja viável criar uma
pequena instituição, será provavelmente mais eficiente contratualizar o aumento de oferta com instituições
da área da Gestão já existentes, eventualmente criando novas unidades orgânicas. A metodologia a adoptar
nestes casos dependerá da avaliação das situações concretas existentes e oferecidas pelos potenciais
parceiros.

6.1.1.4.2. Contratualização do Reforço de Formação

34. A formação para cobrir o défice previsto requer um tempo mínimo de contrato que permita criar as condições
para a formação, admitir os alunos e realizar um número de coortes de que resulte a cobertura do défice. A
duração do contrato dependerá do número de coortes necessárias e, portanto, da dimensão realista de cada
coorte em regime intensivo.

A dimensão realista de cada coorte em regime intensivo está relacionada com as da instituição em regime
permanente. A existência, ou não, de instalações especializadas poderá condicionar esta relação,
considerando-se genericamente realista uma relação de 2:1, ou seja, duplicando o número de turnos ou
turmas. No caso de formações que exigem a realização de estágios, por exemplo, a prática clínica dos cursos

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de saúde, haverá ainda que considerar o condicionamento da capacidade para acolher os estágios das
instituições onde estes são realizados.

Estes aspectos condicionam a escolha das instituições de base, ou seja, as entidades parceiras destes
contratos, no sentido de assegurar que a dimensão do défice que se pretende colmatar está proporcionada à
capacidade permanente existente ou a desenvolver.

Os critérios para orientar a decisão envolverão, designadamente:

 A identificação das necessidades em regime permanente e das instituições com condições para dar
resposta, públicas e privadas, bem como a cobertura do território por domínios;
 A disponibilidade de condições envolventes, caso dos estágios, adequadas aos cursos previstos.

A identificação das instituições com as quais são estabelecidos os contratos será por escolha do Estado, em
função da respectiva capacidade, localização geográfica, etc., podendo, no caso das privadas, ser realizado por
concurso.

Haverá casos em que a capacidade da instituição escolhida não é suficiente, em virtude da falta de recursos
docentes no domínio, podendo requerer o envolvimento de outro parceiro, ou parceiros, designadamente um
parceiro estrangeiro. No caso da instituição escolhida ser pública, a escolha de entidade estrangeira poderá
ser feita por concurso. No caso de a instituição ser privada, a instituição a escolher dever-se-á apresentar a
concurso já com a(s) parceria(s) definida(s).

Por exemplo, o aumento da oferta em Engenharia de Telecomunicações (défice forte, 58%) poderá ser
contratualizado com instituições públicas, como a Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto,
ou com instituições privadas, como a Universidade Católica, ambas oferecendo já formação neste domínio.

6.1.1.4.3. Criação de Novas Instituições

35. A opção pela criação de uma nova instituição supõe que existem necessidades permanentes que não
podem ser satisfeitas pelas instituições já em funcionamento, com a sua capacidade actual, e que é
preferível criar uma nova instituição do que ampliar as existentes. Uma das razões poderá ser a de se
considerar que as instituições existentes já têm dimensão adequada ou se entender ser de privilegiar o
alargamento da rede a locais onde ainda não existam as formações em causa. Por exemplo, a criação de
formação em Engenharia Mecânica ou Eletromecânica em Cabinda, na Lunda Sul ou Lunda Norte.

A opção pela criação de uma instituição deverá ter igualmente em consideração a necessidade da nova
instituição ter uma dimensão mínima, articulando a resposta a vários domínios, de preferência que tenham
coerência e sinergias entre si. É, por exemplo, o caso de várias engenharias com défice muito forte,
designadamente, Minas, Electrotécnica e Electrónica, de Petróleos, Mecânica e Química.

Uma vez decidida a criação de uma nova instituição, a natureza institucional poderá ser uma das três
previstas no decreto 90/09: pública, público-privada ou privada. Sendo a justificação para a criação de
novas instituições o facto de os domínios serem claramente deficitários, não é expectável que existam
recursos humanos suficientes e qualificados para fazer funcionar a instituição. Assim, as opções mais
adequadas serão as de criar instituições com base em parcerias envolvendo entidades estrangeiras com
capacidade nos domínios respectivos.

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6.1.1.4.4. Parcerias para a criação de instituições

36. Consideram-se três opções, em função da natureza da instituição a criar:


 Natureza pública
− Criação de uma instituição pública de ensino superior de tipo compatível com os domínios e níveis de
formação a desenvolver, incluindo a designação de uma comissão instaladora;
− Identificação de entidade ou entidades com capacidade para oferecer conhecimento do domínio e
recrutar corpo docente qualificado nacional e/ou estrangeiro (eventualmente por concurso);
− Definição dos objectivos a contratualizar, designadamente no que se refere ao prazo do contrato, à
formação intensiva (número de diplomados a formar durante o contrato) e às características da
instituição no final do contrato (domínios de intervenção, capacidade formativa, qualificação do corpo
docente e de outro pessoal, equipamento da instituição, etc.);
− Negociação do valor do contrato e sua assinatura, envolvendo o Estado, a instituição pública e a
entidade que fornece o serviço, definindo as competências, responsabilidades e formas de articulação
entre as partes;
− Calendarização da transferência da responsabilidade da formação da entidade fornecedora do serviço
para os órgãos da instituição pública.

 Natureza privada
− Identificação de uma entidade promotora (eventualmente por concurso) disponível para criar uma
instituição privada de ensino superior (nacional) de tipo compatível com os domínios e níveis de
formação a desenvolver, com capacidade própria ou em parceria para oferecer conhecimento do
domínio e recrutar corpo docente qualificado nacional e/ou estrangeiro;
− Definição dos objectivos a contratualizar, designadamente no que se refere ao prazo do contrato, à
formação intensiva (número de diplomados a formar durante o contrato) e às características da
instituição no final do contrato (domínios de intervenção, capacidade formativa, qualificação do corpo
docente e outro pessoal, equipamento da instituição, etc.), bem como a comparticipação financeira do
Estado;
− Negociação do valor do contrato entre o Estado e a entidade promotora, eventualmente envolvendo
parceiros, definindo as responsabilidades e formas de articulação entre as partes.

 Natureza público-privada
− Definição do objectivo final quanto à natureza da instituição, após o período de duração do contrato
inicial: pública, privada ou, eventualmente, manutenção da natureza público-privada;
− Identificação de uma entidade promotora disponível (eventualmente por concurso) para participar na
instituição público-privada de ensino superior de tipo compatível com os domínios e níveis de
formação a desenvolver, com capacidade própria ou em parceria para oferecer conhecimento do
domínio e recrutar corpo docente qualificado nacional e/ou estrangeiro;
− Definição dos objectivos a contratualizar, designadamente no que se refere ao prazo do contrato, à
formação intensiva (número de diplomados a formar durante o contrato) e às características da
instituição no final do contrato (domínios de intervenção, capacidade formativa, qualificação do corpo
docente e outro pessoal, equipamento da instituição, etc.), bem como a comparticipação financeira do
Estado;
− Negociação do valor do contrato entre o Estado e a entidade promotora, eventualmente envolvendo
parceiros, definindo as responsabilidades e formas de articulação entre as partes.

Em qualquer destes casos, quer se trate de criar uma instituição pública, privada ou público-privada, a
parceira com a qual se estabelece o contrato, deverá ser uma entidade idónea e ter competência reconhecida
nos domínios de formação contratados.

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6.1.2. Objectivos
37. Este Programa visa os seguintes Objectivos:

Objectivos Globais
i) Contribuir para o desenvolvimento económico-social de Angola, capacitando o seu potencial humano e
elevando o seu nível científico e tecnológico;
ii) Assegurar que Angola disporá de quadros superiores em quantidade e qualidade para suportar o seu
desenvolvimento económico e social.

Objectivos Específicos
 Assegurar a formação de 121 mil diplomados pelo ensino superior nos Domínios Estratégicos de
Formação;
 Aumentar a capacidade do ensino superior nacional para que a formação anual de quadros permita
colmatar os défices identificados num prazo de 10 anos;
 Substituir a atribuição de bolsas para a graduação no exterior pelo reforço da capacidade nacional e o
aumento das bolsas para formação de docentes do ensino superior e de investigadores, tanto internas
como para o exterior;
 Regular o sistema de ensino superior de forma a assegurar uma qualidade mínima da formação oferecida
e a sua melhoria progressiva.

6.1.3. Projectos
38. Este Programa de Acção integra os seguintes 4 Projectos:
 Projecto 1.1 Domínios Estratégicos de Formação Deficitários Sem Oferta Actual
 Projecto 1.2 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Deficitários
 Projecto 1.3 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Excedentária
 Projecto 1.4 Domínios Estratégicos de Formação Tendencialmente em Equilíbrio

6.1.3.1. Projecto 1.1 Domínios Estratégicos de Formação Deficitários Sem Oferta Actual
6.1.3.1.1. Objectivos

39. Os Objectivos, a prosseguir por este Projecto são os seguintes:


i) Promover a formação e qualificação de quadros superiores, nomeadamente para os clusters económicos e
sectores sociais prioritários;
ii) Assegurar a formação de 7,4 mil Diplomados pelo Ensino Superior nos 5 Domínios (Engenharia de
Transportes, Engenharia de Pescas e Agricultura, Engenharia Alimentar, Artes, Design e Moda) para os
quais não existe, presentemente, oferta interna.

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40. A concretização destes objectivos exige a adopção dos seguintes tipos de acção entre outros:
a) Elaborar, em 2013, um estudo detalhado sobre os Domínios sem oferta por forma a determinar qual
a situação organizacional mais adequada para cada um: criação de novos cursos em instituições já
existentes ou criação de novas instituições. Admite-se que os cursos de engenharia possam ser
localizados em instituições já existentes e as de “Design e Moda” e “Artes” possam dar lugar a novas
instituições;
b) Assegurar que estes novos cursos possam ter o seu arranque em 2015, para o que será necessário
iniciar em 2013 a preparação do seu lançamento, envolvendo a organização curricular, recrutando a
formação do pessoal docente e a definição dos requisitos institucionais, físicos e financeiros.
Elaborar, consequentemente, a programação anual do lançamento de novos cursos;
c) Promover a constituição de parcerias público-privadas, com promotores nacionais e estrangeiros, em
que poderá assentar o lançamento dos cursos na área dos transportes, agro-alimentar e artística;
d) Organizar o processo de Ensino-Aprendizagem dos novos cursos.

6.1.3.2. Projecto 1.2 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Deficitários


6.1.3.2.1. Objectivos

41. Este Projecto deverá prosseguir os seguintes Objectivos:


i) Promover a formação e qualificação de quadros superiores, nomeadamente, para os clusters económicos
e sectores sociais prioritários;
ii) Assegurar a formação de 53,4 mil diplomados pelo Ensino Superior, nos 28 domínios Estratégicos de
Formação que, presentemente, têm oferta interna potencialmente deficitária, 46,4 milhares em 20
Domínios com deficit muito forte e 7 milhares em Domínios com deficit forte.

42. Atingir estes objectivos implicará um conjunto de acções, algumas comuns a outros projectos, de que
evidenciamos os seguintes:

a) Elaborar em 2013 uma intervenção integrada para alargar a oferta interna nestes domínios deficitários,
procedendo ao agrupamento de respostas por áreas científicas afins, designadamente:
− Ciências Exactas: Matemática, Física e Química;
− Ciências Naturais e do Ambiente: Geologia e Biologia;
− Ciências Médicas e da Saúde: Medicina, Medicina Dentária, Enfermagem, Ciências Veterinárias e
Ciências Farmacêuticas;
− Ciências da Engenharia e Tecnologias: Civil, Electrotécnica e Electrónica, Mecânica, Química,
Petróleos, Minas, Telecomunicações, Florestal e dos Recursos Naturais, Agronómica, Ambiente e
Geografia;
− Ciências das Línguas e Literaturas: Angolanas e Africanas, Portuguesa e Inglesa;
b) Selecção em 2013 das instituições de ensino superior que irão reforçar a sua oferta nestes domínios,
devendo ser utilizada, quando necessária, a cooperação internacional para o reforço de pessoal docente;
c) Proceder à elaboração da Programação Anual, até 2020, dos Cursos cuja oferta deverá ser
reforçada até 2014.
Deverá ser concedida prioridade aos Domínios de Formação que assegurarão Quadros Superiores para
os Clusters e Sectores Sociais Prioritários: Engenharia Agronómica, Engenharia Florestal e dos Recursos
Naturais, Biologia, Engenharia Civil, Engenharia de Telecomunicações, Ciências Médicas e da Saúde,
Línguas e Literaturas;
d) Cada instituição seleccionada deverá, no prazo de 3 meses, elaborar um Memorando sobre os meios
necessários (humanos, técnicos, instituições e financeiros) para reforçar a oferta;
e) Promover a captação de docentes angolanos na diáspora.

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6.1.3.3. Projecto 1.3 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Excedentária


6.1.3.3.1. Objectivos

43. Este Projecto deverá almejar os seguintes Objectivos:

i) Adequar a Formação de Quadros Superiores às Necessidades do País;


ii) Regular a oferta de cursos potencialmente excedentários, que poderá atingir cerca de 22,8 milhares de
diplomados.

44. A prossecução destes objectivos implica a adopção de acções, tais como:

a) Promover a regulação da oferta de cursos superiores potencialmente excedentários, visando a redução


do excedente potencial de 22,8 milhares distribuído pelos seguintes Domínios: Engenharia
Informática, Direito, Economia, Gestão dos Recursos Humanos, Ciências da Comunicação, Gestão a
Administração de Empresas e Gestão Pública;
b) Promover em 2013 intervenções específicas para os cursos onde o excedente potencial é mais
elevado, sendo particularmente preocupante a situação projectada para os Domínios: Direito, Economia,
Gestão e Engenharia Informática.
As intervenções deverão considerar a articulação com a formação a nível médio, pois que, também a este
nível, se identificam potenciais excedentes nos domínios de Informática, Economia e Contabilidade e
Gestão Financeira.
Nos Domínios Excedentários, a nível superior e médio, em que não seja possível promover reorientação,
ascendente ou descendente, de procura, as soluções mais viáveis serão: limitações quantitativas
(suspensão de novos cursos, redução do mínimo de alunos por turma, introdução de limitações de vagas
aos cursos existentes) ou encerramento de cursos ou instituições e reafectação de meios para cursos de
áreas deficitárias, como sejam Contabilidade (a nível superior) ou Gestão Hoteleira e do Turismo;
c) Limitar de forma acentuada a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros nestes Domínios
de Formação, em particular nos seguintes: Direito, Economia, Gestão de Empresas e Informática;
d) Promover a realização de estudos de empregabilidade destes Domínios de Formação.

6.1.3.4. Projecto 1.4 Domínios Estratégicos de Formação Tendencialmente em Equilíbrio


6.1.3.4.1. Objectivos

45. Este Projecto visa os seguintes Objectivos:

i) Ajustar a Formação de Quadros Superiores às Necessidades do País;


ii) Acompanhar a evolução da oferta interna e da procura nos Domínios Tendencialmente em equilíbrio.

46. A realização destes objectivos implica a adopção de algumas acções de âmbito limitada, dado que somente 3
domínios se encontram nestas condições (Arquitectura, Sociologia e Psicologia):

a) Regular a oferta interna de acordo com a evolução da procura, em particular na área da Psicologia;
b) Proceder à avaliação da empregabilidade destes Domínios de Formação.

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6.1.4. Resultados Esperados


47. Os resultados Esperados deste Programa de Acção são, assim, sumariamente caracterizados:

a) Diplomados 124 milhares de Quadros pelo Ensino Superior nos Domínios Estratégicos de Formação;
b) Formados os Quadros Superiores necessários para o Desenvolvimento do País, com maior prioridade
para os 4 Mega Clusters Económicos e Sectores Sociais prioritários;
c) Reestruturado o Ensino Superior e criada a Fileira de Ensino-Formação Técnico e Tecnológico, que
articule o ensino superior com o ensino médio;
d) Iniciados até 2015 os novos cursos nos Domínios Estratégicos de Formação que presentemente não
têm oferta interna, assegurando a formação de 7,4 mil Diplomados;
e) Criados os meios necessários e definida a solução organizacional mais adequada para a
implementação de oferta nos domínios que actualmente não a têm;
f) Diplomados 53,4 milhares de quadros nos 28 Domínios de Formação deficitários, sendo 46,4
milhares em 20 Domínios com Deficit Muito Forte e 7 milhares nos 8 Domínios com Deficit Forte;
g) Iniciados até 2015 todos os cursos com déficit de oferta com prioridade para os Clusters e Sectores
Sociais Prioritários;
h) Regulado o número de diplomados pelo Ensino Superior nos 7 Domínios com oferta interna
excedentária, com um excedente conjunto da ordem dos 22,8 milhares de diplomados;
i) Limitada a concessão de vistos de trabalho nas áreas potencialmente excedentárias;
j) Acompanhada a evolução da procura-oferta nos domínios de Formação Potencialmente em
Equilíbrio.

6.1.5. Medidas de Política


48. Para a obtenção destes resultados devem contribuir, designadamente, as seguintes Medidas de Política:

i) Consolidar o sistema de ensino superior, revendo o seu quadro legal e regulamentar, por forma a
garantir a qualidade da formação, tanto a nível de graduação, como de pós-graduação, cuja expansão se
pretende. Para tal, é necessário, como prioridade para enquadrar o desenvolvimento do sistema, tornar
efectivos os mecanismos previstos na legislação, designadamente o Decreto nº 90/09, de 15 de
Dezembro;
ii) Estabelecer a fileira de ensino técnico-tecnológico;
iii) Operacionalizar o Serviço de Inspecção que permita assegurar que o funcionamento das instituições e
cursos estão dentro dos parâmetros legais e resultantes da sua aprovação, envolvendo já em 2013 e
2014:
- A constituição e formação de um corpo de inspectores;
- Definição de um programa de acções inspectivas a realizar, cobrindo a totalidade das instituições de
ensino superior;
iv) Constituir, a partir de 2013 ou 2014, o registo de docentes previsto na legislação, como base de
trabalho da inspecção e visando assegurar que a lei é cumprida no que se refere às acumulações;
v) Desenvolver o sistema de avaliação, do ensino superior, considerando:
- Um primeiro ciclo de avaliação, a partir de 2014, com uma abordagem pedagógica, de trabalho com
as instituições no sentido de identificar as acções necessárias à melhoria da qualidade do ensino
superior;
- Uma fase posterior, a realizar após a primeira ronda completa de avaliação, em que os resultados da
avaliação terão já consequências para as autorizações de funcionamento de cursos e das próprias
instituições;

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vi) Definir e implementar o Sistema de Informação do Ensino Superior, definindo em 2013 indicadores a
recolher regularmente a partir de 2014, como instrumento essencial de regulação, designadamente no
apoio à decisão e às actividades de avaliação;
vii) Definir o sistema de financiamento, em 2013 e 2014, criando a figura de contratos-programa:
- Orientando os objectivos e metas para o sistema público de ensino superior;
- Enquadrando a eventual contratualização de objectivos e metas com instituições privadas;
viii) Planificar a rede do Ensino Superior, em 2013, abarcando todos os domínios de formação e
identificando as condições para o desenvolvimento das iniciativas públicas, público-privadas e privadas,
como instrumento de orientação para os projectos de reforço das formações deficitárias a desenvolver;
ix) Fixar números máximos de vagas para acesso ao ensino superior, revisto anualmente, tendo em conta
a capacidade das instituições de ensino superior e as necessidades nacionais de quadros;
x) Definir em 2013 e 2014 um estatuto de carreira docente do ensino público, servindo de referência
para o privado, que:
- Crie condições para o exercício da docência-investigação em dedicação plena à respectiva
instituição;
- Inclua a avaliação do desempenho pedagógico e científico, bem como exigências de formação
pedagógica;
xi) Regulamentar, em 2013 e 2014 a concessão de bolsas internas e externas, no sentido de reduzir as
bolsas externas para licenciatura a casos excepcionais, orientando-as para a frequência de mestrados no
País e para mestrados no exterior em áreas sem oferta significativa no País, bem como para
doutoramentos;
xii) Proceder, em 2013 e 2014, ao levantamento de necessidades e planeamento de oferta de formação
para o corpo técnico das instituições de ensino superior, em particular de técnicos de laboratório que
permitam assegurar a operacionalidade das infraestruturas e libertar os docentes para as tarefas de
docência e investigação. Essas formações poderão ser incluídas no quadro dos contratos visando o
reforço da formação ou, nos casos em que tal não seja possível, contratualizadas autonomamente;
xiii) Criar a entidade que será responsável pelos processos de contratualização e de acompanhamento
dos contratos, de parceria com entidades nacionais e estrangeiras, em colaboração designadamente
com o serviço de inspecção. Esta entidade deverá assegurar as seguintes acções:
- Planificação da rede do ensino superior;
- Elaboração de propostas de projectos concretos a propor para decisão do governo;
- Preparação dos processos de concurso e negociação para concretização desses projectos;
- Instrução das propostas de adjudicação a submeter ao governo;
- Acompanhamento do desenvolvimento dos projectos.
xiv) Incentivar a constituição de Parcerias Público-Privadas, com promotores nacionais e estrangeiros, para
o lançamento de novos cursos ou instituições;
xv) Promover a captação orientada e selectiva de quadros superiores na diáspora;
xvi) Realizar estudos de empregabilidade sobre diplomados do ensino superior, em particular para as
formações mais prioritárias;
xvii) Promover a articulação, quer entre o sector público e sector privado, quer entre o ensino superior e o
ensino médio, nas áreas de formação mais sensíveis, procedendo ao agrupamento de respostas
(criação, reformulação de cursos e instituições) em particular nas seguintes áreas científicas de:
Ciências Exactas, Ciências Naturais e do Ambiente, Ciências Médicas e da Saúde, Ciências da Engenharia
e Tecnologias, Línguas e Literaturas.

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6.2. Programa de Acção 2: Formação de Quadros Médios


6.2.1. Enquadramento
6.2.1.1. Quadro Estratégico
49. O subsistema Ensino Técnico-Profissional (ETP) integra o macro-sistema Ensino Secundário que se divide
em dois ciclos (1º e 2º ciclos).

Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 13/01 de 31 de Dezembro de 2001) o ETP é a base da
preparação técnica e profissional de jovens e trabalhadores, após o ensino primário (6ª classe – ensino
obrigatório), que os prepara para o exercício de uma profissão ou especialidade.

50. O ETP compreende a formação profissional básica (1º ciclo do ETP), que se realiza nos Centros de Formação
Profissional, públicos e privados, e a formação média técnica, acessível aos indivíduos com a 9ª classe, que é
promovida por escolas técnicas.

Através da formação profissional básica os jovens e adultos adquirem e desenvolvem conhecimentos gerais
e técnicos, atitudes e práticas relacionadas com o exercício de uma profissão, com o objectivo de melhorar a
integração do indivíduo na vida activa.

A formação média técnica (de Nível III), que contribui para a formação de quadros, destinada a jovens e
adultos com a 9ª classe, “visa proporcionar aos alunos conhecimentos gerais e técnicos para os diferentes
ramos de actividade económica e social (...), permitindo-lhes a inserção na vida laboral e mediante critérios, o
acesso ao ensino superior” (artigo 25º alínea 1, da Lei de bases do sistema educativo). Esta etapa do ETP tem a
duração de 4 anos, e após este período os jovens e adultos que tiverem aproveitamento estarão capazes de
“exercer responsabilidades de orientação e de coordenação” (2007).

Após a 12ª classe do ensino geral, pode ainda haver lugar à organização de uma oferta intermédia (antes do
ensino superior) com duração variável de 1 a 2 anos consoante o tipo de área de especialidade, embora sem
atribuição de grau.

51. O processo de Reforma do ETP (RETEP), iniciado em 2001, implicou a definição e a aprovação de uma
estratégia política que previa não só orientações de carácter material, tais como reabilitação e construção de
novas infra-estruturas e apetrechamento de laboratórios e oficinas com equipamentos técnicos, mas também
orientações imateriais, como a reforma curricular dos cursos técnico-profissionais e a formação do corpo
docente, por exemplo.

52. Actualmente existem, em todo o País, 78 Escolas Técnicas Públicas de nível médio (existem mais 5
exclusivamente de nível básico). Além destas, existem ainda mais 75 Escolas Técnicas Privadas,
perfazendo um total de 153 Escolas Técnicas que ministram formação média, distribuídas por todo o País
como se pode observar no quadro seguinte.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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Quadro 6.3 Distribuição da Rede de Escolas, Públicas e Privadas

Nº Província Escolas Técnicas Públicas Escolas Técnicas Privadas Total


01 Bengo 2 0 2
02 Benguela 5 13 18
03 Bié 5 0 5
04 Cabinda 6 1 7
05 Cunene 1 0 1
06 Huambo 4 3 7
07 Huíla 4 3 7
08 Kuando kubango 1 0 1
09 Kuanza Norte 2 0 2
10 Kuanza Sul 3 0 3
11 Luanda 29 55 84
12 Lunda Norte 2 0 2
13 Lunda Sul 2 0 2
14 Malanje 2 0 2
15 Moxico 2 0 2
16 Namibe 3 0 3
17 Uíge 4 0 4
18 Zaire 1 0 1
Total 78 75 153
Fonte: Ministério da Educação. Julho de 2012.

53. A província com maior concentração de estabelecimentos é a de Luanda (84), com 55% do total, seguida de,
longe, por Benguela (18), tendo as restantes entre 1 e 7 escolas.

Todas as Províncias têm escolas públicas, ainda que 3 Províncias (Cunene, Kuando-Kubango e Zaire) somente
tenham uma e 6 Províncias apenas duas. Em Luanda estão localizadas 37% das escolas públicas.

As escolas privadas apenas estão presentes em 5 Províncias e fortemente concentradas em Luanda, onde
se localizam 73% dos estabelecimentos escolares, reflectindo a lógica empresarial da sua localização e não a
do serviço público.

54. As escolas estão dotadas de laboratórios que permitem a formação técnica, tecnológica e prática. A título de
exemplo, assinalam-se os mais significativos, relativamente a alguns cursos menos recentes:

 Laboratórios de instalações eléctricas, destinados a cursos de energia e instalações eléctricas;


 Laboratórios de electrónica básica e avançada, destinados aos cursos na área de electrotecnia, nos seus
diferentes ramos (p.e. telecomunicações e electrónica);
 Laboratórios de pneumática e electro-pneumática, destinados, por exemplo, a electrónica, manutenção
industrial e mecatrónica;

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 Laboratórios de robótica;
 Laboratórios de informática básica, transversal a todos os cursos;
 Laboratórios/oficinas de mecânica auto, para cursos de máquinas e motores;
 Laboratórios de química básica, destinados a apoiar cursos do ramo industrial e agrário.

55. Os cursos existentes dividem-se pelas seguintes grandes áreas às quais associamos também o número total
de cursos:
 Administração e Serviços;
 Comunicação e Informação;
 Agricultura, Pesca e Indústria Alimentar;
 Construção Civil;
 Electricidade, Electrónica e Telecomunicações;
 Informática;
 Indústria Extractiva;
 Mecânica;
 Química.

A acrescer à rede RETEP foram criadas, recentemente, mais algumas áreas, perfazendo cerca de 12 áreas de
formação:
 Saúde;
 Artes;
 Ciências Religiosas.

56. É uma oferta que parece continuar em crescimento à medida que os cursos e escolas vão sendo integrados
pela RETEP. Neste contexto, estão previstas a implementação, em 2012, das áreas de Hotelaria e Turismo,
Energias Renováveis e Design, totalizando 15 áreas de formação.

57. Cada uma das áreas de formação integra um conjunto de cursos, a saber:

 Administração e serviços (6):


Gestão Empresarial;
Contabilidade e Gestão;
Administração Pública;
Estatística e Planeamento;
Contabilidade;
Secretariado.

 Agricultura, pesca e indústria alimentar (5):


Produção Vegetal (Agricultura);
Produção Animal (Pecuária);
Recursos Florestais;
Gestão Agrícola;
Agro-Alimentar.

 Construção civil (3):


Técnico de Obras de Construção Civil;
Desenhador Projectista;
Topógrafo.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

 Electricidade, electrónica e telecomunicações (7):


Electrónica Industrial e Automação;
Electrónica, Automação e Instrumentação;
Electricidade e Electrónica Auto;
Electrónica Áudio, Vídeo e TV;
Energia e Instalações Eléctricas;
Electrónica e Telecomunicações;
Mecatrónica.

 Informática (4):
Gestão dos Sistemas Informáticos;
Técnico de Informática;
Sistemas Multimédia;
Informática de Gestão.

 Química (3):
Ambiente e Controlo da Qualidade;
Química Industrial;
Petroquímica.

 Indústrias Extractivas (5):


Perfuração e Produção Petrolífera;
Operação de Petróleo;
Geologia e Minas;
Refinação;
Gás.

 Mecânica (4):
Manutenção Industrial;
Máquinas e Motores;
Frio e Climatização;
Metalomecânica.

 Comunicação e Informação (1):


Comunicação Social.

 Saúde (12):
Técnico de Análises Clínicas;
Técnico de Anatomia Patológica;
Técnico de Enfermagem;
Técnico de Estomatologia;
Técnico de Cardiopneumologia;
Técnico de Farmácia;
Técnico de Fisioterapia;
Técnico de Ortoprotesia;
Técnico de Ortóptica;
Técnico de Nutrição e Dietética;
Técnico de Radiologia;
Técnico de Saúde Ambiental.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

 Artes (5):
Técnico de Dança Educativa;
Técnico de Teatro;
Técnico de Música;
Técnico de Escultura;
Técnico de Desenho Artístico.

 Ciências Religiosas (1):


Educador Social.

 Hotelaria e Turismo (5):


Técnico de Restauração, variante Cozinha/Pastelaria;
Técnico de Restauração, variante Restaurante/Bar;
Técnico de Turismo;
Técnico de Recepção;
Técnico de Gestão Hoteleira.

 Energias Renováveis (2):


Técnico de Energia Solar;
Técnico de Energia Eólica.

 Design (5):
Técnico de Comunicação Gráfica;
Técnico de Design Multimédia;
Indústria Têxtil;
Indústria de Calçado;
Indústria da Madeira.

O perfil da oferta de cursos de formação média técnica no âmbito da RETEP, à data da recolha de informação,
perfazia um universo de 68 cursos em 15 áreas de formação.

58. A expansão ao nível do número de estabelecimentos e de novas áreas e cursos é uma dinâmica prevista para
o ETP para dar resposta às necessidades de quadros médios do País. O PNFQ prevê o seu crescimento não
só de novas áreas de formação como de novos cursos, quer em novas áreas quer nas áreas já
existentes. O País possui, ainda, uma capacidade de crescimento de cursos e ou estabelecimentos,
nomeadamente, nas restantes províncias além de Luanda. Uma resposta especializada é um caminho para o
crescimento da rede em função do domínio de determinados sectores de actividade económica.

59. O desenvolvimento dos 4 Mega-Clusters económicos considerados prioritários (Alimentação e Agro-


Indústria, Energia e Água, Habitat e Transportes e Logística) e dos Sectores Sociais Fundamentais (Educação
e Saúde) deverá orientar nos próximos anos a expansão e a reorientação do ETP.

6.2.1.2. Quadro Geral de Necessidades de Quadros Médios


60. A Estratégia Nacional de Formação de Quadros define 63 Domínios de Formação Média, como os mais
relevantes. Destes, 47 foram considerados estratégicos, sendo objecto de projecção de necessidades e de
oferta tendencial de formação

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Estas projecções encontram-se suportadas, sempre que possível, nos dados dos processos de inquirição e
estimativas da Estratégia Nacional de Formação de Quadros, relativamente a índice de escassez
(Necessidades/Stock) e relação Quadros Médios/Quadros Superiores para as áreas de formação em causa, tendo por
base a informação por Cluster; e na distribuição dos Projectos Estruturantes por Mega-Cluster, tendo em vista,
também, a majoração dos 4 prioritários: Agro-alimentar, Energia e Agua, Habitat e Transportes e Logística.

61. No quadro seguinte procede-se ao Balanço Necessidades-Oferta Interna nos 47 Domínios Estratégicos
de Formação Média.

Quadro 6.4 Balanço Necessidades - Oferta Interna Nos Domínios Estratégicos de Formação Média

Previsão de Necessidades Previsão de Oferta Interna Saldo Final


Áreas Científicas, Ciências e Domínios
Totais – 2010-2020 Total – 2010-2020 2010-2020
Ciências Exactas
Matemática e Estatística
Estatística 550 550 0
Química
Análises Químicas e Microbiológicas 7.000 4.500 -2.500
Técnicas de Laboratório 9.000 0 -9.000
Ciências Naturais e do Ambiente
Ciências Biológicas
Bioquímica 2.250 0 -2.250
Ciências da Terra (inclui Geologia)
Geodesia e Topografia 850 600 -250
Ciências Médicas e da Saúde
Ciências Farmacêuticas
Farmácia 3.500 1.000 -2.500
Ciências Veterinárias
Cuidados Veterinários e de Sanidade Animal 6.500 0 -6.500
Enfermagem
Enfermagem e Técnicas Auxiliares de Saúde 8.000 6.000 -2.000
Outras Ciências da Saúde
Emergência Médica/Paramedicina 400 0 -400
Técnicas de Obstetrícia 1.500 0 -1.500
Higiene Oral 2.750 0 -2.750
Tecnologias de Diagnóstico 3.250 0 -3.250
Ciências da Engenharia e Tecnologias
Engenharia Electrotécnica e Electrónica
Energia e Instalações Eléctricas 25.000 30.000 5.000
Electromecânica 12.500 0 -12.500
Electrónica 8.000 7.500 -500
Engenharia Informática
Informática 17.500 25.000 7.500
Instalação e Gestão de Redes e Sistemas
3.000 1.000 -2.000
Informáticos
Engenharia Mecânica
Mecânica 2 35.000 37.500 2.500
Formação Técnica em Metalomecânica 6.000 6.500 500

2
Inclui 10.000 em Manutenção Industrial, 10.000 em Máquinas e Motores e 7.500 em Frio e Climatização.

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Previsão de Necessidades Previsão de Oferta Interna Saldo Final


Áreas Científicas, Ciências e Domínios
Totais – 2010-2020 Total – 2010-2020 2010-2020
Engenharia Têxtil
Formação Técnica Têxtil 3 1.000 0 -1.000
Engenharia de Transportes
Formação Técnica em Distribuição e Operações
0 -2.000
Logísticas 2.000
Formação Técnica em Planeamento e Gestão de
4.000 0 -4.000
Transportes
Engenharia de Telecomunicações
Formação Técnica em Telecomunicações 5.000 8.000 3.000
Engenharia de Petróleos
Formação Técnica em Prospecção e Perfuração de Poços 1.750 1.000 -750
Formação Técnica em Gestão de Off-Shores e
600 0 -600
Operações Subaquáticas
Formação Técnica em Refinação e Processamento de
1.200 750 -450
Petróleo
Formação Técnica em Segurança Ambiental e
1.250 0 -1.250
Protecção Sanitária
Formação Técnica em Segurança de Sistemas
600 0 -600
Petrolíferos e de Gás Natural
Engenharia Naval
Formação Técnica Naval 2.750 0 -2.750
Outras Ciências da Engenharia e Tecnologias
Formação Técnica em Produção Alimentar 2.500 0 -2.500
Formação Técnica em Geologia e Minas 3.750 2.500 -1.250
Formação Técnica em Produção Industrial e
3.000 0 -3.000
Qualidade
Engenharia do Ambiente
Formação Técnica em Ambiente e Conservação 4.000 0 -4.000
Engenharia Civil
Formação Técnica em Construção Civil 13.000 14.000 1.000
Formação Técnica em Desenho 3.000 8.000 5.000
Ciências Agrárias e da Pesca
Engenharia Agronómica
Formação Técnica em Produção Agrícola 17.500 12.000 -5.500
Engenharia de Pesca e Aquicultura
Formação Técnica em Indústria das Pescas 3.000 1.500 -1.500
Biotecnologia Agrária e Alimentar
Formação Técnica em Produção Agro-Alimentar 2.000 0 -2.000
Ciências Sociais, Políticas e da Comunicação
Economia
Formação Técnica em Economia 7.000 11.000 4.000
Sociologia
Formação Técnica em Gestão de Recursos Humanos 2.500 0 -2.500
Outras Ciências Sociais, Jurídicas e da Comunicação
Formação Técnica em Biblioteconomia, Arquivo e
1.000 0 -1.000
Documentação
Ciências da Gestão e Administração
Gestão e Administração
Formação Técnica em Contabilidade e Gestão 25.000 65.000 40.000

3
Previsão de Necessidades apenas para 2015 - 2020.

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Versão Final (Setembro 2012)

Previsão de Necessidades Previsão de Oferta Interna Saldo Final


Áreas Científicas, Ciências e Domínios
Totais – 2010-2020 Total – 2010-2020 2010-2020
Financeira
Formação Técnica em Gestão Comercial e Marketing 16.500 15.750 -750
Gestão Hoteleira e do Turismo
Formação Técnica em Hotelaria e Restauração 4.500 3.000 -1.500
Formação Técnica em Informação e Animação
850 500 -350
Turística
Artes e Humanidades
Design e Moda
Formação Técnica em Design e Moda 1.250 750 -500
Audiovisuais e Media
Formação Técnica em Audiovisuais 1.750 0 -1.750
Total 284.800 263.900 -20.900

62. Os 47 Domínios de Formação Média considerados estratégicos apresentam, para o período 2010-2020, uma
necessidade global de cerca 285 mil diplomados. A projeccção da tendência recente de oferta interna de
ensino médio aponta, por sua vez, para 264 mil diplomados, revelando situações de deficit, excedente ou de
quase equilíbrio que importa sublinhar.

63. Vejamos, em primeiro lugar, os Domínios de Formação sem Oferta Actual. São 22 Domínios que, no seu
conjunto, representam necessidades de 67,1 milhares (23,6% do total).

As situações mais criticas e de maior dimensão são: Electromecânica, Técnicas de Laboratório, Cuidados
Veterinários e de Sanidade Animal, Planeamento e Gestão de Transportes, Ambiente e Conservação e
Produção Industrial e Qualidade.

Quadro 6.5 Domínios de Formação Sem Oferta Actual

Necessidades
Domínios de Formação
(2010-2020)
Formação Técnica em Técnicas de Laboratório 9.000
Formação Técnica em Bioquímica 2.250
Formação Técnica em Cuidados Veterinários e de Sanidade Animal 6.500
Formação Técnica em Emergência Médica/Paramedicina 400
Formação Técnica em Técnicas de Obstetrícia 1.500
Formação Técnica em Higiene Oral 2.750
Formação Técnica em Tecnologias de Diagnóstico 3.250
Formação Técnica em Electromecânica 12.500
Formação Técnica Têxtil 1.000
Formação Técnica em Distribuição e Operações Logísticas 2.000
Formação Técnica em Planeamento e Gestão de Transportes 4.000
Formação Técnica em Gestão de Off-Shores e Operações Subaquáticas 600
Formação Técnica em Segurança Ambiental e Protecção Sanitária 1.250
Formação Técnica em Segurança de Sistemas Petrolíferos e de Gás Natural 600
Formação Técnica Naval 2.750
Formação Técnica em Produção Alimentar 2.500
Formação Técnica em Produção Industrial e Qualidade 3.000

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Versão Final (Setembro 2012)

Formação Técnica em Ambiente e Conservação 4.000


Formação Técnica em Produção Agro-Alimentar 2.000
Formação Técnica em Gestão de Recursos Humanos 2.500
Formação Técnica em Biblioteconomia, Arquivo e Documentação 1.000
Formação Técnica em Audiovisuais 1.750

64. Existem 3 Domínios com um deficit de oferta muito forte (igual ou superior a 100% da oferta
potencial): Formação Técnica em Farmácia, Instalação e Gestão de Redes e Sistemas Informáticos e Indústria
das Pescas.

65. São 11 os Domínios com um défice forte (de 25 até 100% da oferta potencial): Formação Técnica em
Análises Químicas e Microbiológicas, Geodesia e Topografia, Enfermagem e Técnicas Auxiliares de Saúde,
Prospecção e Perfuração de Poços, Refinação e Processamento de Petróleo, Geologia e Minas, Produção
Agrícola, Gestão Comercial e Marketing, Hotelaria e Restauração, Informação e Animação Turística, Design e
Moda.

66. Não existem Domínios com Excedente Potencial Muito Forte (igual ou superior a 100% da Oferta
Potencial) e são 5 os Domínios com Excedente Potencial Forte (de 25% até 100% da oferta potencial):
Informática, Telecomunicações, Desenho de Construção Civil, Economia e Contabilidade e Gestão
Financeira.

67. Os restantes 6 Domínios tendem para o equilíbrio (até mais ou menos 25% da oferta potencial):
Formação Técnica em Estatística, Energia e Instalações Eléctricas, Electrónica, Mecânica, Metalomecânica e
Construção Civil.

6.2.1.3. Novas Ofertas Formativas e Aumento das Existentes. Fundamentação


68. As projecções anteriores justificam, nalguns casos, a criação de novas ofertas formativas e o crescimento
de ofertas já existentes. A seguir, como enquadramento, procede-se a esta análise pelos principais clusters
de actividades.

 Geologia, Minas e Indústria

Domínios sem oferta formativa: Geologia e Minas; Electromecânica; Técnica Têxtil; Técnica Naval.
Os resultados do processo de inquirição apontam para uma maior importância dos quadros médios em
detrimento dos quadros superiores à razão de 3 para 1 (ENFQ, 2012).
É no sector da indústria metalúrgica que se verifica uma maior necessidade de recrutamento de quadros
médios (ENFQ, 2012).
Promover o desenvolvimento do sector da indústria da transformação em bases sustentáveis,
contribuindo para a geração de emprego.
Para esse efeito estão identificados alguns instrumentos, tais como, a definição de uma política de
inovação industrial, estabelecimento de um sistema nacional de qualidade e segurança industrial e
reforço dos órgãos de suporte da actividade industrial, designadamente o Instituto de Desenvolvimento
Industrial de Angola, o Instituto Angolano de Normalização e Qualidade e o Instituto Angolano de
Propriedade Industrial.
Prevê-se uma meta de crescimento médio anual de 10%, em termos globais para a indústria
transformadora.

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Versão Final (Setembro 2012)

A indústria extractiva não petrolífera é igualmente um sector de aposta para os próximos anos. A
aprovação e implementação do Plano Nacional de Geologia e Minas permitiu desenvolver um conjunto
de acções favoráveis à diversificação da produção mineira. Entre as medidas identificadas, destacam-se,
em particular, a elaboração de cartografia temática de cunho geológico, geotécnico e metalogénico. Os
instrumentos para a sua dinamização são também de natureza diversa, destacando-se os seguintes:
Plano Nacional de Geologia, Programa de Diversificação da Indústria Mineira e Programa de Produção
Artesanal de Diamantes. O programa identifica ainda metas para a produção de diamantes, granito,
mármore e quartzo.

 Petróleo e Gás Natural

Domínios sem oferta formativa: Gestão de Off-Shores e Operações Subaquáticas; Segurança Ambiental
e Protecção Sanitária; Segurança de Sistemas Petrolíferos e de Gás Natural.
Domínios para crescimento da oferta: Refinação e Processamento de Petróleo; Prospecção e
Perfuração de Poços.
Reconhecimento da importância dos quadros médios, embora com menor relevo do que os quadros
superiores (ENFQ, 2012).
Reconhecimento da necessidade de recrutamento de mais quadros médios do que superiores (ENFQ,
2012).
Petróleo e gás natural são as principais fontes de receitas de exportação e orçamentais, assumindo uma
importância estratégica no processo de desenvolvimento económico e social.
Entre um conjunto alargado de objectivos destacam-se os seguintes: intensificar as actividades de
prospecção de pesquisa de petróleo bruto e gás natural, desenvolver a indústria do gás natural e da
petroquímica, fomentar a cadeia de fornecimento de bens e serviços no sector petrolífero e fomentar o
viveiro de quadros do sector dos petróleos, através da formação no Instituto Nacional de Petróleos e no
ISPTEC.

 Alimentação e Agro-Indústria

Domínios sem oferta formativa: Cuidados Veterinários e de Sanidade Animal; Biotecnologia Agro-
Alimentar; Formação Técnica em Produção Alimentar e Bioquímica.
Domínios para crescimento da oferta: Produção Agrícola e Indústria das Pescas.
Considerando os domínios específicos do sector, os quadros médios possuem uma importância maior
(ENFQ, 2012).
O maior peso das profissões prioritárias para os quadros médios neste cluster situa-se no sector das
pescas e aquicultura (ENFQ, 2012).
As medidas de política consignam vários aspectos, entre os quais a articulação entre empresas e sistema
de educação-formação, os centros de saber e as infra-estruturas tecnológicas e as instituições
financeiras; identificação de áreas geográficas de confluência, desenvolvimento da pesquisa aplicada e
desenvolvimento da formação de recursos humanos para perfis-chave.

 Habitat

Domínios sem oferta formativa: Ambiente e Conservação.


O habitat é um dos clusters que deve ser alvo de um processo de estruturação.
Prevê-se para o período 2012-2017 a institucionalização dos Sistemas Nacionais de Ordenamento do
Território e do Urbanismo e da Habitação.

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Conclusão do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação (2014), desenvolvimento de novas


centralidades, requalificação das cidades e repovoamento das localidades com o desenvolvimento de
aldeias rurais.
Reconhecimento da importância dos quadros médios para a competitividade do sector, apesar de uma
maior importância atribuída aos quadros superiores (ENFQ).

 Turismo e Lazer

Domínios sem oferta formativa: não existem domínios sem oferta formativa, mas a oferta de
Informação e Animação Turística tem que ser ajustada a partir dos cursos de Turismo.
Domínio para crescimento da oferta: Hotelaria e Restauração; Informação e Animação Turística.
Para o período 2012-2017, está prevista a implementação de uma série de medidas das quais se
destacam: implementação do Plano Director para o Desenvolvimento do Turismo, definição dos planos
territoriais e de ordenamento turístico das províncias, criação do Sistema Nacional de Formação
Profissional para o sector turístico, construção e apetrechamento de escolas técnico-profissionais do
sector, entre outros.
A maioria das profissões identificadas como prioritárias e com necessidades de recrutamento são as
relativas aos quadros médios, nomeadamente para o alojamento e restauração (ENFQ, 2012).

 Transportes e Logística

Domínios sem oferta formativa: Distribuição e Operações Logísticas e Planeamento e Gestão de


Transportes.
O sector dos transportes desempenha um papel fundamental na reconstrução e desenvolvimento do
País, principalmente como motor para a expansão da actividade produtiva.
São medidas de política: o desenvolvimento do sector de transporte público de passageiros, transportes
ferroviários, conclusão do novo aeroporto de Luanda, expansão da rede de táxis e implantação de
centros de inspecção de viaturas.
Todavia, os quadros superiores deste sector ganham maior peso dos que os quadros médios, quer ao
nível das profissões prioritárias quer de necessidades de recrutamento (ENFQ, 2012).

 Saúde e Bem-Estar Social

Domínios sem oferta formativa: Emergência Médica/Paramedicina; Técnicas de Obstetrícia; Higiene


Oral; Tecnologias de Diagnóstico; Terapias Complementares; Técnicas de Laboratório; Saúde e Segurança
no Trabalho; Desenvolvimento Comunitário e Animação Sociocultural.
Domínios para crescimento da oferta: Farmácia; Enfermagem e Técnicas Auxiliares de Saúde.
A componente governativa da “melhoria da qualidade de vida dos angolanos” consagra grande atenção à
saúde, através da ampliação e melhoria da qualidade dos serviços de saúde; consolidação da reforma do
sector; promoção de serviços hospitalares provinciais e centros regionais, da redução da mortalidade
materna, infantil e infanto-juvenil, bem como da morbi-mortalidade por doenças do quadro nosológico
nacional; capacitação dos quadros da saúde, dos indivíduos e das comunidades para a promoção e
protecção da saúde.
Dos objectivos e metas a atingir destacam-se os seguintes:
- acelerar a implementação dos programas de formação técnico-profissional e de especialização, de
modo a responder às necessidades crescentes do sector;
- actualizar o Plano Nacional de Desenvolvimento e Gestão de Recursos Humanos de Saúde;
- formar 7.000 enfermeiros e técnicos de saúde;

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- melhorar as condições de ensino e qualidade dos programas de formação das Escolas Técnico-
Profissionais, institutos médios e escolas técnicas e profissionais de saúde;
- formar agentes comunitários capazes de realizar a ligação entre as unidades sanitárias e as famílias,
dando prioridade às acções de prevenção da saúde e de promoção da saúde.
Os resultados do processo de inquirição relativamente às profissões prioritárias e às necessidades de
recrutamento destacam, com maior importância, médicos e enfermeiros do que outros técnicos de
diagnóstico e terapêutica (ENFQ, 2012).

 Educação, I&D e Cultura

Domínios sem oferta formativa: Artes Gráficas, Realização Técnica, Montagem e Edição, Artes Plásticas
e Visuais, Som e Luz, Cenografia / Realização Plástica, Audiovisuais, Manutenção de Pianos e Marcenaria.
No âmbito, ainda, da melhoria da qualidade de vida dos angolanos, destacam-se os seguintes domínios
de intervenção:
- continuar a expandir e melhorar significativamente a qualidade do sistema educativo; e
- ampliar e melhorar os serviços de cultura, dos quais se destacam a promoção do acesso ao ensino e
uso das línguas nacionais de Angola em todos os domínios, assim como as principais línguas de
comunicação internacional e a implantação do sistema nacional de museus, de arquivos históricos,
de centros culturais, de bibliotecas e de programas culturais municipais e, ainda, investigação
etnográfica.
Reconhecimento da importância dos quadros médios, apesar do peso dos quadros superiores no
conjunto das profissões prioritárias e das necessidades de recrutamento (ENFQ, 2012).

 Telecomunicações e Tecnologias de Informação

Domínio para crescimento da oferta: Instalação e Gestão de Redes e Sistemas Informáticos.


As telecomunicações são vistas como tendo um papel essencial no aumento da eficiência da vida
produtiva e de serviços do país, e, por conseguinte, da sua produtividade. Nesse sentido, são
identificadas medidas de como assegurar as comunicações nacionais, as condições tecnológicas na
administração pública, democratizar o acesso à Internet, entre outras .
Apesar da importância dos quadros médios para o desenvolvimento do sector, os quadros superiores
assumem maior relevância quer em relação às profissões prioritárias quer em relação às necessidades de
recrutamento (ENFQ, 2012).

 Actividades transversais

Domínios sem oferta formativa: Gestão de Recursos Humanos; Gestão Comercial e Marketing;
Biblioteconomia, Arquivo e Documentação; Design e Moda e Audiovisuais.
Domínio para crescimento da oferta: Formação Técnica em Gestão de Recursos Humanos.
Os domínios de formação transversais justificam-se pelo desenvolvimento dos sectores específicos. Além
das necessidades de quadros relativas às actividades principais e específicas as empresas mobilizam
complementarmente recursos humanos com formações de carácter transversal. São os casos da Gestão
de Recursos Humanos, Gestão Comercial e Marketing, Design e Moda ou Audiovisuais.
A outro nível destacam-se a implantação do Sistema Nacional de Arquivos Históricos, o Sistema Nacional
de Museus e o Sistema Nacional de Bibliotecas explicitados, já assinalado no cluster da cultura.

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6.2.2. Objectivos
69. Os objectivos fixados para este Programação de Acção são os seguintes:

Objectivos Globais
− Estabelecer e desenvolver a fileira de educação-formação técnica e tecnológica.
− Contribuir para a dotação de quadros médios necessários ao desenvolvimento de Angola, através
da estruturação da fileira educação-formação para o ensino técnico e tecnológico.
− Expandir o Ensino Técnico Profissional como motor de desenvolvimento do País.

Objectivos Específicos
− Promover a formação de 285 mil diplomados pelo ensino técnico-profissional em 47 Domínios
Estratégicos de Formação;
− Melhorar as aprendizagens por parte dos alunos;
− Aumentar e melhorar a rede de infra-estruturas do Ensino Técnico Profissional;
− Contribuir para criar uma perspectiva de educação e formação ao longo da vida;
− Assegurar a formação de professores nos níveis, pedagógico, didáctico, técnico e organizacional;
− Formar Gestores nas áreas da administração e organização escolar;
− Facilitar e promover uma ligação formal ao mundo empresarial e ao mercado de trabalho.

6.2.3. Projectos
70. Este Programa de Acção integra 4 Projectos:

Projecto 2.1 Domínios Estratégicos de Formação Deficitários e Sem Oferta


Projecto 2.2 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Deficitários com Oferta Actual
Projecto 2.3 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Excedentários
Projecto 2.4 Domínios Estratégicos de Formação Tendencialmente em Equilíbrio

6.2.3.1. Projecto 2.1 Domínios Estratégicos de Formação Deficitários e Sem Oferta


6.2.3.1.1. Objectivos

71. Este Projecto deverá prosseguir os seguintes objectivos:

i) Promover a formação de quadros médios, em particular para os clusters económicos e actividades


sociais prioritárias;
ii) Garantir a formação de 67 mil diplomados pelo Ensino Técnico-Pofissional nos 22 Domínios
Estratégicos de Formação que, presentemente, não têm oferta interna.

6.2.3.1.2. Acções a Empreender

72. Para que estes objectivos se concretizem, deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Criar as condições necessárias para o lançamento em 2013-2014 dos seguintes 41 cursos nos
Domínios, para os quais não existe oferta interna, com particular relevância para os 22 Domínios
considerados Estratégicos:

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Áreas Científicas / Ciências Domínios Cursos Propostos

Ciências Exactas
Técnicas de Laboratório Técnicas de Laboratório
Ciências Naturais e do Ambiente
Ciências Biológicas Bioquímica Bioquímica
Ciências Médicas e da Saúde
Ciências Veterinárias Cuidados Veterinários e Sanidade Animal Cuidados Veterinários e Sanidade Animal
Emergência Médica/Paramédica Emergência Médica/Paramedicina
Técnicas de Obstetrícia Técnicas de Obstetrícia
Higiene Oral Higiene Oral
Outras Ciências da Saúde Tecnologias de Diagnóstico (inclui
Tecnologias de Diagnóstico
Imagiologia)
Terapias Complementares
Saúde e Segurança no Trabalho
Ciências da Engenharia e Tecnologias
Electromecânica Electromecânica
Tecnologia Têxtil
Engenharia Têxtil Têxtil Manutenção e Reparação de
Equipamentos Têxteis
Distribuição e Operações Logísticas
Distribuição e Operações Logísticas
Plataformas Logísticas
Gestão de Transportes
Planeamento e Gestão de Transportes Planeamento e Gestão de Sistemas de
Transportes
Engenharia de Transportes Gestão de Off-Shores e Operações Gestão de Off-Shores e Operações
Subaquáticas Subaquáticas
Segurança Ambiental e Protecção Sanitária Segurança Ambiental e Protecção Sanitária
Segurança de Sistemas Petrolíferos e de Segurança de Sistemas Petrolíferos e de
Gás Natural Gás Natural
Construção e Reparação Naval
Engenharia Naval Técnica Naval Máquinas Navais
Pilotagem Naval
Produção Alimentar
Outras Ciências da Engenharia e
Produção Alimentar Transformação de Carnes e Lacticínios
Tecnologias
Transformação de Pescado
Produçãp Industrial e Qualidade Produção Industrial e Qualidade
Ambiente e Conservação
Engenharia do Ambiente Ambiente e Conservação
Gestão de Resíduos
Ciências Agrárias e da Pesca
Biotecnologia Agrária e
Produção Agro-Alimentar Produção Agro-Alimentar
Alimentar
Ciências Sociais, Políticas e de Comunicação
Desenvolvimento Comunitário Desenvolvimento Comunitário
Sociologia Animação Sociocultural Animação Sociocultural
Gestão de Recursos Humanos Gestão de Recursos Humanos
Outras Ciências Sociais, Jurídicas
Biblioteconomia, Arquivo e Documentação Biblioteconomia, Arquivo e Documentação
e da Comunicação
Artes e Humanidades
Artes Gráficas Artes Gráficas
Realização Técnica Realização Técnica
Artes Montagem e Edição Montagem e Edição
Artes Plásticas e Visuais Artes Plásticas e Visuais
Som e Luz Som e Luz

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Áreas Científicas / Ciências Domínios Cursos Propostos

Cenografia/Realização Plástica Cenografia/Realização Plástica


Audiovisuais e Media Audiovisuais Audiovisuais
Manutenção de Pianos Manutenção de Pianos
Outras Artes Marcenaria Marcenaria

b) Assegurar que, pelo menos, 65% dos novos cursos se iniciam até 2015, com prioridade para os
abrangidos pelos Domínios Estratégicos que formam Quadros para os Megas-Clusters e Sectores Sociais
prioritários:

− Técnicas de Laboratório
− Bioquímica
− Cuidados Veterinários e de Sanidade Animal
Mega Cluster Alimentação e
− Biotecnologia Agro-Alimentar
Agro-Indústria
− Produção Alimentar
− Transformação de Carnes e Lacticínios
− Transformação de Pescado

− Técnicas de Laboratório
Mega Cluster Energia e Água − Bioquímica
− Electromecânica

− Ambiente e Conservação
− Electomecânica
Mega Cluster Habitat
− Gestão de Resíduos
− Marcenaria

− Distribuição e Operações Logísticas


− Planeamento e Gestão de Transportes
− Electromecânica
Mega Cluster Transportes e
− Gestão de Transportes
Logística
− Construção e Reparação Naval
− Maquinas Navais
− Pilotagem Naval

− Emergência Médica/Paramedicina
− Técnicas de Obstetrícia
− Higiene Oral
Saúde − Tecnologias de Diagnóstico
− Terapias Complementares
− Técnicas de Laboratório
− Saúde e Segurança no Trabalho

c) Proceder à programação anual do processo de preparação e lançamento dos novos cursos cuja
oferta é inexistente. Neste sentido, deve considerar-se o historial de matriculados e diplomados a fim de
se garantir o alcance das metas definidas.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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d) Definir um plano de distribuição regional dos novos cursos a implementar. A localização dos novos
cursos deve seguir as necessidades locais em função dos tipos de estrutura produtiva e do mercado de
trabalho existente em cada região, alargando especialmente a oferta formativa existente nas Províncias
com reduzido número de escolas e permitindo a diversificação da oferta.

e) Promover a constituição de parcerias com promotores públicos e privados. Definição das instituições
públicas e privadas locais, incluindo empresas, que possam contribuir para a implementação dos planos
de formação locais, constituindo-se parcerias através de protocolos e outras modalidades de colaboração.
Na medida em que uma parceria é um arranjo em que duas ou mais partes estabelecem um acordo de
cooperação para atingir interesses comuns, a sua constituição visa maximizar recursos, quer humanos
quer materiais, da comunidade educativa, num quadro de oferta de serviços adequados e de criação e
aperfeiçoamento de materiais, envolvendo processos de investigação e de aplicação que promovam a
inovação e validem materiais.

f) Organizar a planificação das infraestruturas e equipamentos necessários ao funcionamento dos


novos cursos. Elaboração de um plano de atribuição dos espaços necessários ao funcionamento dos
novos cursos, por escola, designadamente salas de aulas, laboratórios e oficinas, espaços administrativos
e de apoio; e definição dos equipamentos pedagógicos e outros necessários ao funcionamento em salas
de aula, laboratórios e oficinas, espaços administrativos e de apoio, por escola. Especialmente no caso dos
laboratórios e oficinas poderá requerer-se novos equipamentos que não existam na escola.
Esta planificação deverá acompanhar as medidas a implementar para os domínios cujas previsões
apontam para uma oferta formativa excedentária, de forma a considerar o aproveitamento/reconversão
de, fundamentalmente, infraestruturas que poderão vir a ser dispensadas.

g) Proceder à planificação dos Recursos Humanos necessários à implementação dos novos cursos.
Definição de um plano anual de recursos humanos que contemple Pessoal Dirigente, Corpo Docente e
Pessoal Administrativo e de Apoio tendo em vista os novos cursos a implementar. Especialmente no que
respeita à escassez de professores nas disciplinas técnicas, pode prever-se a institucionalização da figura
de “Monitor” no quadro do pessoal, recrutando-se ex-alunos que se tenham destacado e que possam
assegurar o ensino experimental (laboratorial e oficinal).

h) Organizar o Processo Ensino Aprendizagem. Planeamento da acção didáctica e estruturação das suas
directrizes principais:
− Definir um plano curricular que expresse a filosofia da acção escolar e toda a sua dinâmica,
fundamentado na filosofia da educação. O plano curricular descreve a estrutura modelar da
educação que se organiza em três componentes: (1) Componente Sociocultural, (2) Componente
Científica e (3) Componente Técnica, Tecnológica e Prática. As componentes incluem disciplinas e
outras actividades (estágios, visitas, seminários…) adequadas a cada curso, bem como as respectivas
cargas horárias em cada ano escolar;
− Fixação de objectivos claros e mensuráveis, que consistem na modificação de comportamentos
observáveis – que exigem conhecimentos, capacidades e atitudes – e são propensos a uma direcção
condutora do processo de concepção de um ensino eficaz, com base em metas que devem considerar
as expectativas da população visada, a sua experiência e as suas necessidades;
− Definição dos conteúdos pedagógicos que constituem um conjunto de temas ou assuntos
estudados em cada disciplina, durante um ciclo escolar;
− Definição de estratégias de ensino assentes em modalidades de aprendizagem que apoiem os
docentes no cumprimento dos objectivos, na selecção e organização dos conteúdos mais relevantes,
no uso dos recursos e na prática de procedimentos pedagógicos, na integração com as mais diversas

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experiências de aprendizagem, na adopção de uma visão global de toda a acção docente e discente e
no apoio a tomadas de decisão com a cooperação e participação de docentes e discentes;
− Elaboração dos manuais de apoio pedagógico que reúnam uma colectânea de textos, exercícios,
estudos de caso e outros instrumentos pedagógicos que, de forma ordenada, facilitem o
desenvolvimento das actividades de aprendizagem em cada disciplina;
− Elaboração de instrumentos didácticos que apoiem a aprendizagem no decurso da acção escolar,
designadamente fichas de trabalho, exercícios, estudos de caso, simulação pedagógica, actividades
experienciais, etc;
− Definição das modalidades de avaliação que iniciem o processo educativo, que acompanhem todo o
percurso escolar e que validem os conhecimentos adquiridos e aplicados após os estudos,
constituindo um processo sistemático que visa buscar informações para a compreensão da qualidade
do processo educativo global.

6.2.3.2. Projecto 2.2 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Deficitários com


Oferta Actual
6.2.3.2.1. Objectivos

73. Este Projecto deverá prosseguir os seguintes objectivos:


i) Promover a formação de quadros médios, em particular para os clusters económicos e actividades
sociais prioritárias.
ii) Garantir a formação de cerca 72,7 mil diplomados pelo Ensino Técnico-Pofissional nos 22
Domínios Estratégicos de Formação que, presentemente, têm oferta interna potencialmente deficitária,
sendo 9,5 milhares correspondentes a Domínios fortemente deficitários e 63,2 milhares a Domínios com
fortes deficit.

74. Para que estes objectivos se concretizem, deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Criar as condições necessárias para que em 2013-2014 seja reforçada a oferta dos cursos dos Domínios,
para os quais a oferta interna é deficitária (11) ou fortemente deficitária (3).
Domínios com um deficit de oferta muito forte (igual ou superior a 100% da oferta potencial):
Formação Técnica em Farmácia; Instalação e Gestão de Redes e Sistemas Informáticos e Indústria das
Pescas.
Domínios com um défice forte (de 25% até 100% da oferta potencial): Formação Técnica em
Análises Químicas e Microbiológicas, Geodesia e Topografia, Enfermagem e Técnicas Auxiliares de Saúde,
Prospecção e Perfuração de Poços, Refinação e Processamento de Petróleo, Geologia e Minas, Produção
Agrícola, Gestão Comercial e Marketing, Hotelaria e Restauração, Informação e Animação Turística e
Design e Moda.

b) Assegurar que, pelo menos, até 2015, todos os Cursos com deficit sejam reforçados, com prioridade para
os abrangidos pelos Domínios Estratégicos que formam Quadros para os Megas-Clusters e Sectores
Sociais prioritários:

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Domínio de Formação Cursos Actuais e Propostos

Farmácia Técnico de Farmácia


Instalação e Gestão de Redes e Sistemas Informáticos Gestão de Redes e Sistemas Informáticos
Comando de Barcos de Pesca
Mestre de Pesca
Indústria das Pescas
Mestre de Redes
Inspecção de Pescas
Análises Clinicas
Análises Químicas e Microbiológicas
Análises Químicas e Microbiológicas
Geodesia e Topografia Sistemas de Informação Geográfica
Enfermagem
Fisioterapia e Reabilitação
Enfermagem e Técnicas Auxiliares de Saúde
Saúde e Segurança no Trabalho
Terapias Complementares
Prospecção e Perfuração de Poços
Prospecção e Perfuração de Poços
Gestão de Plataformas e de Pipelines
Refinação de Petróleo
Refinação e Processamento de Petróleo
Processamento de Gás
Geologia e Minas Geologia e Minas
Produção Agrícola
Produção Pecuária
Produção Florestal
Produção Agrícola
Hortofloricultura
Extensão Rural
Inspecção Sanitária
Gestão Comercial e Marketing
Gestão Comercial e Marketing
Gestão de Armazéns
Gestão Hoteleira e Restauração
Recepção
Chefe de Cozinha
Hotelaria e Restauração Chefe de Mesa e Bar
Escanção
Governanta de Andares
Relações Públicas
Informação e Animação Turistica
Informação e Animação Turística
Guia-Interprete
Design e Moda
Design e Moda
Joalharia

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Cursos por Domínio de Reforço de Oferta Formativa por Clusters e Actividades Prioritárias

- Gestão de Redes e Sistemas Informáticos


- Comando de Barcos de Pesca
- Mestre de Pesca
- Mestre de Redes
- Inspecção de Pescas
- Análises Clinicas
Mega Cluster Alimentação e
- Análises Químicas e Microbiológicas
Agro-Indústria
- Produção Agrícola
- Produção Pecuária
- Produção Florestal
- Hortofloricultura
- Extensão Rural
- Inspecção Sanitária

- Gestão de Redes e Sistemas Informáticos


Mega Cluster Energia e Água - Análises Clinicas
- Análises Químicas e Microbiológicas

- Gestão de Redes e Sistemas Informáticos


- Sistemas de Informação Geográfica
Mega Cluster Habitat
- Design e Moda
- Joalharia

- Gestão de Redes e Sistemas Informáticos


Mega Cluster Transportes e
- Gestão Comercial e Marketing
Logística
- Gestão de Armazéns

- Técnico de Farmácia
- Gestão de Redes e Sistemas Informáticos
- Enfermagem
Saúde
- Fisioterapia e Reabilitação
- Saúde e Segurança no Trabalho
- Terapias Complementares

c) Proceder à programação anual do processo de preparação e lançamento dos novos cursos.

d) Definir um plano de distribuição regional dos novos cursos a implementar.

e) Organizar a planificação das infraestruturas e equipamentos necessários ao funcionamento dos


novos cursos, quando necessário.

f) Proceder à planificação dos Recursos Humanos necessários à implementação dos novos cursos.

g) Organizar o Processo Ensino Aprendizagem dos novos cursos.

6.2.3.3. Projecto 2.3 Domínios Estratégicos de Formação Potencialmente Excedentários


75. Este Projecto deverá prosseguir os seguintes objectivos:

i) Adequar a formação de quadros médios às necessidades do País.

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ii) Ajustar a oferta interna dos cursos potencialmente excedentários às necessidades.

76. Para que estes objectivos se concretizem, deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Promover a regulação do número de diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional nos Domínios


Estratégicos de Formação cujo Balanço de Necessidades-Oferta Interna, aponta para uma oferta interna
potencialmente excedentária, com um excedente conjunto da ordem dos 59,5 milhares de
diplomados, dos quais cerca de 67% serão contabilistas.

Domínios Potencialmente Excedente Excedente / Oferta


Cursos Actuais
Excedentários Potencial Interna (%)
Informática
Informática Informática de Gestão 7.500 30,0
Sistemas Multimédia
Economia e Planeamento
Economia 4.000 36,4
Comercio Internacional
Electrónica e Telecomunicações
Telecomunicações 3.000 37,5
Redes de Telecomunicações
Contabilidade
Contabilidade e Gestão Financeira 40.000 61,5
Contabilidade e Gestão
Desenhador Projectista
Desenho (Construção Civil) 5.000 62,5
AutoCad

b) Promover a reorganização dos estabelecimentos e cursos existentes com vista a suprimir ou reduzir
determinados cursos excedentários e substituí-los por cursos sem oferta formativa ou oferta
insuficiente, ou a transformação de institutos de formação em escolas profissionais.

c) Introduzir, nos Domínios identificados, limitações na concessão de vistos de trabalho para


estrangeiros.

d) Reduzir o número de alunos por turma nos cursos potencialmente excedentários.

e) Definir o processo de acompanhamento e contenção específico para a formação de técnicos de


contabilidade dada a dimensão quantitativa do desequilíbrio, devendo ser realizado um estudo detalhado
sobre a empregabilidade e desemprego de técnicos médios de contabilidade e tipo de formação ministrada.

6.2.3.4. Projecto 2.4: Domínios Estratégicos de Formação Tendencialmente em Equilíbrio


77. Este Projecto deverá prosseguir os seguintes objectivos:
i) Adequar a formação de quadros médios às necessidades do País.
ii) Acompanhar a evolução da oferta interna e da procura nos Domínios tendencialmente em
equilíbrio.

78. Para que estes objectivos se concretizem, deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Proceder regularmente ao estudo da empregabilidade dos 6 Domínios de Formação, e respectivos


cursos, tendo em vista a necessidade de, face à evolução da procura, introduzir medidas de ajustamento.

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Saldo Procura- Saldo / Oferta


Domínios de Formação Cursos Actuais
Oferta Interna (%)
Estatística e Planeamento
Estatística 0 0
Estatística e Informação
Electricidade e Electrónica Auto
Energia e Instalações Electricas
Energia Eólica
Energia e Instalações Eléctricas Energia Solar 5.000 16,7
Electricidade Auto
Electricidade
Manutenção Eléctrica
Electrónica Audio, vídeo e TV
Electrónica de Automação e
Electrónica -500 -6,7
Instrumentação
Electrónica Industrial e Automação
Manutenção Industrial
Mecânica Auto
Frio e Climatização
Mecânica Climatização e Refrigeração 2.500 6,7
Máquinas e Motores
Soldadura
Mecatrónica
Metalomecânica
Metalomecânica 500 7,7
Bate-Chapa Auto
Construção Civil
Obras de Construção Civil
Construção Civil Orçamentista de Construção Civil 1.000 7,1
Estucador
Topógrafo

b) Reformular alguns dos cursos existentes actualmente, quer quanto ao conteúdo quer quanto à sua
designação, por forma a aumentar a sua capacidade de resposta à procura. Devem ser consideradas,
nomeadamente, as seguintes orientações:
 Introduzir Formação Técnica em Actuariado na área “Matemática e Estatística”;
 No Domínio “Energia e Instalações Eléctricas” poder-se-ão fundir os cursos em novas energias numa
designação estabilizada de “Energias Renováveis”, adoptar a designação “Instalações Eléctricas e
Electrónicas” para os cursos gerais de electricidade, electrónica e manutenção eléctrica e a de
”Electricidade e Electrónica Auto” para os cursos Electricidade e Electrónica no sector automóvel.
 No Domínio Mecânica, deverão ser introduzidos cursos de “Manutenção e Reparação de
Equipamentos Agrícolas”, ”Manutenção e Reparação de Equipamentos Têxteis”, “Manutenção e
Reparação de Equipamentos Médicos”, ”Manutenção e Reparação de Máquinas para Transformar
Madeira”, ”Soldadura Industrial”, ”Serralharia Mecânica” e ”Mecânica de Aeronaves”.
 No Domínio “Construção Civil” introduzir um curso integrado de ”Medição e Orçamentação”

6.2.4. Resultados Esperados


79. Os Resultados Esperados deste Programa de Acção podem ser, assim, sumariamente apresentados:

a) Formados os Quadros Médios necessários para o Desenvolvimento do País, em particular nos 4


Mega Clusters Económicos e nos Sectores Sociais considerados prioritários.

b) Criada a fileira de ensino-formação técnico-tecnológico, articulando o ensino técnico-profissional


com a formação profissional e com o ensino superior.

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c) Reforçado e renovado o ensino técnico-profissional, no quadro de uma nova etapa de RETEP.

d) Cerca de 285 mil diplomados pelo ensino técnico-profissional em 47 Domínios Estratégicos de


Formação.

e) Cerca de 67 mil diplomados pelo Ensino Técnico-Pofissional nos 22 Domínios Estratégicos de


Formação que, presentemente, não têm oferta interna.

f) Iniciados até 2015, pelo menos, 65% dos novos cursos nos Domínios deficitários, com prioridade para
os abrangidos pelos Domínios Estratégicos que formam Quadros para os Megas-Clusters e Sectores
Sociais prioritários.

g) Formados cerca 72,7 mil diplomados pelo Ensino Técnico-Pofissional nos 14 Domínios Estratégicos
de Formação que, presentemente, têm oferta interna potencialmente deficitária, sendo 9,5 milhares
correspondentes a Domínios fortemente deficitários e 63,2 milhares a Domínios com fortes deficit.

h) Iniciados, até 2015, todos os Cursos com deficit, com prioridade para os abrangidos pelos Domínios
Estratégicos que formam Quadros para os Megas-Clusters e Sectores Sociais prioritários.

i) Regulado o número de diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional nos Domínios Estratégicos de


Formação, cujo Balanço de Necessidades-Oferta Interna, aponta para uma oferta interna potencialmente
excedentária, com um excedente conjunto da ordem dos 59,5 milhares de diplomados, dos quais
cerca de 67% serão contabilistas.

j) Realizado estudo da empregabilidade dos 6 Domínios de Formação, e respectivos cursos, que tendem
para o equilíbrio, tendo em vista a necessidade de, face à evolução da procura, introduzir medidas de
ajustamento.

k) Reformulados alguns dos cursos existentes, quer quanto ao conteúdo quer quanto à sua designação,
por forma a aumentar a sua capacidade de resposta à procura.

l) Melhoradas as aprendizagens e os processos pedagógicos.

m) Rede de Infraestruturas do ETP aumentadas e melhoradas.

n) Professores e Formadores do Ensino Técnico-Profissional com competências acrescidas nos planos


científicos, técnico e pedagógico.

6.2.5. Medidas de Politica


80. Para a obtenção destes resultados devem concorrer, nomeadamente, as seguintes Medidas de Política:

i) Elaborar as Bases Gerais do Ensino Técnico e Tecnológico, que articule o ensino médio com o
ensino superior e com a formação profissional.

ii) Proceder à Revisão e Actualização da RETEP.

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iii) Elaborar um plano de distribuição regional dos novos cursos a implementar, cuja localização deve
seguir as necessidades locais em função dos tipos de estrutura produtiva e do mercado de trabalho
existente em cada região, alargando especialmente a oferta formativa existente nas Províncias com
reduzido número de escolas e permitindo a diversificação da oferta.

iv) Publicar o Estatuto do Pessoal Docente do ETP.

v) Proceder à programação anual do processo de preparação e lançamento dos novos cursos, a nível
nacional e provincial.

vi) Organizar a planificação das infraestruturas e equipamentos necessários ao funcionamento dos


novos cursos.

vii) Proceder à planificação dos Recursos Humanos necessários à implementação dos novos cursos.

viii) Promover a formação de professores nos níveis, pedagógico, didáctico, técnico e organizacional.

ix) Incentivar a Formação de Gestores nas áreas da administração e organização escolar.

x) Promover uma ligação formal do ETP ao mundo empresarial e ao mercado de trabalho, através da
celebração de parcerias, a nível nacional e local.

xi) Definição das instituições públicas e privadas locais, incluindo empresas, que possam contribuir para a
implementação dos planos de formação locais, constituindo-se parcerias através de protocolos e
outras modalidades de colaboração.

xii) Promover a diversificação de promotores da ETP, em particular no lançamento de novos cursos


estratégicos.

xiii) Organizar, através de um Sistema de Informação e Observação, a análise dos níveis de


empregabilidade da ETP.

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6.3. Programa de Acção 3: Formação e Capacitação de Professores e de


Investigadores para o Ensino Superior e Sistema Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação
6.3.1. Enquadramento
6.3.1.1. Quadro Estratégico
81. No Programa de Acção 1 relativo à Formação e Capacitação Geral de Quadros Superiores, identificaram-se
necessidades de formação de quadros superiores em domínios estratégicos. Num número significativo destes
domínios, a oferta actual é insuficiente e requer o aumento do número de alunos e, em consequência, do
número de docentes.

A qualificação do corpo docente, formação avançada a nível de mestrado e doutoramento, é uma


condição essencial para a qualidade dos quadros a formar. Tanto nos domínios estratégicos, deficitários
ou não, como nos restantes domínios, a formação adequada do corpo docente é um factor essencial do
desenvolvimento da qualidade do ensino superior e da investigação e desenvolvimento que lhe deve estar
associada.

82. Angola aprovou uma Política e uma Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo
desenvolvimento requer igualmente a existência de investigadores com formação e experiência adequada ao
desenvolvimento das designadas áreas de incidência, ou seja, as áreas prioritárias de Ciência, Tecnologia e
Inovação no quadro do desenvolvimento do país.

83. A legislação em vigor, em particular o Decreto nº 90/09 de 15 de Dezembro, estabelece as qualificações


necessárias do corpo docente do ensino superior, em função da tipologia das instituições, determinando, no
caso de universidades e institutos superiores, que seja constituído essencialmente por mestres e doutores.

A carreira docente da Universidade Agostinho Neto é de 2004, anterior à criação das novas universidades
públicas, sendo a única que existe e que serve de referência para as restantes universidades. Esta carreira
prevê que os Professores Titulares e Associados tenham o grau de Doutor, enquanto os professores Auxiliares
sejam detentores do grau de Mestre ou de Doutor. Para além destas categorias, prevê as de Assistente e
Assistente Estagiário.
4
84. Os dados de 2011 recolhidos indicam a existência no ensino público de 67.183 alunos para 2.768 docentes.
No ensino privado contabilizam-se 72.833 alunos para 2.731 docentes. Dados da distribuição percentual
5
dos docentes do ensino público por categorias permitem estimar o número de professores em 820. No que
se refere aos docentes do ensino privado, são maioritariamente colaboradores, muitos destes igualmente
docentes do ensino público.

85. O objectivo para 2020 deverá ser atingir percentagens de Mestres e Doutores de 40% e 20%,
respectivamente, e que estas metas sejam atingidas, pelo menos nos domínios estratégicos, apesar do
aumento do número de alunos para dar resposta aos défices de diplomados identificados.

4
ESTATISTICAS RECENTES_Alunos Docentes Salas de aula.doc
5
MESCT, Situação do Ensino Superior em Angola, 2012

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Para além da necessidade de formação avançada na perspectiva da consolidação do corpo docente, existe
igualmente a necessidade de dar resposta ao desenvolvimento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação (SNCTI), tratada em secção mais à frente.

6.3.1.2. Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação


86. A Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (PNCTI, Decreto Presidencial nº 201/11, de 20 de
Julho), traduz a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI, Decreto Presidencial nº 196/11,
de 11 de Julho), define a capacitação dos recursos humanos como um dos vectores da Organização e
Desenvolvimento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI).

O SNCTI envolve o conjunto de instituições dedicadas à apropriação, produção e manutenção de


conhecimento. Estas são instituições de ensino superior e instituições de investigação. Nas primeiras, a
criação de capacidade de investigação e desenvolvimento passa pela formação avançada do corpo docente,
igualmente necessária para a qualidade da oferta formativa a nível de graduação.

87. O PNCTI identifica um conjunto de áreas de incidência em que a capacidade de investigação,


desenvolvimento e inovação é estratégica para o desenvolvimento do País.

As referidas áreas de incidência são:


 Educação, Cultura e Formação Profissional;
 Ensino Superior;
 Agricultura e Pescas;
 Telecomunicações e Tecnologias de Informação;
 Indústria, Petróleo, Gás e Recursos Minerais;
 Saúde;
 Recursos Hídricos;
 Energia;
 Ambiente.

88. O desenvolvimento da actividade de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI) requer, para além da
formação avançada, a criação ou reforço de unidades com equipas qualificadas e com um número de
investigadores e técnicos que assegure a massa crítica indispensável.

Dependendo da área de incidência considerada, a resposta institucional poderá ser diferente. Se é


genericamente adequada a criação ou reforço de capacidade de IDI em instituições de ensino superior, em
parte das áreas de incidência justifica-se que existam unidades autónomas, laboratórios de Estado. Noutras
áreas, dadas as características da actividade empresarial que lhes está associada, é de considerar a opção por
unidades de investigação envolvendo empresas, designadamente públicas.

89. A criação de Laboratórios de Estado justifica-se em áreas como Agricultura e Pescas, Saúde, Recursos
Hídricos, Energia e Ambiente. As unidades actualmente existentes em diversos ministérios e que
contribuem para cada uma destas áreas de incidência deveriam ser concentradas, no sentido de criar massas
críticas e racionalizar os meios.

A solução de unidades de investigação envolvendo empresas, por iniciativa destas ou em parceria com o
Estado, pode ser equacionada em áreas como a do Petróleo e Gás, Saúde ou a das Telecomunicações.

63I207
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A existência de Laboratórios de Estado ou de unidades de investigação envolvendo empresas não invalida que
a investigação nessas mesmas áreas seja também desenvolvida em instituições de ensino superior,
eventualmente em parceria.

6.3.1.3. Necessidades de Formação Avançada


90. As necessidades de formação avançada para as áreas de incidência em que se não prevê a criação de
unidades de IDI fora das Instituições de Ensino Superior são limitadas em número, quando comparadas com
as necessidades de reforço do corpo docente. E essas áreas de incidência estão contidas no conjunto de
domínios estratégicos de formação de Quadros, pelo que a formação de investigadores pode ser
genericamente considerada no âmbito da formação avançada do corpo docente.

No entanto, os laboratórios de Estado e as unidades associadas a empresas terão um mandato, no que se


refere às áreas do conhecimento, mais específico do que as unidades das instituições de ensino superior.
Assim, justifica-se que se considere a realização de doutoramentos no estrangeiro, com temas definidos, em
instituições reconhecidas pela produção de conhecimento na respectiva área de conhecimento, ou a
realização aí de parte do trabalho.

De um ponto de vista quantitativo, considera-se adequada a formação até 2020 de 20 investigadores, a


nível de Doutoramento, em cada uma das seguintes áreas: Agricultura e Pescas; Telecomunicações e
Tecnologias de Informação; Indústria; Petróleo, Gás e Recursos Naturais; Saúde; Recursos Hídricos; Energia; e
Ambiente. Num total de 140.

91. O desenvolvimento das áreas de incidência, independentemente da existência de quadros qualificados e da


formação avançada de novos, beneficiaria de recrutar quadros estrangeiros altamente qualificados, por
um período limitado de 2 a 5 anos, para contribuir para o desenvolvimento de novas linhas IDI e contribuir
para estruturar essas unidades. Assim, será de considerar a contratação de 2 ou 3 desses quadros para cada
uma das áreas de incidência da PNCTI, num total estimado de 20.

92. Para além da formação de investigadores, o desenvolvimento da PNCTI requer condições adicionais,
designadamente as condições físicas, de instalações e equipamentos, de financiamento e de outros
recursos humanos, para além de um sistema de avaliação da investigação realizada.

O adequado funcionamento do SNCTI requer um sistema de financiamento que permita assegurar a


continuidade da actividade das instituições. Para tal, é necessário assegurar a continuidade dos fundos e a
existência de critérios que constituam um estímulo ao desempenho das unidades de IDI. Actualmente, está
previsto um financiamento de 1 cêntimo por barril de petróleo, mas que não está associado a critérios de
desempenho e ao qual não tem acesso a generalidade das instituições de ensino superior. O modelo de
financiamento deverá incluir um financiamento base para os Laboratórios de Estado e, eventualmente,
unidades de investigação reconhecidas e avaliadas, em função dos resultados da avaliação, sendo o restante
financiamento competitivo.

No que se refere aos recursos humanos, para além dos investigadores, é essencial prever pessoal técnico,
responsável pelo funcionamento dos equipamentos e capaz de acompanhar e apoiar o trabalho de
investigação. A formação destes técnicos, incluindo competências de gestão e de manutenção de instalações
técnicas, poderá ser feita a nível pós-secundário.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

93. A formação avançada visa dar resposta às necessidades de qualificação do corpo docente das instituições
públicas e privadas de ensino superior, assim como à estruturação do sistema de ciência, tecnologia e
inovação.

94. A oferta actual de cursos de Mestrado, a nível nacional, é reduzida, estando em curso o levantamento
de todos os cursos existentes ou que já existiram, no sentido da sua legalização por Decreto Executivo.
No que se refere a Doutoramentos no País, foi notícia este ano a realização de um Doutoramento na
Universidade Agostinho Neto. Assim, na estimação da formação avançada a desenvolver, admitiu-se que a
oferta actual é residual face às necessidades. No entanto, em Junho de 2012 havia no estrangeiro, de acordo
com a base de dados do INABE, 239 bolseiros de especialização pós-graduada e de mestrado e 328 de
doutoramento (embora destes só fossem 143 docentes do ensino superior), cujo número e distribuição
por domínios, pelo menos a nível de doutoramento, deverão ser tidos em conta no planeamento da formação
avançada.

6.3.1.4. Mestres e Doutores


95. No Quadro 6.6 é feito um resumo das necessidades de formação pós-graduada, nos domínios específicos
de quadros superiores e nas áreas de incidência da PNCTI. Estas necessidades tiveram em conta os
mestrandos e doutorandos no estrangeiro em 2011.

De acordo com estas previsões, será necessário, até 2020, graduar cerca de 4,8 mil Mestres e de 1,5 mil
Doutores, sendo, respectivamente, 2,8 mil Mestres para os Domínios da ENFQ e 2 mil para outros Domínios
e 767 Doutores para os Domínios da ENFQ, 600 para outros Domínios e 140 para o SNCTI.

Quadro 6.6. Necessidades de Mestres e Doutores para 2020

Necessidade Necessidade
Domínio/Área
Mestrados Doutoramentos
Domínios Estratégicos da ENFQ
Ciências Exactas 120 32
Matemática (a) 55 12
Física (a) 29 9
Química (a) 36 11
Ciências Naturais e do Ambiente 114 33
Geologia 49 14
Biologia (a) 65 19
Ciências Médicas e da Saúde 806 195
Medicina 240 50
Medicina Dentária 66 19
Enfermagem 400 100
Ciências Veterinárias 51 12
Ciências Farmacêuticas 49 14
Ciências da Engenharia e Tecnologias 882 259
Engenharia Civil 98 29
Arquitectura 27 8
Engenharia Electrotécnica e Electrónica 85 25
Engenharia Informática 117 34
Engenharia Mecânica 176 52
Engenharia de Transportes 72 21
Engenharia de Telecomunicações 91 27

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Engenharia Química 59 17
Engenharia de Petróleos 46 13
Engenharia do Ambiente 59 17
Engenharia Geográfica 23 7
Engenharia de Minas 29 9
Ciências Agrárias e da Pesca 164 41
Engenharia Agronómica 60 10
Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais 29 9
Engenharia de Pescas e Aquicultura 46 13
Engenharia Alimentar 29 9
Ciências Sociais, Políticas e da Comunicação 219 77
Direito 42 10
Ciências Políticas 10 5
Economia 55 16
Sociologia (a) 20 6
Gestão de Recursos Humanos 46 14
Psicologia (a) 75 20
Ciências de Comunicação 21 6
Ciências da Gestão e da Administração 284 84
Gestão e Administração de Empresas 110 32
Gestão Pública 23 7
Contabilidade e Gestão Financeira 132 39
Gestão Hoteleira e do Turismo 19 6
Artes e Humanidades 157 46
Artes 65 19 (b)
Design e Moda 15 4 (b)
Filosofia e Religião 16 5
Língua, Literatura e Cultura Angolanas e Africanas (a) 25 7
Língua e Literatura Portuguesa (a) 20 6
Língua e Literatura Inglesa (a) 16 5
Subtotal 2.796 767
Outros domínios não incluídos na ENFQ
2.000 600
Áreas de Incidência da ENCTI
Agricultura e Pescas — 20
Telecomunicações e Tecnologias de Informação — 20
Indústria, Petróleo, Gás e Recursos Naturais — 20
Saúde — 20
Recursos Hídricos — 20
Energia — 20
Ambiente — 20
Subtotal — 140
Totais Gerais
4.796 1.507
Nota: (a) Nas necessidades não se incluem as das escolas de formação de professores do ensino secundário;
(b) Doutoramentos ou Estágios de Investigação.

96. A determinação final do número de mestrados e doutoramentos a realizar em cada domínio deverá ser
actualizado tendo em conta os cursos de mestrado actualmente existentes no País, logo que o respectivo
levantamento esteja concluído, os bolseiros no estrangeiro e o número de mestres e doutores actualmente

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existentes no sistema. No Anexo 2 é descrita a metodologia seguida para determinar as necessidades de


formação pós-graduada para responder à qualificação de professores e investigadores.

97. As Áreas Cientificas, consideradas na ENFQ, com maior necessidade de Mestres e Doutores,
essencialmente, para o reforço do Corpo Docente do Ensino Superior, são as seguintes:

 Ciências da Engenharia e Tecnologias, com 882 Mestres (31,5% das necessidades da ENFQ) e 259
Doutores (33,8% do total da ENFQ);
 Ciências Médicas e da Saúde, com 806 Mestres (28,8%) e 195 Doutores (25,4%);
 Ciências da Gestão e da Administração, com 284 Mestres (10,2%) e 84 Doutores (11%);
 Ciências Sociais, Políticas e da Comunicação, com 269 Mestres (9,6%) e 77 Doutores (10%);
 Ciências Agrárias e da Pesca, com 164 Mestres (5,9%) e 41 Doutores (5,3%).

98. Os Domínios de Formação considerados na ENFQ com maior necessidade de Mestres e Docentes são:

 Enfermagem (400 Mestres e 100 Estágios de Investigação);


 Medicina (240 Mestres e 50 Doutores);
 Engenharia Mecânica (176 Mestres e 52 Doutores);
 Contabilidade e Gestão Financeira (132 Mestres e 39 Doutores);
 Engenharia Informática (117 Mestres e 34 Doutores);
 Gestão e Administração de Empresas (110 Mestres e 32 Doutores);
 Engenharia Civil (98 Mestres e 29 Doutores);
 Engenharia de Telecomunicações (91 Mestres e 27 Doutores);
 Engenharia Electrotécnica e Electrónica (85 Mestres e 25 Doutores).

6.3.1.5. Tipos de Resposta aos Desequilíbrios


6.3.1.5.1. Prioridades na Abordagem dos Défices

99. De um ponto de vista das respostas equacionadas e das respectivas prioridades, a primeira prioridade será
para o reforço da qualificação do corpo docente, de preferência com base em recursos humanos nacionais.
No entanto, sendo ainda limitada a formação avançada a nível nacional, haverá que recorrer a parcerias e
acordos de cooperação com instituições estrangeiras para colmatar essa limitação, seja no apoio à oferta
interna ou na formação no exterior.

Num segundo nível de prioridade, inclui-se o recrutamento na diáspora, embora não seja expectável que
exista um número elevado de mestres e doutores, e a atribuição de bolsas para mestrado e especialmente
doutoramento. Esta deverá ser a opção, sobretudo nos casos em que o número de pessoas a formar a nível
avançado, numa determinada área, é reduzido.

Finalmente, haverá ainda o recurso à contratação de quadros docentes ou investigadores estrangeiros, em


particular para as áreas de investigação e desenvolvimento prioritárias para o desenvolvimento do País,
previstas na Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

6.3.1.5.2. Qualificação do Corpo Docente

100. Para prever as acções a desenvolver, utilizou-se como meta que, nos domínios estratégicos, a estrutura de
qualificações do corpo docente, concluída ou em curso até 2020, deveria ser de 40% de mestres e 20% de
doutores.

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Embora a qualificação do corpo docente nos domínios estratégicos seja prioritária face aos demais, é
essencial, para a qualidade da formação, que se qualifique todo o corpo docente. Nesta perspectiva,
considerou-se, na previsão de necessidades, que 60% do esforço deverá ser dirigido às necessidades
previstas para os domínios estratégicos no período 2010-2020.

A formação avançada, em domínios que não os estratégicos, é tratada em conjunto, requerendo uma
identificação da oferta formativa e institucional a que deverá dar resposta para efectuar uma distribuição por
domínios.

6.3.1.5.3. Formação Avançada a Nível de Mestrado

101. O número de mestrandos previsto, em cada um dos domínios estratégicos, justifica, na generalidade dos
casos, que os cursos sejam realizados em Angola. Nos casos em que existe corpo docente doutorado, a sua
realização deverá ser contratualizada com a instituição que tenha melhores condições para o efeito, sem
prejuízo de associar a esse contrato outras instituições nacionais e/ou estrangeiras que possam contribuir
com corpo docente qualificado para a sua realização.

Nos casos em que a graduação em domínios estratégicos for contratualizada com instituições existentes ou
dê origem a novas instituições, será lógico incluir no contrato a formação avançada a nível de mestrado, não
só para a própria instituição, mas também para o restante do sistema de ensino superior.

6.3.1.5.4. Formação Avançada a Nível de Doutoramento

102. O número de doutorandos é, em muitos domínios, reduzido. Assim, a formação a nível de doutoramento
aponta essencialmente para duas situações. O doutoramento a nível nacional em domínios em que seja
possível criar capacidade adequada, por exemplo em áreas de incidência da CTI, e envolvendo docentes ou
investigadores doutorados, nacionais ou estrangeiros recrutados para colaborar no desenvolvimento da
respectiva área. Ou a realização no estrangeiro, através da concessão de bolsas para o exterior.

Em qualquer caso, é desejável que o doutoramento não seja realizado inteiramente no exterior, para que o
doutorando mantenha o contacto com o País, nem totalmente no país, para que os doutorandos tenham
contacto com centros em que se realiza investigação e desenvolvimento de elevada qualidade.

6.3.1.5.5. Formação Pedagógica e Técnica do Pessoal das Instituições de Ensino Superior

103. O rápido crescimento do número de instituições e de alunos do ensino superior obriga ao recrutamento e
formação de um elevado número de docentes. Este crescimento rápido leva a que muitos docentes sejam
confrontados com importantes responsabilidades docentes, sem ter tido a oportunidade de, em início de
carreira, acompanhar um docente mais experiente. Este facto reforça a necessidade de prever formação
pedagógica dos docentes.

A preocupação com a competência pedagógica dos docentes estava já prevista na carreira docente da
Universidade Agostinho Neto de 2004, onde se inclui o requisito de “agregação pedagógica” para o
provimento dos docentes.

Um aspecto particular da formação pedagógica é o da utilização de meios laboratoriais nos cursos de


natureza técnica e científica, designadamente dos domínios estratégicos de Ciências Exactas e da Natureza,
Engenharias e Tecnologias, Saúde, Agronomia e Pescas. Pelas razões expostas, a formação pedagógica dos

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docentes destes domínios deveria incluir uma componente de formação associada à utilização de
laboratórios no ensino.

Para concretizar a componente laboratorial do ensino, assim como das unidades associadas ao sistema de CTI,
é necessário assegurar a manutenção e operacionalidade das infraestruturas laboratoriais. A formação de
técnicos para os laboratórios, quer o recrutamento seja feito a nível de técnicos médios ou superiores,
deveria incluir, para além de competências específicas relativas à área dos laboratórios a que está associado,
o desenvolvimento de competências de manutenção, de gestão de stocks e, ainda, noções de pedagogia que
lhes permita compreender a função dos respectivos laboratórios na formação dos alunos.

6.3.1.5.6. Articulação de Respostas

104. A resposta às necessidades de quadros superiores, identificada na ENFQ, implica a qualificação do corpo
docente, através de formação avançada, de forma a assegurar a qualidade e a capacidade de formação do
Sistema de Ensino Superior a prazo. Por outro lado, o desenvolvimento do SNCTI requer igualmente
formação avançada.
Para reforçar a capacidade de resposta nacional, criando núcleos em que exista massa crítica para
desenvolver simultaneamente capacidade de formação, aos vários níveis, e de investigação e
desenvolvimento, é benéfico identificar parceiros com quem as várias respostas possam ser contratualizadas.

Apesar de haver casos em que é necessário recorrer a parceiros estrangeiros, sobretudo em domínios muito
deficitários ou inexistentes no País, a resposta às necessidades deve envolver sempre um parceiro nacional,
por forma a assegurar a transferência de competências e assegurar a continuidade da oferta formativa.

Sendo necessário contratualizar o reforço ou criação de oferta e nos casos em que se entenda não o fazer no
sistema público, é vantajoso recorrer a concursos, sem prejuízo de poder dirigir convites a determinadas
instituições para que concorram. Caso a decisão seja de desenvolver a capacidade no ensino público, o
mesmo procedimento pode ser seguido para identificar os parceiros estrangeiros mais adequados.

Definidos os objectivos do concurso, a escolha deverá basear-se, para além do custo, em critérios de
qualidade da proposta e de credibilidade dos proponentes.

6.3.2. Objectivos
105. Este Programa pretende atingir os seguintes Objectivos:

Objectivos Globais

i) Contribuir para o desenvolvimento económico-social, elevando a capacidade e competência dos


seus recursos humanos mais qualificados e desenvolvendo o seu sistema científico e tecnológico;
ii) Assegurar a formação avançada dos recursos humanos do País, em particular do corpo docente do
ensino superior e dos cientistas e investigadores do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação,
atingindo, respectivamente, 40% e 20% das necessidades de Quadros Superiores.

Objectivos Específicos

a) Assegurar a formação de 4,8 mil Mestres e de 1,5 mil Doutores, dos quais, 2,8 mil mestres e 767
Doutores nos Domínios Estratégicos da ENFQ;

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b) Garantir a formação de 140 Doutores nas 7 Áreas de Incidência da “Estratégia Nacional de


Ciência, Tecnologia e Inovação”, por forma a que, cada uma das unidades de investigação destas 7
Áreas tenham, pelo menos, 20 Doutores;
c) Melhorar a qualidade do pessoal docente do ensino superior e dos cientistas e investigadores do SNCTI;
d) Assegurar a contratação de docentes e investigadores, por forma a gerar a necessária massa activa
de docentes e investigadores nacionais.

6.3.3. Projectos
106. Este Programa de Acção engloba os seguintes 3 Projectos:
 Projecto 3.1. Formação de Mestres, em particular para o Ensino Superior, nos Domínios
Estratégicos de Formação
 Projecto 3.2. Formação de Doutores, em particular para o Ensino Superior, nos Domínios
Estratégicos de Formação
 Projecto 3.3. Formação de Doutores/Investigadores para o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação

6.3.3.1. Projecto 3.1. Formação de Mestres, em particular para o Ensino Superior, nos Domínios
Estratégicos de Formação
6.3.3.1.1. Objectivos

107. Os Objectivos, a atingir por este Projecto são os seguintes:

i) Assegurar a formação de Mestres necessários para a qualificação do corpo docente do Ensino


Superior, dos investigadores do SNCTI e de executivos de empresas;
ii) Promover a formação de 4,8 mil Mestres, dos quais 2,8 mil para os Domínios Estratégicos da ENFQ e 2
mil para outros Domínios.

108. A afectação destes Objectivos implica a concretização dos seguintes tipos de acção:

a) Proceder a um levantamento completo de instituições do ensino superior que organizam cursos de


pós-graduação, sejam cursos de mestrado, doutoramento ou de especialização profissional;

b) Lançar em 2013-2014, em regime de contratualização de parcerias públicas-privadas, entidades


públicas ou entidades privadas nacionais, a organização de cursos de Mestrado, envolvendo, quando
necessário a cooperação integrada com instituições universitárias;

c) Realizar, no âmbito do Sistema de Estatística e Informação do Ensino Superior, o levantamento


urgente de todos os Mestres e Mestrandos a frequentar cursos ou Programas de Mestrado ou
equivalente, no País ou no estrangeiro;

d) Proceder à reorientação da Política Nacional de Bolsas, privilegiando a frequência em Angola de


Mestrados e outras pós-graduações equivalentes;

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e) Conceder prioridade à formação específica de Mestres para os 4 Mega-Clusters Económicos e


Sectores Sociais prioritários:

 Mega-Cluster Alimentação e Agro-Indústria


- Engenharia Agronómica : 60 Mestres ou Equivalente
- Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais : 29 Mestres ou Equivalente
- Engenharia de Pescas e Aquicultura : 46 Mestres ou Equivalente
- Engenharia Alimentar : 29 Mestres ou Equivalente
- Biologia : 65 Mestres ou Equivalente
- Ciências Veterinárias : 51 Mestres ou Equivalente
- Engenharia Química : 91 Mestres ou Equivalente
Total : 371 Mestres ou Equivalente
 Mega-Cluster Energia e Água
- Engenharia Electrotécnica e Electrónica : 85 Mestres ou Equivalente
- Química : 36 Mestres ou Equivalente
Total : 121 Mestres ou Equivalente
 Mega-Cluster Habitat
- Engenharia Civil (a) : 98 Mestres ou Equivalente
- Arquitectura : 276 Mestres ou Equivalente
- Engenharia do Ambiente (b) : 59 Mestres ou Equivalente
- Engenharia Geográfica (b) : 23 Mestres ou Equivalente
- Design e Moda : 15 Mestres ou Equivalente
Total : 222 Mestres ou Equivalente
 Mega-Cluster Transportes e Logística
- Engenharia dos Transportes : 72 Mestres ou Equivalente
- Engenharia de Telecomunicações : 91 Mestres ou Equivalente
Total : 163 Mestres ou Equivalente
 Saúde
- Medicina : 240 Mestres ou Equivalente
- Medicina Dentária : 27 Mestres ou Equivalente
- Enfermagem (c) : 400 Mestres ou Equivalente
- Ciências Farmacêuticas : 49 Mestres ou Equivalente
Total : 716 Mestres ou Equivalente

NOTAS: (a) Necessários também para o Mega-Cluster Transportes e Logística


(b) Necessários para os outros Mega-Clusters
(c) Mestrados ou Cursos de Especialização

6.3.3.2. Projecto 3.2. Formação de Doutores, em particular para o Ensino Superior, nos
Domínios Estratégicos de Formação
6.3.3.2.1. Objectivos

109. Os Objectivos, a prosseguir por este Projecto, são os seguintes:

i) Garantir a formação de Doutores, necessários para a qualificação dos Docentes do Ensino Superior e
para o desenvolvimento de Angola;
ii) Assegurar a formação de cerca de 1.370 Doutores, dos quais 767 para os Domínios da ENFQ e 600 para
outros Domínios.

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110. A realização destes Objectivos implicará a adopção dos seguintes Tipos de Acção:

a) Proceder ao levantamento completo das instituições do ensino superior que têm, ou pretendem
ter, cursos ou programas de doutoramento;

b) Realizar, no âmbito do Sistema de Informação do Ensino Superior, o levantamento de todos os


Doutores e Doutorandos a frequentar cursos ou Programas de Doutoramento no País ou no Estrangeiro;

c) Proceder à Reorientação da Política Nacional de Bolsas, concedendo prioridade à frequência de cursos


ou Programas de Doutoramento, no País e no estrangeiro, em particular nos Domínios Estratégicos da
ENFQ;

d) Elaborar, em 2013, o “Programa Nacional de Doutoramentos”, envolvendo instituições públicas e


privadas, nacionais e estrangeiras, visando a organização em Angola de Programas de Doutoramento, em
regime de parceria com universidades angolanas e estrangeiras, com base em acordos ou contratos
estruturados e integrados de cooperação;

e) Fixar prioridade absoluta à formação específica de Doutores para os 4 Mega-Clusters Económicos


e Sectores Sociais prioritários:

 Mega-Cluster Alimentação e Agro-Indústria


- Engenharia Agronómica : 10 Doutores ou Equivalente
- Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais : 9 Doutores ou Equivalente
- Engenharia de Pescas e Aquicultura : 13 Doutores ou Equivalente
- Engenharia Alimentar : 9 Doutores ou Equivalente
- Biologia : 19 Doutores ou Equivalente
- Ciências Veterinárias : 12 Doutores ou Equivalente
- Engenharia Química : 17 Doutores ou Equivalente
Total : 89 Doutores ou Equivalente
 Mega-Cluster Energia e Água
- Engenharia Electrotécnica e Electrónica : 25 Doutores ou Equivalente
- Química : 11 Doutores ou Equivalente
Total : 36 Doutores ou Equivalente
 Mega-Cluster Habitat
- Engenharia Civil (a) : 29 Doutores ou Equivalente
- Arquitectura : 8 Doutores ou Equivalente
- Engenharia do Ambiente (b) : 17 Doutores ou Equivalente
- Engenharia Geográfica (b) : 7 Doutores ou Equivalente
- Design e Moda : 4 Doutores ou Equivalente
Total : 65 Doutores ou Equivalente
 Mega-Cluster Transportes e Logística
- Engenharia dos Transportes : 21 Doutores ou Equivalente
- Engenharia de Telecomunicações : 27 Doutores ou Equivalente
Total : 48 Doutores ou Equivalente
 Saúde
- Medicina : 50 Doutores ou Equivalente
- Medicina Dentária : 19 Doutores ou Equivalente
- Enfermagem (c) : 100 Doutores ou Equivalente
- Ciências Farmacêuticas : 14 Doutores ou Equivalente
Total : 183 Doutores ou Equivalente

NOTAS: (a) Necessários também para o Mega-Cluster Transportes e Logística


(b) Necessários para os outros Mega-Clusters
(c) Doutoramentos ou Estágios de Investigação ou Especialização Especialização

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6.3.3.3. Projecto 3.3. Formação de Doutores/Investigadores para o Sistema Nacional de Ciência,


Tecnologia e Inovação
6.3.3.3.1. Objectivos

111. Os Objectivos, a alcançar por este Projecto, são os seguintes:

i) Apoiar a implementação da Política e da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação,


através da formação e capacitação de Investigadores/Doutores necessários ao Desenvolvimento do País e
do SNCTI;

ii) Garantir a disponibilidade de 140 Doutores necessários ao Desenvolvimento do SNCTI, em particular


nas suas 7 áreas de Incidência.

112. A concretização destes Objectivos imporá a adopção dos seguintes Tipos de Acção:

a) Estabelecer o Sistema Estatístico e de Informação do SNCTI e, no seu âmbito, proceder ao


levantamento e caracterização exaustiva de todas as unidades de investigação e dos respectivos
recursos humanos e técnicos;

b) Elaborar um “Programa Nacional de Formação e Capacitação de Investigadores” do SNCTI,


envolvendo unidades de investigação, públicas e privadas, nacionais e estrangeiras;

c) Proceder ao recrutamento, temporário ou definitivo, de cerca de 20 investigadores estrangeiros de


preferência no âmbito de Acordos de Cooperação e Parceria com Universidades e Unidades de
Investigação estrangeiras e destinados, preferencialmente, para as 7 Áreas de Incidência;

d) Assegurar a disponibilidade de 140 doutores/investigadores, distribuídos pelas seguintes Áreas de


Incidência (20 em cada): Agricultura e Pescas; Telecomunicações e Tecnologias de Informação;
Indústria, Petróleo, Gás e Recursos Naturais; Saúde; Recursos Hídricos; Energias; e Ambiente.

6.3.4. Resultados Esperados


113. Os Resultados Esperados deste Programa de Acção podem ser sintetizados, do seguinte modo:

a) Formados 4,8 mil Mestres, dos quais cerca de 2,8 milhares nos Domínios Estratégicos de Formação da
ENFQ e 600 noutros Domínios;

b) Formados cerca de 1,4 mil Doutores, dos quais cerca de 770 nos Domínios Estratégicos de Formação da
ENFQ e 600 noutros Domínios;

c) Disponibilizados 140 Doutores/Investigadores para o SNCTI;

d) Formados 1593 Mestres e 421 Doutores para os 4 Mega-Clusters Económicos e Sectores Sociais
prioritários;

e) Melhorada substancialmente a qualidade e o nível de qualificação do pessoal docente do Ensino


Superior;

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f) Estruturado o potencial humano de investigação do SNCTI, incluindo o recrutamento de 20


investigadores estrangeiros;

g) Iniciados, até 2014, todos os Cursos de Mestrado ou equivalentes;

h) Iniciados, até 2015, todos os Cursos ou Programas de Doutoramento ou equivalentes;

i) Estabelecidos os estatutos do pessoal docente do ensino superior e da carreira de investigação;

j) Organizados e implementados os Sistemas de Estatística e Informação do Ensino Superior e do


SNCTI e realizados os levantamentos estatísticos prioritários;

k) Elaborados os “Programa Nacional de Doutoramento” e o “Programa Nacional de Formação e


Capacitação de Investigadores”;

l) Celebrados Acordos de Cooperação e/ou estabelecidas Parcerias Público-Privadas entre instituições


universitárias e unidades de investigação nacionais e estrangeiras.

6.3.5. Medidas de Política


114. Para a efectivação destes Resultados irão, contribuir, designadamente, as seguintes Medidas de Política:

i) Definir, como prioridade absoluta, os Domínios Estratégicos de Formação para o 4 Mega-Clusters


Económicos e Sectores Sociais prioritários;

ii) Organizar e implementar o Sistema de Estatística e Informação do Ensino Superior, e lançar os


inquéritos e levantamentos que permitam conhecer a realidade do País em matéria de instituições que
organizam ou pretendem organizar cursos/programas de mestrado e doutoramento e o número de
Mestres e Mestrandos e de Doutores e Doutorandos existentes no País;

iii) Reorientar a Política Nacional de Bolsas para o acesso a Mestrados em Angola e a Doutoramentos em
Angola e no Estrangeiro;

iv) Dotar as Unidades de Investigação, com laboratórios adequados e formar o respectivo pessoal técnico
necessário;

v) A consolidação do sistema de ensino superior requer que o corpo docente esteja devidamente
qualificado e que haja um número significativo de docentes que dedicam a sua actividade profissional às
respectivas instituições, incluindo docência, investigação e desenvolvimento e prestação de serviços.
Para tal, é necessário que, para além de promover a formação avançada, sejam definidas exigências
crescentes da qualificação do corpo docente para a autorização de funcionamento de instituições
e cursos.
Para além da formação avançada, e dado que será necessário recrutar um número significativo de novos
docentes, muitos sem experiência relevante de docência, considera-se imperioso criar condições para a
sua formação pedagógica, incluindo a utilização de laboratórios no ensino.
Tendo em vista assegurar a existência de pessoal não docente de apoio ao ensino devidamente
qualificado, será necessário promover o recrutamento de técnicos médios ou superiores e a sua
qualificação a nível pós-secundário.

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Consequentemente, consideram-se as seguintes medidas:


 Regulamentação da carreira docente do ensino superior público, definindo as regras de
progressão na carreira, designadamente:
- Exigindo mestrado e doutoramento para a primeira categoria de professor (auxiliar);
- Exigindo o doutoramento com qualificação necessária para as categorias mais elevadas
(associado e titular);
- Requerendo a realização de formação pedagógica para acesso aos lugares de professor;
 Regulamentação das condições de qualificação do corpo docente para a autorização de
funcionamento de instituições e cursos, em particular:
- Exigindo e verificando a existência de docentes com grau de mestre e/ou doutor;
- Exigindo e verificando que o corpo docente de formações pós-graduadas é composto
essencialmente por doutores;
 Previsão das necessidades de técnicos de apoio ao ensino, tendo em vista definir um programa
de qualificação pós-secundária dirigido à sua formação.

vi) Tendo em vista promover a estruturação das unidades de IDI não integradas em instituições de
ensino superior, mas fazendo parte do SNCTI, será necessário realizar uma avaliação da situação
actual, designadamente no que se refere às capacidades humanas e físicas, antes de promover a sua
reestruturação. As actuais unidades estão dispersas, na dependência de diferentes ministérios, com
funções nem sempre bem definidas e por vezes sobrepostas. Assim, para além da formação de doutores
nacionais para assegurar o seu funcionamento regular, será necessário proceder à sua reorganização e,
numa primeira fase, recrutar investigadores estrangeiros com grande experiência que possam contribuir
para estruturar as unidades reconfiguradas.
Assim, consideram-se as seguintes medidas:
 Levantamento, em 2013, da situação das actuais unidades de investigação, desenvolvimento e
inovação (IDI), associadas a diferentes Ministérios;
 Definição, em 2013 e 2014, das futuras unidades de IDI, sua inserção (laboratórios de Estado ou
de empresas públicas), sua missão, organização e necessidades de pessoal;
 Aprovação dos estatutos das unidades de IDI e definição da integração e programa de formação
do pessoal de investigação adstrito às unidades de IDI, em 2014;
 Contratação, a partir de 2014, de investigadores estrangeiros com experiência de IDI para
colaborar na instalação das novas unidades.

vii) É expectável que haja dificuldade em recrutar candidatos a doutoramento e, inclusivamente, mestrado
com conhecimentos e competências adequados à participação nos programas de formação avançada. A
ser assim, será necessário prolongar o programa de formação no tempo, reduzindo a sua intensidade.
Na programação considerada, previu-se um desenvolvimento do programa de doutoramentos diferido
relativamente ao dos mestrados, tendo em vista o encaminhamento dos melhores mestres formados
para o programa de doutoramento.
Na criação de mestrados pode-se capitalizar nas relações já existentes entre as instituições angolanas e
instituições de ensino superior estrangeiras, permitindo o arranque de alguns mestrados já no segundo
semestre de 2013, dado que estas formações não terão de seguir exatamente o calendário académico
das graduações.
Assim, consideram-se as seguintes medidas:
 Negociação e contratualização de projectos de mestrados a realizar a nível nacional;
 Identificação de instituições estrangeiras para negociação da formação de grupos de
doutorandos;
 Definição do programa de bolsas para suportar a realização no estrangeiro de doutoramentos e,
eventualmente, mestrados.

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6.4. Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de


Especialistas e Investigadores em Educação
6.4.1. Enquadramento
6.4.1.1. Aspectos Gerais
115. Relevância dos quadros docentes e dos especialistas e investigadores em educação. A consolidação do
sistema nacional de formação de professores e de educadores de infância é um dos objectivos gerais da ENFQ
para o sector da Educação. De facto, por um lado, o esperado crescimento equitativo das taxas de
escolarização, bem como a desejada melhoria da eficiência interna do ensino não superior, que prepara os
alunos para aceder aos cursos que qualificam os quadros médios e os superiores, não só tem de ser
acompanhado pelo aumento do número de professores a recrutar nas várias províncias, como estes precisam
de manifestar competência para o desempenho exigido pelos respectivos programas de ensino e pela
diversidade da população escolar. Por outro lado, sendo o PNFQ essencialmente um plano de formação de
quadros médios e superiores, a prossecução dos seus objectivos vai depender em grande parte da existência
de professores equitativamente distribuídos pelo território nacional e, ainda, da qualidade do desempenho
destes que são os principais actores do processo formativo. A expansão e equidade (social, territorial e de
género) do acesso, a eficiência dos processos e a eficácia e equidade dos resultados do sistema escolar
pressupõem não só o desempenho de um número suficiente de professores competentes em cada uma das
províncias, como ainda a actuação especializada de administradores e investigadores da realidade educativa
devidamente qualificados. Esta relevância dos quadros docentes é, aliás, reconhecida no Programa de
Governo Este considera que, face à evolução quantitativa assinalável do sector da educação, é necessário
agora aumentar consideravelmente a qualidade do ensino ministrado dando uma atenção especial à
qualidade do corpo docente; para o efeito, estabelece como medida a tomar a “concepção e implementação
de um sólido mecanismo de capacitação e qualificação do corpo docente e de formadores do sistema de
educação e de formação profissional”

116. Diversidade de perfis profissionais abrangidos. Este programa abrange assim a formação média e
graduada dos quadros docentes exigidos pela oferta pública e privada de educação pré-escolar e dos ensinos
primário e secundário, bem como dos especialistas necessários para a administração central, provincial e local
do sistema educativo e para a investigação em Ciências da Educação que contribua para a qualidade e
6
inovação da oferta educativa em Angola. São vários os perfis de quadros docentes :
 Professor de educação pré-escolar;
 Professor do ensino primário;
 Professor de disciplinas no 1º ciclo do ensino secundário;
 Professor de disciplinas no 2º ciclo do ensino secundário;
 Professor de disciplinas do ensino superior pedagógico.

Enquanto os três primeiros adquirem normalmente a qualificação no ensino médio e desempenham como
quadros médios, os dois últimos adquirem-na no ensino superior e fazem parte do grupo de quadros
7
superiores . Os quadros médios e os quadros superiores docentes podem ser providos em funções de técnicos

6
Não se considera aqui a docência no ensino superior, exceptuando a docência no ensino superior pedagógico; a formação dos outros docentes
é objecto de um outro programa de acção deste PNFQ (5.3)
7
Há dois modelos de formação para adquirir a qualificação profissional para a docência: o modelo integrado e o modelo sequencial; embora os
dois estejam legalmente previstos, só o primeiro tem feito parte da oferta no País. Com efeito, a aquisição da competência na(s) disciplina(s) a
ensinar e na metodologia para a(s) ensinar pode ser feita segundo dois modelos: o modelo integrado, em que as duas competências vão sendo
adquiridas simultaneamente, e o modelo sequencial, em que a segunda é adquirida somente após a primeira.

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8
pedagógicos de nível 2 e 1, desde que tenham 10 e 5 anos de serviço docente, respectivamente, ; não lhe é
exigida qualquer formação inicial média ou graduada para o efeito, sem prejuízo de frequência de formação
9
contínua ao longo do desempenho de suas funções. Os técnicos especialistas de administração da educação
e os investigadores em Ciências da Educação adquirem em geral a qualificação na formação avançada:
mestrado e doutoramento.

117. Objectivo Geral e Instrumentos do Programa O objectivo geral deste Programa é o da ENFQ aplicado a esta
população de quadros: garantir que, em 2020, o País disponha da quantidade e qualidade de professores, de
especialistas de administração da educação e de investigadores em Ciências da Educação necessários para a
expansão e qualidade do sistema educativo não superior nas várias províncias. É sua meta, portanto, garantir
10
a quantidade dos professores necessários, a equidade da sua distribuição territorial e a qualidade da sua
qualificação profissional. As áreas em que as medidas dos vários projectos do Programa podem actuar para
atingir estas metas são também as já previstas na ENFQ. Com efeito, para dotar o País com os quadros
necessários, esta Estratégia prevê medidas relativas:
 À oferta de formação interna e externa, a primeira eventualmente apoiada externamente;
 À procura destas ofertas pela atribuição de bolsas de estudo no País e no estrangeiro;
 À oferta de quadros já qualificados, sejam quadros angolanos na diáspora a atrair, sejam quadros
estrangeiros a contratar conjunturalmente.

118. Estrutura do Programa; caracterização da oferta actual, identificação de necessidades e projectos para
a sua satisfação. A primeira parte do Programa é dedicada ao enquadramento da actual oferta formativa
média, graduada e avançada dos quadros que abrange, com identificação em cada caso das principais
necessidades existentes. A segunda, é consagrada à apresentação dos Projectos em que se desdobra o
Programa para satisfazer as necessidades identificadas, com especificação dos respectivos objectivos e
acções.

6.4.1.2. Oferta Actual de Formação e Identificação de Necessidades


119. Enquadramento da oferta de quadros médios e superiores e de quadros com formação avançada. Esta
primeira parte é consagrada a enquadrar a oferta formativa e a identificar as necessidades de quadros médios
docentes (professores de educação pré-escolar, professores do ensino primário e professores do I ciclo do
ensino secundário), de quadros superiores docentes (professores do II ciclo do ensino secundário) e de
quadros com formação avançada (docentes do ensino superior pedagógico e investigadores em Ciências da
Educação, bem como especialistas em administração da educação.) Relativamente a cada perfil docente,
caracteriza a oferta formativa do ensino médio normal ou do ensino superior pedagógico e identifica alguns
desequilíbrios quantitativos face à procura actual e previsível por parte do sistema escolar, a nível nacional e
provincial, bem como algumas fragilidades qualitativas da oferta face às exigências do desempenho docente.

120. Limitações devido à insuficiência de dados. Assinale-se, no entanto, que a ausência verificada de dados
completos ou congruentes sobre a oferta de quadros diplomados pelas instituições de formação de
professores nos últimos anos não possibilita comparar esta oferta instalada com a previsível procura de
professores por parte do sistema escolar, até 2020 e, assim, quantificar eventuais desequilíbrios. Acresce que
a inserção no sector do ensino não tem sido a única via de inserção profissional dos diplomados para a
docência, dada a atracção exercida por outras actividades profissionais ou pela continuação de estudos, no
caso dos quadros médios docentes. Além disso, a docência tem sido também assegurada por diplomados em
cursos não vocacionados para o ensino, mesmo de nível superior, o que constitui uma alternativa para a
8
Capítulo V do Decreto nº2/08 de 4 de Março.
9
Seção II do Capítulo V do Decreto nº2/08 de 4 de Março; também podem ser providos nesta categoria, licenciados em Ciências da Educação.
10
A equidade de género deve também ser uma meta a atingir.

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satisfação da procura social de professores. A ausência de dados suficientes quer sobre os diplomados por
disciplina, quer sobre os de entre estes que optam por inserção profissional fora da docência, bem como
sobre os contratados sem qualificação pedagógica, torna difícil efectuar um balanço aprofundado entre a
11
oferta de formação docente instalada e as futuras necessidades de quadros docentes . Mesmo assim, é
possível identificar situações de oferta instalada deficitária face a previsível procura futura, ainda que sem
especificação quantitativa; se os dados em falta forem recolhidos em 2013, como se propõe, será então
possível quantificar eventuais desequilíbrios.

6.4.1.3. Professores de Educação Pré-escolar


121. Oferta de formação: poucos cursos e poucos diplomados num terço das províncias. A formação para os
dois ciclos da educação pré-escolar (creche e jardim de infância) é, actualmente, oferecida a nível médio, com
a duração de 4 anos, por três EFP, duas públicas e uma privada, e a nível superior, no sector público, por 3
ESP (bacharelatos com a duração de 3 anos) e por um ISSS (licenciatura com a duração de 4 anos); esta
oferta está implantada em 6 das 18 províncias. Enquanto para a formação a nível médio existe um currículo
nacional da responsabilidade do MED (INIDE, 2009), para a formação a nível superior o currículo é da
responsabilidade das respectivas instituições do ensino superior. Não só o número de cursos é reduzido, como
também se sabe que é pouco significativo o número de matriculados e de diplomados no conjunto destes 7
12
cursos , embora não se tenha acedido a informação precisa; casos há em que os primeiros matriculados
ainda não terminaram o curso (Quadro 6.7).

Quadro 6.7 Oferta de formação para educação pré-escolar em 2012, no ensino médio normal e no ensino superior

Cursos Instituições que oferecem


2 EFP públicas (Kwanza Sul, Moxico)
Ensino Médio Normal
Professores de Educação Pré- 1 EPF privada (Luanda)
13 Ensino Superior Pedagógico 3 ESP públicas (Lunda Norte, Kwanza Norte, Namibe)
escolar
Ensino Superior não pedagógico 1 ISSS público (Luanda)
7 Cursos oferecidos
Fonte: Informação recolhida para o PNFQ

122. A procura social de professores de educação pré-escolar: satisfeita com agentes sem qualificação
média normal. Embora não tenha havido acesso a informação quantificada sobre as crianças a frequentar a
educação pré-escolar, nem sobre os educadores de infância que as atendem, sabe-se que estes na sua
maioria possuem qualificação inferior à do ensino médio normal, sem impedimento de haver quem tenha
habilitações académicas de nível médio ou superior. A maioria dos que têm formação profissional específica
adquiriu-a num curso com a duração de um ano, organizado pelo MINARS em Luanda, que, no entanto, não
dá acesso à qualificação de nível médio.

123. Oferta deficitária de formação face à grande procura potencial de educação pré-escolar. A oferta
existente é claramente deficitária em função do potencial de procura justificado pelos seguintes factores,
entre outros:
 Dimensão do grupo etário dos 0-5 anos, no conjunto da população do País;

11
Assinale-se que, no caso do I e do II ciclo do ensino secundário, será necessário possuir dados sobre a oferta e a procura de professores por
cada disciplina ou grupo disciplinar destes níveis de ensino.
12
Muito do pessoal actualmente em funções nas instituições de educação pré-escolar não possui qualificação média nem superior para o efeito;
a preparação para o desempenho tem sido adquirida em cursos de formação mais ou menos curta, antes de início de funções ou já em serviço.
13
Ainda que formem todos para docência na educação pré-escolar, os diversos cursos aparecem com designações diversas.

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 Crescimento da procura social de educação pré-escolar, particularmente em jardim-de-infância (dos 3 aos


6 anos), pelo progressivo aumento da consciência da sua importância para o desenvolvimento das
crianças e em virtude do modo de vida da população dos grandes centros urbanos, em particular em
Luanda;
 Crescimento de estabelecimentos de educação pré-escolar, sobretudo através da iniciativa privada, e até
mesmo pública, no seguimento da construção das cidades satélites de Luanda;
 Possível maior atenção dada pelo investimento público à educação pré-escolar articulada com a
progressiva estabilização da expansão da rede do ensino primário;
 Valorização da educação pré-escolar e do impacto que esta poderá ter na aprendizagem da língua
portuguesa e, em consequência, na maior coesão e unidade nacional em torno de uma língua comum,
num País de grande diversidade linguística.

124. Necessidades quantitativas futuras: em função das metas de cobertura politicamente definidas. O
cálculo do número de professores de educação pré-escolar necessários no futuro terá de ter em conta as
metas a alcançar progressivamente na oferta de educação pré-escolar (em termos de percentagem de
população do grupo etário a cobrir) que venham a ser sucessivamente definidas politicamente. A oferta de
educação pré-escolar, mesmo que só acolha a população do grupo etário com 3 e 4 anos, exigirá largas
dezenas de milhares de professores. Mas a prioridade política para o pré-escolar parece ser, por enquanto, a
de expandir a classe de iniciação, que, no entanto, é assegurada nas escolas primárias pelos professores do
ensino primário. Entretanto, é provável que haja algum crescimento da oferta de formação, mesmo que não
seja em função de uma meta explicitamente definida. Por um lado, prevê-se, de acordo com interlocutores do
MED, que se inicie em 2013 a oferta no ensino público médio normal de mais alguns cursos de formação de
professores do pré-escolar; por outro lado, face à procura social destes profissionais articulada por parte dos
trabalhadores e à escassez da oferta, é provável que algumas instituições superiores venham a oferecer
também este tipo de cursos.

125. Necessidades qualitativas: insuficiente preparação dos formadores para a especificidade deste nível de
educação. Em termos qualitativos, observa-se que a oferta do ensino superior pedagógico para a qualificação
dos formadores dos professores de educação pré-escolar no ensino médio normal é deficitária nos aspectos
mais específicos desta, nomeadamente nas metodologias de promoção do desenvolvimento e educação das
crianças deste grupo etário.

6.4.1.4. Professores do Ensino Primário


126. Oferta de formação: muitos cursos e em todas as províncias. A formação de professores generalistas para
a docência na classe de iniciação e nos seis anos de ensino primário obrigatório (regular, educação de adultos
14
e educação especial ) é oferecida a nível médio com a duração de 4 anos, por 36 estabelecimentos (12
EMP públicas e 3 privadas; 8 EFP públicas e 1 privada; 12 EPF público-privadas), e a nível superior,
conducente ao grau de bacharel com a duração de 3 anos, por duas ESP públicas. Na rede público-privada,
salientam-se as 12 EPF da iniciativa da ADPP (Ajuda de Desenvolvimento de Povo para o Povo) que prevê
abrir mais cinco escolas nos próximos anos (ADPP & MED, 2012). Assinale-se que existe oferta de cursos de
formação média de professores do ensino primário em todas as províncias, e, em cerca de dois terços destas,
mais de um curso por província. Os cursos de nível superior ainda não produziram diplomados e funcionam

14
Seria, no entanto, de verificar até que ponto os actuais cursos preparam adequadamente para a educação especial e para a educação de
adultos.

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em províncias (Bié e Namibe) onde também há cursos médios (Quadro 6.8). Desconhece-se o número de
15
diplomados nos últimos anos por todos estes cursos .

Quadro 6.8 Oferta de cursos de formação para professores do ensino primário em 2012 no ensino médio normal e
no ensino superior pedagógico

Ensino Superior
Ensino Médio Normal
Pedagógico
Províncias
EMP EPF EFP ESP públicas Total
Públicas Privadas Públicas Privadas
Bengo X 1
Benguela X X 2
Bié XX X X 4
Cabinda X XX 3
Cunene X X 2
Huambo X X 2
Huíla X X 2
Kuando Kubango X 1
Kwanza Norte X X 2
Kwanza Sul XXX X 4
Luanda X X X 3
Lunda Norte X X 2
Lunda Sul X 1
Malange X X 2
Moxico X 1
Namibe X X X 3
Uíge X X 2
Zaire X 1
Total 12 3 12 8 1 2 38
Fonte: Elaborado a partir de informação recolhida e disponibilizada pelo INFQ para EMP e EFP (que comunicou não se tratar ainda de
recolha exaustiva) e pela ADPP, para as EPF.

127. A procura social ainda recruta agentes sem formação pedagógica. Estima-se que em 2012 haja 139 159
16
docentes para 5.592.223 de alunos (incluindo os da classe de iniciação). Entre 2008 e 2012, verificou-se
um aumento de 32.219 docentes para um crescimento de 1.029.576 alunos (1 docente para cada 32
alunos) (Quadro 6.9). A média anual da procura pública de docentes do ensino primário (com e sem curso
médio normal) entre 2008 e 2012 foi de 6.632 (crescimento anual médio de cerca de 6%). Mas dos 8.179
novos docentes recrutados em 2011 só 7.011 possuíam o curso médio normal tendo ainda sido
contratados 1.168 agentes de ensino sem o curso médio, como professores de ensino primário auxiliares
17
(14% dos recrutados nesse ano) . No entanto, esta necessidade de recrutar agentes sem diploma seria mais
devida à incapacidade do sistema em atrair diplomados para as zonas mais rurais do País (o que, aliás, poderá
justificar o previsto alargamento da rede de EPF vocacionadas para a formação de professores dessas zonas)
do que à insuficiência de diplomados no todo nacional. Mas só com dados precisos sobre o número anual de
diplomados por província será possível confirmar esta hipótese.

15
Num documento recente (MED, 2012), a média anual de diplomados entre 2008 e 2011 no ensino médio normal foi de 11 686; mas, no
ensino médio há dois tipos de cursos, os que qualificam para o ensino primário e os que qualificam para o I ciclo do ensino secundário, não
permitindo estes dados isolar quantos os diplomados para cada nível de ensino.
16
Enquanto a mesma fonte refere 133 469 em 2011, uma informação escrita do Gabinete de Recursos Humanos do MED, disponibilizada pelo
INFQ, refere para este ano 93 792, incluindo professores diplomados e professores auxiliares.
17
Informação do Gabinete de Recursos Humanos do MED disponibilizada pelo INFQ.

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Quadro 6.9 Evolução do número de alunos e dos docentes da classe de iniciação e do ensino primário, entre 2008
e 2012

2008 2009 2010 2011 2012* V(08-12)%

Alunos 4.562.647 4.658.261 4.852.868 5.463.578 5.592.223 -19,8/30,4 **


Docentes 106.940 121.206 125.290 133.469 139.159 30,1
Alunos/Professor 42,6 38,4 38,7 40,9 40,1
*Estimativa; ** Verificou-se uma diminuição de 19,8% dos alunos da classe die iniciação (atribuída a uma diminuição de crianças nesta
classe com idades superiores a 5 anos) e um aumento dos alunos do ensino primário de 30,4%
Fonte: MED (2012)

128. Necessidades quantitativas futuras: factores de crescimento da procura de docentes do ensino


primário. Para além da necessidade de substituição dos docentes que, por diversas razões, sairão do sistema,
o número total de docentes necessários ainda continuará a aumentar devido a alguns factores e a algumas
medidas que possam vir a ser tomadas, tais como:

 O crescimento da população do grupo etário graças ao aumento dos nascimentos e à diminuição da taxa
de mortalidade infantil; aumento previsto de cerca de 600.000 crianças até 2020 (de estimativa de 3,433
18
milhões em 2010 para de 4 milhões em 2020) ; se houver uma melhoria de 10 pontos percentuais da
taxa líquida de escolarização entre 2010 (77,2%; MED, 2012) e 2020, esta melhoria implica um aumento
de cerca de um milhão de alunos que por si só exigirá mais 25.000 professores nos 6 anos do
ensino primário (para 1 professor para 40 alunos, conforme aconselhado por vários organismos
internacionais) ou 28.500 para 1 professor por 35 alunos: 2.500 ou 2.850 em média por ano, ou seja cerca
de 19.000 novos ou 22.800 docentes entre 2013 e 2020; haverá ainda que acrescentar os necessários para
a classe de iniciação.
 Diminuição da taxa de desistência de 27% para 6,9%, no seguimento da recente reforma curricular;
19 20
 Aumento da oferta de ensino especial e de educação de adultos (23.888 atendidos no ensino
especial em 2012 e 66,6% de alfabetizados em 2009 na população com 15 anos ou mais);
 Diminuição do número de alunos por turma, actualmente ainda acima do considerado desejável; o
número previsto de alunos por turma é de 35 mas, conforme as localidades, ainda há muitas turmas com
números muito superiores; no entanto, o número de alunos por professor entre 2008 e 2012 oscilou entre
42,6 e 38,4 (Quadro 6.9).

No entanto, enquanto a taxa líquida de escolarização tenderá a aumentar, a taxa bruta tenderá a
diminuir (embora tenha ainda aumentado de 79,4% em 2008 para 139% em 2012, provavelmente devido ao
ingresso ou regresso de alunos mais velhos) (MED, 2012). Com efeito, no seguimento da recente reforma
curricular, verifica-se uma melhoria da eficácia interna do sistema que moderará o impacto dos factores
acabados de referir no crescimento da procura de professores do ensino primário:

 Aumento da taxa de promoção de 46,7% para 80%;


 Diminuição da taxa de repetência de 26,8% para 13,2%.

18
Ver cap.1 deste PNFQ
19
No seguimento, aliás, de uma medida prevista no Programa do Governo do MPLA para 2012-2017:”Asseguramento do Apoio Pedagógico
Acrescido para alunos com necessidades educativas especiais2 (MPLA, 2012,p.89)
20
O mesmo programa de Governo prevê ”dar continuidade e reforçar o programa de alfabetização de adultos” MPLA, p.89)

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129. Necessidades qualitativas: elevada taxa de professores em exercício sem qualificação adequada. Uma
larguíssima maioria do ensino primário é assegurada por professores sem o curso médio normal que, por isso,
estão contratados como professores do ensino primário auxiliares: 81% em 2011, contra apenas 19% de
professores do ensino primário diplomados, segundo dados do Gabinete de Recursos Humanos do MED.
Embora todos os primeiros devam ter completado o I ciclo do ensino secundário, não se sabe quantos
completaram também o II ciclo do ensino geral. Isto significa que há um elevado número de agentes com
necessidades de formação como quadros médios docentes, se o objectivo for o de criar condições para que
uma parte significativa destes, nomeadamente dos que têm menos anos de experiência profissional, adquira a
qualificação prevista para a docência de melhor qualidade neste nível de ensino. Acresce que, com a recente
reforma curricular, os professores primários passaram a assegurar também a docência na quinta e sexta
classe, factor complementar de necessidade de aprofundamento da respectiva qualificação.

130. Necessidades qualitativas: insuficiente preparação dos formadores para a especificidade do ensino da
Língua Portuguesa e da Matemática neste nível de ensino. Em termos qualitativos, verifica-se que a
oferta do ensino superior pedagógico para a qualificação dos formadores dos professores de ensino primário
é deficitária nos aspectos mais específicos deste, tais como nas metodologias do ensino da Língua Portuguesa
e da Matemática.

6.4.1.5. Professores do I Ciclo do Ensino Secundário 21


131. Oferta de formação: muitos cursos numas disciplinas, poucos noutras. Os professores do I ciclo do
ensino secundário diplomados são professores de uma ou duas disciplinas e devem possuir como habilitação
22
mínima um curso do ensino médio normal ministrado em EFP . No Quadro 6.10 encontram-se os diversos
cursos actualmente oferecidos. Verifica-se que são em quantidade variável conforme as disciplinas e cerca de
metade (Português, Matemática/Física, Biologia/Química e História/Geografia) funciona na generalidade das
províncias. Não houve acesso a qualquer levantamento do número de diplomados por disciplina(s) nas EFP.
Com base nos matriculados em 130 dos 137 cursos médios existentes, mas em apenas num ano escolar
(2012), se for considerada uma taxa de conclusão com sucesso de 70%, obtêm-se 7.755 diplomados, cerca
de 60 em média por curso. No entanto, o número do total de diplomados em cinco das disciplinas (Inglês,
Francês, Educação Visual e Plástica, Educação Física e Educação Moral e Cívica) representa apenas 10% deste
total.

Quadro 6.10 Oferta de Formação de Professores do I Ciclo do Ensino Secundário (Geral e Formação Profissional
Básica) em 2012 no Ensino Médio Normal

Cursos para ensino de Nº de cursos Instituições que oferecem

20 EFP públicas
Português 22
2 EFP privadas
11 EFP públicas
Inglês 12
1 EFP privada
5 EFP públicas
Francês 6
1 EFP privada

21
Após o ensino primário, os alunos podem ainda inscrever-se em cursos de formação profissional básica; embora seja muito pequeno o actual
número de alunos (3 843 em 22 Escolas Técnicas, segundo informação dos respetivos serviços do MED) estes podem vir a aumentar no quadro
do alargamento da escolaridade obrigatória, constituindo-se como uma alternativa aos cursos do ensino geral. Como se verifica no Quadro 6.12,
não existe oferta de formação específica para a docência das disciplinas técnicas.
22
Art.º 13º e 19º do Decreto Presidencial nº 109/11 e art.º 12º do Decreto nº3/08; também pode ser provido nesta categoria quem possuir o 2º
ciclo do ensino secundário complementado por profissionalização pedagógica adquirida em cursos específicos de formação contínua de nível
médio.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Cursos para ensino de Nº de cursos Instituições que oferecem

29 EFP públicas
Matemática e Física 31
2 EFP privadas
28 EFP públicas
Biologia e Química 29
1 EFP privada
28 EFP públicas
História e Geografia 29
1 EFP privada
2 EFP pública 23
Educação Visual e Plástica 3
1 EFP privada

Educação Física 2 2 EPF públicas

1 EFP pública
Educação Moral e Cívica 3
2 EFP privadas
Fonte: Elaborado a partir de informação recolhida e disponibilizada pelo INFQ (que comunicou não se tratar ainda
de recolha finalizada).

24
132. Procura: elevado crescimento da procura. Estima-se que, em 2012, haja 71.415 docentes para 638.436
alunos. Entre 2008 e 2012 verificou-se um aumento de 19 338 docentes para um crescimento de 275 226
alunos. Foi neste ciclo de ensino que se verificou, neste período, a maior percentagem de aumento do número
de alunos (75,8%) e de docentes (37,1%) (Quadro 6.11).

133. Necessidades quantitativas futuras: oferta instalada muito deficitária. Com o alargamento da
escolaridade obrigatória, se a taxa média anual de crescimento de alunos for de 25% nos próximos oito anos,
o número de alunos será da ordem de 1.8 milhões, em 2020, o que representará uma taxa bruta de
25
escolarização de quase 100%, dado a população prevista para o grupo etário ser de 1 milhão e 850 mil . Se o
número de professores em 2020 mantiver relativamente ao de alunos uma proporção idêntica à média dos
últimos 5 anos (12,4%) será necessário recrutar mais cerca 154 mil docentes, sem contar os necessários para
substituir os que deixarão o sistema. Se a oferta instalada mantiver uma oferta anual de 7.800 diplomados
(7.800X 8 anos=62.400), pode estimar-se que é amplamente deficitária para responder a estas necessidades.
Será, no entanto, necessário calcular de modo mais completo as necessidades e ter dados mais fiáveis sobre a
oferta instalada; convirá ainda fazer as estimativas para cada disciplina ou grupo de disciplinas; além disso
será de ponderar se a proporção de docentes para o total de alunos é a mais adequada.

Quadro 6.11 Evolução do número de alunos da classe e dos docentes do I ciclo do ensino secundário, entre 2008 e
2012

2008 2009 2010 2011 2012* V(08-12)%

Alunos 363.210 406.795 507.125 619.841 638.436 75,8

Docentes 52.077 59.024 60.689 67.086 71.415 37,1


% de docentes sobre total de alunos 14,3% 14,5% 12% 10,8% 11,2 %
*Estimativa na fonte
Fonte: MED (2012)

23
Há ainda a oferta de alguns Institutos Nacionais de Formação Artística e Cultural tutelados pelo Ministério da Cultura
24
Assinale-se que numa informação do Gabinete de Recursos Humanos do MED, disponibilizada pelo INFQ, os docentes do I ciclo, eram apenas
56 065, em 2011.
25
Ver capítulo 4 deste relatório.

83I207
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

134. Necessidades qualitativas: professores em exercício sem a qualificação adequada. Embora não seja
conhecido qualquer levantamento sobre as qualificações (profissional ou apenas académica) em cada
disciplina e em cada província dos 71.415 professores deste ciclo de ensino, é previsível que a docência das
disciplinas para as quais há pouca oferta formativa seja assegurada, sobretudo nas províncias em que a
oferta não existe, por diplomados de outros cursos (com o II ciclo do ensino geral, por exemplo) sem
possuírem a profissionalização pedagógica. O que certamente acontece no caso das disciplinas para as quais
não há qualquer oferta de formação específica, essencialmente nas disciplinas técnicas da formação
profissional básica (Quadro 6.12.) No entanto, para ser provido num lugar de carreira como professor do I
ciclo do ensino secundário diplomado, além de possuir qualificação académica a nível do II ciclo, é preciso
possuir formação pedagógica (Decreto 03/08 de 4 de Março) a qual se adquire em cursos de formação
contínua de nível médio (Decreto Presidencial 109/11).

Quadro 6.12 Disciplinas do 1º ciclo do ensino secundário e da formação profissional básica para as quais não há
oferta de cursos de formação integrada no ensino médio normal

Educação Laboral Curso do Ensino Geral


Sociologia
Noções de Direito
Curso de Formação
Introdução à Economia
Profissional Básica
Introdução à Contabilidade
Todas as outras disciplinas 26 de formação Técnica, Tecnológica e Prática (cerca de 50 disciplinas)
Fonte: Elaborado a partir da comparação entre as disciplinas dos planos de estudos do I ciclo do ensino secundário (geral e formação
profissional básica) e a oferta de formação do ensino médio normal para as mesmas

6.4.1.6. Professores do II Ciclo do Ensino Secundário.


Oferta de formação: ausente ou diminuta em algumas províncias. Os planos de estudo do II ciclo ensino
secundário (geral, médio técnico e médio normal) estão organizados por disciplinas e os professores, em geral, são
formados para a docência numa delas. A oferta de cursos organizados segundo o modelo integrado para formação
de professores deste ciclo de ensino é feita essencialmente por instituições do ensino superior pedagógico: 7
Institutos Superiores de Ciências da Educação (ISCED) e 6 Escolas Superiores Pedagógicas (ESP), mais
recentemente criadas. Mais recentemente ainda, apareceram outros estabelecimentos do ensino superior com este
tipo de oferta. Verifica-se que funciona pelo menos uma instituição que oferece ensino superior pedagógico, num
número maior ou menor de disciplinas, em 15 das 18 províncias. Embora haja pelo menos uma instituição em
cada uma das 7 regiões académicas, ainda não há oferta de ensino superior pedagógico em Malange, Cunene e
Kwando (Ver Quadro 6.13).

26
Excepto Química Geral e Aplicada.

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Quadro 6.13 Oferta de Formação de Professores do 2º ciclo do Ensino Secundário (Geral, Médio Técnica e Médio
Normal) em 2012

Cursos para o ensino de Nº de cursos Instituições que oferecem

[5] ISCED Luanda| Benguela | Huambo I Lubango I Uíge


Português 6
[1] ESP Bengo
[1] ISCED Luanda
Línguas e Literaturas Africanas 2
[1] ISP Jean Piaget (Privado)
Inglês 5 [5] ISCED Luanda| Benguela| Huambo I Huila | Uíge
Francês 4 [4] ISCED Luanda| Benguela| Huila | Uíge
Português-Francês 2 [2] ESP Lunda Norte I Kwanza Norte
Português-Inglês 2 [2] ESP Lunda Norte I Kwanza Norte
Filosofia 3 [3] ISCED Luanda |Huíla| Uíge
[6] ISCED Luanda| Benguela| Kwanza Sul |Huambo I Huíla | Uíge
História 7
(1) ESP Bengo
[5] ISCED Benguela| Kwanza Sul| Huíla| Huambo| Uíge
Geografia 7 [1] ESP Bié
(1) ESPO Moxico
[7] ISCED Luanda |Benguela |Kwanza Sul| Huila | Huambo | Cabinda |Uíge
Matemática 14 [5] ESP da Lunda Norte| Bengo| Bié| Kwanza Norte I Namibe
(2) ESPO Moxico I M’Banza Kongo
[3] ISCED Huila| Huambo| Uíge
Física 9 [4] ESP Lunda Norte| Bié| Kwanza Norte I Namibe
(2) ESPO Moxico I M’Banza Kongo
[3] ISCED Uíge I Huambo I Lubango
Química 8 [3] ESP Lunda Norte | Kwanza Norte I Namibe
(2) ESPO Moxico I M’Banza Kongo
[4] ISCED Cabinda I Huila | Huambo| Uíge
Biologia 8
[4] ESP Lunda Norte | Cuanza Norte I Namibe
[6] ISCED Luanda| Benguela | Kwanza Sul | Huíla | Huambo| Cabinda
[2] ESP Bengo|Bié
Psicologia 10
(1) ISP Cazenga
(1) ESPO M’Banza Kongo
Sociologia 1 [1] ISCED Luanda
[7] ISCED Luanda| Benguela| Kwanza Sul| Huíla| Cabinda| Huambo Uíge
Pedagogia 12 [2] ESP Bengo |Lunda Sul
[3] ISP Metropolitano Luanda| Cazenga| Kangojo
Total de Cursos 100 -
Fonte: A partir de informação recolhida para o PNFQ

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135. Oferta diminuta ou inexistente em algumas disciplinas. O número de disciplinas oferecidas em cada
província é variável. Além disso, a oferta para algumas disciplinas, como por exemplo em Línguas, Sociologia,
Filosofia, História, Geografia, existe num número limitado de províncias (Ver Quadro 6.13). Não houve, porém,
acesso ao número de diplomados para cada uma das 14 disciplinas pelos 100 cursos existentes. Além disso,
não existe oferta específica para muitas disciplinas mais profissionalizantes do ensino médio técnico e do
ensino médio normal, destacando-se neste as disciplinas de metodologia de educação e ensino na educação
pré-escolar e no ensino primário, que, além disso, deveriam preparar para a orientação dos respectivos
estágios pedagógicos (Quadro 6.14). Esta inexistência de oferta conduz à contratação de agentes de ensino
sem habilitação pedagógica.

Quadro 6.14 Disciplinas do II ciclo do ensino secundário (geral, médio técnico e médio normal) para as quais não
existe oferta de formação no ensino superior pedagógico em 2012

Ensino Geral Médio Técnico Médio Normal


Educação Física X X X
Geologia X X
Antropologia X
Economia X X
Direito X
Informática X X
Geometria descritiva X
Desenho X
História de Artes X
Técnicas de Expressão Artística X X
Disciplinas Técnicas (cerca de 120) X
Higiene e Saúde Escolar X
Formação Pessoal, Social e Deontológica
Metodologias de Ensino das várias áreas ou disciplinas na educação pré-
escolar, no ensino primário e no I ciclo do ensino secundário (Português, X
Matemática, História e Geografia, etc.) e Orientação dos respetivos Estágios
Fonte: Elaborado a partir da comparação entre as disciplinas dos planos de estudos do II ciclo do ensino secundário (geral, médio técnico
e médio normal) e a oferta de formação do ensino superior pedagógico para as mesmas

136. Procura social de professores do II ciclo: elevado crescimento recente Estima-se que, em 2012, haja
27
35.404 docentes para 323.786 alunos. Entre 2008 e 2012, verifica-se um aumento de 9 202 docentes
(35,1%) para um crescimento de 111.439 alunos (52,5%) sendo de assinalar que só entre 2010 e 2011 o
aumento foi de cerca de 60 000; mas o aumento de professores no mesmo período (cerca de 3000 por ano,
excepto entre 2009 e 2010 em que não se verificou qualquer aumento) não foi proporcional ao de alunos
(Quadro 6.15) (MED, 2012).

27
Assinale-se que numa informação do Gabinete de Recursos Humanos do MED, disponibilizada pelo INFQ, os docentes do II ciclo, eram apenas
28 123, em 2011. A mesma informação regista a dúvida se estes dados incluem os docentes do ensino médio técnico e do ensino médio normal,
ou apenas os do ensino geral; ignora-se também o leque de abrangência dos dados do Quadro 6.15.

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Quadro 6.15 Evolução do número de alunos da classe e dos docentes do II ciclo do ensino secundário, entre 2008
e 2012

2008 2009 2010 2011 2012* V(08-12)%


Alunos 212.347 231.695 253.208 314.355 323.786 52,5
Docentes 26.202 29.698 29.432 32.604 35.404 35,1
% de docentes sobre total de alunos 14,3% 14,5% 12% 10,8% 11,2 %
*Estimativa na fonte
Fonte: MED (2012)

137. Necessidades quantitativas futuras: elevadas nas disciplinas com oferta inexistente. A oferta instalada
de formação profissional para a docência no II ciclo do ensino secundário é fortemente deficitária nas
disciplinas para as quais não existe; será ainda deficitária para as inúmeras novas disciplinas do ensino médio
técnico (inclusive no domínio artístico) se forem criados as várias dezenas de novos cursos propostos por este
PNFQ (ver capítulo sobre formação de quadros médios).

138. Necessidades quantitativas futuras nas disciplinas com oferta de formação: diferenciadas por
disciplinas e províncias. Enquanto o efeito do alargamento da escolaridade obrigatória não se fizer sentir
sobre este ciclo de ensino, o que não deve começar a acontecer antes de 2017, é de prever que a média anual
de crescimento do número de alunos não se afaste muito da actual (cerca de 13%) e que o ritmo anual de
recrutamento de docentes se mantenha idêntico ao dos últimos anos; é provável que algum défice
significativo da oferta de formação instalada se verifique apenas nas disciplinas e nas províncias em que é
actualmente diminuta. Mas para a estimativa quantificada do défice actual e futuro de professores nas várias
disciplinas e nas várias províncias seria preciso ter informação sobre o número de professores necessários e
de diplomados pela oferta de formação instalada, por disciplina em cada província.

139. Necessidade qualitativas: professores em exercício sem a qualificação adequada. Para a maioria das
disciplinas em que a oferta é inexistente ou diminuta existem diplomados no domínio da disciplina a ensinar
(mas não na metodologia do respetivo ensino) por outras instituições de ensino superior, não direccionadas
especificamente para a docência. Por exemplo, para a docência de Sociologia, Direito, Economia,
Contabilidade, Informática, Gestão de Recursos Humanos, Engenharias, etc.; mas também de Física, Química,
28
História, etc . E o sistema educativo já contrata diplomados nestas disciplinas sem formação pedagógica; e
sem dúvida continuará a proceder assim para as disciplinas para as quais não há oferta de formação
integrada (nem talvez se justifique que haja) e para aquelas em que tal oferta é deficitária, tornando assim
desnecessária a criação de novos cursos. Não houve, porém, acesso a dados sobre o número de professores
sem qualificação pedagógica contratados em cada disciplina. No entanto, para ser providos num lugar de
carreira como professor do II ciclo do ensino secundário diplomado, além de possuir um grau superior nestas
disciplinas, é preciso possuir formação pedagógica (Decreto 03/08 de 4 de Março, art.º 14º) a qual se adquire
29
em cursos de formação contínua de nível superior (Decreto Presidencial 109/11, art. 19º) .

6.4.1.7. Quadros com Formação Avançada em Educação


140. Oferta de formação avançada: quase inexistente. Os docentes do ensino superior pedagógico são quem
qualifica os professores do II ciclo do ensino secundário, ou seja, dos cursos do ensino médio normal (os

28
A actual oferta de formação em algumas destas disciplinas é considerada mesmo excedentária no capítulo sobre quadros superiores deste PNFQ.
29
Formação designada por “agregação pedagógica” na Lei de Bases e por “profissionalização” no Estatuto do Subsistema de Formação de
Professores, parecendo especificar, neste caso, que é acessível apenas a quem já se encontra em exercício de funções docentes. Está previsto
que esta formação se desenvolve segundo regulamentação própria que, porém, ainda não existe.

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professores dos futuros professores da educação pré-escolar, do ensino primário e do I ciclo do ensino
secundário), do ensino médio técnico e do ensino geral. Asseguram, ainda, a formação avançada em Ciências
da Educação dos especialistas de administração da educação. Enquanto docentes e investigadores, asseguram
a formação do próprio corpo docente e dos investigadores em Ciências da Educação, podendo estes últimos,
quando inseridos apenas em Unidades de Investigação fora da universidade, participar também na formação
30
avançada. Cabe-lhes ainda contribuir para a formação pedagógica de todos os docentes do ensino superior .
Desempenham, portanto, um papel estratégico na qualificação de todos os Quadros Médios e Superiores cujo
desenvolvimento o PNFQ visa garantir. Mais do que destinada a garantir a quantidade dos Quadros que
formam, a formação avançada visa contribuir para a sua qualidade, isto é, para que a competência que
adquirem corresponda às exigências do respectivo desempenho profissional. Em princípio, a qualificação dos
docentes do ensino superior pedagógico, dos investigadores em Ciências da Educação e dos especialistas em
31
administração da educação situa-se ao nível da formação avançada: mestrado e doutoramento em Ciências
32
da Educação . A oferta de cursos de formação avançada em Ciências da Educação (mestrados e
doutoramentos) é, porém, quase inexistente no País: há conhecimento de quatro mestrados a funcionar
legalmente no ISCED de Luanda (Administração Educacional, Pedagogia do Ensino Superior, Didáctica de
33
Francês Língua Estrangeira e Engenharia de Formação) .O alargamento deste tipo de oferta tem vindo a
adquirir alguma dinâmica nos últimos tempos.

141. Procura social destes quadros: recurso à oferta externa. Não existe ainda um levantamento completo dos
quadros com formação avançada no ensino superior pedagógico, nem dos mestres e doutorados em Ciências
da Educação desempenhando funções de investigação ou de administração de educação. De acordo com um
levantamento parcelar recente feito para a ENFQ, verifica-se que em 6 ISCED (Benguela, Cabinda, Huambo,
Huíla, Kwanza Sul e Luanda) entre 726 formadores, 241 possuem mestrado (33%) e 87, doutoramento (12
%). É provável que, na maioria das restantes instituições que oferecem ensino superior pedagógico, a
percentagem de formadores com formação avançada seja bastante mais baixa, até porque são de criação
recente. No entanto, mesmo para os referidos ISCED, como os dados se referem a todos os formadores, não
se sabe quantos possuem formação avançada em Ciências de Educação; além disso, também não se conhece
o domínio e o nível da qualificação académica dos 127 formadores estrangeiros (17,5 %) nestes ISCED. Como
a oferta interna é diminuta e recente, a solução para satisfazer a procura de formação avançada em Ciências
da Educação tem sido o recurso à oferta externa, havendo já angolanos diplomados por universidades
estrangeiras e um bom número de bolseiros (e não bolseiros) no exterior a frequentar cursos de
34
mestrado e doutoramento nesta área, nomeadamente em Cuba e em Portugal .

142. Meta de formação avançada para 2020: 40% de mestres e 20% de doutores no ensino superior
pedagógico e no INIDE. Dada a relevância da formação avançada em Ciências da Educação para a qualidade
do desempenho profissional dos professores do ensino superior pedagógico, em geral simultaneamente
docentes e investigadores, bem como dos especialistas da administração da Educação, e não sendo realista
colmatar totalmente a lacuna existente, propõe-se a seguinte meta a atingir em 2020: 40% de mestres e
20% de doutores em Ciências da Educação no corpo docente/investigador de cada estabelecimento

30
Podem ainda realizar cursos de formação em serviço, por encomenda das entidades responsáveis pelos quadros da administração da
educação, para os técnicos pedagógicos da administração pública, por exemplo no domínio da inspeção escolar, da supervisão pedagógica e da
gestão das escolas.
31
Ver o respectivo perfil no art.º 21º do Decreto nº3/08 de 4 de Março
32
Assinale-se que na carreira destes três tipos de quadros existem também licenciados; mas, em princípio, a maioria deve possuir formação
avançada.
33
Decreto Executivo Nº 074/1.02/Gabinete MESCT/2012 e Decreto Executivo Nº 075/1.02/Gabinete MESCT/2012. Há outros mestrados de
Ciências da Educação a funcionar noutros ISCED, mas ainda não foram reconhecidos pelo MESCT.
34
Em Agosto de 2011, havia no exterior 10 bolseiros de mestrado e 65 de doutoramento no domínio das Ciências da Educação: 4 e 49 em Cuba
e 3 e 8 em Portugal; havia ainda 38 bolseiros de licenciatura; estes dados referem-se apenas a bolsas integrais ou complementares das da
cooperação geridas pelo INABE (dados disponibilizados pelo INABE).

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com oferta de ensino superior pedagógico (ISCED, ESP e outros) e no conjunto de investigadores do INIDE.
Propõe-se a mesma meta para os docentes das disciplinas que não são do âmbito das Ciências de Educação,
mas também fazem parte dos planos de estudo do ensino superior pedagógico.

6.4.2. Projectos
143. Objectivos específicos e acções de cinco projectos. A prossecução do objectivo geral deste Programa de
Acção será realizada por acções a realizar no contexto de 5 projectos selecionados para responder aos
défices quantitativos identificados entre a capacidade instalada de formação e a previsível procura social
futura de diplomados, bem como aos défices qualitativos entre as competências proporcionadas pela oferta e
as exigências do futuro desempenho profissional dos quadros médios e superiores docentes. O próprio
enunciado dos projectos explicita os objectivos específicos de cada um (Quadro 6.16):

 Projecto 4.1: Produção de conhecimento sobre oferta e procura actuais e identificação


quantificada das necessidades futuras de quadros docentes;
 Projecto 4.2: Adequação da rede de oferta de formação integrada às necessidades de quadros
médios e superiores docentes;
 Projecto 4.3: Desenvolvimento de uma rede de oferta de profissionalização pedagógica de docentes
segundo o modelo sequencial;
 Projecto 4.4: Aumento significativo da oferta de cursos de qualificação de formadores de quadros
docentes, de investigadores e de especialistas em educação;
 Projecto 4.5: Implantação de dispositivos de promoção e garantia de qualidade da oferta de
formação de quadros docentes.

Quadro 6.16 Projectos e Acções

Projectos Acções
Projecto 4.1 Acção 4.1.1 Criação do Sistema de Informação sobre Formação, Recrutamento e
Produção de conhecimento sobre oferta Carreira de Professores
e procura actuais e identificação
quantificada das necessidades futuras Acção 4.1.2 Identificação das necessidades quantitativas de professores até 2020 nos
de quadros docentes vários níveis e disciplinas de ensino
Projecto 4.2 Acção 4.2.1 Clarificação política sobre o futuro nível de formação dos actuais quadros
Adequação da rede de oferta de médios docentes.
formação integrada às necessidades de Acção 4.2.2 Ajustamentos, a curto prazo, na rede de oferta de formação de quadros
quadros médios e superiores docentes médios e superiores docentes
Projecto 4.3 Acção 4.3.1. Criação da oferta de profissionalização pedagógica
Desenvolvimento de uma rede de oferta
de profissionalização pedagógica de Acção 4.3.2. Implantação da oferta de formação de professores segundo o modelo
docentes segundo o modelo sequencial sequencial
Projecto 4.4 Acção 4.4.1 Desenvolvimento da oferta de qualificação em metodologias específicas de
Aumento significativo da oferta de ensino para formadores de professores
cursos de qualificação de formadores Acção 4.4.2. Incremento da oferta da formação avançada em Ciências da Educação
de quadros docentes, de investigadores para formadores do ensino superior pedagógico, investigadores e especialistas em
e de especialistas em educação administração da educação

Projecto 4.5 Acção 4.5.1 - Acreditação profissional dos cursos do ensino superior pedagógico
Implantação de dispositivos de
Acção 4.5.2 - Avaliação para reconhecimento dos cursos médios como habilitação para
promoção e garantia de qualidade da
a docência
oferta de formação de quadros
docentes Acção 4.5.3 - Reconhecimento de cursos não direcionados para o ensino como
habilitação própria para a docência.

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Versão Final (Setembro 2012)

6.4.2.1. Projecto 4.1 Produção de conhecimento sobre oferta e procura actuais e identificação
quantificada das necessidades futuras de quadros docentes
144. Acção 4.1.1 Criação do Sistema de Informação sobre Formação, Recrutamento e Carreira de
Professores. O planeamento, gestão e regulação a nível nacional do subsistema da formação de quadros
docentes nos ensinos médio normal e superior pedagógico, público e privado, exige a identificação não só da
oferta de formação instalada, mas também da procura actual e futura de quadros docentes por parte do
sistema de ensino. Para satisfazer esta necessidade é indispensável um sistema de informação,
permanentemente actualizado, sobre formação, recrutamento e percurso do desempenho profissional dos
professores, até agora inexistente. Este sistema conterá informação nomeadamente sobre o número anual de
matriculados e diplomados por cada curso de formação de quadros docentes (para cada nível de ensino e
para cada especialidade disciplinar, no caso do I e II ciclo do secundário) e por instituição, bem sobre as
respectivas taxas anuais de desistência, reprovação, aprovação e conclusão e até, de inserção, no mercado de
emprego na docência; e ainda, informação sobre o número, qualificação e categoria profissional dos
respectivos formadores por área disciplinar. Propõe-se que este sistema seja instalado em 2013 para
permitir um planeamento quantificado de quadros docentes a qualificar nos anos seguintes. A instalação
deste subsistema, a realizar eventualmente com recurso a assistência técnica, deve ser da responsabilidade do
GEPE do MED (com a colaboração do GEPE do MESCT); pode ser um sistema autónomo ou fazer parte de um
sistema mais vasto de informação no domínio da educação, o que facilitará a indispensável articulação com
os dados relactivos aos outros subsistemas de ensino para identificação das necessidades da procura social
de quadros docentes.

145. Acção 4.1.2 Identificação das necessidades quantitativas de professores até 2020 nos vários níveis e
disciplinas de ensino. Com base no sistema de informação proposto no número anterior e, ainda, nos dados
do recenseamento da população de 2013, já será possível, durante 2013-2014, identificar mais
fundamentadamente a quantidade de professores necessários para os vários níveis e disciplinas de ensino,
entre 2015 e 2020, e definir as consequentes mudanças a introduzir na oferta de formação instalada. Nesta
identificação de necessidades será importante ter em conta que em cada caso há especificidades a considerar
e definições políticas prévias a realizar. De entre umas e outras, destacam-se:

 Metas de expansão da oferta de educação pré-escolar. A identificação das necessidades de


professores de educação pré-escolar e o planeamento da sua formação não dependem apenas da
população do respectivo grupo etário, mas também da política de progressiva expansão da oferta da
própria educação pré-escolar a essa população; a identificação de necessidades pressupõe a definição
prévia da política de expansão da oferta pública e/ou de incentivo à oferta privada ou público-privada,
que ganhará em ser definida em 2013, estabelecendo metas a atingir até 2017 e até 2020.
 Escolaridade obrigatória no I ciclo do ensino secundário. Especial atenção deve merecer a análise das
necessidades no I ciclo do ensino secundário dado que a escolaridade obrigatória vai passar a abranger
este ciclo, sendo indispensável definir previamente em que ano tal vai acontecer; será ainda de considerar
o eventual impacto deste alargamento no aumento da procura dos cursos de formação profissional básica
que exigem perfis específicos de qualificação docente.
 Diversidade de vias no II ciclo do ensino secundário e aumento da oferta de cursos no ensino
médio técnico. No II ciclo do ensino secundário, além de considerar a pressão exercida pela procura
social em consequência do alargamento da escolaridade obrigatória, é importante diferenciar as
necessidades de docentes a formar para as diferentes disciplinas de cada via de ensino – geral, médio
normal e médio técnico; além disso, no ensino médio técnico, é importante ter em conta a criação de
mais de três dezenas de cursos, proposta no Programa de Acção relactivo a quadros médios, também

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apresentado neste PNFQ; e, no ensino médio normal, é oportuno ter em conta a eventual criação do
modelo sequencial de formação docente, alternactivo ao modelo integrado.
 Consequências da criação de oferta segundo o modelo sequencial sobre os formadores a qualificar.
Com efeito, na identificação das necessidades de formadores para o ensino médio normal e, sobretudo,
para o ensino superior pedagógico, é preciso ter em conta a eventual criação da profissionalização
pedagógica segundo o modelo sequencial, adiante proposto no Projecto 4.3; se esta for criada, para o
mesmo número de professores a qualificar será necessário um número inferior de formadores, já que a
formação nas disciplinas a ensinar não será adquirida em cursos integrados de formação de professores.
 Nível médio ou superior para formação de professores da educação pré-escolar, do ensino primário
e do I ciclo do ensino secundário. No Projecto 4.2, propõe-se que seja politicamente esclarecida esta
questão. A solução que for adoptada tem sem dúvida influência na organização da rede de cursos e de
instituições de formação de professores e, por isso, deve ser considerada na respectiva programação.

6.4.2.2. Projecto 4.2 Adequação da rede de oferta de formação integrada às necessidades de


quadros médios e superiores docentes
146. Acção 4.2.1 Clarificação política sobre o futuro nível de formação dos quadros médios docentes. Até há
poucos anos esta formação situava-se no nível médio normal. Recentemente surgiu oferta de nível superior
para formação destes quadros. Esta acção destina-se ao esclarecimento desta questão.

 Política enunciada. Nos termos dos dois normativos mais recentes (Estatuto Orgânico da Carreira
35 36
Docente e Estatuto do Subsistema de Formação de Professores ) é no nível médio normal que se
adquire a habilitação profissional para a docência na educação pré-escolar, no ensino primário e no I ciclo
do ensino secundário, quer no modelo integrado, quer no sequencial. A Lei de Bases, anterior àqueles
normativos, restringia ao ensino superior a oferta da agregação pedagógica do modelo sequencial para
todos os perfis profissionais docentes e deixava abertura para eventualmente o ensino superior oferecer
também cursos para educação pré-escolar, para educação especial e para o I ciclo. O estatuto da carreira
docente, por sua vez, refere que para o I ciclo do ensino secundário o curso médio é habilitação mínima
(Caixa 6.1 ).
Política implementada. A formação integrada para a educação pré-escolar, para o ensino primário e
para o I ciclo do ensino secundário tem sido oferecida essencialmente em cursos de ensino médio normal
quer pelos Magistérios Primários (nos quais se incluem as EPF) quer, transitoriamente, pelas Escolas de
Formação de Professores. No entanto, nos últimos anos, começaram a ser oferecidos, por 5 instituições
do ensino superior, quatro cursos superiores para a educação pré-escolar e dois para o ensino primário
(ver Quadro 6.17) 37.

35
Decreto nº3/8 de 4 de Março; este Estatuto não abrange os professores da educação pré-escolar
36
Decreto Presidencial nº 110/11 de 26 de Maio.
37
Observe-se que os professores formados a nível superior para ministrar uma disciplina no II ciclo do ensino secundário também estão
capacitados para a docência da mesma no I ciclo; esta bivalência de ciclo é normalmente mais difícil para a docência das disciplinas que no I
ciclo estão agrupadas (Matemática-Física, Biologia-Química e História-Geografia) uma vez que para os professores do II ciclo apenas estão
formados para um das disciplinas de cada agrupamento.

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Quadro 6.17 Oferta de Formação de Professores a Nível Superior para a Educação Pré-Escolar e para o Ensino
Primário

Educação Pré-escolar Ensino Primário


ESP Lunda Norte X
ESP Bié X X
ESP Namibe X
ESP Kwanza Norte X
Instituto Superior de Serviço Social Luanda X
Fonte: Elaborado a partir de Quadro 6.3 e Quadro 6.4

 Clarificação proposta para 2013. A passagem da formação destes professores para o nível pós-
secundário ou para o superior ocorreu há mais ou menos tempo nos países ocidentais industrializados;
também existe oferta idêntica em alguns países africanos. Para o planeamento da formação de quadros
docentes no horizonte de 2020 é imprescindível uma clarificação desta questão: só num nível, e qual,
ou nos dois níveis com aumento progressivo no superior e diminuição no médio? Propõe-se que
esta clarificação seja feita em 2013, ponderadas as vantagens e desvantagens de cada solução.

Caixa 6.1
Nível Médio ou Superior de Formação de Docentes?
Os sucessivos normativos legais divergem sobre esta matéria:
 Lei de Bases do Sistema de Educação 38. A formação média normal destina-se a preparar os professores que vão
exercer na educação pré-escolar e no ensino primário (regular, educação de adultos e educação especial) (art.º
29º). O ensino superior pedagógico destina-se à formação de professores para exercerem funções “
fundamentalmente no ensino secundário e eventualmente na educação pré-escolar e na educação especial”
(art.º 30º, n.º 1); destina-se ainda “à agregação pedagógica para os professores dos diferentes subsistemas e
níveis de ensino, provenientes de instituições não vocacionadas para a docência” (art.º 30º, nº2).
 Estatuto Orgânico da Carreira Docente 39. São requisitos para o provimento como professores do ensino
primário diplomados: a) possuir o curso médio de formação de professores na especialidade de ensino primário;
ou b) possuir o II ciclo do ensino secundário e formação pedagógica certificada pelo Ministérios de Educação”
(artº.10º, nº2). Para o provimento como professores do I ciclo do ensino secundário diplomados são requisitos:
a) possuir como habilitação mínima o curso médio de formação de professores ou equivalente, certificado pelo
Ministério de Educação; b) possuir o II ciclo do ensino secundário e formação pedagógica certificada pelo
Ministério de Educação” (art.º 12º).
 Estatuto do Subsistema de Formação de Professores 40. Nos termos deste estatuto, mais recente, para a
educação pré-escolar, para o ensino primário e para o I ciclo do ensino secundário, os professores são formados
no ensino médio normal (art.º 1º); as instituições da respectiva formação, por sua vez, são os Magistérios
Primários e as Escolas de Formação de Professores, uns e outras sendo escolas do II ciclo do ensino secundário
41
(artigos 10º, 11º e 12º). Os cursos de profissionalização que se destina a “agregar valor pedagógico à
formação científica, obtida numa instituição de ensino não vocacionada para a docência, habilitando os
agentes de ensino para o exercício profissionalizado da actividade docente” na educação pré-escolar, no ensino
primário e no I ciclo do ensino secundário, são cursos de formação contínua de nível médio, que obedecem a
regulamentação própria (art.º 19º).

38
Lei nº13/01 de 31 de Dezembro
39
Decreto nº3/8 de 4 de Março; este Estatuto não abrange os professores da educação pré-escolar
40
Decreto Presidencial nº 110/11 de 26 de Maio.
41
Na Lei 13/01 designada “agregação pedagógica” (artº. 30º) e da competência exclusiva do ensino superior pedagógico; mas no Decreto
Presidencial nº 109/11 (art.º. 19º) já é designada por “profissionalização” e de nível médio para os professores de educação pré-escolar, do
ensino primário e do primeiro ciclo do ensino secundário, sendo apenas de nível superior para os do 2º ciclo do ensino secundário.

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147. Acção 4.2.2 Ajustamentos a curto prazo na rede de oferta de formação de quadros médios e superiores
docentes. Sem prejuízo de um planeamento mais completo, com base no estudo referido no Projecto 4.1,
propõem-se algumas acções a tomar desde já, em 2013-2014, relativamente à rede de oferta de cursos de
formação de professores da educação pré-escolar, do ensino primário e do I e II ciclo do ensino secundário
organizados segundo o modelo sequencial tradicional:
 Abertura de novos cursos para o pré-escolar. Tendo em conta a actual oferta pouco expressiva e o
previsível aumento da pressão da procura social, de iniciativa privada pelo menos, propõe-se que, após a
devida preparação em 2013, seja aberto, em 2014, um curso de formação média normal de
professores de educação pré-escolar em 8 EMP ou EFP, de natureza pública ou público-privada, 4
das quais situadas em Luanda e as restantes em províncias onde ainda não existe oferta e com população
urbana significativa (Benguela, Huambo, Huíla e Malange, eventualmente), com a meta de formação de
400 novos diplomados no final de 2017.
 Manutenção da oferta de formação para o ensino primário, excepto para zonas rurais. Tendo em
conta, por um lado, o recente aumento da oferta de cursos de formação de professores do ensino
primário e a estimativa de diplomados por estes cursos e, por outro, o previsível crescimento da sua
procura social por parte do ensino primário tendo em conta o aumento demográfico, a melhoria da taxa
líquida de escolarização e a tendência para melhoria da eficácia interna do sistema, propõe-se que, por
agora, não se aumente a oferta instalada de formação para o ensino primário, excepto nos casos em
que a abertura de mais vagas faça aumentar a probabilidade de fixação de professores diplomados em
zonas rurais, como poderá acontecer com novos cursos das EPF ou com a criação de turmas das EMP ou
42
das EFP nas zonas do interior das províncias . Observe-se que, como a perspectiva é que a formação de
professores do ensino primário seja assegurada somente por EMP, a abertura de mais cursos nestas não
implicará aumento da oferta, se se tratar de substituir um curso que deixe de funcionar numa EFP.
 Aumento da oferta para disciplinas claramente deficitárias no I ciclo do ensino secundário.
Havendo disciplinas do 1ºciclo para as quais a oferta de formação não existe em muitas províncias e
tendo em vista o alargamento da escolaridade obrigatória, propõe-se a progressiva abertura, a partir de
2014, de cursos para estas disciplinas em províncias em que tal acontece, após as necessárias medidas
preparatórias, nomeadamente em termos de disponibilização de espaços, aquisição de equipamentos e
recrutamento de formadores, este eventualmente acompanhado de acções para actualização e
aprofundamento dos seus conhecimentos;
 Prioridade ao modelo sequencial para o II ciclo do ensino secundário. Propõe-se que, na procura de
mais quadros docentes para as disciplinas do II ciclo do ensino secundário, seja dada prioridade a
diplomados por cursos superiores não vocacionados para a docência (sobretudo por aqueles cuja oferta
for excedentária) que depois obterão a qualificação profissional através do modelo sequencial de
profissionalização pedagógica; pelo que a expansão da actual oferta do ensino superior pedagógico
só acontecerá na medida em que não for possível recorrer àquela via alternativa cuja criação, aliás, é
proposta no Projecto seguinte (4.3).

6.4.2.3. Projecto 4.3 Implantação de uma rede de oferta de profissionalização pedagógica de


docentes segundo o modelo sequencial
148. Acção 4.3.1 Criação da oferta de profissionalização pedagógica. Como foi referido na secção destinada à
identificação de necessidades de quadros docentes, há muitos agentes da educação pré-escolar, do ensino
primário e do ensino secundário (geral, médio técnico e médio normal) que não estão habilitados para o
exercício profissionalizado da docência graças à frequência com aproveitamento de um curso do ensino médio
normal ou do ensino superior pedagógico. Tendo em vista a melhoria da qualidade do ensino e o aumento da

42
O que, neste caso pode não implicar um aumento de vagas mas apenas uma deslocalização de parte das vagas normalmente abertas.

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motivação para o desempenho docente eficaz graças ao acesso à carreira, é desejável que seja oferecida a
estes docentes uma oportunidade para adquirir a habilitação profissional. Com efeito, para os agentes de
ensino contratados sem qualificação pedagógica serem providos num lugar de carreira como professor
diplomados do ensino primário, do I e do II ciclo do ensino secundário, além de possuírem um curso do II ciclo
do ensino secundário (geral ou médio técnico) ou um curso superior, conforme os casos, é preciso possuir
formação pedagógica que pode ser adquirida pelos cursos de profissionalização pedagógica legalmente
previstos (Caixa 6.2). Até à presente data, contudo, não tem existido a oferta desta profissionalização, nem se
afigura que existam docentes preparados para a assegurar na diversidade de áreas que a mesma deve cobrir.
Pelo que, este Projecto propõe que seja tomada, em 2013, a decisão política de criar a oferta de cursos de
profissionalização pedagógica, passando assim o modelo sequencial de formação de quadros docentes
43
a constituir uma efectiva via alternativa de acesso à carreira docente .

Caixa 6.2
A profissionalização pedagógica: política enunciada e implementada

Modelo sequencial, uma alternativa de formação de professores. A possibilidade da formação de professores


seguindo o modelo sequencial está prevista na legislação, embora haja algumas variações na sua definição ao longo
dos últimos 10 anos:
 Lei de Bases do Sistema de Educação 44. O ensino superior pedagógico destina-se ainda “à agregação
pedagógica para os professores dos diferentes subsistemas e níveis de ensino, provenientes de instituições não
vocacionadas para a docência” (art.º 30º, nº2).
 Estatuto Orgânico da Carreira Docente 45. São requisitos para o provimento como professores do ensino
primário diplomados: a) possuir o curso médio de formação de professores na especialidade de ensino primário;
ou b) possuir o II ciclo do ensino secundário e formação pedagógica certificada pelo Ministérios de Educação”
(artº.10º, nº2). Para o provimento como professores do I ciclo do ensino secundário diplomados são requisitos:
a) possuir como habilitação mínima o curso médio de formação de professores ou equivalente, certificado pelo
Ministério de Educação; b) possuir o II ciclo do ensino secundário e formação pedagógica certificada pelo
Ministério de Educação” (art.º 12º). Para ser providos num lugar de carreira como professor do II ciclo do ensino
secundário diplomado, além de possuir um grau superior nestas disciplinas, é preciso possuir formação
pedagógica (Decreto 03/08 de 4 de Março, art.º 14º).
 Estatuto do Subsistema de Formação de Professores 46. Nos termos deste estatuto, os cursos de
profissionalização (que se destina a “agregar valor pedagógico à formação científica, obtida numa instituição
de ensino não vocacionada para a docência, habilitando os agentes de ensino para o exercício profissionalizado
da actividade docente”) na educação pré-escolar, no ensino primário e no I ciclo do ensino secundário, são
cursos de formação contínua de nível médio, que obedecem a regulamentação própria; todas as acções de
formação creditadas contribuem para a profissionalização (art.º 19º); a profissionalização pedagógica para
habilitar para o ensino no II ciclo do ensino secundário adquire-se, por sua vez em cursos de formação
contínua de nível superior (Decreto Presidencial 109/11, art. 19º). O facto de estes cursos fazerem parte da
formação contínua (de nível médio ou superior) significa que a sua oferta está aberta apenas a docentes já
contratados.

43
Quando os docentes, além de não possuírem a formação pedagógica, também não possuem o nível académico mínimo exigido em cada caso
(II ciclo do ensino secundário no caso da educação pré-escolar, do ensino primário e do I ciclo do ensino secundário; bacharelato no caso do II
ciclo do ensino secundário) como acontece sobretudo com professores do ensino primário auxiliares e provavelmente com alguns da educação
pré-escolar, precisam de o adquirir previamente, o que nem sempre é fácil, uma vez que se encontram por vezes colocados longe da oferta dos
respectivos cursos.
44
Lei nº13/01 de 31 de Dezembro.
45
Decreto nº3/8 de 4 de Março; este Estatuto não abrange os professores da educação pré-escolar
46
Decreto Presidencial nº 110/11 de 26 de Maio.

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Política enunciada e política implementada Como se vê, com vista à obtenção da habilitação profissional para a
docência, a política enunciada prevê a existência de duas vias para adquirir competência na(s) disciplina(s) a ensinar
e na metodologia para a(s) ensinar: seguindo o modelo integrado, em que as duas competências vão sendo
adquiridas simultaneamente, ou o modelo sequencial, em que a segunda é adquirida somente após a primeira. A Lei
de Bases restringia ao ensino superior a oferta da agregação pedagógica do modelo sequencial para todos os perfis
profissionais docentes, mas o Estatuto do Subsistema de Formação de Professores veio situá-la (agora com a
designação de “profissionalização pedagógica”) no nível médio ou no superior, conforme os níveis de ensino para
cuja docência qualifica. No entanto, a profissionalização na esteira do modelo sequencial não tem sido oferecida,
faltando ainda a regulamentação própria.

149. Acção 4.3.2 Implantação da oferta de formação de professores segundo o modelo sequencial. Para o
subsequente desenvolvimento desta oferta será necessário realizar as seguintes acções em 2013-14:
47
 Regulamentação legal dos cursos médios e superiores de profissionalização pedagógica e identificação
dos cursos que dão acesso à mesma por serem reconhecidos como qualificação adequada na(s)
48
disciplina(s) a ensinar .
 Elaboração dos planos de estudo e dos programas destes cursos que, além de um pequeno tronco
comum, deverão ser essencialmente constituídos por significativas componentes consagradas à teoria e
prática da metodologia de ensino da cada disciplina ou área curricular.
 Definição da rede de instituições do ensino médio normal e do ensino superior pedagógico que
progressivamente incluirão estes cursos na sua oferta formativa, tendo em conta ao mesmo tempo as
dificuldades inerentes ao facto de se destinarem a agentes de ensino em serviço conjugado com a
inexistência destas instituições em algumas províncias e com a distância entre as mesmas e as escolas
onde os formandos desempenham funções.
 Dotação das instituições em recursos humanos, materiais pedagógicos e meios técnicos e financeiros,
para iniciar esta oferta em 2015; para apoiar a oferta destas oportunidades de formação aos professores
em exercício seria ainda de examinar a possibilidade de as enquadrar em programas de cooperação
financeira e de assistência técnica, em curso ou a iniciar;
 Formação de formadores, e recrutamento se necessário, para estes cursos; assinale-se que os formadores
nucleares destes cursos serão essencialmente especialistas na metodologia específica (teórica e prática)
de ensino das diferentes disciplinas para cuja docência qualificam; a oferta dos cursos de formação de
formadores será considerada no Projecto 4.4.

A partir de 2015, deverá iniciar-se esta oferta de formação a docentes contratados em exercício. O ritmo da
sua progressiva expansão e a diversidade de níveis e áreas ou disciplinas de docência contempladas serão
sobretudo função do número de docentes de cada disciplina sem habilitação pedagógica, mas em condições
de a ela aceder por esta via alternativa, bem como da disponibilidade de formadores dos estabelecimentos do
ensino médio normal e do ensino superior pedagógico devidamente qualificados para efeito. Mas não é
conhecida a qualificação dos docentes a exercer a docência em cada disciplina e, embora alguns dos
formadores possam já existir e estar disponíveis, a maioria dos que serão necessários terá ainda de frequentar
a indispensável formação de formadores a que se refere o Projecto seguinte.

47
Será de considerar a hipótese de este curso dar acesso ao grau de licenciado a quem possuir um bacharelato ou a um diploma de pós-
graduação, eventualmente equivalente à parte curricular de um mestrado profissional, a quem já for licenciado;
48
Ver adiante a medida 4.5.3 do Projecto 4.5.

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6.4.2.4. Projecto 4.4 Aumento substancial da oferta de cursos de qualificação de formadores


de quadros docentes, de investigadores e de especialistas em educação
150. Oferta interna insuficiente. Conforme foi identificado acima, é deficitária ou inexistente a oferta interna
para qualificar em metodologias específicas de ensino os formadores dos professores da educação pré-
escolar e do ensino primário nos cursos que seguem o modelo integrado e nos de profissionalização
pedagógica que vierem a ser oferecidos de acordo com o modelo sequencial. Também será necessário
aumentar o número de formadores em metodologias específicas de ensino dos professores de muitas
disciplinas do I e II ciclo do ensino secundário (sobretudo os do ensino médio técnico) que venham a
frequentar a profissionalização pedagógica, de nível médio ou superior, segundo o modelo sequencial. É
igualmente quase inexistente a oferta interna de formação avançada em Ciências da Educação para os
formadores do ensino superior pedagógico, bem como para os investigadores e os especialistas em
administração de educação. As medidas deste Projecto, dedicado aos formadores, destinam-se a
colmatar estes défices da oferta e recorrem, conforme necessário:
 Ao reforço da oferta interna, inicialmente em parceria com instituições estrangeiras;
 À complementaridade da oferta externa, sobretudo no caso de doutoramentos;
 À atribuição de bolsas de estudo internas e externas para estimular e apoiar a frequência de formação
49
graduada, pós-graduada e avançada no País e a preparação de doutoramentos no estrangeiro ;
 Aos incentivos para atracção de quadros angolanos na diáspora com formação avançada em Ciências da
Educação;
 À contratação conjuntural de quadros estrangeiros com formação avançada em Ciências da Educação.

151. Acção 4.4.1 Desenvolvimento da oferta de qualificação em metodologias específicas de ensino para
formadores de professores. Para a qualificação em metodologias de educação e de ensino dos formadores
de professores de educação pré-escolar e do ensino primário e secundário propõe-se a criação de oferta de
cursos, com a duração de um ano, assegurados por estabelecimentos de ensino superior pedagógico,
em parceria com instituições estrangeiras, quando necessário. Tenha-se presente que estes cursos devem
ainda capacitar para a orientação de estágios pedagógicos em cada uma das diversas áreas ou disciplinas
específicas. Aos selecionados para frequentar estes cursos devem ser atribuídas bolsas de estudo internas.
Estes cursos podem conduzir à obtenção do grau de licenciado ou corresponder à parte curricular de um
curso de mestrado, conforme os participantes forem bacharéis ou licenciados. Será ainda de identificar e
atrair quadros angolanos na diáspora e de contratar quadros estrangeiros que possam dar um contributo
relevante para o desenvolvimento destes cursos. O início de oferta de cada curso deve ser sempre precedido
da respectiva preparação, nomeadamente o estabelecimento de parcerias com instituições estrangeiras, a
realizar no ano anterior.
 Cursos a iniciar em 2014. Após a realização das actividades de preparação em 2013, será de iniciar, já
em 2014, os seguintes cursos:
− Formadores de professores do pré-escolar. Um curso em teoria e prática de metodologias de
desenvolvimento e educação das crianças em idade pré-escolar para formação de 30 formadores, 2
para cada um dos novos cursos de formação de professores de educação pré-escolar acima propostos
no Projecto 4.2 e dos sete cursos já em funcionamento; os participantes neste curso devem ter como
habilitação mínima um bacharelato e formação e/ou experiência na educação pré-escolar;
− Formadores de professores do ensino primário. Dois cursos em teoria e prática de metodologias de
ensino da Língua Portuguesa e da Matemática no ensino primário, cada um para formação de 35

49
Bolsas destinadas na sua quase totalidade a docentes do ensino superior pedagógico e a técnicos do INIDE (contratados ou a contratar, em
ambos os casos com dispensa de serviço), garantindo que as mesmas não sejam inferiores aos salários auferidos nestas instituições e que,
quando se trate de formação avançada em Ciências da Educação, os temas de investigação estejam ancorados na realidade educativa angolana,
prevendo para o efeito, no caso das bolsas externas de doutoramento, períodos de estadia no País para recolha de dados.

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actuais formadores de professores no ensino médio normal, oriundos de todas as províncias,


licenciados e com formação e experiência no ensino primário (35x2=70).
− Formadores de professores do ensino médio técnico. Quatro cursos em metodologias específicas
de ensino de quatro disciplinas ou áreas disciplinares do ensino médio técnico parai qualificação de
formadores de professores deste ensino que venham a frequentar a profissionalização pedagógica
segundo o modelo sequencial; cada curso destina-se, em média, a 2 formadores do ensino superior
pedagógico por província, previamente recrutados para o efeito se necessário, licenciados e com
experiência docente no ensino médio normal. (2x18x4 =144).
 Cursos a desenvolver entre 2015 e 2020. Entre 2015 e 2020, devem ser oferecidas novas edições dos
mesmos cursos, enquanto necessários, e alargada a oferta para formadores de professores de outras
disciplinas do ensino primário e do ensino secundário, sobretudo do ensino médio técnico. Atenção
especial deve ser dada para assegurar formação a formadores oriundos de todas as províncias.

152. Acção 4.4.2 Incremento da oferta de formação avançada em Ciências da Educação para formadores do
ensino superior pedagógico, investigadores e especialistas em administração da educação. Propõe-se
que para a prossecução da meta atrás referida, de 40% de mestres e 20% de doutores até 2020, seja dada
prioridade a duas grandes áreas de formação. Para a prossecução desta meta, para além do desenvolvimento
da oferta interna e do recurso à externa (com atribuição de bolsas de estudo), será ainda de atrair quadros
50
angolanos na diáspora e contratar conjunturalmente quadros estrangeiros .
 Abertura de novos cursos de mestrado a partir de 2014. Será de concentrar os novos mestrados em
dois ISCED e, eventualmente, numa instituição superior privada com a qual o Estado contratualize esta
formação, dando prioridade aos seguintes domínios: (i) Metodologias de ensino específicas de áreas ou
disciplinas curriculares de educação pré-escolar, de ensino primário e de ensino secundário, incluindo as
51
respectivas metodologias de avaliação do desenvolvimento e da aprendizagem ; (ii) Planificação, gestão e
avaliação do sistema educativo. Após prévia celebração de acordos de parceria com universidades
estrangeiras, quando necessário, e a realização de outras actividades de preparação, os primeiros cursos
devem iniciar-se pelo menos em 2014; será desejável que no domínio das metodologias se iniciem pelo
menos em 3 especialidades diferentes, procurando em cada especialidade abranger docentes de todos os
estabelecimentos do ensino superior pedagógico. Progressivamente, os mestrados em metodologias devem
abranger todas as especializações necessárias para cobrir o vasto leque de disciplinas escolares existentes.
 Continuação de recurso à oferta externa para doutoramentos e abertura progressiva de oferta
interna a partir de 2015. No contexto actual será difícil uma progressão rápida da oferta de
doutoramentos no País, pelo que será necessário continuar a recorrer à oferta externa em instituições
reputadas nos domínios acima referidos. A progressão da oferta interna será, numa primeira fase, mais
lenta e, em muitos casos ganhará em se desenvolver em parceria com instituições estrangeiras; será
desejável que a primeira oferta se inicie pelo menos em 2015.

6.4.2.5. Projecto 4.5 Desenvolvimento de Dispositivos de promoção e garantia de qualidade da


oferta de formação de quadros docentes médios e superiores
153. Promoção e garantia da qualidade dos cursos. Para promover e garantir a qualidade dos quadros docentes,
e não apenas assegurar que a respectiva oferta em quantidade corresponda à procura previsível, são
indispensáveis medidas de promoção e garantia de qualidade dos cursos que os formam. Para além da

50
Para os docentes das disciplinas que não são do âmbito das Ciências de Educação, mas também fazem parte dos planos de estudo do ensino
superior pedagógico, haverá a oferta de formação avançada já referidos no Programa de Acção destinado à qualificação de um leque mais
alargado de professores do ensino superior e de investigadores. As restantes medidas aqui propostas (bolsas, captação na diáspora e
contratação de estrangeiros) devem também abranger os docentes dessas outras disciplinas no ensino superior pedagógico.
51
O que, como se compreende, abrange uma grande variedade de especializações.

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melhoria da formação de formadores, a que é dedicado o Projecto anterior, as três medidas agora propostas
devem ser regulamentadas em 2013 e a sua implementação iniciada de imediato.

154. Acção 4.5.1 Acreditação profissional dos cursos do ensino superior pedagógico. Para promover e
garantir que os cursos do ensino superior pedagógico preparam adequadamente para o desempenho docente,
não basta que a prevista avaliação e acreditação dos cursos do ensino superior, prevista para se iniciar em
2013, se confine a uma abordagem exclusivamente centrada na qualidade académica dos cursos, pois esta
pode ser elevada e o curso não qualificar adequadamente para o desempenho docente; neste caso, como
noutros cursos directamente orientados para um exercício profissional específico, é indispensável ainda que
inclua a avaliação (interna e externa) e a acreditação profissional . Na medida em que estes cursos visam não
só qualificar, mas também habilitar para a docência no ensino não superior, será de encontrar uma solução
para o MED ter uma palavra a dizer neste caso, uma vez que as instituições do ensino superior são
autónomas para qualificar, mas não para atribuir habilitação docente, ou seja, licença para ensinar.

155. Acção 4.5.2 Avaliação para reconhecimento dos cursos médios como habilitação para a docência. Os
cursos do ensino médio normal não estão abrangidos pelo sistema de avaliação e acreditação do ensino
superior. Apesar de existir para estes cursos orientação metodológica do MED, esta por si só não é suficiente
para garantir que a sua implementação corresponda à política definida. Propõe-se que o INFQ crie em 2013
e implemente a partir de 2014 um sistema nacional de avaliação quinquenal de cada curso médio,
público e privado, de formação de quadros médios docentes; este deve ser constituído por uma avaliação
interna, a fomentar em primeiro lugar, e por uma dimensão de avaliação externa independente,
eventualmente a assegurar pelo mesmo Instituto responsável pela acreditação dos cursos do ensino superior.

156. Acção 4.5.3 Reconhecimento como habilitação própria para a docência de cursos superiores não
direcionados para o ensino. Como se viu no Projecto 4.3, a habilitação para a docência pode também ser
adquirida através de um curso superior não direcionado para o ensino, desde que este seja complementado
pela profissionalização pedagógica, no quadro do modelo sequencial. Acontece que não é qualquer curso
superior que assegura a competência exigida pelo programa oficial da área curricular ou disciplina a ensinar
no II ciclo do secundário. Propõe-se que no caso de cursos superiores que desejem ser reconhecidos como
habilitação própria para a docência no II ciclo do ensino secundário, o requeiram no momento da acreditação
e este processo decida também sobre este aspecto. Só os diplomados por cursos assim reconhecidos como
habilitação para a docência poderiam ser contratados (ou ter prioridade na contratação) como professores
eventuais; de qualquer modo, só esses poderiam ser admitidos à profissionalização.

6.4.3. Resultados Esperados


157. Os Resultados Esperados deste Programa de Acção podem ser sintetizados, do seguinte modo:
a) Criado o Sistema de Informação sobre Formação, Recrutamento e Carreira de Professores;
b) Identificadas Necessidades Quantitativas de Professores até 2020 nos vários níveis e disciplinas de ensino;
c) Ajustada a Rede de Oferta de Formação de Quadros Docentes, a Nível Superior e Médio;
d) Criada Oferta de Profissionalização Pedagógica;
e) Implementado o Modelo Sequencial de Formação de Professores;
f) Disponibilizada Oferta de Qualificação em Metodologias Específicas de Ensino para Formadores de
Professores;
g) Incrementada a Oferta de Formação Avançada em Ciências da Educação;
h) Acreditados profissionalmente cursos de ensino superior pedagógico;
i) Avaliados, para efeito de reconhecimento, cursos médios como habilitação para a docência;
j) Reconhecidos Cursos não Direccionados para o ensino, como habilitação própria para a docência.

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6.5. Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração


Pública
6.5.1. Enquadramento
6.5.1.1. Aspectos Gerais
158. O presente Programa de Acção está elaborado na sequência e em articulação com a Estratégia Nacional de
Formação de Quadros 2020 para o Mega Cluster Administração Pública, a qual correspondia já aos desígnios
da Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo para Angola (Estratégia 2025) de construção de um Estado
“moderno, eficiente, parceiro, estratega, cabendo-lhe nos anos vindouros uma função central na reconstrução
nacional, na promoção do desenvolvimento e na edificação da sociedade civil (estratégia de desenvolvimento
a longo prazo para Angola; Estratégia 2025: IX-4). A construção do Estado com esta visão chave pressupõe
um modelo global de intervenção e organização baseado, entre outros, num programa de reforma e
modernização da Administração, com os ajustamentos que a evolução da situação política torne
necessários (idem IX-5).

Destacam-se entre os objectivos globais da reforma as seguintes cinco ideias -chave:


 Contribuir para normalização do país e segurança dos cidadãos: Diz-se textualmente no documento em
análise que há que adequar a AP ao novo contexto político, económico e social, prestigiando a sua
missão e contribuindo para normalização do país e segurança dos cidadãos (idem X.12);
 É significativa a opção estratégica de orientar a AP, no exercício das suas funções pelos princípios
fixados na Constituição e na Lei, nomeadamente os da igualdade, da justiça, da proporcionalidade,
da imparcialidade, da transparência e da boa-fé. (idem IX.13) Dá-se assim corpo, ao nível das opções
52
estratégicas, às tendências mais recentes das teorias de gestão pública , que reconhecem a força
enquadradora dos princípios tradicionais do serviço público, do estado direito, da justiça e da
imparcialidade na construção de administrações que geram a confiança da sociedade e proporcionam um
ambiente saudável para os negócios.
 Deixar espaço para iniciativa pública e privada, reservando-se ao Estado as funções que lhe são próprias e
ao sector privado serviços não exclusivos para propriedade pública não estatal e produção e
fornecimento de serviços (idem IX.12);
 Cabe à AP, através de elaboração e implementação de políticas públicas, contribuir de forma mais
incisiva para um processo de desenvolvimento económico e social sustentado que permita a erradicação
a pobreza, a melhoria dos índices educacionais e dos cuidados de saúde e a criação de
infraestruturas básicas nos domínios de salubridade, da mobilidade interna e do ordenamento
sustentável do território (ENFQ, X8, p 303). Satisfazer as necessidades fundamentais da população e criar
um ambiente de maior competitividade e eficiência para a economia e sector empresarial é expresso
claramente pela seguinte forma: contribuir para o desenvolvimento económico e social do País,
promovendo em particular a satisfação das necessidades fundamentais da população e a criação de uma
maior eficiência e competitividade da economia e do sector empresarial (Estratégia 25; IX-13). Tal exige
uma reforma gradativa e seletiva de administração que deverá traduzir a melhoria do serviço a
prestar (preâmbulo de Lei 17/90 de 20 de Outubro);
 Quanto ao território, afirma-se o objectivo de promover a desconcentração e descentralização.

52
Pollit and Bouckaert(2004) Public Management Reform: Oxford University Press; Bourgon, Jocelyn, 2007, Responsive , responsible and
respected government, International review of Administrative Sciences ;Pierre, Jon &Bo Rothstein, 2010, Reinventing Weber: the role of
institutions in creating social trust, published in the Ashgate Research Companion to New Public management, edited by Per Lagreid and Tom
Christensen. Ashgate Publishing: Burlington 2010 (pp407-419).

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159. Para atingir estes desideratos, os documentos enquadradores do PNFQ (Estratégia 2025) preconizam boa
53
governança , eficácia, eficiência e qualidade dos serviços e também atenção às questões da cidadania:
alargar e reforçar da cidadania e participação da sociedade civil é outro dos objectivos expressos.

Reforça-se a ideia contida no texto de que a eficácia e eficiência Administração - que é transversal às
instituições e à sociedade - têm impacto directo no desenvolvimento económico e na competitividade da
economia angolana.

160. O documento Estratégia 2025 aposta na valorização do serviço público e da sua imagem quer perante a
sociedade quer perante o mundo empresarial.
O investimento no capital humano como o principal recurso da administração com vista a procura da
excelência dos serviços é tema recorrente no discurso político das autoridades angolanas. O PNFQ visará assim
apostar nas missões de serviço público, ultrapassar constrangimentos e criar as condições para capacitar a AP
para o seu importante papel.

6.5.1.2. Necessidades Actuais e Futuras de Formação


161. Quadros a abranger. O presente Programa de Acção visa abranger o universo de dirigentes e de quadros
54
superiores e médios, actual e futuro, das carreiras do regime geral e dos regimes especiais da AP angolana.

Com base nos resultados do processo de Inquirição no âmbito da ENFQ quanto ao universo de funcionários da
Administração Pública, estima-se que dos cerca de 105.000 “Dirigentes e Quadros”, 27 mil (12%) estejam na
Administração Pública Central e 77.656 (88%) na Administração Publica Local (Provincial e Municipal) (Quadro
55
6.18) .

Quadro 6.18 Funcionários públicos abrangidos pelo PNFQ/AP, por categoria e nível territorial de administração em
2012

Categorias AP central AP local Total % do total


Dirigentes de topo 541 0,1
Dirigentes intermédios 7.397 2,0
Quadros superiores 44.462 11,9
Dirigentes e quadros superiores 8.900 43.300 52.400 14,0
Quadros médios 18.100 34.356 52.456 14,0
Dirigentes, quadros superiores e médios (abrangidos
27.000 77.656 104.856 28,0
pelo PNFQ/AP)
Total de funcionários 45.000 330.000 375.000 100
Dirigentes de topo (Cargos de Direcção); Dirigentes intermédios (Cargos de Chefia); Quadros Superiores (Técnicos Superiores e efectivos
com as mesmas habilitações de carreiras de regime especial); Quadros Médios e efectivos com as mesmas habilitações de carreiras de
regime especial (Técnicos e Técnicos Médios).
Fonte: Elementos fornecidos pelas autoridades angolanas. A distribuição dos dirigentes e quadros é a que consta da Estratégia retirados
os efectivos da saúde e educação com funções associadas à prestação.

53
No conceito das Nações Unidas governance, significa o processo de decisão e o processo e através do qual as decisões são - ou não são-
implementadas; Good governance , na mesma definição reúne 8 caraterísticas: «é participativa, orientada para o consenso, presta contas, é
responsável, eficaz e eficiente, equitativa e inclusiva e pauta-se pelo estado de direito. Assegura que a corrupção é minimizada, os pontos de
vista das minorias tomados em consideração e que as vozes dos mais vulneráveis da sociedade são ouvidas para o processo de decisão; é
também aberta e responsável pelas presentes e futuras necessidades da sociedade»; (tradução é de ICR).Definição de United Nations, publicada
por UNESCAP; United Nations Commnission for Asia and Pacific
54
Exceptuando as da Saúde, Educação e Magistratura
55
Esta relação está aquém da verificada em países como a África do Sul (29% na Administração Central) mas é semelhante à existente no Brasil
(12%) - OCDE (2010). Government at a Glance. Paris

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No universo dos funcionários públicos, apenas 2,1% são Dirigentes. Os Quadros Superiores representam
menos de 12% dos efectivos e a maior parte deles está a trabalhar na Administração Pública Local. Os Quadros
Médios, por sua vez, constituem 14% do total de efectivos e, na sua maioria, encontram-se na Administração
Local (66%). Nesta trabalham 330.000 funcionários (mais de 80% do total de efectivos da Administração
Pública) com peso mais elevado nos dirigentes e quadros superiores (24%) sendo grande a carência de
quadros médios (menos de 1 quadro médio para 1 quadro superior) (Quadro 6.18).

Partindo-se da perspectiva de que a Administração poderá ter um crescimento idêntico ao dos anos
56
anteriores (6,6%/ano ) elaborou-se o quadro de evolução de efectivos, apresentado de seguida, que permite
57
estimar um universo de 173.466 formandos (104.000 corresponde ao nº dos actuais , mais os 69.466 de
novas entradas estimadas) a que se destinará o presente Programa de Acção.

Quadro 6.19 Evolução de Efectivos

Total efectivos AP 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
(crescimento 6.6%) 375.000 399.750 426.134 454.258 484.239 516.199 550.268 586.586 625.301 Total
Total efectivos das áreas de
administração sem efectivos 104.000 110.854 118.181 125.980 134.294 143.157 152.605 162.676 173.412
saúde e educação
Novas entradas (6,6% ano) 6.864 7.317 7.799 8.314 8.863 9.448 10.071 10.736
Novas entradas (Dirigentes e
Quadros Superiores) = peso 1.805 1.939 2.051 2.187 2.331 2.485 2.649 2.824 18.271
de 26,3%
Novas entradas (Quadros
5.059 5.432 5.748 6.127 6.532 6.963 7.422 7.912 51.195
Médios) = 73,7%
Total 69.466

Quadros não abrangidos. Não são abrangidos por este Programa de Acção funcionários de algumas
carreiras do regime especial, em grande maioria as da saúde e da educação, na medida em que o PNFQ/AP é
dedicado apenas à formação em administração pública para os que exercem funções de administração;
tenha-se presente que só professores do ensino não universitário são mais de 200.000. Também não são
considerados os magistrados por integrarem um outro órgão de soberania.

Também não são abrangidas as formações médias e superiores que os funcionários públicos frequentam
antes de serem recrutados, como por exemplo em Contabilidade, Enfermagem, Magistério Primário, Medicina,
Direito, Economia, Engenharia do Ambiente, etc. Estas formações que não se destinam exclusivamente ao
emprego público (em funções de administração ou não) são consideradas noutros capítulos do PNFQ, mesmo
que sejam no domínio da Gestão Pública, como acontece em alguns casos.

56
Dados fornecidos pelo ponto focal do projecto
57
Estes representam 28% do total dos funcionários públicos, pois este Programa de Acção não abrange os quadros prestadores de serviços sem
funções de administração (pessoal de educação, saúde…), contemplados noutros capítulos do PNFQ.

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Perfis dos Quadros a abranger. Os vários titulares das diversas categorias de quadros abrangidos pelo
Programa de Acção são os que a seguir se identificam, assinalando as respectivas funções e condições de
58
recrutamento :

 Dirigentes de topo/cargos de direcção. São todos os que detêm um cargo de direcção nos termos do DL
12/94. Estão compreendidos nesta categoria os Diretores Nacionais, Secretários Gerais, Inspetores-gerais
e Diretores Gerais de Institutos Públicos, para a Administração Pública Central, e Diretores Provinciais e
Delegados Provinciais, para a Administração Pública Provincial, e os Administradores Municipais, para a
Administração Pública Municipal. Asseguram a gestão permanente dos respetivos órgãos, detêm
competências próprias e/ou delegadas pelos membros do Governo e são recrutados por escolha, mediante
regras de recrutamento estabelecidas na lei. O Decreto Presidencial nº 104/2011 de 23 de Maio (nº 2 do
art.º 6º) determina que o provimento destes cargos fica condicionado à frequência de curso específico.

 Dirigentes Intermédios/Cargos de Chefia. São todos os que detêm um cargo de Chefia nos termos do
DL 12/94. Estão compreendidos nesta categoria os chefes de Departamento, os Chefes de Repartição e os
Chefes de Secção, ao nível da Administração Pública Central, e os Chefes de Departamento Provincial os
chefes de secção provincial, ao nível da Administração Pública Provincial, e os chefes de secção, ao nível
da Administração Pública Municipal. Asseguram a gestão permanente das respectivas unidades orgânicas
e detêm competências delegadas ou subdelegadas pelo dirigente máximo do órgão a que pertencem. São
recrutados por escolha, mediante regras de recrutamento estabelecidas na lei, tendo que frequentar curso
de formação específico nos termos do Decreto Presidencial nº 104/2011 de 23 de Maio (nº 2 do art.º 6º).

 Quadros Superiores. São todos os técnicos superiores pertencentes às carreiras de regime geral ou de
regime especial. Actualmente os lugares de quadros são preenchidos sempre que exista vaga e dotação
orçamental e estão limitados a quem possui o grau de licenciatura. Exercem funções de natureza técnico-
científicas com elevado grau de qualificação, responsabilidade, iniciativa e autonomia e, além de uma
visão global da Administração Pública, possuem um domínio da sua área de especialização que permite a
interligação de vários quadrantes e domínio de actividade, tendo em vista a preparação da tomada de
decisão. Constituem a malha de recrutamento mais qualificada para a assunção de novas
responsabilidades ao nível da gestão e operação da actividade da Administração Pública já que 82%
possui formação superior.

 Quadros Técnicos. São todos os que possuem qualificações inferiores ao grau de licenciatura. Exercem
funções de estudo e aplicação de métodos e processos de natureza técnica, enquadradas em planificação
previamente definida, requerendo uma especialização e conhecimento profissionais.

 Quadros Técnicos Médios. O regime das carreiras da Administração Pública prevê ainda a existência de
quadros técnicos médios cujas funções são de natureza executiva de aplicação técnica com base no
conhecimento ou adaptação de métodos e processos enquadrados em diretrizes bem definidas.

 Dirigentes e Quadros Superiores de Carreiras de regime especial. Para além dos quadros das carreiras
gerais, a ENFQ prevê que seja ainda considerada a formação dos quadros de carreiras de regime especial
com funções de administração, nomeadamente os quadros das carreiras Diplomáticas, da Auditoria e
Inspeção, da Administração Fiscal e Aduaneira, da Administração de Justiça, da Magistratura Judicial, da
Administração de Saúde e da Administração Escolar.

58
O conjunto coerente de funções que estes quadros exercem é sintetizado no Anexo 1 (Classification of the Functions of Government (COFOG),
OCDE (2010). Government at a Glance,. Paris

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 Competências. No inquérito realizado no âmbito da ENFQ, foram identificadas as seguintes áreas de


desempenho para as quais é necessário desenvolver, em prioridade, as competências técnicas e
comportamentais exigidas pelo mesmo:
 Conhecimentos de Administração e Gestão;
 Sistemas de Informação e Informática;
 Gestão de Recursos Humanos;
 Técnicas de Planeamento e Programação;
 Capacidade de Comunicação;
 Ética e Sentido de Responsabilidade;
 Trabalho em Equipa.

Importa aqui clarificar o que se entende por “Conhecimentos de Administração e Gestão”. Estes
correspondem às competências de apoio ao gestor de topo relativamente ao desenvolvimento,
modificação e implementação de políticas públicas, já que as restantes estão perfeitamente tipificadas ao
nível dos instrumentos de gestão da Administração Pública. Assim, considera-se que as competências
nesta área devem abranger um aprofundado conhecimento da legislação aplicável ao sector, bem como
um domínio de metodologias de análise e acompanhamento dos progressos e desafios das políticas
definidas. Como foi já referido, a formação de base destes quadros pode ser Direito, Economia, Gestão,
Ciência Politica, Relações internacionais, Gestão Pública, Engenharias (Informática, Ambiente, Agricultura,
etc.), Economia da Saúde, Ensino, etc. em função do sector em que estão inseridos.

Reforçam-se as competências da ética e responsabilidade, que têm o maior impacto na melhoria do


serviço público, transparência e orientação para o cidadão e as relacionadas com as novas tecnologias de
informação, hoje totalmente transversais a todos os domínios da gestão pública, descentralização e
simplificação administrativa.

6.5.1.3. Capacidade de Oferta Existente


162. Entidades Formadoras: ENAD e IFAL. A ENAD e o IFAL são os organismos centrais de formação em que
houve grandes progressos nos últimos anos, pelo que dispõem de instalações, espaços, equipamentos e
organização para desenvolver a oferta formativa para as carreiras do regime geral a que se referem os
projectos deste Programa de Acção. A formação desconcentrada do IFAL tem-se realizado também em
instalações cedidas ou alugadas (Quadro 6.5.3). Para as ofertas formativas específicas das carreiras especiais
cada Ministério dispõe de instituições próprias (embora nem todas com o mesmo ritmo de actividade), sendo
de assinalar que para formação em temas transversais à Administração Pública o pessoal destas carreiras pode
frequentar cursos organizados pela ENAD (Quadro 6.5.4).

Quadro 6.20 Capacidade instalada na ENAD e no IFAL

Capacidade Instalada Padrão ENAD IFAL


Nº salas 10 Próprias/cedidas/alugadas
Nº salas
Nº lugares/sala 150 300
*Nº participantes
Nº dias úteis para formação (ano) 200 200 200
Horas 6 horas/dia 5 6
Pessoas/dia 30.000 Em função das salas
Pessoas/hora 180.000 Em função das salas
Custo/hora formador 10.800,00Kz 10.800,00Kz

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Os valores absolutos das formações efectivamente oferecidas pelo ENAD e IFAL em 2012 totalizaram 23.015
vagas, das quais 2.575 oferecidas pela ENAD e 20.440 pelo IFAL.

Sabe-se contudo que a procura de formação não preenche as vagas da oferta, devido à ausência de recursos
financeiros dos serviços da Administração Pública.

Quadro 6.21. Formações Oferecidas pelo ENAD e IFAL (2012)

Formações ENAD (vagas/ano) IFAL (vagas/ano)


Formação em Gestão Pública 150 -
Alta Direcção 25 n.d.
Formação inicial para técnicos superiores 200 -
Formação técnica média - 80
Formação contínua em diversas temáticas 2.200 20.120
Formação de Formadores n.d. 240
Total 2.575 20.440

163. Recursos Humanos: Formadores. Uma das capacidades actuais que apresenta maiores dificuldades e
constrangimentos diz respeito à bolsa de formadores. No caso do IFAL, a opinião colhida é a de que o
investimento a fazer nesta área deverá ser mais significativo em qualidade do que em quantidade. No caso da
ENAD, a bolsa de formadores é domínio a carecer de melhorias substanciais.

6.5.2. Objectivos
164. Objectivo Geral. Globalmente o presente Programa de Acção visa desenvolver as competências dos dirigentes,
quadros e técnicos nacionais da Administração Pública Central, Provincial e Local necessárias ao desempenho
das suas funções, através de sistemas e programas integrados e estruturados de formação, tendo em vista a
qualidade e eficiência do serviço público. Apoia-se no trabalho já feito pelas entidades angolanas e adopta
uma filosofia incremental comportando, na sua execução, metodologias de ajustamento que a avaliação e a
experiência revelarem necessários.

165. Objectivo Específico. O objectivo específico do Programa de Acção é o de promover o desenvolvimento de


um sistema sustentável de formação da Administração Pública que assegure, nomeadamente, que até 2020,
173.466 formandos sejam abrangidos:
 os actuais quadros (104.000) frequentem pelo menos uma acção de formação durante o ciclo;
 os novos admitidos frequentem uma acção de formação inicial adequada (estimam-se em 69.466).

6.5.3. Projectos
166. Este Programa de Acção integra 2 Projectos:

 Projecto 5.1 Implementação de um Sistema Integrado de Formação da Administração Pública


 Projecto 5.2 Formação de Valorização e Especialização para Quadros Dirigentes
 Projecto 5.3 Formação Geral e de Especialização para Quadros Superiores
 Projecto 5.4 Formação para Quadros Médios

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 Projecto 5.5 Formação Comum a Dirigentes, Superiores e Médios


 Projecto 5.6 Formação de Formadores
 Projecto 5.7 Formação para Quadros nas Carreiras do Regime Especial

6.5.3.1. Projecto 5.1 Implementação de um Sistema Integrado de Formação da Administração


Pública
A) Objectivos

167. A relevância, eficiência, eficácia e sustentabilidade da oferta de formação da Administração Pública,


nomeadamente da que é proposta nos Projectos seguintes, serão melhor garantidas se for definido e
operacionalizado um Sistema Integrado de Formação da Administração Pública (SIFAP).

B) Acções a Empreender

168. As seis acções propostas, para além de assegurarem a definição e adopção política do SIFAP, destinam-se a
desenvolver e reforçar as suas componentes basilares.

a) Acção 1 Definição Política do Sistema Integrado de Formação da Administração Pública (SIFAP)


Em primeiro lugar, há que definir e adoptar politicamente o Sistema determinando os respetivos princípios
orientadores, as suas componentes principais e as directrizes para a sua organização e funcionamento.
Como contributo para esta definição propõe-se um texto que pode servir de base para elaboração de um
diploma legal ou de um documento orientador a aprovar pelo Governo sobre a política geral de formação
profissional na Administração Pública (Anexo 3).

b) Acção 2 Implantação de um Sistema de Informação para Gestão da Formação


A coordenação, o planeamento, a gestão e a monitorização da formação da Administração Pública
necessitam de ser apoiados por informação permanentemente actualizada sobre as várias dimensões
relativas às estruturas, processos e resultados da formação. Este sistema, com acesso livres para todos os
agentes envolvidos no processo de formação, deve conter informação nomeadamente, sobre necessidades
de formação dos vários públicos, entidades formadoras, formadores e outros recursos humanos, recursos
pedagógicos e técnicos afetos à formação, ofertas de formação e efectivos abrangidos pelos cursos;
poderá ainda proporcionar a todos os interessados a inscrição online nas ofertas de formação. Para o
efeito, além de ser preciso configurar informaticamente o Sistema, é indispensável recolher e tratar a
informação, o que, em certos casos, como para identificação de necessidades, por exemplo, pode exigir a
realização de inquéritos e estudos. A implantação deste Sistema, além de exigir a existência de uma
unidade própria para o efeito, pode ainda justificar o recurso a assistência técnica externa.

c) Acção 3 Criação da Comissão de Coordenação da Formação (CCF)


São muitas e diversificadas, a nível central, provincial e local as instâncias políticas e administrativas
diretamente interessadas na formação da Administração Pública. Esta formação, por sua vez, é um
instrumento destinado a contribuir para um melhor desempenho da Administração Pública no
cumprimento da sua missão. Para garantir articulação entre as várias instâncias na definição das políticas
de formação e no acompanhamento da respectiva implementação, propõe-se a criação da Comissão
Coordenadora da Formação, a funcionar junto do membro do Governo que tiver a seu cargo a
Administração Pública e a respectiva formação profissional. Competirá a esta Comissão colaborar na
definição e permanente actualização da política de formação da Administração Pública. Será presidida por
representante do membro do Governo que tiver a seu cargo a Administração Pública e dela farão ainda

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parte os diretores gerais da ENAD e do IFAL. Como comité sectorial da CCF será de funcionar um conselho,
formado por representantes dos doadores internacionais que incluem oferta formativa e bolsas de estudo
nos seus programas de cooperação e assistência técnica, com o objectivo de partilha de informação sobre
os respetivos programas, por forma a evitar duplicações de iniciativas e programas.

d) Acção 4 Reforço da Capacitação das Entidades Formadoras e dos seus Recursos


Instalação de centros de formação desconcentrados. Relativamente à formação desconcentrada do IFAL
será necessário manter o recurso a instalações cedidas ou alugadas. Propõe-se contudo que se pondere a
instalação de centros de formação desconcentrados próprios até 2020, se um estudo prévio que compare
o custo benefício das duas soluções assim o justificar.

Protocolos com outras entidades. Para o desenvolvimento e valorização da sua oferta formativa propõe-se
que os organismos públicos de formação estabeleçam acordos ou protocolos de cooperação com outros
organismos, designadamente instituições do ensino superior e centros de investigação, públicos ou
privados, nacionais ou estrangeiros, e centros de formação do ensino médio técnico, visando:
 Promover a aquisição de meios e competências adicionais e o intercâmbio de experiências;
 Colaborar na conceção, programação e execução de planos e actividades de formação e informação
de interesse para ambas as partes;
 Desenvolver estudos e actividades de investigação em domínios de formação de interesse para a
Administração Pública;
 Estabelecer com as universidades planos de pós graduação e de continuação de estudos, potenciando
a formação ministrada pelas escolas de formação profissional do Estado;
 Estabelecer protocolos para adoção de cursos e plataformas de e-learning associados à formação em
sala oferecida pelo IFAL.

Redes nacionais e internacionais de entidades formadoras. O contato com outras experiências cria
sinergias que conferem dinamismo e desafiam as experiências próprias no sentido de maior exigência e
qualidade crescente. Por isso, se recomenda que, no seguimento, ou não, de propostas das entidades
formadoras cuja actividade coordena, o Conselho Coordenador da Formação promova a constituição de
redes de entidades formadoras nacionais e internacionais que se consagrem designadamente à:
 Criação de programas comuns e partilha de actividades:
 Partilha/Cedência gratuita de instalações
 Implementação de sistemas comuns de comunicação/Audioconferências/Laboratórios de Línguas.
 Formação de equipas interdisciplinares de formadores
 Oferta de formação envolvendo os diferentes profissionais;
 Criação de referenciais de formação.

Acreditação das entidades formadoras privadas. Para garantir a qualidade da oferta formativa propõe-se
que as entidades privadas que desejem prestar serviços de formação à Administração Pública, não estando
integradas no sistema nacional de ensino e formação profissional, se submetam previamente a um
processo de acreditação a assegurar pela ENAD e pelo IFAL.

Capacitação de formadores. Como referido acima (&5),uma das capacidades atuais que apresenta maiores
dificuldades e constrangimentos diz respeito à bolsa de formadores. O investimento a fazer nesta área
deverá ser mais significativo em qualidade do que em quantidade. A formação de formadores, assim, é
domínio prioritário para o reforço das entidades formadoras, Por isso, além da realização de cursos de
formação de formadores de modo a ter disponível uma bolsa com um número suficiente de formadores

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qualificados , importa fazer um levantamento em profundidade da capacidade actual e necessidades
futuras de reforço da bolsa de formadores, dado o efeito multiplicador que a capacitação destes tem na
60
implementação das ofertas formativas .

e) Acção 5 Constituição de um Fundo de Financiamento da Formação na Administração Pública


À actual oferta formativa não tem correspondido a procura correspondente por parte dos diversos
serviços centrais e locais da Administração Pública, o que seria devido a estes não disporem de recursos
financeiros suficientes para o efeito. Sugere-se, por isso, que o SIFAP tenha uma dotação financeira
própria, constituindo-se para o efeito um Fundo específico que financie o desenvolvimento e a
capacitação dos recursos humanos da Administração Pública do País. A este Fundo poderão recorrer, em
modalidades e condições a definir, as entidades formadoras com responsabilidades na execução da
política de formação da Administração Pública

f) Acção 6 Articulação da formação com o regime de carreiras e de chefias


Há políticas mais gerais de administração pública que interagem com a de formação e potenciam os seus
efeitos no desempenho dos funcionários públicos. É o que acontece com as relativas ao regime de
carreiras e chefias cuja revisão aqui se propõe com o objectivo de associar a formação ao
desenvolvimento da carreira técnica superior e de recrutar chefias mais qualificadas. Na ENFQ e na
Reforma da Administração Pública de 2008 encontram-se já algumas orientações para esta revisão.

Na ENFQ ficaram indicadas algumas caraterísticas da revisão:


 Institucionalização de programas de formação obrigatórios e um curso específico para dirigentes com 2
partes: (i) a primeira antes da nomeação e (ii) a segunda a realizar um ano depois do início do exercício
de funções; as matérias desta segunda parte devem ser adaptadas às exigências específicas do cargo e
podem ser organizadas em torno de diplomas de especialização desenvolvidos pela ENAD (para a
Administração Central) e IFAL (para a Administração Local), em parceria com estabelecimentos do ensino
superior.
 Estabelecimento de critérios de recrutamento, selecção e progressão na carreira de quadros técnicos e
dirigentes que passem pela obrigatoriedade de frequência de programas de formação e capacitação
específicos, podendo ser estabelecidos diferentes tipos de mecanismos, nomeadamente: (i) mecanismo
de recrutamento e selecção, sujeito a avaliação final obrigatória; (ii) mecanismo de formação inicial
para jovens quadros, com vertente de aculturação e assimilação de conhecimentos básicos a decorrer
no primeiro ano de admissão; (iii) mecanismo de reciclagem e capacitação imediatamente antes ou no
primeiro ano de ascensão a Assessor (ENFQ, p.26).

Por sua vez, o livro da Reforma da Administração Pública (MAPESS, 2008) anuncia que se pretende vir a
estabelecer regras de condicionamento do exercício de cargos de direcção (nacional) e, de outros a definir,
à frequência (prévia e com êxito) de cursos de formação profissional (p.23) e acentua que deverá haver
uma componente de formação daqueles que já exercem funções de responsabilidade e outra vertente que
se ocupará da formação prévia para candidatos ao exercício de funções de direcção e chefia (p.27).

Neste contexto, propõem-se as seguintes orientações para operacionalização desta medida de revisão do
regime de carreiras e de chefias:
 Dar prioridade à definição das regras de recrutamento e formação de gestores de
topo/administradores públicos. Quando a gestão de topo é garantidamente imparcial, profissional,
competente e integra, grande parte dos problemas da Administração Pública estão resolvidos. A
questão do recrutamento não é secundária. O recrutamento adequado assegura um potencial de
59
Ver à frente Projecto 2, Componente de Formação 5 dedicada à formação de formadores
60
Medida a implementar no âmbito do Sistema de Informação para Gestão da Formação cuja criação foi proposta na medida 2 deste Projecto.

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desenvolvimento da organização insubstituível, sendo porventura a fase de gestão de recursos


humanos mais importante, mais complexa e mais decisiva para o futuro das organizações.
Recrutamento de qualidade e imparcial estará no coração das administrações. Não só reforça os
princípios constitucionais de igualdade de oportunidades, como ainda fornece um potencial de
desenvolvimento para a formação profissional.
 Conduzir uma reflexão aprofundada sobre a alta função pública, que permita ser a base institucional
da mudança administrativa e da governance que se deseja conduzir quer na administração central,
quer no local, sobretudo em conjugação com a transformação que vier a ser operada pelas eleições
autárquicas. Os resultados desta reflexão virão a reflectir-se em mudanças no regime de função
pública quanto a administradores públicos.
 Constituição de um leque de profissionais qualificados e experientes, com percurso de carreira, dentro
ou fora da administração, com provas dadas, também com formação em alta direcção, que possam
alimentar o recrutamento futuro de profissionais com formação antes da nomeação para cargo de
chefia.
 A formação após exercício de funções dirigentes, deve ser prevista nas regras de recrutamento, por
forma mais detalhada do que já é feito pela legislação actual.
 A exigência de formação associada à carreira, com avaliação para quadros superiores e quadros
médios deverá constar em diploma legal, operacionalizando a estratégia anunciada em medidas
políticas e legais. Após recrutamento dos técnicos superiores parece haver dois momentos decisivos
61
na carreira: (i) a formação profissional inicial, com avaliação e (ii) a formação em alta direcção
visando uma preparação para funções de chefia, quer no âmbito da carreira (coordenação de equipas,
projectos, grupos de trabalho, representação internacional), quer para chefias intermédias e de topo.
 Reforço da(s) carreira(s) de administradores públicos da Administração Local por forma a reforçar o
tecido institucional de apoio administrativo às autarquias locais, o que será imprescindível após
eleições autárquicas. O aprofundamento da experiencia do IFAL, colhida na formação média
estruturante e também dos atuais cargos políticos da Administração Local (vice governadores) e
administradores municipais, deverá ser tida em conta no desenho de novas medidas de política sobre
quadros e carreiras autárquicos.

6.5.3.2. Projecto 5.2 Formação de Valorização e Especialização para Quadros Dirigentes


A) Objectivos

169. O presente projecto tem como objectivo desenvolver competências transversais (competências técnicas e
comportamentais potenciadoras de uma liderança forte e mobilizadora em sintonia com as exigências da
moderna gestão pública) e competências específicas (competências adequadas à gestão de dossiers e recursos
específicos, em consonância com as necessidades do cargo desempenhado em cada sector – ambiente,
ordenamento, serviços de interesse geral, comércio, agricultura, economia, etc.) de quadros dirigentes de topo
e intermédios; assegurando que, até 2020, a totalidade dos actuais dirigentes de topo e intermédios frequente
pelo menos uma acção de formação de qualificação durante o ciclo e que os novos admitidos frequentem
uma acção de formação inicial.

61
Alguns países impõem ainda que só a avaliação positiva determine a passagem do período experimental a vínculo definitivo, considera-se no
entanto que bastará que seja efetuada uma avaliação a qual possa contar para a nota final do período de experiência.

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B) Acções a Empreender

170. Para que estes objectivos se concretizem deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação

 Em primeiro lugar, há que desenvolver os programas das formações incluídas no presente Projecto.
Como contributo propõem-se linhas gerais de programação, apresentadas nas fichas constantes do
Anexo 4, para cinco programas de formação principais:

− P1 Formação de alto nível para os actuais dirigentes de topo


Formação de alto nível, se possível presidida e patrocinada pelo ministro da pasta, de frequência
obrigatória, no quadro da formação sobre matérias estratégicas, (ética e missão de serviço público,
qualidade e modernização de serviços, gestão estratégica e avaliação de resultados), formação essa
que será de curta duração e deverá ser complementada por formação contínua direcionada para
necessidades particularmente sentidas pelos dirigentes, dentro de um programa de formação
contínua.

− P2 Formação de valorização/reciclagem para os actuais dirigentes intermédios


Formação valorização/reciclagem abrangendo um conjunto de matérias chave de gestão pública,
para reforço de competências dos atuais profissionais.

− P3 Formação para dirigentes a recrutar no exterior da função pública


Formação inicial de curta duração nos termos da legislação actual, abrangendo matérias chave de
ética, missão de serviço público, liderança, qualidade e gestão de recursos. Prevê-se um programa
de curta duração por forma a satisfazer as necessidades de recrutamento e as exigências legais de
formação.

− P4 Formação de especialização para dirigentes


Formação de dirigentes após um ano de funções, orientada para as funções e necessidades
específicas dos serviços e sectores, de duração não muito longa, se necessário em parceria com as
Universidade(s).

− P5 Formação para quadros superiores potencialmente candidatos a cargos de alta direcção


Esta formação, com conteúdo orientado para a gestão pública, tem um duplo objectivo:
− Disponibilizar um leque de profissionais qualificados para futuros dirigentes integrados no
conceito de Administradores públicos. Tal satisfaria a exigência de nomear dirigentes com
formação obrigatória antes da nomeação;
− Preparar quadros superiores para tarefas mais exigentes e qualificadas de gestão de projectos,
encarregados de missão e missões internacionais, que possam ou não vir a ser recrutados como
dirigentes.

Mais especificamente, estas ofertas formativas visam desenvolver as competências técnicas e


comportamentais sistematizadas no Quadro 6.22.

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Quadro 6.22. Competências a desenvolver na formação de dirigentes actuais e potenciais

P1 P2 P3 P4 P5
Cargos Cargos de Cargos Cargos Alta
Competências
Direcção Chefia Direcção a Direcção Direcção
(APC, APP, (APC, APP, Recrutar após 1 ano
APM) APM) Exterior ingresso
Ética e Missão de Serviço Público X X X
Qualidade e Modernização de serviços X X
Gestão estratégica X
Avaliação de resultados X
Planeamento e programação de actividades X X X
Gestão por Objectivos, monitoria e avaliação de projectos X X X
Gestão Orçamental e de recursos materiais X X X
Sistemas de informação e informática X X X
Liderança, Gestão de Equipas e pessoas X X X X
Internacionalização e prospectiva para o desenvolvimento X X X X
Projecto Aplicado X
Gestão de recursos X X X X
Nota: APC=Administração Pública Central; APP=Administração Pública Provincial; APM=Administração Pública Municipal

 Levantamento da capacidade actual da bolsa de formadores devidamente qualificados e reforço à


luz das necessidades futuras.

 Será ainda imprescindível que para cada formação sejam definidas as metodologias mais adequadas,
em função da sua natureza e das características dos formandos, e elaborados os materiais
pedagógicos necessários, escritos e outros, incluindo os instrumentos de avaliação de aprendizagens
realizadas pelos formandos, de formadores e da própria acção de formação.

 Sem prejuízo da responsabilidade da ENAD e do IFAL na oferta directa destas formações, será de
estabelecer para a execução do Projecto parcerias com Universidades e/ou Entidades estrangeiras
nos casos em que tal seja necessário, bem como com entidades formadoras privadas desde que
acreditadas para o efeito.

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b) Lançamento em 2013-2014 de programas de formação para 2.350 Quadros Dirigentes

Nos primeiros dois anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) deverá ser implementado um número
total de 63 cursos para os cinco tipos de programas de formação, o que permitirá, em dois anos, abranger
um total de 2.350 quadros dirigentes:

Quadro 6.23. Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014

Total Horas/
Tipos de Formação Nº Cursos Total Horas
Formandos Curso
P1 Formação de alto nível para os actuais dirigentes de topo 18 550 18 324
P2 Formação de valorização/reciclagem para actuais dirigentes intermédios 21 840 80 1.680
P3 Formação para dirigentes a recrutar no exterior da função pública 4 160 40 160
P4 Formação de especialização para dirigentes 12 480 35 420
P5 Formação para quadros superiores candidatos a cargos de alta direcção 8 320 340 2.720
Total 63 2.350 513 5.304

6.5.3.3. Projecto 5.3 Formação Geral e de Especialização para Quadros Superiores


A) Objectivos

171. O presente projecto tem como objectivo dotar os quadros superiores admitidos na carreira da Administração
Pública dos conhecimentos transversais à função pública e ferramentas básicas de gestão bem como de
competências específicas em legística.

B) Acções a Empreender

172. Para que estes objectivos se concretizem deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação

 Em primeiro lugar, há que desenvolver os programas das formações incluídas no presente Projecto.
Como contributo propõem-se linhas gerais de programação, apresentadas nas fichas constantes do
Anexo 4, para três programas de formação principais:

− P6 Formação inicial para quadros superiores


Com uma duração considerável, esta formação pode ser feita após exercício de funções e
articulada como seu exercício ou em dedicação exclusiva do formando aos cursos de formação,
dependendo das opções das autoridades angolanas, sendo que se aconselharia a primeira opção
por mais realista e produtiva.

− P7 Formação de valorização para quadros superiores


Formação de valorização com uma duração mais curta, mas que reforce competências e
capacidades dos quadros superiores recentemente admitidos.

− P8 Diploma de especialização em legística


Formação especializada em feitura de leis destinada a licenciados em Direito e que necessitem
destes conhecimentos para o exercício da sua função.

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Mais especificamente, estas ofertas formativas visam desenvolver as competências técnicas e


comportamentais sistematizadas no Quadro 6.24.

Quadro 6.24 Competências a desenvolver na formação de quadros superiores

P6 P7 P7 P7 P8
Quadros Quadros Quadros Quadros Quadros
Competências Superiores Superiores Superiores Superiores Superiores >
após APC APP APM Licenciados
Ingresso Direito
(APC+APP)
Técnicas de Planeamento e Programação
Organizações internacionais e regiões africanas X
Concepção, gestão e avaliação de políticas públicas X X
Gestão de Projectos X
Gestão e Tratamento de Informação X
Técnicas de monitoria e avaliação de projectos X
Gestão por objectivos, gestão de projectos e avaliação X
Gestão da Qualidade em serviços e sistemas de qualidade X
Conhecimentos de administração e gestão X X
Administração e boa governança X
Direito administrativo X
Políticas económicas e economia do sector público X
Organização da AP, actividades e procedimentos
X
administrativos
Gestão de recursos humanos X
Sistemas de informação e informática X X
Sistemas de informação, reorganização de processos,
X
gestão de sistemas de informação e e-government
Procedimentos financeiros
Finanças Públicas X
Contabilidade pública X
Gestão de recursos financeiros e materiais X
Competências comportamentais
Capacidade de comunicação
Comunicação Pessoal X X X
Ética e sentido de responsabilidade
Ética e missão de serviço público X X
Liderança/trabalho em Equipa/Gestão de Conflitos
Liderança, Gestão de pessoas e equipas X X
Coordenação de equipas e trabalho de equipa X
Desenvolvimento individual, organizacional e
X
Qualidade
Trabalho final X
Feitura de Leis X
Procedimento Legislactivo X
Legística (material e formal) X
Boas práticas X
Nota: APC=Administração Pública Central; APP=Administração Pública Provincial; APM=Administração Pública Municipal

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 Levantamento da capacidade actual da bolsa de formadores devidamente qualificados e reforço à


luz das necessidades futuras.

 Será ainda imprescindível que para cada formação sejam definidas as metodologias mais adequadas,
em função da sua natureza e das características dos formandos, e elaborados os materiais
pedagógicos necessários, escritos e outros, incluindo os instrumentos de avaliação de aprendizagens
realizadas pelos formandos, de formadores e da própria acção de formação.

 Sem prejuízo da responsabilidade da ENAD e do IFAL na oferta directa destas formações, será de
estabelecer para a execução do Projecto parcerias com Universidades e/ou Entidades estrangeiras
nos casos em que tal seja necessário, bem como com entidades formadoras privadas desde que
acreditadas para o efeito.

b) Lançamento em 2013-2014 de programas de formação para 1.640 Quadros Superiores

Nos primeiros dois anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) propõe-se alcançar um número total
de 41 cursos para os três tipos de programas de formação, o que permitirá, em dois anos, abranger um
total de 1.640 Quadros Superiores:

Quadro 6.25 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014

Total Horas/
Tipos de Formação Nº Cursos Total Horas
Formandos Curso
P6 Formação inicial para quadros superiores 20 800 120 2.400
P7 Formação de valorização para quadros superiores 20 800 40 800
P8 Diploma de especialização em legística 1 40 200 200
Total 41 1.640 360 3.400

6.5.3.4. Projecto 5.4 Formação para Quadros Médios


A) Objectivos

173. O presente projecto tem como objectivo dotar os quadros médios admitidos na carreira da Administração
Pública de conhecimentos e ferramentas transversais à função pública.

B) Acções a Empreender

174. Para que estes objectivos se concretizem deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação

 Em primeiro lugar, há que desenvolver os programas das formações incluídas no presente Projecto.
Como contributo propõem-se linhas gerais de programação, apresentadas nas fichas constantes do
Anexo 4, para dois programas de formação principais:

− P9 Formação inicial para quadros médios


Formação inicial de carácter generalista, dirigida a técnicos que foram selecionados em concurso
para ingressar como quadros técnicos na Administração angolana.

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− P10 Formação de valorização para quadros médios


Formação para quadros médios em funções para actualização das suas competências.

Mais especificamente, estas ofertas formativas visam desenvolver as competências técnicas e


comportamentais sistematizadas no Quadro 6.26.

Quadro 6.26 Competências a desenvolver na formação de quadros médios

P6 P7
Competências Quadros Médios novos Quadros Médios (APC,
ingressos APP, APL)

Conhecimentos de administração e gestão X


Organização da AP, actividades e procedimentos administrativos X
Gestão de recursos humanos X X
Sistemas de informação e informática X
Sistemas de informação, reorganização de processos, gestão de
X
sistemas de informação e e-government
Procedimentos financeiros X
Gestão de recursos financeiros e materiais X
Capacidade de comunicação
Comunicação Pessoal X X
Ética e sentido de responsabilidade X
Ética e missão de serviço público X
Capacidade de decisão
Processo de decisão e resolução de problemas X
Liderança/trabalho em Equipa/Gestão de Conflitos X
Coordenação de equipas e trabalho de equipa X
Nota: APC=Administração Pública Central; APP=Administração Pública Provincial; APM=Administração Pública Municipal

 Levantamento da capacidade actual da bolsa de formadores devidamente qualificados e reforço à


luz das necessidades futuras.

 Será ainda imprescindível que para cada formação sejam definidas as metodologias mais adequadas,
em função da sua natureza e das características dos formandos, e elaborados os materiais
pedagógicos necessários, escritos e outros, incluindo os instrumentos de avaliação de aprendizagens
realizadas pelos formandos, de formadores e da própria acção de formação.

 Sem prejuízo da responsabilidade da ENAD e do IFAL na oferta directa destas formações, será de
estabelecer para a execução do Projecto parcerias com Universidades e/ou Entidades estrangeiras
nos casos em que tal seja necessário, bem como com entidades formadoras privadas desde que
acreditadas para o efeito.

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b) Lançamento em 2013-2014 de programas de formação para Quadros Médios

Nos primeiros dois anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) propõe-se lançar os seguintes
programas de formação para Quadros Médios:

Quadro 6.27 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014

Total Horas/
Tipos de Formação Nº Cursos Total Horas
Formandos Curso
P9 Formação inicial para quadros médios 8 240 80 640
P10 Formação de valorização para quadros médios a) a) - -
Total - - - -
Nota: a) incluídos no P11.

6.5.3.5. Projecto 5.5 Formação Comum a Dirigentes, Superiores e Médios


A) Objectivos

175. O presente projecto tem como objectivo desenvolver competências comuns dos dirigentes, quadros superiores
e quadros médios da Administração Pública Central, Provincial e Local.

B) Acções a Empreender

176. Para que estes objectivos se concretizem deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação

 Em primeiro lugar, há que desenvolver os programas das formações incluídas no presente Projecto.
Como contributo propõem-se linhas gerais de programação, apresentadas nas fichas constantes do
Anexo 4, para três programas de formação principais:

− P11 Formação contínua


Formação em matérias fulcrais para a Administração Pública e também conforme as Agendas de
modernização administrativa. Assente em programação de seminários e colóquios abertos a todos
os dirigentes e obrigatória nalgumas matérias, quer para dirigentes, quer quadros superiores e
técnicos.

− P12 Formação em Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação


Atenta a importância das TI na óptica do decisor, da contratação pública, do utilizador e atento o
contributo - hoje insubstituível - dos sistemas de informação e sua utilização para o processo de
modernização administrativa e para a eficiência da AP, propõe-se no âmbito da formação comum
um programa dedicado às TIs.

− P13 Formação de apoio à modernização administrativa e desconcentração e descentralização


Este programa, apesar de não ser a única de suporte ao processo de descentralização, avança com
uma proposta de iniciativa específica que possa vir a apoiar um futuro desenho de carreira(s) para
a nova realidade autárquica.

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Mais especificamente, estas ofertas formativas visam desenvolver as competências técnicas e


comportamentais sistematizadas no Quadro 6.28.

Quadro 6.28 Competências a desenvolver na formação contínua de dirigentes, quadros superiores e


quadros médios

P11 P11 P11 P11 P12 P13


Competências Reforma da Seminários Seminários Cursos Sistemas e Apoio à
Gestão Sectoriais Contexto Tema TICs Desconc. e
Pública Globalização Descentral.
Gestão Estratégica X X X X
Atendimento aos cidadãos X X X X
BSC (Balanced ScoreCard) X X X
Qualidade em serviços X X X
Avaliação e Auditoria X X X X
Avaliação de resultados e Desempenho X X X X
Desenvolvimento do Território X X X X
Valores de Serviço Público X X X X
TI e sua utilização X X X X X
Negociação contratos TI X
Gestão da Informação e Investimentos
X
em SI/TICs
Outros Temas X X X X
Utilização pedagógica de estudos de
X X X X
caso
Práticas pedagógicas X X X X
Gestão e avaliação da formação X X X
Gestão municipal X
Organização e dinamização de serviços
X
de proximidade a fornecer à população

 Levantamento da capacidade actual da bolsa de formadores devidamente qualificados e reforço à


luz das necessidades futuras.

 Será ainda imprescindível que para cada formação sejam definidas as metodologias mais adequadas,
em função da sua natureza e das características dos formandos, e elaborados os materiais
pedagógicos necessários, escritos e outros, incluindo os instrumentos de avaliação de aprendizagens
realizadas pelos formandos, de formadores e da própria acção de formação.

 Sem prejuízo da responsabilidade da ENAD e do IFAL na oferta directa destas formações, será de
estabelecer para a execução do Projecto parcerias com Universidades e/ou Entidades estrangeiras
nos casos em que tal seja necessário, bem como com entidades formadoras privadas desde que
acreditadas para o efeito.

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b) Lançamento em 2013-2014 de programas de formação para 22.500 Quadros Dirigentes, Superiores


e Médios

Nos primeiros dois anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) propõe-se alcançar um número total
de 295 cursos para os dois tipos de programas de formação, o que permitirá, em dois anos, abranger um
total de 22.500 quadros:

Quadro 6.29 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014

Total Horas/
Tipos de Formação Nº Cursos Total Horas
Formandos Curso
P11 Formação contínua 278 22.000 a) 7.560
P12 Formação em Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação b) b) b) b)
P13 Formação de apoio à modernização administrativa e desconcentração e
17 500 60 1.000
descentralização
Total 295 22.500 - 8.560
Nota: a) vários; b) incluído no P11.

6.5.3.6. Projecto 5.6 Formação de Formadores

A) Objectivos

177. O presente projecto tem como objectivo reforçar, em quantidade e qualidade, a bolsa de formadores que
alimenta o sistema de formação da Administração Pública.

B) Acções a Empreender

178. Para que estes objectivos se concretizem deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento da Formação

 Em primeiro lugar, há que desenvolver o programa da formação incluída no presente Projecto. Como
contributo propõem-se linhas gerais de programação, apresentadas na ficha constantes do Anexo 4,
para o programa de formação:

− P14 Formação de formadores


Todas as ofertas formativas recorrem a formadores que constituem um factor relevante na
qualidade da implementação da mesma. É reconhecido pelas entidades formadoras actuais que há
necessidade de aumentar a bolsa de formadores a que recorrem bem como margem para melhoria
das suas competências pedagógicas.

Mais especificamente, estas ofertas formativas visam desenvolver as competências técnicas e


comportamentais sistematizadas no Quadro 6.30.

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Quadro 6.30 Competências a desenvolver na formação de formadores

P14
Competências
Formação de Formadores
Utilização pedagógica de estudos de caso X
Práticas pedagógicas X
Gestão e avaliação da formação X

b) Lançamento em 2013-2014 de programas de formação para 240 Quadros

Nos primeiros dois anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) propõe-se alcançar um número total
de 8 cursos, o que permitirá, em dois anos, abranger um total de 240 quadros:

Quadro 6.31 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014

Total Horas/
Tipos de Formação Nº Cursos Total Horas
Formandos Curso
P14 Formação de Formadores 8 240 150 1.200
Total 8 240 150 1.200

6.5.3.7. Projecto 5.7 Formação para Quadros nas Carreiras do Regime Especial
A) Objectivos

179. O presente projecto tem como objectivo desenvolver competências técnicas específicas necessárias ao
desempenho dos cargos nas carreiras do regime especial.

B) Acções a Empreender

180. Para que estes objectivos se concretizem deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:

a) Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento das Acções de Formação

 Em primeiro lugar, há que desenvolver o programa das formações incluídas no presente Projecto.
Como contributo propõem-se linhas gerais de programação, apresentadas nas fichas constantes do
Anexo 4, para quatro programas de formação principais:

− P15 Formação para as carreiras de regime especial na área da Justiça


Formação orientada para o desenvolvimento de competências adequadas à gestão de dossiers da
justiça (tribunais, inspecção, registos e notariado e emissão de identificação).

− P16 Formação para a Administração Escolar (com componente de valorização pedagógica)


O objectivo da formação é o de evidenciar os aspectos essenciais da actividade quotidiana da
administração de uma escola mas visa igualmente dotar os formandos com ferramentas que lhes
permitam ser agentes de uma gestão mais inovadora e que permita valorizar os equipamentos e
recursos que estão sob a sua responsabilidade, bem como valorizar as equipas de profissionais que
as integram.

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Versão Final (Setembro 2012)

− P17 Formação integrada para o Ministério das Finanças


A extrema importância das tarefas que ocorrem por via das competências do Ministério das
Finanças impõem a abordagem específica proposta por esta formação, a qual contempla formação
inicial para os novos recrutados licenciados, formação inicial de nível desconcentrado (delegações
provinciais e repartições), formação de aperfeiçoamento/reciclagem para actuais funcionários.

− P18 Formação de Apoio à Administração Hospitalar


A preocupação com a gestão das novas unidades de saúde que têm sido inauguradas nos últimos
anos centra-se, prioritariamente, em três abordagens ao nível da formação profissional da
Administração Pública: a administração hospitalar com necessidades específicas sentidas pelos
dirigentes, formação de acolhimento para todo o pessoal recém-admitido, formação específica
para catalogadores.

b) Lançamento em 2013-2014 de programas de formação para 6.780 Quadros

Nos primeiros dois anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) propõe-se alcançar um número total
de 152 cursos, o que permitirá, em dois anos, abranger um total de 6.780 quadros nas carreiras do regime
especial:

Quadro 6. 32 Tipologia de Cursos, carga horária e formandos abrangidos em 2013/2014

Total Horas/
Tipos de Formação Nº Cursos Total Horas
Formandos Curso
P15 Formação para as carreiras de regime especial na área da Justiça 18 580 a) 5.140
P16 Formação para a Administração Escolar 100 5.000 40 4.000
P17 Formação integrada para o Ministério das Finanças 24 950 80 2.300
P18 Formação de Apoio à Administração Hospitalar 10 250 a) 820
Total 152 6.780 - 12.260
Nota: a) vários

6.5.4. Resultados Esperados


181. Os resultados esperados deste Programa de Acção podem ser, assim, sumariamente apresentados:

a) Implementado o Sistema de Integrado de Formação da Administração Pública (SIFAP) com o


objectivo garanta o desenvolvimento permanente de formação inicial, de valorização, reciclagem e de
especialização para os quadros actuais e recrutados. A implementação do SIFAP pressupõe,
designadamente, o alcance de alguns dos resultados seguintes.

b) Implantado um sistema de informação para a gestão de formação que permita a coordenação, o


planeamento, a gestão e a monitorização da formação da Administração Pública.

c) Criada uma Comissão de Coordenação da Formação, a funcionar junto do membro do Governo que
tiver a seu cargo a Administração Pública e a respectiva formação profissional, com a missão de garantir
articulação entre as várias instâncias na definição das políticas de formação e no acompanhamento da
respectiva implementação.

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Versão Final (Setembro 2012)

d) Implantada uma rede de entidades formadoras que reúna, se economicamente justificável, centros de
formação desconcentrados próprios (para a formação desconcentrada do IFAL); protocolos de cooperação
com outros organismos (instituições do ensino superior e centros de investigação, públicos ou privados,
nacionais ou estrangeiros, e centros de formação do ensino médio técnico; redes de entidades
formadoras nacionais e internacionais; entidades formadoras privadas devidamente acreditadas.

e) Constituído um Fundo de Financiamento da Formação na Administração Pública ao qual poderão


recorrer, em modalidades e condições a definir, as entidades formadoras com responsabilidades na
execução da política de formação da Administração Pública.

f) Criados os seguintes programas de formação:


− cinco programas de formação de valorização e especialização para Quadros Dirigentes;
− três programas de formação inicial, de qualificação e de especialização para Quadros Superiores;
− dois programas de formação inicial e contínua para Quadros Médios;
− três programas de formação comum para Quadros Dirigentes, Superiores e Médios;
− um programa de formação de Formadores;
− quatro programas de formação para Quadros nas Carreiras do Regime Especial;

g) Lançados nos dois primeiros anos de implementação do PNFQ (2013 e 2014) os seguintes cursos:
− 63 cursos (inicial e de qualificação) para 2.350 Quadros Dirigentes;
− 41 cursos (inicial, de qualificação e especialização) para 1.640 Quadros Superiores;
− Cursos (inicial, de qualificação e especialização) para Quadros Médios;
− 295 cursos (de formação contínua e reciclagem) para 22.500 Quadros Dirigentes, Superiores e
Médios;
− 8 cursos para 240 Formadores;
− 152 cursos (de formação contínua e reciclagem) para 6.780 Quadros das Carreiras do Regime
Especial.

h) Desenvolvidos até 2020 programas de formação inicial, de qualificação, reciclagem, contínua, de


especialização e pós-graduação para todos os Quadros Dirigentes, Superiores e Médios da
Administração Pública actuais (104.000) e admitidos (69.470).

6.5.5. Medidas de Política


182. Para a obtenção destes resultados devem concorrer, nomeadamente, as seguintes Medidas de Política:

a) Criar um Sistema Integrado de Formação para a Administração Pública, Central e Local, coordenado
pela ENAD e pelo IFAL;

b) Criar uma Comissão de Coordenação da Formação da Administração Pública, a funcionar junto do


membro do Governo que tiver a seu cargo a Administração Pública e a respectiva formação profissional,
com o obejctivo de garantir a articulação entre as várias instâncias na definição das políticas de formação
e no acompanhamento da respectiva implementação;

c) Definir e implementar um Sistema de Monitorização e Avaliação do Sistema de Formação de


Quadros da Administração Pública;

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d) Implementar um sistema de acreditação das entidades formadoras privadas a assegurar pela ENAD e
pelo IFAL;

e) Criar um Fundo de Financiamento da Formação na Administração Pública;

f) Rever o Sistema de Carreiras e Chefias com o objectivo de associar a formação ao desenvolvimento da


carreira técnica superior e de recrutar chefias mais qualificados;

g) Rever o Sistema de Avaliação do Desempenho;

h) Alargar o âmbito de actuação do ENAD aos gestores de empresas públicas e de empresas com capitais
públicos.

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6.6. Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo


e Desenvolvimento Empresarial
6.6.1. Enquadramento
6.6.1.1. Quadro Estratégico
183. Um dos Objectivos do Desenvolvimento Económico, expressos no “Angola 2025”, é o seguinte:
“desenvolvimento de uma economia de mercado e do sector privado, seja ao nível de PME’s, seja de grupos
económicos nacionais competitivos, cabendo ao Estado um papel estratégico e de regulação”.

184. Reunidas as condições de base para incrementar os níveis de investimento privado, é importante concentrar
as atenções nos actores do sector privado: os empreendedores e as empresas.
Se por um lado, uma das ideias-força da estratégia de desenvolvimento de longo prazo consiste na
valorização da capacidade empreendedora como alicerce do desenvolvimento sustentável, por outro lado, a
política de promoção do investimento também visa incrementar o volume de investimento privado, de
origem nacional e estrangeira, e incentivar a localização no País de investimento estruturante que promova
os objectivos específicos da sua estratégia de desenvolvimento.

185. A actual rede empresarial de Angola, estimada recentemente em 50 mil empresas, é largamente dominada
(40%) por micro-empresas (com menos de 10 trabalhadores) e pequenas empresas.
2
Cerca de / 3 das empresas angolanas terão menos de 50 trabalhadores. O número de Grupos
Empresariais de origem angolana é ainda muito reduzido e não estão estruturados organicamente de forma
crescente, constituindo mais conglomerados de negócios e participações, do que estruturas com vocação
económica estratégica.

186. Existem vários tipos de instrumentos e medidas para apoiar o empreendedorismo e o desenvolvimento
empresarial: criação de bolsas de ideias e de oportunidades de negócio; estabelecimento de soluções de
simplificação no processo de criação de empresas (criação on-line, guichet único…); apoios à criação e
desenvolvimento de empresas (financeiros, organizacionais, formação e capacitação…). Uma atenção especial
deverá ser dada ao empreendedor-jovem e à mulher-empreendedora.

187. Por tudo isto, foi criado, no âmbito da ENFQ um “Mega-Cluster Empreendedorismo e Desenvolvimento
Empresarial”, que não foi previsto no “Angola 2025”. Neste Mega-Cluster foram incluídos sectores de
apoio ao desenvolvimento empresarial, como sejam: comércio, serviços às empresas e actividades
imobiliárias. Isto para além, das actividades financeiras e de outras consideradas prioritárias.

188. Não existem empresas sem empresários. A sua insuficiência, em termos quantitativos e qualitativos, constitui
uma séria limitação ao desenvolvimento de Angola. Não basta fazer negócio, é fundamental criar,
organizar e gerir empresas rentáveis.

Enquanto tal não acontece, uma parte substancial do valor dos recursos endógenos é “filtrado” para o
exterior.

É urgente, por isso, organizar programas de formação e capacitação de empreendedores, empresários


e gestores nacionais.

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Por outro lado, os empresários devem constituir uma força organizada e actuante na vida económica e social.
Consequentemente, as suas organizações representativas devem ser pujantes e intervir na discussão sobre
os problemas de desenvolvimento do País, e ter, necessariamente, uma expressão territorial nacional.

189. Dada a relevância da Formação e Capacitação de Quadros para apoiar o Empreendedorismo e


Desenvolvimento Empresarial, formula-se o presente Programa de Acção: “ Formação de Quadros para o
Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial”, que deve responder às necessidades de Profissões
Estratégicas Nucleares e Complementares, identificadas no Mega-Cluster.

190. Os Domínios Estratégicos de Formação para assegurar a disponibilidade destas Profissões, são basicamente
as seguintes: Economia, Criação e Gestão de Empresas, Gestão Financeira, Contabilidade, Direito,
Engenharia Mecânica, Engenharia Electrotécnica, Engenharia Informática, Engenharia Civil,
Biotecnologia Industrial, Engenharia Industrial, Sociologia e Artes.

6.6.1.2. Apoio ao Desenvolvimento Empresarial


191. O Executivo tem, nos últimos anos, diversas medidas para promover o investimento privado, o
desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas e o empreendedorismo, designadamente de
base nacional, destacando-se, respectivamente, a Lei do Investimento Privado (Lei 20/11, de 20 de Maio), o
Regulamento da Lei 30/11 de 13 de Setembro sobre as Micro, Pequenas e Médias Empresas, o Programa de
Apoio ao Pequeno Negócio (PROAPEN) ou a implementação do Balcão Único do Empreendedor (BUE).

Com a criação do Ministério da Economia, por Decreto Legislactivo Presidencial Nº 7/10,foram enquadrados
importantes instrumentos de apoio ao desenvolvimento empresarial, como sejam o Instituto de Fomento
Empresarial, o Instituto para o Sector Empresarial Público e Agência Nacional para O Investimento Privado.

192. Mais recentemente, o Executivo aprovou um conjunto de diplomas visando o desenvolvimento do sector
privado, de que se destacam: Lei Nº30/11 sobre Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) e respectivo
Regulamento; criação do Programa de Desenvolvimento de Micro, Pequenas e Médias Empresas (PDMPME) e
do respectivo Modelo de Implementação; Programa de Apoio ao Pequeno Negócio; criação do Balcão Único
do Empreendedor (BUE)

6.6.1.3. Quadro Geral de Necessidades de Formação e Capacitação


193. A capacitação em empreendedorismo e desenvolvimento empresarial pode realizar-se a vários níveis e
dirigidas a diferentes grupos-alvo.

Podemos admitir que o desenvolvimento e consolidação das empresas angolanas se poderá basear em três
tipos de acção: a) Formação Inicial em Empreendedorismo; b) Capacitação Continua (aperfeiçoamento,
refrescamento, reconversão, reciclagem…) e Avançada (cursos de especialização, em contexto universitário
ou não) em Desenvolvimento Empresarial; c) Formação em Gestão de Empresas, com Graduação ou Pós-
Graduação Superior e Formação.

194. A Formação poderá ser organizada na base de Módulos Temáticos, sequenciais ou interpolados,
conforme a natureza do Curso.

Será recomendável que, em particular, nos cursos de Capacitação Empresarial, sejam adoptados sistemas de
unidades de crédito, por forma a tornar este tipo de formação mais flexível e útil para quem estiver
interessado na obtenção de uma formação mais extensiva e integrada e certificável.

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Para que estas diferentes acções sejam realizadas, de forma coerente, será conveniente que se institucionalize
uma solução de parceria público-privada que poderá dar origem a uma instituição (Ex: ”Academia do
Empreendedor e do Empresário Angolano”), que envolva associações empresariais, instituições públicas
(exs. Instituto de Fomento Empresarial, ANIP…) e unidades de ensino e formação, públicas e privadas que, em
princípio, terão a seu cargo a organização e leccionação da formação.

Estas Acções poderão ser organizadas a tempo inteiro (6 a 7 h/dia) ou a tempo parcial (4h/dia). A duração
das acções/módulos poderá variar de 4 horas (conferências, seminários…) a 200 horas (formação avançada,
cursos de pós-graduação…), passando por 30 ou 60 horas (temas ou módulos específicos de formação,
como sejam cursos sobre “Empreendedorismo” ou “Gestão Financeira”).

Os conteúdos deste tipo de formação devem ser fundamentalmente orientados pelos perfis da procura e
organizados “à la carte”, conforme os grupos-alvo e ter características muito práticas. As acções de
formação poderão ser organizadas em sala, nas empresas, em modalidades de “e-learning” ou de “b-learning”.

195. Nas acções de formação inicial, nomeadamente, para empreendedores, deverá ser dada preferência a ideias
simples, do tipo: como identificar uma oportunidade de negócio? Como criar e organizar uma empresa
(familiar, unipessoal, por quotas…)? Como lançar no mercado uma ideia nova? Como transformar ideias e
conhecimentos em rendimento? Como obter financiamento, capital de risco ou recorrer a um “business
angel”? Como elaborar um plano de negócio? Como preparar um projecto de investimento? Como liderar uma
equipa e uma empresa?

196. Os Grupos-Alvo serão diferenciados:


a) Formação Inicial em Empreendedorismo: candidatos em geral a empreendedores/empresários e em
particular grupos específicos de que se destacam: mulheres, jovens e ex-combatentes e veteranos de
guerra.
b) Formação Continua em Capacitação Empresarial: empresários em geral e, em particular, grupos
específicos, como sejam mulheres empresárias, jovens empresários e empresários ex-combatentes e
veteranos de guerra.
c) Formação Avançada em Capacitação Empresarial: Empresários, com experiencia e formação adequada,
interessados em aprofundar as suas competências e conhecimentos em domínios específicos (exs. gestão
estratégica, analise e gestão de negócios, financiamento às empresas, marketing estratégico e
internacional, gestão da inovação, pólos de desenvolvimento e ZEE,s…).
d) Gestão de Empresas: jovens interessados em graduação superior ou média em organização, gestão e
administração de empresas e empresários, executivos e gestores em formação pós-graduada.

Quadro 6.33 Formação e Capacitação em Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial. Metas 2013-2020

Área de Formação Tipo de Cursos Grupos-Alvo Metas 2013-2020


Geral 20.000
Mulheres 10.000
Empreendedorismo Formação Inicial
Jovens 30.000
Ex-Combatentes 20.000
Total 80.000
Empresários 15.000
Mulheres Empresárias 5.000
Capacitação Empresarial Formação Contínua
Jovens Empresários 10.000
Ex-Combatentes 2.500

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Formação Avançada Empresários 2.500


Total 35.000
Gestão de Empresas (1) Graduação Superior Jovens 12.500
(Formação Superior) Pós-graduação Executivos e Licenciados 7.500
Total 20.000
Gestão de Empresas (2) Formação Média Jovens 40.000
TOTAL GERAL 175.000
(1) Abrange “Gestão de Empresas” e “Gestão Financeira e Contabilidade”
(2) Abrange “Gestão Financeira e Contabilidade” e Gestão Comercial e Marketing”

197. O Programa de Acção deverá assegurar, no período 2013-2020, a formação de um total de 175 mil
formandos, abrangendo empresários em actividade e candidatos a empreendedores, assim distribuídos:
 Formação Inicial em Empreendedorismo: 80.000, dos quais 30.000 deverão ser jovens, 10.000 mulheres
e 20.000 ex-combatentes e veteranos de guerra;
 Capacitação Empresarial em Formação Continua: 32.500, dos quais 15.000 deverão ser
empresários,5.000 mulheres empresárias, 10.000 jovens empresários e 2.500 ex-combatentes e veteranos
de guerra;
 Capacitação Empresarial em Formação Avançada: 2500 empresários;
 Gestão de Empresas:60.000, dos quais 12.500 jovens em graduação superior, 7.500 executivos e
licenciados em pós-graduação e 40.000 em formação.

198. A organização e desenvolvimento das empresas angolanas dependem também, ao nível dos recursos
humanos, de um conjunto de profissões estratégicas que não sendo exclusivas da actividade empresarial,
são fundamentais para o seu desenvolvimento. A ENFQ, apresenta uma desenvolvida lista de Profissões de
Formação Superior e Formação Média consideradas estratégicas para o desenvolvimento empresarial.

Desse conjunto, destacam-se 11 Domínios Estratégicos de Formação que se listam no quadro seguinte,
separando Quadros Superiores e Quadros Médios.

Quadro 6.34 Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial. Domínios Estratégicos Formação

Quadros Superiores Quadros Médios


Domínios de Formação Oferta Oferta
Estratégicos Necessidade Necessidade
Interna Saldo Interna Saldo
2010-2020 2010-2020
2010-2020 2010-2020
Economia 3.250 7.600 4.350 7.000 11.000 4.000
Gestão de Empresas 6.500 9.260 2.760 - - -
Gestão Financeira e
8.250 6.230 -2.020 25.000 65.000 40.000
Contabilidade
Gestão Comercial e
- - - 16.500 15.750 -750
Marketing
Direito 3.250 12.940 9.690 - - -
Engenharia Mecânica 6.750 1.960 - 4.790 32.500 34.000 1.500
Engenharia Electrotécnica e
3.250 1.100 -2.150 35.000 40.000 5.000
Electrónica
Engenharia Informática 4.500 6.510 2.010 15.000 40.000 25.000
Engenharia Civil 3.750 2.110 -1.640 16.000 27.500 11.500
Engenharia Alimentar 1.125 - -1.125 2.500 - - 2.500
Gestão de Recursos
2.750 4.310 1.560 2.500 - -2.500
Humanos
Total 43.375 52.020 8.645 152.000 233.250 81.250

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199. Destes Domínios, considerados críticos para a sustentabilidade, produtividade e competitividade das empresas
angolanas, surgem, para a década 2010-2020, com uma oferta de formação potencialmente excedentária,
a nível superior: Direito, Economia e Gestão de Empresas e, em menor grau, Engenharia Informática e
Gestão de Recursos Humanos. Apresentam-se como potencialmente deficitários: Engenharia Mecânica,
Engenharia Electrotécnica e Electrónica, Gestão Financeira e Contabilidade, Engenharia Civil e Engenharia
Alimentar.

No conjunto, estes 11 Domínios necessitam de cerca de 43 mil quadros com formação superior,
prevendo-se que a oferta global possa atingir, e nada fôr feito, a formação de cerca de 52 mil diplomados
pelo ensino superior.

Em termos de oferta de formação superior excedentária a situação surge, como mais potencialmente
preocupante, em Direito, o que poderá ser atenuado se a Reforma e Modernização da Justiça for mais
intensiva, e em Economia devendo ser adoptadas, a curto prazo, medidas de contenção da oferta (Ver
Programa de Acção 1). Uma mais intensa implementação dos Projectos Estruturantes poderá a ajudar,
directa e indirectamente, a reduzir a dimensão do excedente na formação de economistas.

Quanto à formação a nível médio, verifica-se que, à excepção da Engenharia Alimentar e de Gestão de
Recursos Humanos, onde, presentemente, não existe oferta disponível, uma situação generalizada de oferta
potencialmente excedentária, havendo um domínio largamente excedentário, reflectindo a rápida
proliferação de cursos em Contabilidade promovidos pelas escolas privadas. Admite-se que possa ser um
desequilíbrio atenuável nos anos seguintes, mas existe já um sinal evidente de oferta excessiva e de qualidade
duvidosa. Uma parte deste desequilíbrio, poderá ser mitigado, ainda que ligeiramente, com a transição para a
formação superior em Gestão Financeira e Contabilidade, onde se prevê algum défice.

Poderão ser igualmente preocupantes as ofertas potencialmente excedentárias de maior expressão nos
Domínios Engenharia Informática e Engenharia Civil, reflectindo, essencialmente, o alargamento da oferta
pelo sector privado. Admite-se que, nos anos seguintes, este excedente seja absorvível, dado o elevado nível
de investimento para o sector de energia e a possibilidade de substituição de técnicos estrangeiros,
nomeadamente nos sectores da construção e infraestruturas. O mesmo se poderá dizer em relação a técnicos
de informática. Todavia, neste último domínio, existem sinais já significativos de excesso de oferta a prazo.

6.6.2. Objectivos
200. Os objectivos fixados para este Programação de Acção são os seguintes:

Objectivos Globais:
 Promover o desenvolvimento económico e empresarial do País, gerando uma forte dinâmica
empresarial, em que os empreendedores e o sector empresarial (público e privado), criam e gerem
empresas competitivas, promovam e organizam redes e parcerias, a nível nacional e empresarial;
 Apoiar a criação de empresas e grupos económicos fortes, com iniciativa, capacidade de investimento
e poder económico, apoiados de forma activa e directa pelo Estado no acesso a mercados de
desenvolvimento e zonas económicas especiais;
 Criar Condições Para Que Os Centros Estratégicos De Decisão Económicos Estejam Sedeados Em
Angola.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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Objectivos Específicos:
 Desenvolver as qualificações e as competências, técnicas e comportamentais, de empreendedores,
empresários e gestores;
 Criar uma capacidade nacional de formação e capacitação de empreendedores, empresários e
gestores;
 Fortalecer a capacidade técnica e de gestão das micro e PME’s angolanas;
 Criar uma capacidade nacional de prestação de serviços às empresas.
 Desenvolver redes de cooperação e parceria para a formação e capacitação de empreendedores,
empresários e gestores

6.6.3. Projectos
201. Este Programa de Acção integra 3 Projectos:
 Projecto 6.1 Formação Inicial para o Empreendedorismo.
 Projecto 6.2 Capacitação Empresarial
 Projecto 6.3 Formação em Gestão de Empresas

6.6.3.1. Projecto 6.1 Formação Inicial em Empreendedorismo


6.6.3.1.1. Objectivos

202. Este Projecto prosseguirá os seguintes objectivos:


i) Capacitar potenciais empreendedores, em particular jovens, mulheres e ex-combatentes com os
conhecimentos e aptidões necessárias para transformar ideias, oportunidades ou inovações num
negócio de sucesso.
ii) Formar 80 mil potenciais empreendedores, dos quais 37.5% deverão ser jovens (ambos os sexos),25%
ex-combatentes e 12.5% mulheres adultas, maioritariamente, oriundas de actividades informais.

6.6.3.1.2. Acções a Empreender

203. Para que estes objectivos se concretizem, deverão ser adoptados vários tipos de acção de que se destacam:
a) Estruturar esta formação inicial por forma a assegurar competências, em particular, nos seguintes
domínios:
 O Empreendedorismo enquanto Processo
 Processos de Identificação de Oportunidades e de Criação de Ideias de Negócio;
 Criação e Organização de uma Empresa;
 Vantagens e Desvantagens de Diferentes Tipos de Empresas (unipessoal, familiar, por quotas…);
 Liderança de Equipas e de Empresas;
 Fontes de Financiamento, Capital de Risco e “business angels”
 Elaboração de Planos de Negócio;
 Lançamento no Mercado de um Novo Produto ou Serviço;
 Conceito e Elaboração de Proposta de Valor;
 Preparação de Projectos de Investimento;
 Apoios e Incentivos Legais às Empresas.
b) Definir o regime de incentivos e de apoios à formação de empreendedores.
c) Proceder ao levantamento e avaliação das acções em curso de formação de empreendedores.
d) Criar Bolsas nacionais e provinciais de ideias e oportunidades de negócio.
e) Promover a constituição de uma rede angolana de instituições de formação e capacitação de
empreendedores.

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f) Alargar, a nível nacional, e consolidar o sistema de Balcão Único do Empreendedor (BUE).


g) Reforçar os meios do “Programa de Apoio ao Pequeno Negócio”.
h) Renovar e reforçar os meios ao dispor de Programas com “Meu Negócio, Minha Vida”, em particular
para jovens, mulheres e ex-combatentes.
i) Organizar e implementar um” Programa de Reconversão da Economia Informal”.

6.6.3.2. Projecto 6.2: Capacitação Empresarial


6.6.3.2.1. Objectivos

204. Este Projecto visará os seguintes objectivos:


i) Elevar, de forma sustentada, os conhecimentos, competências, capacidade de gestão e de
organização dos empresários angolanos, em particular das micro, pequenas e médias empresas, por
forma a melhorar a competitividade e rendibilidade das suas empresas.
ii) Capacitar 32.500 empresários, através de acções de formação contínua, dos quais 30% jovens
empresários,15% mulheres empresárias e 7.5% ex-combatentes empresários.
iii) Promover a formação avançada de 2500 empresários, com habilitação adequada e relevante
experiência profissional.

6.6.3.2.2. Acções a Empreender

205. Para que estes objectivos sejam atingidos serão necessárias acções, de que se evidenciam:
a) Elaborar um “Programa de Formação e Capacitação de Empresários” que defina os objectivos,
metodologia geral das acções, modalidades e conteúdos obrigatórios de formação, entidades
formadoras, certificação e avaliação, custos e financiamento e condições de acesso.
b) Definir os seguintes tipos de formação: Formação Continua e Formação Avançada.
A Formação Continua poderá ser assegurada em sala ou à distância, deverá ser organizada por módulos
e ter níveis de formação (Básico e Médio).Deve incluir também acções de aperfeiçoamento e de
refrescamento de natureza mais pontual e sobre temas de actualidade.
A Formação Avançada também poderá ser assegurada em sala ou à distância, organizada por módulos
e por unidades de crédito.
Em qualquer destes tipos de formação deverá existir para aconselhamento individual dos empresários,
visando a aplicação pelo empresário das competências adquiridas na formação, na formulação do
diagnóstico da sua empresa e do respectivo plano estratégico.
c) A Formação e Capacitação de Empresários poderão ser estruturadas com base nos seguintes níveis de
formação, todas eles certificados:
 Nível Básico;
 Nível Médio;
 Nível Avançado.
A Nível Básico devem ser asseguradas, pelo menos, as seguintes competências de gestão e organização,
a empresários, em particular de micro e pequenas empresas ,com carências elementares em
conhecimentos e técnicas de gestão empresarial:
 Técnicas de Caracterização e Diagnóstico de Empresas;
 Estratégia e Elaboração de Planos de Negócio;
 Lançamento no Mercado de um Produto ou Serviço Novo;
 Conceito e Elaboração de Proposta de Valor;
 Preparação de Projectos de Investimento;
 Instrumentos Básicos de Apoio á Gestão;
 Conhecimentos Básicos de Contabilidade;

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 Financiamento às Empresas;
 Apoios e Incentivos Legais às Empresas.
A Nível Médio devem ser asseguradas, pelo menos, as seguintes competências de gestão e organização,
a empresários, designadamente, de pequenas e médias empresas, que disponham de Certificado de Nível
Básico e/ou preencham os requisitos estabelecidos:
 Técnicas de Diagnóstico Estratégico de Empresas;
 Técnicas e Ferramentas de Planeamento Estratégico e Planeamento Operacional;
 Técnicas de Elaboração de Planos de Desenvolvimento Estratégico de Empresas.
 Elaboração de Planos de Negócio;
 Instrumentos de Apoio à Gestão. Sistemas de Informação de Apoio à Gestão
 Análise de Mercados, Gestão Comercial e Marketing;
 Contabilidade e Gestão Financeira;
 Gestão de Recursos Humanos, Liderança e Organização do Trabalho;
 Financiamento às Empresas;
 Apoios e Incentivos Legais às Empresas.
A Nível Avançado, devem ser garantidas, por instituições de ensino superior, pelo menos as seguintes
competências aprofundadas de gestão e organização, a empresários, designadamente de médias e
grandes empresas, que disponham do Certificado de Nível Médio ou diploma do Ensino Secundário ou
equivalente e satisfaçam outros requisitos estabelecidos:
 Ferramentas de Apoio à Prospectiva, Análise e Avaliação Estratégica de Empresas;
 Estratégias de Inovação e Desenvolvimento Empresarial;
 Técnicas e Modelos de Planeamento Estratégico e Operacional;
 Instrumentos Avançados de Controlo e Apoio à Gestão. Gestão por Objectivos. Ferramentas de
Controlo de Gestão. Sistema de Informação para a Gestão;
 Conceito de Valor e Propostas de Valor;
 Planeamento de Marketing. Marketing Estratégico e Marketing Internacional;
 Ferramentas e Técnicas Avançadas de Gestão Financeira;
 Gestão Logística e Operacional.
 Desenvolvimento Organizacional. Liderança, Motivação e Organização do Trabalho. Responsabilidade
Social.
 Análise e Desenvolvimento de Competências e Avaliação de Desempenho.
d) Promover a criação, em regime de parceria pública-privada, de uma entidade específica para apoiar o
empreendedorismo e coordenar a formação e capacitação de empreendedores e empresários
(“Academia do Empreendedor e Empresário Angolano”, ou instituição similar), com poderes de
certificação e avaliação das acções de formação, ou atribuir tais atribuições a uma entidade já existente
(Ex INAPEM) e de elaboração do Programa Nacional de Formação de Empreendedores.
e) Apoiar o Associativismo Empresarial em todo o território nacional.

6.6.3.3. Projecto 6.3 Formação em Gestão de Empresas


6.6.3.3.1. Objectivos

206. Este Projecto prosseguirá os seguintes objectivos:


i) Promover a formação de qualidade, a nível superior e médio, de jovens, em gestão e organização de
empresas, fortalecendo a capacidade técnica e de gestão das empresas;
ii) Promover a graduação de 12.500 jovens em “Gestão de Empresas” e “Gestão Financeira e
Contabilidade”;
iii) Incentivar a pós-graduação, académica e profissional, em “ Gestão de Empresas” e “Gestão
Financeira e Contabilidade” de 7.500 licenciados e executivos;

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

iv) Promover a formação, de nível médio, no máximo, de 40 mil jovens em “Gestão Financeira e
Contabilidade” e “Gestão Comercial e Marketing”.

207. A realização destes objectivos implicará a implementação de acções, parte relevante das quais deverão da
responsabilidade da iniciativa privada, considerando que as entidades executoras são instituições de ensino
superior, maioritariamente privadas neste domínio de formação:
a) Promover a avaliação dos planos de estudo dos cursos existentes, a nível superior e médio, por forma
a adequá-los às necessidades do País;
b) Introduzir medidas de contenção moderada na oferta de formação superior em “Gestão de
Empresas”, dado o previsível excedente de oferta ( cerca de 30%),como sejam a limitação de abertura de
novos cursos e a introdução de limitações quantitativas no acesso.
c) Promover a reorientação da oferta e da procura de formação superior em “Gestão de Empresas”
para “Gestão Financeira e Contabilidade”, que apresenta deficit potencial (da ordem dos 20%)
d) Introduzir fortes medidas de contenção na oferta de formação média em “Gestão Financeira e
Contabilidade”, onde existe um elevadíssimo excedente previsto (superior a 150%),incluindo a redução
de cursos oferecidos, a introdução de limitações quantitativas, o acesso a formação superior na área da
“Gestão Financeira”
e) Promover o alargamento de mercado na área da “Gestão Financeira e Contabilidade”, através da revisão
e aplicação de normas contabilísticas e fiscais à generalidade das empresas e do desenvolvimento e
obrigatoriedade efectiva dos processos de revisão e auditoria de contas das empresas.
f) Limitar a concessão de vistos de trabalho na área da contabilidade;
g) Apoiar a criação de uma capacidade técnica nacional de prestação de serviços às empresas, nas
áreas da Gestão Financeira, Fiscalidade e Contabilidade;
h) Promover a organização de “Jogos de Gestão” e instituir “Prémios” para os Melhores Gestores e Alunos
de Gestão de Empresas, apoiados pelas empresas;
i) Incentivar a investigação aplicada em “Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial”.

6.6.4. Resultados Esperados


208. Os Resultados Esperados deste Programa de Acção podem ser, assim, sumariamente apresentados:

a) Empresas angolanas mais competitivas e rentáveis;

b) Empreendedores e Empresários Angolanos mais capacitados e competentes;

c) Criada uma capacidade nacional, em rede, de formação e capacitação de empreendedores e


empresários;

d) Formados 80 mil potenciais empreendedores, dos quais 37.5% deverão ser jovens (ambos os sexos),
25% ex-combatentes e 12.5% mulheres adultas, maioritariamente, oriundas de actividades informais;

e) Capacitados 32.500 empresários, através de acções de formação contínua, dos quais 30% jovens
empresários,15% mulheres empresárias e 7.5% ex-combatentes empresários;

f) Formados, a nível avançado, 2500 empresários, com habilitação adequada e relevante experiência
profissional;

g) Graduados 12.500 jovens, a nível superior, em “Gestão de Empresas” e “Gestão Financeira e


Contabilidade”;

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h) Pós-graduados 7.500 licenciados e executivos, a nível académico e profissional, em “ Gestão de


Empresas” e “Gestão Financeira e Contabilidade”;

i) Graduados 40 mil jovens, a nível médio, em “Gestão Financeira e Contabilidade” e “Gestão


Comercial e Marketing”.

6.6.5. Medidas de Politica


209. Para a obtenção destes resultados devem concorrer, nomeadamente, as seguintes Medidas de Política:

i) Definir o regime de incentivos e de apoios à formação de empreendedores;

ii) Criar Bolsas nacionais e provinciais de ideias e oportunidades de negócio;

iii) Promover a constituição da rede angolana de instituições de formação e capacitação de


empreendedores e empresários;

iv) Alargar, a nível nacional, e consolidar o sistema de Balcão Único do Empreendedor (BUE);

v) Reforçar os meios do “Programa de Apoio ao Pequeno Negócio”;

vi) Renovar e reforçar os meios ao dispor de Programas com “Meu Negócio, Minha Vida”, em particular
para jovens, mulheres e ex-combatentes;

vii) Elaborar um “Programa de Formação e Capacitação de Empresários” que defina os objectivos,


metodologia geral das acções, tipos de formação, modalidades e conteúdos obrigatórios de formação,
entidades formadoras, certificação e avaliação, custos e financiamento e condições de acesso;

viii) Promover a criação, em regime de parceria pública-privada, de uma entidade específica para apoiar o
empreendedorismo e coordenar a formação e capacitação de empreendedores e empresários
(“Academia do Empreendedor e Empresário Angolano”, ou instituição similar);

ix) Apoiar o Associativismo Empresarial em todo o território nacional;

x) Introduzir medidas de contenção moderada na oferta de formação superior em “Gestão de


Empresas e fortes medidas de contenção na oferta de formação média em “Gestão Financeira e
Contabilidade, promover a reorientação da oferta e da procura de formação superior em “Gestão
de Empresas” para “Gestão Financeira e Contabilidade” e limitar a concessão de vistos de trabalho
na área da contabilidade;

xi) Apoiar a criação de uma capacidade técnica nacional de prestação de serviços às empresas, nas
áreas da Gestão Financeira, Fiscalidade e Contabilidade;

xii) Incentivar a investigação aplicada em “Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial”.

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6.7. Programa de Acção 7: Apoio à Procura de Formação Superior: Política


Pública de Bolsas de Estudos

210. Necessidade de adequar a política de bolsas de estudo aos objectivos do Plano Nacional de Formação
de Quadros 2013-2020. A concessão de bolsas de estudos é um dos instrumentos identificado no ENFQ
2013-2020 para a prossecução dos seus objectivos: dotar até 2020 a sociedade angolana com os quadros
estratégicos necessários para o seu desenvolvimento económico, social, científico e cultural. Enquanto outros
instrumentos (oferta formativa interna e externa, atração de quadros angolanos na diáspora e contratação de
quadros estrangeiros) se situam do lado da promoção da oferta de formação de quadros ou da atração de
quadros já qualificados, as bolsas de estudos constituem um estímulo e um apoio para viabilizar a procura
social da oferta de formação socialmente necessária. Este programa refere-se às mudanças necessárias na
actual política pública de concessão de bolsas de estudos para que esta se adeque aos objectivos do PNFQ
2013-2020, elaborado no seguimento da ENFQ, e constitua assim um instrumento relevante para a respectiva
prossecução. Convém, no entanto, ter presente que a política pública de bolsas só se destina à formação de
quadros superiores e não abrange todo o universo das bolsas que no País são atribuídas para realização de
estudos superiores, nomeadamente no exterior. Depois de enquadrar a actual política, apresentam-se as
alterações relevantes para contribuir para a satisfação das necessidades de formação graduada e avançada de
62
quadros superiores que foram identificadas nos programas que lhe são dedicados neste PNFQ e enunciam-
se, finalmente, as medidas de implementação da nova política.

6.7.1. Enquadramento da Política Actual de Bolsas para Formação Superior


6.7.1.1. Introdução
211. Bolsas geridas pelo INABE. Em Angola, os estudantes podem obter bolsas de estudo para frequentar o
63
ensino superior, no país (bolsas internas) ou no estrangeiro (bolsas externas) . O Instituto Nacional de Bolsas
de Estudo (INABE) é o organismo do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia (MESCT) a quem
compete “apoiar o Ministro na execução da política nacional de bolsas de estudo destinadas a apoiar a
64
frequência do Ensino Superior no país e no exterior” , quer estas sejam cobertas totalmente pelo Orçamento
de Estado, quer complementem bolsas atribuídas por entidades de cooperação bilateral; estas, por sua vez,
podem estabelecer exigências específicas para concessão das bolsas. Segundo informação do Diretor do
INABE, havia ainda, até 2010, bolsas atribuídas diretamente por empresas públicas e por ministérios aos
respetivos trabalhadores ou funcionários (atuais ou futuros); depois daquela data, todas as bolsas de longa
duração com dinheiros públicos têm de ser atribuídas pelo INABE; no entanto, não foi transferida para o
INABE a verba correspondente à que anteriormente estas entidades utilizavam para bolsas.

62
Programas 5.2, 5.3 e 6.1
63
Segundo informação do Diretor do INABE, já chegou a ser estudada a hipótese da concessão de empréstimos bancários para realização de
estudos superiores, mas a mesma não se concretizou, uma vez que o banco em questão condicionava o empréstimo à existência de aval do
Estado para o mesmo.
64
Nº1 do art.º 23º do Estatuto Orgânico do MESCT

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212. Bolsa não geridas pelo INABE. Há, ainda, outras entidades públicas e privadas, angolanas e estrangeiras, que
65
atribuem bolsas de estudo internas e externas, ainda que, por vezes, apenas de curta duração . Mesmo as
entidades da cooperação, que disponibilizam bolsas a atribuir em parceria com o INABE, concedem também
bolsas diretamente, seguindo critérios próprios. De entre outras situações em que angolanos se encontram a
frequentar ensino superior no estrangeiro, podem identificar-se pelo menos as seguintes:
 Estudantes com bolsas atribuídas no quadro de convénios entre entidades públicas angolanas
(ministérios, por exemplo) e governos e instituições do ensino superior de países doadores;
 Estudantes com bolsas integrais atribuídas diretamente pelos países doadores;
 Estudantes com bolsas de formação atribuídas diretamente pelos países doadores e complementadas por
recursos próprios;
 Estudantes com bolsas concedidas por empresas privadas que suportam os encargos integrais ou
complementam bolsas de formação de países doadores;
 Estudantes sem qualquer tipo de bolsa suportando todos os encargos com recursos próprios.

213. O INABE não dispõe de informação sobre bolsas em cuja atribuição não intervém. Também não existe
qualquer registo ou levantamento do conjunto de estudantes angolanos do ensino superior no estrangeiro,
nem mesmo apenas do conjunto dos estudantes bolseiros. Não parece arriscado estimar, no entanto, que a
maior parte dos estudantes angolanos a frequentar ensino superior no exterior não o faz com uma bolsa
integral ou comparticipada do INABE.

Política enunciada, política implementada. Depois desta introdução, as duas próximas secções são
consagradas à apresentação da política enunciada e da política implementada relativamente a bolsas internas
e externas, respectivamente; de fato, nesta como noutras políticas públicas, para ter uma visão mais completa
é necessário examinar a respectiva implementação, não se confinando à descrição da sua definição legal.

6.7.1.2. Bolsas internas


6.7.1.2.1. Política enunciada

214. Objectivo estratégico: equidade social. As bolsas de estudo internas concedidas actualmente foram
66
instituídas em 2008 . O objectivo geral explícito destas bolsas é a promoção da igualdade de oportunidades;
na medida em que se destinam apenas a estudantes economicamente carenciados e há quotas por províncias,
as bolsas visam fomentar a equidade social no acesso ao ensino superior. Está, ainda, prevista ainda a fixação
de cursos a priorizar na concessão das bolsas, o que podia ser considerado um mecanismo de orientação da
procura para áreas de qualificação mais estratégicas e menos procuradas pelos estudantes; no entanto, neste
caso, esta medida só pode orientar a procura de estudantes carenciados.

215. Níveis de ensino superior abrangidos: graduação. Embora as bolsas de estudo internas possam ser
concedidas para frequência de cursos de graduação e de pós-graduação, até agora só foram atribuídas para a
frequência dos primeiros, sendo certo que a oferta dos segundos só recentemente começou a ter alguma
expressão. De acordo com a informação do Diretor Geral do INABE, a partir de 2013 iniciar-se-á a atribuição
de bolsas para cursos de pós-graduação.

216. Destinatários: vários grupos sociais abrangidos. As bolsas constituem um dos mecanismos de apoio social
para estudantes angolanos prosseguirem estudos superiores num estabelecimento de ensino público ou
privado onde já se encontram inscritos. Podem candidatar-se os estudantes com comportamento exemplar e
65
Segundo informação obtida diretamente pelo Diretor da Direcção de Orientação Profissional e de Apoio ao Estudante do MESCT, apenas num
Instituto Politécnico canadiano (ZEIT em Calgary) há 465 angolanos a estudar, enviados por várias empresas petrolíferas.
66
Decreto nº2/08, de 28 de fevereiro (D.R., I Série, nº 37)

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67
idade não superior a 25 anos , que tenham aproveitamento académico de referência e sejam, por si só ou
através do agregado familiar, economicamente carenciados, isto é, cujo rendimento mensal seja inferior a
quatro salários mínimos. Há ainda uma quota de bolsas a ser atribuída a beneficiários do Regime de Proteção
Especial, qualquer que seja o seu rendimento e sem limite de idade: antigos combatentes, deficientes de
guerra e seus descendentes e familiares de combatentes tombados ou perecidos. Os portadores de deficiência
física ou sensorial beneficiam de bolsa especial, fixada caso a caso pelo membro do Governo para o ensino
superior. O trabalhador-estudante rege-se pelas normas da Lei nº 20/90 de 15 de Dezembro.

217. Áreas de conhecimento prioritárias; Ciências, Engenharias e Tecnologias. Cabe ao membro do Governo
responsável pelo ensino superior fixar os cursos superiores a priorizar na concessão de bolsas de estudo. De
acordo com a informação do Diretor Geral do INABE, são actualmente áreas de conhecimento prioritárias as
Ciências, as Engenharias e as Tecnologias. Não existe, porém, uma especificação dos cursos considerados
prioritários dentro de cada uma destas grandes áreas.

218. Quotas por províncias. Não têm existido quotas de género. Quanto a quotas por província, cabe ainda ao
membro do Governo responsável pelo ensino superior fixar as quotas anuais de bolsas de estudo a atribuir
por província onde os candidatos concluíram o ensino secundário. De acordo com a informação do Diretor
Geral do INABE, a percentagem de bolsas destinada a cada província é correspondente à de estudantes
matriculados no ensino superior em cada província: a um número mais elevado de estudantes corresponde
uma percentagem maior de bolsas; isto é, a percentagem de bolsas destinada a cada província não
corresponde ao número de estudantes que concluíram o ensino secundário em cada província. Na sua
opinião, ainda, seria de dar prioridade às bolsas para frequentar o ensino superior nas províncias em que os
candidatos terminam o ensino secundário.

219. Encargos suportados: cinco tipos de bolsas. Existem cinco tipos de bolsas de estudo em função dos
encargos que custeiam (Quadro 6.35). Há bolsas que suportam os encargos fixos de formação (matrícula,
inscrição e propina) e os outros encargos variáveis (alimentação, transporte e bibliografia) ou só um destes
encargos. Os encargos de alojamento apenas são suportados para os bolseiros que mudam de localidade para
frequentar um curso de interesse para o desenvolvimento local que não seja ministrado por nenhuma
instituição do seu local de residência, desde que passem a residir na localidade onde se situa a instituição em
que estão matriculados; estes bolseiros podem obter bolsas que suportam ainda os encargos de formação e
os outros encargos, ou apenas estes últimos. Na opinião do Diretor Geral do INABE seria aconselhável
diminuir o número de tipos de bolsas.

Quadro 6.35 Tipos de bolsas de estudo internas e encargos suportados

Tipos de bolsas de estudo


Encargos
A B C D E
Matrícula + + +
Fixos Inscrição + + +
Propina + + +
Alimentação + + + +
Outros encargos Transporte escolar + + + +
Bibliografia + + + +
Alojamento + +
Fonte: Adaptado de INABE (s/d). p. 5

67
De acordo com o Regulamento, 35 anos é a idade máxima para bolsas internas de pós-graduação, até agora não atribuídas conforme já
referido.

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Valor variável das bolsas O valor das bolsas de estudo é fixado por despacho conjunto dos ministros das
Finanças e do Ensino Superior. O montante anual de cada tipo, em 2012, é o referido no Quadro 6.36.

Quadro 6.36 Valor anual de cada tipo de bolsa (em Kwanzas)

A B C D E

760 500 580 500 495 000 263 500 315 000
Fonte: Informação obtida no INABE em 25.07.2012

220. Duração das bolsas: duração dos cursos mais um ano. Cada bolsa é concedida durante 10 meses, por ano
académico, e durante o período de duração do curso mais um ano (N+1), sendo certo que a primeira
reprovação ou a fraude académica têm como consequência a redução em 50% do valor da bolsa, no ano
académico seguinte; e a segunda reprovação, por sua vez, conduz à perda da bolsa.

221. Ordenação das candidaturas admitidas e distribuição das bolsas em função de três critérios. A
avaliação e ordenação das candidaturas admitidas por satisfazerem as condições de acesso são feitas a nível
nacional sob a responsabilidade do INABE. Os candidatos são ordenados em função da pontuação obtida por
cada um em três critérios, com peso igual: carência económica; aproveitamento académico e condições
especiais (mudança de localidade, regime de proteção social…). A distribuição, realizada informaticamente, é
feita para cada tipo de bolsa por ordem decrescente do seu valor; em cada tipo, as vagas destinadas a cada
província são atribuídas aos candidatos com pontuação mais elevada com primazia para os que se
candidatam às áreas de conhecimento prioritárias.

222. Compromissos assumidos pelos bolseiros: prestação de serviço na administração pública. Cada bolseiro
assina uma declaração de compromisso na qual se obriga a prestar serviço, por um período igual ao da
duração da bolsa, na administração pública; o ingresso nesta depende, porém, dos critérios e procedimentos
de ingresso estabelecidos na legislação em vigor, podendo nunca acontecer, portanto.

6.7.1.2.2. Política implementada

223. Duplicação do número de bolsas entre 2001 e 2012. Nos últimos anos, não houve atribuição de bolsas em
2010, mas estas duplicaram, entre 2011 e 2012 (Quadro 6.37); por sua vez, o OE atribuído a bolsas internas,
em 2012, é nove vezes superior ao de 2008 (Quadro 6.38).

Quadro 6.37 Novas bolsas internas atribuídas entre 2008 e 2012

2008 2009 2010 2011 2012 Total


3000 3000 0 3600 7500 17100
Fonte: Elaborado a partir de INABE (2012 a)

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Quadro 6.38 Orçamento de Estado para as bolsas de estudo internas entre 2008 e 2012

Kwanzas
2008 830.800 000
2009 2 358 720 000
2010 2 649 83 949
2011 4 135 611 490
2012 7 565 211 490
Fonte: Para 2008 a 2010: informação disponibilizada pelo INABE em 25.07 2012 a partir da sua base de dados; para 2011 e 2012:
informação disponibilizada pelo INABE em 23.08 2012, por mail

224. Maioria das bolsas abrangendo apenas os encargos fixos ou os outros encargos. Entre as bolsas
atribuídas em 2012 apenas 16% são de montante mais elevado, abrangendo encargos fixos e outros encargos
(Bolsas A e B); cerca de metade das bolsas não abrangem os encargos fixos (Bolsas C e E); e cerca de um terço
são de montante menos elevados, apenas abrangendo os encargos fixos (Bolsas E) (Quadro 6.39).

Quadro 6.39 Bolsas internas atribuídas em 2012, por tipo de bolsa

A B C D E Total
Atribuídas 600 600 2100 2400 1800 7500
% 8% 8% 28% 32% 24% 100%
Fonte: Elaborado a partir de INABE (2012 a)

225. Candidatos insuficientes para as áreas de conhecimento prioritárias. Entre 2008 e 2001, bem como em
2012, metade das bolsas foram atribuídas a áreas de conhecimento não prioritárias. De acordo com o
responsável das bolsas internas do INABE, não haveria número suficiente de candidatos admissíveis para as
áreas prioritárias. Acontece, com efeito, que a percentagem de candidatos admissíveis nestas áreas em 2012
foi bastante inferior à das bolsas previstas para as mesmas, ao contrário do que aconteceu nas áreas de
Ciências Sociais, Humanidades e Letras. Nas áreas prioritárias, a maioria dos bolseiros está na de Ciências e na
de Engenharia (Quadro 6.40).

Quadro 6.40 Bolsas internas por área de conhecimento entre 2008 e 2011 e em 2012

Ciências Sociais
Ciências Engenharias Tecnologias Humanidades Total
Letras
2008,2009 e 2011
Atribuídas 2 551 2 064 250 4 728 9 593
% 26,59% 21,51% 2,60% 49,28% 100%
2012
Previstas 1 875 1 875 1 500 2 250 7 500
% 25% 25% 20% 30% 100%
Candidaturas 2 491 2 893 1 370 8 597 15351
% 16,23% 18,85% 8,92% 56,00% 100%
Atribuídas 1 684 1 335 719 3 762 7500
% 22,45% 17,80% 9,58% 50.16% 100%
Fonte: Elaborado a partir de INABE (2012 a) e de informação disponibilizada pelo INABE em 25.07.2012 a partir da sua base de dados.

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226. Discriminação positiva na distribuição das bolsas por províncias em 2012. Entre 2008 e 2011, mais de
dois terços das bolsas foram atribuídas a estudantes de quatro províncias (Luanda, Benguela, Cabinda e
Huíla); em 2012, a percentagem de bolsas atribuídas a estudantes de Luanda sofreu uma grande diminuição
(de 42% para 22,5%) em proveito das atribuídas à quase totalidade das restantes províncias angolanas, em
que aumentou. Assinale-se, além disso, que a percentagem de bolsas atribuídas em 2012 é na maior parte das
províncias superior à de estudantes que, no ano anterior, aí terminaram o ensino secundário; o que se ficou a
dever essencialmente ao fato de, apesar de serem 42% os estudantes que em 2011 terminaram o ensino
secundário em Luanda, apenas 22,5 das bolsas foram atribuídas em 2012 a estudantes desta província
(Quadro 6.41). Assinale-se, finalmente, que nas províncias do Grupo I e III não houve em 2012 candidatos
suficientes para a quota que lhes fora previamente reservada.

Quadro 6.41 Alunos que terminaram o ensino secundário em 2011 e bolsas internas atribuídas entre 2008 e 2011
e em 2012 (previstas, candidaturas e atribuídas), por província

% Atribuídas % Alunos que


% Candidaturas % Previstas % Atribuídas
Em 2008, 2009 terminaram o
2012 2012 2012
e 2011 secundário em 2011
Bengo 1 3,3 4,0 3,9 1%
Bié 3 2,5 6,0 5,1 4%
Cunene 3 1,5 6,0 3,0 1%
Kuando Kubango 1 1,1 6,0 2,0 1%
Malange 4 3,6 8,0 7,0 3%
Moxico 1 1,2 6,0 2,5 1%
Zaire 2 1,6 4,0 3,2 3%
GRUPO I 15% 14,8% 40% 26,7% 14%
Benguela 12 8,7 8,0 9,2 9%
Cabinda 9 5,7 6,0 7,2 6%
Huíla 5 5,3 8,0 9,9 6%
Luanda 42 48,3 18,0 22,5 42%
GRUPO II 68% 66,0% 40% 48,8% 63%
Huambo 5 4,4 5,0 6,8 8%
Kwanza Norte 2 1,9 3,0 3,3 2%
Kwanza Sul 2 3,1 3,0 3,4 2%
Lunda Norte 1 1,1 2,0 2,0 1%
Lunda Sul 2 3,2 2,0 2,6 1%
Namibe 2 1,6 2,0 3,0 3%
Uíge 3 1,9 3,0 3,6 6%
GRUPO III 17% 17,2% 20% 24,7% 23%
100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: Elaborado a partir de INABE (2011; 2012 a) e de dados fornecidos pelo GEPE do MED sobre alunos do secundário; em 2010 não
foram atribuídas novas bolsas

6.7.1.3. Bolsas externas

6.7.1.3.1. Política enunciada

227. Objectivo estratégico: não explicitado. Enquanto as bolsas internas têm por objectivo principal a promoção
da equidade social, económica e territorial, é de esperar que as externas visem a qualificação de quadros
superiores necessários para o desenvolvimento de Angola para a aquisição da qual não existe oferta

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formativa no país, ou oferta formativa com a qualidade desejada, sem deixar de ter em conta objectivos de
equidade de género e territorial. Nos documentos a que houve acesso, não se encontra uma definição
explícita do objectivo estratégico da concessão de bolsas a cidadãos angolanos para frequência de ensino
superior no exterior do país.

228. Inexistência de regulamento aprovado. Não existe regulamento legalmente aprovado e publicado sobre
bolsas de estudo externa, embora exista um projecto pelo qual o INABE se tem guiado. Nos aspectos
regulamentares, esta secção baseia-se numa pequena brochura de divulgação editada pelo INABE (Saiba Mais
sobre Bolsas de Estudo Externas) 68.

229. Níveis de ensino superior abrangidos: graduação e pós-graduação. São atribuídas bolsas apara
frequência de cursos de graduação e de pós-graduação, neste caso para especializações profissionais,
mestrados e doutoramentos. Para os as bolsas de pós-graduação, os candidatos necessitam de “um parecer
do Governo da Província, da Entidade Empregadora, da Reitoria e/ou do MESCT”, de um “parecer favorável da
Reitoria da universidade e/ou do MESCT” sobre “os termos de referência do tema a investigar” e, finalmente,
de uma autorização do Ministro da Tutela. Segundo o Diretor do INABE, a concessão de bolsas para
licenciaturas ainda se justifica por, apesar da grande expansão da respectiva oferta no país, ainda haver áreas
em que esta é inexistente ou deficitária, como, por exemplo no domínio de engenharias de manutenção,
aeronáutica e do ambiente.

230. Destinatários das bolsas de graduação: idade e mérito escolar. Como para as bolsas internas, também
neste caso os bolseiros, nos termos do documento de divulgação já citado, precisam de ter, além de
69
nacionalidade angolana, idade não superior a 25 para cursos de licenciatura . Quanto ao mérito escolar, para
o Estado Angolano, os candidatos devem ter médias não inferiores a 12 valores. Mas os países cooperantes
podem exigir notas mais elevadas ou ainda em disciplinas específicas ou, mesmo, a demonstração de
competência em provas organizadas para o efeito. Assim, a Federação Russa, por exemplo, exige 13 valores
como nota mínima para cursos de graduação e de mestrado; para o doutoramento a exigência é idêntica à
feita aos cidadãos russos: 4 ou 5 numa escala de 0 a 5. O Brasil tem ainda em conta as notas nas disciplinas
de Língua Portuguesa e Matemática. A França, por sua vez, organiza provas de conhecimentos cujos
resultados podem impedir que sejam atribuídas todas as bolsas disponíveis, como aconteceu em 2012, em
que só cerca metade das bolsas previstas foram atribuídas. Para o Diretor do INABE, devia existir mais rigor
na selecção dos candidatos, considerando desejável o recurso à prestação de provas, mas tal exigiria um
dispositivo de implantação complicada que não está ao alcance do Instituto. Opinião idêntica foi ouvida na
Embaixada da Federação Russa que só não tem recorrido a provas por falta de recursos para o efeito. O
conhecimento da língua de ensino no país de destino é necessário. Alguns países, como França e Cuba, por
exemplo, organizam em Angola cursos para o efeito, sendo o aproveitamento no mesmo indispensável.
Noutros casos, como a Federação Russa, é organizado um ano preparatório cujo objectivo principal é a
aprendizagem da língua do país.

231. Destinatários das bolsas de pós-graduação: idade e mérito escolar. Para as bolsas de pós-graduação a
idade máxima, segundo o documento de divulgação, é de 35 anos. No entanto, segundo informação do
Diretor do INABE, a idade para as bolsas de pós-graduação pode ser mais avançada. Quanto ao mérito escolar
este é apreciado, pelo menos em alguns casos como acontece com a Federação Russa e o Brasil, por análise
documental realizada no país doador por uma comissão específica e, isto, após aceitação prévia da
candidatura por uma universidade deste país.

68
São retirados desta brochura os excertos entre aspas cuja fonte não seja indicada e, salvo indicação em contrário, são retiradas da mesma as
informações regulamentares referidas neste relatório.
69
No caso de Cuba, a idade máxima para bolsas de licenciatura é 23 anos.

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232. Escolha de curso e de instituição pelo INABE. O candidato pode indicar três opções de curso. A escolha
final do curso, do país e da instituição de ensino superior a frequentar é feita pelo INABE, sob proposta da
Comissão Técnica de Avaliação das candidaturas por ele constituída. Por sua vez, os países doadores, ou pelo
menos alguns deles, como acontece com a Federação Russa, indicam para que cursos e instituições se
destinam as bolsas que concedem. Uma vez no exterior, a mudança de curso ou de instituição do ensino
superior só pode ocorrer em casos excecionais devidamente autorizados pelo INABE, nunca sendo autorizada
70
a transferência de país .

233. Duração das bolsas: variável em função do nível do curso. As bolsas destinam-se à frequência de
formações por um período superior a 9 meses e com a duração necessária para terminar a formação em que
o bolseiro se inscreve, sem prejuízo da necessária renovação anual depender de bom aproveitamento
71
académico . Segundo o Diretor do INABE, a duração máxima para cursos de licenciatura é a da duração
desta mais um ano; para cursos de pós-graduação, de um ano e meio a dois, podendo a das especializações
de medicina ser mais longa; para mestrado, de 3 anos; para doutoramento, de 3 anos, se o candidato já
possui mestrado e de 5, se não possui. Anteriormente, a duração das bolsas, sobretudo as de mestrado e
doutoramento, eternizava-se; agora, o INABE tenta impor o cumprimento destes limites.

234. Áreas de conhecimento prioritárias: Ciências, Engenharias e Tecnologias. Segundo informação do Diretor
do INABE, as áreas de conhecimento prioritárias para atribuições de bolsas são, a partir de 2008, as das
Ciências, Engenharias e Tecnologias. Como para as bolsas internas, não existe, porém, uma definição de
domínios mais específicos dentro de cada uma destas áreas.

235. Quotas por província para bolsas de graduação. Segundo o Diretor do INABE, nas bolsas externas apenas
há quotas por províncias para as bolsas de licenciatura; para mestrados e doutoramentos tem havido bolsas
para todos os candidatos com CV válido. Não existem quotas por género; Cuba, no entanto, diz procurar ter
em conta a aproximação à paridade de género na distribuição das bolsas.

236. Encargos suportados: bolsa integral ou bolsa de comparticipação. As bolsas externas destinam-se à
frequência de formação académica ou profissional no exterior do país. Há bolsas cujos encargos são
suportados integralmente pelo Estado Angolano e bolsas que complementam bolsas atribuídas por estados
estrangeiros no quadro de acordos de cooperação. A bolsa integral suporta todas as despesas de formação e
de estadia; a de comparticipação suporta os encargos não assumidos pela bolsa de cooperação atribuída pelo
país doador ou de acolhimento; estas, em geral, abrangem apenas os custos de formação. Segundo
72
informação do Diretor do INABE, em média, a maioria (quatro em cada cinco) das bolsas é do segundo tipo .

237. Valor variável das bolsas. O número de bolsas é fixado anualmente pelo MESCT “em função das ofertas dos
distintos países, uma vez tratar-se das bolsas de cooperação, das vagas disponíveis e do orçamento aprovado
para o efeito, pelo Governo Angolano”. O valor das bolsas atribuídas pelo Orçamento de Estado varia
conforma se trata de bolsas integrais ou de comparticipação, e num caso e noutro, conforme se destinam a
graduação ou a pós-graduação; em qualquer dos casos, o montante depende ainda da região do globo para
onde a bolsa é concedida. Não foi disponibilizado pelo INABE o valor exato destas bolsas.

70
Quando o complemento de bolsa não é suportado pelo INABE, mas por meios próprios dos bolseiros ou por bolsas atribuídas por empresas,
possibilidade que existe no Brasil, por exemplo, são os candidatos ou as empresas que escolhem os domínios dos cursos.
71
No Brasil, perde a bolsa o bolseiro que reprova em quatro disciplinas no mesmo ano, ou duas vezes na mesma disciplina ou, então, que falte a
mais de 25% das aulas.
72
Há países doadores que disponibilizam bolsas integrais, caso em que o processo não passa pelo INABE; é o que acontece, por exemplo, com
bolsas para pós-graduação atribuídas pelo Brasil. Os bolseiros das empresas privadas também podem usufruir de bolsas de países doadores para
as despesas de formação (sob a forma de gratuidade concedida pelas universidades), como acontece também com o Brasil, no caso dos cursos
de graduação.

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238. Inexistência da figura de equiparação a bolseiro para os funcionários públicos. O Diretor da Orientação
Profissional e Apoio ao Estudante informou que os funcionários públicos deixam de receber o seu ordenado
durante o período da bolsa o que, quando o valor desta é inferior ao primeiro, faz com que apesar de a
despesa aumentar para o bolseiro, a receita diminui, situação que se agrava quando tem família que
permanece no país e/ou quando o país de acolhimento não assegura as despesas de formação, como
aconteceria, por exemplo, em Cuba nos cursos de pós-graduação.

239. Selecção das candidaturas admitidas por Comissão Técnica. A apreciação das candidaturas é da
responsabilidade de uma Comissão Técnica de Avaliação nomeada pelo Diretor do INABE, sendo certo que as
de pós-graduação são previamente avaliadas pelas instituições de ensino superior de destino. No entanto, nas
bolsas de cooperação, que constituem a maioria das bolsas externas, os países doadores, ou pelo menos
alguns deles, também fazem a sua própria apreciação, com comissões situadas no respetivo país.

240. Compromisso de regresso dos bolseiros: prestação de serviço na administração pública. Os bolseiros
comprometem-se a prestar serviço na Administração Pública por um período igual ao do benefício da bolsa,
mas o ingresso nesta depende dos critérios e procedimentos da legislação em vigor. No final do curso, os
estudantes de graduação e os de pós-graduação comprometem-se a regressar a Angola no prazo de 30 a 60
dias, no primeiro caso, e de 60 a 90 dias, no segundo caso. Devem vir munidos de uma Guia de Apresentação
passada pela Embaixada de Angola. Há casos em que os diplomas são entregues apenas na Embaixada do país
doador em Angola, como acontece com o Brasil.

6.7.1.3.2. Política implementada

241. Larga maioria das bolsas para graduação. Em junho de 2012, encontravam-se a frequentar cursos de
ensino superior com bolsas externas geridas pelo INABE 3 338 estudantes. Mais de quatro quintos (83,01%)
frequentam em 2012 cursos de graduação; entre os que frequentam cursos de pós-graduação predominam
os bolseiros de doutoramento (57,84%) (Quadro 8). Dos 497 bolseiros em cursos de pós-graduação, em maio
de 2012, apenas 143 (28,8%) eram docentes do ensino superior e 65 (13%) faziam especializações médicas
(INABE, 2012 b). Assinale-se que, entre 2011 e 2012, embora se tenha mantido praticamente a mesma
proporção de bolseiros de graduação, na pós-graduação verifica-se um aumento dos de doutoramento e uma
diminuição dos de mestrado (Quadro 6.42).

Quadro 6.42 Estudantes com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-graduação em 2011 e em 2012

Licenciaturas Mestrados e Especializações Doutoramento L+M+D


Agosto 2011 1827 87 243 2 157
% 84,7% 4,03% 11,26 100%
Junho2012 2771 239 328 3 338
% 83,01% 7,15% 9,82% 100%
Fonte: Para 2011: elaborado com base em informação obtida na base de dados do INABE, em 03.08.2011; para 2012: elaborado com
base em informação disponibilizada pelo INABE, em 25.07.2012, a partir da sua base de dados

242. Maioria dos bolseiros do sexo masculino, sobretudo no doutoramento. Cerca de três quintos destes
bolseiros são do sexo masculino, quer em licenciatura quer em especializações e mestrado; a ausência de
paridade de género é ainda mais acentuada nas bolsas de doutoramento (Quadro 6.43). Não houve acesso a
dados sobre as províncias de origem dos bolseiros.

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Quadro 6.43 Estudantes com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-graduação em 2012, por género

Mestrados e
Licenciaturas Doutoramento L+M+D
Especializações
M F M F M F M F Total
1 663 1 108 142 97 234 94 2 039 1 299 3 338
61% 39% 59% 41% 71% 29% 61% 39% 100%
Fonte: Elaborado com base em informação disponibilizada pelo INABE, em 25.07.2012, a partir da sua base de dados

243. Quase metade em áreas não prioritárias e dispersos por elevado número de especialidades. Quase
73
metade (47,5%) dos bolseiros não se encontra em cursos das áreas prioritárias (Quadro 6.44) . Saliente-se
que, quer nas áreas prioritárias, quer nas outras, os bolseiros estão dispersos por um elevado número de
especialidades que ultrapassa as três centenas

Quadro 6.44 Estudantes em junho de 2012 com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-graduação, por
área de conhecimento

Mestrado e
Licenciatura Doutoramento Total
Especialização
Ciências 910 33,19% 81 33,89% 130 39.63% 1 221 36,91%
Engenharias 514 18,75% 22 9,20% 16 4,87% 552 16,68%
Tecnologias 162 5,9% 4 1,67% 7 2,13% 173 5,22%
Ciências Sociais, Humanidades, Letras 596 21,74% 98 41,00% 153 46,64% 847 25,60%
Sem dados 559 20,39% 34 14,22 22 6,70% 615 18,59%
Total 2741 100% 239 100% 328 100% 3 308 100%
Fonte: Elaborado com base em informação disponibilizada pelo INABE, em 25.07.2012, a partir da sua base de dados

244. Cerca de quatro quintos do total dos bolseiros de graduação em 5 países e dos de pós-graduação, em
três. Embora haja bolseiros em 39 países, somente em 11 destes há mais de 50 e cerca de quatro quintos dos
de graduação (78,69%) encontram-se apenas em cinco países: Cuba, Rússia, Brasil e Argélia e Ucrânia;
também cerca de quatro quintos (79%) dos bolseiros em pós-graduação encontram-se apenas em três países:
Cuba, Portugal e Brasil (Quadro 6.45).

73
Assinale-se, no entanto que, para cerca de um quinto dos bolseiros, não há dados sobre a área de conhecimento.

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Quadro 6.45 Estudantes no exterior em junho de 2012 com bolsas externas em cursos de graduação e de pós-
graduação, por países

Mestrado e
Países Graduação Doutoramento Total %
especialização
1. Cuba 1 036 28 197 1 261 38,11%
2. Rússia 417 12 7 436 13,18%
3. Brasil 261 52 16 329 9,94%
4. Argélia 243 21 0 264 7,98%
5. Portugal 79 80 74 233 7,04%
6. Ucrânia 200 1 1 202 6,10%
7. África do Sul 80 5 3 88 2,66%
8. Marrocos 69 0 0 69 2,08%
9. Roménia 68 0 0 68 2,05%
10. Polónia 67 0 0 67 2,02%
11. China 61 4 0 65 1,96%
Outros 160 38 30 228 6,89%
Total 2 741 239 328 3308 100%
Fonte: Elaborado com base em informação disponibilizada pelo INABE, em 25.07.2012, a partir da sua base de dados

245. Menos de um quinto do financiamento dedicado a bolsas externas de pós-graduação. Em 2012, o 0E


consagrado a bolsas de estudo no exterior em 2012 é quatro vezes superior ao de 2008. Mas a parte dedicada
às bolsas de pós-graduação nunca superou neste período um quinto do total (Quadro 6.46).

Quadro 6.46 Financiamento (em Kwanzas) das bolsas externas pelo Orçamento de Estado e proporção das bolsas
de pós-graduação entre 2008 e 2012

Total Graduação Pós-graduação % Pós-graduação


2008 1 290 401 600,00 1.109.745.376,00 180.656.224,00 16,27
2009 2 139 826 880,00 1.754.658.041,60 385.168.838,40 17,99
2010 2 414 163 658,00 2.003.755.836,97 410.407.822,03 17,00
2011 4 091 895 513,00 3.273.516.410,40 818.379.102,60 20,00
2012 5 299 395 513,00 4.292.510.365,53 1.006.885.147,47 19,00
Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pelo INABE em 21.08.2012 (por e-mail); em 2010 não houve novas bolsas.

246. Ausência de informação sistematizada sobre percurso escolar e regresso dos bolseiros. Registam-se
casos de mudança ou abandono de cursos. Segundo o Diretor do INABE, até há pouco, era na Europa que se
verificavam mais casos de não regresso, mas actualmente com mais desemprego neste continente tem
aumentado a taxa de regresso. No entanto, não houve acesso a informação sistematizada sobre o percurso
escolar e o regresso dos bolseiros, nem parece que a mesma exista.

247. Reconhecimento de habilitações: em geral, a posteriori . Em princípio, os bolseiros, uma vez diplomados,
devem requerer em Angola equivalência das habilitações adquiridas no estrangeiro com a bolsa. No entanto,
em alguns casos, faz parte do acordo de cooperação o reconhecimento pelas autoridades angolanas dos
diplomas obtidos no estrangeiro. Mesmo a qualificação profissional para o exercício da Medicina obtida em
Cuba é automaticamente reconhecida em Angola.

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248. Ausência de informação sobre inserção dos bolseiros no mercado de trabalho. Segundo o Diretor do
INABE, existem dificuldades com a inserção dos bolseiros diplomados no mercado de emprego em Angola,
pelo que o INABE divulga listas de bolseiros diplomados junto da administração pública e de empresas
privadas. Não existe qualquer Observatório dos Bolseiros/estudantes Angolanos no exterior nem do seu
subsequente regresso e inserção no mercado de trabalho, em Angola ou no exterior.

6.7.1.4. Projecto de mudança da política pública de bolsas de estudo para formação superior
6.7.1.4.1. Objectivo

249. Adequação aos objectivos do PNFQ 2013-2020. Este programa visa introduzir as mudanças necessárias na
actual política de concessão de bolsas de estudos para que esta se adeque aos objectivos do PNFQ 2013-
2020, elaborado no seguimento da ENFQ, e constitua assim um instrumento relevante para a respectiva
prossecução. A implementação da política de formação superior prevista no PNFQ 2013-2020 pressupõe
reorientações na oferta interna e no recurso à oferta externa; constituindo as bolsas de estudo um
instrumento de estímulo e apoio à procura social da oferta de formação, necessário se torna adequar a
respectiva política a estas reorientações. Tal é o objectivo deste programa. Tendo presente a anterior análise
da actual política de bolsas de estudos para formação superior, bem como as reorientações da política de
oferta desta formação referidas nos programas que lhe são dedicados no PNFQ 2013-2020 (5.2.e 5.3),
importa agora identificar as principais mudanças a efetuar para que a primeira se adeque a estas
reorientações.

6.7.1.4.2. Mudanças nas prioridades da política pública de bolsas

250. Principais mudanças na política de bolsas. As principais mudanças que se recomendam na política actual
de bolsas referem-se às prioridades a conceder às bolsas de graduação e de pós-graduação, internas e
externas, aos destinatários a contemplar e aos domínios a abranger:
 Criação de bolsas internas de pós-graduação;
 Definição clara do objectivo estratégico das bolsas externas;
 Redução drástica de bolsas externas de graduação e grande aumento das de pós graduação;
 Especificação por cursos dos domínios prioritários para concessão de bolsas de graduação;
 População destinatária das bolsas internas de graduação: alunos com elevado aproveitamento escolar,
além da população carenciada ou de regime especial;
 Prioridade das bolsas internas e externas de pós-graduação para docentes do ensino superior,
investigadores e especialistas
 Desenvolvimento de um observatório do percurso escolar e da inserção profissional de todos os bolseiros
angolanos.

251. Criação de bolsas internas de pós-graduação. Até ao presente, as bolsas internas só têm sido concedidas
para formação graduada, o que se compreende dada a quase inexistência de oferta de formação pós-
graduada no País. Entretanto, começou a desenvolver-se nos últimos tempos a oferta de cursos de pós-
graduação, sobretudo ao nível de mestrado, ainda que por agora poucos cursos tenham sido autorizados a
74 75
funcionar de acordo com a recente legislação que os regulamenta . Além disso, o PNFQ 2013-2020
identifica como necessidade prioritária a expansão da formação avançada no País para qualificação, pelo
menos ao nível de especialização e de mestrado, do corpo docente do ensino superior, de investigadores e de

74
Decreto executivo nº 29/11 de 3 de Março
75
CESO CI & CESO ANGOLA (2012 b); ver secção dedicada aos quadros superiores.

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especialistas. Por isso, recomenda-se que se efetive a intenção existente de estender as bolsas internas à
76
formação pós-graduada .

252. Definição clara do objectivo estratégico das bolsas externas. Não é conhecida uma definição explícita do
objectivo estratégico das bolsas externas. Admitindo ser a inexistência de oferta interna o objectivo implícito
na actual política de bolsas externas, a sua explicitação permitirá uma melhor adequação, na fase de
definição política bem como na de implementação, da escolha dos níveis e domínios de formação prioritários.
Além disso, não é claro que papel é atribuído à oferta pública em relação à numerosa oferta privada de bolsas
externas, sendo provável que esta questão não foi até agora considerada na definição implícita do objectivo
estratégico da primeira. Recomenda-se, por isso, que seja explicitamente considerado objectivo estratégico
das bolsas externas a formação de quadros superiores nos domínios e níveis em que a oferta interna é
inexistente ou insuficiente e na exata medida em que os mesmos não são cobertos por bolsas de iniciativa
privada.

253. Aumento substancial de bolsas externas de pós-graduação e redução drástica das de graduação. Nos
últimos anos, mais de quatro quintos das bolsas externas foram atribuídas para formação graduada, nunca
tendo o OE para pós-graduação sido superior a 20% do total. Acontece que, também nos últimos anos, se
diversificou e aumentou a oferta interna de formação graduada, pelo que na maior parte dos casos não se
justifica o recurso à oferta externa com o apoio do OE. Pelo contrário, é ainda incipiente a oferta interna de
77
formação pós-graduada, quando a expansão desta constitui actualmente, como o PNFQ acentua , uma
necessidade fundamental para garantir o desenvolvimento qualitativo do ensino superior, da investigação
científica e tecnológica e de algumas especializações profissionais. Recomenda-se, portanto, que na
atribuição de bolsas externas seja dada prioridade absoluta à formação pós-graduada, numa perspetiva de
complementaridade à oferta pós-graduada interna que se for instalando, deixando uma pequena
percentagem de bolsas para formação graduada apenas para domínios de formação com oferta
comprovadamente inexistente ou temporariamente insuficiente no País e que não sejam cobertos pela oferta
privada de bolsas; recomenda-se assim a completa inversão das proporções atuais, destinando 80% das
78
bolsas externas para formação pós-graduada . Dentro da formação pós-graduada, a prioridade deve ser
dada aos cursos de doutoramento, à medida que se for diversificando e aumentando a oferta interna de
mestrados e de especializações profissionais, cuja expansão no País o PNFQ considera prioritária no domínio
79
da formação pós-graduada . Recomenda-se, finalmente, uma criteriosa escolha das instituições exteriores a
frequentar pelos bolseiros de pós-graduação para garantir que estes estudem “em instituições universitárias
80
mundiais líderes do conhecimento” .

76
A concessão de bolsas internas para pós-graduação recolhe um consenso alargado no País. “Que se atribuam bolsas internas de pós-
graduação”, foi uma das recomendações da I Conferência Nacional do Ensino Superior realizada em Luanda, entre 2 e 4 de Julho de 2012.
“Continuar com a atribuição de bolsas internas, estendendo-as à pós-graduação com prioridade para o incentivo à docência e à investigação
científica” é também uma medida prevista no Programa de Governo do MPLA (p.88). Conforme referido acima, o Diretor do INABE informou que
está prevista a atribuição de bolsas internas de pós-graduação já em 2013.
77
CESO CI & CESO ANGOLA (2012 b); ver secção dedicada aos quadros superiores
78
Em várias entrevistas realizadas para elaborar este documento foi referido que é difícil encontrar candidatos com a preparação exigida pelas
universidades estrangeiras para frequência de cursos de formação pós-graduada; o défice de preparação é ainda mais acentuado no caso dos
doutoramentos e nos domínios das ciências e das engenharias e tecnologias. Será de esperar que se estas bolsas passarem a ter como
destinatários essencialmente docentes e investigadores já vinculados a instituições do ensino superior e a unidades de investigação, como será
recomendado adiante, esta questão de deficiente preparação não se coloque. Mas se, após rigoroso processo de selecção, as candidaturas
admitidas forem em número inferior às necessidades de qualificação dos docentes do ensino superior e dos investigadores das unidades de
investigação, será indispensável criar medidas especiais para colmatar este défice. Estas podem passar por frequência de formação
complementar, mais ou menos longa, de preparação para acesso à pós-graduação. A oferta desta formação, normalmente será oferecida em
Angola, podendo, no entanto, haver situações em que é assegurada pelas instituições estrangeiras de destino, no quadro dos convénios de
cooperação.
79
CESO CI & CESO ANGOLA (2012 b); ver secção dedicada aos quadros superiores e à formação avançada em educação
80
MPLA (2012; p.73)

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254. Especificação dos domínios prioritários de formação de bolsas de graduação em termos de cursos. Nos
últimos anos, têm sido definidas como prioritárias para a concessão de bolsas de graduação as áreas de
conhecimento das Ciências, das Engenharias e das Tecnologias. Acontece, no entanto, que, entre 2008 e 2012,
só metade das bolsas internas é que foram atribuídas a estas áreas; nas bolsas externas o número atribuído
às áreas prioritárias foi apenas ligeiramente superior. Por outro lado, cada uma destas áreas abrange um
leque de cursos mais ou menos largo. Ora, no PNFQ 2013-2020, depois de terem sido definidas as profissões
mais estratégicas para o desenvolvimento do País no horizonte de 2020 nos vários setores da actividade
económica, social, científica e cultural, foram identificados domínios mais específicos de formação de
quadros superiores graduados para os quais não existe ainda oferta interna ou a oferta existente é mais ou
menos deficitária face às previsíveis necessidades futuras de diplomados, sendo portanto necessário criar ou
aumentar a oferta nestes domínios; foram ainda identificados domínios para os quais a oferta actual já é
suficiente ou, mesmo, excedentária (Quadro 6.47). Recomenda-se, por isso, que os cursos dos domínios
específicos de formação em que até 2020 é necessário aumentar o número de diplomados (oferta inexistente
81
ou deficitária) sejam considerados prioritários para a atribuição de bolsas internas e externas (neste caso
para a pequena proporção referida no número anterior) de graduação, qualquer que seja a área de
82
conhecimento em que se insiram . Propõe-se que 70% das bolsas internas de graduação sejam atribuídas
anualmente para a frequência destes cursos; os restantes 30% serão para atribuir a domínios em que a oferta
é suficiente ou excedentária, bem como a todos os outros domínios não considerados estratégicos neste
PNFQ.

Quadro 6.47 Domínios de formação em que a oferta actual é inexistente, deficitária, suficiente ou excedentária
face à previsão de quadros superiores necessários para o desenvolvimento do País em áreas socioeconómicas
estratégicas, no horizonte de 2020

Oferta com Oferta com Oferta


Oferta Inexistente Oferta Suficiente
défice 1ª prioridade défice 2ª prioridade Excedentária
CIÊNCIAS EXACTAS E NATURAIS
 Matemática
 Física
 Química
 Geologia
 Biologia
CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÙDE
 Medicina
 Ciências Veterinárias
 Ciências  Medicina Dentária
Farmacêuticas
 Enfermagem
CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIAS

 Engenharia Geográfica
 Engenharia de Minas
 Engenharia  Engenharia das
Eletrotécnica e Telecomunicações
 Engenharia de  Engenharia
Eletrónica  Engenharia Civil  Arquitetura
Transportes Informática
 Engenharia de  Engenharia do
Petróleos Ambiente
 Engenharia Química
 Engenharia Mecânica

81
No caso da oferta deficitária foram definidas duas prioridades em função do nível de défice verificado.
82
Haverá ainda que incluir neste grupo de domínios prioritários para atribuição de bolsas de graduação a formação de professores do II ciclo do
ensino secundário nas disciplinas em que a oferta existente, no seguimento de estudo a efetuar, venha a ser considerada insuficiente.

145I207
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Oferta com Oferta com Oferta


Oferta Inexistente Oferta Suficiente
défice 1ª prioridade défice 2ª prioridade Excedentária
CIÊNCIAS AGRÀRIAS E DA PESCA
 Engenharia de Pescas
 Engenharia  Engenharia Florestal e
e Aquicultura
Agronómica dos Recursos Naturais
 Engenharia Alimentar
CIÊNCIAS SOCIAIS, POLÌTICAS E DA COMUNICAÇÂO
 Economia
 Gestão de Recursos
 Sociologia Humanos
 Ciências Políticas
 Psicologia  Ciências da
Comunicação
 Direito
CIÊNCIAS DA GESTÂO E DA ADMINISTRAÇÂO
 Gestão Pública
 Gestão Hoteleira e do  Gestão e
 Contabilidade
Turismo Administração de
Empresas
ARTES E HUMANIDADES

 Língua e Literatura
 Portuguesa
 Língua, Literatura e
 Artes Cultura Angolanas e
 Design e Moda Africanas
 Língua e Literatura
Inglesa
 Filosofia e Religião
5 21 7 3 7
Fonte: Seção 5.2 deste PNFQ

255. População destinatária das bolsas internas de graduação: alunos com elevado aproveitamento escolar,
além da população carenciada ou de regime especial. Até agora o principal objectivo estratégico da
política de bolsas internas tem sido o de contribuir para a promoção da equidade social. Com efeito,
destinam-se a proporcionar a frequência de cursos superiores de graduação a estudantes oriundos de
agregados familiares carenciados e com aproveitamento académico de referência, bem como a estudantes
beneficiários de Regime de Proteção Social. Além de ter em conta a desigualdades económicas, esta política,
graças à criação de quotas provinciais, procura ainda fomentar a superação das desigualdades de acesso e
frequência do ensino superior em função do local de residência. No entanto, para atrair o número suficiente
de estudantes para os domínios de formação identificados no PNFQ 2013-2020 como sendo aqueles em que
é necessário aumentar o número de diplomados, recomenda-se que seja acrescentado um outro objectivo
estratégico às bolsas internas: o de contribuir para que alunos com elevados níveis de aproveitamento escolar
e residentes nas várias províncias, qualquer que seja a sua situação económica, frequentem os cursos dos
domínios cujo número de diplomados é preciso aumentar. Na prática trata-se de criar dois tipos de quotas
por província: uma para populações carenciadas e de regime especial - por exemplo, 40% nos domínios
prioritários e 15% noutros domínios- e outra para alunos com níveis elevados de aproveitamento escolar
qualquer que seja a sua situação económica – por exemplo, 30% em domínios prioritários e 15% noutros

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

domínios. Recomenda-se ainda que o critério de definição da quota global atribuída a cada província seja a
83
percentagem de alunos que termina o ensino secundário no ano anterior .

256. População prioritária das bolsas internas e externas de pós-graduação: docentes do ensino superior,
de investigadores e de especialistas em todas as províncias. Sendo prioridade do PNFQ a formação
avançada (especializações, mestrados e doutoramentos) dos docentes do ensino superior, investigadores e
especialistas, não só se recomenda o início imediato da atribuição de bolsas internas para pós-graduação e o
aumento substancial das bolsas externas de pós-graduação com respectiva diminuição das de graduação,
mas ainda que o objectivo estratégico destas bolsas seja o de viabilizar a frequência desta formação avançada
por esta população prioritária. Com efeito, o necessário aumento de oferta formativa nos domínios de oferta
graduada inexistente ou deficitária vai exigir mais pessoal docente no ensino superior e, em consequência,
mais formação avançada. Mesmo para os domínios em que a oferta actual é suficiente, não necessitando de
ser aumentada, ou até excedentária, precisando de ser reduzida, a formação avançada dos docentes constitui
uma necessidade. O PNFQ 2013-2020 propõe que, até 2020, 40% dos docentes do ensino superior possuam o
mestrado e 20%, o doutoramento, sendo neste contexto necessário a formação de 2 000 mestres e 600
doutores; propõe ainda que 60% do investimento em formação avançada seja dirigido para os domínios em
que actualmente a oferta graduada é inexistente ou deficitária; aos domínios referidos no Quadro 13 há que
acrescentar a formação avançada em Ciências da Educação para os docentes, investigadores e especialistas
84
desta área . Relativamente a investigadores, o PNFQ 2013-2020 prevê a necessidade até 2020 de 20
doutores (com o precedente mestrado, se necessário) em cada uma das seguintes áreas: Agricultura e Pescas;
Telecomunicações; Transportes, Petróleo e Gás; Saúde; Recursos Hídricos; e Energia. Recomenda-se assim que
65% das bolsas sejam destinadas para a formação avançada nos domínios ainda inexistentes ou deficitários,
incluindo a formação avançada em Ciências da Educação e nos sete domínios prioritários de investigação, e
35% para os outros domínios de formação avançada. Relembra-se a recomendação de dedicar 80%, pelo
menos, das novas bolsas externas para formação pós-graduada. Neste contexto, recomenda-se que as bolsas
de pós-graduação, internas e externas, devem ser destinadas quase exclusivamente para a formação
avançada de pessoal já vinculado a instituições nacionais de ensino superior e de investigação científica (ou
com compromisso de integração nas mesmas uma vez diplomados), podendo ser associado a cada curso
considerado relevante pelo MESCT para garantir a sua necessária formação avançada um determinado
número de bolsas para docentes do ensino superior, investigadores e especialistas; especial atenção deve ser
dada para que sejam atribuídas a pessoal de instituições de todas as províncias. Será ainda desejável que,
sobretudo no caso das de doutoramento, as bolsas internas prevejam estadias de curta duração em
instituições estrangeiras, sobretudo nas que tenham parcerias com as instituições angolanas para o
desenvolvimento de cursos de pó- graduação no País, e as bolsas externas contemplem estadias de curta
duração no país para recolha de dados quando as investigações estiverem ancoradas, como será desejável,
85
sempre que possível, na realidade angolana .

257. Desenvolvimento de um Observatório de Bolseiros Angolanos. Não existe informação sistematizada sobre
o percurso escolar e a posterior inserção profissional dos bolseiros apoiados pelo OE; esta informação é
indispensável para realizar uma monitorização e uma avaliação mais completa da política pública de bolsas
de estudos. Muito menos existe informação sobre o conjunto de todos os outros angolanos que realizam
estudos superiores no exterior, qualquer que seja a fonte de financiamento; esta informação é necessária

83
Uma das Conclusões da I Conferência do Ensino Superior foi “ que se definam e divulguem os critérios de atribuição de quotas de bolseiros
por províncias” (MESCT, 2012, p. 4).
84
Com prioridade para dois domínios, conforme recomendado na seção do PNFQ dedicada à formação de quadros docentes: (i) Metodologia da
educação pré-escolar, do ensino primário e do ensino das várias disciplinas do I e II ciclos do ensino secundário geral e médio técnico; (ii)
Planificação, gestão e avaliação no sistema educativo (CESO CI & CESO ANGOLA, 2012 b).
85
Como a maioria dos bolseiros de pós-graduação estarão já vinculados como funcionários públicos será necessário encontrar uma solução
para que da atribuição da bolsa não resulte passar a contar mensalmente com um montante inferior ao salário auferido nas instituições a que
pertencem; uma hipótese seria a de estas complementarem a bolsa quando fosse inferior ao salário.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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desde logo para conjugar o investimento das bolsas externas financiadas pelo OE em domínios prioritários de
modo complementar ao que é feito pela iniciativa privada. Para obviar a esta ausência de informação
86
relevante recomenda-se o desenvolvimento de um Observatório dos Bolseiros Angolanos que poderá
traduzir-se no alargamento significativo da informação já existente na base de dados do INABE. Com este
alargamento, o Observatório deverá permitir não só a caraterização dos bolseiros no exterior não financiados
87
pelo OE , como já permite actualmente para os que o são, mas também obter respostas a questões como
estas relativamente a todos:
 Quantos e quais bolseiros completam a formação e em quanto tempo?
 Uma vez diplomados, quantos e quais bolseiros regressam para Angola, permanecem no país de
formação ou noutro?
 Quantos bolseiros diplomados obtêm reconhecimento no país das habilitações adquiridas no estrangeiro
e qual o tempo médio necessário para o efeito?
 Quanto tempo decorre entre o regresso dos bolseiros e a obtenção de um emprego?
 Quais as principais medidas implementadas para promover a inserção profissional dos bolseiros
regressados e qual o impacto das mesmas?
 Quantos e quais bolseiros que regressam estão empregados e em que níveis e domínios de actividade
profissional?
 Em quantos casos os bolseiros que regressam estão a trabalhar em níveis e domínios correspondentes à
qualificação adquirida?
 Em que medida estão os bolseiros que regressam a contribuir para o desenvolvimento do País, aplicando
na realidade angolana os conhecimentos adquiridos e partilhando-os com outros concidadãos?

6.7.1.4.3. Medidas para implementação das mudanças na política de bolsas

258. A implementação das alterações de prioridades na política de bolsas de estudo para formação superior,
acabadas de enunciar, implica que sejam tomadas algumas medidas, de entre as quais se destacam:

 Negociação com parceiros da cooperação. Como a maioria das bolsas externas são atribuídas em
complemento de bolsas da cooperação, algumas das mudanças de prioridades podem exigir negociação
prévia com os parceiros da cooperação bilateral:

 Nova regulamentação legal do processo de atribuição das bolsas. Uma vez aprovada a nova política
de bolsas de estudo, esta terá de se traduzir nos respetivos regulamentos e demais normativos
complementares, o que implica alterações ao Decreto nº2/08, de 28 de fevereiro (Regulamento de bolsas
internas) e publicação formal da regulamentação relativa às bolsas externas, cujo processo se regeu até
agora por projectos de regulamentação não aprovada;

 Implantação do Observatório de Bolseiros Angolanos. A implantação deste Observatório implica, em


primeiro lugar, o desenho da sua configuração e do processo de recolha, sistematização, tratamento e
divulgação da informação, o que pode justificar a contratação de um estudo prévio; seguidamente, é
necessário dotar o INABE dos recursos humanos e do equipamento necessário para iniciar o respetivo
funcionamento. Será de dedicar 2013 à concretização destas duas medidas, com vista à entrada em
funcionamento do Observatório em 2014.

 Incremento da capacitação institucional do INABE. Apesar dos avanços realizados nos últimos anos
na capacitação do INABE em termos de recursos humanos e materiais, a mesma ainda é frágil para a sua

86
Se incluir estudantes angolanos no exterior, mesmo que não sejam bolseiros, ainda melhor
87
A simples identificação dos bolseiros que não são financiados pelo OE não é fácil. Há, no entanto, países que nos vistos concedidos
distinguem os que se destinam a estudos dos outros, como é o caso, por exemplo, do Brasil.

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missão actual. Para o seu papel no contexto da nova política aqui delineada, é necessário um incremento
substancial da sua capacitação.

 Reforço e redistribuição da dotação do Orçamento de Estado atribuída às bolsas de estudo. A


necessidade de aumento da dotação do OE depende do número e tipo de bolsas que for decidido atribuir
no futuro. No entanto, a alteração de prioridades contante deste programa exige ainda uma
redistribuição desta, invertendo a actual proporção dedicada para formação graduada e avançada nas
bolsas externas e atribuindo uma parcela à criação de bolsas internas de formação avançada, por
exemplo. Além disso, a criação e funcionamento do Observatório dos Bolseiros Angolanos e o incremento
da capacitação humana e técnica do INABE não podem deixar de ter consequências no orçamento de
funcionamento desta instituição.

 Acompanhamento dos estudos, garantia de regresso e apoio à inserção profissional dos bolseiros.
A eficácia e eficiência da política pública de bolsas de estudo exigem ainda medidas mais pertinentes de
acompanhamento dos bolseiros durante os estudos, de aumento de probabilidade do seu regresso ao
País no final destes, quando realizados no exterior, e da sua subsequente inserção profissional em nível e
domínio correspondentes à qualificação adquirida.

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7. Programação Financeira

259. À implementação do Plano Nacional de Formação de Quadros está associado um esforço orçamental
importante que carece ser estimado de forma a permitir o provisionamento das verbas que a viabilizam. Com
as limitações que resultam do facto de subsistirem, ainda, incertezas sobre dimensões quantitativas de alguns
dos Programas (resultantes de lacunas nas bases de informação disponibilizada ou ausência delas) e da
inexistência reportada de alguns custos padrão utilizados por cada dimensão de análise, procurar-se-á
apresentar uma grandeza das despesas o mais aproximada.

260. A programação financeira do Plano Nacional de Formação de Quadros será elaborada com base no
apuramento das despesas de investimento e funcionamento associadas a cada um dos Programas de Acção,
incluindo cada uma destas tipologias de despesa os seguintes custos:
 Despesas de Investimento, contemplam os custos associados à construção e à aquisição de grandes
equipamentos;
 Despesas de Funcionamento, consagradas às despesas de contratação de pessoal docente e de
manutenção corrente dos serviços e instituições (genericamente designada por “outras despesas”).

261. A determinação das despesas atendeu a pressupostos e parâmetros de cálculo que em cada caso são
devidamente explicitados.

7.1. Estimativa de Custos por Programa de Acção


7.1.1. Programa de Acção 1: Formação de Quadros Médios
A) Resposta às Necessidades

 Tipos de Resposta:
− Reforço de formações existentes através de contratualização com instituições públicas ou privadas;
− Criação de novas formações através da contratualização com instituições públicas ou privadas.

Nota: não se pressupõe a criação de novas instituições quer para o reforço de formações existentes quer
para a criação de novas formações uma vez que a Reforma no Ensino Técnico Profissional permitiu uma
alavancagem considerável em matéria de infraestruturas disponíveis.

 Saldos de diplomados que representam défices até 100% serão respondidos com o reforço de
formações existentes, i.e., contratualização do reforço da formação através de instituições públicas e/ou
privadas.

 Saldos de diplomados que representam défices superiores a 100% são respondidos através
simultaneamente do reforço de formações existentes e de criação de novas formações, na proporção
de 50% cada.

150I207
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B) Calendário de Resposta às Necessidades

2014 2015 2016 2017


Reforço das Formações 50% 50%
Criação e Funcionamento de Novas Formações 20% 45% 25% 10%

C) Outros Pressupostos

 Duração dos cursos: genericamente de 4 anos.

 Número de Alunos majorado em 30% para compensar a taxa de conclusão.

 Rácio alunos/docente: 36 (conforme informação do MED)

D) Pressupostos e Parâmetros de Custos

 Salário médio dos docentes (no período até 2020) de USD 18.900,00/ano – conforme referência do
Plano de Desenvolvimento de Médio Prazo 2009/2013 do Ministério da Educação.

 Orçamento corrente é 80% para salários e 20% para outras despesas.

7.1.1.1. Estimativa de Custos (em milhões de USD)


262. No período do Plano Nacional de Formação de Quadros estima-se um custo global de USD 165,6 milhões
para a implementação do Programa de Acção 1:

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020


Despesas de Funcionamento
Salários (milhões de USD) 0,0 2,0 7,4 14,3 21,8 27,4 29,5 30,1
Outras Despesas (milhões de USD) 0,0 0,5 1,8 3,6 5,5 6,8 7,4 7,5
Total (milhões USD) 0,0 2,5 9,2 17,9 27,3 34,2 36,9 37,6
Total Acumulado(milhões USD) 2,5 11,7 29,6 56,9 91,1 128 165,6

7.1.2. Programa de Acção 2: Formação de Quadros Superiores


7.1.2.1. Pressupostos e Parâmetros de Cálculo
A) Resposta às Necessidades

 Tipos de Resposta:
− Reforço de formações existentes através de contratualização com instituições públicas ou privadas;
− Reforço de formações existentes através da criação de novas instituições;
− Criação de novas formações através da contratualização com instituições públicas ou privadas;
− Criação de novas formações através da criação de novas instituições.

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Versão Final (Setembro 2012)

 Saldos de diplomados que representam défices até 100% serão respondidos com o reforço de
formações existentes, i.e., contratualização do reforço da formação através de instituições públicas e/ou
privadas.

 Saldos de diplomados que representam défices superiores a 100% e até 200% são respondidos através
simultaneamente do reforço de formações existentes e de criação de novas formações, na proporção
de 50% cada.

 Saldos de diplomados que representam défices superiores a 200% são respondidos por reforço de
formações existentes (até 100% do défice) e novas formações (restante).

B) Calendário de Resposta às Necessidades

2014 2015 2016


Reforço das Formações 50% 50%
Criação e Funcionamento de Novas Formações 25% 50% 25%

C) Outros Pressupostos

 Duração dos cursos: genericamente de 5 anos.

 Número de Alunos majorado em 30% para compensar a taxa de conclusão.


88
 Rácio alunos/docente :

Domínios Rácio (alunos/docente tempo integral)


Artes do espetáculo 5
Medicina e Medicina Dentária 6
Enfermagem 8
Ciências Veterinárias 9
Ciências da Engenharia, Exatas, Naturais, Farmacêuticas e Agronómicas 11
Design, Arquitetura, Psicologia e Ciências da Comunicação 12
Matemática 14
Economia, Gestão e Turismo 17
Contabilidade 18
Letras, outras Ciências Sociais, Direito e Ciências Políticas 20

D) Pressupostos e Parâmetros de Custos

 Salário médio dos docentes (no período até 2020) de USD 60.000,00/ano – este valor tomou em
consideração a necessidade de contratar um número significativo de docentes estrangeiros numa
primeira fase e, quando da sua substituição por angolanos, estes terem já uma qualificação ao nível de
doutoramento.

 Orçamento corrente é 80% para salários e 20% para outras despesas.

88
Rácios adaptados da legislação portuguesa de 2006.

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 Área de construção:

Área
Domínios
(m²/aluno)
Domínios de formação sem recursos a meios laboratoriais 6
Domínios de formação mistos 9
Domínios de formação com forte componente laboratorial 12

 Valor de construção de instalações educativas superiores: USD 2.500,00/m²

 Equipamento:

Domínios Custo
Domínios de formação sem recursos a meios laboratoriais 10% Custo de Construção
Domínios de formação mistos 15% Custo de Construção
Domínios de formação com forte componente laboratorial 20% Custo de Construção

7.1.2.2. Estimativa de Custos (em milhões de USD)


263. No período do Plano Nacional de Formação de Quadros estima-se um custo global de USD 2.525,5 milhões
para a implementação do Programa de Acção 2, representando as despesas de investimento e de
funcionamento USD 1.270,00 milhões e 1.255,50 milhões respectivamente:

2013-2020
Rúbricas
A. Despesas de Investimento
Construção e Equipamento (milhões de USD) 1.270,0
Sub-total A 1.270,0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
B. Despesas de Funcionamento
Salários (milhões de USD) 0,0 16,5 56,9 104,9 152,9 200,9 232,4 239,9
Outras Despesas (milhões de USD) 0,0 4,1 14,2 26,2 38,2 50,2 58,1 60,0
Sub-total B 0,0 20,6 71,2 131,1 191,1 251,1 290,5 299,9
Sub-Total B (Acumulado) 0,0 20,6 91,8 222,9 414,0 665,1 955,6 1.255,5
Total A+ B 2013-2020 (milhões USD) 2.525,5

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7.1.3. Programa de Acção 3: Formação de Professores e de Investigadores para o


Ensino Superior e Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
7.1.3.1. Pressupostos e Parâmetros de Cálculo
A) Resposta às Necessidades

 Tipos de Resposta:

Mestrados
− Mestrados contratualizados com instituições nacionais – contando com a sua própria capacidade
e/ou com parcerias já estabelecidas com instituições estrangeiras;
− Mestrados contratualizados com parcerias entre instituições nacionais e estrangeiras;
− Mestrados realizados no estrangeiro, contratualizados com instituições estrangeiras para grupos de
formandos;
− Mestrados realizados no estrangeiro em regime de inscrição normal.

Doutoramentos
− Doutoramentos realizados no estrangeiro, com períodos em Angola, contratualizados com
instituições estrangeiras para grupos de doutorandos;
− Doutoramentos realizados no estrangeiro em regime de inscrição normal, privilegiando a opção por
teses com parte do trabalho realizado em Angola.

 Os mestrados serão de dois anos curriculares e realizados em Angola;

 Os doutoramentos, realizados no estrangeiro, terão uma duração média prevista de 4 anos;

B) Calendário de Resposta às Necessidades

 Os primeiros mestrados, ao abrigo deste programa, iniciam-se no segundo semestre de 2013 (caso de
mestrados já existentes ou facilmente implementados com base em cooperações já existentes) e o último
termina em 2017;

• O início dos primeiros doutoramentos será no segundo semestre de 2013, em número ainda limitado,
prolongando-se os últimos até ao ano de 2021;

C) Parâmetros de Custos

 O custo previsto de cada mestrado, não incluindo o valor de bolsas internas, é de 12.500 USD para dois
anos;

 Custo de cada doutoramento, incluindo a bolsa no estrangeiro, viagens e custos na instituição


89
estrangeira, de 120.000 USD .

89
Os valores usados para estimar os custos dos doutoramentos variam significativamente consoante o país de destino. Serão certamente
superiores nos Estados Unidos, mas previsivelmente inferiores em muitos países europeus.

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7.1.3.2. Estimativa de Custos (em milhões de USD)


264. No período do Plano Nacional de Formação de Quadros (2013-2020) estima-se um custo global de USD
229,5 milhões para a implementação do Programa de Acção 3.

Custos (Milhões de USD) Total


Anos Mestrados 60,0 Doutoramentos 178,4 238,4
2013 2,5% 1,5 2,5% 4,5 6,0
2014 22,5% 13,5 5,0% 8,9 22,4
2015 40,0% 24,0 10,0% 17,8 41,8
2016 27,5% 16,5 15,0% 26,8 43,3
2017 7,5% 4,5 17,5% 31,2 35,7
2018 0,0% 0,0 20,0% 35,7 35,7
2019 0,0% 0,0 15,0% 26,8 26,8
2020 0,0% 0,0 10,0% 17,8 17,8
2021 [5%] [8,9]
2013-2020 60,0 169,5 229,5

7.1.4. Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e


Investigadores em Educação
265. Tal como referido no capítulo específico do Programa de Acção dedicado à Formação de Quadros Docentes e
de Especialistas e Investigadores em Educação (ver secção 6.4), a flagrante ausência de “dados completos ou
congruentes sobre a oferta de quadros diplomados pelas instituições de formação de professores nos últimos
anos não possibilita comprar a oferta instalada com a previsível procura de professores por parte do sistema
escolar, até 2020, e, assim, quantificar eventuais desequilíbrios.”

266. A programação financeira associada ao Programa de Acção 4 deverá, assim, ser incluída após uma
identificação das necessidades (a constar entre as acções prioritárias).

7.1.5. Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública


7.1.5.1. Pressupostos e Parâmetros de Cálculo
A) Resposta às Necessidades
 A implementação da formação iniciar-se-á em 2013, dando primazia nos dois primeiros anos à formação
contínua, de mais curta duração e mais fácil de organizar.

D) Parâmetros de Custos
 Custo de formação: AKZ 10.800,00/hora (USD 112,00/hora);
 Outras Despesas Correntes relativas aos projectos de formação representam 30% do Custo de
formação.

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7.1.5.2. Estimativa de Custos (em milhões de USD)


267. No período do Plano Nacional de Formação de Quadros (2013-2020) estima-se um custo global de USD
62,6 milhões para a implementação do Programa de Acção 5.

2013-2014 2015-2020
Rúbricas
Despesas de Funcionamento
Salários (milhões de USD) 3,6 40,3
Outras Despesas (milhões de USD) 1,1 17,6
Sub-total 4,7 57,9
Sub-Total (Acumulado) 62,6

7.1.6. Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo e


Desenvolvimento Empresarial
7.1.6.1. Pressupostos e Parâmetros de Cálculo
A) Resposta às Necessidades
 Formandos por curso: 30 formandos por curso.
 Grupo-alvo: Para a área de formação “Capacitação Empresarial”, considerou-se a seguinte distribuição do
grupo-alvo: 50% no nível básico, 30% no nível médio e 20% no nível avançado.
 Horas de Formação: 30 horas para o curso de Empreendedorismo; 200 horas para o curso de
capacitação empresarial (nível básico) e 250 horas para o curso de capacitação empresarial (níveis médio
e avançado).

B) Parâmetros de Custos
 Custo de formação: AKZ 10.800,00/hora (USD 112,00/hora);
 Outras Despesas Correntes representam 30% do custo de formação

7.1.6.2. Estimativa de Custos (em milhões de USD)


268. No período do Plano Nacional de Formação de Quadros (2013-2020) estima-se um custo global de USD
49,87 milhões para a implementação do Programa de Acção 6.

2013-2020
Rúbricas
Despesas de Funcionamento
Salários (milhões de USD) 38,36
Outras Despesas (milhões de USD) 11,51
Sub-total 49,87

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7.2. Financiamento
269. Não estando definidas as origens do financiamento, vale referir que os custos estimados, em alguns
Programas de Acção, com um peso considerável, correspondem a investimentos levados a cabo pela
iniciativa privada ou participados por esta, terão retorno através de comparticipações ou pagamento total
por parte dos alunos (casos do Ensino Superior e Formação Pós-Graduada).

270. No que diz respeito especificamente ao Programa de Acção 6, Formação de Quadros para o
Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial, prevê-se que à excepção do curso de
Empreendedorismo, os restantes (Capacitação Empresarial - Níveis Básico, Médio e Avançado) serão
financeiramente suportados pelos participantes.

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7.2.1. Resumo
Despesas Investimento Despesas de Funcionamento
Construção e Equipam. Salários Outras Despesas Total
(milhões de USD) (milhões de USD) (milhões de USD)
Programas
Programa de Acção 1: Formação de Quadros Superiores 1.270,00 1.004,40 251,10 2.525,50
Programa de Acção 2: Formação de Quadros Médios - 132,5 33,1 165,6
Programa de Acção 3: Formação de Professores e de Investigadores para o Ensino Superior e SNCTI - 183,60 45,90 229,50
Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e Investigadores em Educação - - - -
Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública - 43,9 18,70 62,60
Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial - 38,36 11,51 49,87
Total 3.033,07

Programação Financeira do PNFQ Programa de Acção 1: Formação de Médios


Distribuição Custos por Programa de Acção Distribuição Custos Tipologia de Despesas
2%

2% 20%
Programa de Acção 1: Formação de
7%
Quadros Superiores
Construção e Equipamento (milhões de
USD)
9% Programa de Acção 2: Formação de
Quadros Médios Salários (milhões de USD)

Outras Despesas (milhões de USD)


Programa de Acção 3: Formação de
Professores e de Investigadores para o
Ensino Superior e SNCTI
80%
Programa de Acção 5: Formação de
Quadros para a Administração Pública
80%

Programa de Acção 6: Formação de Programa de Acção 2: Formação de Quadros Superiores


Quadros para o Empreendedorismo e Distribuição Custos Tipologia de Despesas
Desenvolvimento Empresarial

20%

Salários (milhões de USD)

Outras Despesas (milhões de USD)

158

80%
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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Programa de Acção 3: Formação Professores e Investigadores ES e SNCTI Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública
Distribuição Custos Tipologia de Despesas Distribuição Custos Tipologia de Despesas

20%

30%

Salários (milhões de USD) Salários (milhões de USD)

Outras Despesas (milhões de USD) Outras Despesas (milhões de USD)

70%
80%

Programa de Acção 6: Formação Quadros Empreendedorismo e DE


Distribuição Custos Tipologia de Despesas

23%

Salários (milhões de USD)

Outras Despesas (milhões de USD)

77%

159
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

8. Implementação e Governação do PNFQ

8.1. Arquitectura Geral


271. A arquitectura do modelo de governação compreenderá três tipos de órgãos fundamentais:

 Órgão de Direcção Política. O Órgão de Direcção Política poderá assumir o modelo de uma Comissão
Inter-Ministerial de Coordenação a ser constituída pelos Ministros com responsabilidades governativas
mais relevantes no âmbito do Plano Nacional de Formação de Quadros e coordenada por um deles.

 Órgão de Gestão. O Órgão de Gestão assumirá a forma de uma Unidade de Gestão que terá a
responsabilidade pelo exercício de competências de gestão para a globalidade do Plano Nacional de
Formação de Quadros. O Órgão de Gestão receberá orientação política do Órgão de Direcção Política e
prestará as informações relevantes e pertinentes sobre a execução do Plano Nacional de Formação de
Quadros, designadamente no que respeita a realizações, resultados e impactos dos Programas de Acção.

 Comissão de Acompanhamento. A Comissão de Acompanhamento assumirá a natureza de um órgão


consultivo e terá como missão assegurar a participação de todos os parceiros económicos e sociais e das
entidades institucionais envolvidas na implementação do Plano Nacional de Formação de Quadros.

8.1.1. Órgão de Direcção Política


272. No caso do Orgão de Direcção Política são várias as entidades que poderão ser chamadas a intervir:

 Casa Civil da Presidência da República, através do seu Gabinete de Quadros, a quem o Decreto
Presidencial Nº 43/09 de 1 de Outubro atribui a missão de “apoiar o Presidente da República na Selecção e
Avaliação dos Quadros mais competentes para cargos de nomeação Presidencial e no desenvolvimento de
competências nos organismos na dependência do Presidente da República e, em geral, em todos os
organismos nacionais”;

 Ministério do Planeamento e Desenvolvimento do Território, a quem compete, de acordo com as suas


atribuições (alínea 0 do Artigo 2º do seu Estatuto Orgânico): coordenar a formulação da estratégia de
valorização e desenvolvimento do capital humano, de acordo com as grandes linhas económicas e sociais
de orientação estratégica;

 Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS), a quem compete,


designadamente, “zelar pela valorização e dignificação dos recursos humanos da função pública, através
de políticas públicas e programas de formação e aperfeiçoamento profissional” e definir a política de
emprego e da formação profissional;

 Ministério da Administração do Território (MAT), que tem entre as suas atribuições: “Promover a
formação sucessiva e integrada, bem como o aperfeiçoamento técnico-profissional dos quadros técnicos
e administrativos do Ministério e dos órgãos administrativos locais do Estado”;

 Ministério da Educação (MED), que tem nas suas atribuições: “definir e promover a execução das
políticas relativas à educação pré-escolar, nos ensinos básico e secundário; definir e promover a execução

160
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

das políticas de educação e formação profissional, em articulação com o departamento governamental


responsável pelas áreas do emprego e da formação profissional; promover a formação e qualificação dos
recursos humanos afectos ao sistema educativo”;

 Ministério do Ensino Superior e Ministério da Ciência e Tecnologia, a quem está fixado um vasto
número de atribuições relevantes para a definição e implementação da ENFQ, em particular:
− Promover o desenvolvimento, a modernização, a qualidade, a competitividade e a avaliação do
Subsistema de Ensino Superior, bem como do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia;
− Estimular e apoiar a formação e a qualificação de recursos humanos em áreas do ensino superior, da
investigação científica e do desenvolvimento tecnológico;
− Propor e implementar as políticas de atribuição de bolsas de estudo internas e externas aos cidadãos
nacionais para frequência de cursos de ensino superior;
− Promover, em articulação com outros Ministérios, o desenvolvimento da capacidade tecnológica do
País, da sociedade de informação e do conhecimento;
− Promover a articulação entre o subsistema do ensino superior e o Sistema Nacional de Ciência e
Tecnologia e entre estes com o sistema produtivo;
− Promover, estimular e apoiar a criação de empresas abertas à inovação, à demonstração tecnológica e
à investigação fundamental e aplicada;
− Promover a observação permanente, a avaliação e a inspecção das instituições de ensino superior e
das instituições que integram o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, nos termos da lei;
− Assegurar a articulação e sequência do nível superior com os níveis precedentes do sistema de
educação e exigir o cumprimento rigoroso dos critérios de acesso aos discentes;
− Aprovar a criação e o encerramento de cursos superiores;
− Elaborar propostas com vista ao financiamento das instituições de ensino superior, bem como da
actividade científica e tecnológica, observando as regras da sua aplicação.

273. Serão chamados a participar nas reuniões da Comissão Ministerial de Coordenação do Plano Nacional de
Formação de Quadros outros Ministros relevantes em razão das matérias.

274. A Comissão Ministerial de Coordenação do PNFQ terá, designadamente, as funções elencadas abaixo.

Caixa 8. 1
Comissão Ministerial de Coordenação do PNFQ: Funções

A Comissão Ministerial de Coordenação do Plano Nacional de Formação de Quadros terá, nomeadamente, as


seguintes funções:
a) A coordenação política global da execução dos Programas de Acção;
b) A promoção da participação económica, social e institucional no acompanhamento dos Programas de
Acção respectivos;
c) O estabelecimento de orientações políticas específicas sobre a gestão do PNFQ;
d) A definição das tipologias de investimento e de acções que, pela sua dimensão financeira ou pela especial
relevância dos seus objectivos, resultados ou efeitos, são objecto de confirmação da decisão e
financiamento pela Comissão Ministerial de Coordenação;
e) A apreciação das propostas dos relatórios anuais e do relatório final de execução do PNFQ;
f) A apreciação e aprovação da proposta de plano de avaliação do PNFQ;
g) A apreciação dos relatórios finais de avaliação operacional do PNFQ.

161
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

8.1.2. Órgão de Gestão


275. Sendo da responsabilidade deste Órgão assegurar a gestão e a qualidade da execução do Plano Nacional de
Formação de Quadros este é especialmente responsável pelo exercício das seguintes competências:

Caixa 8. 2
Unidade de Gestão do PNFQ: Competências

A Unidade de Gestão do Plano Nacional de Formação de Quadros terá, nomeadamente, as seguintes competências:
a) Assegurar-se de que são cumpridas as condições necessárias de cobertura orçamental das operações;
b) Garantir o cumprimento dos normativos aplicáveis, designadamente no domínio da contratação pública;
c) Verificar que foram fornecidos os produtos e serviços financiados;
d) Verificar a elegibilidade das despesas;
e) Elaborar o plano de avaliação do Plano Nacional de Formação de Quadros;
f) Rever e reprogramar o Plano Nacional de Formação de Quadros, incluindo reprogramações nos Programas de Acção;
g) Assegurar a recolha e o tratamento de dados físicos, financeiros e estatísticos sobre a execução para a
elaboração dos indicadores de acompanhamento e para os estudos de avaliação estratégica e operacional;
h) Elaborar e apresentar à Comissão Ministerial de Coordenação do Plano Nacional de Formação de Quadros os
relatórios anuais e final de execução do Plano Nacional de Formação de Quadros.

276. O exercício das competências da Unidade de Gestão poderá ser sub-estruturado em Grupos de Gestão para
cada um dos Programas de Acção.

8.1.3. Comissão de Acompanhamento


277. A Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Formação de Quadros deverá ser presidida pelo
Gestor do Plano e composta, nomeadamente, por:

 Universidades, Escolas, Institutos de Ensino Técnico-Profissional e Empresas como executores em 1ª


linha do Plano Nacional de Formação de Quadros;
 Agências de promoção do sector privado;
 Ordens e Associações Profissionais;
 Instituições do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

278. À Comissão de Acompanhamento deve competir-lhe, designadamente:

Caixa 8. 3
Comissão de Acompanhamento: Competências

A Comissão de Acompanhamento desempenha, nomeadamente, as seguintes atribuições:


a) Analisar periodicamente os progressos realizados na prossecução dos objectivos do Plano Nacional de Formação de
Quadros, designadamente no que respeita aos objectivos fixados para cada um dos Programas de Acção;
b) Analisar os relatórios anuais e final de execução do Plano Nacional de Formação de Quadros;
c) Analisar os resultados das avaliações relevantes para o Plano Nacional de Formação de Quadros e apresentar à
Unidade de Gestão propostas de revisão designadamente quando os desvios entre os progressos verificados e os
objectivos fixados em cada Programa de Acção, forem considerados quantitativa ou qualitativamente significativos.

162
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

8.2. Monitorização e Avaliação do Plano Nacional de Formação de Quadros


279. De forma a promover uma boa implementação do Plano Nacional de Formação de Quadros, será fundamental
criar um sistema de informação que permita o acompanhamento da sua execução. Com este objectivo será
dada particular importância aos exercícios de monitorização e avaliação do Plano Nacional de Formação de
Quadros, para a qual contribuirão de forma articulada, os sistemas de indicadores de acompanhamento e
desempenho e as avaliações.

280. A utilização dos indicadores de acompanhamento e de desempenho – financeiros, de implementação, de


realização física ou de produção de resultados – deverá proporcionar, ao sistema de gestão e
acompanhamento do Programa, uma informação regular sobre o estado da respectiva execução.

281. A realização de avaliações, de Quadros ao longo do período de programação, permitirá obter informação
sobre a concretização dos objectivos do Plano Nacional de Formação na sua relação com o contexto externo e
do seu contributo para as prioridades definidas em sede da Política Nacional de Formação de Quadros,
constituindo, assim, um mecanismo essencial de apoio ao processo de decisão e à orientação política do
Plano e, em particular, para identificar eventuais necessidades de alteração a meio percurso.

8.2.1. Sistema de Indicadores


282. O Sistema de Indicadores do Plano Nacional de Formação de Quadros reúne um quadro alargado de
indicadores, destinado a fornecer, com carácter sistemático, informação sobre a evolução das operações.

A Unidade de Gestão terá como responsabilidade manter actualizadas as bases de dados necessárias à
alimentação dos indicadores e zelar pela recolha e processamento de dados mediante regras adequadas, com
vista a garantir a sua disponibilidade, actualidade, fiabilidade e credibilidade.

283. Os indicadores de realização e de resultado, definidos ao nível de cada Programa de Acção correspondem ao
núcleo central do Sistema de Indicadores, sendo particularmente relevantes para aferir o desempenho do
Plano Nacional de Formação de Quadros na concretização dos objectivos de cada Programa de Acção e os
progressos em relação à situação de referência diagnosticada.

8.2.2. Plano de Avaliação


284. O Plano de Avaliação do Plano Nacional de Formação de Quadros, contendo uma lista indicativa dos
exercícios de avaliação previstos deverá ser elaborado pelo Órgão de Gestão e proposto ao Órgão de Direcção
Política.

Não obstante, outras avaliações que possam ser consideradas, as seguintes deverão ser desenvolvidas em
conformidade com as orientações do Quadro Metodológico de Planeamento para os Planos de
Desenvolvimento Sectorial:

Tipo de Avaliação Período de Referência Data Indicativa

Avaliação de Meio-Percurso Após um período equivalente a três anos Ano de 2016


Prazo máximo de 12 meses após conclusão do período de
Avaliação Final Ano de 2021
implementação.
Após um período equivalente a uma legislatura após conclusão do
Avaliação Ex-Post Ano de 2025
período de implementação.

163
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

9. Síntese
As fichas seguintes substanciam os aspectos fundamentais dos Programas de Acção e da Programação Financeira:

9.1. Programas de Acção


Programa de Acção 1: Formação de Quadros Superiores

Balanço Necessidades-Oferta Interna


 43 Domínios de Formação Superior considerados estratégicos para os quais estimam-se (para o período 2010-2020):
− necessidades globais de cerca de 121.350 diplomados.
− oferta interna global de cerca de 84.980 diplomados.

 5 Domínios (dos 43 estratégicos) sem oferta actual, representando necessidades de 7,4 milhares de diplomados assim distribuídas:
Engenharia dos Transportes (2.750) Engenharia das Pescas e Agricultura (1.750) Engenharia Alimentar (1.125)
Artes (1.125) Design e Moda (625)

 21 Domínios (dos 43 estratégicos) com um défice de oferta muito forte, com um saldo deficitário total de 46,4 milhares de diplomados, assim distribuído:
Matemática (2.590) Física (575) Química (845)
Geologia (1.385) Biologia (2.230) Medicina (3.690)
Enfermagem (14.300) Ciências Veterinárias (1.330) Ciências Farmacêuticas (1.325)
43 Domínios Estratégicos de Engenharia Electrotécnica e Electrónica (2.150) Engenharia Mecânica (4.790) Engenharia Química (2.100)
Formação Superior > onde se devem Engenharia de Petróleos (1.230) Engenharia Geográfica (645) Engenharia de Minas (635)
concentrar as intervenções prioritárias,
Necessidades Engenharia Agronómica (1.875) Gestão Hoteleira e do Turismo (900) Filosofia e Religião (1.035)
tendo sido sobre estes elaborado um
Línguas, Lit. Cultura Angolanas e Africanas (1.430) Língua e Literatura Portuguesa (765) Língua e Literatura Inglesa (635)
balanço entre necessidades e oferta
interna de formação para 2013-
7 Domínios (dos 43 estratégicos) com um défice de oferta forte, com um saldo deficitário total de 7 milhares de diplomados, assim distribuído:
2020.

Medicina Dentária (295) Engenharia Civil (1.640) Engenharia de Telecomunicações (1.280)


Engenharia do Ambiente (1.120) Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais (415) Ciências Políticas (235)
Contabilidade (2.020)

 Não existem Domínios com Excedente de Oferta Potencial Muito Forte;

 7 Domínios (dos 43 estratégicos) com Excedente de Oferta Potencial Forte, com um saldo excedentário total de 22,8 milhares de diplomados, assim distribuído:
Engenharia Informática (2.010) Direito (9.690) Economia (4.350)
Gestão de Recursos Humanos (1.560) Ciências da Comunicação (625) Gestão e Administração de Empresas (2.760)
Gestão Política (1.825)

 3 Domínios (dos 43 estratégicos) que tendem para o Equilíbrio:


Arquitectura (+ 45) Sociologia (- 45) Psicologia (- 440)

164
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Objectivos Específicos
Objectivos Globais
 Assegurar a formação de 121 mil diplomados pelo ensino superior nos Domínios Estratégicos de Formação;
 Contribuir para o desenvolvimento económico-social de Angola, capacitando o seu potencial humano e
 Aumentar a capacidade do ensino superior nacional para que a formação anual de quadros permita colmatar os défices
elevando o seu nível científico e tecnológico;
Objectivos identificados num prazo de 10 anos;
 Assegurar que Angola disporá de quadros superiores em quantidade e qualidade para suportar o seu
 Substituir a atribuição de bolsas para a graduação no exterior pelo reforço da capacidade nacional e o aumento das bolsas
desenvolvimento económico e social.
para formação de docentes do ensino superior e de investigadores, tanto internas como para o exterior;
 Regular o sistema de ensino superior de forma a assegurar uma qualidade mínima da formação oferecida e a sua melhoria
progressiva.

Objectivos Acções
i) Promover a formação de superiores, nomeadamente para os  Elaborar, em 2013, um estudo detalhado sobre os Domínios sem oferta, por forma a determinar qual a situação
Projecto 1.1 Domínios Estratégicos clusters económicos e sectores sociais prioritários. organizacional mais adequada para cada um;
de Formação Deficitários e Sem ii) Assegurar a formação de 7,4 mil diplomados pelo Ensino Superior  Assegurar que os novos cursos possam ter o seu arranque em 2015, para o que será necessário iniciar em 2013 a preparação
Oferta Actual nos 5 Domínios (engenharia de transportes, engenharia de pescas para o seu lançamento;
e agricultura, engenharia alimentar, artes, design e moda) para os  Promover a constituição de parcerias público-privadas, com promotores nacionais e estrangeiros;
quais não existe, presentemente, oferta interna.  Organizar o processo de Ensino-Aprendizagem dos novos cursos.

Acções
Objectivos
 Elaborar em 2013 uma intervenção integrada para alargar a oferta interna nestes domínios deficitários, procedendo ao
i) Promover a formação e qualificação de quadros superiores,
agrupamento de respostas por áreas científicas afins;
nomeadamente, para os clusters económicos e sectores sociais
 Seleccionar, em 2013, as instituições de ensino superior que irão reforçar a sua oferta nestes domínios, devendo ser utilizada,
prioritários.
Projecto 1.2 Domínios Estratégicos quando necessária, a cooperação internacional para o reforço de pessoal docente;
ii) Assegurar a formação de 53,4 mil diplomados pelo Ensino
de Formação Potencialmente  Proceder à elaboração da Programação Anual, até 2020, dos Cursos cuja oferta deverá ser reforçada até 2014; Deverá ser
Superior, nos 28 Domínios Estratégicos de Formação que,
Deficitários concedida prioridade aos Domínios de Formação que assegurarão Quadros Superiores para os clusters e sectores sociais
presentemente, têm oferta interna potencialmente deficitária, 46,4
prioritários;
Projectos/Acções milhares em 20 Domínios com deficit muito forte e 7 milhares em
 Cada instituição selecionada deverá, no prazo de 3 meses, elaborar um Memorando sobre os meios necessários (humanos,
Domínios com deficit forte.
técnicos, instituições e financeiros) para reforçar a oferta;
 Promover a captação de docentes angolanos na diáspora.

Acções
Objectivos  Promover a regulação da oferta de cursos superiores potencialmente excedentários, visando a redução do excedente
i) Adequar a formação de Quadros Superiores às necessidades do potencial de 22,8 milhares de diplomados em determinados Domínios;
Projecto 1.3 Domínios Estratégicos
País.  Promover, em 2013, intervenções específicas para os cursos onde o excedente potencial é mais elevado, sendo
de Formação Potencialmente
ii) Regular a oferta de cursos potencialmente excedentários, que particularmente preocupante a situação projectada para os Domínios: Direito, Economia, Gestão e Engenharia Informática;
Excedentários
poderá atingir cerca de 22,8 milhares de diplomados.  Limitar de forma acentuada a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros, em particular nos seguintes Domínios de
Formação: Direito, Economia, Gestão e Informática;
 Promover a realização de estudos de empregabilidade destes Domínio de Formação.

Objectivos Acções
Projecto 1.4 Domínios Estratégicos
i) Ajustar a formação de Quadros Superiores às necessidades do País.  Regular a oferta interna de acordo com a evolução da procura, em particular na área da Psicologia;
de Formação Tendencialmente em
ii) Acompanhar a evolução da oferta interna e da procura nos  Proceder à avaliação da empregabilidade destes Domínio de Formação..
Equilíbrio
Domínios tendencialmente em equilíbrio.

165
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
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Programa de Acção 2: Formação de Quadros Médios

Balanço Necessidades-Oferta Interna


 47 Domínios de Formação Média considerados estratégicos para os quais estimam-se (para o período 2010-2020):
− necessidades globais de cerca de 285 mil diplomados.
− oferta interna global de cerca de 264 mil diplomados;

 22 Domínios de Formação Média (dos 47 estratégicos) sem oferta actual, representando necessidades de 67,1 milhares. Os mais críticos:
Electromecânica (12.500) Técnicas de laboratório (9.000) Cuidados veterinários e de sanidade animal (6.500)
Planeamento e gestão de transportes (4.000) Ambiente e conservação (4.000) Produção industrial e qualidade (3.000)

 3 Domínios de Formação Média (dos 47 estratégicos) com um défice de oferta muito forte:
Farmácia (2.500) Instalação e Gestão de Redes e Sistemas Informáticos Indústria das Pescas (1.500)
63 Domínios de Formação Média (2.000)
mais relevantes > 47 foram
Necessidades considerados estratégicos tendo sido  11 Domínios (dos 47 estratégicos) com um défice de oferta forte:

sobre estes elaborado um balanço Análises Químicas e Microbiológicas (2.500) Geodesia e Topografia (250) Enfermagem e Técnicas Auxiliares de Saúde (2.000)
entre necessidades e oferta interna Prospecção e Perfuração de Poços (750) Refinação e Processamento de Petróleo (450) Geologia e Minas (1.250)
de formação para 2013-2020. Produção Agrícola (5.500) Gestão Comercial e Marketing (750) Hotelaria e Restauração (1.500)
Informação e Animação Turística (350) Design e Moda (500)

 Não existem Domínios com Excedente de Oferta Potencial Muito Forte;

 5 Domínios (dos 47 estratégicos) com Excedente de Oferta Potencial Forte:


Informática (7.500) Telecomunicações (3.000) Desenho de Construção Civil (5.000)
Economia (4.000) Contabilidade e Gestão Financeira (40.000)

 6 Domínios (dos 47 estratégicos) que tendem para o Equilíbrio:


Estatística (0) Energia e Instalações Eléctricas (5.000) Electrónica (-500)
Mecânica (2.500) Metalomecânica (500) Construção Civil

Objectivos Específicos
Objectivos Globais
 Promover a formação de 285 mil diplomados pelo ensino técnico-profissional em 47 Domínios Estratégicos de Formação.
 Estabelecer e desenvolver a fileira de educação-formação técnica e tecnológica;
 Melhorar as aprendizagens por parte dos alunos;
 Contribuir para a dotação de quadros médios necessários ao desenvolvimento de Angola, através da
 Aumentar e melhorar a rede de infra-estruturas do Ensino Técnico Profissional;
Objectivos estruturação da fileira educação-formação para o ensino técnico e tecnológico;
 Contribuir para criar uma perspectiva de educação e formação ao longo da vida;
 Expandir o Ensino Técnico Profissional como motor de desenvolvimento do País.
 Assegurar a formação de professores nos níveis, pedagógico, didáctico, técnico e organizacional;
 Formar Gestores nas áreas da administração e organização escolar;
 Facilitar e promover uma ligação formal ao mundo empresarial e ao mercado de trabalho.

166
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Acções
 Lançar em 2013-2014 os 41 cursos nos Domínios para os quais não existe oferta interna, designadamente para os 22 Domínios
Objectivos considerados Estratégicos;
i) Promover a formação de quadros médios, em particular para os  Assegurar que 65% dos novos cursos se iniciem até 2015, com prioridade para os Domínios Estratégicos;
Projecto 2.1 Domínios Estratégicos
clusters económicos e actividades sociais prioritárias.  Proceder à programação anual do processo de preparação e lançamento dos novos cursos, cuja oferta é inexistente;
de Formação Deficitários e Sem
ii) Garantir a formação de 67 mil diplomados pelo Ensino Técnico-  Definir um plano de distribuição regional dos novos cursos a implementar;
Oferta
Profissional nos 22 Domínios Estratégicos de Formação que,  Promover a constituição de parcerias com promotores públicos e privados;
presentemente, não têm oferta interna.  Organizar a planificação das infraestruturas e equipamentos necessários ao funcionamento dos novos cursos;
 Proceder à planificação dos Recursos Humanos necessários à implementação dos novos cursos;
 Organizar o Processo Ensino Aprendizagem. Planeamento da acção didáctica e estruturação das suas directrizes principais.

Acções
Objectivos
 Criar condições para que em 2013-2014 seja reforçada a oferta dos cursos nos Domínios para os quais a oferta interna é
i) Promover a formação de quadros médios, em particular para os
deficitária ou fortemente deficitária;
clusters económicos e actividades sociais prioritárias.
Projecto 2.2 Domínios Estratégicos  Assegurar que, até 2015, todos os cursos com deficit sejam reforçados, com prioridade para os Domínios Estratégicos;
ii) Garantir a formação de 72,7 mil diplomados pelo Ensino
de Formação Potencialmente  Proceder à programação anual do processo de preparação e lançamento dos novos cursos;
Técnico-Profissional nos 22 Domínios Estratégicos de Formação
Projectos/Acções Deficitários com Oferta Actual  Definir um plano de distribuição regional dos novos cursos a implementar;
que, presentemente, têm oferta interna potencialmente
 Organizar a planificação das infraestruturas e equipamentos necessários ao funcionamento dos novos cursos;
deficitária.
 Proceder à planificação dos Recursos Humanos necessários à implementação dos novos cursos;
 Organizar o Processo Ensino Aprendizagem dos novos cursos.

Acções
Objectivos
 Promover a regulação do número de diplomados pelo Ensino Técnico-Profissional, nos Domínios Estratégicos de Formação, com
i) Adequar a formação de Quadros Médios às necessidades do
Projecto 2.3 Domínios Estratégicos oferta interna potencialmente excedentária;
País.
de Formação Potencialmente  Promover a reorganização dos estabelecimentos e cursos existentes;
ii) Ajustar a oferta interna dos cursos potencialmente
Excedentários  Introduzir, nos Domínios identificados, limitações na concessão de vistos de trabalho para estrangeiros;
excedentários às necessidades.
 Reduzir o número de alunos por turma nos cursos potencialmente excedentários;
 Definir o processo de acompanhamento e contenção especifico para a formação de técnicos de contabilidade.

Objectivos
Acções
Projecto 2.4 Domínios Estratégicos i) Adequar a formação de Quadros Médios às necessidades do País.
 Proceder, regularmente, ao estudo da empregabilidade dos Domínios de Formação, e respectivos cursos, com vista à necessidade
de Formação Tendencialmente em ii) Acompanhar a evolução da oferta interna e da procura nos
de introduzir medidas de ajustamento;
Equilibrio Domínios tendencialmente em equilíbrio.
 Reformular alguns dos cursos existentes actualmente, por forma a aumentar a sua capacidade de resposta à procura.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Programa de Acção 3: Formação de Professores e Investigadores para o Ensino Superior e Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Balanço Necessidades-Oferta Interna


 8 Domínios estratégicos da ENFQ, Outros Domínios não incluídos na ENFQ e 7 Áreas de Incidência do SNCTI considerados estratégicos para os quais estimam-se, até 2020:
− necessidades globais de cerca de 4,8 mil Mestres e 1,5 mil Doutores.
− oferta interna global é residual face às necessidades.
Qualificação do corpo docente das
instituições públicas e privadas de
 Os mais críticos, em termos de necessidade de Mestres e Doutores:
ensino superior, bem como a
- 8 Domínios Estratégicos da ENFQ: 2.796 Mestres e 767 Doutores
estruturação do sistema de ciência,
tecnologia e inovação. De entre os Ciências Exactas: 120 Mestres e 32 Doutores Ciências Naturais e Ambiente: 114 Mestres e 33 Doutores Ciências Médicas e da Saúde: 806 Mestres e 195 Doutores
Domínios mais revelantes foram Ciências da Engenharia e Tecnologias: 882 Mestres e 259 Ciências Agrárias e da Pesca: 164 Mestres e 41 Doutores Ciências Sociais, Políticas e da Comunicação: 219 Mestres
Necessidades Doutores e 77 Doutores
considerados > 8 Domínios
estratégicos da ENFQ, Outros Ciências da Gestão e da Administração: 284 Mestres e 84 Artes e Humanidades: 157 Mestres e 46 Doutores
Domínios não incluídos na ENFQ e 7 Doutores
Áreas de Incidência do SNCTI, tendo
sido sobre estes elaborado um balanço  Outros Domínios não incluídos na ENFQ: 2.000 Mestres e 600 Doutores
entre necessidades e oferta interna
de formação para 2013-2020.  7 Áreas de Incidência do SNCTI: 140 Doutores, 20 Doutores em cada uma das seguintes áreas:

Agricultura e Pescas Telecomunicações e Tecnologias de Informação Indústria, Petróleo, Gás e Recursos Naturais
Saúde Recursos Hídricos Energia
Ambiente

Objectivos Específicos
Objectivos Globais  Assegurar a formação de 4,8 mil Mestres e de 1,5 mil Doutores, dos quais, 2,8 mil mestres e 767 Doutores nos Domínios
 Contribuir para o desenvolvimento económico-social, elevando a capacidade e competência dos seus Estratégicos da ENFQ.
recursos humanos mais qualificados e desenvolvendo o seu sistema científico e tecnológico;  Garantir a formação de 140 Doutores nas 7 Áreas de Incidência da “Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação”, por
Objectivos
 Assegurar a formação avançada dos recursos humanos do País, em particular do corpo docente do ensino forma a que cada uma das unidades de investigação destas 7 Áreas tenham, pelo menos, 20 Doutores.
superior e dos cientistas e investigadores do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, atingindo,  Melhorar a qualidade do pessoal docente do ensino superior e dos cientistas e investigadores do SNCTI.
respectivamente, 40% e 20% das necessidades de Quadros Superiores.  Assegurar a contratação de docentes e investigadores, por forma a gerar a necessária massa activa de docentes e investigadores
nacionais.

Acções
 Proceder a um levantamento completo de instituições do ensino superior que organizam cursos de pós-graduação;
Objectivos
 Lançar em 2013-2014, em regime de contratualização de parcerias públicas-privadas, a organização de cursos de Mestrado,
Projecto 3.1 Formação de Mestres, i) Assegurar a formação de Mestres necessários para a
envolvendo, quando necessário, a cooperação integrada com instituições universitárias;
em particular para o Ensino qualificação do corpo docente do Ensino Superior, dos
Projectos/Acções  Realizar, no âmbito do Sistema de Estatística e Informação do Ensino Superior, um levantamento urgente de todos os Mestres e
Superior, nos Domínios Estratégicos investigadores do SNCTI e de executivos de empresas.
Mestrandos a frequentar cursos ou Programas de Mestrado ou equivalente, no País ou no estrangeiro;
de Formação ii) Promover a formação de 4,8 mil Mestres, dos quais 2,8 mil para
 Proceder à reorientação da Política Nacional de Bolsas, privilegiando a frequência em Angola de Mestrados e outras pós-
os Domínios Estratégicos da ENFQ e 2 mil para outros Domínios.
graduações equivalentes;
 Conceder prioridade à formação específica de Mestres para os 4 Mega-Clusters Económicos e Sectores Sociais prioritários.

168
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Acções
 Proceder ao levantamento completo das instituições do ensino superior que têm, ou pretendem ter, cursos ou programas de
doutoramento;
Objectivos
 Realizar, no âmbito do Sistema de Informação do Ensino Superior, o levantamento de todos os Doutores e Doutorandos a
i) Garantir a formação de Doutores, necessários para a
Projecto 3.2 Formação de Doutores, frequentar cursos ou Programas de Doutoramento no País ou no Estrangeiro;
qualificação dos Docentes do Ensino Superior e para o
em particular para o Ensino  Proceder à Reorientação da Política Nacional de Bolsas, concedendo prioridade à frequência de cursos ou Programas de
desenvolvimento de Angola.
Superior, nos Domínios Estratégicos Doutoramento, no País e no estrangeiro, em particular nos Domínios Estratégicos da ENFQ;
ii) Assegurar a formação de cerca de 1.370 Doutores, dos quais
de Formação  Elaborar, em 2013, o “Programa Nacional de Doutoramentos”, envolvendo instituições públicas e privadas, nacionais e
767 para os Domínios da ENFQ e 600 para outros Domínios.
estrangeiras, visando a organização em Angola de Programas de Doutoramento, em regime de parceria com universidades
angolanas e estrangeiras, com base em acordos ou contratos estruturados e integrados de cooperação;
 Fixar prioridade absoluta à formação específica de Doutores para os 4 Mega-Clusters Económicos e Sectores Sociais prioritários
(Alimentação e Agro-Indústria, Energia e Água, Habitat, Transportes e Logística e Saúde.

Acções
 Estabelecer o Sistema Estatístico e de Informação do SNCTI e proceder ao levantamento e caracterização exaustiva de todas as
Objectivos
unidades de investigação e dos respectivos recursos humanos e técnicos;
i) Apoiar a implementação da Política e da Estratégia Nacional de
 Elaborar um “Programa Nacional de Formação e Capacitação de Investigadores” do SNCTI, envolvendo unidades de investigação,
Ciência, Tecnologia e Inovação, através da formação e capacitação
Projecto 3.3 Formação de Doutores/ públicas e privadas, nacionais e estrangeiras;
de Investigadores/Doutores necessários ao Desenvolvimento do
Investigadores para o Sistema  Proceder ao recrutamento, temporário ou definitivo, de cerca de 20 investigadores estrangeiros, de preferência no âmbito de
País e do SNCTI.
Nacional de Ciência, Tecnologia e Acordos de Cooperação e Parceria com Universidades e Unidades de Investigação estrangeira, destinados, preferencialmente,
ii) Garantir a disponibilidade de 140 Doutores necessários ao
Inovação para as 7 áreas de incidência;
Desenvolvimento do SNCTI, em particular nas suas 7 áreas de
 Assegurar a disponibilidade de 140 doutores/investigadores, distribuídos pelas seguintes áreas de incidência (20 em cada):
incidência.
Agricultura e Pescas; Telecomunicações e Tecnologias de Informação; Indústria, Petróleo, Gás e Recursos Naturais; Saúde;
Recursos Hídricos; Energias; e Ambiente.

169
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e Investigadores em Educação

 Professor de Educação Pré-escolar:


− Oferta de formação: Poucos cursos e poucos diplomados em 1/3 das Províncias;
− Procura social de professores de educação pré-escolar: Satisfeita com agentes sem qualificação média normal;
− Oferta deficitária de formação, face à grande procura potencial de educação pré-escolar;
− Necessidades quantitativas futuras: A oferta de educação pré-escolar, mesmo que só acolha a população do grupo etário com 3 e 4 anos, exigirá largas dezenas de milhares de professores;
− Necessidades qualitativas: Insuficiente preparação dos formadores para a especificidade deste nível de educação.

 Professores do Ensino Primário:


− Oferta de formação: Muitos cursos e em todas as Províncias;
− Procura social de professores do ensino primário: Necessidade de recrutar agentes sem formação pedagógica, devida à incapacidade do sistema em atrair diplomados para as zonas mais rurais do
País;
− Necessidades quantitativas futuras: Definida pelos factores de crescimento da procura, tais como: crescimento da população do grupo etário, diminuição da taxa de desistência, aumento da oferta
Diversidade de Perfis Profissionais de ensino especial e de educação de adultos e diminuição do número de alunos por turma;
abrangidos pelo Programa: − Necessidades qualitativas: Elevada taxa de professores em exercício sem qualificação adequada e insuficiente preparação dos formadores para a especificidade do ensino da Língua Portuguesa e da
 Professor de Educação Pré-escolar; Matemática neste nível de ensino.
 Professor do Ensino Primário;
Necessidades  Professor de disciplinas no I Ciclo do  Professores do I Ciclo do Ensino Secundário:
Ensino Secundário; − Oferta de formação: Muitos cursos em determinadas disciplinas e poucos cursos noutras, não existindo oferta de formação específica para a docência das disciplinas técnicas;
 Professor de disciplinas no II Ciclo − Procura: Elevado crescimento da procura. Entre 2008 e 2012 verificou-se a maior percentagem de aumento do número de alunos (75,8%) e de docentes (37,1%);
do Ensino Secundário; − Necessidades quantitativas futuras: Oferta instalada muito deficitária. Com o alargamento da escolaridade obrigatória, prevê-se a necessidade de recrutar mais 153.683 docentes até 2020;
 Professor de disciplinas do Ensino − Necessidades qualitativas: Professores em exercício sem a qualificação adequada.
Superior Pedagógico.
 Professores do II Ciclo do Ensino Secundário:
− Oferta de formação: Ausente ou diminuta em algumas Províncias, bem como diminuta ou inexistente em algumas disciplinas e variável em cada Província;
− Procura social: Elevado crescimento recente. Entre 2008 e 2012 o aumento do número de professores não foi proporcional ao crescimento do número de alunos;
− Necessidades quantitativas futuras: Elevadas nas disciplinas com oferta inexistente e no caso das disciplinas com oferta de formação, as necessidades são diferenciadas por disciplina e por
Província;
− Necessidades qualitativas: Professores em exercício sem a qualificação adequada.

 Quadros com Formação Avançada em Educação:


− Oferta de formação avançada: Praticamente inexistente;
− Procura social destes Quadros: Recurso à oferta externa;
− Meta de Formação Avançada para 2020: Propõe-se, em 2020, atingir a meta de 40% de Mestres e 20% de Doutores em Ciências da Educação no corpo docente/investigador de cada estabelecimento
com oferta de ensino superior pedagógico e no conjunto de investigadores do INIDE.

Objectivos Globais
Objectivos Específicos
 Melhoria da eficiência interna do ensino não superior;
 Aumentar o número de professores, de especialistas de administração e de investigadores em Ciências da Educação;
Objectivos  Garantir que, em 2020, o País disponha da quantidade e qualidade de professores, de especialistas de
 Melhorar as competências profissionais do quadro docente, de especialistas de administração e de investigadores;
administração da educação e de investigadores em Ciências da Educação necessários para a expansão e
 Garantir a equidade territorial e de género na distribuição de professores por todas as Províncias.
qualidade do sistema educativo não superior nas várias Províncias.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Projecto 4.1 Produção de


conhecimento sobre oferta e Objectivos Acções
procura actuais e identificação i) Conhecer a oferta e procura actuais e identificar as  Criar um Sistema de Informação sobre Formação, Recrutamento e Carreira de Professores;
quantificada das necessidades necessidades quantitativas futuras de quadros docentes.  Identificar as necessidades quantitativas de professores até 2020, nos vários níveis e disciplinas de ensino.
futuras de quadros docentes

Projecto 4.2 Adequação da rede de


Objectivos Acções
oferta de formação integrada às
i) Adequar a rede de oferta de formação de quadros médios e  Clarificar a política sobre o futuro nível de formação dos actuais quadros médios docentes;
necessidades de quadros médios e
superiores docentes.  Ajustar, a curto prazo, a rede de oferta de formação de quadros médios e superiores docentes.
superiores docentes

Projecto 4.3 Desenvolvimento de


uma rede de oferta de Objectivos Acções
Projectos/Acções profissionalização pedagógica de i) Desenvolver uma rede de oferta de formação de professores,  Criar a oferta de profissionalização pedagógica;
docentes, segundo o modelo segundo o modelo sequencial.  Implantar a oferta de formação de professores segundo o modelo sequencial.
sequencial

Projecto 4.4 Aumento significativo


Acções
da oferta de cursos de qualificação Objectivos
 Desenvolver a oferta de qualificação em metodologias específicas de ensino para formadores de professores;
de formadores de quadros docentes, i) Aumentar a oferta de cursos de qualificação de formadores de
 Incrementar a oferta da formação avançada em Ciências da Educação para formadores do ensino superior pedagógico,
de investigores e de especialistas em quadros docentes, investigadores e especialistas em educação.
investigadores e especialistas em administração da educação.
educação

Projecto 4.5 Implantação de Acções


Objectivos
dispositivos de promoção e garantia  Prodecer à acreditação profissional dos cursos do ensino superior pedagógico;
i) Criar dispositivos de promoção e garantia de qualidade da oferta
de qualidade da oferta de formação  Promover a avaliação para reconhecimento dos cursos médios como habilitação para a docência;
de formação de quadros docentes.
de quadros docentes  Proceder ao reconhecimento de cursos não direcionados para o ensino como habilitação própria para a docência.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública

O Programa de Formação abrange todo


o universo de Dirigentes e de
Quadros Superiores e Médios, actual
Balanço Necessidades
Necessidades e futuro, das carreiras do regime geral
 Formação total de 173.466 formandos, dos quais:
e dos regimes especiais da
− 104.000 actuais;
Administração Pública angolana,
− 69.466 novas entradas, estimadas até 2020.
exceptuando a Saúde, a Educação e a
Magistratura.

Objectivos Globais
 Globalmente o presente Programa de Acção visa desenvolver as competências dos dirigentes, quadros e Objectivos Específicos
técnicos nacionais da Administração Pública Central, Provincial e Local necessárias ao desempenho das suas  O objectivo específico do Programa de Acção é o de promover o desenvolvimento de um sistema sustentável de formação da
Objectivos funções, através de sistemas e programas integrados e estruturados de formação, tendo em vista a Administração Pública que assegure, nomeadamente, que até 2020, 173.466 formandos sejam abrangidos:
qualidade e eficiência do serviço público. Apoia-se no trabalho já feito pelas entidades angolanas e adopta − os actuais quadros (104.000) frequentem pelo menos uma acção de formação durante o ciclo;
uma filosofia incremental comportando, na sua execução, metodologias de ajustamento que a avaliação e a − os novos admitidos frequentem uma acção de formação inicial adequada (estimam-se em 69.466).
experiência revelarem necessários.

Acções
 Definir a política do Sistema Integrado de Formação da Administração Pública (SIFAP);
Projecto 5.1 Implementação de um Objectivos  Implementar um Sistema de Informação para a Gestão da Formação;
Sistema Integrado de Formação da Promover a criação de um Sistema Integrado de Formação da  Criar uma Comissão de Coordenação da Formação (CCF);
Administração Pública Administração Pública (SIFAP).  Reforçar a capacidade das entidades formadoras e dos seus recursos;
 Constituir um Fundo de Financiamento da Formação na Administração Pública;
 Articular a formação com o regime de carreiras e de chefias.

Objectivos
Acções
Desenvolver competências transversais (competências técnicas e
 Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação:
comportamentais potenciadoras de uma liderança forte e
− P1 Formação de alto nível para os actuais dirigentes de topo;
Projecto 5.2 Formação de mobilizadora em sintonia com as exigências da moderna gestão
Projectos/Acções − P2 Formação de valorização/reciclagem para os actuais dirigentes intermédios;
Valorização e Especialização para pública) e competências específicas (competências adequadas à
− P3 Formação para dirigentes a recrutar no exterior da função pública;
Quadros Dirigentes gestão de dossiers e recursos específicos, em consonância com as
− P4 Formação de especialização para dirigentes;
necessidades do cargo desempenhado em cada sector – ambiente,
− P5 Formação para quadros superiores potencialmente candidatos a cargos de alta direcção.
ordenamento, serviços de interesse geral, comércio, agricultura,
 Lançar em 2013-2014 63 cursos para os cinco tipos de programas de formação para 2.350 Quadros Dirigentes.
economia, etc.) de quadros dirigentes de topo e intermédios.

Acções
Objectivos
 Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação:
Projecto 5.3 Formação Geral e de Dotar os quadros superiores admitidos na carreira da
− P6 Formação inicial para quadros superiores
Especialização para Quadros Administração Pública dos conhecimentos transversais à função
− P7 Formação de valorização para quadros superiores
Superiores pública e ferramentas básicas de gestão bem como de
− P8 Diploma de especialização em legística
competências específicas em legística.
 Lançar em 2013-2014 41 cursos para os três tipos de programas de formação para 1.640 Quadros Superiores.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Acções
Objectivos
 Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação:
Projecto 5.4 Formação para Quadros Dotar os quadros médios admitidos na carreira da Administração
− P9 Formação inicial para Quadros Médios;
Médios Pública de conhecimentos e ferramentas transversais à função
− P10 Formação de valorização para Quadros Médios.
pública.
 Lançar, em 2013-2014, os primeiros cursos para os dois tipos de programas de formação para Quadros Médios.

Acções
 Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento dos Programas de Formação:
Objectivos
− P11 Formação contínua;
Projecto 5.5 Formação Comum a Desenvolver competências comuns dos dirigentes, quadros
− P12 Formação em Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação;
Dirigentes, Superiores e Médios superiores e quadros médios da Administração Pública Central,
− P13 Formação de apoio à modernização administrativa e desconcentração e descentralização.
Provincial e Local.
 Lançar, em 2013-2014, 295 cursos para os três tipos de programas de formação para 22.500 Quadros Dirigentes, Superiores e
Projectos/Acções Médios.

Acções
Objectivos
Projecto 5.6 Formação de  Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento do Programa de Formação:
Reforçar, em quantidade e qualidade, a bolsa de formadores que
Formadores − P14 Formação de Formadores;
alimenta o sistema de formação da Administração Pública.
 Lançar, em 2013-2014, 8 cursos para 240 Quadros.

Acções
 Desenvolver as actividades preparatórias ao lançamento do Programa de Formação:
Objectivos − P15 Formação para as carreiras de regime especial na área da Justiça
Projecto 5.7 Formação para Quadros
Desenvolver competências técnicas específicas necessárias ao − P16 Formação para a Administração Escolar (com componente de valorização pedagógica)
nas Carreiras do Regime Especial
desempenho dos cargos nas carreiras do regime especial. − P17 Formação integrada para o Ministério das Finanças
− P18 Formação de Apoio à Administração Hospitalar
 Lançar, em 2013-2014, 152 cursos para 6.780 Quadros.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial

 Balanço Necessidades-Oferta Interna - Metas 2013-2020


 Formação total de 175 mil formandos, dos quais:
− Formação Inicial em Empreendedorismo: 80.000;
− Capacitação Empresarial em Formação Contínua: 32.500;
Grupos-Alvo diferenciados > 3 Tipos − Capacitação Empresarial em Formação Avançada: 2.500;
de Acções: − Formação em Gestão de Empresas: 60.000.
a) Formação Inicial em  Destacam-se 11 Domínios Estratégicos de Formação, separados em Quadros Superiores e Quadros Médios:
Empreendedorismo - Candidatos − necessidades globais de cerca de 43 mil quadros com formação superior.
em geral a − oferta interna global de cerca de 52 mil diplomados pelo ensino superior;
empreendedores/empresários e
grupos específicos;  Oferta de Formação (dos 11 Domínios Estratégicos) Potencialmente Deficitária, a Nível Superior:
Necessidades b) Formação Contínua e Avançada Engenharia Mecânica (4.790) Engenharia Electrotécnica e Electrónica (2.150) Gestão Financeira e Contabilidade (2.020)
em Capacitação Empresarial – Engenharia Civil (1.640) Engenharia Alimentar (1.125)
Empresários em geral e grupos
específicos;
 Oferta de Formação (dos 11 Domínios Estratégicos) Potencialmente Excedentária, a Nível Superior:
c) Formação em Gestão de
Empresas – jovens para uma Direito (9.690) Economia (4.350) Gestão de Empresas (2.760)
graduação superior ou média e Engenharia Informática (2.010) Gestão de Recursos Humanos (1.560)
empresários, executivos e gestores
para uma formação pós-graduada.  Sem Oferta de Formação Actual (dos 11 Domínios Estratégicos), a Nível Médio:
Engenharia Alimentar (2.500) Gestão de Recursos Humanos (2.500)

 Oferta de Formação (dos 11 Domínios Estratégicos) Potencialmente Excedentária, a Nível Médio:


Contabilidade (40.000) Engenharia Informática (25.000) Engenharia Civil (11.500)

Objectivos Específicos
Objectivos Globais
 Desenvolver as qualificações e as competências, técnicas e comportamentais, de empreendedores, empresários e gestores;
 Promover o desenvolvimento económico e empresarial do País;
 Criar uma capacidade nacional de formação e capacitação de empreendedores, empresários e gestores;
Objectivos  Apoiar a criação de empresas e grupos económicos fortes;
 Fortalecer a capacidade técnica e de gestão das micro e PME’s angolanas;
 Criar condições para que os Centros Estratégicos de Decisão Económicos estejam sedeados em Angola.
 Criar uma capacidade nacional de prestação de serviços às empresas;
 Desenvolver redes de cooperação e parceria para a formação e capacitação de empreendedores, empresários e gestores.

174
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Acções
 Estruturar a formação inicial, assegurando competências em determinados domínios;
Objectivos  Definir o regime de incentivos e de apoios à formação de empreendedores;
i) Capacitar potenciais empreendedores, em particular jovens,  Proceder ao levantamento e avaliação das acções em curso de formação de empreendedores;
Projecto 6.1 Formação Inicial para o mulheres e ex-combatentes.  Criar Bolsas nacionais e provinciais de ideias e oportunidades de negócio;
Empreendedorismo ii) Formar 80 mil potenciais empreendedores, dos quais: 37,5%  Promover a constituição de uma Rede angolana de instituições de formação e capacitação de empreendedores;
jovens; 25% ex-combatentes; e 12,5% mulheres adultas,  Alargar, a nível nacional, e consolidar o sistema de Balcão Único do Empreendedor (BUE);
maioritariamente, oriundas de actividades informais.  Reforçar os meios do “Programa de Apoio ao Pequeno Negócio”;
 Renovar e reforçar os meios de Programas como “Meu Negócio, Minha Vida”;
 Organizar e implementar um “Programa de Reconversão da Economia Informal”.

Acções
Objectivos
 Elaborar um “Programa de Formação e Capacitação de Empresários”;
i) Elevar, de forma sustentada, os conhecimentos, competências,
 Definir os tipos de formação: Formação Contínua e Formação Avançada;
capacidade de gestão e de organização dos empresários
 Estruturar a Formação e Capacitação de Empresários, com base nos níveis de formação Básico, Médio e Avançado, todos eles
Projecto 6.2 Capacitação angolanos, em particular das micro, pequenas e médias
certificados;
Empresarial empresas.
 Promover a criação, em regime de parceria pública-privada, de uma entidade específica para apoiar o empreendedorismo e
Projectos/Acções ii) Capacitar 32.500 empresários, através de formação contínua.
coordenar a formação e capacitação de empreendedores e empresários (“Academia do Empreendedor e Empresário Angolano”,
iii) Promover a formação avançada de 2.500 empresários, com
ou similar);
habitação adequada e revelante experiência profissional.
 Apoiar o Associativismo Empresarial em todo o território nacional.

Acções
Objectivos
 Promover a avaliação dos planos de estudo dos cursos existentes, a nível superior e médio;
i) Promover a formação de qualidade, a nível superior e médio, de
 Introduzir medidas de contenção moderada na oferta de formação superior em “Gestão de Empresas”;
jovens, em gestão e organização de empresas.
 Promover a reorientação da oferta e da procura de formação superior em “Gestão de Empresas” para “Gestão Financeira e
ii) Promover a graduação de 12.500 jovens em “Gestão de
Contabilidade”;
Empresas” e “Gestão Financeira e Contabilidade”.
Projecto 6.3 Formação em Gestão de  Introduzir fortes medidas de contenção na oferta de formação média em “Gestão Financeira e Contabilidade”;
iii) Incentivar a pós-graduação, académica e profissional, em
Empresas  Promover o alargamento de mercado na área da “Gestão Financeira e Contabilidade”;
“Gestão de Empresas” e “Gestão Financeira e Contabilidade” de
 Limitar a concessão de vistos de trabalho na área da contabilidade;
7.500 licenciados e executivos.
 Apoiar a criação de uma capacidade técnica nacional de prestação de serviços às empresas, nas áreas da Gestão Financeira,
iv) Promover a formação, de nível médio, no máximo de 40 mil
Fiscalidade e Contabilidade;
jovens em “Gestão Financeira e Contabilidade” e “Gestão
 Promover a organização de “Jogos de Gestão” e instituir “Prémios” para os Melhores Gestores e Alunos de Gestão de Empresas;
Comercial e Marketing”.
 Incentivar a investigação aplicada em “Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial”.

175
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

9.2. Programação Financeira

Despesas Investimento Despesas de Funcionamento


Total
Construção e Equipam. Salários Outras Despesas
(milhões de USD) (milhões de USD) (milhões de USD)
Programas
Programa de Acção 1: Formação de Quadros Superiores 1.270,00 1.004,40 251,10 2.525,50
Programa de Acção 2: Formação de Quadros Médios - 132,5 33,1 165,6
Programa de Acção 3: Formação de Professores e de Investigadores para o Ensino Superior e SNCTI - 183,60 45,90 229,50
Programa de Acção 4: Formação de Quadros Docentes e de Especialistas e Investigadores em Educação - - - -
Programa de Acção 5: Formação de Quadros para a Administração Pública - 43,9 18,70 62,60
Programa de Acção 6: Formação de Quadros para o Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial - 38,36 11,51 49,87
Total 3.033,07

176
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Anexos

177
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Anexo 1 I Guião Metodológico


GRUPOCESOCI
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS
Guião Metodológico

Junho 2012

31 Anos de Actividade em Angola


1981-2012

// ceso ci Internacional, sa // ceso ci Angola, sarl


Av. Elias Garcia, 123, 4º andar 1050-098 Lisboa Rua Engrácia Fragoso, 49, 2º esq.;
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Sumário

A. Contexto ............................................................................................................................................................................................. 2
B. Objectivos da Assistência Técnica ............................................................................................................................................ 5
C. Resultados.......................................................................................................................................................................................... 6
D. Actividades a Desenvolver ........................................................................................................................................................... 7
E. Orientações Gerais .......................................................................................................................................................................... 8
F. Tarefas Gerais ................................................................................................................................................................................ 10
G. Desenho Preliminar do Produto Final. Percurso Metodológico. ............................................................................... 11
H. Equipa Técnica ............................................................................................................................................................................... 14

Plano Nacional de Formação de Quadros «1


Guião Metodológico
A. Contexto
1. A “Estratégia Nacional de Formação de Quadros (ENFQ) necessita de ser levada à prática. Para tal e
conforme Recomendação da ENFQ, deverá ser elaborado o respectivo instrumento de planeamento:
“Plano Nacional de Formação de Quadros” (PNFQ).

2. De acordo com a Lei Nº 1/11, de 14 de Janeiro, que aprovou a “Lei de Bases do Regime Geral do
Sistema Nacional de Planeamento”, poderá ser considerado um Plano Integrado de Acção Pluri-
Anual (artº 15º).

Como tal, deverá contemplar, nomeadamente, os seguintes elementos, quer para o período de
programação, quer anualmente:
a) Objectivos, estratégias, programas e actividades;
b) Accões organizadas por programa, dividido em projectos e actividades;
c) Metas físicas e financeiras e indicadores de desempenho;
d) Recursos técnicos, materiais e humanos;
e) Orçamento e fontes de financiamento;
f) Entidades responsáveis pela execução, avaliação e monitoria.

3. A “ENFQ” apresenta um detalhe significativo, quer em matéria de metas e objectivos, quer quanto aos
Programas de Formação e Capacitação, elaborados para materializar a ENFQ. Estes Programas são
os seguintes:

i) Programa de Formação e Capacitação de Quadros para o Desenvolvimento Económico, divididos em


10 Sub-Programas para os seguintes Mega-Clusters:
1. Geologia, Minas e Indústria;
2. Petróleo e Gás Natural;
3. Energia e Águas;
4. Florestal;
5. Alimentação e Agro-Indústria;
6. Habitat;
7. Turismo e Lazer;
8. Transportes e Logística;
9. Actividades Financeiras;
10. Telecomunicações e Tecnologias;

ii) Programa de Formação e Capacitação de Quadros para a Administração Pública (Central, Provincial
e Autárquica);

iii) Programa de Formação e Capacitação para o Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial;

iv) Programa de Formação e Capacitação de Quadros para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico;

Plano Nacional de Formação de Quadros «2


Guião Metodológico
v) Programa de Formação e Capacitação de Quadros para o Desenvolvimento Social, Cultural e
Institucional, dividido em 2 Sub-Programas, para as seguintes áreas:
11. Saúde e Bem-Estar Social;
12. Educação e Cultural.

4. Cada um destes Programas e Sub-Programas está estruturado, de forma sintética, em:


 Fundamentação;
 Objectivos;
 Actividades a Desenvolver;
 Resultados Esperados.

5. A ENFQ seleciona 41 Domínios Estratégicos de Formação-Base, a nível de Licenciatura, que se


encontram identificados em cada um destes Programas e Sub-Programas de Formação e Capacitação. É
uma orientação muito importante para o PNFQ que deverá detalhar e propor prioridades para a sua
afectação ao sistema nacional de ensino-formação e à oferta formativa internacional.

Para estes domínios foram definidas situações deficitárias e excedentárias e de equilíbrio entre as
projecções de oferta e procura de formações.

Foram previstos 10 Domínios Potencialmente Excedentários, que poderão gerar, até 2020, um
excedente total de 16 milhares de formandos e 25 Domínios Deficitários que poderão gerar um
deficite de 60 mil formandos. Somente em 6 Domínios se prevê uma tendência para o equilíbrio.

6. A ENFQ estabelece os seguintes objectivos, que deverão orientar o “PNFQ”:

Objectivos Gerais:

i) Apoiar o desenvolvimento, quantitativo e qualitativo, do potencial humano de Angola, condição


essencial para a sustentabilidade do desenvolvimento económico, social e institucional e inserção
internacional competitiva da economia do País;
ii) Assegurar a formação e qualificação de recursos humanos qualificados e altamente qualificados
que correspondam às necessidades de desenvolvimento do País;
iii) Promover o ajustamento, quantitativo e qualitativo, entre as necessidades e a oferta formativa
nacional.

Objectivos Específicos:

i) Garantir a criação de uma eficiente e eficaz “Capacidade Nacional de Formação e Capacitação de


Quadros” que articule o ensino técnico-profissional e o ensino superior;
ii) Promover a constituição de uma fileira efectiva de educação-formação para o ensino técnico e
tecnológico, incentivando a formação de técnicos, engenheiros e tecnólogos;
iii) Promover o desenvolvimento e consolidação do ensino superior de acordo com as necessidades
efectivas do País e de acordo com a ENFQ;

Plano Nacional de Formação de Quadros «3


Guião Metodológico
iv) Estruturar e desenvolver um Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia que corresponda, de forma
sustentável, às necessidades e prioridades de Angola;
v) Assegurar a formação e qualificação das Profissões Estratégicas, Nucleares e Complementares,
definidas na ENFQ, de acordo com as Metas estabelecidas;
vi) Assegurar uma formação profissional de excelência na Administração Pública, através de
intervenções articuladas e programadas de natureza diversa (dirigentes e gestores, formação de
vocação sectorial ou transversal);
vii) Melhorar as condições de produtividade e rendibilidade do tecido empresarial angolano,
dotando-o, de forma progressiva, de empresários, gestores e quadros nacionais, qualificados e
motivados.

7. As Metas estabelecidas pela ENFQ, para 2020, são relativamente exigentes e implicam um rigoroso
processo de programação, avaliação e monitoria dos diferentes Programas de Acção e Medidas de
Política que deverão consubstanciar o “Plano Nacional de Formação de Quadros”:
i) Deverão ser formados até 2020 cerca de 1 Milhão de Novos Quadros, dos quais 250 mil
deverão integrar o Grupo “Dirigentes, Gestores e Quadros Superiores”, o que significará um
acréscimo de 90% em relação a 2010 e a duplicação do número de Quadros Médios (de 879
para 1720 milhares em 2020);
ii) Quase triplicar o número de médicos (de 3 mil para 8,5 milhares);
iii) Mais do que multiplicar por 4 o número de alunos diplomados, anualmente, no ensino
superior (de 5,7 para 22 milhares);
iv) Mais do que quadruplicar o número de alunos diplomados, anualmente, pelo ensino
técnico-profissional;
v) Atingir em 2020 cerca de 6 mil cientistas e engenheiros em I&D;
vi) Mais do que triplicar o número de professores do ensino superior e do ensino técnico-
profissional.

Plano Nacional de Formação de Quadros «4


Guião Metodológico
B. Objectivos da Assistência Técnica
8. A Assistência Técnica será responsável pela elaboração do “Plano Nacional de Formação de
Quadros”, de acordo com o estabelecido na Lei de Bases do Sistema Nacional de Planeamento e tendo
como objectivos centrais:
i) Contribuir para que a oferta de Quadros, assegure as necessidades da procura necessárias ao
desenvolvimento do País, promovendo a redução sustentável de desequilíbrios através de:
- Oferta Interna de Ensino-Formação;
- Oferta Externa de Ensino-Formação;
- Recrutamento na Diáspora;
- Recrutamento Externo (individual / contratualizado);
ii) Garantir que os diferentes Programas de Acção por Domínios de Formação e Níveis de
Qualificação e Medidas de Política, são implementados, de forma gradual, mas progressiva;
iii) Estabelecer a Programação Anual e Pluri-Anual dos Programas de Acção, Medidas de
Política e Investimento.

Plano Nacional de Formação de Quadros «5


Guião Metodológico
C. Resultados
9. Para que estes objectivos sejam alcançados, a Assistência Técnica deverá assegurar, nomeadamente, os
seguintes Resultados:
1) Metas Estabelecidas para 2020 Validadas
2) Necessidades de Quadros, incluindo para Programas e Projectos Estruturantes
3) Actividades e Resultados dos Programas de Acção por Domínios e Níveis de Qualificação,
envolvendo nomeadamente:

▪ Programação da Oferta Interna por Curso


- Oferta Existente
- Oferta a Criar
▪ Programação da Oferta Externa por Curso
▪ Programação de Recrutamento na Diáspora
▪ Programação de Recrutamento Externo
4) Investimentos Necessários Programados
5) Medidas de Política Programadas
6) Elaboradas Propostas de Reestruturação da Política de Bolsas e de Política Nacional de
Captação de Quadros na Diáspora
7) Responsabilidades, Agentes e Metodologia de Execução Definidos

10. O Horizonte Temporal da Estratégia Nacional de Formação de Quadros é 2020. O Plano Nacional de
Formação de Quadros terá igualmente este horizonte.
Todavia, será elaborado um Plano de Acção detalhado para o biénio 2013-2014.

Plano Nacional de Formação de Quadros «6


Guião Metodológico
D. Actividades a Desenvolver
11. Para que estes Resultados sejam alcançados, haverá que desenvolver, um conjunto de Actividades, de
que se destacam:
i) Completar a informação em falta, incluindo as Necessidades de Quadros para Programas e
Projectos Estruturantes e formular e/ou rever metas fixadas para 2020;
ii) Proceder à Avaliação de Desequilíbrios, Oferta-Procura de Quadros;
iii) Elaborar a Programação Pluri-Anual e Anual de Actividades e Resultados dos Programas de
Acção por Domínios e Níveis de Qualificação, com indicação de:
 Cursos de graduação, a nível médio e superior, e pós-graduação (existentes e a criar), a
afectar prioritariamente aos estabelecimentos nacionais, existentes ou a criar;
 Formações, graduadas ou pós-graduadas, a orientar preferencialmente para
estabelecimentos universitários estrangeiros;
 Possibilidades de captação de quadros angolanos na diáspora;
 Eventual necessidade de contratação de quadros estrangeiros.
iv) Elaborar a Programação de Investimentos Necessários para a Implementação da ENFQ;
v) Proceder à Programação de Medidas de Política;
vi) Elaborar Propostas de Orientações Gerais para a Reestruturação da Política Nacional de Bolsas e
para a Definição de uma Política Nacional de Captação de Quadros na Diáspora;
vii) Propor a definição de responsabilidades para os Agentes de Execução que sejam definidos e
identificar a metodologia geral de implementação, monitorização e avaliação do PNFQ.

Plano Nacional de Formação de Quadros «7


Guião Metodológico
E. Orientações Gerais
12. A Equipa deverá proceder à leitura atenta da ENFQ (Relatório Final, Anexos 1, 2, 4, 6, 7, 9, 10). Atenção
especial ao Capítulo 10 e às Conclusões e Recomendações. Está disponível um “Extracto” da ENFQ.

13. No plano quantitativo (estimativas e projecções), existem alguns elementos mais sensíveis, que a
elaboração do PNFQ deverá testar e validar.

Exemplos:
i) Distribuição das Empresas por Pessoal ao Serviço (Q. III.2)
ii) Distribuição do Emprego Privado por Quadros (Pág. 27)
iii) Stock de Quadros na Administração Pública (Q. III.4)
iv) Stock de Quadros nos Sectores de Educação, Ensino Superior, Ciência e Tecnologia e Saúde (Q.III.5).

14. A ENFQ tem como horizonte 2020. Na prática o horizonte será 2013-2020.

Os Planos de Médio Prazo em Angola, de acordo com a Lei de Bases Gerais do Sistema Nacional de
Planeamento, devem coincidir com as legislaturas (5 anos).

No caso presente, o PNFQ deveria ter o horizonte 2013-2017.

Todavia, por indicação do cliente, far-se-á uma Programação Mais Geral até 2020 e um Programa
de Acção (Detalhado) para o Biénio 2013-2014.

15. Ao nível de cada Programa de Acção, convirá tomar em consideração o seguinte:


i) Na Elaboração do PNFQ, o ponto focal deverão ser as “Actividades a Desenvolver” em cada
domínio e nível de qualificação, detalhando e concretizando em particular para o biénio 2013-
2014, nomeadamente, os seguintes tópicos:
 Determinação das vias a serem utilizadas para assegurar em 2020 a convergência entre a
procura e oferta formativas, a nível nacional, nos Domínios de Formação (Superior e Média)
Estratégicos;
 Caracterização das Acções que devem ser desenvolvidas sobre a oferta interna, ETP e
Ensino Superior (estabelecimentos de ensino, cursos, número de vagas, número de
professores, salas de ensino…) em termos positivos ou negativos.
 Determinação do volume de quadros a mobilizar no exterior, através de:
i) Captação na diáspora;
ii) Contratação programada.
 Caracterização de 2 a 3 instituições de ensino superior, a nível internacional, para a
formação de quadros e investigadores angolanos, susceptíveis de assegurar, em Luanda
e/ou no estrangeiro, sob forma contratualizada:
i) Formação graduada (licenciatura);
ii) Formação pós-graduada (mestrados, doutoramentos e pós-doutoramentos);
iii) Formação pós-graduada profissionalizante (cursos de especializações);

Plano Nacional de Formação de Quadros «8


Guião Metodológico
iv) Programas e bolsas para investigadores.
 Identificação, em convergência com a orientação anterior, de prioridades e países
destinatários em matéria de bolsas de estudo.

16. O Programa de Formação e Capacitação para a Administração Pública, dada a sua natureza
especial e transversal, deverá:
i) Articular de forma coerente as quatro modalidades de formação (formação inicial, qualificação
e valorização, reconversão e reciclagem, formação contínua).
ii) Visar a criação de um sistema integrado, em rede e matricial:
 Nacional, Provincial e Municipal;
 Nacional e Sectorial.
iii) Articular as instituições específicas de formação para a Administração Pública (ENAD, IFAL…)
com as instituições do sistema formal de ensino, por forma a garantir a permutabilidade de
diplomas, certificados e “unidades de crédito” (se existirem).
iv) Planear o desenvolvimento da qualificação para as carreiras específicas.

17. As Medidas de Políticas (Cap. X.9) – Gerais e Específicas – deverão ser sequenciadas e priorizadas
para 2013, 2014 e “Anos Seguintes”.

Plano Nacional de Formação de Quadros «9


Guião Metodológico
F. Tarefas Gerais
18. A elaboração do PNFQ assentará em tarefas gerais e comuns e tarefas especificas afectas a cada
consultor.

Entre as tarefas gerais destacamos:


i) Participar na validação/confirmação das metas para 2020 e estabelecer metas para: 2013 e
2014.
ii) Participar na recolha de informação que se encontre em falta ou insuficiente na ENFQ.
iii) Participar na Avaliação de Necessidades de Quadros para Programas e Projectos Estruturantes
para 2013-2014 e 2015-2020.
iv) Identificar os Recursos Necessários para 2013-2014 e 2015-2020, em cada Domínio
Estratégico de Formação e em cada Programa de Formação e Capacitação.
v) Participar na Programação das Medidas de Politica para 2013-2014 e 2015-2020.

Plano Nacional de Formação de Quadros « 10


Guião Metodológico
G. Desenho Preliminar do Produto Final.
Percurso Metodológico.
19. Em termos simplificados, poder-se-á afirmar que, considerando as Orientações Gerais anteriores, o
PNFQ assenta na seguinte lógica:
i) A ENFQ prevê as Necessidades de Quadros Superiores e Médios para o Horizonte 2020, por
Profissões Estratégicas (Nucleares e Complementares), agrupadas em 9 Grandes Domínios do
Conhecimento e respectivos Sub-Domínios. Em função do tempo disponível, proceder-se-á, de
forma autónoma e agregada à caracterização das necessidades de Quadros dos Programas e
Projectos Estruturantes mais relevantes.
ii) Tendo em vista a elaboração do balanço entre estas necessidades e a oferta nacional de
formação, foram selecionados 41 Domínios/Subdomínios de Formação, exclusivamente a
Nível Superior (designados por “Domínios Estratégicos de Formação a Nível Superior”).
O mesmo é dizer que:
 O “Balanço” não abrangeu todos os Subdomínios de Formação. Alguns considerados
não estratégicos, não foram objecto de “Balanço”.
 O “Balanço” circunscreveu-se à Formação de Nível Superior (Licenciatura) priorizando
as Formações-Base (Exs: Engenharia Informática ou Economia) e remetendo para as pós-
graduações académicas e/ou profissionalizantes as especializações (Exs: Administração de
Redes e Sistemas ou Integração Económica).
Ou seja, não foi feito balanço para outros níveis de formação superior
(bacharelato/pós-graduação) e de formação média.
iii) O “Balanço” permitiu prever 10 Domínios Potencialmente Excedentários, 25 Domínios
Deficitários e 6 onde se prevê convergência entre a procura e a oferta de licenciados.
iv) O PNFQ partirá dos 41 Domínios Estratégicos de Formação para avaliar se a evolução
prevista da oferta interna de formação a nível de licenciatura, poderá responder às
necessidades no horizonte 2020, e quais as acções prioritárias a realizar em 2013 e 2014,
para que tal aconteça.
Nos casos em que se preveja que a oferta interna não conseguirá responder às
necessidades, mesmo considerando a sua capacidade tendencial, deverão ser estudadas
soluções complementares, como sejam:
 Alargar a oferta interna através de: criação de mais vagas e de turmas, introdução do
ensino nocturno, criação de novas unidades de formação (faculdades, institutos, escolas
superiores) ou introdução do ensino à distância, com ou sem, o apoio estruturado de
estabelecimentos de ensino superiores estrangeiros. Consequentemente, haverá que
determinar o impacto na necessidade de recursos humanos (docentes, pessoal não
docente), recursos físicos e tecnológicos (instalações, meios pedagógicos, recursos
tecnológicos) ou recursos financeiros (investimento, gastos recorrentes).
 Recorrer à oferta externa.
 Captar de forma específica e orientada, quadros angolanos na Diáspora.
 Contratar, de forma estruturada e programada, quadros estrangeiros, de forma
temporária ou não, conforme as necessidades.

Plano Nacional de Formação de Quadros « 11


Guião Metodológico
v) Complementarmente à formulação destas “respostas”, haverá que fundamentar, programar e
caracterizar Medidas de Política, em particular as referentes às Políticas de Atribuição de
Bolsas e de Captação de Quadros na Diáspora.

20. Dada a sua especificidade, serão objecto de capítulos autónomos e integrados, as seguintes áreas:
Administração Pública, Sistema Científico e Tecnológico, Formação de Professores e
Desenvolvimento Empresarial.

21. O Percurso Metodológico assentará, fundamentalmente, nos seguintes Passos:


1º Completar Lacunas de Informação da ENFQ nomeadamente:
a) Necessidades de Quadros Médios para os Domínios de Formação;
b) Necessidades de Quadros Superiores graduados e pós-graduados, quer de vocação
académica (Mestrado  Doutoramento) quer de vocação profissionalizante (Mestrado vs
Diploma de Especialização);
c) Estrutura e capacidade formativa de Oferta do Ensino Técnico-Profissional/Ensino Médio;
d) Estrutura e capacidade formativa de Oferta dos Estabelecimentos do Ensino Superior;
e) Estrutura e capacidade formativa de oferta dos 15 Estabelecimentos Privados de Ensino
Superior criados, após a inclusão da ENFQ;
f) Levantamento dos Programas de Cooperação Internacional existentes, quer para o Ensino
Superior e Sistema Científico e Tecnológico, quer para a Formação de Professores.
2º Proceder à Validação e Programação Anual das Metas Estabelecidas pela ENFQ.
3º Definir o Quadro Geral de Necessidades de Quadros para o Horizonte 2020 e para o
Biénio 2013-2014, em cada um dos Domínios Estratégicos de Formação, para os
seguintes Níveis:
a) Ensino Médio/Técnico-Profissional;
b) Ensino Superior Graduado (Licenciatura);
c) Ensino Superior Pós-Graduado (Mestrado)
d) Ensino Superior Pós-Graduado (Doutoramento);
e) Ensino Superior Pós-Graduado de Vocação profissional (Diplomas de Especialização).
4º Definir para cada Domínio Estratégico de Formação os tipos de “Resposta” mais
adequados e pragmáticos.
5º Elaborar a Programação 2013-2020 e 2013-2014 dos Tipos de “Resposta” para cada
Domínio Estratégico de Formação e por Níveis de Formação com identificação dos Recursos
Humanos, Físicos, Tecnológicos e Financeiros necessários.
6º Proceder à Programação dos Investimentos Necessários para 2013-2020 e 2013-2014, de
acordo com a estrutura estabelecida para a Programação do Investimento Público.
7º Definir a Programação das Medidas de Política para 2013-2020 e 2013-2014.
8º Elaborar os documentos de “Política de Captação de Quadros na Diáspora” e de “Política de
Atribuição de Bolsas de Estudo”.
9º Formular o Modelo-Tipo de Cooperação Estruturada com Universidades e Centros de
Investigação tendo em vista a Formação e Capacitação de Quadros, Docentes e Investigadores.

Plano Nacional de Formação de Quadros « 12


Guião Metodológico
10º Elaborar o PNFQ 2013-2020 e o Programa de Acção 2013-2014 que tome em consideração
a estrutura-padrão de um “Plano Integrado de Acção Pluri-Anual”, conforme estabelecido na
Lei do SNP.
11º Serão elaborados dois documentos Finais:
a) Um “Relatório Técnico” que corresponderá ao PNFQ 2013-2020 e ao Programa de Acção
2013-2014;
b) Um “Relatório Administrativo” que descreverá, de forma sintética, o “Processo
produtivo” do PNFQ.

22. O PNFQ terá a seguinte estrutura (Provisória):


Nota Prévia
Siglas e Acrónimos
I – Metodologia
II – Evolução Revista do Stock Nacional de Quadros (2010-2015-2020)
III – Quadro Geral de Necessidades de Quadros (Revisto e Actualizado)
III.1 – Domínio Estratégico de Formação e Níveis de Formação
III.2 – Programa de Formação e Capacitação
IV – Resposta Integrada às Necessidades de Formação de Quadros, por Domínios e Níveis de
Formação, para 2013-2020 e 2013-2014.
IV.1 – Oferta Interna
IV.2 – Oferta Externa
IV.3 – Captação na Diáspora
IV.4 – Contratação, Estruturada e Programada de Quadros Estrangeiros
V – Capítulos Administração Pública, Sistema Científico e Tecnológico, Desenvolvimento
Empresarial e Formação de Professores
VI - Programação de Medidas de Política
VII – Programação de Recursos (2013-2020; 2013-2014)
VIII – Programas de Formação e Capacitação Revistos Actualizados para 2013-2020 e 2013-2014
IX – Programa de Acção 2013-2014
X - Entidade e a metodologia de implementação, monitorização e avaliação do PNFQ
XI – Conclusões e Recomendações

Plano Nacional de Formação de Quadros « 13


Guião Metodológico
H. Equipa Técnica
23. A Equipa Técnica terá a seguinte composição:
Coordenação
i) Prof. Doutor Américo Ramos dos Santos – Coordenação Geral.
ii) Dr. Lopo do Nascimento – Coordenação Local.
iii) Prof. Doutor Bártolo de Paiva Campos – Director do Projecto.
Peritos
Expatriados:
i) Dr.ª Rita Araújo – Coordenação na Sede. Programação, Investimento e Financiamento.
Metodologia de Implementação, Monitorização e Avaliação do PNFQ
ii) Prof. Doutor Pedro Lourtie – Ensino Superior e Sistema Científico e Tecnológico
iii) Prof. Doutor Rui Moura – Ensino Técnico-Profissional
iv) Dr.ª Filomena Fonseca – Ensino Técnico-Profissional. Formação de Professores.
v) Dr.ª Isabel Corte-Real – Administração Pública
vi) Dr.ª Teresa Oleiro – Administração Pública
vii) Dr.ª Célia Pires – Coordenação Operacional
Nacionais
i) Dr. Aonig d’Alva – Ensino Técnico-Profissional. Formação de Professores
ii) Dr.ª Belmira Sardinha – Ensino Superior
iii) Prof. Dr. Manuel António Mufuty – Ensino Técnico-Profissional
iv) Prof. Dr. Manuel Azancot de Menezes – Ensino Superior. Formação de Professores
v) Prof. Dr. José Amaro Hossy - Administração Pública
Equipa Nacional Contraparte (a designar)
 Casa Civil da Presidência da República de Angola (Gabinete de Quadros)
 Ministérios:
- Planeamento;
- Administração Pública, Emprego e Segurança Social;
- Administração do Território;
- Educação;
- Ensino Superior, Ciência e Tecnologia;
- Economia.

Plano Nacional de Formação de Quadros « 14


Guião Metodológico
24. A Equipa Técnica terá a seguinte organização, sem prejuízo de ajustamentos necessários:
i) Coordenação e Redação dos Relatórios Técnico e Administrativo. Programação e
Investimento:
- Américo Ramos dos Santos
- Bártolo Paiva Campos
- Lopo do Nascimento
- Rita Araújo
- Célia Pires
ii) Ensino Superior e Sistema Científico e Tecnológico:
- Pedro Lourtie (Coordenação)
- Manuel Azancot Menezes
- Belmira Sardinha
iii) Administração Pública:
- Isabel Corte-Real (Coordenação)
- Teresa Oleiro
- José Amaro Hossy
iv) Ensino Técnico-Profissional:
- Rui Moura (Coordenação)
- Filomena Fonseca
- Manuel António Mufuty
- Aonig d’Alva
v) Formação de Professores:
- Filomena Fonseca
- Manuel Azancot Menezes
- Aonig d’Alva
vi) Equipa Nacional Contraparte (a designar)
- Representante da Casa Civil
- Representante do MAPESS
- Representante do MAT
- Representante do MESCT
- Representante do MED
- Representante do MINPLAN
- Representante do MINEC

Plano Nacional de Formação de Quadros « 15


Guião Metodológico
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Anexo 2 I Metodologia de Identificação das Necessidades de


Formação Pós-Graduada
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Metodologia de Identificação das Necessidades de


Formação Pós-Graduada

As necessidades de formação avançada foram calculadas para três segmentos: o corpo docente e de investigação
das instituições de ensino superior para os cursos dos domínios estratégicos; o restante corpo docente das
instituições de ensino superior; e os investigadores das áreas de incidência da Política Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação.

Os dados disponíveis apontam para a existência de cerca de 2700 docentes no ensino superior público e fornecem
a percentagem de docentes das várias categorias. Com base nestes dados, o número de professores auxiliares,
associados e titulares do ensino superior público será de cerca de 820. Admitiu-se, de acordo com a carreira
docente existente, que estes docentes têm já formação avançada, os professores associados e titulares a nível de
doutoramento e os professores auxiliares a nível de mestrado.

Não há dados do ensino superior privado, mas supôs-se, para efeitos do cálculo de necessidades, que é reduzido,
podendo ser ignorado, o número de docentes do ensino superior privado detentores de formação avançada que
não são simultaneamente docentes do público.

Partiu-se igualmente do número de alunos, considerando o do ensino superior público, do privado e o número de
alunos adicional para, tendo em conta a taxa de conclusão determinada anteriormente, produzir o número
adicional de diplomados necessários para dar resposta nos domínios estratégicos. Chega-se, assim, a um número
de alunos próximo de 180000 que não será o número total de alunos, visto se não estar a considerar o crescimento
do número de alunos nos domínios não estratégicos. No entanto, a opção de não incluir estes domínios resulta de
se considerar que deve ser privilegiada a formação do corpo docente para os domínios estratégicos, incluindo as
respectivas necessidades de crescimento, e que nos demais domínios apenas se visa consolidar o corpo docente
existente.

O total de docentes foi calculado considerando um rácio global de um docente para 20 alunos. Os dados
disponíveis dos rácios actuais apresentam valores totalmente díspares e pouco credíveis, pelo que não foram
utilizados. Do número de docentes assim calculado foi considerado que 20% deveriam ser doutores (professores
associados e titulares) e 40% mestres (professores auxiliares). Estes são valores que, não sendo ideais, permitirão
um enquadramento minimamente adequado do corpo docente.

Ao número de doutores e mestres necessários, deduziram-se os actualmente existentes, conforme estimado acima,
o que permitiu calcular o número de mestrados e doutoramentos necessários, considerando que os doutoramentos
serão precedidos da frequência de mestrado.

Para obter o total de mestrados e doutoramentos, adiciona-se ao valor anterior um número de 120 doutores para
reforço das unidades de investigação e desenvolvimento nas áreas de incidência da Política Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação. Do total de mestrados e doutoramentos para formação do corpo docente considerou-se que
60% se destinavam aos domínios estratégicos, privilegiando, assim, estes domínios que representarão
previsivelmente, já com o reforço para satisfação das necessidades, uma percentagem inferior a esse valor.

Para cada domínio estratégico, determinou-se o número de alunos padrão até 2020, ou seja, o número de alunos
que deveria existir em cada domínio para que fossem satisfeitas as necessidades totais previstas e admitindo uma
taxa de conclusão de 100%.
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Deste número de alunos padrão, determinou-se o número de docentes padrão, usando rácios diferentes consoante
o domínio, constantes da tabela, adaptado dos rácios previstos na legislação portuguesa de 2006.

Com base na mesma proporção de 40% de mestres e 20% de doutores, determinou-se a necessidade de mestrados
e doutoramentos. Para o cálculo final, a estes foram deduzidos os que estavam em formação no estrangeiro em
2011, ano para o qual se dispõe de informação dos bolseiros no exterior por domínio.

Finalmente, reduziu-se o número de mestres e doutores em domínios em que as necessidades são muito elevadas e
em que se pode antever que as necessidades em regime permanente serão significativamente menores do que as
transitórias até 2020, como no caso da Enfermagem.

No caso da Artes, em que não há, a nível internacional, uma oferta generalizada de doutoramentos, considerou-se
em alternativa a realização de estágios de investigação.

Domínios Rácio (alunos/docente)


Artes do espetáculo 5
Medicina e Medicina Dentária 6
Enfermagem 8
Ciências Veterinárias 9
Ciências da Engenharia, Exatas, Naturais, Farmacêuticas e Agronómicas 11
Design, Arquitetura, Psicologia e Ciências da Comunicação 12
Matemática 14
Economia, Gestão e Turismo 17
Contabilidade 18
Letras, outras Ciências Sociais, Direito e Ciências Políticas 20
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Anexo 3 I Proposta de Documento Orientador sobre a


Política de Formação Profissional na Administração Pública
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Sistema Integrado de Formação da Administração Pública (SIFAP)


A) Conceitos, Direitos, Objectivos e Princípios

Conceito de formação profissional. Entende-se por formação profissional o processo global e permanente
através do qual os funcionários bem como os candidatos a funcionários sujeitos a um processo de recrutamento e
selecção, se preparam para o exercício de uma actividade profissional, através da aquisição e do desenvolvimento
de competências, cuja síntese e integração possibilitam a adoção dos comportamentos adequados ao desempenho
profissional e à valorização pessoal e profissional.

Direito e dever de formação profissional. A formação profissional visa desenvolver competências necessárias ao
desempenho das missões e competências de serviço público. É dever dos funcionários melhorarem e aperfeiçoarem
as suas competências para o desempenho de funções. Existe direito à formação, quando a sua frequência é
legalmente obrigatória na sequência de concurso de admissão ou para promoção. A autorização da frequência de
ações não pode prejudicar o normal funcionamento dos serviços.

Objectivos da formação profissional. A formação profissional tem, designadamente, por objectivos:


 Contribuir para a eficiência, a eficácia e a qualidade dos serviços;
 Melhorar o desempenho profissional dos funcionários, fomentando a sua criatividade, a inovação, o espírito de
iniciativa e a qualidade dos serviços prestados;
 Assegurar a qualificação dos funcionários;
 Contribuir para a mobilidade dos efectivos da Administração Pública;
 Contribuir para a realização pessoal e profissional dos funcionários preparando-os para o desempenho das
diversas missões que lhes estão confiadas;
 Complementar as competências técnicas adquiridas no sistema educativo.

Princípios. A formação profissional prosseguida na Administração Pública obedece aos seguintes princípios:
 Universalidade, porque abrange genericamente os funcionários e agentes, bem como os candidatos a
funcionários;
 Continuidade, porque se reveste de uma função de educação permanente ao longo de toda a carreira;
 Utilidade funcional, porque se relaciona com as necessidades do serviço público e da sua gestão, com a
política de qualidade do pessoal e de emprego público, com as necessidades de carácter organizativo e as
aspirações de desenvolvimento socioprofissional dos respetivos funcionários e agentes;
 Multidisciplinaridade, porque abarca diversos ramos de conhecimento;
 Desconcentração e descentralização, porque procura diversificar os locais de realização das ações de
formação, procurando facilitar o acesso às mesmas;
 Complementaridade, enquanto sequência natural do sistema educativo.

B) Estrutura da Formação Profissional

Formação inicial. Visa habilitar os formandos com conhecimentos e competências para o exercício das respectivas
funções. Pode desenvolver-se em dois momentos distintos: (i) em fase anterior à admissão; (ii) em fase
imediatamente posterior à admissão. É sempre objeto de avaliação e de classificação.

Formação contínua: aperfeiçoamento e reciclagem. Visa promover a actualização e a valorização pessoal e


profissional dos funcionários, em consonância com as políticas de gestão pública. Quando tem objectivos de
aperfeiçoamento/valorização visa o aprofundamento e a melhoria das competências e capacidades já existentes; se
tiver objectivos de reciclagem, visa suprir a falta de habilitações literárias ou qualificações profissionais legalmente
estabelecidas para provimento em cargo ou carreira, por forma legalmente estabelecida.
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Avaliação da formação. A formação profissional na Administração Publica é objeto de avaliação, quer em função
dos objectivos de cada ação quer ao nível do desempenho profissional dos formandos e dos resultados nas
organizações. Podem ser adotados os seguintes instrumentos de avaliação:
 Prova de conhecimentos, sempre que se tenha por objectivo aferir o nível de eficácia relativa de cada
participante;
 Avaliação contínua apoiada em metodologias de dinâmica de grupos, simulações ou métodos de casos,
sempre que se pretenda avaliar alteração de capacidades e competências comportamentais dos participantes;
 Questionário de avaliação das ações de formação, sempre que se pretenda avaliar a reação dos formandos, a
consecução dos objectivos das ações e o nível técnico-pedagógico das mesmas.

C) Entidades Formadoras

Organismos centrais de formação. O ENAD e o IFAL são considerados organismos centrais de formação. Estes
organismos devem dispor de autonomia pedagógica financeira e pedagógica, meios indispensáveis à sua
flexibilidade e inovação. Para tal ser-lhes-ão atribuídas competências para:
 Promover regularmente a realização de diagnósticos de necessidades de formação e estudos de impacte da
formação nos seus domínios de intervenção;
 Conceber e desenvolver planos anuais de formação de âmbito predominantemente horizontal e transversal;
 Conceber e desenvolver formação específica para os dirigentes e chefias da Administração Pública;
 Apoiar os serviços sectoriais e locais de formação através da elaboração e divulgação de instrumentos
técnicos, com vista a facilitar a concretização das diferentes fases do processo formativo;
 Garantir o funcionamento em rede dos diretores de recursos humanos dos vários serviços e organismos da
Administração Pública, que devem ser chamados a participar em todas as fases de planeamento e
desenvolvimento dos Programas de Formação;
 Assegurar a preparação pedagógica e a actualização de conhecimentos dos formadores da Administração
Pública, tendo em conta a necessidade de manter uma bolsa de formadores que responda às necessidades
formativas dos vários serviços nas áreas comuns da Administração;
 Desenvolver projectos de formação ajustados às necessidades específicas dos serviços da Administração
Pública, sempre que para tal solicitados;
 Elaborar relatórios de actividades que contenham as acções desenvolvidas e o balanço dos resultados obtidos.

Ao ENAD compete ainda a formação de gestores e dirigentes das empresas públicas e de capitais públicos. Ao IFAL
compete a definição de rede formação profissional desconcentrada no território.

Organismos sectoriais e locais de formação. São organismos e/ou centros sectoriais de formação as unidades de
formação de âmbito ministerial ou local (vinculados a um governo Provincial ou administração municipal),
reconhecidas nos instrumentos legais aplicáveis. Compete-lhes:
 Conceber e realizar planos anuais de formação, associados quer a planos de actividades quer a processos de
mudança que ocorram nos vários serviços e centros;
 Assegurar a consultadoria nas áreas de formação aos serviços da Administração Pública;
 Elaborar relatórios que contenham uma súmula das acções desenvolvidas e o balanço dos resultados obtidos.

Estes organismos sectoriais e locais da Administração elaboram diagnósticos de necessidades, formulam planos de
actividades e relatórios de execução, dando deles informação ao ENAD e IFAL.

Protocolos com outras entidades. Os organismos centrais e sectoriais de formação fomentam e apoiam
iniciativas de formação e podem estabelecer acordos ou protocolos de cooperação com outros organismos,
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designadamente instituições do ensino superior e centros de investigação, públicos ou privados, nacionais ou


estrangeiros, e centros de formação do ensino médio técnico, visando:
 Promover a aquisição de meios e competências adicionais e o intercâmbio de experiências;
 Colaborar na conceção, programação e execução de planos e actividades de formação e informação de
interesse para ambas as partes;
 Desenvolver estudos e actividades de investigação em domínios de formação de interesse para a
Administração Pública;
 Estabelecer com as universidades planos de pós graduação e de continuação de estudos, potenciando a
formação ministrada pelas escolas de formação profissional do Estado;
 Estabelecer protocolos para adoção de cursos e plataformas de e-learning associados à formação em sala
oferecida pelo IFAL.

Acreditação das entidades formadoras. O ENAD e o IFAL são competentes para acreditarem cursos e iniciativas
de formação profissional oferecidas por outras entidades formadoras. As entidades privadas, que não estejam
integradas no sistema nacional de educação e ensino, e que prestem serviços de formação à Administração Pública
estão sujeitas a processos de acreditação pela ENAD e pelo IFAL.

D) Coordenação de Formação

Comissão de Coordenação da Formação (CCF) . A coordenação da formação da Administração Pública é


assegurada por uma Comissão de Coordenação de Formação, (CCF),a funcionar junto do membro do Governo que
tiver a seu cargo a Administração Pública e a respectiva formação profissional. Compete a esta Comissão colaborar
na definição e permanente actualização da política de formação e aperfeiçoamento profissional da Administração
Pública. A comissão é presidida por representante do membro do Governo que tiver a seu cargo a Administração
Pública, que preside e pelos diretores gerais da ENAD e IFAL. Como comité sectorial da CCF funciona um conselho,
formado por representantes dos doadores internacionais que incluem oferta formativa e bolsas de estudo nos seus
programas de cooperação e assistência técnica, com o objectivo de partilha de informação sobre os respetivos
programas, por forma a evitar duplicações de iniciativas e programas.

E) Financiamento

Fundo próprio. Para o desenvolvimento e reforço substancial da capacitação dos recursos humanos da
Administração Pública, haverá uma dotação financeira própria, que pode tomar a forma de um Fundo. A este
Fundo poderão recorrer, em modalidades e condições a definir, as entidades formadoras com responsabilidades na
execução da política de formação da Administração Pública
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Anexo 4 I Fichas de Programação da Oferta Formativa


Administração Pública
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Ficha de Programação 1
Formação de Alto Nível para Dirigentes de Topo
(P1)

Para os dirigentes de topo atuais preconiza-se uma formação de alto nível, se possível presidida e
patrocinada pelos ministro (s) da pasta (MAPESS e MAT), de frequência obrigatória, no quadro da
Introdução formação valorização sobre matérias estratégicas, formação essa de curta duração. Tal formação
deveria ser complementada por formação contínua direcionada para necessidades particularmente
sentidas pelos dirigentes, dentro de um programa de formação contínua (P7).

Atuais diretores nacionais e /ou equiparado


Público-alvo
Atuais Diretores provinciais

Efectivos Dirigentes de topo da administração nacional e local: 541

Entidades
ENAD e IFAL
Envolvidas na Formação

Desenvolver competências técnicas transversais dos titulares dos cargos de direcção e chefia de topo,
Objectivos do Programa tendo em vista o reforço das suas competências técnicas e comportamentais potenciadoras de uma
liderança forte e mobilizadora em sintonia com as exigências da moderna gestão pública

Ética e missão de serviço público,


Qualidade e modernização de serviços,
Temas/Domínios de Formação
Gestão estratégica e
Avaliação de resultados (accountability)

Duração 18 horas + um seminário em Luanda e 6 em agrupamento de províncias

Avaliação dos Formandos Facultativa

Avaliação dos Formadores


Sim
e da Acção

Formação Obrigatória SIM (nos termos da legislação vigente)


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Ficha de Programação 2
Formação de Valorização/Reciclagem para Actuais Dirigentes Intermédios
(P2)

Quanto aos quadros dirigentes intermédios e chefias atuais, designadamente tendo em conta que
37% não detêm habilitações superiores, preconiza-se para os dirigentes intermédios, formação
Introdução
valorização/reciclagem abrangendo um conjunto de matérias chave de gestão pública, para reforço
de competências dos atuais profissionais.

Diretor de Departamento, Chefe de Repartição e Chefe de secção de todos os níveis de Administração


Público-alvo
Central provincial e municipal

Efectivos 7 397 Dirigentes intermédios e chefias da Administração central e local

Entidades
ENAD e IFAL (outros?)
Envolvidas na Formação

Desenvolver competências técnicas transversais dos titulares dos cargos de direcção e chefia
Objectivos do Programa intermédia, tendo em vista dotá-los de competências técnicas e comportamentais, potenciadoras de
uma liderança forte e mobilizadora em sintonia com as exigências da moderna gestão pública.

 Ética e missão de serviço público


 Planeamento e programação de actividades;
 Gestão por objectivos, monitoria e avaliação de projectos
 Gestão orçamental e de recursos materiais
Temas/Domínios de Formação  Sistemas de informação e informática na ótica do utilizador
 Liderança, gestão de equipas e pessoas
 Qualidade e modernização dos serviços
 Internacionalização e prospetiva para o desenvolvimento
 Desenvolver individualmente projecto aplicado, se necessário em tempo pós frequência do curso

30 a 80 horas
Duração (A flexibilidade de duração tem a ver com a adequação necessária a AC e AL. A ENAD tem já uma
formação de nível B para atuais e futuros dirigentes com programa semelhante)

Avaliação dos Formandos Não

Avaliação dos Formadores


Sim
e da Acção

Frequência A Ponderar
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Ficha de Programação 3
Formação para Dirigentes a Recrutar no Exterior da Função Pública
(P3)

Antecipa-se no texto do PNFQ/AP (…) formação inicial de curta duração para os nomeados
licenciados para os cargos de topo, que vêm do exterior da função pública, abrangendo matérias
chave de ética, missão de serviço público, liderança, qualidade e gestão de recursos (P3).
Efetivamente os atuais dirigentes podem ser recrutados de entre licenciados de comprovada
Introdução
experiência vindos do exterior. Para os que já estão em funções funcionará o P1.
Para os que vierem a ser recrutados recorda-se a exigência expressa no decreto presidencial 104/11
de 23 de Maio que faz depender o provimento da frequência de curso específico. Antecipa-se assim a
frequência de formação de duração curta duração que deverá estar disponível anualmente.

Dirigentes que forem recrutados de entre licenciados de comprovada competência vindos do exterior.
Diretores nacionais* e diretores provinciais* a recrutar nos termos da lei vigente
Público-alvo *o recrutamento de dirigentes de topo (diretor nacional e equiparados) é feito de entre titulares de
cargo imediatamente inferior, técnico superior de maior categoria e ainda de entre licenciados com
aptidão e competência comprovadas

O recrutamento é feito em aberto face à previsão legal. Prevê-se atingir anualmente os novos
Efectivos admitidos a coberto de oferta de curso pela ENAD e outro pelo IFAL, com capacidade de formar 40
efectivos em cada curso.

ENAD/ IFAL
Entidades
Sugere-se organização de formação anual para os novos recrutamentos dirigentes de topo,
Envolvidas na Formação
provenientes do exterior da função pública.

Desenvolver competências técnicas transversais dos titulares dos cargos de direcção e chefia de topo
após nomeação, tendo em vista a melhoria do perfil, experiencia e conhecimentos profissionais,
Objectivos do Programa
potenciadoras de uma liderança forte e mobilizadora em sintonia com as exigências da moderna
gestão pública.

 Ética e missão de serviço público


 Liderança
Temas/Domínios de Formação  Qualidade e modernização administrativa
 Gestão de recursos
 Internacionalização prospetiva para o desenvolvimento

Duração 40 Horas

Avaliação dos Formandos A ponderar

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Obrigatória
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Ficha de Programação 4
Formação de Especialização para Dirigentes
(P4)

Prevê-se a necessidade de formação de dirigentes após um ano de formação, orientada para as


funções específicas e para as necessidades específicas dos serviços e setores, de duração não muito
longa , conforme especificação da ENFQ: que preconiza deverem ser institucionalizados programas de
formação obrigatórios e um curso específico para dirigentes com 2 partes:
Introdução a) A primeira antes da nomeação (já coberta pelo programação nº6) e
b) Outra e realizar um ano depois do exercício de funções. As matérias desta segunda parte
adaptar-se-iam às exigências específicas do cargo e podem ser organizadas em torno de
diplomas de especialização desenvolvidos pela ENAD (para a Administração Central) e IFAL (para
a AL) em parceria com Universidades

Público-alvo

São actualmente 7 397 os dirigentes intermédios. Para estes há nas programações P2 e P6 propostas
Efectivos de formação.
Somente os novos admitidos, quando aprovada nova legislação, serão abrangidos por esta exigência.

ENAD
Entidades IFAL
Envolvidas na Formação Universidades
Órgãos setoriais de formação

São objectivos gerais fornecer uma formação específica de gestão, em consonância com as
necessidades do cargo desempenhado em cada setor (ambiente, ordenamento, serviços de interesse
geral -águas, saneamento, eletricidade etc. - comércio, agricultura, economia etc.)
Objectivos do Programa
Assim não se trata de desenvolver competências técnicas ou comportamentais transversais à
Administração Pública a, mas antes competências adequadas à gestão e dossiers e recursos
específicos.

Este tipo de formação deve ser articulada pela ENAD e IFAL, mas ministrada a pedido dos setores,
com programas acertados conforme as suas necessidades específicas e com execução descentralizada
Temas/Domínios de Formação
no território, e/ou em Universidade e e/ou ministérios.
Não se antecipam pois domínios temáticos na ficha de programação

Duração 20 a 30 horas

Avaliação dos Formandos A ponderar

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Conforme a modalidade definida na legislação que vier a regular a matéria


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Ficha de Programação 5
Formação para Quadros Superiores Potencialmente Candidatos a Cargos de Alta Direcção
(P5)

Tendo em vista a melhoria da imagem da Administração Pública, considera-se que deveria ser
fornecida uma formação em alta direcção para potenciais dirigentes da administração, a adquirir
antes da nomeação para o cargo.
Introdução Esta formação/valorização na carreira, em alta direcção, seria aberta a quadros superiores já em
funções e a candidatos externos.
Seria uma formação aberta a quem se interessa pela função pública e se coloca como potencial
candidato a cargo de direcção, dispondo no entanto de tempo par uma formação de duração longa.
Poder-se-iam candidatar:
 Técnicos superiores próximos de funções de topo (Assessor ou similar), sempre conjugada com o
exercício de funções;
Público-alvo  Licenciados externos á função pública que se queiram habilitar para recrutamento futuro de
dirigentes, permitindo por esta via o reforço de competências e refrescamento da função pública,
atraindo novas competências;
 Profissionais experientes, vindos fora da função pública, com idênticos objectivos

Sendo uma formação aberta ao exterior, não se podem calcular os efectivos abrangidos.
No sistema actual há 8900 dirigentes e quadros superiores na AC e 49 300na AL, que em
Efectivos
determinado momento da carreira se poderão candidatar à formação em alta direcção.
A capacidade de realizar esta formação das instituições de formação ditará o limite anual.

Entidades ENAD e IFAL com possibilidade de parceria com Universidade


Envolvidas na Formação Recurso a entidades estrangeiras é também possível
Esta formação, com conteúdo orientado para a alta gestão pública, de duração longa (P6) teria um
duplo objectivo:
 Disponibilizar um leque de profissionais qualificados para futuros dirigentes integrados no
conceito de Administradores públicos. Tal satisfaria a exigência de nomear dirigentes com
Objectivos do Programa formação obrigatória antes da nomeação (assinala-se que os encontros com as autoridade
angolanas, permitem antecipar que tal solução vai no sentido pretendido);
 Preparar quadros superiores para tarefas mais exigentes e qualificadas de gestão de projectos,
encarregados de missão e missões internacionais, que possam, ou não ,vir a ser recrutados como
dirigentes futuros
 Ética, missão de serviço público e gestão Pública
 Políticas públicas
 Planeamento e programação
 Gestão por objectivos
 Monitoria e avaliação de projectos
 Gestão orçamental
 Contratação
Temas/Domínios de Formação
 Liderança, gestão de pessoas e gestão e de equipas
 Comunicação
 Negociação
 Qualidade, inovação e modernização
 Administração eletrónica, sistemas de informação e informática
 Internacionalização e prospetiva
 Projecto aplicado (gestão estratégica e BSC, Balance Score Card)

Duração 340 horas

 Teste escrito no final de cada tema


Avaliação dos Formandos
 Trabalho de fim de curso
Avaliação dos Formadores
Sim
e da Acção

Frequência
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Ficha de Programação 6
Formação Inicial para Quadros Superiores
(P5)

De futuro visa-se estabelecer critérios de recrutamento, selecção e progressão na carreira de quadros


técnicos e dirigentes que passem pela obrigatoriedade de frequência de programas de formação e
capacitação específicos, podendo ser estabelecidos diferentes tipos de mecanismos, nomeadamente:
 Mecanismo de recrutamento e selecção sujeito a avaliação final obrigatória;
 Mecanismo de formação inicial para jovens quadros, com vertente de aculturação e assimilação de
Introdução conhecimentos básicos e a decorrer no primeiro ano de admissão
 Mecanismo de reciclagem e capacitação imediatamente antes ou no primeiro ano de ascensão a
Assessor (ENFQ, p26)
No quadro das recomendações da ENFQ importa prever curso de formação inicial para quadros
superiores, após recrutamento. A ENAD já faz hoje cursos de formação de 80 horas (4 semanas) de
início de serviço público.

Público-alvo Futuros quadros superiores licenciados após admissão na carreira e no início da carreira

No total da Administração Central e local serão actualmente 44 462.


Efectivos
Futuras admissões: n.d.

Entidades
ENAD, IFAL
Envolvidas na Formação

Fornecer formação de carater generalista, dirigida a licenciados que foram selecionados em concurso
para ingressar como quadro superior na Administração angolana.
Objectivos do Programa
Visa proporcionar formação actualizada, desenvolver capacidade de trabalho em equipa e de decisão
e criatividade e inovação pelo estudo e aprendizagem de temas transversais á função pública.

 Administração e boa governança


 Direito Administrativo
 Políticas económicas e economia do setor público
 Finanças Públicas
 Contabilidade Pública
 Estatística
 Liderança, gestão de pessoas e comunicação
Temas/Domínios de Formação  Sistemas de informação, reorganização de processo administrativos, gestão de sistemas de
informação e e-government
 Informática para utilizadores
 Gestão por objectivos, gestão de projectos e avaliação
 Gestão da Qualidade em serviços e sistemas de qualidade
 Organizações internacionais e regionais africanas
 Conceção, gestão e avaliação de políticas públicas
 Realização de trabalho final do curso

Duração 100- 120 horas

Avaliação dos Formandos

Avaliação dos Formadores


Sim
e da Acção

 Teste escrito no final de cada tema


Frequência
 Trabalho final de grupo
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Ficha de Programação 7
Formação de Valorização para Quadros Superiores
(P7)

A ficha nº4 contem uma programação de formação inicial para os futuros técnicos licenciados, após
concurso público.
Introdução
Convirá porém reforçar competências dos atuais licenciados.
Esta ficha de programação cumpre esse objectivo

Público-alvo Atuais quadros superiores licenciados após admissão na carreira e no início da carreira

Efectivos No total da Administração Central e local serão actualmente 44 462

Entidades
ENAD, IFAL
Envolvidas na Formação

Propiciar conhecimentos e ferramentas básicas para os trabalhadores que ingressam na carreira geral
de Técnico Superior da Administração Pública.
Objectivos do Programa
Visa proporcionar formação actualizada, desenvolver capacidade de trabalho em equipa e de decisão
e criatividade e inovação pelo estudo e aprendizagem de temas transversais á função pública.

 Organização da A.P., Actividade e Procedimentos, Administrativo;


 Estratégia, Gestão por Objectivos e Sistemas de Avaliação;
 Gestão de Projectos;
Temas/Domínios de Formação  Gestão e Tratamento da Informação;
 Comunicação Pessoal;
 Gestão de Recursos Financeiros e Materiais;
 Desenvolvimento individual, Organizacional e Qualidade.

Duração 40 Horas

Avaliação dos Formandos Testes no final de cada tema

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Facultativa
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Ficha de Programação 8
Diploma de Especialização em Legística
(P8)

A extrema importância das tarefas que decorrem da formulação de legislação, impõem que se
Introdução considere como prioritária a construção de um diploma de especialização em feitura de leis destinada
a licenciados em direito e que necessitam a possuir esta ferramenta para o exercício da sua função.

Licenciados recém-admitidos nos Ministérios incluindo nível desconcentrado (delegações provinciais


Público-alvo e repartições)
Pretende-se igualmente aperfeiçoar/reciclar atuais funcionários.

Efectivos

Entidades ENAD e IFAL em parceria com o INA (PT) já que é um programa com muita procura junto da
Envolvidas na Formação comunidade CPLP

Pretende-se formação especializada para os novos recrutados licenciados em Direito, com prioridade
Objectivos do Programa
para as carreiras específicas do Ministério da Justiça.

 Procedimento legislactivo
Temas/Domínios de Formação  Legística (material e formal)
 Boas práticas

Duração 200 horas

Avaliação dos Formandos A definir

Avaliação dos Formadores


A definir
e da Acção

Frequência A definir
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Ficha de Programação 9
Formação Inicial para Quadros médios
(P9)

86 % dos técnicos têm formação exigida.


Introdução São possuidores de uma formação técnica de natureza técnico-profissional (13 anos de duração) ou
bacharelato.

Os quadros técnicos com formação técnico profissional ou bacharelato (técnico e técnicos médios)
Efectivos: n.d.
Público-alvo Não frequentarão ação de formação inicial os técnicos de cursos médios do IFAL, que têm já
formação de 4 anos e estágios profissionais. Este esforço de formação, que se distingue e apoia,
deverá ser continuado e não está contemplado nesta programação, nem contabilizado

Efectivos

ENAD e IFAL
Entidades Centros de formação de ensino técnico profissional
Envolvidas na Formação Continuação de estudos em E-learning
Protocolo com Universidades para continuação e estudos
Fornecer formação inicial de carater generalista, dirigida a técnicos que foram selecionados em
concurso para ingressar como quadro técnico na Administração angolana.
Visa proporcionar formação actualizada em gestão pública em domínios que requerem aplicação de
Objectivos técnicas e métodos de trabalho, transversais à Administração e desenvolver capacidade de chefia quando
coordene outros profissionais, bem como competências de comunicação e trabalho em equipa.
Trata-se de uma aposta forte na formação destes novos quadros que têm um papel dinamizador de
novas práticas profissionais
Mod. 1
Constituição e Serviço Público
Angola no Mundo
Mod. 2
Organização do Estado
Conduta e Ética
Mod. 3
Serviços do Governo
Políticas Públicas
Temas Avaliação e Acompanhamento Políticas Públicas
Mod. 4
Serviços Públicos / Serviços para o cidadão
Estratégias governativas para a Qualidade
Cidadania
Mod. 5
Gestão Financeira e aspectos específicos da gestão financeira dos serviços públicos
Orçamento, regras e processos
Mod. 6
Desenvolvimento de competências para a melhoria de eficiência individual
 AC: 80 horas (4 semanas); dois cursos por ano
Duração
 AL: 80 horas ( 4 semanas), dois cursos por ano

Avaliação dos Formandos Obrigatória

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Obrigatória
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 10
Formação de Valorização para Quadros Médios
(P10)

86 % dos técnicos têm formação exigida.


Introdução São possuidores de uma formação técnica de natureza técnico-profissional (13 anos de duração) ou
bacharelato.

Os atuais quadros técnicos com formação técnico profissional ou bacharelato (técnico e técnicos
Público-alvo
médios)

AC: 18 100
Efectivos Al: 34 356
Total: 52 456

Entidades
ENAD e IFAL
Envolvidas na Formação

Fornecer formação valorização em função das propostas e necessidades de cada serviço, em domínios
que requerem aplicação de técnicas e métodos de trabalho, transversais à Administração e
Objectivos
desenvolver capacidade de chefia quando coordene outros profissionais, bem como competências de
comunicação e trabalho em equipa.

A programação em formação contínua foi delineada para conter uma oferta de formação de curta
duração com um leque muito abrangente de temas, que poderão satisfazer as necessidades dos
serviços e de auto realização dos funcionários. Temas prioritários a abordar:
Temas  Gestão Estratégica
 Metodologias de tomada de decisão
 Qualidade em Serviços
 Desenvolvimento do Território e Desconcentração de serviços

Duração Seminários de 12 - 20 horas cada

Avaliação dos Formandos Obrigatória

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Facultativa
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 11
Formação Contínua
(P11)

Tendo em vista a previsão de formação contínua associada a áreas de desenvolvimento profissional,


Introdução identificam-se conteúdos temáticos para a organização de seminários e acções de formação abertos
à AC e AL em matérias consideradas fulcrais pela ENFQ

Público-alvo Todos os quadros abrangidos pelo PNFQ/AP

Efectivos Actualmente no total 104 000, bem como novos admitidos

 ENAD
 IFAL
Entidades
 Órgãos setoriais
Envolvidas na Formação
 Universidades
 Outras, conforme SIFAP
São objectivos gerais fornecer formação contínua em matérias fulcrais para a Administração Pública
e também conforme as Agendas de modernização administrativa. É uma programação de caráter
Objectivos móvel a rever continuamente. O que se sugere identifica apenas alguns dos temas constantes dos
programas de formação das principais instituições de formação para a Administração Pública ou
Escolas de Governo

 Organizar um grande seminário anual. Na AP central e nas províncias sobre as Grandes linhas e
estratégias de reforma de gestão pública articulados com o Orçamento do País.
 Organizar seminários setoriais sobre matérias determinadas específicas quando necessário e
estiver em causa uma articulação na implementação de políticas a nível nacional
 Organizar seminários /cursos setoriais sob o contexto internacional e globalizado, sobre a posição
de Angola em Africa e no mundo
 Organizar ofertas de formação contínua de curta duração a nível nacional e local p ara dirigentes,
quadros superiores e quadros técnicos nos domínios:
- Gestão estratégica
- Atendimento aos cidadãos
Temas - Balanced score card (BSC)
- Qualidade dos serviços e CAF (Common Assessment Framework)
PPPs (parcerias público-privadas);
- Avaliação, auditoria e controlo de serviços;
- Avaliação de resultados e de desempenho;
- Harmonização de desenvolvimento do território;
- Valores essenciais de serviço público (estado de direito, imparcialidade, integridade justiça,
equidade, eficiência- value for Money -, resultados e prestação de contas);
- TI e sua utilização.
- Formação de formadores para alguns grupos alvo
- Outras matérias a incluir à medida das necessidades

Seminários com duração de 12 horas


Duração
Cursos com duração de 30 horas

Avaliação dos Formandos Obrigatória

Avaliação dos Formadores


e da Acção

Frequência Conforme a natureza da ação


PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 12
Formação em Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação
(P12)

As Tecnologias de Informação e Comunicação, estão cada vez mais presentes na vida da sociedade
angolana e a Administração Pública com o dinamismo e crescimento que tem conhecido, necessitará
de recorrer cada vez mais à utilização das novas tecnologias. Esta é aliás uma área que tem crescido
significativamente nos anos mais recentes principalmente por força dos investimentos públicos
realizados e que agora têm de ser melhorados e disseminados.
Introdução
Por outro lado, existindo uma grande diversidade na oferta destes sistemas, os serviços públicos
necessitam de adquirir competências para a sua avaliação, gestão e monitoria da utilização das
tecnologias de informação e comunicação em função dos ganhos de eficiência que a Modernização
Administrativa lhes impõe.

Dada a transversalidade da utilização dos SI/TIC, propõem-se diferentes públicos-alvo, em função dos
objectivos abaixo indicados.
Público-alvo
Assim, para a) propõe-se como público-alvo os quadros médios (atuais e novas entradas) e para b) e
c) Dirigentes e Quadros Superiores

Efectivos

Entidades ENAD e IFAL e no caso de serem insuficientes os meios para este tipo de formação, sugere-se o
Envolvidas na Formação estabelecimento de parcerias com outras escolas como por exemplo o CINFOTEC

A formação em SI/TIC tem como objectivo geral dotar a Administração Pública com efectivos cujas
competências técnicas estejam em sintonia com as exigências da moderna gestão pública, potenciada
pela utilização de SI/TIC.
São objectivos específicos deste programa:
Objectivos a) Desenvolver e potenciar a utilização destas novas ferramentas, através de formação geral para
utilizadores e formação de especialização para profissionais de informática da AP;
b) Analisar, renegociar e gerir contratos informáticos nos seus múltiplos aspectos.
c) Melhorar a gestão da informação nas organizações e da gestão de benefícios dos investimentos
em SI/TIC.

 Formação para Utilizadores destinada a quadros médios;


 Formação para Profissionais de Informática destinada a quadros médios que necessitem de se
especializar nesta área;
Temas  Formação para Dirigentes e Quadros Superiores sobre diversas temáticas de que se destacam:
 TIC e Processos de Mudança Organizacional;
 Aquisição, Gestão e Avaliação de Contratos de Fornecimento de TIC; Gestão de Benefícios dos
investimentos em SI/TIC.
Um seminário anual em Luanda 6 seminários anuais em agrupamento de províncias dedicados a esta
temática e em que podem, inclusivamente ser apresentados projectos de boas práticas a realizar em
Duração 2013-2014
70 cursos/ano com 30 participantes com uma carga horária estimada de 120 horas que deve ser
ajustada em função da complexidade dos temas.

Avaliação dos Formandos Não

Avaliação dos Formadores


Sim
e da Acção

Frequência Não
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 13
Formação de Apoio à Modernização Administrativa e Desconcentração e Descentralização
(P13)

A extrema importância das tarefas que decorrem da desconcentração e descentralização da


Administração, impõe uma atuação concertada com a formação da administração pública.
O estudo e reforço da (s) carreira (s) de administradores públicos da Administração local deve ser
iniciado, desde já, por forma a reforçar o tecido institucional de apoio administrativo às autarquias
Introdução
locais, que será imprescindível após eleições autárquicas em 2014. O aprofundamento da experiencia
do IFAL, colhida na formação média estruturante e também dos atuais cargos políticos da
Administração local (vice governadores e administradores municipais) deverá ser ponderada no
traçado de novas medidas de política sobre quadros e carreiras autárquicos.

Funcionários da carreira de suporte administrativo a nível provincial ou local, na sequência das


Público-alvo
eleições autárquicas

Efectivos Abranger cerca de 500 formandos ano

Entidades
IFAL
Envolvidas na Formação

Capacitação dos trabalhadores da administração pública para o início de funções em órgãos e


serviços criados recentemente ou reestruturados por força da desconcentração ou descentralização e
o apoio que estes funcionários têm de dar à melhoria de novas estruturas autárquicas e /ou novos
serviços criados, na sequencia das eleições autárquicas.
Objectivos
A operacionalização de medidas de formação carece do estudo e reforço das carreiras de
administradores públicos da Administração local e de aprovação de medidas legais nestas áreas
estratégicas.

O IFAL já possui um conjunto diversificado de formação de curta direcção que pode ser adaptada
para a construção de um programa de apoio à organização Administrativa do Estado: Poderes e
Funções entre governo Central e Local.
Sugestão de temas a abordar:
Temas  A reforma do Estado: Em que consiste a desconcentração e descentralização de poderes?
 Responsabilidades e Tarefas de uma nova Gestão Municipal e suas especificidades; Cidadania e
desafios à atuação da Administração;
 Serviços de Proximidade a fornecer à população: desafios na sua organização e dinamização;
 Eficiência individual ao serviço da população.

Duração A definir conforme o desenho de carreira (s) a institucionalizar

Avaliação dos Formandos IFAL

Avaliação dos Formadores


Sim
e da Acção

Frequência Sim

A definir conforme o desenho de carreira (s) a institucionalizar.


PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 14
Formação de Formadores
(P14)

É matéria fulcral para a execução e implementação do PNFQ/AP.


ENAD e IFAL consideram que há margem para melhoria e otimização dos recursos, com particular
Introdução enfoque à selecção e formação destes formadores.
Nos planos de formação sectoriais previstos no PNFQ são igualmente identificadas carências ao nível
de práticas pedagógicas a ministrar a técnicos

Público-alvo Formadores

Efectivos n.d.

 ENAD
Entidades
 IFAL
Envolvidas na Formação
 Outras, conforme SIFAP

Dar continuidade e reforçar meios para os esforços encetados e desenvolver estudos para cálculo do
Objectivos reforço das necessidades parece ser o caminho para o desenvolvimento de uma política de formação
profissional para a AP e nesse contexto os formadores desempenham um fulcral.

 Formação de formadores;/ Praticas Pedagógicas


 Gestão de cursos;
Temas
 Avaliação da formação;
 Estudos de Casos e sua utilização para utilização pedagógica (casos práticos sobre Administração).

IFAL 2 Cursos nacionais (3 meses no modelo IFAL) e 6 Cursos regionais (1 mês)


Duração
ENAD também ministra formação de formadores, sendo este um domínio com muitas carências

Avaliação dos Formandos Obrigatória

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Obrigatória para todos os formadores; na sua ausência os formadores terão formação/competências


Frequência
reconhecidas nos termos do SIFAP
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 15
Formação para as carreiras de regime especial na área da Justiça
(P15)

A ENFQ já reconhecia a necessidade de se desenvolverem, em determinados sectores da


Administração Pública, programas de formação para o desenvolvimento dos sistemas públicos que os
serviços suportam.
No caso do sector da Justiça e tendo em consideração o nº de funcionários abrangidos bem como a
diversidade de competências dos Tribunais, dos Serviços de Registo e Notariado e dos Serviços de
Identificação, apoia-se a iniciativa de reforçar o Instituto Nacional de Estudos Judiciários.
Na justiça é universal a necessidade de formação:
 Inicial para todas as categorias de entrada (Inspeção, tribunais, registos e notariado e emissão de
Introdução
identificação)
 De formação reciclagem para as atuais estruturas de justiça desconcentradas, e todo o território;
 De processo para todas as funções exercidas no âmbito dos tribunais;
 De formação em informática e atendimento para todos os profissionais;
 Criação de grupo de jovens de elevada qualificação no domínio dos registos e notariado e feitura
das leis.
 De reforço do Instituto Nacional de Estudos judiciários com um Departamento de formação e/ ou
outro Centro de formação para a Justiça.

Público-alvo Carreiras da Justiça (DL 91/04 de 10 de Dezembro de 2004) excepto Magistrados

Necessidades
Carreira Efectivos 2013 2014
(2020)
Magistrado 262 1.951 275 275
Escrivão 904 9.096 1250 1250
Oficial Diligências 533 3.467 500 500
Conservador 205 189 30 30
Oficial de Registos 1.006 1.469 290 290
Notário 109 175 28 28
Oficial de Notariado 471 566 137 137
Téc. Superior Identificação 318 477 137 137
Efectivos Emissor 475 722 99 99
Dactilocopista 353 819 146 146
Inspector 5 5
Total 4.636 18.931 4910 4910
Fonte: Dados disponibilizados pelo Departamento Nacional de Recursos Humanos do Ministério da Justiça

Atentas as qualificações de base dos funcionários das carreiras de regime especial, o programa de
formação deve ter em conta pré-Requisitos para frequência dos cursos que considerem:
 Licenciatura: Conservador e Notariado, Escrivão de Direito, Técnico Superior de Identificação;
 Bacharelato: Ajudante de Conservador e Notário, Ajudante de Escrivão, Oficial de Diligências
 Curso Médio: Auxiliar de Conservador e Notário.

Entidades
Instituto Nacional de Estudos Judiciários e ENAD ou IFAL para a formação em áreas transversais
Envolvidas na Formação

Objectivos gerais:
São objectivos gerais fornecer uma formação específica, em consonância com as necessidades do
cargo desempenhado em cada setor (tribunais, inspeção, registos e notariado e emissão de
identificação).
Por pertencer a órgão de soberania próprio não se inclui no PNFQ a formação dos Magistrados, que
Objectivos
tem a duração de 18 meses
Não se trata nesta ficha de programação de desenvolver competências técnicas ou comportamentais
transversais à Administração Pública, mas antes competências adequadas à gestão de dossiers da
justiça a assegurar por órgão de formação setorial da justiça.
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Objectivos específicos:
 Assegurar formação:
- Magistrados: continuar com formação de longa duração de 18 meses, sobretudo processo;
- Inicial: para todos os profissionais recrutados de novo;
- Reciclagem: desconcentrada para todos os de atuais do setor de justiça; é muito necessária;
- Registos e notariado. Grupo de jovens muito qualificados para formar em rede, como agentes de
inovação e mudança e também para tarefas de feitura de leis;
- Contínua: Necessidades gerais de formação contínua: informática e atendimento;
 Criar departamento dentro do Instituo Nacional de Estudos Judiciários ou outro centro de
formação próprio para as categorias não pertencentes a tribunais.
 Assim, preconiza-se:
- Programa de formação para todas as carreiras específicas
- Novas entradas: formação inicial
- Contínua: atendimento e informática e processo
- Formação de formadores: muito importante
- Altos funcionários dos registos e notariado: grupo especialmente preparado para a mudança e
feitura de leis

 Ética e missão de serviço público


 Processo
 Atendimento do público e direitos dos cidadãos
Temas  Sistemas de informação e informática. Nestas matérias a ENAD ou IFAL deveriam testar modelos
de formação em e-learning que pudessem ser utilizados no período de programação seguinte
(2015-2020).
 Arquivística e documentação (idem)

Carreira Formação Inicial F Reciclagem F Contínua


Magistrado 18 Meses
Escrivão 80 60 20
Oficial Diligências 120 60 20
Conservador 120+ Estágio 20
Oficial de Registos 80 60 20
Notário 120+estágio 20
Oficial de Notariado 80 60 20
Duração Téc. Superior Identificação 120 60 20
Emissor 60 40 20
Dactilocopista 60 40 20
Inspector 120 80 60
** Identificadas as necessidades já previstas em lugares do quadro de pessoal mas não ocupados

Prevê-se ainda pós graduação em Registos e notariado com selecção de Grupo de jovens muito
qualificados para formar em rede, como agentes de inovação e mudança, contratando com uma
Universidade Angolana à medida da procura.

Avaliação dos Formandos Obrigatória

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Formação obrigatória conforme a modalidade definida na legislação que vier a regular a matéria
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 16
Formação para a Administração Escolar (com componente de valorização pedagógica)
(P16)

As escolas recentemente construídas têm todas as condições para se constituírem como polos de
divulgação do conhecimento que apoiem as crianças e a sociedade no seu progresso social e
Introdução
económico.
Importa porém desenvolver a componente de Administração educativa.

Atuais responsáveis bem como os que forem sendo designados ao longo do período de programação
Público-alvo
deste Programa.

5.000 responsáveis pelos estabelecimentos de ensino bem como os que forem sendo designados ao
longo do período de programação do PNFQ/AP.
Efectivos
O presente programa pode ser programado por módulos, destinando-se o último módulo aos
profissionais que têm a função de Direcção Pedagógica.

Entidades Centro de Formação de Quadros de Administração Escolar do Ministério da Educação (a relançar) em


Envolvidas na Formação articulação com o IFAL
Esta formação tem por objectivo focar os aspectos essenciais da actividade quotidiana da
administração de uma escola mas visa igualmente, dotar os formandos com ferramentas que lhes
Objectivos permitam ser agentes de uma gestão mais inovadora e que permita valorizar os equipamentos e
recursos que estão sob a sua responsabilidade, bem como valorizar as equipas de profissionais que as
integram.
 Organização e funcionamento:
- Legislação aplicável e atos administrativos: Princípios e reflexos na actividade administrativa da
escola.
- Normas técnicas e Documentos administrativos
- Reporte de informação
- Processos relacionados com assiduidade e aproveitamento dos alunos
 Ferramentas para a Gestão de situações do quotidiano e Técnicas de Liderança As competências:
um modelo para a gestão dos recursos humanos;
Temas
 A partilha de responsabilidades das funções;
 Definição de expectativas claras para o desempenho dos colaboradores
 Distinguir as competências do gestor e as competências do líder;
 A condução das reuniões: objectivos e metodologias;
 Instrumentos para a resolução de problemas no seio da equipa;
 O Apoio e Acompanhamento dos Docentes
 Processos e Metodologias de Apoio Pedagógico
 As competências pedagógicas e a sua importância para o desenvolvimento profissional.

Duração 40 Horas

Avaliação dos Formandos Obrigatória

Avaliação dos Formadores


Obrigatória
e da Acção

Frequência Obrigatória
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 17
Formação integrada para o Ministério das Finanças
(P17)

A estrema importância das tarefas que ocorrem por via das competências do Ministério das Finanças
impõem uma abordagem específica desta formação. Tal como na Justiça e nas Relações Exteriores as
funções do Ministério das Finanças justificam a existência de serviços especificamente dedicados à
formação dos recursos humanos que operam no sector:
 Centro de formação Aduaneira
Introdução  Instituto de formação das Finanças
 Instituto de Formação Fiscal
Em preparação estão medidas de política de valorização dos RH: regulamento e documento sobre
política de formação.
Este programa deverá integrar-se no SIFAP em articulação com ENAD e IFAL e será complementar ao
PNFQ

Público-alvo Licenciados recém - admitidos no Ministério

Efectivos n.d.

Entidades O Ministério dispõe de capacidade formativa própria que este deseja aprofundar.
Envolvidas na Formação Articulação com ENAD e IFAL conforme SIFAP

Objectivos A definir conforme linhas de política em preparação

Temas A definir conforme linhas de política em preparação/ ultimação

Variável consoante tipologia de formação pretendendo-se:


 Formação inicial para os novos recrutados licenciados;
Duração
 Formação inicial de nível desconcentrado (delegações provinciais e repartições)
 Aperfeiçoar/reciclar atuais funcionários.

Avaliação dos Formandos A definir conforme linhas de política em preparação

Avaliação dos Formadores


A definir conforme linhas de política em preparação
e da Acção

Frequência A definir conforme linhas de política em preparação


PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)

Ficha de Programação 18
Formação de Apoio à Administração Hospitalar
(P18)

A preocupação com a gestão das novas unidades de saúde que têm sido inauguradas nos últimos
anos, centra-se, prioritariamente em três abordagens ao nível da Formação Profissional da
Administração Pública:
 A Administração Hospitalar com necessidades especificas particularmente sentidas pelos
dirigentes e que devem ser agregadas num programa de pós graduação a contratar com uma
Universidade Angolana e/ou parcerias com a Escola Nacional de Saúde Pública Portuguesa que
Introdução tem já apoiado estas iniciativas do executivo angolano.
 Formação de acolhimento para todo o pessoal recém-admitido nestas novas unidades assentes
numa lógica de compreensão da esfera de atuação da unidade face ao sistema de saúde angolano,
organização interna, trabalho em equipa e ferramentaspara melhoria da eficiência pessoal e
profissional.
 A formação específica para catalogadores é para as autoridades do Ministério da Saúde uma
prioridade.
 Para os cursos de Administração Hospitalar devem ser selecionados os profissionais nomeados
para o cargo
 Para o curso de acolhimento, são destinatários os trabalhadores das carreiras de apoio à ação
Público-alvo
médica.
 Para o curso de formação para catalogadores são destinatários os trabalhadores detentores da
categoria.

Efectivos Cerca de 500 formandos ano

Entidades
Envolvidas na Formação

Formação em Administração Hospitalar: Garantir profissionais dotados de competências específicas


na gestão e administração de saúde.
Objectivos Para as restantes carreiras: garantir que os funcionários das unidades de saúde detêm competências
para lidar com as situações quotidianas das unidades de saúde onde trabalham, compreendem a
natureza da sua missão e se integram e respeitam o espirito de equipa inerente ao seu trabalho.

Formação em Administração Hospitalar Formação Pós graduada a definir de acordo com padrões
internacionais
Formação para Pessoal de Apoio Clinico: Formação de Acolhimento com pequenas noções sobre a
Temas organização do sistema de saúde angolano e formação na área comportamental, nomeadamente
trabalho em equipa e desenvolvimento da eficiência individual ao serviço das organizações.
Formação para Catalogadores: Sistemas de Informação e sua Utilização, Cortesia e Acolhimento no
atendimento de pacientes, Gestão documental e Arquivos Clínicos.

Duração

Avaliação dos Formandos Para o curso pós-graduação Sim. Para os restantes, a definir

Avaliação dos Formadores


Sim
e da Acção

Frequência A Definir
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS 2013-2020 I REPÚBLICA DE ANGOLA
Versão Final (Setembro 2012)
PNFQ
2020

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