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Imaginologia do Sistema Reprodutor

Por Prof. Dr. Leandro Nassar Coutinho e Victória Mafra

1. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO


O sistema reprodutor masculino é composto por testículos, epidídimos, ductos
deferentes, glândulas anexas e uretra. Métodos de imagem como a radiografia e
ultrassonografias são frequentemente empregados para a avaliação deste sistema.

1.1 Próstata
A próstata está localizada na região pélvica, contornando a uretra proximal,
ventralmente ao reto e caudalmente à bexiga urinária.

dorsal

Uretra
prostática

ventral
Próstata Normal

a) Avaliação radiográfica da próstata


Uma próstata sem alterações não é visualizada radiograficamente na maioria dos cães
e gatos. Ocorre ainda que, a avaliação radiográfica prostática é dificultada pela relação
anatômica desta glândula anexa com o reto, a identificação da próstata depende da presença
de gordura adjacente, não sendo possível observar esta glândula em animais extremamente
magros ou com presença de efusão na região do colo vesical.
CÓLON
PTT

BX

Um leve aumento de volume prostático pode ser visualizado radiograficamente como


uma estrutura arredondada na topografia da próstata com radiopacidade de tecidos moles.
Normalmente, a prostatomegalia provoca o deslocamento cranial da bexiga urinária, podendo
também ocasionar o deslocamento dorsal do cólon. O aumento prostático pode resultar no
estreitamento luminal do cólon e do reto, sendo visível por meio do exame radiográfico.
A prostatomegalia está presente em todas as doenças que habitualmente afetam a
próstata, de forma que este aumento pode ser classificado em simétrico (ocorrência difusa) e
assimétrico (ocorrência focal), para isso são utilizados como parâmetros a extensão e formato
prostático.

b) Avaliação ultrassonográfica da próstata


A ultrassonografia substituiu em grande parte a utilização de radiografias para a
avaliação de afecções prostáticas. A principal vantagem da ultrassonografia é capacidade de
produzir imagens da estrutura tecidual no interior da próstata, sendo importante para
diferenciar os tipos de lesões, como cistos e tumores.
O exame ultrassonográfico deve ser realizado a partir da região pré-púbica, obtendo-se
imagens em plano transversal, longitudinal e parassagital. A glândula prostática é mais bem
visualizada no lado direito do osso peniano com o animal em decúbito dorsal.
Uma próstata normal é visibilizada como uma estrutura uniformemente ecogênica,
possui uma ecogenicidade semelhante à da gordura adjacente. Porém, a ecotextura prostática
e da gordura diferem, de forma que a próstata apresenta uma ecotextura homogênea, de média
a fina, já a textura da gordura possui uma característica mais grosseira. A uretra é observada
como uma estrutura anecoica no centro da glândula, circundada por uma estreita faixa de
tecido levemente hiperecoico.
Em equinos, a próstata possui fácil identificação por ser uma estrutura mais ecogênica
em relação aos tecidos adjacentes, apresentando um parênquima homogêneo com pequenas
áreas anecogênicas, geradas pelas lacunas glandulares.

LONGITUDINAL TRANSVERSAL

c) Alterações prostáticas
I. Hipertrofia prostática benigna (HPB)
Nesta afecção, radiograficamente, é possível identificar um aumento de volume
simétrico da glândula prostática, de forma que dificilmente será observado um aumento de
volume assimétrico. As margens prostáticas geralmente são lisas e facilmente visualizadas.
Ultrassonograficamente, a HPB evidencia-se como um aumento uniforme da glândula
com manutenção das margens lisas, podendo apresentar uma leve hiperecogenicidade no
parênquima. Inicialmente o crescimento da próstata tende a ser simétrico, porém ocorre a
perda da simetria prostática com o aumento da hipertrofia e desenvolvimento de cistos no
parênquima da glândula.

HPB

II. Prostatite
Radiograficamente, observa-se aumento de volume simétrico. As margens da glândula
apresentam-se irregulares e indistintas, mesmo na presença de gordura abdominal adequada,
pois prostatites agudas normalmente não provocam aumentos de volume acentuados.
Áreas de mineralização no parênquima prostático podem ser identificadas em casos de
prostatite crônica. Além disso, a próstata não deve conter gás em seu interior, porém em casos
de prostatite bacteriana formadora de gás, visibiliza-se gás intraprostático, o qual provoca o
aumento de radioluscência na próstata no exame radiográfico e áreas de reverberação na
ultrassonografia.
Os achados ultrassonográficos de prostatite variam de hiperecogenicidade leve
aumento glandular até um grave aumento com padrão hiperecoico a hipoecoico mosqueado.
O formato prostático comumente é normal, mas na prostatite grave pode estar alterado.
Alguns pacientes podem apresentar uma faixa hipoecogênica de edema na cápsula ao redor
da próstata. Quando ocorre extensão da inflamação para a gordura adjacente, observa-se
elevação da ecogenicidade do tecido ao redor da próstata.
Na prostatite grave necrosante, a diferenciação entre a glândula e a gordura adjacente
pode estar perdida, e a próstata pode parecer uma estrutura hipoecoica com margens
irregulares e indistintas, e com a gordura circundante hiperecoica.

PROSTATITE

EDEMA DA CÁPSULA

III. Cistos prostáticos


Nas radiografias são visibilizados como um aumento de volume prostático assimétrico.
No exame ultrassonográfico, os cistos prostáticos são observados como estruturas esféricas
com paredes finas e conteúdo anecogênico.
CISTOS

IV. Neoplasia prostática


No exame radiográfico, as neoplasias prostáticas produzem um aumento de volume
assimétrico com perda da definição e irregularidade nas margens da próstata. Além disso,
áreas de mineralização podem estar presentes nessas tumorações.
Na ultrassonografia, as neoplasias prostáticas são visualizadas como massas de tecidos
sólidas ou lesões cavitárias com margens irregulares. Neoplasias prostáticas malignas
geralmente são detectadas tardiamente. Sendo doenças com caráter agressivo que destroem
a arquitetura glandular, gerando um aumento assimétrico prostático com padrão ecogênico
misto.
NEOPLASIAS

V. Abscesso prostático
Pode não ser visualizado imediatamente por meio do exame radiográfico, nem produzir
deslocamento cranial da bexiga urinaria. Essa afecção frequentemente provoca o
deslocamento e compressão do reto, sendo reconhecida como uma massa intrapélvica.
Quando observados, geralmente, possuem margens bem definidas e facilmente visibilizadas.
É impossível diferenciar abscessos e cistos prostáticos por meio de radiografias.
Ultrassonograficamente, os abscessos prostáticos são observados como estruturas de
paredes finas e centro anecoico, podendo se visualizar a presença de septações ou de grande
quantidade de debris celulares em seu interior.
ABSCESSO

VI. Calcificação prostática


Pode estar presente em neoplasias e inflamações crônicas na próstata.
Radiograficamente, é visualizada como uma área radiopaca, com radiopacidade semelhante
a óssea, na próstata. No exame ultrassonográfico, observam-se ecos brilhantes que formam
sombras, sendo considerada um sinal de malignidade, especialmente se for linear e irregular.

1.2 Testículos
Um testículo somente é investigado por meio do Raio-X se apresentar alguma
alteração, principalmente em casos de testículo ectópico abdominal acometido por uma
neoplasia, que pode ser observados em radiografias abdominais.
A ultrassonografia é um exame sensível para investigação de lesões no parênquima
testicular e diferenciação de causas testiculares e extratesticulares de aumento de volume
escrotal. Transdutores lineares de alta frequência constituem a melhor opção para a avaliação
do escroto e dos testículos. O mapeamento Doppler pode ser utilizado nos testículos e tecidos
moles, devendo ser otimizado para fluxos de velocidade lenta.
Em pequenos animais, o testículo normal possui formato ovoide ao exame
ultrassonográfico. Uma fina linha hiperecoica reveste os testículos superficialmente,
representando a túnica albugínea e as túnicas parietal e visceral. Em geral, o parênquima
testicular deve ser homogêneo de ecogenicidade moderada, no entanto pequenas áreas
hiperecoicas podem ser observadas internamente, representando as trabéculas de tecidos
conjuntivos. O mediastino testicular estende-se ao longo do eixo longitudinal do testículo,
estando presente no centro do testículo normal, como uma estrutura linear hiperecoica em
plano longitudinal médio e uma área focal central hiperecoica em plano transversal médio.
Em equinos, bovinos e pequenos ruminantes podem ser utilizados transdutores lineares
de 5 MHz a 7,5 MHz para a avaliação testicular e do cordão espermático. Porém, para um
melhor detalhamento da imagem e análise de alterações no testículo torna-se necessário o
emprego de transdutores de alta frequência (10 MHz).
Ao exame ultrassonográfico, o testículo equino apresenta um parênquima homogêneo
de forma difusa, além disso, observa-se a túnica vaginal como uma fina camada anecoica
envolvendo o testículo. Em bovinos, o testículo também apresenta um parênquima
homogêneo com ecogenicidade moderada, a qual aumenta com a idade do animal. Ao corte
longitudinal, visibiliza-se o mediastino testicular como uma linha hiperecoica no centro do
parênquima testicular; ao corte transversal, o mesmo é observado como um ponto hiperecoico
no centro do parênquima testicular. O mediastino torna-se mais ecogênico e espesso com o
aumento da idade do paciente, por isso fica mais perceptível ao exame ultrassonográfico.
Em cães e gatos, o epidídimo é observado como uma estrutura hipoecoica pouco
delineada, em posição mediodorsal imediatamente adjacente ao testículo. A cabeça e a cauda
do epidídimo estão localizadas ao longo das margens testiculares cranial e caudal,
respectivamente, e possuem formato triangular. O corpo do epidídimo é mais delgado do que
a cabeça e a cauda. O epidídimo é hipoecoico em comparação ao testículo, podendo ser
anecoico.
Em equinos, o epidídimo possui ecogenicidade heterogênea, sendo a cauda do
epidídimo a parte mais fácil de ser identificada ultrassonograficamente, em virtude do
tamanho do seu lúmen.
Em bovinos, a cauda do epidídimo é facilmente visibilizada durante o exame
ultrassonográfico. Essa região está localizada na extremidade distal do testículo, apresenta-
se hipoecogênica em relação ao parênquima testicular e exibe numerosas estruturas tubulares
anecoicas. A cabeça do epidídimo situa-se na extremidade dorsal do testículo, gera imagens
hipoecoicas em relação ao parênquima testicular, possui ecotextura homogênea, sendo
demarcada por uma fina linha ecogênica. Dificilmente observa-se o corpo do epidídimo ao
ultrassom.

MEDIASTINO

CÃO BOVIDEO

EQUIDEO

a) Alterações testiculares
I. Neoplasia
O exame radiográfico pode ser empregado para a avaliação de testículos neoplásicos
em animais criptorquidas. A ultrassonografia é o exame sensível para detecção de nódulos
testiculares, mesmo quando estes não são palpáveis. A neoplasia pode se apresentar como
um nódulo ou massa, a qual pode ou não deformar a margem testicular, deslocar o mediastino
testicular ou dificultar o reconhecimento do epidídimo. Nódulos e massas podem ser
hiperecoicos ou hipoecoicos, solitários ou múltiplos. Os tumores podem apresentar interior
heterogêneo, representando áreas de isquemia, necrose ou hemorragia.
NEOPLASIA

II. Localização anormal


Testículos ectópicos apresentam radiopacidade de tecidos moles e estão localizados no
trajeto entre os rins e o canal inguinal, frequentemente tornam-se neoplásicos. Geralmente
essa alteração é unilateral, sendo o testículo direito duas vezes mais acometido. Testículos
ectópicos são predispostos ao desenvolvimento de neoplasias, torção do cordão espermático
e herniação inguinal.
A localização ultrassonográfica do testículo ectópico pode ser complexa, devido ao seu
tamanho frequentemente reduzido quando comparado ao testículo escrotal e da provável
inevidência do mediastino testicular.
O criptorquidismo é a enfermidade mais frequente do sistema reprodutor de garanhões,
sendo necessários realizar um exame ultrassonográfico por via transretal ou inguinal para a
identificação do testículo acometido. Geralmente, ao exame ultrassonográfico, o testículo
afetado apresenta o tamanho reduzido e ecogenicidade elevada comparando-se ao testículo
saudável.
III. Torção testicular
Ao exame ultrassonográfico, o testículo afetado é maior que o testículo contralateral,
apresentando parênquima difusamente hipoecoico. O escroto, epidídimo e cordão
espermático estão aumentados com ausência de sinal Doppler. Na torção testicular crônica,
o testículo pode estar menor e mais heterogêneo.

IV. Inflamação
Na ultrassonografia, o aumento de volume testicular e/ou escrotal é um indicativo de
orquite, de forma que o exame mostra um testículo aumentado de volume, hipoecogênico e
frequentemente heterogêneo. Em pequenos animais, a orquite altera o aspecto testicular, o
qual pode estar modificado ou parecido com uma massa, assemelhando-se a uma neoplasia.
Porém, a orquite geralmente ocasiona uma elevada produção de fluidos e um maior
envolvimento do epidídimo do que nos quadros neoplásicos.
Abscessos podem ocorrer nos testículos ou epidídimo secundariamente a um processo
infeccioso. No exame ultrassonográfico, o conteúdo frequentemente será hipoecogênico com
o tecido adjacente hiperecogênico.
Em equinos com quadros de orquite, observa-se ao exame ultrassonográfico um
aumento de fluido na cavidade vaginal e aumento de tamanho e ecogenicidade do testículo
acometido, comparando-se à estrutura contralateral.
Em bovinos, os achados ultrassonográficos de orquite variam de acordo com o tempo
de duração do processo (agudo ou crônico). Em casos agudos, observa-se um parênquima
testicular hipoecogênico e heterogêneo. Em processos crônicos, visualiza-se um aumento na
ecogenicidade, acompanhada por áreas ecoicas (fibrose) e hiperecoicas (calcificação),
disseminadas pelo parênquima testicular, com a presença de sombras acústicas.

V. Hidrocele, hematocele e pielocele


O acúmulo de líquido pode ser seroso (hidrocele), sanguíneo (hematocele) e puruleto
(pielocele). Ultrassonograficamente, a hidrocele apresenta-se como um acúmulo de fluido
anecoico na região escrotal. A hematocele é visibilizada como a presença de um fluido com
ecogenicidade mais elevada em relação a hidrocele. Na pielocele, observa-se a presença de
conteúdo hiperecoico relacionado à presença de debris celulares e secreção purulenta.

HIDROCELE

VI. Fibrose testicular


Ao exame ultrassonográfico, visualiza-se a fibrose testicular como um aumento na
ecogenicidade do parênquima testicular.

VII. Degeneração testicular


Em equinos, a degeneração testicular ocasiona uma diminuição na ecogenicidade do
parênquima testicular. Já em bovinos, esta alteração provoca perda de arquitetura e
integridade parenquimatosa testicular. Ao decorrer da evolução no quadro da doença, podem
ser visualizadas imagens hiperecogênicas com formação de sombras acústicas, em virtude da
presença de fibroses.

VIII. Hérnia escrotal


A hérnia escrotal ocorre quando uma parte do intestino desloca-se para o anel inguinal.
Em equinos, utilizam-se o transdutores lineares de 5,0 MHz a 7,5 MHz para a avaliação
ultrasssonográfica desta afecção. Nas hérnias escrotais, observa-se a presença de alças
intestinais no interior da bolsa escrotal, o testículo do lado acometido pode apresentar
aumento de volume e ecogenicidade, além disso, pode ser visibilizada a presença de fluido
anecogênico na cavidade.
2. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
É composto por ovários, útero e cornos uterinos. O sistema reprodutor feminino
usualmente pode ser examinado por métodos de imagem como a radiografia e
ultrassonografia, para a investigação de enfermidades, avaliação gestacional e emprego de
biotecnologias da reprodução.

2.1 Útero
a) Exame radiográfico do útero
Na gestação, o exame radiográfico é utilizado para a confirmação da prenhez, estimar
a quantidade de fetos, viabilidade fetal e distocia, sendo estas duas últimas avaliações
limitadas. A técnica radiográfica para o exame uterino deve maximizar o contraste da
imagem, sendo a identificação radiográfica do útero limitada pelo contraste entre as
estruturas abdominais e o tamanho do órgão.

b) Exame ultrassonográfico do útero


Em cadelas e gatas, emprega-se a abordagem ultrassonográfica transabdominal para a
avaliação uterina, sendo manipulados transdutores de alta frequência, dentro das limitações
de profundidade e de técnicas harmônicas e compostas, podendo elevar a resolução de
estruturas relativamente pequenas como a parede uterina. O modo Doppler pode ser utilizado
na gestação para confirmar a viabilidade fetal.
Com o paciente em decúbito dorsal ou lateral, identifica-se o corpo uterino na região
entre a bexiga urinária e porção caudal do cólon descendente, sendo observado como uma
estrutura tubular ecogênica, com tamanho semelhante ao de uma alça intestinal. O útero
diferencia-se de uma alça intestinal pela sua localização e ausência de estratificação distinta
das camadas da parede. Com efeito, a bexiga urinária funciona como uma janela acústica,
facilitando a visibilização uterina. A cérvix é observada caudalmente ao corpo uterino,
caracterizando-se por ser uma estrutura linear hiperecoica.
BX

ÚTERO

A partir do corpo uterino, pode se acompanhar os cornos uterinos bifurcando-se para


cada lado do abdome, estendendo-se até as proximidades dos ovários. O lúmen uterino
geralmente não é visualizado, entretanto na presença de muco luminal, este aparece como
uma área hiperecoica centralmente no útero.
Na avaliação ultrassonográfica uterina de éguas e vacas, são utilizados transdutores
lineares com frequência de 5,0 e 7,5 MHz por via transretal. O exame uterino inicia-se pela
região da cérvix, na qual é visibilizada como uma imagem isoecogênica ao tecidos
adjacentes, servindo como uma estrutura de orientação para o operador. Imediatamente,
acompanhando o eixo longitudinal da cérvix, são observados os cornos uterinos direito e
esquerdo.
O útero de fêmeas bovinas caracteriza-se por apresentar uma imagem homogênea e
hipoecogênica, de forma que em planos transversais essa estrutura forma imagens circulares
e hipoecogênicas e, em planos longitudinais, observa-se uma imagem retangular alongada
com borda hipoecogênica. Durante o período de estro, visualiza-se uma imagem
ultrassonográfica anecogênica no lúmen uterino, em virtude da presença de secreções
uterinas.
Ao exame ultrassonográfico, as fêmeas equinas apresentam um útero heterogêneo
durante o estro. Ao corte transversal, os cornos uterinos apresentam regiões anecogênicas
intercaladas com regiões ecogênicas, formando uma imagem semelhante a uma roda de
carroça ou de uma laranja cortada ao meio. Ocasionalmente, pode ser visualizado um
pequeno acúmulo de liquido livre intrauterino (em torno de 1 cm) durante o estro. Na fase de
diestro, o endométrio possui um aspecto homogêneo e os contornos uterinos são bem
delimitados. No anestro, o útero encontra-se achatado e com limites pouco definidos.

FLUIDO

ÚTERO EGUA
http://www.ansci.wisc.edu

c) Alterações uterinas
I. Hiperplasia endometrial cística e piometra
Em cadelas, o complexo hiperplasia endometrial cística-piometra é o distúrbio uterino
mais comum. Piometra, hidrometra e mucometra resultam em distensão uterina cujo grau de
estiramento irá depender se a cérvix permite ou não a eliminação do conteúdo.
Radiograficamente, o aumento de volume uterino possui como característica a visualização
de uma estrutura tubular com radiopacidade de tecidos moles localizada na região
caudoventral do abdome. Inicialmente, os cornos uterinos aumentados podem ser
indiferenciáveis do jejuno. Com efeito, o aumento de volume uterino associado a hiperplasia
endometrial cística (HEC) não é reconhecível radiograficamente.
No exame ultrassonográfico, a HEC é identificada pelo espessamento do endométrio
com estruturas esféricas multifocais anecogênicas. O acúmulo de fluido no lúmen uterino
não conclui o diagnóstico definitivo de piometra, pois a hidrometra e mucometra podem
apresentar aparência idêntica. Na ultrassonografia, estas alterações são observadas como a
presença de um conteúdo uterino fluido anecoico a hipoecoico, com presença de partículas
em suspensão em casos de piometra.
PIOMETRA

II. Doença no coto uterino (Síndrome do ovário remanescente)


Raramente um coto uterino sem alterações é visualizado no exame ultrassonográfico.
A piometra de coto ocorre somente se os ovários permanecerem no paciente após uma
cirurgia de castração, permitindo a manutenção do ciclo estral. Na piometra de coto,
visualiza-se a presença de conteúdo anecogênico no coto uterino.
Granulomas e abscessos do coto podem ocorrer secundariamente a inflamação e
infecção do coto uterino, independentemente da manutenção dos ovários, podendo ter como
causa a reação a fios de sutura não absorvíveis. No exame ultrassonográfico, os granulomas
são observados como como uma massa ecogênica focal, normalmente pouco heterogênea,
adjacente ao colo da bexiga urinária. Hematomas no coto uterino inicialmente possuem
aparência de estrutura ecogênica preenchida por fluido que gradualmente adquire um aspecto
sólido e ocasionalmente diminuirá de tamanho.

III. Endometrite
A endometrite consiste na inflamação do endométrio, podendo ser visualizada
ultrassonograficamente como um acúmulo de fluidos no lúmen uterino, observando-se áreas
anecogênicas com pequenas partículas ecogênicas em suspensão e espessamento da parede
uterina. Em fêmeas equinas esta afecção é muito importante devido a sua alta incidência,
sendo observada ao exame ultrassográfico como uma distenção uterina por fluidos, de forma
que o conteúdo deve ser avaliado quanto a sua ecogenicidade e classificado em uma escala
de 4 graus. Na endometrite de grau 1 há a presença de fluido anecogênico, no grau 2 fluido
hipoecogênico com particulas hiperecogênicas, no grau 3 fluido moderadamente ecogênico
e no grau 4 fluido hiperecogênico.

2.2 Gestação
Em conjunto com o exame clínico da paciente, a ultrassonografia aprimora o
diagnóstico gestacional, permitindo a identificação precoce da gestação. Em pequenos
animais, o diagnóstico ultrassonográfico preciso da gestação ocorre quando a vesícula
coriônica se torna visível, em gatas, isso acontece aos 15 a 17 dias de gestação, ocorrendo
em cadelas aos 18 a 20 dias de gestação.
Rotineiramente, é aconselhável que o exame ultrassonográfico gestacional em cadelas
e gatas seja realizado após o 21° dia de gestação. Nesse período, a visualização das vesículas
gestacionais torna-se mais clara, diminuindo a sobreposição pelo gás intestinal que dificulta
a identificação destas estruturas no início da gestação. Ultrassonograficamente, as vesículas
gestacionais são identificadas como estruturas anecoicas com 2 mm de diâmetro, envoltas
por uma fina camada hiperecoica (trofoblastos). O tecido uterino adjacente às vesículas
gestacionais torna-se delgado e hiperecoico em relação ao tecido uterino as demais regiões.

VESICULA E
EMBRIÃO

O embrião é visibilizado como uma estrutura ecogênica pediculada com poucos


milímetros de comprimento, situado excentricamente na vesícula embrionária, sendo
observado primeiramente entre o 16° e 18° dia de gestação nas gatas e entre o 21° e 25° dia
nas cadelas.
Após o 30° dia de gestação, os fetos desenvolvem-se rapidamente, possibilitando a
observação de órgãos internos. A viabilidade fetal pode ser avaliada através da atividade
cardíaca e a movimentação dos fetos, sendo a frequência cardíaca fetal aproximadamente o
dobro da materna. Além disso, identifica-se a movimentação dos fetos por volta de 10 dias
após a detecção dos batimentos cardíacos fetais.
A orientação fetal pode ser reconhecida confiavelmente após 28 dias de gestação, com
a visualização da cabeça e corpo do feto. Inicialmente a cabeça é um ponto hipoecoico, ao
decorrer do tempo desenvolve-se um plexo coroide bilobado ecoico, envolvido por um
ventrículo cerebral anecoico. A cerca do 35° de gestação nas cadelas, identificam-se os
botões dos membros e a movimentação fetal. Nas gatas, a movimentação fetal fica mais
evidente após 37° dia gestacional.

VESICULA E
FETO

O esqueleto fetal é visualizado como estruturas hiperecoicas formadoras de sombras


acústicas. Primeiramente, identifica-se o crânio, em seguida observa-se uma rápida
mineralização da coluna torácica e costelas, posteriormente da coluna cervical e esqueleto
apendicular. O esqueleto fetal pode ser identificado inicialmente do 33° ao 39° dias de
gestação. A bexiga e o estômago são visualizados como áreas císticas anecoicas, sendo os
primeiros órgão abdominais identificados, nas gatas mais podem ser observados entre os dias
29 e 30, enquanto nas cadelas por volta de 35 a 39 dias de gestação. Inicialmente, o pulmão
e o fígado visualizados como estruturas relativamente isoecoicos. Os pulmões tornam-se
hiperecoicos em relação ao fígado conforme ocorre o desenvolvimento fetal (por volta de 38
a 42 dias). Os rins são hipoecoicos, com pelves anecoicas, ademais, com a progressão da
gestação ocorre a diferenciação do córtex e a medular renal, e a pelve se torna menos dilatada.
O coração é hipoecoico e anecoico, com septações lineares representando as paredes das
câmaras e valvas. Além disso, o sistema intestinal e peristaltismo das alças são observados
tardiamente ao redor dos 57° a 63° dias de gestação.

RIM
RIM
FÍGADO
FÍGADO EST

RIM RIM

ABDOMEN FETO

doi.org/10.1016/j.theriogenology.2017.11.015

Ultrassonograficamente, medidas do diâmetro da vesícula coriônica, comprimento


craniossacral, diâmetro biparietal e diâmetro corporal podem ser obtidas e utilizadas para
estimar a idade gestacional. Além disso, a avaliação da progressão e desenvolvimento dos
órgãos fetais e organogênese também podem ser empregados para o cálculo da idade
gestacional através do exame ultrassonográfico.
Quadro 1 – Cálculos para estimar a idade gestacional em cadelas e gatas
Cão (+ ou – 3 dias)
<40 dias após pico de LH Idade = (6 x diâmetro do saco gestacional) + 20
Idade = (3x comprimento cabeça-nádegas) + 27
>40 dias após pico de LH Idade = (15 x diâmetro parietal) + 20
Idade = (7 x diâmetro abdominal) + 29
Idade = (6 x diâmetro parietal) + (3 x diâmetro
abdominal) + 30
Gato (+ ou – 2 dias)
>40 dias após cópula Idade = (25 x diâmetro parietal) + 3
Idade = (11 x diâmetro abdominal) + 21
Fonte: Feliciano et al., 2013.
Em pequenos animais, o diagnóstico gestacional através do exame radiográfico só é
possível posteriormente a mineralização do esqueleto fetal, a qual ocorre a partir dos 42 dias
em cadelas e dos 38 dias em gatas. Deste modo, a radiografia também pode ser utilizada para
estimar a data do parto, com base na visualização das estruturas fetais que encontram-se
mineralizadas. O exame radiográfico possui uma precisão superior à ultrassonografia para a
contagem fetal, sendo mais precisa nos estágios finais de mineralização. A contagem de
crânios e colunas vertebrais permite uma melhor estimativa do tamanho da ninhada. A
sobreposição de fetos dificulta a determinação radiográfica do número de fetos em ninhadas
numerosas.

Em vacas, realiza-se o exame ultrassonográfico gestacional por via transretal,


empregando-se, de forma preferencial, transdutor lineares com frequência entre 5 e 8 MHz.
O diagnóstico gestacional em fêmeas bovinas por ultrassonografia pode ser executado por
volta do 25° dia de gestação, sendo confirmado por uma elevação significativa na quantidade
de líquidos uterino associado ao desprendimento do embrião da parede uterina.
Na prática, a gestação em fêmeas equinas pode ser detectada precocemente em exames
ultrassonográficos realizados entre 12 e 14 dias após a ovulação, antes da fixação do embrião
e reconfirmados entre 26 e 30 dias. Geralmente, executa-se outro exame ao redor dos 60 dias
de gestação, no qual pode se efetuar a sexagem fetal precoce (idealmente realizada entre 55
e 68 dias). A sexagem fetal tardia pode ser realizada por via transretal e transabdominal,
sendo o período entre 110 e 120 dias de gestação melhor pela via transretal e entre 120 e 210
ideal pela via transabdominal.
Em éguas, fisiologicamente, ocorre uma diminuição na frequência cardíaca (FC) fetal
com a proximidade do momento do parto. No 300° dia de gestação, a FC é de
aproximadamente 75 bpm, caindo para 10 batimentos quando se ultrapassa o 330° dia. Em
condições de estresse fetal podem ocorrer aumentos na FC durante a gestação, da mesma
maneira que depressões no SNC fetal podem ocasionar diminuições na FC.

Quadro 2 – Achados ultrassonográficos gestacionais em éguas


Período Gestacional Achados ultrassonográficos
10° a 16° dia de gestação Identifica-se o saco vitelínico como uma estrutura anecoica esférica que
pode apresentar um ou dois pontos hiperecoicos nas superfícies dorsal e
ventral. Grande mobilidade embrionária no interior dos cornos uterinos.
A partir do 17° dia de gestação A vesícula embrionária torna-se irregular.
21° dia de gestação Visibiliza-se o embrião como uma massa ecogênica na porção ventral do
corno uterino. Torna-se possível detectar os batimentos do embrião em
modo Doppler colorido, entretanto na USG convencional em modo B,
estes só podem ser identificados após 23 a 26 dias de gestação.
25° dia de gestação O alantoide pode ser observado como uma pequena área anecogênica na
porção ventral do embrião. A vesícula embrionária divide-se em uma
porção anecogênica dorsal que é o saco vitelínico, uma porção também
anecogênica ventral que é o alantoide, separados por uma fina linha
ecogênica, à qual o embrião está associado. Na medida em que a gestação
progride, desloca-se progressivamente dorsalmente o saco vitelínico.
32° dia de gestação O embrião localiza-se dorsalmente no útero.
40º dia de gestação O saco vitelínico encontra-se totalmente envolvido pelo corialantoide em
conjunto com os vasos sanguíneos e o úraco, constituindo o cordão
umbilical, o qual se insere na parede dorsal do útero. Identifica-se o feto
suspenso pelo cordão umbilical e, à medida em que ocorre o alongamento
desta estrutura, aproxima-se novamente da parede ventral do útero até
alcançá-la aos 50 dias de gestação.
A partir do 60° dia de gestação Não visualiza-se inteiramente o feto na imagem ultrassonográfica.
Fonte: Feliciano et al., 2013.
a) Alterações gestacionais
I. Morte embrionária e fetal
A morte embrionária é diagnosticada pela visualização de uma modificação no fluido
embrionário que de anecogênico passa a ser hipoecogênico, pela presença de partículas
ecogenicas, diminuição no tamanho do embrião e ausência de batimentos cardíacos.
Geralmente, em casos de aborto ocorre um aumento na ecogenicidade do fluido fetal,
espessamento da parede uterina adjacente ao feto, redução no volume do líquido amniótico
e a frequência cardíaca inicialmente reduz e posteriormente para no dia do aborto.
A morte fetal é caracterizada pela ausência de batimentos cardíacos fetal. Ao decorrer
do tempo, posteriormente à morte do feto, suas estruturas tornam-se menos reconhecíveis. O
exame radiográfico é menos preciso que a ultrassonografia, sendo que os indicativos de morte
fetal somente são visualizados com no mínimo 24 horas após a morte do feto. A presença de
gás no interior e ao redor do feto, a sobreposição dos ossos do crânio, um feto acentuadamente
flexionado e a degradação do esqueleto fetal podem ser perceptíveis radiograficamente. Além
disso, a presença de um feto com desenvolvimento tardio em comparação aos outros da
ninhada também é um indício de morte fetal.

II. Hidropsia fetal


Ao exame ultrassonográfico, a hidropsia pode ser caracterizada pela presença de fluido
na região subcutânea fetal, este líquido é visualizado como uma camada anecogênica de
espessura variável, separando a pele do tecido adjacente.

CORTE TRANSVERSAL FETO - HIDROPSIA


III. Maceração fetal
Ocorre quando há uma infecção bacteriana no interior do útero e as microrganismos
proliferam-se no feto morto, ocasionando uma rápida destruição dos tecidos e ossos fetais,
com formação de gás. Ultrassonograficamente, visualizam-se estruturas ecoicas em
suspensão, que correspondem aos tecidos ósseos do feto, acompanhadas de uma grande
quantidade de gás ao redor, espessamento da parede uterina e a presença de uma pequena
quantidade de fluidos fetais anecogênicos. O exame radiográfico é melhor para a
diferenciação entra morte e maceração fetal.

IV. Mumificação fetal


É ocasionada pela morte e retenção fetal por um período prolongado. Ao exame
ultrassonográfico, pode ser observado o feto encurvado com presença de conteúdo ecoico ou
hiperecoico ao redor, normalmente, ocorrem artefatos da técnica em consequência do tecido
ósseo, além disso, pode ser visibilizado o espessamento da parede uterina com ausência de
líquidos.

V. Retenção de placenta
Ultrassonograficamente, pode ser visibilizado o útero com presença de líquido em
quantidade e ecogenicidade variáveis, além disso, uma camada de material hiperecogênico
de aspecto heterogêneo sobre o lúmen uterino pode ser observada.

VI. Sofrimento fetal


Identifica-se um quadro de sofrimento fetal pela diminuição dos batimentos cardíacos
fetais, os quais normalmente possuem uma frequência de 2-3 vezes maior que a da mãe. Nas
cadelas, os fetos apresentam uma frequência cardíaca (FC) superior a 200 bpm e nas gatas a
FC encontra-se entre 228,2 ± 35,5 bpm. Uma FC inferior a 180 bpm é indicativa de estresse
fetal leve, ao mesmo tempo que FC menores que 160 bpm são consideradas graves, devido
a um quadro de hipóxia fetal. A mensuração da FC é efetuada usualmente pelo modo M e/ou
Doppler pulsado, entretanto nem sempre é possível mensurar a FC corretamente, sobretudo
em fêmeas de grande porte, obesas e/ou com taquipneia.
2.3 Ovários
Radiograficamente, não é possível identificar ovários com tamanhos normais ou
discretamente aumentados. A ultrassonografia é o exame mais sensível para a identificação
de massas ovarianas e permite melhor distinção das anormalidades do órgão.
Em pequenos animais, os ovários localizam-se em contato com os rins ou alguns
centímetros caudalmente, caudodorsalmente ou caudoventralmente destes. São empregados
transdutores de alta frequência em cadelas e gatas que pesam menos de 18 kg. Transdutores
de baixa frequência podem ser necessários para a avaliação em cadelas maiores ou obesas,
entretanto a resolução de imagem pode ser insuficiente para distinguir os ovários normais de
tecidos abdominais adjacentes.
Ovários sem alterações possuem uma aparência ultrassonográfica variável de acordo
com a fase do ciclo estral. No diestro, os ovários normais são pequenas estruturas ovais,
geralmente com 1 a 2 cm de comprimento, homogêneas e com ecogenicidade semelhante ou
discretamente maior do que a do córtex renal, podendo ser difícil diferenciá-los dos tecidos
adjacentes. Os ovários são reconhecidos mais facilmente durante o proestro e o estro, quando
se encontram mais arredondados e aumentados. Os folículos desenvolvem-se no proestro,
inicialmente são pequenos, entretanto aumentam de volume até o momento da ovulação. Os
folículos aparecem como estruturas esféricas anecogênicas que geralmente possuem 4 a 6
mm de diâmetro, com parede de espessura menor que 1 mm, podendo tornar a superfície do
ovário irregular. Os corpos lúteos estruturas cavitárias e anecogênicas na porção central.

OVÁRIOS

Na avaliação ultrassonográfica ovariana em grandes animais, é necessário que o


profissional seja cauteloso para garantir a sua segurança, do paciente e dos equipamentos.
Deste modo, o animal deve ser contido em um brete, de forma que geralmente esta medida é
suficiente para permitir a adequada avaliação do trato genital pelas vias transretal e
transabdominal.
No exame ultrassonográfico ovariano de fêmeas bovinas, são utilizados probes lineares
de 5 a 7,5 MHz. Para a realização de aspiração folicular, emprega-se transdutores
microconvexos com frequência de 5 a 7,5 MHz. Os foliculos ovarianos são visualizados
como estruturas esféricas anecogênicas e o corpo lúteo maduro como uma estrutura
hipoecogênica quando comparada ao estroma ovariano.
Na rotina veterinária, a avaliação ultrassonográfica ovariana por via transretal em
fêmeas equinas é empregada com maior frequência. Na maioria das avaliações transretais
utilizam-se transdutores lineares de 5,0 MHz, caso haja necessidade de um maior, podem ser
empregados transdutores de alta frequência (7,5 a 10 MHz), desde que a estrutura a ser
avaliada esteja localizada próxima à probe. Os exames ultrassonográficos por via
transabdominal são indicados em gestações avançadas ou em gestações de risco, não
eliminando a necessidade de uma avaliação transretal.
Nas fêmeas equinas, os ovários estão localizados na região lombar, em posição caudal
aos rins. Além disso, caracteristicamente possuem o formato de feijão, apresentam uma fossa
de ovulação, a região do estroma situa-se na cortical ovariana e na porção medular está
localizado o parênquima, que contém os folículos e corpo lúteo. O tamanho ovariano é
variável, quando o animal está na estação reprodutiva pode atingir até 10 cm de diâmetro,
entretanto, se o animal está em anestro os ovários geralmente não ultrapassam 2 cm.
Os folículos apresentam menos de 15 mm em períodos de anestro e atingem 30-70 mm
de diâmetro na fase pré-ovulatória. Após a ovulação, o corpo lúteo formado pode atingir
dimensões maiores que 50% a 75% do tamanho do folículo pré-ovulatório. Visualizam-se os
foliculos como estruturas anecoicas de formato arredondado ou irregular, quando
comprimidas por outras estruturas. O parênquima do ovário é moderadamente ecoico e
homogêneo.

FOL
FOL
FOL

OVÁRIO ÉGUA
a) Alterações ovarianas

I. Cistos ovarianos
São mais comumente diagnosticados por meio do exame ultrassonográfico,
observando-se a presença de uma ou mais estruturas esféricas, de paredes finas e com
conteúdo anecogênico no parênquima ovariano. Pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral,
em alguns casos os cistos causam a deformação da superfície do ovário. Radiograficamente,
os cistos ovarianos só podem ser detectados se possuírem muitos centímetros, devendo ser
considerados diagnósticos diferenciais como neoplasia ovariana.
Em vacas, os cistos ovarianos são caracterizados pela persistência acima de 10 dias de
uma estrutura circular, anecogênica, com margens ecogênicas, diâmetro superior a 20 mm e
ausência de corpo lúteo nos ovários.

II. Neoplasia
A maioria das massas ovarianas que são suficientemente grandes para serem
visualizadas radiograficamente são de origem neoplásica. As massas ovarianas ocasionam o
deslocamento das estruturas abdominais adjacentes. Além disso, algumas neoplasias podem
apresentar áreas de mineralização.
A ultrassonografia proporciona imagens detalhadas da arquitetura dos tumores, os
quais podem ser pequenos ou grandes, sólidos, conter pequenos cistos ou se apresentarem
primariamente císticos. As neoplasias ovarianas com áreas císticas, geralmente possuem
paredes espessadas, irregulares e o conteúdo pode ser ecogênico ou heterogêneo. A
mineralização neoplásica é visualizada como áreas hiperecoicas com sombreamento acústico
no interior do tumor. A conclusão de que uma massa abdominal possui origem ovariana,
baseia-se na localização topográfica, caudal aos rins e associada ao corno uterino adjacente.
Outras alterações radiográficas ou ultrassonográficas podem estar presentes nas
neoplasias ovarianas, como o acúmulo de fluido peritoneal, piometra ou HEC.

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