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1.1 Próstata
A próstata está localizada na região pélvica, contornando a uretra proximal,
ventralmente ao reto e caudalmente à bexiga urinária.
dorsal
Uretra
prostática
ventral
Próstata Normal
BX
LONGITUDINAL TRANSVERSAL
c) Alterações prostáticas
I. Hipertrofia prostática benigna (HPB)
Nesta afecção, radiograficamente, é possível identificar um aumento de volume
simétrico da glândula prostática, de forma que dificilmente será observado um aumento de
volume assimétrico. As margens prostáticas geralmente são lisas e facilmente visualizadas.
Ultrassonograficamente, a HPB evidencia-se como um aumento uniforme da glândula
com manutenção das margens lisas, podendo apresentar uma leve hiperecogenicidade no
parênquima. Inicialmente o crescimento da próstata tende a ser simétrico, porém ocorre a
perda da simetria prostática com o aumento da hipertrofia e desenvolvimento de cistos no
parênquima da glândula.
HPB
II. Prostatite
Radiograficamente, observa-se aumento de volume simétrico. As margens da glândula
apresentam-se irregulares e indistintas, mesmo na presença de gordura abdominal adequada,
pois prostatites agudas normalmente não provocam aumentos de volume acentuados.
Áreas de mineralização no parênquima prostático podem ser identificadas em casos de
prostatite crônica. Além disso, a próstata não deve conter gás em seu interior, porém em casos
de prostatite bacteriana formadora de gás, visibiliza-se gás intraprostático, o qual provoca o
aumento de radioluscência na próstata no exame radiográfico e áreas de reverberação na
ultrassonografia.
Os achados ultrassonográficos de prostatite variam de hiperecogenicidade leve
aumento glandular até um grave aumento com padrão hiperecoico a hipoecoico mosqueado.
O formato prostático comumente é normal, mas na prostatite grave pode estar alterado.
Alguns pacientes podem apresentar uma faixa hipoecogênica de edema na cápsula ao redor
da próstata. Quando ocorre extensão da inflamação para a gordura adjacente, observa-se
elevação da ecogenicidade do tecido ao redor da próstata.
Na prostatite grave necrosante, a diferenciação entre a glândula e a gordura adjacente
pode estar perdida, e a próstata pode parecer uma estrutura hipoecoica com margens
irregulares e indistintas, e com a gordura circundante hiperecoica.
PROSTATITE
EDEMA DA CÁPSULA
V. Abscesso prostático
Pode não ser visualizado imediatamente por meio do exame radiográfico, nem produzir
deslocamento cranial da bexiga urinaria. Essa afecção frequentemente provoca o
deslocamento e compressão do reto, sendo reconhecida como uma massa intrapélvica.
Quando observados, geralmente, possuem margens bem definidas e facilmente visibilizadas.
É impossível diferenciar abscessos e cistos prostáticos por meio de radiografias.
Ultrassonograficamente, os abscessos prostáticos são observados como estruturas de
paredes finas e centro anecoico, podendo se visualizar a presença de septações ou de grande
quantidade de debris celulares em seu interior.
ABSCESSO
1.2 Testículos
Um testículo somente é investigado por meio do Raio-X se apresentar alguma
alteração, principalmente em casos de testículo ectópico abdominal acometido por uma
neoplasia, que pode ser observados em radiografias abdominais.
A ultrassonografia é um exame sensível para investigação de lesões no parênquima
testicular e diferenciação de causas testiculares e extratesticulares de aumento de volume
escrotal. Transdutores lineares de alta frequência constituem a melhor opção para a avaliação
do escroto e dos testículos. O mapeamento Doppler pode ser utilizado nos testículos e tecidos
moles, devendo ser otimizado para fluxos de velocidade lenta.
Em pequenos animais, o testículo normal possui formato ovoide ao exame
ultrassonográfico. Uma fina linha hiperecoica reveste os testículos superficialmente,
representando a túnica albugínea e as túnicas parietal e visceral. Em geral, o parênquima
testicular deve ser homogêneo de ecogenicidade moderada, no entanto pequenas áreas
hiperecoicas podem ser observadas internamente, representando as trabéculas de tecidos
conjuntivos. O mediastino testicular estende-se ao longo do eixo longitudinal do testículo,
estando presente no centro do testículo normal, como uma estrutura linear hiperecoica em
plano longitudinal médio e uma área focal central hiperecoica em plano transversal médio.
Em equinos, bovinos e pequenos ruminantes podem ser utilizados transdutores lineares
de 5 MHz a 7,5 MHz para a avaliação testicular e do cordão espermático. Porém, para um
melhor detalhamento da imagem e análise de alterações no testículo torna-se necessário o
emprego de transdutores de alta frequência (10 MHz).
Ao exame ultrassonográfico, o testículo equino apresenta um parênquima homogêneo
de forma difusa, além disso, observa-se a túnica vaginal como uma fina camada anecoica
envolvendo o testículo. Em bovinos, o testículo também apresenta um parênquima
homogêneo com ecogenicidade moderada, a qual aumenta com a idade do animal. Ao corte
longitudinal, visibiliza-se o mediastino testicular como uma linha hiperecoica no centro do
parênquima testicular; ao corte transversal, o mesmo é observado como um ponto hiperecoico
no centro do parênquima testicular. O mediastino torna-se mais ecogênico e espesso com o
aumento da idade do paciente, por isso fica mais perceptível ao exame ultrassonográfico.
Em cães e gatos, o epidídimo é observado como uma estrutura hipoecoica pouco
delineada, em posição mediodorsal imediatamente adjacente ao testículo. A cabeça e a cauda
do epidídimo estão localizadas ao longo das margens testiculares cranial e caudal,
respectivamente, e possuem formato triangular. O corpo do epidídimo é mais delgado do que
a cabeça e a cauda. O epidídimo é hipoecoico em comparação ao testículo, podendo ser
anecoico.
Em equinos, o epidídimo possui ecogenicidade heterogênea, sendo a cauda do
epidídimo a parte mais fácil de ser identificada ultrassonograficamente, em virtude do
tamanho do seu lúmen.
Em bovinos, a cauda do epidídimo é facilmente visibilizada durante o exame
ultrassonográfico. Essa região está localizada na extremidade distal do testículo, apresenta-
se hipoecogênica em relação ao parênquima testicular e exibe numerosas estruturas tubulares
anecoicas. A cabeça do epidídimo situa-se na extremidade dorsal do testículo, gera imagens
hipoecoicas em relação ao parênquima testicular, possui ecotextura homogênea, sendo
demarcada por uma fina linha ecogênica. Dificilmente observa-se o corpo do epidídimo ao
ultrassom.
MEDIASTINO
CÃO BOVIDEO
EQUIDEO
a) Alterações testiculares
I. Neoplasia
O exame radiográfico pode ser empregado para a avaliação de testículos neoplásicos
em animais criptorquidas. A ultrassonografia é o exame sensível para detecção de nódulos
testiculares, mesmo quando estes não são palpáveis. A neoplasia pode se apresentar como
um nódulo ou massa, a qual pode ou não deformar a margem testicular, deslocar o mediastino
testicular ou dificultar o reconhecimento do epidídimo. Nódulos e massas podem ser
hiperecoicos ou hipoecoicos, solitários ou múltiplos. Os tumores podem apresentar interior
heterogêneo, representando áreas de isquemia, necrose ou hemorragia.
NEOPLASIA
IV. Inflamação
Na ultrassonografia, o aumento de volume testicular e/ou escrotal é um indicativo de
orquite, de forma que o exame mostra um testículo aumentado de volume, hipoecogênico e
frequentemente heterogêneo. Em pequenos animais, a orquite altera o aspecto testicular, o
qual pode estar modificado ou parecido com uma massa, assemelhando-se a uma neoplasia.
Porém, a orquite geralmente ocasiona uma elevada produção de fluidos e um maior
envolvimento do epidídimo do que nos quadros neoplásicos.
Abscessos podem ocorrer nos testículos ou epidídimo secundariamente a um processo
infeccioso. No exame ultrassonográfico, o conteúdo frequentemente será hipoecogênico com
o tecido adjacente hiperecogênico.
Em equinos com quadros de orquite, observa-se ao exame ultrassonográfico um
aumento de fluido na cavidade vaginal e aumento de tamanho e ecogenicidade do testículo
acometido, comparando-se à estrutura contralateral.
Em bovinos, os achados ultrassonográficos de orquite variam de acordo com o tempo
de duração do processo (agudo ou crônico). Em casos agudos, observa-se um parênquima
testicular hipoecogênico e heterogêneo. Em processos crônicos, visualiza-se um aumento na
ecogenicidade, acompanhada por áreas ecoicas (fibrose) e hiperecoicas (calcificação),
disseminadas pelo parênquima testicular, com a presença de sombras acústicas.
HIDROCELE
2.1 Útero
a) Exame radiográfico do útero
Na gestação, o exame radiográfico é utilizado para a confirmação da prenhez, estimar
a quantidade de fetos, viabilidade fetal e distocia, sendo estas duas últimas avaliações
limitadas. A técnica radiográfica para o exame uterino deve maximizar o contraste da
imagem, sendo a identificação radiográfica do útero limitada pelo contraste entre as
estruturas abdominais e o tamanho do órgão.
ÚTERO
FLUIDO
ÚTERO EGUA
http://www.ansci.wisc.edu
c) Alterações uterinas
I. Hiperplasia endometrial cística e piometra
Em cadelas, o complexo hiperplasia endometrial cística-piometra é o distúrbio uterino
mais comum. Piometra, hidrometra e mucometra resultam em distensão uterina cujo grau de
estiramento irá depender se a cérvix permite ou não a eliminação do conteúdo.
Radiograficamente, o aumento de volume uterino possui como característica a visualização
de uma estrutura tubular com radiopacidade de tecidos moles localizada na região
caudoventral do abdome. Inicialmente, os cornos uterinos aumentados podem ser
indiferenciáveis do jejuno. Com efeito, o aumento de volume uterino associado a hiperplasia
endometrial cística (HEC) não é reconhecível radiograficamente.
No exame ultrassonográfico, a HEC é identificada pelo espessamento do endométrio
com estruturas esféricas multifocais anecogênicas. O acúmulo de fluido no lúmen uterino
não conclui o diagnóstico definitivo de piometra, pois a hidrometra e mucometra podem
apresentar aparência idêntica. Na ultrassonografia, estas alterações são observadas como a
presença de um conteúdo uterino fluido anecoico a hipoecoico, com presença de partículas
em suspensão em casos de piometra.
PIOMETRA
III. Endometrite
A endometrite consiste na inflamação do endométrio, podendo ser visualizada
ultrassonograficamente como um acúmulo de fluidos no lúmen uterino, observando-se áreas
anecogênicas com pequenas partículas ecogênicas em suspensão e espessamento da parede
uterina. Em fêmeas equinas esta afecção é muito importante devido a sua alta incidência,
sendo observada ao exame ultrassográfico como uma distenção uterina por fluidos, de forma
que o conteúdo deve ser avaliado quanto a sua ecogenicidade e classificado em uma escala
de 4 graus. Na endometrite de grau 1 há a presença de fluido anecogênico, no grau 2 fluido
hipoecogênico com particulas hiperecogênicas, no grau 3 fluido moderadamente ecogênico
e no grau 4 fluido hiperecogênico.
2.2 Gestação
Em conjunto com o exame clínico da paciente, a ultrassonografia aprimora o
diagnóstico gestacional, permitindo a identificação precoce da gestação. Em pequenos
animais, o diagnóstico ultrassonográfico preciso da gestação ocorre quando a vesícula
coriônica se torna visível, em gatas, isso acontece aos 15 a 17 dias de gestação, ocorrendo
em cadelas aos 18 a 20 dias de gestação.
Rotineiramente, é aconselhável que o exame ultrassonográfico gestacional em cadelas
e gatas seja realizado após o 21° dia de gestação. Nesse período, a visualização das vesículas
gestacionais torna-se mais clara, diminuindo a sobreposição pelo gás intestinal que dificulta
a identificação destas estruturas no início da gestação. Ultrassonograficamente, as vesículas
gestacionais são identificadas como estruturas anecoicas com 2 mm de diâmetro, envoltas
por uma fina camada hiperecoica (trofoblastos). O tecido uterino adjacente às vesículas
gestacionais torna-se delgado e hiperecoico em relação ao tecido uterino as demais regiões.
VESICULA E
EMBRIÃO
VESICULA E
FETO
RIM
RIM
FÍGADO
FÍGADO EST
RIM RIM
ABDOMEN FETO
doi.org/10.1016/j.theriogenology.2017.11.015
V. Retenção de placenta
Ultrassonograficamente, pode ser visibilizado o útero com presença de líquido em
quantidade e ecogenicidade variáveis, além disso, uma camada de material hiperecogênico
de aspecto heterogêneo sobre o lúmen uterino pode ser observada.
OVÁRIOS
FOL
FOL
FOL
OVÁRIO ÉGUA
a) Alterações ovarianas
I. Cistos ovarianos
São mais comumente diagnosticados por meio do exame ultrassonográfico,
observando-se a presença de uma ou mais estruturas esféricas, de paredes finas e com
conteúdo anecogênico no parênquima ovariano. Pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral,
em alguns casos os cistos causam a deformação da superfície do ovário. Radiograficamente,
os cistos ovarianos só podem ser detectados se possuírem muitos centímetros, devendo ser
considerados diagnósticos diferenciais como neoplasia ovariana.
Em vacas, os cistos ovarianos são caracterizados pela persistência acima de 10 dias de
uma estrutura circular, anecogênica, com margens ecogênicas, diâmetro superior a 20 mm e
ausência de corpo lúteo nos ovários.
II. Neoplasia
A maioria das massas ovarianas que são suficientemente grandes para serem
visualizadas radiograficamente são de origem neoplásica. As massas ovarianas ocasionam o
deslocamento das estruturas abdominais adjacentes. Além disso, algumas neoplasias podem
apresentar áreas de mineralização.
A ultrassonografia proporciona imagens detalhadas da arquitetura dos tumores, os
quais podem ser pequenos ou grandes, sólidos, conter pequenos cistos ou se apresentarem
primariamente císticos. As neoplasias ovarianas com áreas císticas, geralmente possuem
paredes espessadas, irregulares e o conteúdo pode ser ecogênico ou heterogêneo. A
mineralização neoplásica é visualizada como áreas hiperecoicas com sombreamento acústico
no interior do tumor. A conclusão de que uma massa abdominal possui origem ovariana,
baseia-se na localização topográfica, caudal aos rins e associada ao corno uterino adjacente.
Outras alterações radiográficas ou ultrassonográficas podem estar presentes nas
neoplasias ovarianas, como o acúmulo de fluido peritoneal, piometra ou HEC.