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LEI N. 12.

846/2013
Lei Anticorrupção – Introdução
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LEI ANTICORRUPÇÃO – INTRODUÇÃO

Nesta aula, será estudada a lei anticorrupção, que é a Lei n. 12.846 de 2013. Essa lei tem
vivência na parte prática, que tem como intuito a responsabilização da pessoa jurídica. Até
2013, havia a possibilidade de responsabilizar o agente público (na esfera civil, penal, admi-
nistrativa), havendo o PAD (processo administrativo disciplinar), que responsabiliza e aplica
sanções e punições ao servidor, mas o agente público que, por muitas vezes, praticava o
ato em conjunto com uma pessoa jurídica, fraudando uma licitação, ou com a ajuda de uma
empresa com a fraude de uma arrecadação tributária, a empresa era beneficiada, deixando
de pagar milhões em tributos. Mas até então, era muito difícil responsabilizar a pessoa jurí-
dica, responsabilizando apenas o agente público na esfera civil, penal e administrativa.
A lei anticorrupção veio justamente para que a pessoa jurídica também tenha a sua res-
ponsabilidade, depois de um processo administrativo chamado PAR (processo administrativo
de responsabilização), que terá no final sanções aplicadas ou na via administrativa, ou apli-
cadas na esfera judicial. A lei tem uma parte inicial que trará a responsabilidade da pessoa
jurídica, seu tipo, quem responde nos termos desta lei, o rito do PAR e depois as sanções
administrativas, que são aplicações de multa pela autoridade administrativa competente e
publicação extraordinária da decisão. A lei também traz a responsabilidade e punições apli-
cadas judicialmente, sanções mais gravosas, mais duras, e para isso será transcorrido ini-
cialmente um processo judicial antes de ser aplicada a sanção.

CAPÍTULO I
Finalidade da Lei

Tutela a Administração Pública nacional e estrangeira.

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização OBJETIVA administrativa e civil (judicial) de PES-
SOAS JURÍDICAS pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

 Obs.: Quando se fala no direito de responsabilidade objetiva, significa que não discute dolo
ou culpa, não havendo relevância. Mas se lembre, isso não se discute no PAR, mas
se devem sempre provar três requisitos: que houve um tipo de conduta da pessoa
jurídica, que houve um dano e que houve também essa relação de nexo causal entre
a conduta e o dano causado.
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Já houve processos na PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional) de servidor que


vai no sistema, e diminui o valor da dívida ativa que a empresa tenha ou simplesmente apaga
a mesma, afirmando quitação, transação, parcelamento ou extinção. Neste caso, o servidor
terá sua responsabilidade civil, penal e administrativa (PAD) e a empresa terá também a
instauração de um PAR, sendo responsabilidade objetiva, ou seja, sem discussão de dolo
ou culpa, até porque é difícil tirar isso da pessoa jurídica, mas deve haver prova que ela fez
alguma conduta, que causou um dano, e deve-se provar o nexo de causalidade.

APLICAÇÃO

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias (de acordo com o
Direito Empresarial, é a sociedade que produz bens e serviços com natureza empresarial) e às
sociedades simples (são aquelas sociedades constituídas de pessoas que desempenharão servi-
ços de natureza intelectual, como um escritório de advocacia, uma clínica médica), personificadas
(personalidade jurídica) ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societá-
rio adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou socieda-
des estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de
fato ou de direito, ainda que temporariamente.

A lei nessa parte apresentou um conceito bastante abrangente, afirmando que, em tese,
qualquer pessoa jurídica que tenha um CNPJ, pode responder nos termos desta lei, não
importando se é uma sociedade de caráter empresarial, se é uma fundação criada por parti-
cular sem fins lucrativos, uma associação de pessoas, uma associação de outras entidades
sem fins lucrativos, não importa se a entidade está constituída de fato (entidade que está fun-
cionando, mas não está regularmente constituída), ou de direito (regularmente constituída).
Então, se a pessoa jurídica está atuando no seu dia a dia mas não fez a inscrição do seu
estatuto, do seu contrato social, mas ela está atuando e pratica ato contra a Administração
Pública, ela responde também nos termos desta lei.
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 Obs.: Para a sua prova, você deve saber muito bem a lei, não havendo neste assunto muita
questão doutrinária ou jurisprudência, sendo questões da letra da lei.

�Obs. 2: De acordo com o Direito Empresarial, se você quer montar uma empresa, você vai
escolher a forma de fazer isso, podendo ser uma sociedade limitada (Ltda.), ou uma
sociedade por ações (S.A), independentemente da forma que você assim constituiu,
ela poderá responder nos termos da Lei n. 12.846.
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Obs. 3: As fundações e associações (no Direito Civil) são pessoas jurídicas que não pos-
suem finalidade lucrativa, mas independentemente disso, se causarem dano à Admi-
nistração Pública, também poderão responder nos termos desta lei.

Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e


civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou
não.
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus
dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural (pessoa física), autora, coautora ou
partícipe (participou de alguma forma) do ato ilícito. (CAI MUITO EM PROVA)
15m Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual, trans-
formação, incorporação, fusão ou cisão societária.

A empresa muitas vezes tem um contrato entre os sócios, um estatuto jurídico, que será
registrado na junta comercial, que é registrado no cartório de pessoa jurídica a depender do
local, mas qualquer alteração que for feita neste contrato ou estatuto, não afasta a respon-
sabilidade. A PJ que foi transformada em outra também não afasta a responsabilidade da PJ
anterior, a PJ que foi incorporada por outra, também em caso de fusão (duas empresas se
juntam, dando início a uma nova PJ), ou no caso de cisão, que é uma PJ que se separa e dá
origem a outra ou a outras. Então, independentemente do que aconteceu com aquela pessoa
jurídica, mantém-se a sua responsabilização pelo ato que praticou.

§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obri-


gação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio
transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e
fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente
intuito de fraude, devidamente comprovados.

Exemplo: A empresa A praticou uma ação e foi incorporada pela empresa B, essa empresa
B terá responsabilidade pela multa e reparação integral do dano, mas nos limites do patrimô-
nio que foi transferido, exceto quando houver uma simulação (que parece verdadeiro, mas
não é). Por exemplo, um casal que simula separação apenas para pagar menos imposto de
renda, ou uma separação para ter outros benefícios.
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§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as


consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restrin-
gindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano
causado.
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Sociedade controladora é uma empresa que controla outra. Por exemplo, a Petrobras
é empresa principal, controladora de várias outras empresas do ramo do petróleo, tendo
maioria das ações de uma outra empresa privada qualquer, então controla uma empresa por
ter a maioria do capital social. Existem no Brasil várias empresas maiores controladoras de
empresas menores. Todas essas têm responsabilidade solidária, que é responsabilidade do
mesmo nível, tanto a empresa controladora, quanto a empresa controlada.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Gustavo Scatolino da Silva.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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