Você está na página 1de 4

Solução para a equação de Legendre

Como x=0 é um ponto ordinário da equação:

(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + n(n + 1)y = 0, (1)


P∞ k
tentamos uma solução na forma y = k=0 ck x . Portanto, P∞
PE = (1 − x2 )y 00 − 2xy 0
+ n(n + 1)y = (1 − x2 ) k=0 ck k(k − 1)xk−2 −
∞ ∞
kxk + n(n + 1) k=0 ck xP k
P
2 k=0 ckP
∞ k−2 ∞ P∞
E = k=2 ck k(k − 1)x − k=2 ck k(k − 1)xk − 2 k=1 ck kxk + n(n +

1) k=0 ck xk
P
P∞
P∞E = [n(n+1)c0k+2c2P ]x0 +[n(n+1)c1 −2c1 +6c+3]x+ k=4 ck k(k −1)x
k−2

∞ k
P ∞ k
k=2 c k k(k − 1)x − 2 k=2 ck kx + n(n + 1) k=2 c k x . Substituimos j=k-2
na primeira somatória, e j=k nas outras, e temos: P∞
E = [n(n + 1)c0 + 2c2 ] + [(n − 1)(n − 2)c1 + 6c3 ]x + j=2 [(j + 2)(j + 1)cj+2 +
(n − j)(n + j + 1)cj ]xj = 0.
O que implica que:
n(n + 1)c0 + 2c2 = 0,
(n − 1)(n − 2)c1 + 6c3 = 0,
(j + 2)(j + 1)cj+2 + (n − j)(n + j + 1)cj = 0,
ou:
c2 = − n(n+1)
2! c0 ,
(n−1)(n+2)
c3 = − 3! c1 ,
(n−j)(n+j+1)
cj+2 = − (j+2)(j+1) cj , j = 2, 3, 4, ...
Expandindo a última relação, temos que:
c4 = − (n−2)(n+3)
4·3 c2 = (n−2)n(n+1)(n+3)
4! c0
(n−3)(n+4) (n−3)(n−1)(n+2)(n+4)
c5 = − 5·4 c3 = 5! c1
c6 = − (n−4)(n+5)
6·5 c 4 = − (n−4)(n−2)n(n+1)(n+3)(n+5)
6! c0
(n−5)(n+6) (n−5)(n−3)(n−1)(n+2)(n+4)(n+6)
c7 = − 7·6 c5 = − 7! c1 ,
e assim por diante. Então, pelo menos em |x| < 1, obtemos duas soluções
linearmente independentes dadas em séries de poténcias:
y1 (x) = c0 [1− n(n+1) 2! x2 + (n−2)n(n+1)(n+3)
4! x4 − (n−4)(n−2)n(n+1)(n+3)(n+5)
6! x6 +
...]
y2 (x) = c1 [x− (n−1)(n+2)3! x3 + (n−3)(n−1)(n+2)(n+4)
5! x5 − (n−5)(n−3)(n−1)(n+2)(n+4)(n+6)
7! x7 +
...].
Se n for um inteiro par, a primeira série é finita, enquanto y2 (x) é uma série
infinita. Por exemplo, se n=4, então:
y1 (x) = c0 [1 − 4·5 2! x +
2 2·4·5·7 4 2
4! x ] = c0 [1 − 10x + 3 x ].
35 4

Analogamente, quando n for um inteiro impar, a série para y2 (x) termina


com xn ; isto é, quando n for um inteiro não negativo, obtemos uma solução
polinomial de grau n da equação de Legendre. O fator c0 segue da propriedade
de normalização dos polinômios de Legendre:

1
n = 0 ⇒ c0 = 1
n
n = 2, 4, 6, ... ⇒ c0 = (−1) 2 1·3·...(n−1)
2·4·...n
n = 1 ⇒ c1 = 1
(n−1)
1·3·...n
n = 3, 5, 7, ... ⇒ c1 = (−1) 2 2·4·...(n−1) .
Por exemplo, quando n=4, temos:
4 1·3
y1 (x) = (−1) 2 2·4 [1 − 10x2 + 35 4 3
3 x ]= 8 − 8 x +
30 2 35 4
8 x
P4 (x) = 18 (35x4 − 30x2 + 3)

Polinômios de Legendre

Esses polinômios são chamados de polinômios de Legendre e são denotados


por Pn (x). Através das séries para y1 (x) e y2 (x) e pelas escolhas de c0 e c1 ,
encontramos os polinômios de Legendre, ou seja:

P0 (x) = 1,P1 (x) = x,

1 1
P2 (x) = (3x2 − 1),P3 (x) = (5x3 − 3x),
2 2

1 1
P4 (x) = (35x4 − 30x2 + 3),P5 (x) = (63x5 − 70x3 + 15x).
8 8
P0 (x), P1 (x), P2 (x), P3 (x) são soluções particulares para as equações difer-
enciais:

n = 0,(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 = 0,

n = 1,(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + 2y = 0,

n = 2,(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + 6y = 0,

n = 3,(1 − x2 )y 00 − 2xy 0 + 12y = 0.

Segue abaixo algumas propriedades dos polinômios de Legendre, também


ilustradas na figura (1).

2
Figure 1: Polinômios de Legendre

1. Pn (−x) = (−1)n Pn (x): A paridade dos polinômios de Legendre é dada


pela ordem.
2. Pn (1) = 1
3. Pn (−1) = (−1)n

4. Pn (0) = 0, n = 1, 3, 5, ..., (2k + 1)


5. Pn0 (0) = 0, n = 0, 2, 4, ..., (2k)

Relação de recorrência

Deduziremos uma das varias relações de recorrência usando a fórmula ger-


adora dos polinômios de Legendre:

1
X
(1 − 2xt + t2 )− 2 = Pn (x)tn . (2)
n=0

Derivando ambos os lados da equação (2) em relação a t, obtemos:


3 P∞ P∞
(1 − 2xt + t2 )− 2 (x − t) = n=0 nPn (x)tn−1 = n=1 nPn (x)tn−1
e daí, após multiplicarmos por (1 − 2xt + t2 ), temos:
1 P∞
(x − t)(1
P− 2xt + t2 )− 2 = (1 − 2xt + t2P) n=1 nPn (x)tn−1 , ou
∞ ∞
(x − t) n=0 Pn (x)tn = (1 − 2xt + t2 ) n=1 nPn (x)tn−1 .
Multiplicamos
P∞ termoP∞a termo a n+1expressão
P∞ acima e a nreescrevemos
P∞ como:n
n
P∞ n=0 xP n (x)t − n=0 P n (x)t − n=1 nP n (x)t + 2x n=1 Pn (x)t −
n
n=1 nP n (x)t = 0, ou
P∞ P∞ 2 P∞
x+x2 t+ n
n=2 xPn (x)t −t− n=1 Pn (x)t
n+1
−x−2( 3x 2−1 )t− n=3 nPn (x)tn−1 +
∞ ∞
2x2 t + 2x n=2 nPn (x)tn − n=1 nPn (x)tn = 0.
P P

3
Observando os cancelamentos apropriados, simplificando e trocando os índices
de soma,
P∞ concluímos: k
k=0 [−(k + 1)Pk+1 (x) + (2k + 1)xPk (x) − kPk−1 (x)]t = 0.
k
Igualando o coeficiente de t a zero, conseguimos a seguinte relação:

(k + 1)Pk+1 (x) − (2k + 1)xPk (x) + kPk−1 (x) = 0, k = 2, 3, 4, ... (3)

Definições alternativas dos polinômios de Legendre

A forma de série dos polinômios de Legendre:


P[ n2 ] (2n−2r)!
Pn (x) = r=0 (−1)r 2n r!(n−r)!(n−2r)! xn−2r ,
pode ser transformada como segue. Para n inteiro:
P[ n2 ] Pn (−1)r n! 2n−2r
Pn (x) = r=0 (−1)r 2(2n−2r)! d
n r!(n−r)! ( dx )x
2n−2r
= 2n1n! ( dx
d n
) r=0 r!(n−r)! x .
È possível mostrar que os termos adicionais [ n2 ] + 1 → n no somatório nada
contribuem. Contudo, o efeito desses termos extras é permitir a substituição do
novo somatório por (x2 − 1)n (por causa do teorema binomial), para obter:
1 d n 2
Pn (x) = ) (x − 1)n .
( (4)
2n n!
dx
Essa é a fórmula de Rodrigues. Ela é útil para provar muitas das pro-
priedades dos polinômios de Legendre, tal como a ortogonalidade. A definição
de Rodrigues é estendida para definir as funções associadas de Legendre, e para
identificar as autofunções do momento angular orbital.

Você também pode gostar